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Crédito Digital - Psicologia Existencial Humanista

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PSICOLOGIA EXISTENCIAL HUMANISTA 
Psicologia Existencial 
Descrição 
• Psicologia Existencial como perspectiva e aproximação no 
contexto da Psicologia e seu diálogo com diversos autores do 
Existencialismo; a influência em outras áreas da Ciência 
Psicológica, como a Psicologia da Personalidade, a Psicologia 
da Motivação e a Psicopatologia. 
 
Propósito 
• Contribuir para o aprendizado e o aprofundamento do 
conhecimento sobre a Psicologia Existencial como 
perspectiva da Psicologia, e suas influências em diferentes 
áreas, como a Psicologia Clínica, da Personalidade, da 
Motivação e a Psicopatologia. 
Preparação 
• Use um dicionário de Filosofia para ampliar seu conhecimento na área. O Dicionário de Filosofia Nicola Abbagnano é uma boa sugestão e 
está disponível virtualmente. 
 
Objetivos 
• MÓDULO 1 - Definir o que é 
Psicologia Existencial a partir de 
suas relações com o Existencialismo 
 
• MÓDULO 2 - Reconhecer o 
pensamento de Karl Jaspers e sua 
influência na Psicopatologia 
Fenomenológica 
• MÓDULO 3 - Reconhecer o 
pensamento de dois dos principais 
representantes da Psicologia 
Existencial: Viktor Emil Frankl e 
Rollo May 
 
Introdução 
• Qual é o sentido da sua vida? Você é totalmente livre ou é fruto de determinantes sociais, psicológicos e biológicos? Como você lida com 
o fato da sua finitude? Provavelmente, em algum momento da vida, toda pessoa se depara com questões semelhantes a essas e, embora 
possamos dizer que esses questionamentos estejam presentes na prática de muitos psicólogos e abordados por diferentes correntes da 
Psicologia, é na Psicologia Existencial que eles ganharam especial interesse e aprofundamento. 
• Apresentaremos a você o que é a Psicologia Existencial, quais são as influências recebidas do Existencialismo, seus principais 
representantes e como ela ainda se mostra evidente na Psicologia do século XXI. 
• Vamos incentivá-lo, ao longo do conteúdo, a tomar uma atitude existencial: não somente entender os conceitos apresentados, mas 
vivenciá-los para que você tenha uma experiência existencial. 
 
MÓDULO 1 
• Definir o que é Psicologia Existencial a partir de suas relações com o Existencialismo 
 
O que é a Psicologia Existencial? “Ser ou não ser, eis a questão” 
• Certamente você já escutou, ou escutará a frase acima em algum momento de sua vida. Esse famoso dito, atribuído ao personagem 
Hamlet, de Shakespeare, está carregado da preocupação sobre o existir. 
• A Psicologia Existencial e seus diversos autores se debruçarão sobre questões referentes ao existir da pessoa, em como essa pessoa 
configura a sua vida e como ela lida com aqueles aspectos centrais da existência: sofrimento, angústia, finitude, amor, esperança, sentido. 
• Pode-se perceber que as questões próprias da Psicologia Existencial, que também podemos chamar de questões existencialistas*, não se 
resumem a elucubradas perguntas filosóficas, mas se encarnam no cotidiano do existir pessoal, ou seja, podem ser percebidas no dia a 
dia, na vida comum de todos. 
*São as perguntas que o homem pode fazer diante de sua existência: Quem sou eu? Qual o sentido da minha vida? Como encaro a finitude da vida? 
• A Psicologia Existencial pode ser compreendida como uma aproximação a aspectos da vida do homem desde uma perspectiva 
existencialista. Isso significa que a angústia, a culpa, a esperança, a vontade, o amor* serão compreendidos desde um ponto de vista 
existencial. 
*Pensemos, por exemplo, no amor. Uma perspectiva biológica poderia reduzir a experiência amorosa a um complexo de descargas hormonais e de 
neurotransmissores que inclusive podem gerar dependência. Uma perspectiva da Psicologia Existencial, como a de Viktor Emil Frankl, sobre quem estudaremos 
no módulo 3, afirma que o amor é uma atitude em que uma pessoa é capaz de apreender a totalidade de outra pessoa, ou seja, o amor vê o mais profundo do 
outro ser humano. 
• Sendo assim, temos o primeiro ponto da construção de uma definição de Psicologia Existencial: É uma aproximação às categorias 
psicológicas, aos aspectos psicológicos da pessoa, desde uma perspectiva existencialista. 
• Você sabe o que é uma perspectiva existencialista? Para ajudar na compreensão, exploraremos o Existencialismo, visto que a Psicologia 
Existencial recebe inúmeras contribuições de pensadores que se enquadram nessa perspectiva filosófica. 
 
Existencialismo ou Existencialismos? Eis a Nova Questão 
• Em linhas gerais, o Existencialismo tem como marca a preocupação e a busca por compreender a existência concreta da pessoa; ou seja, 
em como o homem conduz e vive sua vida no cotidiano: suas angústias, esperanças, seus sonhos, sofrimentos. Seu realce não é teorizar 
sobre a existência, mas como se aproximar ao máximo da experiência do viver particular da pessoa*. 
*Uma ótima forma de observar essa experiência do viver que o Existencialismo quer incentivar é facilmente reconhecida no filme Gênio Indomável, na cena 
(considerada por muitos a melhor do filme) em que Sean (Robin Willians) e Will (Matt Damon) estão sentados em um banco, frente a um lago. Naquele breve 
diálogo entre eles, fica claro que o conhecimento teórico não substitui a experiência concreta do viver. 
• Jolivet (1953) afirma que o Existencialismo surge sobretudo como uma resposta ao Idealismo e Realismo que imperavam no pensamento 
filosófico da época e que, na tentativa de explicar a pessoa, acabavam por ignorar seu mistério; ou seja, acreditavam que era possível 
explicar totalmente a pessoa. 
Você acredita que exista alguma perspectiva que consiga explicar a pessoa em sua totalidade? 
• Abbagnano (1998), em seu dicionário de Filosofia, define o Existencialismo como “um conjunto de filosofias ou correntes filosóficas cuja 
marca comum não são os pressupostos e as conclusões (que são diferentes), mas o instrumento de que se valem: a análise da existência”. 
• A leitura dos diversos representantes do Existencialismo permite verificar que suas conclusões e aproximações nem sempre coincidem. 
Veja o exemplo a seguir: 
➢ Jean-Paul Sartre (1905-1980) - Um dos pontos 
fundamentais do pensamento existencialista é a 
afirmativa do filósofo Jean-Paul Sartre: “a existência 
precede a essência.” Com isso, Sartre quer dizer que a 
nossa forma de viver, o nosso comportamento, o que 
fazemos com aquilo que fizeram conosco, molda nossa 
essência, ou seja, não possuímos uma natureza prévia. 
➢ Gabriel Marcel (1889-1973) - Ainda que a premissa de 
Sartre seja compartilhada por muitos existencialistas, 
existem alguns, como Gabriel Marcel, que a questionam, 
acreditando que haveria sim uma essência, mesmo que 
fosse uma que permitisse ser formada pela existência; 
ou seja, seria parte da essência da pessoa que a 
existência fosse o seu fundamento. 
• Mesmo que o Existencialismo, como conjunto de filosofias da existência, tenha diferenças entre seus teóricos, um ponto relativamente 
comum é que todos buscam compreender a existência do homem a partir da análise das situações cotidianas que a permeiam e que 
podem ser consideradas fundamentais na existência da pessoa. A análise da existência é, portanto, a ferramenta utilizada para se 
aproximar do mistério da pessoa. 
• Mondin (1981) cita cinco características fundamentais do Existencialismo: 
➢ Método Fenomenológico - Método utilizado pelo Existencialismo como forma de analisar a existência humana, sendo caracterizado 
pela clarificação da experiência, conduzido não à luz dos princípios metafísicos, mas no âmbito da própria experiência, por 
intermédio da observação objetiva da realidade assim como ela se manifesta (MONDIN, 1981). 
➢ Ponto de Partida Antropológico - A origem e o norte da reflexão filosófica é o homem e sua experiência concreta. 
➢ Tentativa de Integração das Dimensões Humanas - Existe um esforço em analisar a realidade da pessoa de forma integral, 
considerando seus pensamentos (razão), sentimentos, instintos e suas paixões. 
➢ Subordinação da Essência à Existência - Ainda que alguns existencialistas nãomanifestem apoio a tal premissa, a maior parte deles 
acredita que o homem, em seu existir, constrói e configura sua essência. 
➢ Crédito de Conduta Moral - Tais critérios não viriam de Deus (como os dez mandamentos), nem da natureza da pessoa, mas sim da 
história, por meio do existir concreto de cada pessoa. 
Resumindo - Podemos afirmar que o Existencialismo engloba diferentes filosofias da existência que têm, em comum, a análise da existência 
concreta como forma de aproximação ao mistério da pessoa. Por isso, alguns autores preferirão falar de existencialismos (diferentes filosofias), 
enquanto outros falarão de Existencialismo (referindo-se ao conjunto de todas elas). 
• Após essa breve definição do que seja o Existencialismo, podemos apresentar alguns expoentes desse movimento. Abordaremos um 
pouco do pensamento de Soren Aabye Kierkegaard (1813-1855) e Martin Heidegger (1889-1976), nomes importantes para a Psicologia 
Existencial*. 
* Você poderá conhecer outros filósofos existenciais explorando as Referências. Aqui, optamos por aqueles mais relevantes no âmbito de sua influência na 
Psicologia. 
Soren Aabye Kierkegaard (1813-1855) 
• De acordo com Penna (1985), Kierkegaard pode ser 
considerado o fundador do movimento existencialista 
contemporâneo. Conforme afirma Jolivet (1953), o fracasso 
dos sistemas, a angústia, o valor exclusivo da subjetividade e 
o drama da existência pessoal são alguns dos temas 
principais do pensamento do filósofo dinamarquês. 
• Compreender o Existencialismo de Kierkegaard envolve 
perceber três aspectos: a realidade existencial desse 
pensador, o contexto intelectual de sua formação e a 
influência religiosa em sua vida. Confira abaixo os detalhes de 
cada aspecto: 
➢ Realidade Existencial - Pode-se dizer que sua doutrina surge de uma incansável busca pelo autoconhecimento, uma constante 
reflexão sobre si e sobre sua existência. Os temas que perpassam o pensamento de Kierkegaard são aqueles que permearam sua 
existência: a verdade, a angústia, a experiência religiosa, a finitude. O filósofo buscou uma coerência em seu existir, não somente 
pensando, mas vivendo de acordo com seus pensamentos. O homem, para Kierkegaard, é o principal problema para si, e a Filosofia 
deve contribuir para que esse homem tome, pouco a pouco, consciência profunda de sua própria existência, buscando que ela seja 
autêntica e pesando as exigências advindas dessa autenticidade. A tomada de consciência traz ao homem maior liberdade, mas não 
o isenta de maior responsabilidade. Nisso tem-se a vivência da angústia, que para Kierkegaard “é a realidade da liberdade enquanto 
possibilidade para a possibilidade”. 
 
➢ Até aqui, do pensamento de Kierkegaard, nota-se: 
o A defesa de uma vida coerente, ou 
seja, de acordo com a verdade 
concebida como sentido de vida. 
 
o A realidade da angústia que 
naturalmente nasce da tensão pela 
busca dessa vida coerente e do 
exercício da liberdade. 
 
 
o O autoconhecimento como 
caminho a ser desenvolvido e 
explorado pela pessoa para a sua 
compreensão, que ocorre quando 
ela existe e, mais do que isso, 
quando analisa seu existir. 
➢ Contexto Intelectual da Época - Kierkegaard se apresenta como um combatente da lógica hegeliana, que tentava explicar por meio 
da dialética toda a complexidade da realidade da pessoa. Nas palavras de Jolivet (1953), “a dialética suprime o mistério”. Kierkegaard 
se insurge com a tentativa de explicar a pessoa desde a rígida lógica, defendendo que a existência sempre se sobrepõe a explicações 
universais. Dessa premissa, surgiram pontos que influenciariam a concepção de homem partilhada por psicólogos existencialistas, 
como a de que cada pessoa é única e que sua vida é singular, não existindo outra configuração igual em toda a história. 
➢ Influência Religiosa - A influência religiosa em Kierkegaard vem, especificamente, do luteranismo. Jolivet (1953), ao falar da 
influência do cristianismo no pensamento de Kierkegaard chega a afirmar que não é possível saber se “é Kierkegaard que é cristão ou 
se é o cristianismo que é kierkegaardiano”, referindo-se a essa adaptação íntima entre o pensamento do filósofo dinamarquês e o 
cristianismo. O aspecto do sofrimento foi apreendido por Kierkegaard, notadamente, o tema da angústia. Para Kierkegaard, a 
angústia é o mais próprio da existência humana; ela nasce do fato de que a pessoa é livre e, portanto, passível de falha. Deparar-se 
com essa realidade, tomar consciência dela leva, naturalmente, à angústia e pode conduzir ao sofrimento; este leva o homem a ser 
provado e o desafia a mostrar quem é. 
• Sendo assim, Kierkegaard prepara o solo para o que será o Existencialismo e influenciará psicólogos existencialistas, como Rollo May, e 
outros filósofos que aderirão a premissas existenciais, como Karl Jaspers e Martin Heidegger. 
 
Martin Heidegger (1889-1976) 
 
• Uma boa forma de começar a falar sobre Heidegger é que para ele a vida autêntica reside no desespero. Parece contraditório dizer que 
essa é uma boa forma de começar a falar sobre Heidegger, mas o desespero é um tema marcante do Existencialismo e aparecerá na obra 
de outro filósofos. 
• É importante contextualizar a vida de Heidegger, sobretudo considerar que o filósofo alemão vivenciou os ápices do desespero do século 
XX: Primeira e Segunda Guerras Mundiais. O historiador Max Hastings (2012) afirma que, ao tentar se aproximar da experiência de 
dezenas de pessoas que vivenciaram a Segunda Guerra Mundial, recebia a mesma explicação: “um verdadeiro inferno”. A principal 
preocupação de Heidegger é com o ser, tema de sua principal obra Ser e Tempo, sendo que seu pensamento desenvolve uma Ontologia 
(ciência que se debruça sobre o ser, sobre suas características fundamentais.). Entretanto, Heidegger defende que a melhor forma de 
estudar e se aproximar do ser não é por meio da análise geral do ser, mas da análise específica do próprio ser, do ser-aí, do Dasein*. De 
acordo com Jolivet (1953): “pelo exame reflexivo deste existente, poder-se-á chegar a uma noção do sentido do ser em geral”. 
* Do alemão: existência, ser-aí. Termo heideggeriano que significa realidade humana, ente humano, a quem somente o ser pode abrir-se. Mas como é ambíguo, 
correndo o risco de criar uma brecha para o humanismo, Heidegger prefere usar o termo ser-aí. Na linguagem corrente, Dasein significa existência humana, mas 
Heidegger procura pensar o que separa o homem dos outros entes. Enquanto os entes são fechados em seu universo circundante, o homem é, graças à 
linguagem, aí de onde vem o ser. Assim, o Dasein é o ser do existente humano enquanto existência singular e concreta: “A essência do ser-aí (Dasein) reside em 
sua existência (Existenz), isto é, no fato de ultrapassar, de transcender, de ser originariamente ser-no-mundo” (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2008). 
• Pode-se concluir que o método principal defendido por Heidegger é a análise da existência. Da análise do Dasein, Heidegger retira duas 
conclusões: 
➢ A essência do ser, o que ele é, está determinada pela sua existência e, com isso, retoma uma das premissas fundamentais do 
Existencialismo, ou seja, “a existência precede a essência”. 
➢ Quando se fala do ser do Dasein, está se falando do ser particular do sujeito, ou seja, é sempre o meu ser, não o ser em geral. 
• Dessas duas conclusões e dando continuidade à análise da existência, Heidegger (1997) vai traçar as três características fundamentais do 
homem: 
➢ Ser-no-mundo - Todo homem está no mundo: ao olhar para o Dasein (ser-aí), para a existência concreta e cotidiana do sujeito, 
percebo que ele se encontra em um mundo, ou seja, ele é um ser-no-mundo, mas não está sozinho. 
➢ Ser-com-os-outros - Como o homem não está só, uma segunda característica que nasce é o ser-com-os-outros. O homem se 
relaciona, tem cuidado com os outros e quando esse cuidar contribui para o desenvolvimento do outro, significa coexistir. 
➢ Ser-para-a-morte - Esse homem que tem como características ser-no-mundo e ser-com-os-outrosse depara com um dado do qual 
não pode fugir sem renunciar ao seu ser homem: a morte. Por isso, Heidegger afirmará que o terceiro existencial do homem, o traço 
típico da pessoa, é o ser-para-a-morte, a possibilidade permanente da existência. 
• Diante da realidade de que o ser-para-a-morte é uma possibilidade permanente da existência, o homem se angustia. Entretanto, encarar 
e vivenciar essa angústia é necessário para a vida autêntica. 
PARA A EXISTÊNCIA AUTÊNTICA, O FUTURO É UM VIVER-PARA-A-MORTE, QUE NÃO PERMITE QUE O HOMEM SEJA ARRASTADO NAS 
POSSIBILIDADES MUNDANAS. (ANTISERI; REALE, 2006) 
• Da análise da existência de Heidegger, Ludwig Binswanger, psiquiatra suíço, desenvolverá a análise existencial ou Daseinsanálise, sendo 
uma das abordagens da Psicologia Existencial. 
 
De Volta à Psicologia Existencial: Resolvendo A Questão 
• Após iniciar a tentativa de clarificar e conceituar a Psicologia Existencial, demos um passeio, ainda que breve, pelo Existencialismo. Você 
se lembra da definição de Psicologia Existencial que nos levou a esse passeio? 
• A Psicologia Existencial é uma aproximação às categorias psicológicas, aos aspectos psicológicos da pessoa, desde uma perspectiva 
existencialista. Em síntese, podemos dizer que essa perspectiva existencialista se baseia em uma aproximação da realidade da pessoa 
desde a análise da existência, buscando esclarecer quem é o homem desde a concretude do seu cotidiano. Podemos, agora, definir outras 
características que contribuirão para entender o que é a Psicologia Existencial. 
➢ Primeira Característica - Ao mesmo tempo que é aclamada pelos psicólogos existenciais como uma virtude, é também fonte de 
críticas. A Psicologia Existencial dá ênfase à subjetividade de cada pessoa como caminho para seu autoconhecimento; entretanto, 
com isso, distancia-se, em parte, de um modelo científico baseado em generalizações. Como afirma Rollo May (1986), a Psicologia 
Existencial se esforça para compreender o homem como experimentador, como aquele a quem acontecem as experiências. Essa 
ênfase, em certo ponto, lançará mais luz sobre a experiência particular do que a busca por generalizações, próprio do modelo 
científico moderno, o que gera críticas em relação à falta de cientificidade da Psicologia Existencial. Essas críticas, por exemplo, 
pontuam que a Psicologia Existencial não apresenta técnicas de intervenção psicoterapêutica. Entretanto, conforme pontua Rollo 
May (1986), “não é um conjunto de técnicas por si mesmas, mas é um interesse pela compreensão da estrutura do ser humano e sua 
experiência que deve sustentar todas as técnicas.” 
➢ Segunda Característica - Surge da premissa de que a existência precede a essência, o que na Psicologia Existencial ocasiona a 
aproximação de que a pessoa é um ser em desenvolvimento e evolução, um ser que pouco a pouco vai se autoconfigurando. Em 
termos psicoterapêuticos, essa premissa se manifestará por uma resistência em acreditar que fatos de nossa vida, por exemplo, 
relações infantis negativas, determinarão nosso comportamento futuro. Para a Psicologia Existencial, sempre haverá espaço para 
a mudança*. 
*Existem técnicas em Psicologia Existencial, como o diálogo Socrático, a Intenção Paradoxal e a Derreflexão (essas últimas duas específicas da Logoterapia). 
Ainda que a Psicologia Existencial defenda essa característica da pessoa quanto à autoconfiguração, ela não nega a existência de condicionamentos. Essa 
assertiva pode ser vista em escritos de Viktor Frankl quando ele pontua que a pessoa pode não ser “livre de que”, mas livre “para que”, ou seja, livre para 
fazer algo com aquilo que fizeram com ela. 
➢ Terceira Característica - É o diálogo com a Filosofia. Nesse sentido, Frankl (2011) afirma que toda psicoterapia tem implicações 
metaclínicas e tais implicações são a visão de mundo (filosofia de vida/cosmovisão) e visão de pessoa (visão de homem) que estão, 
na maioria das vezes, implícitas nas teorias psicológicas. A Psicologia Existencial, com base no Existencialismo, apresenta um 
fundamento filosófico para suas premissas psicológicas sobre o comportamento e funcionamento humano, bem como utiliza não 
somente o método científico, marcado pela experimentação e relação causal, para compreender a realidade da pessoa, mas também 
o método fenomenológico. 
➢ Quarta Característica - É a abertura para abordar temas como vontade e decisão, angústia, culpa, finitude, transcendência, bem 
como as potencialidades da pessoa, a vivência do amor e a criatividade que, não necessariamente, eram abordados de forma 
profunda por outras linhas da Psicologia da época. 
➢ Quinta Característica - Uma quinta característica se manifestará em um afastamento das categorias diagnósticas como as do DSM-V 
(2014) e CID-10 (1994). Muitos psicólogos existencialistas acreditam que as categorias diagnósticas acabam por engessar e dificultar 
a compreensão da pessoa. Além disso, atrapalham a atitude fenomenológica, em que preconceitos e ideias anteriores devem ser 
suspensos para se aproximar ao máximo do fenômeno estudado. 
• Após todas essas características, conseguimos chegar a uma conclusão do que seja a Psicologia Existencial? 
• À nossa definição inicial, somamos mais algumas características que permitem compreender que a Psicologia Existencial, mais do que um 
sistematizado corpo de técnicas e princípios, é, na realidade, a proclamação de uma nova atitude e aproximação da pessoa no contexto 
da Psicologia, influenciando diversas áreas como Psicologia Clínica, Psicologia da Personalidade, Psicologia da Motivação. Em síntese, a 
Psicologia Existencial é uma forma de ver o mundo, de ver o outro e de viver: 
A PSICOLOGIA EXISTENCIAL, CONTUDO, NÃO É UMA ESCOLA ESPECIAL – ISSO É IMPORTANTE. O EXISTENCIALISMO É UMA ATITUDE, UMA 
ABORDAGEM DOS SERES HUMANOS, NÃO UMA ESCOLA OU UM GRUPO ESPECIAL. (MAY, 1986) 
 
MÓDULO 2 
• Reconhecer o pensamento de Karl Jaspers e sua influência na Psicopatologia Fenomenológica. 
 
Abordagem em Psicopatologia 
• Imagine que você vá a um psiquiatra. Após entrar no consultório, o médico pergunta o motivo de tê-lo procurado. Você relata que no 
último mês vêm experimentando dificuldade para dormir, falta de apetite, tristeza, irritabilidade, pouca motivação para realização de 
atividades para as quais anteriormente você tinha disposição, o que o leva ao isolamento. 
• O psiquiatra pega um livro escrito DSM-V (2014) e, após folheá-lo, aponta para uma página em que está escrito Episódio Depressivo 
Maior; entrega-lhe uma receita de medicamentos e pede para você voltar em um mês. 
• Esse pequeno exercício imaginativo representa uma abordagem em Psicopatologia. Essa abordagem está ancorada no modelo médico, 
em que a preocupação está no conjunto de sintomas da pessoa e sua consequente medicalização. 
• Antes de continuar, gostaríamos de saber: O QUE VOCÊ ACHA DESSA ABORDAGEM? 
• Neste módulo, apresentaremos um importante nome da Psicopatologia e outra forma de aproximação desenvolvida por Karl Jaspers, que 
sofreu grande influência de precursores do Existencialismo, como Nietzsche e Kierkegaard. 
 
Karl Jaspers e A Psicopatologia Fenomenológica 
• Inicialmente, acreditamos ser importante pontuar que não existe uma única abordagem em Psicopatologia. Desde uma explicação 
etimológica, Psicopatologia significa o estudo das doenças da alma, sendo geralmente compreendida como o estudo das doenças 
mentais, suas causas, sintomas e tratamentos. 
• Dalgalarrondo (2018) define a Psicopatologia como “um conjunto de conhecimentos referentes ao adoecimento mental do ser humano. É 
um conhecimento que se esforça por ser sistemático, elucidativo e desmistificante”. 
Existem diferentes abordagens dentro da Psicopatologia: descritiva, dinâmica, médico-naturalista, psicanalítica, cognitivo-comportamental, 
entre outras. 
• Podemos dizer que a proposta de Psicopatologia defendida por Karl Jaspers é de uma Psicopatologia existencialista, em que a pessoa é 
vista de forma única e singular. 
•Jaspers (1987), que junto com Heidegger pode ser considerado um dos principais nomes do Existencialismo alemão, em sua importante 
obra Psicopatologia Geral, demarca a diferenciação da Psicopatologia em relação à Psiquiatria, colocando-a como campo específico do 
conhecimento, defendendo que a preocupação da Psicopatologia deve ser a pessoa como um todo, completando que jamais se pode 
reduzir a pessoa a conceitos psicopatológicos. 
QUANTO MAIS CONCEITUALIZA, QUANTO MAIS RECONHECE E CARACTERIZA O TÍPICO, E QUE SE ACHA DE ACORDO COM OS PRINCÍPIOS, 
TANTO MAIS RECONHECE QUE, EM TODO INDIVÍDUO, OCULTA-SE ALGO QUE ELE NÃO PODE CONHECER. COMO PSICOPATOLOGISTA, BASTA 
SABER DA RIQUEZA INFINITA DE TODO INDIVÍDUO, QUE NUNCA PODERÁ ESGOTAR; INDEPENDENTEMENTE DISSO, PODERÁ, COMO HOMEM, 
VER MAIS, OU QUANDO OUTROS VEEM ESSE “MAIS”, QUE É ALGO INCOMPARÁVEL, NÃO DEVE IMISCUIR-SE COM PSICOPATOLOGIA. 
SOBRETUDO AVALIAÇÕES ÉTICAS, ESTÉTICAS, METAFÍSICAS SÃO DE TODO INDEPENDENTES DE AVALIAÇÕES E CLASSIFICAÇÕES 
PSICOPATOLÓGICAS. (JASPERS, 1987) 
• Essa importante passagem no início da obra já citada de Karl Jaspers abre espaço para discussão de dois pontos muito atuais: 
➢ O cuidado com a rotulação e patologização da pessoa, 
ou seja, a pessoa é o seu transtorno. 
➢ A consideração da necessidade do conhecimento de 
outras áreas para melhor se aproximar da realidade da 
pessoa. 
• Vejamos os detalhes de cada um a seguir. 
• Certamente você já deve ter escutado alguém dizer: sou depressivo, sou ansioso, sou bipolar, ou ser descrito dessa forma. Essa tendência 
atual dialoga com um modelo psicopatológico que deixou de levar em consideração a realidade pessoal que está para além do transtorno. 
Essa atitude, além de ser uma evidência do esquecimento da realidade pessoal, favorece a estigmatização, o preconceito e a consequente 
marginalização de todos aqueles que, porventura, venham a sofrer com um transtorno mental crônico ou pontual. 
• Jaspers também vivenciava essa realidade em seu tempo, em que o preconceito com os doentes mentais levava a contínuas intervenções 
discriminatórias, contribuindo para que muitos vivessem à margem da sociedade. O modelo de Psicopatologia defendido por Jaspers 
recoloca a pessoa e seu mistério em primeiro lugar, sendo necessário perceber essa realidade para melhor compreender a doença e o 
transtorno que afeta aquela realidade pessoal. 
• Essa aproximação despatologizante também permite considerar toda a gama de elementos positivos que cada pessoa encerra e que 
concretamente podem ser vistos em intervenções como a de Nise da Silveira*, ou seja, olhar para além da doença é olhar para todas 
aquelas capacidades de transcendência (criatividade, amor, servir) que a pessoa possui. 
* Nise da Silveira (1905-1999) foi singular na Psiquiatria brasileira. Pequenina e frágil, era uma gigante em força e coragem com que defendeu e lutou por suas 
ideias no âmbito da Psiquiatria institucional. Ela foi pioneira na terapia ocupacional, introduzindo esse método no Centro Psiquiátrico Pedro II do Rio de Janeiro e, 
segundo suas próprias palavras, entrara na Psiquiatria “pela via de atalho da ocupação terapêutica, método então considerado pouco importante para os 
padrões oficiais" (CÂMARA, 2002). 
• O segundo ponto diz respeito à compreensão de que o homem sempre transcende as disciplinas e ciências e, por isso mesmo, 
compreendê-lo envolve levar em consideração outras disciplinas. Ética, Filosofia, Antropologia, Neurociências, Sociologia, História são 
todo um conjunto de áreas que se juntam para ajudar a se aproximar do mistério humano. 
• Para melhor apreender a realidade da pessoa, Jaspers, que era médico de formação, defende a utilização de um método filosófico: 
a Fenomenologia. Jaspers reconhece que embora a Psicopatologia esteja muito ligada à medicina somática, não deve prescindir dos 
“métodos que se adquirem no ensino filosófico” (JASPERS, 1987). 
• Jaspers apresenta-se como um filósofo integrador, ou seja, busca unir o conhecimento das ciências naturais e o da Filosofia na aventura 
por compreender o homem. 
• Muitos são os que tentaram dar uma definição de Fenomenologia; aqui apresentaremos uma simples, que dialoga com a proposta de 
Jaspers: a Fenomenologia é um método, uma atitude de pensamento, uma tentativa de apreender fenômenos de forma objetiva. 
• Voltando ao nosso exemplo inicial, a atitude fenomenológica não será resumida a categorizar os sintomas e dar um rótulo à pessoa. 
Como discorre Jaspers (2005), a análise fenomenológica será colocada em prática de três modos: 
➢ Pela imersão em gestos, 
comportamentos, expressões 
do paciente. 
➢ Pelo questionamento ao 
paciente sobre as vivências 
subjetivas dele. 
➢ Em autodescrições escritas. 
• Jaspers (2005) afirma que os fenômenos psicopatológicos necessitam de uma aproximação fenomenológica que se debruçará mais na 
busca por bem ver e descrever o que está ocorrendo em detrimento do estabelecimento de relações causais, ou seja, mais ver do que 
explicar. 
Resumindo - Psicopatologia Fenomenológica, portanto, busca na descrição dos fenômenos, por meio da Fenomenologia, melhor compreender a 
vivência daquela pessoa única e singular. Não estamos falando mais do depressivo e sim do “Carlos” que está acometido por uma depressão, 
que possui uma história singular, um contexto particular, e naquele momento passa por uma situação de adoecimento mental. 
• É interessante perceber que as formas pelas quais a análise fenomenológica é colocada em prática se expressam não somente nas 
psicoterapias de base existencial – que têm, por exemplo, como técnica muito difundida o diálogo socrático, uma forma de pouco a 
pouco aprofundar em questionamentos sobre a vivência profunda do paciente –, mas também em técnicas cognitivas muito utilizadas 
na Terapia Cognitivo-Comportamental, como o registro de pensamentos automáticos, que consiste em estimular que a pessoa realize 
autodescrições sobre pensamentos que a incomodam. 
 
JASPERS (2005) RECONHECE O DESAFIO QUE A FENOMENOLOGIA ENCONTRA, NOTADAMENTE, QUANTO À QUESTÃO DA PASSAGEM DA 
EXPERIÊNCIA INDIVIDUAL PARA A GENERALIZAÇÃO. 
• "Sempre será custoso definir como se pode passar do caso individual para um entendimento mais geral e uma delimitação mais 
completa. Deve-se ter em mente que as experiências de pacientes individuais são infinitamente variadas, e que a fenomenologia extrai 
delas algumas características gerais que podem ser igualmente achadas em outros casos e, portanto, podem ser tomadas pela mesma 
característica, enquanto a infinidade de experiências individuais continua mudando. Sustentamos, assim, que por um lado a 
fenomenologia efetua abstrações a partir de uma infinidade de elementos em contínua mudança, e de outro lado é definitivamente 
orientada ao perceptível e ao concreto, não ao abstrato." (JASPERS, 2005) 
• A abordagem fenomenológica, portanto, não estará voltada para a criação de categorias diagnósticas, mas para um contínuo aprofundar 
na experiência particular da pessoa acometida por determinada patologia, sendo possível, dessas experiências, abstrair aspectos mais 
gerais, um movimento semelhante ao de Martin Heidegger ao tentar abstrair conclusões sobre o ser, a partir do Dasein. 
• A atitude fenomenológica demanda se livrar de preconcepções, ou seja, é uma tentativa de aproximação do fenômeno suspendendo todo 
o conhecimento anterior sobre ele, para assim se debruçar totalmente sobre esse fenômeno sem preconceitos que possam impedir sua 
captação. 
• Até aqui, podemos ver algumas contribuições de Karl Jaspers para o campo da Psicopatologia: 
➢ Uma abordagem para além do 
transtorno, considerando a 
realidade da pessoa. 
 
➢ O reconhecimento de que a 
compreensão da realidade da 
pessoa vai para além do 
conhecimento possível da 
Psicopatologia. 
➢ A utilização do método 
fenomenológico para o 
aprofundamento das questões 
psicológicas. 
• Além disso, três termos são importantes para Jaspers: situação, existência e transcendência. 
•Ao se referir a situação (ou ser-em-situação), quer destacar o que considerou como aquilo que é a base para a existência. Ou seja: é a 
realidade humana espaço-temporal; sua limitação cotidiana, física e psíquica. Mas não caracteriza o ser verdadeiramente é. Daí a 
importância de extrapolar essa condição, rumo à existência. 
• No que diz respeito à situação, Jaspers também terá a preocupação em se debruçar sobre a verdadeira realidade do ser, como Heidegger, 
mas para além disso, entende a comunicação como uma das principais características da existência. 
• O ato de comunicar, aqui não reduzido ao falar, significa a possibilidade de o homem ir além de si mesmo, chegando à transcendência, 
que é própria da realidade humana, da situação concreta do homem de estar no mundo. 
• Essa transcendência também ocorre no encontro de uma pessoa com a outra, do médico com o paciente. De certo modo, Jaspers lança as 
bases do que, mais tarde, será explorado por Binswanger em seu modelo de Psicopatologia Fenomenológica, em que o psiquiatra suíço 
realça a importância do encontro terapêutico no processo de desvelar do outro e na compreensão da Psicopatologia presente (MOREIRA, 
2011). 
• A Psicopatologia Fenomenológica, influenciada por Jaspers e desenvolvida por Binswanger, entende que o encontro entre o psiquiatra e o 
paciente é a possibilidade de que a presença do sadio possa modificar a realidade do doente. Binswanger (2019) defende que a 
possibilidade da psicoterapia ocorre somente devido a “um traço fundamental da estrutura do ser humano como ser-no-mundo 
(Heidegger) em geral, justamente o ser-um-com-o-outro e o ser-um-para-o-outro”. 
O homem que está inserido em um mundo é dotado de consciência. Para Jaspers (1987), abordar a consciência é abordar a experiência real de 
determinado acontecimento por parte da pessoa, bem como a autoconsciência e a reflexão sobre si mesmo, retomando aqui pressupostos 
existencialistas lançados por Kierkegaard, notadamente a importância da autoconsciência, alcançada por meio da análise da existência. 
Resumindo - Em síntese, Karl Jaspers têm grande importância no campo da Psicopatologia, primeiramente por separar essa disciplina da 
Psiquiatria, considerando-a como uma base importante para a Psiquiatria e a Psicologia; por sublinhar a possibilidade e utilidade do método 
fenomenológico para compreensão dos fenômenos mentais; e, em terceiro lugar, por contribuir para a integração dos aspectos próprios do 
Existencialismo com a ciência médica, favorecendo o diálogo frutífero entre esses dois campos do conhecimento na busca por compreender a 
pessoa. 
 
MÓDULO 3 
• Reconhecer o pensamento de dois dos principais representantes da Psicologia Existencial: Viktor Emil Frankl e Rollo May 
 
Expoentes da Psicologia Existencial 
• No módulo anterior, abordamos um pouco dos conceitos e 
das formulações de Karl Jaspers e sua influência na 
Psicopatologia Fenomenológica. Agora, abordaremos alguns 
expoentes da Psicologia Existencial, dando ênfase a dois 
nomes. 
• O objetivo é que você consiga compreender os principais 
conceitos dos dois autores, tenha referências de seus 
principais livros, bem como vislumbre na sua vida cotidiana 
elementos abordados pelas teorias. 
 
Viktor Emil Frankl (1905-1997) e A Logoterapia 
• Se uma corrente de psicoterapia tem grande influência dos aspectos particulares da vida de seu autor, no caso da Logoterapia 
poderíamos afirmar que a teoria teve na vida de Frankl uma forma de comprovação, sendo que suas principais hipóteses e premissas 
foram experimentadas na sofrível experiência do psiquiatra vienense em campos de concentração durante a Segunda Guerra Mundial. 
Nesse sentido, Xausa (2013) esclarece que “a Logoterapia não pode nem poderá ser entendida na sua amplitude, sem o conhecimento da 
vida de seu autor”. 
• Viktor Emil Frankl nasceu em março de 1905 em Viena, tendo ao longo de sua formação trocado cartas com Sigmund Freud e sido 
discípulo de Alfred Adler, dois grandes nomes da nascente psicologia clínica e respectivamente fundadores da Psicanálise e Psicologia 
Individual. Sendo judeu, Frankl (2010) sofreu a perseguição alemã, tendo sido levado para campos de concentração acompanhado de 
esposa, mãe e pai. Foi o único a sobreviver às barbáries do holocausto após quase três anos, com passagem por três campos de 
concentração. Frankl, que já vinha desenvolvendo a Logoterapia desde 1926, teve na experiência dos campos seu experimentum crucis, 
ou seja, pôde experimentar na concretude da existência a importância do sentido para a vida. 
• Dentre um vasto número de obras, seu livro Em Busca de Sentido: Um Psicólogo no Campo de Concentração apresenta-se como uma das 
mais importantes, considerado pela Biblioteca do Congresso Americano um dos dez livros que influenciaram significativamente a 
humanidade. 
• Frankl, além de ser neurologista e psiquiatra, em sua formação teve contato com diversos filósofos, como o existencialista Martin 
Heidegger e o fenomenólogo Max Scheler. A Logoterapia apresenta uma rica contribuição de diferentes nomes, como bases para a 
formulação teórica, e como opositores às ideias que se estavam formulando. 
• A Logoterapia é comumente conhecida como a psicologia do sentido da vida, ou mesmo como a psicoterapia do sentido da vida. Frankl 
(2011) chegou a utilizar o termo análise existencial para se referir à sua construção teórica; entretanto, ao perceber que Ludwig 
Binswanger (2019) utilizava esse termo para se referir à Daseinsanálise, decidiu optar pela utilização principal do termo Logoterapia. 
• Logoterapia tem como uma das raízes etimológicas a palavra logos, que para Frankl significa sentido. Por isso, Frankl (2011, 2020), afirma 
que a principal motivação humana é a busca por um sentido para sua existência, o que ele chama de vontade de sentido. Entretanto, este 
é apenas um dos pilares da Logoterapia. Vamos nos aprofundar neles agora: liberdade da vontade, vontade de sentido e o sentido de 
vida. 
 
Liberdade da Vontade 
• Reflita e responda: VOCÊ É LIVRE? OU MELHOR: VOCÊ ACREDITA QUE É LIVRE? 
• Afirmar que a pessoa tem sua vontade livre é algo complexo. Nessa afirmação, vê-se dois conceitos de ampla repercussão filosófica: 
liberdade e vontade, sendo que existem diferentes aproximações teóricas para eles. Como já vimos, esses dois termos são muito queridos 
pelos existencialistas e muitas filosofias da existência abordam, de alguma forma, essa realidade da pessoa. 
• Frankl (2014) reconhece a dificuldade da Ciência em compreender a liberdade humana, mas defende que o homem não é somente 
científico e, com isso, aventura-se a promover o princípio de que a pessoa é livre. 
• Ao falar da liberdade da vontade Frankl (2011) estabelece um diálogo com a questão do determinismo versus o pandeterminismo. Nesse 
sentido, a Logoterapia não defende uma liberdade irrestrita. Essa defesa, certamente, seria ingênua visto que um breve olhar pelas 
diversas ciências como a Biologia, a Genética, a Neurologia, a Sociologia, entre outras, permite a conclusão de que existem 
condicionantes, ou situações que influenciam o pensar, o sentir e o agir. A Logoterapia afirma que a pessoa é livre apesar de seus 
condicionamentos, podendo tomar atitudes para além deles. Por isso, a posição da Logoterapia é contra o pandeterminismo, ou seja, 
contra a afirmação de que somos totalmente determinados pelos aspectos biológicos, psicológicos ou sociológicos. As palavras de Frankl 
são importantes nesse contexto do determinismo versus pandeterminismo: 
AFINAL, A LIBERDADE DA VONTADE SIGNIFICA A LIBERDADE DA VONTADE HUMANA E ESTA É A VONTADE DE UM SER FINITO. O HOMEM NÃO 
É LIVRE DE SUAS CONTINGÊNCIAS, MAS, SIM, LIVRE PARA TOMAR UMA ATITUDE DIANTE DE QUAISQUER QUE SEJAM AS CONDIÇÕES QUE 
SEJAM APRESENTADAS A ELE. (FRANKL, 2011) 
• À liberdade da vontade, podemos relacionar outro conceito que integra a visão de pessoa para Frankl (2014). Esse seria a 
responsabilidade, ou seja, para a Logoterapia, a pessoa é livree responsável. Para a Logoterapia, o homem é livre para se autodeterminar, 
para se decidir, para se autoconfigurar, como bem dizem os filósofos existencialistas; entretanto, por isso mesmo, em última instância, é 
responsável por aquilo que se torna a cada dia. 
• Ser homem é sempre ser responsável. Essa responsabilidade acontece diante da consciência, materializando-se na atitude diária, quando 
o homem é questionado pela vida sobre qual atitude deve ter e as consequências que assumirá a partir delas. Essa característica torna a 
existência humana ao mesmo tempo grandiosa e marcada por certo temor, ainda que tal temor possa ser visto pelo lado positivo do 
assombro diante da magnitude do existir. 
 
Vontade de Sentido 
• O segundo pilar da Logoterapia se relaciona especificamente com as teorias da motivação humana: é a vontade de sentido. 
• Tanto a teoria psicanalítica quanto a psicologia individual, cujos dois grandes nomes são Freud e Adler, tecem considerações sobre a 
motivação humana. 
• Frankl (2011) afirma que, para a Psicanálise, a vontade de prazer é o motivador principal e que, para a Psicologia Individual, a vontade 
de poder é o motivador principal. 
PARA A LOGOTERAPIA, O HOMEM MOVE-SE PARA ALÉM DO PRAZER E DO PODER, ELE MOVE-SE PARA O SENTIDO. 
• Frankl (2011) entende o prazer como uma das consequências da realização do sentido, sendo que a fixação no prazer como busca 
principal constituiria um equívoco e poderia ser o caso de uma neurose. De modo semelhante, Frankl entende o poder como uma forma 
de tentativa de se alcançar o sentido e não como o objetivo em si, ou seja, ter certo poder pode auxiliar o alcance do sentido, mas não é o 
sentido em si. 
• Na Logoterapia, o homem é visto como um ser que aponta para algo diverso dele mesmo, sendo que o prazer e a felicidade não são sua 
meta principal e sim epifenômenos, ou seja, consequências da realização de um sentido na vida. Esse homem que é chamado para ir além 
de si mesmo na busca pelo sentido é dotado de dois dinamismos: a autotranscendência e o autodistanciamento. 
➢ Autotranscendência - Frankl (2011) quer significar essa 
capacidade do homem de ir além de si mesmo, seja para 
a realização de uma obra (um trabalho), seja para amar 
alguém, seja para superar um sofrimento inevitável. 
➢ Autodistanciamento - Frankl (2011) também defende a 
capacidade do homem de distanciar-se do mundo, para, 
assim, vislumbrá-lo e adotar uma atitude em resposta 
frente às adversidades. 
 
O Sentido de Vida 
• O terceiro pilar da Logoterapia é o sentido de vida. Inicialmente, é importante sublinhar que a Logoterapia não defende que o psicólogo 
possa dar um sentido de vida para o paciente: é função deste e do logoterapeuta auxiliar a pessoa para que ela se abra a encontrar um 
sentido para sua vida. O sentido de vida é particular, diferindo de pessoa para pessoa, sendo uma resposta concreta a situações 
específicas, colocadas pela vida como uma pergunta à pessoa. Com isso, o sentido de vida para Frankl (2014) apresenta-se em um quadro 
que considera a pessoa como um ser único e, portanto, sua atitude diante da vida também é única. Em seu livro A Vontade de Sentido, 
Frankl (2011) traz uma esclarecedora definição sobre o sentido da vida. 
• O ser humano é responsável por dar a resposta certa para as perguntas, encontrando o verdadeiro sentido de uma situação. Sentido é 
algo a ser encontrado e descoberto, não podendo ser criado ou inventado. Crumbaugh e Maholick apontam que a descoberta do sentido 
de uma situação vivida se relaciona a uma percepção gestáltica. Essa hipótese se coaduna com a afirmação de Wertheimer, um dos 
membros da escola da Gestalt: “Uma situação como 7 + 7 = ? constitui um sistema portador de uma lacuna. É possível preencher esse 
espaço vazio de várias maneiras. O complemento 14, no entanto, corresponde à situação, encaixa-se na lacuna, atende ao que é 
estruturalmente exigido nesse sistema, nesse lugar, com sua função no todo. Outros complementos, como 15, não se encaixam, não são 
os corretos. Chegamos aqui, ao conceito de exigências da situação, a ideia de caráter de necessidade. Exigências de tal ordem possuem 
uma qualidade objetiva.” (FRANKL, 2011) 
• Frankl, ao aprofundar o sentido de vida, pontua que ele pode ser encontrado, principalmente, mas não exclusivamente, de três formas: 
criando um trabalho, ou praticando um ato; experimentando algo ou encontrando alguém – sentido do amor –; pela atitude que 
tomamos em relação ao sofrimento inevitável – sentido do sofrimento (FRANKL, 2014). 
• Frankl (2014) também aborda a falta de sentido na vida com que o homem pode se deparar, vivenciando, assim, uma frustração da 
vontade de sentido. Essa frustração caracteriza-se, sobretudo, por um “vazio existencial”, que, segundo o autor, pode ser visto no tédio e 
na indiferença. O tédio representa, principalmente, a perda de interesse do sujeito pelo mundo, e a indiferença, a passividade do sujeito 
diante da mudança e melhora da realidade. 
VOCÊ ACHA QUE O HOMEM DO NOSSO TEMPO VIVENCIA UMA FRUSTRAÇÃO DO SENTIDO DA VIDA? 
• Outro aspecto importante da Logoterapia é sua visão integradora da realidade humana. Para Frankl (2020), o homem é um ser bio-psico-
espiritual (ou noético). Espiritual na teoria logoterapêutica não carrega o sentido religioso, mas sim antropológico. Refere-se à dimensão 
própria do ser humano, aquela em que ocorrem os dinamismos fundamentais da autotranscendência e autodistanciamento, bem como a 
consciência, a liberdade e a responsabilidade. 
• Frankl (2020) afirma que a pessoa, em sua realidade concreta, não é regida por instintos ou determinada por questões psicoemocionais 
não resolvidas. Ela é um ser que decide o que fazer com seus instintos e com suas questões psicoemocionais não resolvidas. Essa decisão, 
essa escolha, só é possível por causa da dimensão espiritual. Talvez o melhor exemplo seja dado pelo próprio Frankl em um de seus livros 
e que podemos trazer para nossa realidade atual. Imagine um macaco que tivesse que tomar 20 agulhadas por dia como parte de um 
experimento para testagem de uma vacina contra uma nova doença. Ele sentiria dor física (dimensão biológica) e poderia desenvolver um 
pavor do aplicador da vacina (dimensão psicológica). Entretanto, imagine que depois de algumas semanas se tenha descoberto a cura 
para a doença. O macaco, diante de todo aquele sofrimento, teria participado da cura dessa doença, mas nunca seria capaz de 
compreender o sentido de seu sofrimento. Ao homem, foi dada a possibilidade de compreender, e isso é devido à sua dimensão 
espiritual. 
• A Logoterapia continua sendo um advento no século XXI. Atualmente, tem sido retomada senão em vários aspectos, ao menos em alguns 
de seus pressupostos, pela Psicologia Positiva (SELIGMAN, 2002) e pelo Cognitivismo Existencial (PACCIOLLA; MANCINI, 2015). 
 
Rollo May (1909-1994) 
• Se Viktor Frankl pode ser considerado o principal nome da Psicologia Existencial na Europa, Rollo May possui esse título no contexto 
norte-americano. Mas se, por algum motivo, esse psicólogo existencial é pouco abordado em cursos de Psicologia, seu pensamento é 
significativamente atual. 
LEIA O TRECHO A SEGUIR E REFLITA: ESSE RELATO GUARDA ALGUMA SEMELHANÇA COM OS TEMPOS ATUAIS? 
“Pode surpreender o que eu diga, baseado em minha prática profissional, assim como na de meus colegas psicólogos e psiquiatras, que o 
problema fundamental do homem, em meados do século XX é o vazio. Com isso, quero dizer não só que muita gente ignora o que quer, mas 
também que frequentemente não tem uma ideia nítida do que sente. […] O que as leva a buscar ajuda talvez seja, por exemplo, o fato de 
romperem sempre seus relacionamentos amorosos, ou não conseguirem concretizar seus planos de casamento, ou a insatisfação com o 
companheiro escolhido. Mas não é preciso falarem muito para revelar que esperam que o cônjuge atual ou futuro preencha uma falta, um 
vácuo no seu íntimo e ficam ansiosos e zangados quando ele ou ela não conseguem.”(MAY, 2004) 
• Rollo May (2004) desenvolve em sua prática as premissas existencialistas que já tivemos a oportunidade de ver no módulo 1 e considera 
que o Existencialismo aporta a Psicologia e sua tentativa de resolução dos problemas da pessoa. 
• No que diz respeito ao processo psicoterapêutico, alguns pontos do pensamento de Rollo May são interessantes e dialogam com os dias 
atuais: a ansiedade e a culpa. 
 
Ansiedade 
• May (1986) considera que toda pessoa é centrada em si mesma e, quando esse centro é atacado, vivencia-se um ataque à própria 
existência. De certa maneira, esse ataque se manifesta na percepção de que existe algo que pode destruir o ser da pessoa, sua existência. 
Essa percepção leva ao estado de ansiedade, que May (2004) considera o mais presente no homem de seu tempo, algo não muito 
distante do que atualmente vem sendo apresentado, sendo a ansiedade um dos transtornos com maior índice de prevalência na 
população. 
• A ansiedade, para Rollo May, é a experiência de ameaça, a si mesmo ou a alguém que avaliamos ser importante, originando uma 
constante atitude de defesa, de precaução, fechando cada vez mais a pessoa em si mesma. A pessoa ansiosa estará voltada para as 
possibilidades de ameaça do mundo, o que em nosso tempo é potencializado por uma cultura que, em grande parte do tempo, exacerba 
as possibilidades de risco, sendo que se May (2004) chamava sua época da era da ansiedade, a nossa não deixa nada a desejar em relação 
a essa definição. 
• Rollo May acreditava que existia certo grau de ansiedade natural, ou seja, diante da consciência de que somos livres e de que construímos 
nosso destino, a vivência de alguma ansiedade seria um processo natural e, de alguma forma, indicaria uma abertura ao mundo, uma 
aceitação de que a vida está batendo à nossa porta. Entretanto, existe também a ansiedade patológica. Essa ansiedade dialoga com 
outros males que May (2004) avalia fazerem parte de seu tempo: a solidão e o vazio, já citados. Para Rollo May, a etiologia dessa 
condição está em uma sociedade que se revolvia pela perda: 
➢ de valores. 
➢ do senso de self, ou seja, da dignidade e valor do ser humano. 
➢ da comunicação pessoal. 
➢ do senso trágico, em síntese, do sentido do sofrimento. 
• Novamente, a leitura de Rollo May dialoga em muitos aspectos com a nossa situação atual. A relativização de valores, a dependência 
eletrônica que vem anulando as relações pessoais, o constante ataque à dignidade da pessoa e um fechar de olhos ao sofrimento são 
características que fazem parte de nossa sociedade. 
O QUE É PRECISO FAZER PARA LIDAR COM ESSAS QUESTÕES? 
• O homem precisa redescobrir a si mesmo e, dando conta de sua existência, assumir a liberdade e responsabilidades inerentes à vida 
humana. Rollo May acredita que cada um é responsável por aquilo em que se transforma; é necessário que as pessoas tomem 
consciência de aspectos como a inevitabilidade da morte, a importância de viver no presente e de que são responsáveis por construírem 
o próprio destino para assim terem melhor saúde mental. O processo terapêutico, portanto, deverá ajudar a pessoa a se tornar 
autoconsciente da realidade em que está inserida, das ameaças que vem a perceber e, sobretudo, de que essa realidade faz parte de seu 
mundo, podendo causar uma ação sua. Ajudar a pessoa a ver que tem possibilidade de agir e, por isso, não é uma vítima da sua 
existência. 
 
Culpa 
• Além da ansiedade, Rollo May também aborda outra situação da existência humana: a culpa. Para o psicólogo norte-americano, a culpa 
nasce quando não aceitamos nossas potencialidades, quando não percebemos as necessidades das outras pessoas e quando nos 
alienamos da natureza. De alguma forma, a culpa é um fato do qual não temos como fugir completamente, sendo importante não nos 
alienarmos diante dela, mas aceitarmos que somos seres falíveis e, com isso, apontar para o autodesenvolvimento. 
• O autodesenvolvimento não acontece sozinho e aqui temos mais um aspecto da Psicologia Existencial de Rollo May: somos seres que 
participam de outros seres. Esse ser-com-o-outro faz parte do processo humano de desenvolvimento e crescimento e, portanto, da saúde 
psíquica. 
Resumindo - Tanto a Logoterapia como a Psicologia Existencial de Rollo May partilham aspectos em comum e são marcadas pelo 
Existencialismo. Em síntese, podemos apontar as seguintes características de ambas as abordagens: a aproximação existencial a realidade da 
pessoa; a consideração da necessidade de a pessoa enfrentar aspectos como morte, culpa e sofrimento; uma compreensão de que a pessoa é 
um ser-com-o-outro, ou que se realiza na autotranscendência, na saída de si para encontrar-se com outra pessoa. 
 
CONCLUSÃO 
Considerações Finais 
• Compreendemos um pouco mais a Psicologia Existencial, as influências do Existencialismo nessa perspectiva da Psicologia, bem como o 
rico diálogo que pode nascer da relação Psicologia-Filosofia. 
• Conhecemos Karl Jaspers, importante pensador no campo da Psicopatologia e que também influenciou psicólogos existenciais. 
Sobretudo, pudemos tomar consciência de que a compreensão da patologia mental não deve deixar de fora uma visão integral da pessoa. 
• Por fim, tomamos conhecimento de dois grandes nomes da Psicologia Existencial: Viktor Emil Frankl e Rollo May. Ambos desenvolveram 
ricas contribuições para a Psicologia e ainda influenciam outras abordagens psicológicas, como a Psicologia Positiva, a Terapia Cognitivo-
Comportamental e o Cognitivismo Existencial. 
 
 
Verificando o Aprendizado 
• Módulo 1 
1. EMBORA ALGUNS AUTORES COMO JOLIVET (1953) DEFENDAM QUE SE PODE FALAR DE EXISTENCIALISMOS EM VEZ DE EXISTENCIALISMO, 
EXISTE UM ESFORÇO EM PONTUAR ELEMENTOS QUE SE MOSTRAM COMUNS À MAIORIA DAS DOUTRINAS EXISTENCIAIS. UM DESSES 
ELEMENTOS É: 
a) A aproximação ateísta de todos os existencialistas. 
b) A premissa de que o homem é determinado. 
c) A defesa da lógica e da dialética como meio de 
compreender a pessoa. 
d) A utilização da análise da existência como caminho 
para aproximação da pessoa. 
e) A afirmação de que a essência precede a existência. 
A alternativa "D " está correta. A utilização da análise da existência como meio de aproximação a concretude da vida do homem é abordada 
pela maioria dos existencialistas, sendo um ponto em comum na maioria deles. 
 
2. ROLLO MAY (1986) AFIRMA QUE: “NÃO É UM CONJUNTO DE TÉCNICAS POR SI MESMAS, MAS É UM INTERESSE PELA COMPREENSÃO DA 
ESTRUTURA DO SER HUMANO E SUA EXPERIÊNCIA QUE DEVE SUSTENTAR TODAS AS TÉCNICAS”. ESSA AFIRMAÇÃO ENCERRA QUAL 
CARACTERÍSTICA DA PSICOLOGIA EXISTENCIAL? 
a) A importância da Filosofia e da Antropologia Filosófica 
para compreensão do homem. 
b) A abertura para abordar temas como vontade, decisão, 
liberdade, morte, de forma mais profunda. 
c) Uma exaltação da Ciência como método principal para 
compreensão da realidade da pessoa. 
d) A ênfase na subjetividade de cada pessoa e a defesa da 
análise da existência como meio adequado de 
aproximação à realidade do homem. 
e) A Psicologia Existencial realiza um rico diálogo com a 
Filosofia e a Antropologia Filosófica; a partir do 
conhecimento profundo da pessoa, pode estabelecer 
técnicas de intervenção, como ocorre na Logoterapia 
de Viktor Frankl. 
A alternativa "A " está correta. A Psicologia Existencial realiza um rico diálogo com a Filosofia e a Antropologia Filosófica; a partir do 
conhecimento profundo da pessoa, pode estabelecer técnicas de intervenção, como ocorre na Logoterapia de Viktor Frankl. 
 
• Módulo 2 
1. SEGUNDO JASPERS, A ANÁLISE FENOMENOLÓGICA É COLOCADA EM PRÁTICA DE TRÊS FORMAS. UMA DESSAS FORMAS É: 
a) A escuta livre do paciente. 
b) A busca pela identificação de categorias diagnósticas. 
c) O questionamento do paciente por meio de escalas 
objetivas. 
d) A imersão em gestos, comportamentos e expressões do 
paciente. 
e) A busca pelo histórico do paciente. 
A alternativa "D " está correta. A imersão em aspectos do paciente se aproximada da atitudefenomenológica de buscar ao máximo se 
aprofundar do fenômeno estudado, cuidando para os preconceitos, adotando uma atitude de abertura a realidade do outro. 
 
2. ENTRE AS CONTRIBUIÇÕES DE KARL JASPERS PARA O CAMPO DA PSICOPATOLOGIA, A ALTERNATIVA QUE ABORDA ADEQUADAMENTE 
TAIS PONTOS É: 
a) O foco no transtorno mental e a tentativa de 
generalização do conhecimento sobre as doenças 
mentais somente pelo método das ciências naturais. 
b) A afirmação de que a ciência psicopatológica era 
suficiente para compreensão da condição humana e a 
utilização do método fenomenológico. 
c) Uma abordagem para além dos transtornos mentais, 
buscando considerar a pessoa em sua totalidade e a 
abertura para diferentes áreas do conhecimento na 
busca por compreender a pessoa. 
d) Uma abordagem para além dos transtornos mentais, 
buscando considerar a pessoa em sua totalidade e a 
crítica a filosofia como fonte de conhecimento sobre a 
pessoa. 
e) A exaltação do método científico como fonte de 
conhecimento sobre as patologias mentais e a defesa 
da Psicopatologia como integrante da Psiquiatria, não 
havendo diferenças entre elas. 
A alternativa "C " está correta. Somente a alternativa C reúne os dois pontos que foram realçados no texto, bem como fazem parte das 
contribuições de Karl Jaspers para a Psicopatologia; ou seja, a compreensão da pessoa para além do transtorno mental e a defesa da 
contribuição de diferentes áreas do conhecimento na busca por melhor entender o mistério humano. 
 
• Módulo 3 
1. SEGUNDO VIKTOR EMIL FRANKL, O HOMEM TEM COMO PRINCIPAL MOTIVAÇÃO. 
a) A vontade de poder. 
b) A busca pela liberdade. 
c) A vontade de prazer. 
d) A fuga do sofrimento. 
e) A vontade de sentido. 
A alternativa "E " está correta. Frankl afirma que a principal motivação humana é a busca por um sentido de vida. Com isso, o psiquiatra 
vienense se contrapõe a duas das teorias principais da época. A Psicologia Individual de Adler, que defendia a vontade de poder como principal 
motivação humana, e a Psicanálise de Freud, com a defesa da vontade de prazer como principal motivação humana. 
2. ROLLO MAY, NO QUE DIZ RESPEITO À SAÚDE MENTAL, AFIRMA QUE: 
a) A pessoa saudável não vivencia nenhum tipo de ansiedade, alcançando um equilíbrio homeostático. 
b) A saúde mental é alcançada quando o homem assume sua finitude, a possibilidade da morte, a liberdade e a responsabilidade, 
lidando com a ansiedade normal que surge do existir. 
c) Não é possível alcançar a saúde mental: o homem vive em constante estado de desespero. 
d) A pessoa saudável dá ênfase à sua individualidade em detrimento ao relacionamento com os demais. 
e) É necessária uma mudança na cultura e ambiente do indivíduo. Somente assim ele alcançará a saúde mental. 
A alternativa "B " está correta. Para Rollo May, a pessoa deve ser consciente da finitude de sua existência, bem como, pela autoconsciência, 
compreender sua liberdade e responsabilidade, que embora gere ansiedade, quando elaborada, não interfere em seu existir.

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