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ANDERSON PUGLIA Para fazer frente às atuais ameaças, é necessário ter uma visão focada na excelência da prestação de serviços em segurança, tratando o tema como ciência. Nesse sentido, esta obra tem o objetivo de trazer um pouco da experiência profissional de quem atua na área há mais de trinta anos para assessorar aqueles que pretendem ou necessitam atuar como consultores em segurança para empresas particulares ou instituições públicas. Cada capítulo desta obra foi construído com as nuances intrínsecas a ambas as áreas. Cabe ressaltar a importância da transversalidade desses conhecimentos pelos operadores dos dois setores, pois, invariavelmente, um poderá precisar do outro em diversas situações. Desse modo, é preciso dominar informações sobre as atuações de maneira recíproca. Código Logístico 59470 Fundação Biblioteca Nacional ISBN 978-85-387-6653-7 9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 5 3 7 Consultoria em Segurança Anderson Puglia IESDE BRASIL 2020 Todos os direitos reservados. IESDE BRASIL S/A. Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 Batel – Curitiba – PR 0800 708 88 88 – www.iesde.com.br © 2020 – IESDE BRASIL S/A. É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do detentor dos direitos autorais. Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: saicle/ 3ab2ou/EnvatoElements CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ P977c Puglia, Anderson Consultoria em segurança / Anderson Puglia. - 1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 126 p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-387-6653-7 1. Segurança pública - Brasil. 2. Serviços de segurança privada - Brasil. 3. Serviços de consultoria. I. Título. 20-64579 CDD: 658.47 CDU: 005.934:351.78 Anderson Puglia MBA em Administração Pública e Gestão Estratégica pelo Centro Universitário Unifacear. Especialista em Atendimento Pré-hospitalar em Combate pela Escola Superior de Polícia Civil. Graduado em Segurança Pública pela Academia Policial Militar do Guatupê. Cursando bacharelado em Direito pela Universidade Cruzeiro do Sul. Professor no ensino superior, ministrando as disciplinas de Gerenciamento de crises; Tiro policial; Munições, balística e proteções balísticas; Táticas para confrontos armados; Atendimento pré-hospitalar em combate. Atua também como chefe da 3ª Seção do Estado Maior da Polícia Militar do Paraná, responsável pelo planejamento operacional e estratégico da Corporação, pela análise criminal, pelo planejamento de instruções ao efetivo de todo o estado e pela produção de Doutrina PM. SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! SUMÁRIO Agora é possível acessar os vídeos do livro por meio de QR codes (códigos de barras) presentes no início de cada seção de capítulo. Acesse os vídeos automaticamente, direcionando a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet para o QR code. Em alguns dispositivos é necessário ter instalado um leitor de QR code, que pode ser adquirido gratuitamente em lojas de aplicativos. Vídeos em QR code! 1 Consultoria em segurança pública e privada 9 1.1 Conceitos básicos 9 1.2 O mercado da segurança no Brasil 17 1.3 Legislação pertinente ao tema 21 1.4 O consultor em segurança 29 1.5 O uso da força e os direitos humanos 35 2 Planejamento estratégico 45 2.1 Planejamento estratégico em segurança pública 45 2.2 Estratégias nas ações de polícia 51 2.3 Planejamento estratégico em segurança privada 56 2.4 Princípios da segurança privada 59 2.5 Consultoria empresarial na segurança privada 61 3 Análise de riscos em segurança e análise criminal 66 3.1 Identificação e prevenção de riscos 66 3.2 Ferramentas para análise de riscos 71 3.3 Por que fazer análise criminal? 77 3.4 Operacionalização da análise criminal 81 3.5 Sistemas de informação geográfica 83 4 Gestão de recursos humanos para a área de segurança 87 4.1 Recursos humanos para segurança: um gargalo a ser superado 87 4.2 Seleção e treinamento na segurança 89 4.3 Indicadores de desempenho e qualidade 92 4.4 Inteligência competitiva 94 4.5 A segurança no fluxo das informações 96 5 Segurança patrimonial e segurança pessoal 100 5.1 Proteção perimetral e segurança física 100 5.2 Restrições de acesso e ações de controle 103 5.3 Segurança contra incêndios 105 5.4 Segurança VIP 108 5.5 Estruturação de planos de segurança 114 Gabarito 124 As transformações sociais, políticas e econômicas que o nosso país sofreu nas últimas duas décadas, sem uma evolução significativa da legislação em relação à criação de dispositivos mais eficazes para o combate aos infratores da lei, favoreceram a atuação e o crescimento exponencial de grupos criminosos devidamente organizados, os quais desenvolveram novas estratégias para ampliar suas práticas delituosas e adquirir poderio bélico. Com praticamente a totalidade do nosso planeta conectada à rede mundial de computadores e a possibilidade do compartilhamento de informações em velocidade e magnitude incomensuráveis, por meio das redes sociais, fazer segurança se tornou um grande desafio no Brasil, contribuindo para que o nível de profissionalismo dos atuantes nessa área seja maior. A facilidade de acesso ao conhecimento traz muitos efeitos benéficos à sociedade, isso é fato. No entanto, também permite a exclusão do caráter sigiloso que existia em relação às técnicas e táticas policiais e militares, além de algumas utilizadas por guerrilheiros e terroristas, como conhecimentos aprofundados sobre armas e munições, proteções balísticas, manuseio de explosivos, construção de bombas, dentre outros que, anteriormente, só eram acessíveis em cursos especializados, restritos aos integrantes dos órgãos estatais de segurança. Isso faz com que indivíduos mal-intencionados aperfeiçoem seus métodos e aumentem seu potencial de perigo aos cidadãos e às forças de segurança. Para fazer frente às atuais ameaças, é necessário ter uma visão focada na excelência da prestação de serviços em segurança, tratando o tema como ciência. Nesse sentido, esta obra tem o objetivo de trazer um pouco da experiência profissional de quem atua na área há mais de trinta anos para assessorar aqueles que pretendem ou necessitam atuar como consultores em segurança para empresas particulares ou instituições públicas. Os integrantes das corporações de segurança pública – principalmente aqueles que ocupam cargos de comando, chefia, superintendência e outros, nos seus diversos níveis, seja operacional, tático ou estratégico – já exercem naturalmente a função de assessoria e consultoria de seus chefes/ comandantes durante suas carreiras, considerando que as suas instituições são prestadoras de serviço na área em que atuam. Por isso, são designados APRESENTAÇÃO 8 Consultoria em Segurança para tais tarefas, sendo indispensável conhecerem várias ferramentas e padrões de trabalho que lhes serão úteis nessa missão. Para a segurança privada a atuação é um pouco diferente, pois o profissional responsável por uma consultoria normalmente tratará do tema com pessoas leigas no assunto, que atuam em outro ramo, mas que precisam do serviço de segurança. Nesse aspecto, o profissional deve dominar muito bem sua área de atuação para demonstrar a importância do seu serviço aos consumidores e o quanto isso pode reduzir a possibilidade de riscos e perdas na empresa-alvo, apresentando planejamentos e métodos de análise técnica adequados, que inspirem confiança e coerência para os investimentos que deverão ser implementados nesse setor.Cada capítulo desta obra foi construído com as nuances intrínsecas a ambas as áreas. Cabe ressaltar, aqui, a importância da transversalidade desses conhecimentos pelos operadores dos dois setores, pois, invariavelmente, um poderá precisar do outro em diversas situações. Desse modo, é preciso dominar informações sobre as atuações de maneira recíproca. Para essa abordagem holística de um campo tão vasto, buscamos trazer o que entendemos ser essencial ao estudo de cada tema, mas sem ser superficial, explorando cada um na proporção adequada ao entendimento e indicando algumas possibilidades de aprofundamentos julgados pertinentes e necessários. Bons estudos! Consultoria em segurança pública e privada 9 1 Consultoria em segurança pública e privada Neste capítulo, para iniciar nossa jornada, abordaremos, por meio de alguns conceitos fundamentais, as diferenças básicas entre as duas áreas da segurança: a pública e a privada. Posteriormente, estudaremos as bases legais e doutrinárias que fornecerão o co- nhecimento necessário para o desenvolvimento da profissão por parte dos futuros consultores. 1.1 Conceitos básicos Vídeo Os conceitos ligados à área de segurança pública e privada, bem como seus desdobramentos, são essenciais para que o consultor te- nha, além do embasamento legal, conhecimento sobre os dispositivos que definem e regulamentam a área em que atua. 1.1.1 Segurança privada A segurança privada é um conjunto de mecanismos e procedimen- tos de segurança que tem por objetivo prevenir e reduzir perdas pa- trimoniais e pessoais em um empreendimento ou nas vias públicas, durante deslocamentos (BARBOSA, 2011). É uma modalidade de segu- rança voltada aos espaços e às pessoas, como observaremos em al- guns conceitos dela derivados. 1.1.1.1 Segurança patrimonial De acordo com Barbosa (2011), a segurança patrimonial é o ponto ini- cial para todas as modalidades de segurança privada, buscando a interli- gação delas para evitar perdas e prejuízos. Cabe ressaltarmos que não se trata de uma segurança voltada somente às organizações, pode ser dire- 10 Consultoria em Segurança cionada, também, para soluções em segurança residencial e segurança VIP. Assim, o trabalho do consultor, no aspecto da segurança patrimonial, pode ser prestado a pessoas jurídicas (empresas e condomínios), bem como a pessoas físicas. Essa é a modalidade de segurança que centraliza todas as demais, como podemos observar na figura a seguir. Figura 1 Organização das modalidades de segurança privada Segurança patrimonial Segurança da informação Segurança eletrônica Segurança do trabalho Segurança de pessoas Segurança física Fonte: Barbosa, 2011. 1.1.1.2 Segurança física A segurança física, por vezes, é confundida com a segurança patri- monial. Entretanto, ela foca os procedimentos internos de proteção de uma edificação contra riscos naturais, não naturais e humanos no interior do local, como raios, alagamentos, desabamentos, incêndios, falhas em equipamentos, furtos, roubos, sabotagens, entre outros. Segundo Barbosa (2011, p. 57), “é o conjunto de normas e medi- das capazes de gerar uma condição favorável aos interesses vitais de um empreendimento, para que estejam livres de interferências e perturbações”. Consultoria em segurança pública e privada 11 1.1.1.3 Segurança do trabalho Para Barbosa (2011), segurança do trabalho é o conjunto de medi- das que visa evitar acidentes de trabalho e minimizar doenças ocupa- cionais, integrando o ambiente ao seu melhor uso pelos trabalhadores, evitando, assim, prejuízos no empreendimento. A preocupação com as condições de trabalho dos colaboradores é essencial para o sucesso das empresas, tendo em vista que, indepen- dentemente de os colaboradores atuarem com equipamentos mais modernos, as ações finais de intervenção são primordialmente reali- zadas por pessoas, de modo que os recursos humanos precisam ter sempre boas condições de atuação. 1.1.1.4 Segurança empresarial A segurança empresarial foca a preservação do bom nome da em- presa ou do empresário, de sua imagem perante os clientes, colabo- radores e fornecedores, buscando, ainda, a proteção ao crédito que possui no mercado e às informações. Conforme Brasiliano (1999 apud BARBOSA, 2011, p. 62) “o conceito de segurança relacionado às empresas significa a redução ou elimina- ção de certos tipos de riscos de perdas e danos a que a organização poderá estar exposta, dizendo ainda que a segurança empresarial deva ser entendida como um sistema integrado compreendendo um soma- tório de recursos”. Segundo Barbosa (2011, p. 62), o ramo da segurança avalia e proce- de no sentido de proteger os interesses intangíveis do empreendimen- to, preservando sua imagem, credibilidade e informações. 1.1.1.5 Segurança da informação A segurança da informação está intimamente ligada à proteção de dados digitais, salvos em HDs de computadores ou em redes, contra vilões conhecidos como ciberpiratas. Atualmente, talvez, seja a área mais importante a ser protegida. Porém, vale lembrar que ela não funciona sem as demais modalidades e que a preocupação com o sigilo nas informações estratégicas não se resume apenas à segurança digital. ciberpiratas: pessoa com profundos conhecimentos de informática que eventualmente os utiliza para violar sistemas ou exercer outras atividades ilegais; pirata eletrônico. Glossário 12 Consultoria em Segurança A segurança da informação tem a finalidade de estabelecer pro- cedimentos para proteger informações e dados de computadores, garantindo privacidade, solidez, disponibilidade e integridade de programas e equipamentos tecnológicos (BARBOSA, 2011, p. 68). 1.1.1.6 Segurança pessoal Segundo Meireles e Santos (2011, p. 170), a atividade de segurança pessoal é exercida com a finalidade de garantir a incolumidade física, psicológica e patrimonial das pessoas. Trata-se de um serviço em que se transfere o uso lícito da força do Estado para trabalhos particulares, necessitando de profissionais mui- to bem selecionados, com características específicas e que entendam por completo sua missão, considerando que o agente de segurança que atua nesse segmento acaba vivenciando diuturnamente a rotina do VIP 1 . 1.1.2 Segurança pública A melhor definição do que é segurança pública está na própria le- gislação vigente, Carta Magna, que diz: “a segurança pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, é exercida para preserva- ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio” (BRASIL,1988). Em outras palavras, é a ação coercitiva do Estado, por meio de suas organizações, fazendo cumprir os dispositivos previstos em lei pelas ações típicas de polícia, de modo a preservar os direitos da coletividade e limitar as liberdades individuais. Em uma sociedade democrática de direito, a segurança pública é a garantidora dos direitos individuais e coletivos, bem como do cumprimento dos dispositivos legais, sendo, dentro da grande com- plexidade da existência humana, a responsável pela manutenção da ordem e, consequentemente, por grande parcela da qualidade de vida dos cidadãos. 1.1.2.1 Poder de polícia O poder de polícia, para Meirelles (2003, p.129), “é um poder amplo e peculiar, disseminado pela administração pública, a fim de cumprir o Acrônimo de Very Important Person (pessoa muito importan- te), é um termo utilizado para definir o dignitário, a pessoa a ser protegida pela equipe de segurança. 1 Consultoria em segurança pública e privada 13 múnus público 2 ”. Em suma, é uma prerrogativa conferida aos agentes públicos, previamente autorizada por lei, que permite a intervenção na liberdade, propriedade e demais direitos individuais, restringindo-os em prol do interesse coletivo, de maneira a garantir a supremacia do interesse público. 1.1.2.2 Ordem pública Conforme o jurista francês Louis Rolland (apud LAZZARINI, 1987, p. 19), “ordem pública é a tranquilidade pública, a segurança pública ea salubridade pública, asseverando que ordem pública engloba as três coisas. Em suma, ordem pública é de fato a situação oposta à desor- dem, sendo essencialmente de natureza material e exterior”. Com base nessa conceituação, entende-se que não bastam ações para redução de criminalidade, é necessário, também, haver a sensa- ção de segurança e diminuição do medo do crime. Isso está ligado a questões subjetivas, como a possibilidade de frequentar locais públicos sem a interferência de infratores, o volume de notícias negativas que circulam pelos órgãos de comunicação, o tratamento percebido pelo cidadão em relação aos profissionais de segurança, entre outros. 1.1.3 A dicotomia da segurança pública no Brasil Para ser um bom consultor em segurança no Brasil, é essencial compreender muito bem como funciona o sistema de segurança pú- blica, a persecução criminal e o que seria ideal no que se trata de ciclo completo de polícia. A organização administrativa e gerencial do padrão policial brasi- leiro das polícias estaduais, que são as que agem com maior inten- sidade na manutenção da ordem pública, divide-se em militar e civil, assim como as atribuições na questão do ciclo de polícia, sendo a polícia judiciária (civil) e polícia administrativa (militar). Nesse viés, define-se a missão de policiamento ostensivo fardado, para a pre- venção e repressão de crimes, para a Polícia Militar (PM), enquanto a confecção do auto de prisão em flagrante delito 3 , inquérito policial e investigações pós-crime, são missões inerentes à Polícia Civil (PC). Na prática, para os crimes comuns, a PM, quando se depara com um indivíduo praticando um crime, efetua sua prisão, inclusive pro- ferindo a voz de prisão (momento em que ele fica ciente do motivo O múnus público é uma obrigação imposta por lei, em atendimento ao poder público, que beneficia a coletividade, e não pode ser recusado, exceto nos casos previstos em lei. 2 Documentação relativa aos procedimentos adotados na prisão de um infrator, com a descrição detalhada do fato típico, qualificação de todos os envolvidos e testemunhas, rea- lizada em delegacias de polícia pela autoridade policial. 3 14 Consultoria em Segurança de sua prisão e de seus direitos). Ato contínuo, a equipe PM encami- nha o detido até a delegacia de polícia civil responsável pela área em que ocorreu o crime, uma delegacia especializada (dependendo do crime), ou ainda, nos períodos noturnos, em centrais de polícia civil responsáveis pelo recebimento de todos os detidos de determinada região. Na delegacia, os policiais militares confeccionam o devido boletim de ocorrência e entregam o detido aos cuidados da PC, mo- mento em que é confeccionado o auto de prisão em flagrante delito. Caso ocorra um crime e os responsáveis não sejam encontrados imediatamente pela PM, as vítimas podem solicitar o registro do bo- letim de ocorrência (BO) para que, na sequência, a PC realize investi- gações no intuito de tentar identificar e prender os criminosos. Quando falamos em contravenções penais, existe uma diferença importante a ser comentada. A PM, ao constatar um fato tipificado como infração de menor potencial ofensivo, que consta da Lei de Contravenções Penais 4 , pode confeccionar um documento denomi- nado Termo Circunstanciado de Infração Penal (TCIP), também conhe- cido como Termo Circunstanciado de Ocorrência (TCO). Ao término, o documento é encaminhado ao Poder Judiciário e o infrator recebe de imediato um recibo com a data em que deverá comparecer pe- rante o juiz para responder pelo ato que cometeu, encerrando aque- le atendimento sem a necessidade de nenhum outro procedimento. 1.1.3.1 Persecução criminal A persecução criminal é o caminho percorrido pelas autoridades constituídas para punir um infrator no momento em que o indivíduo é detido pela prática de um crime e é conduzido para que seja lavra- do o auto de prisão em flagrante delito. Posteriormente, os autos são encaminhados ao Ministério Público, para análise e denúncia ou solicitação de arquivamento. Caso seja denunciado e o Poder Judi- ciário recepcione, inicia-se a fase de instrução do processo e, em se- guida, o julgamento. Se for condenado, o indivíduo é encaminhado ao sistema penal. A persecução criminal pode ser dividida em duas fases, a pré-processual, momento em que é confeccionado o devido inqué- rito policial; e a processual, quando o inquérito é remetido ao Mi- nistério Público para oferecer ou não denúncia ao Poder Judiciário. Decreto-Lei n. 3.688, de 3 de outubro de 1941. 4 https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-3688-3-outubro-1941-413573-publicacaooriginal-1-pe.html https://www2.camara.leg.br/legin/fed/declei/1940-1949/decreto-lei-3688-3-outubro-1941-413573-publicacaooriginal-1-pe.html Consultoria em segurança pública e privada 15 Existem instâncias de julgamento e vários recursos cabíveis nas ações penais. Porém, aqui, o intuito é apenas o entendimento de como as coisas se encaminham, de maneira resumida. 1.1.3.2 Ciclo completo de polícia As atividades que antecedem a fase processual, praticadas pelos órgãos policiais, formam o conceito de ciclo completo de polícia. Po- demos afirmar que existem três ações que compõem esse ciclo, são elas: a prevenção do crime, a repressão imediata quando ele ocorre e a formalização dos instrumentos necessários para subsidiar a de- cisão do Ministério Público. Como é possível perceber, nos conceitos anteriores, há um fra- cionamento dessas atividades em alguns tipos de infrações penais, em que as duas polícias precisam interagir para se completar. Isso gera alguns transtornos para a administração pública de um modo geral, além de imobilizar equipes policiais por períodos prolongados em alguns casos. Já nos casos das contravenções penais, em que uma equipe policial-militar realiza a prisão de um indivíduo e, em seguida, lavra o termo circunstanciado, expedindo data de apresentação em juízo, liberando, depois, o infrator, ocorre o que podemos chamar de ciclo completo de polícia, por uma única força policial. Devido à dicotomia de missões existente no Brasil, não só entre as polícias estaduais, mas também em relação à Polícia Rodoviária Federal (PRF) e à Polí- cia Federal (PF), por exemplo. Existem, inclusive, demandas judiciais a respeito do tema, em que corporações brigam para dizer quem é competente e quem não é para a lavratura desse tipo de documen- to. Entretanto, decisões judiciais já pacificaram essa questão e atual- mente a lavratura do TCIP/TCO são aceitas amplamente no Brasil. Apesar de a maior parte das PMs do Brasil já confeccionar o TCO, e quase que a totalidade dos magistrados aceitarem o documento como legítimo, com a decisão judicial anteriormente citada, não há mais dúvidas ou discussões a respeito da legalidade de uma ferra- menta que traz tantos benefícios aos cidadãos de modo geral. 16 Consultoria em Segurança 1.1.4 Consultoria em segurança privada A consultoria em segurança privada é o serviço de assessoramento voltado ao desenvolvimento ou aperfeiçoamento de soluções em se- gurança empresarial e pessoal, de acordo com as necessidades espe- cíficas de cada cliente, no sentido de propiciar a proteção de bens, de informações estratégicas e de pessoas muito importantes (VIP). Com base em um diagnóstico, o consultor pode determinar o que precisa ser implementado em termos de equipamentos e pessoal, as possíveis mudanças necessárias em um sistema de segurança pree- xistente, no que se refere a rotinas, treinamento de pessoal e normas gerais de ação, para que a segurança patrimonial e pessoal atinja o me- lhor nível possível em relação às variáveis existentes e às possibilidades de ocorrência de sinistros. Uma característica importante do segmento privado de segurança, em detrimento do público, é a questão de não haver limitadores le- gais em questão aos gastos (orçamento), ou seja, depende apenas do quanto cada empresa/VIP deseja investir em sua segurança(e do con- vencimento por parte do consultor). As limitações legais para aplicação de meios são poucas, considerando apenas tipos de armas, calibres e proteções balísticas que a legislação prevê para esse nicho. As tecnolo- gias possíveis são quase infinitas, quando pensamos no acesso que te- mos, atualmente, às informações globalizadas sobre recursos na área de segurança. 1.1.5 Consultoria em segurança pública A consultoria em segurança pública é o serviço de análise das ações estatais, em termos da aplicação judiciosa dos meios de prevenção e re- pressão da criminalidade, executada por instituições responsáveis pela segurança pública de uma localidade, voltada à atuação em geral por determinados períodos ou ações pontuais em situações específicas. Esse serviço é primordial, quando prestado internamente por es- pecialistas integrantes das próprias corporações em que atuam, para planejamento e aplicação dos processos mais adequados à efetividade do serviço de segurança pública, por meio da construção de novas dou- trinas de acordo com a necessidade, modernização dos meios de aná- lise criminal, treinamento continuado do efetivo e controle das ações. Consultoria em segurança pública e privada 17 O profissional especialista nessa área também pode ser contratado para prestar serviços fora das organizações estatais, principalmente por órgãos de imprensa em geral, utilizando seus conhecimentos como subsídio para construir raciocínios a respeito de determinados aconte- cimentos ou fenômenos sociais. Faz-se necessário ressaltar que, conforme Caetano e Sampaio (2016, p. 55), qualquer organização pública tem uma finalidade pública, a qual busca atender aos anseios da população. Normalmente, essa necessi- dade pública a ser atingida está definida na própria lei que embasa a instituição. Nesse prisma, o consultor precisa ter o entendimento de como está estruturada a instituição estatal sobre a qual fará sua análi- se, conhecer o contexto social anterior e atual da localidade de atua- ção, procedimentos adequados de análise criminal, técnicas e táticas policiais, entre outros fatores que serão tratados em capítulos específi- cos desta obra, para somente depois construir um juízo de valor a res- peito de qualquer questão ligada à segurança pública. Para conhecer melhor os conceitos de segurança pública e privada, leia o livro Trajetória e evolução da segurança empresarial. MEIRELES, N. R. de M.; SANTOS, V. L. dos. São Paulo: Sicurezza, 2011. Saiba mais A Organização Internacional de Normalização ou Organização Internacional para Padronização, popularmente conhecida como ISO, é uma entidade que congre- ga os grêmios de padronização/ normalização de 162 países, com sede em Genebra, na Suíça. 5 ABNT NBR, também chamada apenas de NBR, é a sigla para Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas. As NBRs são normas estabelecidas de acordo com um consenso entre pesquisadores e profissionais da área e aprovada por um organismo nacional ou internacional, no caso, a ABNT. 6 1.2 O mercado da segurança no Brasil Vídeo Alguns fatores, como mudanças nas relações de trabalho e empresas demitindo grande número de colaboradores para enxugar o orçamento, fizeram com que as organizações passassem a precisar de pessoas que lhes resolvessem os problemas, mas que não representassem um custo fixo. Algumas ISO 5 , como a 31000 (gestão de riscos), 27000 (segurança das informações) e a NBR 6 15991(continuidade de negócios), trazem indicadores de qualidade muito importantes, e as empresas que desejem atingir os níveis indicados nessas normas, necessitam de profissionais com alto grau de conhecimento para auxiliar nessas adequações. A realidade do ambiente externo, como o au- mento da criminalidade e a criação de uma nova cultura de segurança em nosso país, é outro fa- tor motivador para o aumento da procura por se- gurança pessoal e patrimonial e, consequentemente, pela falta de conhecimento técnico, torna-se necessária a contratação de um 18 Consultoria em Segurança consultor para determinar o que é realmente válido em termos de custo/benefício. A questão da competitividade entre as organizações gera a ne- cessidade de gestão de perdas e de sistemas contingenciais, segu- rança da informação e outros que o consultor deve dominar, pois podem ser requisitados nesses casos. Além disso, o mercado ligado aos treinamentos coletivos ou individuais vem crescendo muito no Brasil e gera, com isso, oportunidades na área de segurança. O consultor também vem sendo requisitado pelo setor público, para a estruturação de forças de segurança, como guardas muni- cipais e formação de agentes de trânsito urbano, estruturação de centros de vigilância por câmeras, formação de colaboradores para proteção de autoridades municipais, entre outros. 1.2.1 Características da prestação de serviço Como a consultoria em segurança é um ramo iminentemente de prestação de serviços, torna-se de suma importância conhecer algu- mas características que podem trazer diferenciais na atuação de fu- turos profissionais, de qualquer área, que fornecerão mão de obra especializada. Uma das definições mais utilizadas para serviços é a de Kotler e Armstrong (2006 apud MEIRELES; SANTOS, 2011, p. 39), que afirmam: “é uma ação ou desempenho, essencialmente intangível, que uma parte pode oferecer à outra e que não resulta na posse de nenhum bem. Sua execução pode ou não estar ligada a um produto físico”. Suas caracte- rísticas principais são: intangibilidade, inseparabilidade, variabilidade, perecibilidade e heterogeneidade. A intangibilidade se refere ao fato de que, diferentemente de uma mercadoria (produto), o serviço, assim que é adquirido, não é passível de uma inspeção visual e física, é necessário ter confiança no prestador e, somente depois, será possível saber se o serviço foi de qualidade. A inseparabilidade se refere à relação íntima entre quem presta o serviço e o consumidor, pois, no caso de um produto material, não há uma grande preocupação a respeito de quem fabricou ou criou aquela mercadoria; já nos serviços, sim. Consultoria em segurança pública e privada 19 A variabilidade está ligada ao padrão de serviço, quando se com- pra uma caixa de leite integral, por exemplo, há a ideia de que todos são iguais, variando apenas o preço. Contudo, quando se fala em mão de obra, o conceito muda completamente, visto que todos querem um prestador especializado e a fiscalização na execução é intensa. A perecibilidade representa a impossibilidade de estocar serviços, ou seja, o prestador só pode assumir compromissos que consiga hon- rar no prazo determinado e não deve deixar de atender os clientes por pensar que não poderia dar conta do tempo. É preciso que o prestador conheça o mercado e sua capacidade. A heterogeneidade recai como uma característica dos seres huma- nos. Como serviços são prestados de pessoas para pessoas, é lógico pensar que, apesar de oferecer um mesmo padrão de produto, quan- do se fala em serviços, temos sempre que considerar certo nível de personalização. 1.2.2 Por que se contrata o serviço de consultoria? A consultoria é uma atividade constantemente presente na vida de todos. Quando uma criança aprende a andar de bicicleta, por exem- plo, aquele que a ensina está prestando uma consultoria, passando um conhecimento que dificilmente a criança conseguiria adquirir sem aju- da. Por analogia, uma empresa buscará os préstimos de um consultor quando tiver dificuldades em resolver problemas com seus próprios recursos, ou seja, problemas que superam sua capacidade administra- tiva naquele momento. A busca de um técnico externo para consultoria traz a certeza de uma decisão ou constatação sem a influência de emoções, imparcial, pois não estará envolvido afetivamente com nenhuma pessoa ou setor, podendo aplicar a sua visão crítica, com foco no que realmente pode fazer a diferença na solução de problemas. A consultoriapode atuar de diversas formas, visto que pode abran- ger a organização como um todo, alguma área espe cífica ou somente a proteção de uma pessoa. Além disso, os projetos podem ser de curta ou longa duração, bem como na forma de intervenções pontuais. De modo geral, os objetivos da consultoria em segurança são: 20 Consultoria em Segurança • analisar o ambiente interno – identificar fraquezas e potencialidades; • analisar o ambiente externo – buscar oportunidades e ameaças; • auxiliar na tomada de decisões com imparcialidade; • buscar soluções tecnológicas para resolver todas as demandas de segurança. São alguns casos que motivam a contratação: Resolução de problemas sem contratações permanentes Nesse caso, a contratação de um consultor pode ser por motivos de economia, mantendo o quadro de funcionários enxuto. Algumas em- presas prezam por manter poucos colaboradores trabalhando e pre- ferem trazer mão de obra técnica temporária para resolver problemas pontuais. Dessa forma. o profissional contratado dedica todo o seu tempo para a solução requisitada, sem interferir na rotina, somente pelo tempo necessário ao serviço. No mesmo prisma, pode surgir algum problema de ordem técnica que suplante o conhecimento dos funcionários existentes. Porém, por ser algo muito pontual e esporádico, a melhor opção pode ser con- tratar um consultor por um curto período, em vez de efetuar novas contratações. Busca por excelência Mesmo sem ter problemas específicos, empresas podem buscar opiniões externas de especialistas como estratégia de desenvolvimen- to e crescimento no mercado. Um observador externo, com boa expe- riência e especialização, pode identificar gargalos e riscos, em busca da qualidade total. Treinamento Um nicho que tem crescido rapidamente é o de treinamentos, prin- cipalmente devido às últimas alterações da legislação brasileira relativa às armas de fogo e munições. O consultor pode atuar em nível empresarial (preparação de cola- boradores de determinada área de segurança de uma empresa), que é algo que já tinha boa demanda, mas que aumentou, também, seu fluxo. Ainda, pode atuar em nível pessoal, referente à legítima defesa, como nos casos daqueles que desejam adquirir armas de fogo para proteção pessoal e/ou tiro esportivo. Consultoria em segurança pública e privada 21 Demandas específicas de segurança A questão mais comum ligada à procura do consultor em segurança é, sem dúvida, o aumento do risco da ocorrência de crimes, como fur- tos, roubos, invasões, sequestros (tanto do VIP quanto de pessoas da família), entre outros. Normalmente, empresas ou pessoas, exceto aquelas que atuam na área de segurança, não possuem qualquer conhecimento em seguran- ça, por isso o consultor se torna fundamental. Atuação na administração pública Existem verbas específicas em órgãos públicos para a contratação de consultoria externa, abrangendo todas as esferas – federal, estadual ou municipal – que podem necessitar da intervenção de um profissio- nal experiente para o desenvolvimento de projetos e, nesse caso, a ad- ministração pública pode recorrer a um consultor com conhecimento específico para a produção disso. É importante entender e estudar as legislações sobre o tema e estar acompanhando a liberação desses tipos de recursos financeiros para poder oferecer esse serviço. Buscas constantes sobre notícias são fun- damentais nesse aspecto, tanto nos principais canais oficiais do gover- no federal quanto nas fontes midiáticas mais confiáveis. Alguns municípios também costumam buscar a consultoria quan- do necessitam criar organismos de segurança. Em algumas situações, o consultor em segurança pode ser convidado a ser efetivado como chefe dessa nova força de segurança, por exemplo, um secretário do município, como já ocorreu em alguns casos concretos. O livro Gestão estratégica do sistema de segurança: conceitos, teoria, processos e prática é uma ótima maneira de aprender mais sobre mercado e conceitos ligados à pres- tação de serviço. MEIRELES, N. R. M. São Paulo: Sicurezza, 2011. Livro 1.3 Legislação pertinente ao tema Vídeo Nesta seção, serão demonstradas e distinguidas as normas que estruturam e regulamentam os serviços de segurança pública e pri- vada, bem como aquelas que amparam o emprego do uso da força ou de qualquer outro meio de proteção a pessoas e edificações. Em geral, com exceção de algumas especificidades, são as mesmas para ambas as áreas. 22 Consultoria em Segurança 1.3.1 Segurança privada Com relação à legislação pertinente à segurança, faremos apenas a exposição a respeito das normas que estruturam e regulamentam o serviço de segurança privada, considerando que, com exceção de algu- mas especificidades, as leis que amparam o emprego do uso da força ou de qualquer outro meio de proteção de pessoas e edificações são as mesmas que a da segurança pública. 1.3.1.1 Lei n. 7.102, de 20 de junho de 1983 Apesar de ser uma legislação consideravelmente antiga, ainda está em vigor e traz dispositivos importantes, que regem uma série de ques- tões condicionantes para a possibilidade de abertura e funcionamen- to de estabelecimentos de segurança privada ou que dela dependem, conforme segue: dispõe sobre segurança para estabelecimentos financeiros, esta- belece normas para constituição e funcionamento das empresas particulares que exploram serviços de vigilância e de transporte de valores, e dá outras providências. (BRASIL, 1983b) Todo o teor dessa lei traz informações essenciais ao consultor, mas julgamos que alguns tópicos merecem maior destaque: • veda o funcionamento de estabelecimentos financeiros que te- nham guarda de valores ou movimentação de numerários sem um sistema de segurança aprovado pela PF. Um profissional que seja contratado para consultoria precisa conhecer detalhada- mente essas exigências; • determina de que forma devem ser feitas as vigilâncias ostensi- vas e os transportes de valores; • prevê condições mínimas para a abertura de empresas de segu- rança, bem como para o exercício da profissão de vigilante; • incumbe o Ministério da Justiça, por meio da PF, a expedir as au- torizações, realizar fiscalizações, aprovar uniformes, fixar tipos e quantidades de armas e rever anualmente as autorizações concedidas; • determina penalidades a quem descumprir a norma. Consultoria em segurança pública e privada 23 1.3.1.2 Decreto n. 89.056, de 24 de novembro de 1983 Trata-se do regulamento da lei citada na subseção anterior. Com- plementando os quesitos da norma, o decreto especifica quais equipa- mentos e condições mínimas de segurança as instituições financeiras devem ter obrigatoriamente. Além disso, regula o formato, o funciona- mento e as avaliações obrigatórias dos cursos de segurança privada, entre outros detalhamentos (BRASIL, 1983a). 1.3.1.3 Portaria n. 3.233, de 10 de dezembro de 2012 Ao considerar a lei e o decreto que delegam ao Ministério da Jus- tiça, por meio da PF, a regulação, a autorização e a fiscalização dos serviços de segurança privada, a Portaria n. 3.233 traz todos os de- talhamentos, bem como define questões não abrangidas na lei e em seu regulamento – os requisitos para funcionamento de empresas de transporte de valores, escoltas armadas, segurança pessoal e como devem ser os cursos de formação, extensão e reciclagem na área de segurança privada, por exemplo. Entre os principais dispositivos, es- tão (BRASIL, 2012): • determina quais são as unidades da PF que deverão atuar em cada área e em qual função, definindo todos os documentos ne- cessários e os serviços disponíveis; • demonstra especificações de níveis de blindagem veicular. • esclarece como devem ser apresentados os planos de segurança das empresas, para que possam ser aprovados; • detalha as quantidades, os tipos de equipamentos e armamen- tos que são permitidos em cada modalidade de segurança e os requisitos e processos para aquisição, bem como normas de ar- mazenamento e transporte;• normatiza a utilização de semoventes (cães) para a segurança; • trata dos direitos e deveres da classe, condutas, transgressões e punições de vigilantes, além das mesmas questões relacionadas às empresas; • traz, em seus anexos, toda a programação mínima a ser atendida para os cursos de formação, extensão e reciclagem na área de segurança privada. 24 Consultoria em Segurança 1.3.2 Segurança pública Existem muitos dispositivos legais relacionados à segurança pública, tanto em um aspecto geral quanto específico, mas para que esta obra seja mais direta, serão pontuados aqueles julgados como principais. 1.3.2.1 Constituição Federal O artigo 144 da Constituição Federal (BRASIL, 1988) define o que é segurança pública e, em todos os seus incisos e parágrafos, determina quais são os órgãos responsáveis por sua execução e a destinação/mis- são de cada um deles. O artigo 42 é, também, um importante dispositivo a ser estudado detalhadamente, pois caracteriza os militares federais e estaduais, dando a diferenciação de regime de emprego deles em relação aos de- mais agentes de segurança pública civis. 1.3.2.2 Sistema Único de Segurança Pública (SUSP) A Lei n. 13.675, de 11 de junho de 2018, disciplina a organização e o funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança pública, por meio de atuação conjunta, coordenada, sistêmica e integrada dos órgãos de segurança pública e defesa social da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios, em articulação com a sociedade (BRASIL, 2018). Em suma, essa lei foi criada para dar princípios, diretrizes e objeti- vos bem delimitados, fomentando possibilidades para que os órgãos federais, estaduais e municipais de segurança pública possam traba- lhar em conjunto. 1.3.4 Excludentes de Ilicitude O Código Penal Brasileiro, em seu artigo 23 e seguintes, define quais são as situações em que o agente pratica um ato ilícito sem que isso seja considerado uma atividade criminosa, ou seja, o excludente é um mecanismo que permite que uma pessoa pratique uma ação que, nor- malmente, seria considerada um crime. É muito importante o entendimento de cada um, principalmente por agentes de segurança pública, para que saiba como relatar ade- Consultoria em segurança pública e privada 25 quadamente no histórico de um BO, até mesmo em uma declaração em um inquérito policial ou auto de prisão em flagrante delito – se fez o emprego da força para conter a resistência ou respondeu à agressão de um meliante, por exemplo. Esses dispositivos legais se aplicam a todos os cidadãos, porém aqueles que têm o dever legal de agir, ao se deparar com a prática de atos delituosos, sempre estão mais sujeitos a ter que recorrer a eles, principalmente à legítima defesa, que será o único dispositivo a ser destacado por esta obra. 1.3.4.1 Legítima defesa De acordo com o artigo 25 do Código Penal, “age em legítima defesa quem, usando moderadamente os meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem” (BRASIL, 1940). Como ensina o professor Jeffrey Chiquini (2020), a legítima defesa é uma autorização legal para defender (a si próprio ou a terceiros), e não para matar. O especialista também trata da necessidade de entender a diferença de norma penal incriminadora e norma penal permissiva. O entendimento que a maioria das pessoas tem é que o direito penal somente dita leis criminalizando condutas e impondo sanções. Mas a norma penal também pode ser não incriminadora ou permissiva, que é o caso do excludente e ilicitude. Crime é um fato típico, ilícito e culpável, e considerando que o excludente descaracteriza o segundo item, não existe crime. É importante que não ocorra a confusão entre legítima defesa e es- trito cumprimento do dever legal. Um policial, ao atirar em um agressor armado, sempre agirá em legítima defesa, uma vez que não é seu dever atirar em pessoas. Uma condicionante do artigo 25 é que seja utilizado contra seres humanos. Por exemplo, durante uma perseguição a um meliante, ao entrar em um terreno, caso o agente de segurança tenha que atirar em um cão feroz que surja e o ataque, essa ação configura o que se denomina como estado de necessidade, que é previsto no artigo 24; porém, se o cão é treinado e o suspeito comandar o cão a atacar, voltamos à legítima defesa, pois a ação foi de um humano fazendo com que o animal atacasse. Ainda sob a ótica do professor, os requisitos para aplicar o dispositivo são: • a agressão ser injusta, e não necessariamente criminosa. Por exemplo, se um inimputável, que pode ser um indivíduo com pro- 26 Consultoria em Segurança blemas mentais, faz uso de uma arma de fogo contra o policial, mesmo não sendo considerada uma ação criminosa (esse indiví- duo não pode ser punido perante a lei), é injusta, e pode ser re- pelida. É importante observar que quem provoca uma agressão injusta não estará amparado; • a ação tem que ser atual ou iminente, ou seja, deve estar ocorren- do ou com o agressor esboçando a real intenção de executá-la. Depois do término da injusta agressão, não se admite legítima defesa pretérita, trata-se, nesse caso, de uma execução; • aquele que, após cessada a agressão, permanece utilizando os meios de defesa, pode ser responsabilizado pelo excesso. Porém, existe o caso de excesso exculpante, quando praticado por per- turbação de ânimo, medo ou susto, podendo ser desconsiderado se ocorrer nessas condições; • a legítima defesa putativa é outra variação do dispositivo, utiliza- da nos casos em que o agente legal imaginou haver uma injusta agressão, que na verdade não existia, porém fez o uso da força. Um exemplo clássico é a utilização de um simulacro de arma por parte de um criminoso que o policial imagina ser uma arma real e, deparando-se com a situação, atira contra ele. Nesse caso, o policial estará amparado pela excludente; • o artigo 73 do CP traz um dispositivo importante que abrange os casos em que um policial, ao tentar atingir um marginal, erra o disparo e acerta um inocente. Mantém-se a intenção da legítima defesa, o policial não é responsabilizado penalmente, mas pode ser condenado civilmente a indenizar a família da pessoa que foi atingida. É um erro de execução. Pode, ainda, ser punido culposa- mente, caso não tenha seguido alguma regra técnica e, por isso, colaborou para o erro. O pacote anticrime, lançado no Brasil pelo então Ministro da Justiça, Sérgio Moro, trouxe algumas novidades para a legislação, entre elas, um acréscimo no artigo 25 do CP, em seu parágrafo único: observados os requisitos previstos no caput deste artigo, con- sidera-se também em legítima defesa o agente de segurança pública que repele a agressão ou risco de agressão a vítima man- tida refém durante a prática de crimes. (BRASIL, 1940) Esse dispositivo trouxe à legislação penal o risco de agressão. Isso é uma novidade que veio para preencher uma lacuna que existia na lei, Consultoria em segurança pública e privada 27 visto que muitas eram as discussões, por exemplo, sobre a ação de um atirador policial de precisão (sniper), quando era autorizado a efetuar um disparo contra um tomador de refém que apontava uma arma para a pessoa mantida no cárcere. Era uma execução sumária? Hoje não mais. Essa ação tornou-se legal, o agente de segurança pública age em legítima defesa de terceiros. Outra questão muito importante é que, nesses casos, diferentemen- te das ações já demonstradas, mesmo que o infrator não esteja com a arma apontada para o refém e esteja com ela na cintura ou tenha dei- xado sobre uma mesa, ainda se considera o risco e ameaça iminente. Caso o criminoso se negue a soltar o refém e se entregar pacificamen- te, pode ser escolhido o melhor momento para efetuar o disparo, sem incorrer em legítima defesa pretérita. 1.3.4.2 Uso da força por agentes públicos Em nível mundial, a segurança pública também é regida por legis- lações, pois, em qualquer parte do planeta, tem-se o entendimento deque, invariavelmente, em determinado momento, os responsáveis pela aplicação da lei terão que usar a força para manter a ordem, in- dependentemente da legislação local, cultura etc. Trata-se do código de conduta para funcionários públicos responsáveis pela aplicação da lei, adotado pela Assembleia Geral das Nações Unidas, pela resolução n. 34/169, de 17 de dezembro de 1979, em todos os seus artigos. Seguindo as orientações dessa legislação internacional (ONU, 1979), o Brasil também criou, nos mesmos parâmetros, uma norma para o uso da força pelos responsáveis pela aplicação da lei, que é a Portaria Interministerial n. 4.226 (BRASIL, 2011). 1.3.4.3 Lei de abuso de autoridade Recentemente, foi lançada a nova lei de abuso de autoridade, em substituição à legislação anterior sobre o tema, que era bastante anti- ga. Trata-se da Lei n. 13.869, de 5 de setembro de 2019. É importante o aprofundamento em relação a esse dispositivo legal, uma vez que influencia diretamente a atividade da segurança. Abordaremos, aqui, apenas alguns pontos relevantes. 28 Consultoria em Segurança Algumas questões são destacadas pelo professor Jeffrey Chiquini (2020): • essa lei abarca toda e qualquer função pública com remunera- ção, não somente policiais; • é um crime que exige dolo específico do agente; • o policial, mesmo de férias ou de folga, se utilizar da função pú- blica para qualquer ato ilegal previsto nessa lei, comete abuso de autoridade; • os crimes previstos nessa lei são de ação pública incondiciona- da, ou seja, independem de manifestação de vontade da vítima, pois considera-se que eles são cometidos contra a administração pública; • expor o preso à curiosidade pública, situação vexatória ou de- terminar que produza provas contra si mesmo, entre outras que eram muito comuns, hoje são previstas na nova lei; • condução coercitiva até delegacias de polícia não podem mais ser realizadas, somente em caso de prisão em flagrante ou manda- dos judiciais; • a perda do cargo público como consequência de condenações acima de dois anos não é automática, o juiz é que vai decidir so- bre a imposição ou não dessa questão como pena acessória. Conhecer bem as limitações legais impostas à profissão do agente de segurança serve como escudo protetor durante a atuação e nos livra de aborrecimentos e gastos desnecessários. 1.3.4.3 Uso de algemas A Súmula Vinculante n. 11, do Supremo Tribunal Federal, traz orien- tações sobre o tema. Cabe ressaltar que, principalmente nesse caso, a teoria passa bem longe da prática. Isso se deve ao fato de que essa orientação legal trata o uso de algemas com uma exceção extrema, quando, na verdade, a regra é que a maioria das pessoas que são de- tidas pelo cometimento de um crime trazem, normalmente, todos os riscos que permitem o uso de algemas. É o teor da Súmula do STF: só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade Consultoria em segurança pública e privada 29 por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabi- lidade civil do Estado. (BRASIL, 2008, grifos nossos) É indispensável que o agente de segurança que necessite fazer uso de algemas, conste detalhadamente o motivo no BO, inclusive citando a referência da norma jurídica. 1.4 O consultor em segurança Vídeo Como a finalidade principal desta obra é a forja de profissionais que poderão atuar como consultores, tanto em segurança pública quanto privada, faremos um apanhado de características, qualidades e conhe- cimentos indispensáveis para que, sem divagar a respeito, possamos descrever de maneira objetiva como deve ser o seu perfil. Primeiramente, o mercado não aceita mais pseudoespecialistas em nenhuma área, principalmente em questão de segurança. Não há mais espaço para amadores. Graduações e pós-graduações específicas não são mais diferenciais, são pré-requisitos. O consultor em segurança é o profissional que presta serviços em empresas e corporações de diversos setores, que podem ser públicas ou privadas, traçando diagnósticos em busca de falhas e/ou possibili- dades de melhorias, para, posteriormente, recomendar as soluções em segurança que melhor se adéquem a cada realidade, bem como criar estratégias para minimizar riscos e dar suporte à tomada de decisões. 1.4.1 Formação e experiência profissional Não existe nenhum dispositivo legal que define qual é a formação mínima para um consultor em segurança, porém já existem gradua- ções, pós-graduações e extensões nesse segmento que, sem dúvida, é considerado, hoje, um campo de conhecimento científico. Os cursos de formação de oficiais policiais militares e bombeiros militares, por exemplo, há muitos anos são reconhecidos pelo Ministério da Educa- ção (MEC) como de nível superior, são considerados bacharelados em segurança pública. 30 Consultoria em Segurança Para se tornar um profissional desse ramo devidamente qualifica- do, são condicionantes especializações em análise criminal, gestão em segurança, planejamento estratégico, entre outras que tratem sobre legislação aplicada, ferramentas de diagnóstico, gestão e análise de ris- cos, gestão de recursos humanos e afins. Pessoas com experiência operacional anterior na execução direta de procedimentos em segurança acabam tendo mais facilidades e vantagens sobre outras que já iniciaram em funções de gestão ou supervisão e nunca atuaram operacionalmente. Isso ocorre porque nem sempre um chefe consegue ser um líder, justamente por não saber ao que seu subordinado é submetido e por não saber como executar a função que deverá ensinar, orientar e corrigir. Um con- sultor precisa saber onde costumam surgir os gargalos para poder ter referenciais em suas análises e seus diagnósticos. 1.4.2 Características e qualidades desejáveis Os predicados que aqui serão elencados, apesar de subjetivos, pelo fato de existirem em cada ser humano com maior ou menor intensidade e em alguns nem se manifestar expressivamente, são muito importantes para profissionais da área da segurança. A ex- periência demonstra que algumas pessoas nunca poderão ter tais características aqui citadas, e outras simplesmente não querem ter. O caráter se molda quando ainda somos muito jovens e depende de uma série de experiências de vida para que seja direcionado de determinada forma. Funciona como um escudo do nosso ego, inclu- sive para a preservação da nossa lucidez. Assim, caso as influências recebidas nas fases iniciais da vida não sejam tão positivas, torna-se difícil ter comportamentos adequados em determinadas carreiras profissionais. Por isso percebemos que algumas exigem testes psi- cológicos rígidos, como é o caso dos policiais. Alguns padrões de comportamento, porém, estão ligados ao autocontrole, à personalidade e à tomada de decisões, ou seja, o próprio indivíduo deve se policiar para não cometer determinados erros, a fim de ser um consultor com credibilidade no mercado de trabalho. Consultoria em segurança pública e privada 31 1.4.2.1 Ética profissional Estudos filosóficos sobre deontologia, por Jeremy Bentham (1834 apud VALLA, 2013, p. 6), tinham a pretensão de formular um tratado de deveres ou noções dos deveres e direitos das pessoas na concepção de que uma ação moralmente correta é a que produz maior prazer (bem) e/ou menor sofrimento (mal) para a maioria. Portanto, Bentham vinculou a ética ao utilitarismo dos atos como medida de toda a virtude. Embora a doutrina filosófica não tenha prosperado, a terminologia vinculou-se à ética aplicada a um segmento específico do comporta- mento humano e do dimensionamento da conduta. Tem-se, então, a deontologia profissional. Com base nesse enfoque, a deontologia, se- gundo ensina a Pequena Enciclopédia de Moral e Civismo (PEMC)do Ministério da Educação, define-se como “a ciência que estabelece nor- mas diretoras da atividade profissional sob o signo da retidão moral ou da honestidade, sendo o bem a fazer e o mal a evitar no exercício da profissão” (ÁVILA, 1975, p. 213). A dimensão ética da profissão é o objeto da deontologia profissio- nal. Para Valla (2013), a deontologia, na dimensão ética da profissão, traça três linhas de conduta válidas a todas as profissões como normas gerais importantes para conferir a base ética de cada ocupação. A primeira linha da deontologia Concentra-se na profissão em si, cujo mandamento é relacionado com o bom nome e a reputação social. Trata da competência, como resultante da qualidade de quem se dedica com especial cuidado a certo estudo, ramo ou atividade, melhorando a imagem da profissão. Além disso, trata de honestidade, no sentido da probidade, que busca inspiração nos mais legítimos princípios da moralidade e na integrida- de do caráter. Ambas as características são condicionantes para se ob- ter credibilidade perante o público. A segunda linha Refere-se às relações profissionais em diferentes níveis de hierar- quia e entre pares de profissão. O relacionamento sadio no ambiente de trabalho torna-se possível quando o sentimento de liderança, além de motivar a lealdade, a confiança e o respeito, atua como papel de 32 Consultoria em Segurança destaque no esforço cooperativo entre pessoas. Apesar da predomi- nância dos valores e dos interesses das corporações, admite-se o es- forço por resultados decorrentes de projetos pessoais, todavia, sem perder de vista o senso moral compatível com os limites de moralidade que presidem os procedimentos na hierarquia. A terceira linha Relativa à projeção do produto profissional de acordo com as expec- tativas da clientela. Envolve três preocupações fundamentais: A prestação de serviço: nesse sentido, está implícita a qualidade do serviço, revelada pela rapidez e eficiência, respaldadas por um alto nível de profissionalismo para se alcançar a excelência. A contrapartida da remuneração: traduzida por meio de uma compensação digna e compatível, cujo objetivo, além da retribuição monetária, possa garantir boas relações de trabalho. Considerados os fatores que caracterizam o serviço ou a função (utilidade, qualidade, temporalidade, espacialidade, grau de risco e ambientalidade) e a es- pecialidade contida, todo profissional tem o direito de receber, dentro dos parâmetros aceitáveis e suportáveis pela sociedade, remuneração justa pelas obrigações prestadas. O sigilo profissional: esse preceito, além de uma das exigências da ética profissional, deve ser considerado, também, um direito-dever de todo profissional que, além de exercê-lo, deve defendê-lo em benefí- cio de sua credibilidade e da corporação profissional à qual pertence. Não envolve apenas normas de abstenção em referir-se publicamente a assunto técnico ou de serviço, seja ou não de caráter sigiloso. 1.4.2.2 Discrição Na sabedoria popular, é comum ouvir que quem fala mal de alguém para você, também falará mal de você a alguém. Essa máxima é um dos exemplos de indiscrição que, com certeza, pode provocar a perda de alguns possíveis futuros clientes aos profissionais de segurança. Ainda, por meio de comentários dessa natureza, deixa-se transparecer a inca- pacidade de manter sigilo de informações, já tratado no item anterior. Independentemente de o fato ser relevante, não se deve fazer co- mentários com juízo de valor a respeito de outras empresas/pessoas ou outras unidades, e muito menos a respeito de informações que po- Consultoria em segurança pública e privada 33 dem ser estratégicas, a não ser que sua profissão seja voltada à espio- nagem, e não à consultoria. 1.4.2.3 Lealdade Abrir as portas de sua própria empresa e entregar nas mãos de um profissional que não pertence a ela não é algo muito fácil, principal- mente pelo fato de que o consultor terá acesso a questões sensíveis. Quando discorremos sobre ética e discrição, já pontuamos várias ques- tões que estão ligadas à lealdade. Porém, essa qualidade está ligada à honra e probidade. É sobre ser fiel aos compromissos assumidos e entregar o produto que prometeu. Isso faz com que o consultor seja convidado mais vezes ao convívio daquele local e gerará sua indicação a outras empresas. Ser leal com seu cliente parece algo óbvio, mas existe uma caracte- rística que pode atrapalhar essa qualidade desejável, que é a ambição. Querer ganhar muito dinheiro em curto espaço de tempo é o principal fator para que se ofereça uma coisa e entregue menos do que o com- binado, ou que se assuma compromissos além do que se pode cumprir com qualidade. 1.4.2.4 Empatia Empatia é se colocar no lugar do outro, buscando entender sua vi- são a respeito de determinado assunto ou problema. De acordo com Meireles e Césare (2005), essa característica, na área de segurança, é importante em relação ao cliente, aos colaboradores e aos infratores. Cliente: para entender o que ele espera dos serviços que serão prestados e dos resultados que a consultoria trará. Colaboradores: é necessário haver uma relação de confiança e res- peito, com a finalidade de que as orientações e os treinamentos sejam colocados em prática, visto que a maior parte dos resultados de uma consultoria dependerá da mudança de atitudes desses atores, quando esse for o ponto focal a ser melhorado. Infratores: ao se colocar no lugar do infrator, o consultor poderá perceber melhor as vulnerabilidades dos locais a serem analisados, planificando com mais precisão a segurança. Obviamente, nesse caso, não basta ter empatia, é necessário ter passado por setores operacio- 34 Consultoria em Segurança nais para conhecer a criminalidade e estudar análise criminal, a fim de complementar as ações. 1.4.3 Principais áreas de atuação Segundo Meireles (2005, p. 57), as principais áreas de atuação para consultoria empresarial são: • planejamento estratégico; • planejamento estratégico de TI; • reestruturação empresarial; • redesenho de processo/padronização; • análise de clima organizacional; • remuneração e incentivos; • recrutamento e seleção; • avaliação de desempenho; • gestão financeira; • gestão contábil/tributária; • marketing/comunicação; • logística; • análise de risco corporativo; • sistema de segurança empresarial. Como é possível notar, alguns especialistas consideram um campo bastante vasto para o consultor, porém existem alguns nichos mais es- pecíficos para a segurança, como: • treinamento em segurança; • análise de riscos e análise criminal; • construção de planos de segurança pessoal e patrimonial; • planejamento de segurança eletrônica; • segurança contra incêndios; • espionagem e contraespionagem; • inteligência. É um mercado com infinitas possibilidades, no entanto, para ser um profissional competitivo, exige-se real experiência e muito estudo. Para conhecer mais as ca- racterísticas e qualidades desejáveis aos profissio- nais da segurança, leia a obra Pequena enciclopédia de moral e civismo. ÁVILA, F. B. Rio de Janeiro: FENAME, 1975. Livro Consultoria em segurança pública e privada 35 1.5 O uso da força e os direitos humanos Vídeo Historicamente, conforme Tordoro (2019), grandes conflitos no mundo provocaram o surgimento de documentos relativos ao tema direitos humanos, como a Declaração de Virgínia (1776), na Revolução Norte-americana, e a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789), na Revolução Francesa. Contudo, merece especial destaque, dado o contexto e a contemporaneidade, a Declaração Universal dos Direitos Humanos, estabelecida em Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), em 1948. Cabe salientar que a própria ONU foi criada em 10 de dezembro de 1945, tendo como fomento um conflito, aliás o maior que já existiu, que foi a Segunda Guerra Mundial. É notável que todos os documentos voltados à proteção daquilo que temos demais precioso só foram idealizados em meio a derrama- mento de sangue e, o que é pior, mesmo depois de estabelecidos, com vários países como signatários, não passaram a ser respeitados com- pletamente, vindo a Conferência Mundial sobre os Direitos Humanos a ser reconhecida formalmente quase 45 anos depois, na Convenção de Viena, em 1993. Atualmente, segundo Alves (1999 apud TORDORO, 2019, p. 26), esses direitos se veem ameaçados por múltiplos fatores, os quais já existiam, continuam existindo e, provavelmente, continuarão. Entre eles estão o autoritarismo, os preconceitos arraigados e a exploração econômica. São ameaças antigas e atuais que vão se perpetuando ao longo da história pós-moderna. Aqueles que trabalham com segurança pública e privada estão in- timamente inseridos nesse contexto e são os mais cobrados pelo des- cumprimento dessas regras, notadamente porque, quando precisam agir para repelir ameaças, fazem o uso da força em seus vários níveis e intensidades. Nesse sentido, estudaremos esse tema nesta seção, buscando dirimir dúvidas recorrentes dos profissionais dessas áreas, justamente para defender que a aplicação dos meios necessários para conter um agressor é justa, não fere os direitos humanos e, muito pelo contrário, é um direito humano do operador de segurança pública ou privada se defender de um ataque injusto quando precisar agir, inclusive amparado por lei, como já estudamos na legislação pertinente ao tema. 36 Consultoria em Segurança 1.5.1 Conceito de direitos humanos Direitos humanos, segundo a ONU (2020), são os direitos que todo ser humano tem, desde o seu nascimento, sem nenhuma distinção, independentemente de qualquer condição econômica, social ou étnica. Para a organização, algumas das características mais importantes dos direitos humanos são: • o respeito pela dignidade e o valor de cada pessoa; • a aplicabilidade universal, sem distinção de qualquer espécie; • ninguém pode ser privado desses direitos, a não ser por circuns- tâncias previstas em lei, como condenações judiciais, em que existe previsão de cerceamento da liberdade; • todos os direitos previstos pela organização são transversais, ou seja, não basta respeitar apenas alguns direitos humanos em de- trimento de outros; • todos os seres humanos possuem igual valor perante a sociedade. 1.5.2 Direitos humanos no Brasil Os anais da história brasileira, assim como de outros países, trazem importantes lutas na questão dos direitos humanos. Entretanto, em nosso país, somente houve algo concreto nessa área com a Constituição Federal de 1988, notadamente em seu artigo 5°, com afirmação de que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade” (BRASIL, 1988). Todos os incisos desse artigo tratam de direitos individuais dos ci- dadãos brasileiros e, sem dúvida, os direitos humanos foram as vigas mestras da Carta Magna de 1988. Segundo Mesquita e Pinheiro (1997 apud TORDORO, 2019, p. 40), o governo brasileiro e os estados da federação obrigaram-se a proteger não apenas os direitos humanos definidos nas constituições federal e estaduais, mas, igualmente, aqueles definidos em tratados internacio- nais, reconhecidos como válidos para aplicação interna pela Constitui- ção de 1988. Em 13 de maio de 1996, em meio ao trauma causado Consultoria em segurança pública e privada 37 pelo evento conflitoso em Eldorado dos Carajás, no Pará, houve o lan- çamento do primeiro Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH) 7 do Brasil. Depois desse, foram lançados mais dois, um em 2002 e outro em 2009, com uma alteração em 2010. Conforme Adorno (2010 apud TORDORO, 2019), o maior foco do primeiro PNDH, até mesmo devido ao fato gerador, foi o combate às injustiças, à arbitrariedade e à impunidade, especialmente daqueles encarregados de aplicar a lei. Os principais resultados foram alcança- dos na área da segurança pública, com a tipificação do crime de tor- tura com penas mais severas (1995); a transferência da competência da justiça militar para a justiça comum (1996) e para o julgamento de policiais militares nos casos de crimes dolosos contra a vida; a regula- mentação da escuta telefônica (1996); a criminalização do porte ilegal de armas de fogo (antes contravenção penal); a criação do Sistema Nacional de Armas (1997); e a criação da Secretaria Nacional de Direi- tos Humanos (1997). O segundo PNDH manteve as orientações do primeiro e ampliou alguns direitos, como livre orientação sexual, identidade de gênero e proteção aos ciganos; deu maior importância ao combate à violência familiar em ambiente doméstico, que resultou na Lei n. 11.340 de 2006 (conhecida como Lei Maria da Penha), ao trabalho infantil e ao traba- lho forçado, além disso atentou aos direitos de pessoas com deficiên- cias. Todavia, o que mais marcou esse documento foi a incorporação dos direitos econômicos, sociais e culturais e os direitos dos afrodes- cendentes, sendo a primeira vez que o Estado brasileiro reconheceu a existência do racismo e apontou iniciativas para promover políticas compensatórias e a igualdade de oportunidades. Ainda de acordo com Adorno (2010 apud TORDORO, 2019), o tercei- ro PNDH, comparado aos dois primeiros, é mais extenso e foi dividido em seis eixos: • interação democrática entre o Estado e a sociedade civil; • desenvolvimento e direitos humanos; • universalização de direitos em um contexto de desigualdades; • segurança pública, acesso à justiça e combate à violência; • educação, cultura e direitos humanos; • direito à memória e à verdade. Primeiro programa do gênero na América Latina e o terceiro no mundo, elaborado em parceria com a sociedade civil. 7 38 Consultoria em Segurança Nos anos subsequentes, foram feitos relatórios, por Alston (2010), a respeito da criminalidade no Brasil, os quais apontaram uma série de problemas nos padrões de ação dos policiais brasileiros, indicando que estes, em vez de investigar e prender, executavam os infratores envolvi- dos em crimes. Os homicídios eram registrados como resistência à prisão por parte do suspeito, sendo que a sugestão foi que essas ocorrências fossem, também, registradas como homicídios, e não resistência, sendo investigadas com mais afinco para se chegar às causas de tanta força letal. De acordo com Tordoro (2019), o problema não está na expressão que se utiliza, mas, fundamentalmente, nas práticas policiais no que tange ao uso da força e nas falsas contradições que existem sobre seu uso. Isso deve ser combatido com educação em direitos humanos, re- formulação de currículos e preparação de professores civis e militares para as atividades de ensino nas academias de polícia espalhadas pelo Brasil, além de todas as escolas, do ensino fundamental ao superior, vencendo a ignorância sem nenhum viés ideológico. Ao analisar as duas opiniões, nota-se, de imediato, que se adotásse- mos no Brasil as indicações dos relatórios da ONU, agiríamos somente nos efeitos da violência, diferentemente da opinião de Tordoro (2019), que considera mais adequado tratar a causa principal. Prova-se, dessa forma, que quem conhece e pode melhorar a realidade brasileira são os profissionais brasileiros de segurança. Organizações interacionais nem sempre conseguem conhecer os sistemas como um todo, e quase sempre a solução sugerida é intensificar investigações e punir os res- ponsáveis, nada além disso. Isso acaba se tornando um ciclo vicioso, que resulta na revolta daqueles que estão dia a dia diante da criminali- dade. Não podemos defender a impunidade, mas há que se entender alguns fatores, como a descrença na persecução criminal, por exemplo. Prender um infrator perigoso e encontrá-lo nas ruas no dia seguinte é frustrante para qualquer operador de segurança pública. Além de frustrante, denota impunidade, quebra na sequênciado seu trabalho e, o que é pior, gera perigos diretos às famílias dos profissionais, uma vez que a possibilidade de vingança é muito grande. Diferentemente daqueles que cumprem a lei, os infratores não respeitam nada, muito menos os direitos humanos, não seguem “regras justas para uma luta”, ou seja, eles agem da maneira que melhor lhes convém, sem medir esforços para atingir os seus intentos. Consultoria em segurança pública e privada 39 Nada é justificativa para se fazer justiça com as próprias mãos, mas é preciso saber qual é a causa de uma doença para, então, administrar o remédio correto, a fim de curá-la, e não simplesmente amenizar os sintomas, pois isso pode agravar a doença, que continuará presente. 1.5.3 Criação de cultura diferenciada de direitos humanos Como já mencionado, a educação é o caminho para uma mudan- ça real nas ações e, consequentemente, nos resultados do sistema de segurança brasileiro. Como afirma Tordoro (2019), o uso devido da força, necessariamente, passa pela educação em direitos humanos. Ao tratar da formação policial e mecanismos de controle e monitora- mento da violência policial, a Educação em Direitos Humanos (EDH) é, atualmente, um dos instrumentos mais importantes entre as formas de prevenção das violações desses direitos, pois educa na tolerância, na diversidade, na valorização da dignidade humana e nos princípios democráticos. Consiste em uma das principais ferramentas para supe- rar as barreiras que impedem as mudanças culturais e ideológicas, que afetam sobremaneira as ações policiais no Brasil. Ao analisar a opinião do professor, entende-se que a única solução viável é encarar o problema de frente e discutir isso com o profissional que está na “ponta da lança”, ou seja, o operador de segurança que está atuando na atividade-fim, trazê-lo constantemente aos bancos es- colares para aprender e rever conceitos, principalmente daqueles com mais tempo de serviço, que iniciaram suas carreiras antes de várias das mudanças de legislação que tivemos nos últimos tempos e, por isso, precisam de atenção especial. Além disso, essa é uma doutrina que deve ser estendida à popu- lação em geral. Crianças que são educadas com valores cívicos bási- cos serão, provavelmente, adultos bem preparados para um excelente convívio em sociedade. Para Genevois (2007 apud TORDORO, 2019, p. 62), uma sociedade mais justa e democrática, aspiração de todos, precisa de uma mudança de mentalidades, o que somente acontecerá por meio da educação, que incuta valores, ética, justiça, tolerância e fraternidade. 40 Consultoria em Segurança 1.5.4 O uso da força Como já abordado anteriormente, quando houver o descumpri- mento de determinada regra interna de uma empresa ou mesmo o cometimento de um crime, o agente de segurança pública ou priva- da, invariavelmente, terá que adotar medidas repressivas para conter aquela ação, ou seja, estará empregando algum nível de uso da for- ça. Isso contraria os direitos humanos de alguma forma? Essa questão logo será apresentada, mas, antes, para um melhor entendimento, é preciso observar alguns conceitos básicos. Força Intervenção coercitiva imposta à pessoa ou grupo de pessoas por parte do agente de segurança pública, com a finalidade de preservar a ordem pública e assegurar o cumprimento da lei (BRASIL, 2011). Uso seletivo ou diferenciado da força Consiste na seleção adequada do nível de força necessária para controlar um infrator. Os níveis relacionados ao uso da força e as res- postas esperadas podem ser elencados da seguinte forma: • presença do agente de segurança: situação de normalidade; • verbalização: tendência à colaboração; • controles de contato: resistência passiva; • controle físico: resistência ativa; • instrumentos de menor potencial ofensivo: agressão não letal; • força letal: agressão letal. É importante o entendimento de que, apesar de os níveis serem es- calonados da maneira como foram apresentados, a qualquer momento o agente de segurança pode passar de um nível baixo para o mais elevado, sem necessariamente utilizar os in- termediários, visto que dependerá da reação do agressor. Esse é um padrão utilizado por forças policiais do mundo todo, mui- HABILIDADE OPORTUNIDADE RISCO FORÇA LETAL Figura 2 Triângulo da força letal Fonte: Elaborada pelo autor. Consultoria em segurança pública e privada 41 to referenciado pelo FBI (Federal Bureau Investigation) para fins de interpretação didática e técnica dos fatores indispensáveis, com o in- tuito de que o agente de segurança pública ou privada possa perceber em que momento deverá fazer uso de força letal. Cada lado do triângulo tem como base uma característica e/ou ação apresentada pelo agressor, que devem ser interpretadas da se- guinte forma, sucessivamente: a habilidade, ao contrário do que mui- tos imaginam ao ver a imagem, não se refere a condições de treino do agressor, mas, sim, da capacidade física de ferir alguém, o que pode ser concretizado por agressões físicas (agressor muito forte, por exemplo), com armas brancas ou armas de fogo (ter um desses ins- trumentos à mão). A oportunidade diz respeito ao potencial momen- tâneo de o suspeito usar aquilo que caracterizou a habilidade. Por exemplo, se está portando uma arma de fogo, mesmo em distâncias mais longas, esse fator já estará concretizado. No entanto, para es- tabelecer a oportunidade com uma faca, ele necessitará iniciar uma aproximação a alguém que deseja atacar. Por fim, o risco que resulta da existência dos dois critérios iniciais, o que gerará a iminência de uma agressão. Princípios essenciais para o uso da força São princípios essenciais para o uso da força, constantes na Porta- ria Interministerial n. 4.226 (BRASIL, 2011): • legalidade; • conveniência; • moderação; • necessidade; • proporcionalidade. O paradoxo Culturalmente no Brasil, a interpretação que vemos, principal- mente nos noticiários mais sensacionalistas e, infelizmente, forma- dores de opinião, é que o uso da força se contrapõe aos direitos humanos. Entretanto, de acordo com Tordoro (2019, p. 113), “não há nenhuma contradição em se usar a força e promover os direitos humanos. Em ser enérgico nas ações policiais e zelar pelos direitos humanos. Em ser um policial operacional e ser um agente educador em direitos humanos”. 42 Consultoria em Segurança Considerando esse raciocínio, concluímos que o paradoxo só exis- te nos pensamentos daqueles que desconhecem a legislação em geral e, principalmente, as específicas sobre os direitos humanos. Os dispo- sitivos legais existentes em nosso país privilegiam a coletividade em detrimento da individualidade. Por exemplo, se um direito for lesado, qualquer um do povo que presenciar situação de crime em flagrante delito pode intervir, inclusive prendendo o infrator. No entanto, pelo mesmo dispositivo legal, os responsáveis pela aplicação da lei devem agir, sob pena de serem responsabilizados pelo crime de prevaricação, caso não façam a intervenção. Assim, mesmo que um agente de segurança necessite fazer o uso da força para que se faça cumprir um dispositivo legal, precisa respei- tar os princípios já citados, exercitando tudo o que se apregoa nos di- reitos humanos, defendendo um cidadão de um malfeitor, pois todos nós temos o direito de sermos protegidos dessa forma pelo Estado. Sempre é prudente ressaltar que existe uma linha tênue que divide a questão de ser brando demais ou incisivo demais na aplicação da força. No primeiro caso, o profissional pode ser morto em ação; no se- gundo, pode ser processado pelo excesso. Encontrar o equilíbrio é a parte mais difícil para quem trabalha com segurança. CONSIDERAÇÕES FINAIS As vigas mestras da atividade de segurança pública ou privada são: o conhecimento da doutrina (técnica e tática) e o amparo legal para uma atuação proba. Por não ser um assunto de fácil síntese, este capítu- lo é bastante pesado para a leitura, porém seu peso se iguala em nível de
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