Buscar

texto_teorico

Prévia do material em texto

Biotecnologia e Melhoramento Animal 
[Ano] 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
2 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
 
 
 Unidade - Biotecnologia e Melhoramento Animal 
 MATERIAL TEÓRICO 
 
 
 
 
 
Responsável pelo Conteúdo: 
Prof
a
. Ms. Heloísa Orsini de Souza 
 
Revisão Textual: 
Prof
a
. Ms. Alessandra Fabiana Cavalcante 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
3 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
1 Introdução 
 
Define-se Biotecnologia como um conjunto de conhecimentos técnicos e 
de métodos que permitem a utilização dos seres vivos como parte do processo 
de produção industrial de bens e serviços (por definição de Antonio Paes de 
Carvalho – VILLEN, 2011). A Biotecnologia utiliza recursos biológicos para as 
mais diversas finalidades. 
A manipulação de organismos vivos para a produção de substâncias 
remonta à antiguidade. Desde séculos antes de Cristo, grãos e frutos, como a 
uva, já eram utilizados para a fabricação de bebidas alcoólicas por meio de 
processos fermentativos por micro-organismos, mesmo não se conhecendo 
tais agentes naquela época. Em 1928 d.C., Alexander Fleming descobriu a 
penicilina (antibiótico liberado por fungos da espécie Penicillium notatum), que 
revolucionou a medicina e passou a ser produzido industrialmente. 
A Biotecnologia como ciência só passou a existir a partir da década de 
50, quando houve a possibilidade de se manipular os genes e as moléculas de 
DNA – área conhecida como engenharia genética. A manipulação do material 
genético permitiu a produção de moléculas de DNA recombinantes e a 
formação de indivíduos geneticamente modificados (transgênicos). Da mesma 
forma, permitiu avanço em métodos de identificação genética e de diagnóstico 
molecular, bem como o desenvolvimento de produtos terapêuticos e de 
vacinas, entre outras coisas. 
No Melhoramento Animal, a Biotecnologia foca o aumento quantitativo e 
qualitativo da produtividade das diversas espécies animais. Na pecuária e na 
saúde animal, a Biotecnologia é utilizada em princípios como a inseminação 
artificial, a clonagem e a transferência de embriões, a fertilização in vitro, a 
produção de animais transgênicos, a produção de antibióticos, hormônios e 
vacinas, entre outros. 
 
 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
4 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
2 Engenharia Genética ou Tecnologia do DNA Recombinante 
 
A engenharia genética, também chamada de tecnologia do DNA 
recombinante, corresponde a um conjunto de técnicas que permitem a 
manipulação do DNA. No Melhoramento Animal sua importância se relaciona 
ao auxílio das técnicas tradicionais de seleção e de cruzamentos, aumentando 
o progresso genético. Em Medicina Veterinária, a engenharia genética pode ser 
utilizada tanto para a identificação de genes, e consequentemente de 
potencialidades produtivas e de doenças genéticas, em animais ainda na fase 
embrionária, quanto para multiplicação e transferência de genes, na intenção 
de se transformar geneticamente indivíduos. 
 
2.1 Identificação Genética 
 
A identificação genética, ou seja, a identificação de genes favoráveis ou 
deletérios para alguma característica nos animais é feita por meio de 
marcadores genéticos, também conhecidos como sondas. 
As sondas são moléculas utilizadas para localizar a presença de uma 
determinada sequência de nucleotídeos dentro do DNA animal, a qual é 
específica. Correspondem a fragmentos unifilamentares de DNA 
complementares (DNAc) à sequência que se procura no genoma animal, 
marcadas com radioisótopos (substâncias radioativas, responsáveis por 
impregnar chapas de radiografia), com compostos fluorescentes ou com 
substâncias que promovem uma reação de cor durante uma análise genética. 
A marcação com as sondas serve para mostrar se o gene que se procura 
existe ou não no genoma de um animal. Se sim, a sonda deve incorporar-se ao 
DNA e promover uma reação visível, o que não acontece se a sonda não 
encontrar o gene procurado (Figura 1). A sonda pode ser produzida 
sinteticamente, utilizando-se nucleotídeos específicos, desde que se conheça a 
sequência do gene que se procura. 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
5 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
Um exemplo de identificação genética utilizada no Melhoramento Animal 
é a busca de alelos que favoreçam a concentração de uma proteína chamada 
k-caseína no leite de vacas. A k-caseína promove a coagulação mais rápida do 
leite e a sua estabilidade térmica, características que são importantes na 
indústria de laticínios, especialmente na produção de queijos. A busca de 
alelos que favoreçam a produção de β-lactoglobulina, associada à maior 
concentração de proteínas e de gordura no leite, também é importante de 
acordo com o mercado consumidor de leite de populações bovinas, assim 
como a busca de alelos que favoreçam a produção de lactoalbumina, 
associada à maior produtividade leiteira. 
As sondas são também utilizadas também para identificar 
potencialidades ovulatórias em ovinos, de ganho muscular em bovinos, de 
tamanho de ninhada em suínos, entre outras. Desta forma, a marcação 
molecular facilita a seleção animal para fins econômicos e de produtividade. 
 
 
 
 
Figura 1: Representação esquemática da utilização de sondas na identificação genética 
 
2.2 Multiplicação e Transferência de Genes 
 
Os objetivos gerais da multiplicação e da transferência de genes se 
associam à produção de sondas, ao estudo de sequência de DNA, à introdução 
de genes específicos em bactérias, para que estas produzam substâncias 
interessantes para os seres humanos (tais como a insulina), à produção de 
vacinas transgênicas (que contenham apenas a parte imunogênica de um 
determinado micro-organismo, excluindo seus fatores infectantes), à produção 
de biorreatores e outros indivíduos transgênicos. 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
6 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
A clonagem de um segmento de DNA é realizada por um procedimento 
laboratorial conhecido como amplificação. Para tal, de forma simplificada, 
fragmentos de DNA são submetidos a um gradiente de temperatura que 
promove a separação das fitas duplas das moléculas. As fitas são colocadas 
em contato com nucleotídeos livres de DNA e com enzimas com atividade 
semelhante à da DNA-polimerase (responsável por promover a inserção 
complementar de nucleotídeos nas cadeias-molde do DNA). 
O DNA pode também ser produzido a partir do RNA mensageiro para 
alguma proteína. Para tal, utiliza-se uma enzima conhecida como transcriptase 
reversa, que promove a formação de DNA a partir de uma molécula de RNA. A 
molécula produzida recebe o nome de DNA complementar (DNAc). O DNAc é 
então submetido à presença de nucleotídeos de DNA e da enzima DNA 
polimerase, permitindo que se formem fitas de DNA complementares a ele. 
Têm-se assim, moléculas de DNA de dupla-fita formados com base nas 
informações do RNA mensageiro. 
 
 
3 Produção de Animais Transgênicos 
 
Os animais transgênicos correspondem a indivíduos manipulados 
geneticamente para que possuam um fragmento de DNA exógeno (não-
próprio) integrado ao seu e que consigam transmiti-lo aos seus descendentes. 
A intenção deste tipo de manipulação é melhorar as qualidades 
genéticas dos animais, visando, principalmente, o aumento da produtividade, o 
aumento da resistência a doenças, a deleçãode genes deletérios (produção de 
animais chamados de knockout), a formação de biorreatores (indivíduos que 
produzem substâncias de interesse farmacêutico e biomédico de interesse 
humano), a adequação animal para a realização de xenotransplantes 
(transplantes interespecíficos), a confecção de modelos experimentais animais, 
etc. 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
7 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
A transgenia em animais teve seu início na década de 70 com 
camundongos – principais modelos de estudos genéticos em mamíferos. Em 
animais de produção, como os bovinos, suínos e caprinos, a transgenia 
começou visando à formação de biorreatores, ou seja, de animais que 
conseguissem liberar em seus fluídos biológicos (leite, urina, sêmen, plasma 
sanguíneo etc.), elevadas quantidades de substâncias importantes na terapia 
de alguns processos patológicos humanos (biofármacos), tais como a insulina, 
alguns fatores de coagulação sanguínea, hormônios, etc. Para tal, genes 
humanos para a produção dessas substâncias eram inseridos no genoma 
animal de forma que este os produzisse em larga escala, liberando-os em seus 
fluídos corporais. É importante ressaltar que a produção de biorreatores não é 
um processo simples e demanda conhecimento e grande gasto financeiro e 
tempo, além de não ser um método seguro e eficaz para todas as substâncias. 
O interesse na transgenia para a formação de xenotransplantes também 
é crescente. A ideia geral é poder utilizar órgãos animais para transplantes 
humanos, tais como coração, fígado, rins etc., visto que a doação de órgãos 
humanos é deficitária em relação às necessidades. Neste sentido, os suínos 
ganham importância, visto que o tamanho e as características anatômicas e 
funcionais de seus órgãos são compatíveis com os dos humanos. Além disso, 
tais animais são bastante prolíficos, atingem a maturidade sexual cedo e são 
de fácil manutenção. O grande problema associado aos xenotransplantes é a 
rejeição imunológica dos órgãos transplantados. Desta forma, a transgenia 
nesses animais visa à inibição de algumas reações imunológicas, tais como a 
ativação do sistema complemento, além da remoção de componentes 
antigênicos dos órgãos suínos, entre outras coisas. Uma preocupação que se 
deve ter com esse procedimento é a possibilidade de transmissão de zoonoses 
também. 
Atualmente existe um interesse em se utilizar a transgenia na pecuária 
para o aumento quantitativo e qualitativo da produtividade animal. Assim, ações 
para aumentar a qualidade e a quantidade da carne e do leite, melhorar a 
qualidade da lã, aumentar a prolificidade, modificar a composição do leite, 
aumentar a resistência a doenças etc., têm sido tomadas. Algumas dessas 
ações são ainda experimentais. Alguns projetos em andamento são o aumento 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
8 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
da expressão de k-caseína no genoma de vacas transgênicas produtoras de 
leite, a expressão de uma enzima chamada de lisostafina (que possui um efeito 
bactericida sobre algumas bactérias do gênero Staphylococcus, responsáveis 
por causar mastite em vacas), a expressão do gene para a lactoalbumina 
bovina em suínos (na intenção de aumentar a produção leiteira e, 
consequentemente, o ganho de peso de leitões) e a expressão do gene da 
fitase bacteriana na saliva de suínos (o que diminui a excreção de fitatos 
fosfóricos nas fezes dos animais, que são poluentes ambientais). 
Existem algumas técnicas que podem ser utilizadas para se produzir um 
animal transgênico e serão descritas a seguir. 
 
3.1 Micro-injeção Pró-Nuclear 
 
A técnica da micro-injeção pró-nuclear consiste na injeção de um 
determinado gene em um dos pró-núcleos de um zigoto em formação (quando 
o núcleo do espermatozoide e o núcleo do ovócito estão se fundindo). Por meio 
de uma micropipeta, genes são injetados dentro do núcleo do zigoto em 
formação (Figura 2). A integração do gene exógeno ao DNA do zigoto é difícil. 
Por essa razão, muitas cópias do gene são inseridas no interior das células. 
Em raras vezes (menos de 30% dos casos), o gene consegue se integrar nos 
cromossomos da célula, fazendo com que o indivíduo adulto manifeste o 
fenótipo associado a ele. Apesar da dificuldade, a micro-injeção pró-nuclear é 
uma metodologia amplamente empregada na produção de animais 
transgênicos. 
 
 
 
 
 
 
Figura 2: Representação esquemática da técnica de micro-injeção pró-nuclear 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
9 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
3.2 Vetores Virais 
 
Os vetores virais para a produção de animais transgênicos são bastante 
utilizados, especialmente os retrovírus, RNA-vírus que naturalmente possuem a 
capacidade de integrar seu material genético ao da célula que está infectando 
porque apresentam a enzima transcriptase reversa. Um exemplo de retrovírus 
utilizado para a produção de animais transgênicos é o HIV1 (vírus causador da 
síndrome da imunodeficiência adquirida humana, a AIDS). Antes de sua 
utilização como vetor, o HIV1 é manipulado geneticamente para que haja a 
exclusão de sua parte infectante e causadora da doença. Um gene exógeno é 
incorporado ao genoma viral e, a partir daí, promove-se a infecção por esse 
vírus (contendo material exógeno) de embriões em vários estágios de 
desenvolvimento. Os retrovírus são injetados no espaço perivitelínico (entre a 
zona pelúcida e a membrana) de ovócitos que serão posteriormente 
fecundados in vitro. A intenção é que, a partir da infecção retroviral, o material 
exógeno seja incorporado ao DNA dos embriões, promovendo a formação de 
indivíduos transgênicos. Uma desvantagem desta técnica é a limitação do 
tamanho do fragmento gênico que consegue ser incorporado no vírus (tais 
vírus não suportam genes de grande extensão). Outra limitação é que mesmo 
sendo manipulados para não se multiplicarem nem causarem doença no 
organismo hospedeiro, existem restrições quanto ao seu uso. 
 
3.3 Utilização de espermatozoides como vetores 
 
 Nesta técnica, espermatozoides são incubados em conjunto com o 
fragmento de DNA que deve ser incorporado por eles em uma solução. Os 
espermatozoides passam por um processo conhecido como eletroporação. 
Simplificadamente, pela técnica de eletroporação, os espermatozoides são 
submetidos a pulsos elétricos de curta duração e a alta voltagem que provocam 
a formação de poros na sua membrana celular, permitindo a penetração dos 
fragmentos de DNA exógenos no seu interior. Uma complicação desta técnica 
é a incorporação deste material genético exógeno no pró-núcleo do zigoto. 
Quando o espermatozoide se junta ao ovócito, há baixa incorporação do DNA 
exógeno ao genoma do hospedeiro. Além disso, o tratamento com 
eletroporação compromete a fecundação. 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
10 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
3.4 Utilização de células-tronco para formação de quimeras 
transgênicas 
 
A formação de indivíduos transgênicos mediada por células-tronco é 
uma técnica que apresenta bons resultados. Utilizam-se para tal, células de 
origem embrionária que continuam indiferenciadas (multipotentes) e que 
podem se diferenciar em qualquer outro tipo celular. Tais células são obtidas 
de embriões na fase blastocística (5 a 7 dias pós-fertilização), na qual ainda 
não existe diferenciação entre endoderme, mesoderme e ectoderme. As 
células-tronco obtidas dessa fase são cultivadas em laboratório e recebem a 
injeção de fragmentos de DNA exógeno, tornando-se células transgênicas. Tais 
células-troncotransgênicas são, então, incorporadas laboratorialmente em 
outros embriões na fase blastocística. As células transgênicas se misturam às 
células do embrião fazendo com que o embrião torne-se uma quimera (um 
híbrido composto por duas linhagens celulares diferentes, sendo uma delas a 
linhagem transgênica) (Figura 3). Tais embriões são implantados em fêmeas 
receptoras para gestação. O indivíduo formado (quimera) possui a habilidade 
de transmitir o DNA exógeno aos seus descendentes, produzindo uma prole 
transgênica, visto que, por meio desta técnica, suas células germinativas 
podem apresentar o material genético exógeno. A vantagem desta técnica é 
que as células-tronco são fáceis de se manter em cultura e de fácil 
incorporação do DNA exógeno in vitro. No entanto, uma limitação é que as 
quimeras produzidas têm que ser submetidas a uma série de cruzamentos 
absorventes para que consigam produzir indivíduos que apresentem o gene 
exógeno em todas as suas células (sejam completamente transgênicos). 
 
 
 
 
 
Figura 3: Representação esquemática da técnica de utilização de células-tronco para a 
confecção de quimeras transgênicas 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
11 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
3.5 Transferência Nuclear (TN) 
 
A técnica de transferência nuclear, também chamada de clonagem, teve 
sua origem no ano de 1997 com a divulgação internacional da produção de 
uma cópia idêntica (clone) de uma ovelha adulta a partir de células 
diferenciadas de suas glândulas mamárias. O clone foi chamado de Dolly e 
revolucionou a engenharia genética. 
Em linhas gerais, a TN consiste na utilização do material genético de um 
indivíduo para criar um novo indivíduo geneticamente idêntico. É realizada por 
meio da remoção microcirúrgica do núcleo de um ovócito maduro (que servirá 
como doador de citoplasma – citoplasto) e a inserção neste citoplasto do 
núcleo de uma célula doadora, que poderá ser qualquer célula somática de 
outro indivíduo. A integração entre citoplasto e núcleo nesta “construção” é feita 
por meio de impulsos elétricos. A ideia é que, por meio de tal mecanismo, em 
conjunto com ativações químicas e físicas, a célula produzida passe a se 
comportar como um zigoto e se desenvolva em um embrião (Figura 4). O 
embrião é então congelado ou implantado diretamente no útero de uma fêmea 
receptora para que possa se desenvolver. A utilização do citoplasma de um 
óvulo para a produção do zigoto, ao invés da utilização direta de uma célula 
somática adulta, se relaciona à propriedade das células germinativas ao entrar 
em multiplicação (tais células são naturalmente programadas para se dividir, 
enquanto as células adultas já são células diferenciadas). 
A importância da TN na confecção de indivíduos transgênicos é que a 
manipulação celular in vitro permite que sejam realizadas inserções de genes 
exógenos no genoma, assim como a retirada de alelos não desejáveis 
(produção de indivíduos knockouts). Os indivíduos formados por essa técnica 
também não são quiméricos, o que facilita o processo de produção de 
transgênicos. No entanto, é importante ressaltar que animais clonados podem 
apresentar anomalias orgânicas além de envelhecimento precoce e tempo de 
vida reduzido. A TN é uma técnica promissora, mas ainda necessita de 
aperfeiçoamentos. 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
12 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
 
 
 
 
 
 
 
Figura 4: Representação esquemática da técnica de transferência nuclear 
 
 
4 Inseminação Artificial 
 
 A inseminação artificial corresponde a um conjunto de técnicas utilizadas 
para a promoção de cruzamentos artificialmente induzidos pelo homem. Por 
meio dela, existe a possibilidade de se manipular a reprodução e, mais do que 
isso, aumentar em grande escala a produtividade dos animais. Desta forma, a 
inseminação artificial é uma das ferramentas mais importantes do 
Melhoramento Animal, além de apresentar algumas vantagens sobre a monta 
natural, conforme descrito abaixo: 
 Aumento da utilização de reprodutores geneticamente superiores, 
permitindo a utilização do sêmen de um indivíduo geneticamente 
superior para fertilizar um maior número de fêmeas do que seria 
possível por meio da monta natural; 
 Facilitação da seleção animal, visto que animais jovens são testados 
mais cedo em relação à sua capacidade genética e reprodutiva; 
 Facilitação do cruzamento industrial de indivíduos de portes 
diferentes (o que seria difícil conseguir pelo processo de monta 
natural); 
 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
13 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
 Possibilidade de utilização de machos que apresentam algum tipo de 
impotência não transmissível aos descendentes como reprodutores 
de gerações seguintes (ex: impotência coeundi, associada a 
problemas na monta, tais como problemas no casco, ou na cópula, e 
não a falhas na espermatogênese); 
 Possibilidade de utilização de animais idosos como reprodutores de 
gerações seguintes (banco de sêmen); 
 Diminuição nos custos do cruzamento industrial, relacionados ao 
transporte e à estadia dos animais; 
 Facilidade na utilização do sêmen, visto que pode ser congelado e 
utilizado posteriormente; 
 Prevenção de doenças sexualmente transmissíveis; 
 Facilitação do manejo reprodutivo. 
 
 Algumas desvantagens da inseminação artificial são: 
 Possibilidade de transmissão de características genéticas 
indesejáveis em larga escala; 
 Aumento da consanguinidade, que pode trazer consequências 
indesejáveis para a prole; 
 Necessidade de utilização de pessoal especializado na realização da 
técnica. 
 
 De forma geral, a inseminação artificial pode ser realizada de três formas 
diferentes: por meio da utilização do sêmen fresco, por meio da utilização de 
sêmen resfriado e por meio da utilização de sêmen congelado. A viabilidade 
dos espermatozoides diminui consideravelmente da primeira à última técnica 
citada. No entanto, cada uma delas apresenta suas vantagens e desvantagens. 
 A utilização da primeira técnica, com sêmen fresco, apesar de ser a 
técnica mais eficiente, exige que machos e fêmeas ao serem inseminadas 
estejam presentes no mesmo local físico, na mesma hora, o que nem sempre é 
possível. O sêmen resfriado, por sua vez, pode ser utilizado quando machos e 
fêmeas estiverem distantes, mas o período máximo de conservação dos 
espermatozoides é de 48 horas. O sêmen congelado exige tecnologia e 
recursos para a proteção dos espermatozoides durante o congelamento, 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
14 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
porém, pode ser mantido por tempo indeterminado e permite a confecção de 
uma reserva biológica do animal, podendo ser utilizado mesmo depois da sua 
morte. 
 Independentemente da técnica utilizada, o sêmen deve ser sempre 
avaliado quanto à sua capacidade reprodutiva. Desta forma, avaliações físicas 
(aspecto, cor e viscosidade), do pH, do turbilhonamento (movimento em massa 
dos espermatozóides), da motilidade (células vivas e com movimento 
progressivo), do vigor (qualidade do movimento – rápido ou lento) e de defeitos 
morfológicos, dentre outras coisas, devem ser realizadas, inclusive depois do 
descongelamento, se este for o caso. 
 Em relação às fêmeas, deve-se avaliar para verificar a possibilidade de 
encontrarem condições apropriadas para a reprodução: saúde, características 
conformacionais apropriadas para recebimento do sêmen e gestação de 
filhotes, período de ovulação (para proporcionar a eficiência do encontro dos 
espermatozoidescom os óvulos), etc. Quando possível, é importante promover 
a sincronização do cio de várias fêmeas, para facilitar a inseminação de todas 
ao mesmo tempo. 
 
 
5 Fertilização In Vitro 
 
A fertilização in vitro corresponde ao processo de promoção da 
fecundação de forma laboratorial. É utilizada por algumas razões no 
Melhoramento Animal, especialmente quando se desejar a produção de clones 
e de animais transgênicos. Para a sua realização, é necessário que se 
obtenham óvulos de fêmeas por meio da aspiração de folículos ovarianos 
guiada por ultrassonografia ou por meio da punção de ovários de fêmeas que 
já vieram a óbito (especialmente no caso de animais silvestres) – o ovário é 
viável por até seis horas após o óbito. Os folículos a serem utilizados devem 
apresentar um tamanho médio. Folículos pequenos não respondem ao 
tratamento hormonal utilizado no processo de fertilização in vitro, e folículos 
grandes se encontram em um estágio de desenvolvimento muito avançado 
para serem utilizados. 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
15 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
A partir da aspiração folicular são conseguidos óvulos não maduros. 
Desta forma é necessário que se realize um tratamento hormonal para que 
amadureçam in vitro e tornem-se aptos a receber os espermatozoides. 
Em relação aos espermatozoides, estes devem ser capacitados in vitro 
para que atinjam habilidades fecundativas. Em condições naturais, a 
capacitação dos espermatozoides ocorre no trato genital feminino, promovendo 
modificações que permitem a sua penetração no óvulo. 
A fecundação permite a produção in vitro de embriões, que são 
congelados e, posteriormente, implantados em fêmeas receptoras para serem 
gestados. 
 
 
6 Clonagem de Embriões 
 
Por meio desta técnica, é possível que se obtenham clones de embriões 
provenientes de indivíduos geneticamente superiores. O processo parte do 
mesmo princípio pelo qual os gêmeos idênticos são formados. Utilizam-se 
células tronco embrionárias indiferenciadas e pluripotentes para a formação 
dos embriões. 
Para a realização da técnica, utiliza-se o citoplasma do óvulo de uma 
fêmea doadora (citoplasto) em conjunto com o núcleo de células de embriões 
na fase morular provenientes de uma fêmea geneticamente superior. O zigoto 
produzido é cultivado in vitro para se tornar um embrião e ser transferido a uma 
fêmea receptora. Por meio deste processo, é possível que se consiga diversos 
indivíduos idênticos geneticamente. O princípio de realização da técnica é o 
mesmo da transferência nuclear. A vantagem é repetir o material genético de 
alto valor de indivíduos geneticamente superiores, por meio de seus clones. 
 
 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
16 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
7 Transferência de Embriões 
 
 Por meio desta técnica, embriões de uma fêmea gestante (doadora), de 
alto valor produtivo, são transferidos a outras fêmeas (receptoras; “barrigas-de-
aluguel”), de menor valor reprodutivo no plantel, mas adaptadas à gestação. 
De forma resumida, para a realização do método, fêmeas geneticamente 
superiores são inseminadas artificialmente para a produção de embriões. 
Antes da realização da técnica, tais fêmeas são tratadas com hormônios (FSH 
– hormônio folículo-estimulante) para promover ovulações múltiplas e, com 
isso, aumentar o número de embriões formados (que em condições naturais 
correspondem a um por gestação). Os embriões são então retirados de seus 
úteros por meio de aparato apropriado e lavagem intra-uterina e observados 
quanto a sua viabilidade em laboratório. Embriões viáveis são transferidos a 
fêmeas receptoras para que sejam gestados. 
O objetivo principal da transferência de embriões é o aumento em larga 
escala da progênie de fêmeas superiores (doadoras). Em condições normais, 
as fêmeas de bovinos, por exemplo, produzem apenas um descendente por 
ano. Por meio do processo de transferência de embriões é possível que se 
consigam vários bezerros desta fêmea de uma única vez. 
 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
17 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
 Anotações 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
_________________________________________________________________________________ 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br 
 
 
 
18 
 
Unidade: Colocar o nome da unidade aqui 
 
Unidade: Biotecnologia e Melhoramento Animal 
Referências 
 
ALBERTS, B.; BRAY, D.; LEWIS, J. Biologia Molecular da Célula. 4. ed. 
Porto Alegre: Artmed, 2004. 
 
GRIFFITHS, A. J. F. Introdução à Genética. 7. ed. Rio de Janeiro: Guanabara 
Koogan, 2006. 794p. 
 
NICHOLAS, F. W. Veterinary Genetics.New York: Oxford University Press, 
1987. 580p. 
 
OTTO, P. G. Genética Básica para Veterinária. 4. ed. São Paulo: Roca, 2006. 
284p. 
 
RAMALHO, M. A. P.; SANTOS, J. B.; PINTO, C. A. B. P. Genética na 
Agropecuária. 3. ed. Lavras: UFLA, 2004. 472p. 
 
RUMPF, R.; MELO, E. O. Produção de Animais Transgênicos – 
Metodologias e Aplicações. Disponível em 
<http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/recursos/145ID-XwAfoiPOLP.pdf>. 
Acesso em 15 set. 2011. 
 
SNUSTAD, D. P.; SIMMONS, M. J. Fundamentos de Genética. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Guanabara Koogan, 2001. 756p. 
 
VILLEN, R. A. Biotecnologia – Histórico e Tendências. Disponível em < 
http://www.hottopos.com/regeq10/rafael.htm>. Acesso em 15 nov. 2011. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
www.cruzeirodosul.edu.br 
Campus Liberdade 
Rua Galvão Bueno, 868 
01506-000 
São Paulo SP Brasil 
Tel: (55 11) 3385-3000 
 
Campus Virtual Cruzeiro do Sul | www.cruzeirodovirtual.com.br

Continue navegando