Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Larissa Figueiredo Farmacodermias O QUE É? As farmacodermias são reações cutâneas adversas a medicamentos que representam uma consequência não terapêutica e não intencional do uso de uma droga. FÁRMACOS MAIS COMUNS • penicilinas, • sulfonamidas (sulfadiazina, sulfametoxazol e sulfassalazina) • anticonvulsivantes aromáticos (fenitoína, carbamazepina e fenobarbital) • antiinflamatórios não esteroidais (AINE’s), alopurinol e inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA). • alopurinol FISIOPATOLOGIA As farmacodermias ocorrem por dois mecanismos principais: o mecanismo alérgico e o não alérgico. O mecanismo alérgico segue a classificação de Gell-Coombs • O mecanismo não alérgico é mais comum que o mecanismo alérgico. Ocorre por alguns fatores, como: o superdosagem de medicamentos (o organismo não consegue metabolizar nem excretar, gerando efeitos adversos) o fatores individuais (principalmente patologias hepáticas e/ou renais, cursando com alteração na metabolização e excreção dos medicamentos) o efeitos colaterais já conhecidos dos medicamentos o teratogênese por uso de medicamentos. • Não alérgicos temos os exemplos: necrose cutânea por cumarínicos, reaçãode Jarish-Herxheimer e urticária não alérgica EXANTEMA Larissa Figueiredo • Aparece em até 2 semanas após uso da medicação (anticonvulsivantes e antibióticos) • Rash maculopapular eritematoso pruriginoso simétrico, geralmente mobiliforme que desaparece a dígito- pressão. • Curso benigno e basta suspender a medicação. Situações mais graves podem utilizar anti-histamínico e corticosteroides. URTICÁRIA E ANGIOEDEMA • Surge de forma imediata, geralmente nos primeiro 30 minutos. (antibióticos, AINES e anestésicos) • Ocorrem devido: drogas, alimentos, picadas, látex. • Se caracterizam pela presença da urtica ou ponfo (placa eritematosa com centro pálido e pruriginosa. • 50% da urticária evolui para angioedema, caracterizado com edema de mucosa labial, língua e região periocular, podendo progredir para edema de glote, gerando assim choque anafilático • Devemos pensar em choque anafilático se o paciente tiver broncoespasmo, náuseas vômitos e hipotensão. Nesses casos choque anafilático, deve-se utilizar a Adrenalina (0,5 ml – ½ ampola – IM/SC), usualmente administrada na coxa do paciente ou de forma subcutânea. • Tratamento da urticária é feito a partir da suspensão do medicamento em uso prévio, bem como pela administração de anti-histamínicos para o prurido por pelo menos 14 dias. • Casos de urticária crônica com exacerbações pode utilizar corticosteroides orais por 7ª 14 dias Larissa Figueiredo • O tratamento da angiodema é semelhante o da urticária, mas pode fazer uso mais frequente dos corticosteroides orais. ERITEMA PIGMENTAR FIXO • Surgindo até 24 horas após a exposição e persistindo por dias a semanas (antibióticos, AINES, analgésicos e anticonvulsivantes. • Lesões que podem ser únicas ou múltiplas, de base eritematosa a violácea que vem a evoluir com uma coloração acastanhada e, eventualmente, podem ter uma bolha central. • Lesão pruriginosa e dolorosa, podendo ter ardência associada. • Acomete principalmente face, extremidades e mucosas • Pode apresentar hiperpigmentação residual • A cada nova exposição as lesões surgem no mesmo local • Tratamento consiste em afastamento do agente causal e uso de corticoides tópicos. ERITEMA MULTIFORME MINOR • Lesões herpéticas (causadas pelos medicamentos e infecção pelo herpes simples vírus) • 20% evoluem para Síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) • Eritema polimorfo = diversas morfologias • A lesão clássica é a lesão em alvo, com evolução das extremidades para o tronco • Não pruriginosa • Acomete a mucos em 70% dos casos • Curso benigno que regride em até 2 semanas • Tratamento é a suspensão do fármaco ou resolução da infecção herpética. SÍNDROME DE STEVENS-JOHNSON E NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA (NET) • A síndrome de Stevens-Johnson (SSJ) e a necrólise epidérmica tóxica (NET) são consideradas a mesma doença, porém com espectros diferentes. o SJJ: desnudamento <10% da superfície corporal o NET: desnudamento >30% da superfície corporal o Overlap: 10-30% ETIOLOGIA • Medicamentos: sulfa e outros antibióticos; medicamentos anticonvulsivantes, como fenitoína e Larissa Figueiredo carbamazepina; e certos outros medicamentos, como piroxicam ou alopurinol. • Infecção (mycoplasma pneumonae e herpes vírus). PATOGENIA Não é totalmente elucidados. Mas se acredita que os indivíduos geralmente são baixo acetiladores (defeito na detoxicação hepaática e cutânea), de modo que ocorre um aumento de metabólicos tóxicos que são incorporados na células dos queratinócitos servindo assim com hapteno. Assim ocorre indução da resposta imune que depende do poder citotóxico direto dos linfócitos TCD8 sobre os queratinócitos, levando assim a apoptose. QUADRO CLÍNICO • Inicia em média 15 dias após exposição • Inicia com pródromo gripal (15 dias) à rash maculopapular eritematosos e doloroso (evolução centrífuga do tronco para extremidades) com lesões em alvo atípicas à bolhas hemorrágicas à desnudamento • Presença do sinal de Nikosky • Lesões mucosas são obrigatórias, tendo que ter ao menos 2 mucosas acometidas (oral, ocular,genital) o queimação, edema, eritema e bolhas que rompem, formando erosões com pseudomembranas branco-acinzentadas e crostas hemorrágicas. • Pode ter acometimento orgânico, principalmente a NET (trato respiratório, gastrointestinal e hepático) DIAGNÓSTICO • CLÍNICO • Pode ter algumas alterações: Larissa Figueiredo o Alterações laboratoriais inflamatórias (leucocitose neutrofílica, aumento de VHS e proteína C-reativa o Distúrbios hidroeletrolíticos o Anemia leve o Trombocitopenia o Hipoalbunimenia o Aumento de transaminases o Azotemia pré renal: presença de altas concentrações de produtos nitrogenados, como ureia, creatinina, ácido úrico e proteínas, no sangue, soro ou plasma, e que podem interferir na taxa de filtração glomerular Biópsia: solicitada para confirmar ou excluir outras desordens bolhosas o Infiltrado de linfócito e macrófago na junção dermoepitelial o Vacúolos à necrose de queratinócitos Imunofluorescência direta TRATAMENTO Os pacientes com SSJ/NET devem ser internados no hospital e tratados numa enfermaria com cuidados especializados. O principal tratamento é o de suporte, incluindo as seguintes medidas: 1) Reposição hidroeletrolítica 2) Nutrição enteral 3)Asseio traqueobrônquico; 4) Medidas oftalmológicas preventivas (lubrificantes oculares, limpeza e remoção de adesões); 5) Debridamento da pele necrótica, recobrindo-se as lesões com gaze embebida em soro fisiológico ou curativos hidrocoloides. Entretanto, qualquer sinal focal ou siste ̂mico de infecc ̧ão deve imediatamente indicar coleta de material para cultura e início de antibióticos. Na fase inicial, predominam os Gram-positivos, especialmente o S. aureus; na fase tardia, devemos cobrir também P. aeruginosa. SÍNDROME DRESS • Rara, porém potencialmente fatal • Desencadeada por medicamento ou por reativação viral (EBV e CMV) • Ocorre após um mês do uso da medicação • Rash morbiliforma que pode evoluir para dermatite esfoliativa + sintomas sistêmicos (mal estar, febre, linfadenopatia generalizada, eosinofilia e linfócitos atípicos ao hemograma) • Fígado é o órgão mais acometido à rins à pulmão • Tratamento consiste em suspender o medicamento e utilizar corticoide sistêmico. Larissa Figueiredo • Regressão das lesões em cerca de 2 meses
Compartilhar