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Soniely Melo FARMACODERMIAS Reação cutânea adversa a medicamentos; RMA – reações adversas medicamentosas Podem aparecer até 6 semanas após o uso de determinada medicação; 0,1 – 1% da população geral; 2 – 3% dos hospitalizados; Pode mimetizar qualquer quadro clínico! O mecanismo alérgico é dose independente, e acomete apenas os indivíduos susceptíveis, que podem cursar com farmacodermias graves mesmo com doses bem pequenas. DIAGNÓSTICO DA DROGA ENVOLVIDA FISIOPATOLOGIA · Alérgica: classificação Gel – Coombs Tipo I – imediata – ocorre por IgE o estímulo à degranulação dos mastócitos com liberação de histamina. Tipo II – citotóxico – os anticorpos lesam as células. Tipo III – imunocomplexos – formação do complexo antígeno- anticorpo. Tipo IV – imediado por imunidade celular, não pela humoral, sendo efetivado pela ação de Linfócitos T. · Não alérgica: + comuns; o mecanismo não alérgico é dose-dependente, e pode atingir qualquer indivíduo. Ocorrem por diversos fatores, ex: · Superdosagem: o organismo não consegue metabolizar nem excretar, gerando efeitos adversos; · Fatores individuais: principalmente patologias hepáticas e/ou renais, cursando com alteração na metabolização e excreção dos medicamentos; · Efeitos colaterais: queda de cabelo por quimioterapia; · Teratogênese - necrose cutânea por cumarínico: nos primeiros dias os cumarínicos tem efeito pro-trombótico, podendo levar a trombose de vasos cutâneos, com consequente necrose cutânea. - reação de Jarish-Herxheimer: ocorre, por exemplo, na sífilis, quando é tratada com penicilina; os microrganismos morrem em grande quantidade, liberam substancias tóxicas, podendo piorar as lesões de pele na fase inicial do tratamento; - urticária não alérgica: quando a própria substância leva a degranulação dos mastócitos e liberação de histamina; ex: contraste iodado e morfina. PRINCIPAIS FARMACODERMIAS · EXANTEMA: 75% Aparece até 2 semanas após uso da medicação; Rash maculopapular eritematoso pruriginoso simétrico, geralmente mobiliforme e que desaparece à digito-pressão; tronco e mmss; Curso benigno; Tto: suspender a medicação; Em situações mais graves, pode-se utilizar anti-histamínicos e corticosteroides. · URTICÁRIA E ANGIOEDEMA 25%; ocorrendo principalmente em associação ao uso de antibióticos, AINE’s e anestésicos. FISIOPATOLOGIA: A urticária induzida por drogas pode ser alérgica (imunologicamente mediada) ou pseudoalérgica (não imunologicarnente mediada). -- > mediada por IgE; - - > Na reação tipo III, o complexo lgG-droga ativa a cascata do complemento liberando C3a e CSa, anafilatoxinas que degranulam mastócitos e basófilos. Este tipo de reação é responsável pela urticária vasculite induzida por drogas. --- > mecanismos não imunomediados: Não existe fase de sensibilização e a reação pseudoalérgica pode ocorrer no primeiro contato com adroga. As reações pseudoalérgicas parecem ser dose-dependentes e ocorrer até 24 horas após a ingestão da droga, com 50% ocorrendo nas primeiras 6 horas. As reações alérgicas IgE-dependentes ocorrem minutos após a exposição). Aguda: até 6 semanas Crônica: > 6 semanas dura até 2-5 anos; Contínua ou Recorrente; Forma imediata (30 min); Urtica ou ponfo – edema de derme superficial: placas eritematosas com centro pálido; pruriginosas; Angioedema -edema da derme profunda-(50%) - caracterizado com edema de mucosa labial, língua e região periocular -> edema de glote -> choque anafilático Tto: suspensão da droga + anti-histamínicos Os anti-histamínicos são mantidos por ao menos 14 dias, iniciando-se o tratamento com os anti-H1 não sedantes, progredindo para os anti-H1 clássicos se não houver resposta. Caso haja urticária crônica com exacerbações importantes, pode-se realizar um curso curto (7 a 14 dias) de corticosteroides orais. CHOQUE ANAFILÁTICO: adrenalina 0,5 ml IM/SC (meia ampola); · ERITEMA PIGMENTAR FIXO 10%; Lesões únicas ou múltiplas; pode formar bolhas; Eritematosas -> acastanhadas; surge em até 24h da exposição, persiste até 2-3 semanas; Hiperpigmentação residual; A cada nova exposição -> lesões nos mesmos locais; TTO: afastamento do agente causal e, eventualmente, aplicação de corticoides tópicos em casos mais graves. · ERITEMA MULTIFORME MINOR 5%; Lesões herpéticas (herpes simplex vírus); Eritema polimorfo = diversas morfologias; LESÃO CLÁSSICA: em alvo; se dissemina das extremidades para o tronco -> pelo menos 3 anéis concêntricos, de diferentes colorações e com bordas elevadas; Existem ainda lesões atípicas; Curso benigno; regride em 2 semanas; 20% evoluem para a forma eritematosa multiforme major (síndrome de steven-jhonson); · STEVENS-JOHNSON E NECRÓLISE EPIDÉRMICA TÓXICA MESMA doença, DOIS espectros diferentes As principais drogas associadas são antibióticos (principalmente as sulfas), anticonvulsivantes, AINE’s e alopurinol. SSJ NET + comum (2x mais) + grave (letalidade 10x mais) 15 dias após exposição ao fármaco Autolimitada (1 mês) -> sem sequelas cutâneas e com sequelas mucosas Microorganismos (Mycoplasma pneumoniae 15%) Inicia com pródromos, em geral, gripais Evolue para Rash maculopapular eritematoso Disseminação centrífuga Doloroso Com lesões em alvo atípicas Bolhas hemorrágicas Sinal de Nikolsky positivo apenas nas áreas acometidas *ddx: pênfigo Desnudamento: SSJ < 10%; Desnudamento NET > 30% SSJ NET Lesões mucosas obrigatórias >OU = 2 áreas (oral, ocular, genital) Acometimento da mucosa ocular -> cegueira TTO: internação, reposição hidroeletrolítica, nutrição enteral, lubrificante ocular NÃO usar AGT profilático sistêmico, nem sulfadiazina de prata - - - -> porque a chance do paciente ter farmacodermia a esses medicamentos é muito grande!! Existem contradições na literatura sobre a utilização de corticosteroides sistêmicos, imunoglobulina intravenosa e imunossupressores para o tratamento, sendo a efetividade desses fármacos ainda pouco estabelecida. Nessa patologia, utiliza-se a Ciclosporina (Inibidor da produção de IL-2), 3mg/kg/dia, por 7 a 10 dias; a Dexametasona (Corticosteroide sistêmico), pulsoterapia com 1,5mg/ kg/dia, por 3 dias e a Imunoglobulina Humana (Anticorpo), 2g/kg dividido em 3 a 4 dias. · Anticoagulação profilática e prevenção de úlcera de estresse. · Controle da dor e ansiedade. · Cuidados pulmonares. PROGNÓSTICO: Escore Prognóstico SCORTEN, que deve ser aplicado no 1° e 3° dia de hospitalização. As lesões de pele melhoram sem necessidade de cirurgia; COMPLICAÇÕES: · A falência cutânea aguda resulta na alteração do balanço hidroeletrolítico, com perda de fluido de 3 a 4 litros em um doente com mais de 50% da superfície corpórea acometida. Fluidos, eletrólitos e proteínas levam à redução do volume intravascular causando hipovolemia e insuficiência renal. A destruição da barreira mecânica facilita as infecções, principal causa de óbitos nesses doentes. A alteração na termorregulação leva a febre e calafrios, que refletem alto catabolismo muscular. Ocorre também estado hipermetabólico e alterações no sistema imune da pele. · Acometimento de órgãos internos: · Gastrointestinal: erosões esofágicas com disfagia e sangramento; · Hepatite; pancreatite; · Erosões traqueais e brônquicas; · Insuficiência renal aguda (20,8%), hiponatremia inicial e hipopotassemia, etc; · Alterações hematológicas: anemia, linfopenia com depleção de linfócito T CD4+, neutropenia e trombocitopenia; coagulação intravascular disseminada; A BIÓPSIA da pele lesada com exame anatomopatológico confirma o diagnóstico clínico! As principais causas de mortalidade são: • Septicemia por Staphylococc11s aure11s e Pseudomonas aemgillosa; • Edema pulmonar. • Tromboembolismo pulmonar. • Sangramento gastrointestinal. DIAGNÓSTICO DIFERENCIAL: · OUTRAS FARMACODERMIAS · DRESS: DRUG REACTION WITH EOSINOPHILIA AND SYSTEMIC SYMPTOMS pode ser desencadeada por medicamento ou por reativação viral (herpes vírus humano– EBV e CMV) • Anticonvulsivantes aromáticos (fenobarbital, carbamazepina e fenitolna), embora possam ocorrer também com lamotrigina e ácido valproico.Ocorre reação cruzada entre esses agentes aromáticos. • Minociclina. • Sulfonamidas, mais frequentemente dapsona e sulfassalazina. • Trimetoprim. • Alopurinol. • Antirretrovirais, mais frequentemente nevirapina e abacavir. · Fígado (70%) · Rins · Pulmão Tto: suspensão da medicação + corticoide sistêmico + esperar a regressão das lesões (em 2 meses); Os benzodiazeplnicos, agudamente, e o ácido valproico, após resolução da hepatite, pelo metabolismo hepático, são usados com sucesso no controle das crises convulsivas em pacientes com DRESS. A gabapentina e o topiramato também têm sido usados com segurança como substitutos aos anticonvulsivantes aromáticos. Os pacientes devem ser hospitalizados para monitoramento das funções hepática e renal e para excluir envolvimento de outros órgãos · VASCULITE farmacoinduzida Reação de hipersensibilidade III; Rash purpúrico palpável em MMII; Sem plaquetopenia + Teste da vitropressão (DESAPARECE!) *Doença do soro: · PEGA – PUSTULOSE EXANTEMATOSA GENERALIZADA AGUDA Surgem em até 24h após exposição; Pústulas estéreis + febre; Pruriginosa ou dolorosas; Com leucocitose; · FOTODERMATOSES Paciente em uso de medicação e quando se expõem à reação solar, apresenta uma dermatite; · Fototóxica: queimaduras · Fotoalérgica: eczemas – a exposição ao sol faz com que o medicamento se transforme em antígeno -> Dermatite alérgica · ACNEIFORMES Pápulas e pústulas; Ausência de comedões; Reações bolhosas: · Digitais · Iodeto · Penicilina Imunopatologia das reações bolhosas: Pode demorar até 1 mês após uso da medicação para aparecer rash morbiliforme febre linfadenopatia generalizada dolorosa mal-estar eosinofilia + linfócitos atípicos no hemograma Acometimento de órgãos
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