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ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 1 Elaboração e contestação de laudos ambientais ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 2 ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDO AMBIENTAL O Perito e a Perícia Ambiental Perito é o profissional que, atuando na sua área de competência profissional, é o responsável pela elaboração de laudos ou pareceres técnicos, situações ou fatos relacionados a coisas e pessoas, na matéria que lhe é submetida, com o objetivo de elucidar determinados aspectos técnicos. Perito judicial É o profissional nomeado e habilitado pelo juiz, na forma dos arts. 464 a 480, do Novo Código de Processo Civil (NCPC). O perito judicial tem prazo de cinco dias, contados da sua nomeação, para juntar aos autos, além da sua proposta de honorários e dos seus contatos profissionais (endereço, telefone e e-mail), também o seu currículo atualizado com a devida comprovação de sua especialização, sob pena de substituição. Obs.: De acordo com o § 1º do art. 156 do novo CPC, "os peritos serão nomeados entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado". Portanto, o juiz poderá nomear para perito não apenas o profissional, pessoa física, mas também órgãos técnicos ou científicos, como instituições universitárias e institutos de pesquisas. Sua atuação pode ser definida como um trabalho técnico-científico sobre fatos controversos entre as partes, em que o perito judicial, a partir de uma metodologia sistemática, analisará esses fatos e apresentará um laudo ou parecer conclusivo. Resumindo, o perito judicial é um profissional habilitado que atua em sede de processo judicial, na formação da prova técnica pericial. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 3 Uma inovação interessante, trazida pelo novo CPC, é a chamada perícia consensual1: nesse caso, a perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada por perito nomeado pelo juiz2. Perito assistente Também é um profissional que atua na área de sua competência profissional, que é indicado pelas próprias partes; assim, os assistentes técnicos são de confiança da parte e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição; devendo o perito assegurar aos assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência mínima de 5 dias3. Perito Criminal O perito criminal é um servidor público, a serviço da justiça, que realiza a análise crítica e científica dos locais onde ocorreram crimes, bem como perícias laboratoriais envolvendo requisições feitas pela autoridade policial, Ministério público e autoridade judicial; também atua em áreas como perícia contábil, dentre outras. O perito é responsável por localizar as provas técnicas, e analisar os vestígios e evidências do delito. O trabalho do perito criminal é a produção das chamadas provas técnicas, que não devem ser negligenciadas mesmo quando o réu é confesso. O perito criminal, após a localização das provas, estuda o corpo do objeto, realiza exames laboratoriais específicos, analisa todas as informações das quais dispõe e reconstitui a cena do crime, na tentativa de desvendar os autores, as armas utilizadas, o modo como foi realizado e até as vítimas. O profissional de perícia é selecionado mediante concurso público, e pode participar de operações isoladas e da perícia de 1 Prevista no art. 471 do Novo Código, poderão as partes, de comum acordo, desde que plenamente capazes, quando a demanda possa ser resolvida por autocomposição, escolher o perito, indicando-o ao juízo mediante requerimento nesse sentido. 2 Art. 471, § 3o, NCPC. 3 Art. 466, §§ 1º e 2º, NCPC. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 4 pequenos delitos, ou de operações específicas juntamente com outros departamentos da justiça. Legislação Pericial Os procedimentos relativos à perícia são disciplinados por diversos diplomas normativos, considerando a natureza específica e o objeto da perícia; assim, temos como principais normas: - Código de Processo Civil. -Código de Processo Penal. -Código de Processo Penal Militar. -Lei 10876/2004 – Perícia Médica da Previdência Social. No caso específico da perícia ambiental, além das disposições de direito ambiental, é necessário observar o cumprimento das normas técnicas aplicáveis ao caso concreto em análise. As principais normas usualmente empregadas são: a) Água: Decreto 23.777/34 – indústria açucareira. Lei 7.661/88 – gerenciamento costeiro. Lei 7.754/98 – florestas em nascentes de rios. Lei 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos. Resolução 357/05 – Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). b) Ar: Decreto-Lei 1.413/75 – poluição por atividades industriais. Lei 6.803/80 – zoneamento industrial. Portaria 231/76. Resoluções 03/90 – 06/93 – 18/86 – Conama. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 5 c) Camada de Ozônio: Decreto 2.679/98. Decreto 2.699/98. d) Solo: Lei 5.318/67. Lei 6.766/79. Crimes Ambientais Os crimes contra o meio ambiente ou crimes ambientais, só existem na forma definida em lei. Lembra José Afonso da Silva que: “O Código Penal e outras leis definiam crimes, ou contravenções penais, contra o meio ambiente. Todas essas leis foram revogadas pela Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 1998, que dispôs sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente”. Essa lei separou os crimes segundo os objetos de tutela, da seguinte forma: - Crimes contra a fauna (arts. 29-37). - Crimes contra a flora (arts. 38-53). - Poluição e outros crimes (arts. 54-61). - Crimes contra a Administração Ambiental (arts. 66-69). Além dessa caracterização, a Lei 9.605/98 – lei de crimes ambientais , ressaltou alguns aspectos importantes: a) O crime ocorre por ação ou omissão. b) A responsabilidade é pessoal(física) e também jurídica. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 6 c) Sanções alternativas. d) O funcionário público responde na medida do dano (corresponsabilidade por omissão). Também, a lei de crimes ambientais apresenta outras disposições, relativamente aos seguintes aspectos: a) Sanções. b) Agravantes e atenuantes. c) Crimes em espécie. d) Cálculo das multas. Assim, os crimes ambientais são tipificados principalmente na lei de crimes ambientais (Lei 9.605/98), mas também no Código Florestal (Lei 12.651/2012), em alguns artigos do Código Penal que não foram revogados pela Lei 9.605/98, na Lei 6.453/77 (responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares) e na Lei 7.643/87 (criminaliza a pesca de cetáceos em águas brasileiras). É importante destacar o fato de que parte das normais penais ambientais caracterizam- se como normas penais em branco; assim, é necessária, para sua aplicação, a interpretação em conjunto com outras leis, inclusive de direito administrativo, e direito material específico de outras ciências para sua configuração e complementação. Outro ponto a ser destacado é aquele relativo ao polo passivo da relação penal ambiental, especificamente no que se refere ao tema da desconsideração da personalidade jurídica (Lei 9.605/98, arts. 3o e 4o); ou seja, tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas podem figurar como autoras de crimes ambientais. Interessante apresentar a manifestação dos Tribunais Superiores sobre a matéria, nas palavras do Ministro Gilson Dipp4: 4 REsp 564.960/SC. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 7 “... não obstante alguns obstáculosa serem superados, a responsabilidade penal da pessoa jurídica é um preceito constitucional, posteriormente estabelecido, de forma evidente, na Lei ambiental, de modo que não pode ser ignorado. Dificuldades teóricas para sua implementação existem, mas não podem configurar obstáculos para sua aplicabilidade prática na medida em que o Direito é uma ciência dinâmica, cujas adaptações serão realizadas com o fim de dar sustentação à opção política do legislador. Desta forma, a denúncia oferecida à pessoa jurídica de direito privado deve ser acolhida, diante de sua legitimidade para figurar no polo passivo da relação processual- penal”. Outras inovações aduzidas pela lei de crimes ambientais: - Criminalização da pessoa do poluidor indireto5. - Fixação da responsabilidade solidária. - Criminalização das instituições financeiras. - Valorização da participação do poder público. Crimes culposos e dolosos: A conduta dolosa (art. 18, I, do CP) consiste na vontade livre e consciente dirigida a realizar ou aceitar realizar determinada, conduta prevista abstratamente em uma norma penal incriminadora. Embora esse conceito seja adotado pela maioria da doutrina, deve ser destacado que essa liberdade da conduta é matéria não pertencente ao dolo, mas sim à culpabilidade. 5 Sobre o assunto, vale a leitura do artigo do Prof. Paulo de Bessa Antunes, O Conceito de poluidor Indireto e a Distribuição de Combustíveis, disponível em http://www4.jfrj.jus.br/seer/index.php/revista_sjrj/article/viewFile/581/406. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 8 O dolo é composto por dois elementos: consciência (elemento intelectivo) e vontade (elemento volitivo). Embora existam diversas teorias explicativas do dolo, de acordo com a doutrina majoritária, no Brasil adotou-se a teoria da vontade (dolo consiste na vontade consciente de querer praticar a infração penal tipificada em uma norma penal incriminadora); no dolo direto (o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua conduta na busca consciente de realizá-lo) e na teoria do consentimento (o dolo fica caracterizado toda vez que o agente, prevendo o resultado como possível, decide prosseguir com sua conduta, assumindo o risco de produzi-lo). Na questão do dolo eventual, o agente prevê pluralidade de resultados, porém, dirige sua conduta na realização de um deles, aceitando o risco de produzir o outro. Em se tratando de crime omissivo, vale destacar que é imprescindível que o agente conheça a situação real que gera omissão; deve saber que não está cumprindo seu dever legal e direcionar sua vontade consciente para não realizar o que foi preceituado na norma penal. Em outras palavras, na forma dolosa, o crime omissivo próprio exige ainda a dimensão subjetiva (dolo), que revela de modo inequívoco a posição do agente de descumprir a proteção legal dada ao bem juridicamente tutelado. O crime culposo (art. 18, II, do CP) consiste em uma conduta voluntária que realiza fato ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que poderia ser evitado se o agente atuasse com o devido cuidado. Ou seja, a culpa pode ser definida como uma falta com o dever de cuidado; o agente age com imprudência, imperícia ou negligência e, em decorrência dessa falta de cuidado, produz-se um determinado resultado contrário ao preceituado na norma penal incriminadora. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 9 Com relação ao rol das penas cominadas na legislação ambiental penal, podem-se verificar: A) Penas aplicáveis às pessoas físicas: - penas restritivas de liberdade – detenção, reclusão e prisão simples; - penas restritivas de direito – na forma do art. 7o, Lei 9605/98; e - pena de multa. B) Penas aplicáveis às pessoas jurídicas: No que se refere à cominação das penas aplicáveis às pessoas jurídicas, o art. 21, Lei 9.605/98, estabelece penas isoladas, alternativas e cumulativas. As penas isoladas afastam a incidência de outras penas; na alternativa, há mais de uma pena, mas apenas uma é aplicada e, é possível, ainda, a aplicação de mais de uma pena ao autor. - Pena de multa (esta não deve ser confundida com a multa administrativa; ou seja, por terem natureza diversa, é possível a aplicação da multa, de natureza criminal e, ao mesmo tempo, a multa de natureza administrativa), esta é revertida ao Fundo Penitenciário. - Penas restritivas de direito – estas estão elencadas no art. 22 da Lei de crimes ambientais: suspensão, parcial ou total de suas atividades; interdição temporária de estabelecimento, obra ou atividades; e proibição de contratar com o poder público, bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. - Pena de prestação de serviços à comunidade – que pode, na impossibilidade da prestação, ser convertida em contribuição a entidades de natureza ambiental, cultural ou entidades públicas. Deve ser destacado que também é possível, no âmbito penal ambiental, aplicar-se à pessoa jurídica: pena de liquidação forçada (art. 24, Lei 9.605/98) – nessa hipótese, ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 10 ocorre a extinção da pessoa jurídica e seu patrimônio é revertido para a União Federal; e, ainda, pena de apreensão de produtos. Crimes ambientais na Lei 9605/98 De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, os crimes ambientais são classificados em cinco tipos diferentes: - Crimes contra a fauna (arts. 29 a 37): Caracterizam-se pelas agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em rota migratória, como a caça, pesca, transporte e a comercialização sem autorização; os maus-tratos; a realização experiências dolorosas ou cruéis com animais quando existe outro meio, independente do fim. Também estão incluídas as agressões aos hábitats naturais dos animais, como a modificação, danificação ou destruição de seu ninho, abrigo ou criadouro natural. A introdução de espécimes animais estrangeiras no país sem a devida autorização também é considerado crime ambiental, assim como a morte de espécimes devido à poluição. - Crimes contra a flora (arts. 38 a 53): Causar destruição ou dano a vegetação de áreas de preservação permanente, em qualquer estágio, ou a unidades de conservação; provocar incêndio em mata ou floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização ou em desacordo com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação permanente pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 11 - Poluição e outros crimes ambientais (arts. 54 a 61): Todas as atividades humanas produzem poluentes (lixo, resíduos, e afins), no entanto apenas será considerado crime ambiental passível de penalização a poluição acima dos limites estabelecidos por lei. Além desta, também é criminosa a poluição que provoque ou possa provocar danos à saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. Assim como aquela que torne locais impróprios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica que torne necessária a interrupção do abastecimento público e a não adoção de medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. São considerados crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursosminerais sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não recuperação da área explorada; a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou em desacordo com as leis; a operação de empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental ou em desacordo com esta; também se encaixam nesta categoria de crime ambiental a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam causar dano à agricultura, à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas. - Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (arts. 62 a 65): Ambiente é um conceito amplo que não se limita aos elementos naturais (solo, ar, água, flora, fauna). Na verdade, o meio ambiente é a interação destes, com elementos artificiais aqueles formados pelo espaço urbano construído e alterado pelo homem e culturais que, juntos, propiciam um desenvolvimento equilibrado da vida. Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da cultura também configura um crime ambiental. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 12 - Crimes contra a administração ambiental (arts. 66 a 69): São as condutas que dificultam ou impedem que o Poder Público exerça a sua função fiscalizadora e protetora do meio ambiente, seja ela praticada por particulares ou por funcionários do próprio Poder Público. Comete crime ambiental o funcionário público que faz afirmação falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos de autorização ou de licenciamento ambiental; ou aquele que concede licença, autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder Público. Também comete crime ambiental a pessoa que deixar de cumprir obrigação de relevante interesse ambiental, quando tem o dever legal ou contratual de fazê-la, ou que dificulta a ação fiscalizadora sobre o meio ambiente. Procedimentos técnicos e metodológicos para elaboração de laudo ambiental Os procedimentos técnicos a serem adotados na elaboração de laudo pericial ambiental dependerão do objeto específico a ser periciado; assim, o perito deverá utilizar a técnica recomendada pela sua área de especialização, relativamente ao objeto da perícia. Assim, os procedimentos serão determinados por áreas específicas, tais como procedimentos técnicos nas áreas de biologia, engenharias etc. No que se refere às metodologias, estas também deverão ser selecionadas de acordo com o objeto da perícia e considerando ainda a quesitação (o questionamento, o que se pretende ser respondido) feita pelo solicitante da perícia. Para fins de ilustração, os diversos métodos podem ser resumidos da seguinte forma: ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 13 • Os métodos são mecanismos estruturados para identificar, coletar e organizar os dados de impacto ambiental, permitindo a sua apresentação em formatos visuais que facilitem a interpretação pelas partes interessadas. • Esses métodos variam com as características do objeto da perícia. Também poder ser classificados em: • Métodos quantitativos indicativos, os quais são centrados preponderantemente na identificação e sintetização dos impactos relativos ao objeto da perícia. Geralmente são adotados quando o interesse do solicitante é meramente o de se verificar a ocorrência e a dimensão de um determinado impacto ambiental. • Métodos quantitativos que incorporam base de cálculo. Também é interessante destacar que a seleção do método também considera os aspectos relacionados ao levantamento de dados e a forma específica para a apresentação do próprio laudo pericial ao final da perícia. A seguir serão apresentados modelos teóricos, utilizados em avaliação ambiental, que, dependendo do objeto, podem ser utilizados pelo perito na elaboração de um laudo pericial: ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 14 Modelo de matriz Modelo de redes de interação: Laudo Pericial ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 15 Elementos e quesitos a serem solicitados e/ou respondidos em uma perícia DEFINIÇÕES As definições apresentadas a seguir foram especificadas na forma da Instrução Técnica - IT-029.R-1 - INSTRUÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL , aprovada pela Deliberação CECA no 550, de 04 de outubro de 1984. Publicada no DOERJ de 23 de outubro de 1984; adotada pelo INEA-RJ: Despacho - expressão de decisões proferidas por autoridades judiciais ou administrativas em documentos submetidos à sua apreciação. Relatório - documento em que se expõem fatos com a discriminação de todos os seus aspectos e elementos. Parecer - manifestação sobre fatos ou assuntos submetidos à consideração de ordem técnica, com recomendações quando necessárias. Perícia - exame ou vistoria de caráter técnico e especializado. Perito - profissional habilitado que, por suas qualidades ou conhecimentos, está em condições de estabelecer a situação do fato ou assunto que se pretende aclarar ou pôr em evidência para uma solução justa e verdadeira. Laudo pericial - peça escrita, fundamentada, em que os peritos expõem as observações e estudos que fizeram e consignam as conclusões da perícia. Elementos/quesitos baseado em laudo pericial real (Disponível na íntegra em http://www.geociencias.ufpb.br/~paulorosa/gema/images/stories/pericias/6_pericia_ %20nuppa.pdf0) ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 16 1 DESIGNAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DA PERÍCIA Identificação da autoridade, órgão ou pessoa que solicitou a perícia, incluindo o respectivo documento de solicitação. Conforme será visto adiante no modelo básico (sumário de laudo), estas informações deverão constar do PREÂMBULO do laudo pericial. 2 – HISTÓRICO Indicação do documento e autoridade, órgão etc. e abordagem inicial dos questionamentos (quesitos) a serem objeto da perícia; como por exemplo: a. Houve agressão ao meio ambiente? b. Em caso positivo, quais foram essas agressões? c. Qual a extensão dos danos causados, caso tenham sido os mesmos constatados? d. Qual a solução ou soluções para resolver o problema? 3 – OBJETIVO Descrição do objetivo pericial, levando em consideração os questionamentos apresentados no documento que solicitou a realização da perícia. Exemplo: Verificar se a atividade desenvolvida na área a ser periciada está afetando o sistema ambiental. Identificar as evidências deixadas pela atividade, que estão causando a degradação ambiental, provocando assim um dano. 4 – DESCRIÇÃO DO LOCAL Descrição detalhada da área a ser objeto da perícia, incluindo: coordenadas, mapas de situação, existência de recursos hídricos, vegetação nativa, grupamentos humanos etc. Exemplo: A área onde foi executado este laudo pericial localiza-se no interior do território do NUPPA situado na porção Sudeste da cidade de João Pessoa rumo ao acesso à estrada ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 17 da praia da Penha, próximo ao distrito industrial do bairro de Mangabeira, estando inserido na bacia hidrográfica do rio Cabelo (Figura 1). Na condição de órgão do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, o NUPPA que realiza processamento e pesquisa na área de alimentos, assim, dentro dos seus limites territoriais encontra-se muitas espécies de frutíferas. A jazida mineral está situada no interior da área do órgão, entre as coordenadas planas (UTM) 0299198/9207682, na vertente esquerda do riacho Cabelo, afluente intermitente do Rio de mesmo nome. A área onde o NUPPA está situado compreende o topo e a vertente esquerdado Rio Cabelo, constando ainda em seu território um afluente desse rio (Figura 2), que deságua já fora do território do núcleo. Além das árvores frutíferas que incluem cajueiros, mangabeiras entre outras, existem porções da vegetação nativa (Mata Atlântica) que se constituem da Floresta Estacional Semidecidual e da Savana, também denominada vegetação de tabuleiro (Fotos 1a e 1b). Essas tipologias revestem pacotes de areia quartzosas dos tabuleiros do Pliopleistoceno do Grupo Barreiras delineando a fisiografia local, que mostra seu desenho em três importantes unidades do relevo: topo, vertente e fundo do vale. Essas três unidades podem ser visualizadas na figura 3, apresentando um perfil transversal que se inicia no local da mineração, cortando o vale do riacho, local das instalações prediais do núcleo e vertente e vale do Rio Cabelo. Devido à proximidade com o Oceano Atlântico, a área recebeu nos últimos anos uma precipitação em torno de 1.700 mm anuais (Figura 4) e devido a essa carga de umidade oriunda dos ventos Alísios de Sudeste, o desgaste intempérico se dá, sobretudo, nas vertentes orientadas para o sudeste, que são as vertentes esquerdas do Rio Cabelo e de seus afluentes localizados em sua totalidade nesse mesmo lado. 5 – DESCRIÇÃO DOS EXAMES PERICIAIS A SEREM EFETUADOS Aqui, o perito deverá identificar quais os exames periciais que serão efetuados para que seja possível oferecer respostas aos quesitos apresentados pelo solicitante da perícia. Exemplo: ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 18 Exame Pericial demonstrando que a intervenção cria condições adversas às atividades sociais e econômicas. O vale do riacho tributário do rio Cabelo já possui uma de suas vertentes danificadas pela retirada do material arenoso, por isso há presença dos processos morfogenéticos fortes, onde apresenta um nível de erosão acentuada nitidamente notado através de suas margens que estão cedendo material, comprometendo inclusive as árvores e arbustos que estão próximos a elas (Fotos 4b e 4c). Exame Pericial verifica que a intervenção lança matéria ou energia em desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. A presença constante de veículos pesados, ou seja, caminhões basculantes com até três eixos cuja carga chega a mais de 21 m3 de areia circulam diariamente pelo local fazendo um batimento efetivo no assoalho do ambiente. Caminhões esses que em muitos casos, conforme o depoimento de um usuário do lugar, transportam a carga para a cidade do Recife. A circulação desses veículos normalmente se dá quando o dia começa a raiar, entorno das 4:30 da manhã (verificação in loco). 6 – CONSIDERAÇÕES TÉCNICO-PERICIAIS OU DISCUSSÃO LEGAL Indicação das normativas (leis, Portarias, Decretos, resoluções, Normas técnicas etc., que embasaram a perícia e sua interface com os exames periciais efetuados. Exemplo: Do corpo legal que normatiza a relação sociedade natureza. Resolução no 001 do CONAMA de 23/01/86. O impacto ambiental consiste em qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas etc. Constituição Federal através de seu Artigo 225, §4o; Lei no 4771, de 15 de setembro de 1965, Artigo 2o, letras a e g, Artigo 3o, letra a; Lei 7805, de 18 de julho de 1989, Artigo 9o, item VI, Lei 6938, de 31 de agosto de 1981, Artigo 4o, itens I e VI. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 19 Os conjuntos de leis que regem a convivência social com a manutenção do equilíbrio dos sistemas naturais foram se desenvolvendo e aperfeiçoando gradativamente, principalmente após a tomada de consciência da finitude dos recursos da natureza. Tomando-se a Teoria de Sistemas como modelo central para a elaboração deste laudo vê- se, nesta ótica, que o ambiente é composto pelos conjuntos naturais Climático, Hídrico e Topográfico que, como resultado dessas intercessões tem-se o meio biótico, ou seja, a vida em suas diversas formas, inclusive a sociocultural! Nesse sentido considerou-se a categoria região como um conceito geográfico eficiente para o delineamento da área estudada. São duas as justificativas para o uso deste conceito: primeiro, por seu caráter arbitrário, torna-se possível delinear a forma de uma região a partir de um juízo mental ou da escolha de um ou de parte de seus elementos (BROEK, 1976). Segundo, por admitir na sua configuração espacial um caráter flexível de sua forma, ou seja, no estabelecimento de uma região não há como estabelecer limites precisos, pois é unicamente possível, delinear seus limiares através da diferenciação de componentes vizinhos mais imediatos. Esta segunda justificativa é compatível à teoria adotada, pois favorece ao estudo dos processos dinâmicos e interdependentes dos elementos que compõem o meio estudado. A região delineada para ser levada em consideração neste laudo constituiu-se da bacia hidrográfica do rio Cabelo. A Lei 6.308, de 02 de julho de 1996, que institui a Política Estadual de Recursos Hídricos, no seu art. 2o, § 3o, considera a bacia hidrográfica como unidade básica de planejamento e gerenciamento dos Recursos Hídricos. Os Recursos Hídricos são destacados aqui através do Decreto 24.643, de 10 de julho de 1934, que decreta o Código das Águas, no seu art. 6o que afirma que “são públicas e dominicais todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as mesmas não forem de domínio público de uso comum, ou não forem comuns”. No caso específico deste laudo passa-se a considerar que a desembocadura do rio Cabelo caracteriza-se como bem público dominical no que diz o art. 2o do mesmo Decreto: “São públicos dominicais os terrenos de marinha...” e dentro do que preceitua a Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 20 Ambiente, nos seus objetivos que, dentre outros, visa “à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida”. Neste caso da exploração de jazida do mineral areia em área que constituem vertentes de canais de alimentação de rios, faz com que o rio deixe de exercer as funções que lhe são próprias, o lazer e os provimentos essenciais da sociedade e passe a não suprir mais uma de suas importantes funções, que é a de proporcionar bem-estar social. Portanto, considera-se como poluição o resultado dessa atividade mineradora porque de acordo com a Lei 6.938, anteriormente citada, a poluição é um estado resultante de atividades que “prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população” e “criem condições adversas às atividades sociais e econômicas”. No caso, a retirada da vegetação e do solo da área de vertente de canal de escoamento pertencente à bacia hidrográfica do rio Cabelo, que se configura como a jazida localizada nos domínios do NUPPA, proporciona a diminuição da alimentação da matéria fluvial que se infiltra lenta e progressivamente com a ajuda da vegetação ciliar que retém a umidade do solo. 7 – RESPOSTAS AOS QUESITOS Aqui, o perito apresentará, de forma fundamentada, as respostas aos quesitos formulados pelo solicitante. Exemplo: Há legalidade da atividade minerária no NUPPA? Em relação a este quesito não foi possível verificar a legalidade das licenças, pois em visita a órgão competente, funcionários não informaram sobre a situação legal da empresa responsável e nem pela mineração. Houve agressão ao ambiente? Considerando-se que agressão, segundo o Dicionário Aurélio, refere-se à “conduta caracterizada por intuito destrutivo”, em que o caráter destrutivo, neste caso, se dá pelo fato desta atividade minerária esgotar um recurso irrecuperável,causar impacto e dano ao ambiente. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 21 De acordo com o Código Civil Brasileiro em seu art. 159, o dano é o resultado de toda ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, que violar o direito ou causar prejuízo a outrem. No caso, a violação de direito se dá quando da quebra do equilíbrio ambiental, especificamente da bacia do Rio Cabelo, que ocasiona dano ao que preceitua a já citada Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, bem como o que dispõe o Código das Águas, no seu art. 6o. A partir desses enunciados no caso da atividade em questão, houve agressão ao ambiente. Em caso positivo, quais foram essas agressões? 1 eliminação do pacote do solo arenoso existente no local; 2 – exposição do fragipan, dificultando regeneração vegetal; 3 eliminação da vegetação espontânea que se encontrava na área e 4 – desmonte de vertente esquerda do Riacho Cabelo. Qual a extensão dos danos causados? Num sistema natural em que inevitavelmente os elementos estão sempre inter- relacionados apresentando muitas ou infinitas variáveis, pode-se considerar os danos e sua extensão em uma escala macro. Mas, no caso do laudo aqui apresentado delineamos uma região que foi a bacia hidrográfica que abriga o rio Cabelo, para que seja possível definir-se mais especificamente a amplitude espacial que irá ser considerada e, desta forma, cercarmos mais os elementos a serem considerados em escala mais próxima à micro, ou a área em que está ocorrendo o evento. Desta forma, referente à problemática deste laudo, a extensão dos danos se dá até os limiares da bacia hidrográfica do rio Cabelo, pois sua nascente já se encontra comprometida pela urbanização s no bairro Mangabeira, próximo ao hospital Maternidade. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 22 Qual a solução ou soluções para resolver o problema? Considerando que a agressão está sendo ainda causada, a primeira medida é paralisar imediatamente. No entanto no lugar em que já foi causada a agressão danosa, a única forma de minimizar o impacto será uma medida de compensação, tendo em vista que a vegetação já foi retirada e a areia também. Por analogia da área vizinha, onde já faz algum tempo que a mesma foi abandonada e continua praticamente desnuda, tendo o mesmo substrato, conforme ilustra as fotos 3a, 3b, 4b e 8, será muito demorada uma recomposição vegetal na área devastada através dos estágios de sucessão, tendo em vista que o banco de sementes foi levado juntamente com a areia e o substrato atual, como já salientado, ser de difícil recomposição. Entretanto, a vegetação poderá ser recomposta se forem tomadas algumas medidas para acelerar o processo. Neste aspecto, o NUPPA poderá recompor a área com espécies da vegetação nativa, contudo não deverá realiza-lo com apenas uma espécie, como foi observado no local, tendo em vista que a vegetação suprimida consistia de uma comunidade e não de uma população, a qual por ser composta de uma única espécie, as exigências constituem- se pelos mesmos elementos, alimentando, dessa forma, uma competição intraespecífica , o que acaba por enfraquecer cada vez mais o sistema natural. Com relação ao pacote arenoso, sabe-se que é de origem quaternária e não poderá se recompor. 8 – CONCLUSÃO Aqui o perito apresenta o encerramento da sua atividade, a conclusão do laudo pericial. Exemplo: Fazendo uma interpretação em perspectiva, pode-se afirmar que a fisiografia e a fisionomia da paisagem foi totalmente alterada. O corpo em evidência, que é a paisagem estruturada de forma sistêmica e abrigada pela bacia hidrográfica do rio Cabelo, no entanto, a paisagem natural é a aparência, cuja estética é a harmonia existente entre os elementos e os conjuntos pertencentes àquela situação, qualquer intervenção causa uma perturbação impactante nessa ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 23 competição intraespecífica é àquela que ocorre entre dois ou mais indivíduos da mesma espécie. A harmonia, logo, a estética é alterada. A mineração em destaque na extração de areia, recurso não renovável, é, por sua própria natureza, uma atividade que agride o meio ambiente, causando normalmente irreparáveis danos à paisagem. Por ser o setor produtivo de areia caracterizado por um planejamento simplificador dos processos de lavra e beneficiamento, essas características levam a uma exploração quase sempre depredadora, que, por sua vez, provoca baixa na qualidade de vida, numa perspectiva social-política e econômica. Assim, apesar de haver a constatação, a legalidade e cumprimento dos trâmites burocráticos não garantem que a prática mineradora respeite o sistema ambiental. Assim a atuação do poder público em deter esse processo de extração minerária no local poderá minimizar as agressões já sofridas até então impedindo que mais áreas sejam atingidas, principalmente as áreas vizinhas. Modelo Básico de laudo ambiental (indicação do sumário): LAUDO TÉCNICO I – PREÂMBULO Indicação da data, autoridade requerente/solicitante da perícia, local da realização e o objetivo básico da mesma. II – HISTÓRICO Indicação do documento (requerimento/solicitação) com data de origem, autoridade, número do ofício etc., que originou a efetivação do laudo pericial. III – DO OBJETIVO Indicação do objetivo específico da perícia efetivada. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 24 IV – DA DOCUMENTAÇÃO Indicação de todos os documentos que foram apresentados com o requerimento/solicitação. V – DO AUXÍLIO À PERÍCIA Indicação, se for o caso, da pessoa ou do órgão que participou como auxiliar do perito. VI – DA DATA Indicação da data em que a perícia foi efetivada (início e fim). VII – DO MATERIAL UTILIZADO Indicação de materiais, como: imagens, softwares, aplicativos, mapas, dados estatísticos etc. VIII – DA LEGISLAÇÃO EM VIGOR Indicação das normativas (leis, portarias, decretos, resoluções, normas técnicas etc.) que embasaram a perícia. IX – DO MÉTODO UTILIZADO Descrição da metodologia empregada na efetivação da perícia e respectivo embasamento técnico, justificando a adequação da metodologia utilizada ao objeto da perícia. X – DOCUMENTOS COLETADOS Apresentação dos documentos (se for o caso). XI – DESCRIÇÃO DO QUE FOI CONSTATADO XII – ANÁLISE TÉCNICA Descrição dos modelos de análise técnica, a partir de análise crítica de todo o material disponível ao perito. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 25 XIII – OUTROS ELEMENTOS Apresentação de outros elementos que o perito entender indispensáveis à resposta do que foi requerido/solicitado. XIV – GLOSSÁRIO XV – CONCLUSÃO Data, local e identificação/qualificação dos peritos. Assinatura Contestação em sede pericial: Antes da elaboração do laudo pelo perito: observância das regras do CPC/2015 (ver arts. 464 a 484). - Deferindo a perícia, o juiz nomeia o perito, fixando prazo para a entrega do laudo. - Intimadas da nomeação do perito, as partes têm o prazo de 15 dias para arguir o impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso, indicar assistente técnico e apresentar quesitos. (Obs.: o assistente técnico é de confiança da parte e não está sujeito a impedimento ou suspeição). - Apresentados os quesitos, intima-se a parte contrária, que pode impugná-los, cabendo ao juiz indeferir os impertinentes e formular os que entender necessários. - Intimado da nomeação, cabe ao perito apresentar, em cinco dias, sua proposta de honorários, currículo e endereço, especialmente o eletrônico, para fins de intimação. - Segue-se o prazo de 5 dias para as partes manifestarem-se sobre os honorários, que são arbitrados pelo juiz, que pode determinar o adiantamento de 50% dos honorários, que podem ao finalser reduzidos, se inconclusiva ou deficiente a perícia. - O perito inicia a perícia independentemente de compromisso, no dia, na hora e no local por ele próprio designados, ou pelo juiz, cientes as partes. - Havendo exames ou diligências a realizar-se em outra data, deve o perito dar ciência às partes, com 5 dias de antecedência. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 26 - Enquanto se realiza a perícia, podem as partes apresentar quesitos suplementares, aos quais o perito responde previamente ou na audiência de instrução e julgamento. - Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem ouvir testemunhas, solicitar documentos e instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas desenhos, fotografias etc. Contudo, eles não têm poderes de coerção, devendo dirigir- se ao juiz, se necessário, para ouvir testemunha ou obter documento. - O laudo pericial deve indicar o objeto da perícia, apresentar a análise técnica ou científica realizada, indicar o método utilizado e responder aos quesitos, vedada a emissão de opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da perícia. Após a elaboração do laudo pelo perito: observância das regras do CPC/2015 (ver arts. 464 a 484). - Apresentado o laudo, as partes são intimadas para manifestarem-se a respeito, prazo em que os assistentes técnicos podem também apresentar o seu parecer. Observa-se o primeiro fundamento para a impugnação de laudo – a ausência de intimação da parte – vício por falta de oportunização do contraditório e da ampla defesa. - A seguir, pode o juiz determinar a intimação do perito para esclarecer dúvida de qualquer dos sujeitos do processo ou divergência com parecer do assistente técnico. - Persistindo a dúvida ou a divergência, pode o juiz, de ofício ou a requerimento, determinar o comparecimento do perito e do assistente técnico à audiência de instrução e julgamento, para o que devem ser intimados com pelo menos 10 dias de antecedência. - Na sentença, o juiz aprecia o laudo pericial, sem que esteja a ele vinculado, podendo fundamentadamente rejeitá-lo, bem como determinar segunda perícia, que não substitui a primeira, podendo em qualquer delas fundar-se a decisão. A partir dessas disposições legais, podem ser enumerados os seguintes principais motivos que fundamentam o requerimento de impugnação de laudo pericial: • Não comprovação da qualificação profissional do perito ou qualificação inadequada ao objeto da perícia. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 27 • Suspeição do perito (parente da parte, ter interesse na causa, dentre outros motivos). • Utilização de métodos inadequados ou insuficiência do laudo relativamente às respostas aos quesitos, como, por exemplo, a ausência de fundamentação na resposta. • Não indicação das fontes dos dados coletados, ou coleta de dados em desacordo com a melhor técnica recomendada pelo respectivo conselho profissional. • Arguição de contradições ou obscuridades, não elucidadas pelo perito. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 28 Modelo de impugnação de laudo. EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA ............. Processo: xxxxxxxxxxxxxxxxxx (qualificação) nos autos da ação em epígrafe, vem por seu Advogado infra-assinado, com base ............. apresentar Impugnação ao laudo pericial De fls xx a xxx, pelos fatos e fundamentos que a seguir passa a expor. Verificou-se que no laudo pericial juntado foram encontradas algumas informações fornecidas pelo perito nomeado por este MM Juízo, que merecem ser rebatidas por não guardarem concordância com os pedidos pleiteados e principalmente com os fatos narrados pela parte autora. (descrição individualizada dos fatos e respectivos fundamentos de oposição, como por exemplo): As fls.90/91 do laudo pericial, item 3.2, alínea “a”, aduz o Perito: “Análise quantitativa das espécies nativas, (....)”. Ora, o que se debate in casu, não é a quantidade de espécies, considerada apenas o número de peixes, MAS SE ESSA QUANTIDADE FOI MODIFICADA COMO CONSEQUÊNCIA DIRETA DA AÇÃO DA PARTE RÉ, descrita nas fls 12 e ss. ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 29 (elencadas as demais impugnações). Assim, diante do exposto, Requer a impugnação do laudo pericial pelos fundamentos técnicos e de direito aqui demonstrados no laudo pericial, com o devido respeito ao Ilustre Perito e, por conseguinte, o requerimento de improcedência total do pedido formulado na inicial. N. Termos P. Deferimento (Cidade), (data). Nome do advogado (Inscrição OAB) ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 30 Referências bibliográficas FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2017. GUERRA, Antônio José Teixeira e CUNHA, Sandra Baptista da. Avaliação e perícia ambiental. São Paulo: Bertrand Russel, 2016. MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito ambiental brasileiro, São Paulo: Malheiros, 2016. PRADO, Luiz Regis. Direito penal do ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.