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Apostila de Elaboração e Constestação de Laudos Ambientais

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ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 1 
 
 
Elaboração e contestação de laudos 
ambientais 
 
 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 2 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDO AMBIENTAL 
 
O Perito e a Perícia Ambiental 
 
Perito é o profissional que, atuando na sua área de competência profissional, é o 
responsável pela elaboração de laudos ou pareceres técnicos, situações ou fatos 
relacionados a coisas e pessoas, na matéria que lhe é submetida, com o objetivo de 
elucidar determinados aspectos técnicos. 
 
Perito judicial 
 
É o profissional nomeado e habilitado pelo juiz, na forma dos arts. 464 a 480, do Novo 
Código de Processo Civil (NCPC). O perito judicial tem prazo de cinco dias, contados 
da sua nomeação, para juntar aos autos, além da sua proposta de honorários e dos 
seus contatos profissionais (endereço, telefone e e-mail), também o seu currículo 
atualizado com a devida comprovação de sua especialização, sob pena de substituição. 
Obs.: De acordo com o § 1º do art. 156 do novo CPC, "os peritos serão nomeados 
entre os profissionais legalmente habilitados e os órgãos técnicos ou científicos 
devidamente inscritos em cadastro mantido pelo tribunal ao qual o juiz está vinculado". 
Portanto, o juiz poderá nomear para perito não apenas o profissional, pessoa física, 
mas também órgãos técnicos ou científicos, como instituições universitárias e institutos 
de pesquisas. 
Sua atuação pode ser definida como um trabalho técnico-científico sobre fatos 
controversos entre as partes, em que o perito judicial, a partir de uma metodologia 
sistemática, analisará esses fatos e apresentará um laudo ou parecer conclusivo. 
Resumindo, o perito judicial é um profissional habilitado que atua em sede de processo 
judicial, na formação da prova técnica pericial. 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 3 
Uma inovação interessante, trazida pelo novo CPC, é a chamada perícia consensual1: 
nesse caso, a perícia consensual substitui, para todos os efeitos, a que seria realizada 
por perito nomeado pelo juiz2. 
 
Perito assistente 
 
Também é um profissional que atua na área de sua competência profissional, que é 
indicado pelas próprias partes; assim, os assistentes técnicos são de confiança da parte 
e não estão sujeitos a impedimento ou suspeição; devendo o perito assegurar aos 
assistentes das partes o acesso e o acompanhamento das diligências e dos exames 
que realizar, com prévia comunicação, comprovada nos autos, com antecedência 
mínima de 5 dias3. 
 
Perito Criminal 
 
O perito criminal é um servidor público, a serviço da justiça, que realiza a análise crítica 
e científica dos locais onde ocorreram crimes, bem como perícias laboratoriais 
envolvendo requisições feitas pela autoridade policial, Ministério público e autoridade 
judicial; também atua em áreas como perícia contábil, dentre outras. O perito é 
responsável por localizar as provas técnicas, e analisar os vestígios e evidências do 
delito. O trabalho do perito criminal é a produção das chamadas provas técnicas, que 
não devem ser negligenciadas mesmo quando o réu é confesso. 
O perito criminal, após a localização das provas, estuda o corpo do objeto, realiza 
exames laboratoriais específicos, analisa todas as informações das quais dispõe e 
reconstitui a cena do crime, na tentativa de desvendar os autores, as armas utilizadas, 
o modo como foi realizado e até as vítimas. O profissional de perícia é selecionado 
mediante concurso público, e pode participar de operações isoladas e da perícia de 
 
1 Prevista no art. 471 do Novo Código, poderão as partes, de comum acordo, desde que plenamente capazes, quando a demanda 
possa ser resolvida por autocomposição, escolher o perito, indicando-o ao juízo mediante requerimento nesse sentido. 
2 Art. 471, § 3o, NCPC. 
3 Art. 466, §§ 1º e 2º, NCPC. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 4 
pequenos delitos, ou de operações específicas juntamente com outros departamentos 
da justiça. 
 
Legislação Pericial 
 
Os procedimentos relativos à perícia são disciplinados por diversos diplomas 
normativos, considerando a natureza específica e o objeto da perícia; assim, temos 
como principais normas: 
- Código de Processo Civil. 
-Código de Processo Penal. 
-Código de Processo Penal Militar. 
-Lei 10876/2004 – Perícia Médica da Previdência Social. 
 
No caso específico da perícia ambiental, além das disposições de direito ambiental, é 
necessário observar o cumprimento das normas técnicas aplicáveis ao caso concreto 
em análise. 
As principais normas usualmente empregadas são: 
 
a) Água: 
Decreto 23.777/34 – indústria açucareira. 
Lei 7.661/88 – gerenciamento costeiro. 
Lei 7.754/98 – florestas em nascentes de rios. 
Lei 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos. 
Resolução 357/05 – Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). 
 
 
b) Ar: 
Decreto-Lei 1.413/75 – poluição por atividades industriais. 
Lei 6.803/80 – zoneamento industrial. 
Portaria 231/76. 
Resoluções 03/90 – 06/93 – 18/86 – Conama. 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 5 
c) Camada de Ozônio: 
Decreto 2.679/98. 
Decreto 2.699/98. 
 
d) Solo: 
Lei 5.318/67. 
Lei 6.766/79. 
 
Crimes Ambientais 
 
Os crimes contra o meio ambiente ou crimes ambientais, só existem na forma definida 
em lei. Lembra José Afonso da Silva que: 
 
 
“O Código Penal e outras leis definiam crimes, ou contravenções penais, contra o meio 
ambiente. Todas essas leis foram revogadas pela Lei 9.605, de 12 de fevereiro de 
1998, que dispôs sobre as sanções penais e administrativas derivadas de condutas e 
atividades lesivas ao meio ambiente”. 
 
Essa lei separou os crimes segundo os objetos de tutela, da seguinte forma: 
 
- Crimes contra a fauna (arts. 29-37). 
- Crimes contra a flora (arts. 38-53). 
- Poluição e outros crimes (arts. 54-61). 
- Crimes contra a Administração Ambiental (arts. 66-69). 
 
Além dessa caracterização, a Lei 9.605/98 – lei de crimes ambientais , ressaltou 
alguns aspectos importantes: 
 
a) O crime ocorre por ação ou omissão. 
b) A responsabilidade é pessoal(física) e também jurídica. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 6 
c) Sanções alternativas. 
d) O funcionário público responde na medida do dano (corresponsabilidade por 
omissão). 
 
Também, a lei de crimes ambientais apresenta outras disposições, relativamente aos 
seguintes aspectos: 
 
a) Sanções. 
b) Agravantes e atenuantes. 
c) Crimes em espécie. 
d) Cálculo das multas. 
 
Assim, os crimes ambientais são tipificados principalmente na lei de crimes ambientais 
(Lei 9.605/98), mas também no Código Florestal (Lei 12.651/2012), em alguns artigos 
do Código Penal que não foram revogados pela Lei 9.605/98, na Lei 6.453/77 
(responsabilidade criminal por atos relacionados com atividades nucleares) e na Lei 
7.643/87 (criminaliza a pesca de cetáceos em águas brasileiras). 
É importante destacar o fato de que parte das normais penais ambientais caracterizam-
se como normas penais em branco; assim, é necessária, para sua aplicação, a 
interpretação em conjunto com outras leis, inclusive de direito administrativo, e direito 
material específico de outras ciências para sua configuração e complementação. 
Outro ponto a ser destacado é aquele relativo ao polo passivo da relação penal 
ambiental, especificamente no que se refere ao tema da desconsideração da 
personalidade jurídica (Lei 9.605/98, arts. 3o e 4o); ou seja, tanto pessoas físicas 
quanto pessoas jurídicas podem figurar como autoras de crimes ambientais. 
 
Interessante apresentar a manifestação dos Tribunais Superiores sobre a matéria, nas 
palavras do Ministro Gilson Dipp4: 
 
 
4 REsp 564.960/SC. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 7 
“... não obstante alguns obstáculosa serem superados, a 
responsabilidade penal da pessoa jurídica é um preceito 
constitucional, posteriormente estabelecido, de forma evidente, 
na Lei ambiental, de modo que não pode ser ignorado. 
Dificuldades teóricas para sua implementação existem, mas não 
podem configurar obstáculos para sua aplicabilidade prática na 
medida em que o Direito é uma ciência dinâmica, cujas 
adaptações serão realizadas com o fim de dar sustentação à 
opção política do legislador. Desta forma, a denúncia oferecida à 
pessoa jurídica de direito privado deve ser acolhida, diante de sua 
legitimidade para figurar no polo passivo da relação processual-
penal”. 
 
Outras inovações aduzidas pela lei de crimes ambientais: 
 - Criminalização da pessoa do poluidor indireto5. 
 - Fixação da responsabilidade solidária. 
 - Criminalização das instituições financeiras. 
 - Valorização da participação do poder público. 
 
Crimes culposos e dolosos: 
 
A conduta dolosa (art. 18, I, do CP) consiste na vontade livre e consciente dirigida a 
realizar ou aceitar realizar determinada, conduta prevista abstratamente em uma 
norma penal incriminadora. 
 
Embora esse conceito seja adotado pela maioria da doutrina, deve ser destacado que 
essa liberdade da conduta é matéria não pertencente ao dolo, mas sim à culpabilidade. 
 
 
5 Sobre o assunto, vale a leitura do artigo do Prof. Paulo de Bessa Antunes, O Conceito de poluidor Indireto e a 
Distribuição de Combustíveis, disponível em 
http://www4.jfrj.jus.br/seer/index.php/revista_sjrj/article/viewFile/581/406. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 8 
O dolo é composto por dois elementos: consciência (elemento intelectivo) e vontade 
(elemento volitivo). 
 
Embora existam diversas teorias explicativas do dolo, de acordo com a doutrina 
majoritária, no Brasil adotou-se a teoria da vontade (dolo consiste na vontade 
consciente de querer praticar a infração penal tipificada em uma norma penal 
incriminadora); no dolo direto (o agente prevê determinado resultado, dirigindo sua 
conduta na busca consciente de realizá-lo) e na teoria do consentimento (o dolo fica 
caracterizado toda vez que o agente, prevendo o resultado como possível, decide 
prosseguir com sua conduta, assumindo o risco de produzi-lo). Na questão do dolo 
eventual, o agente prevê pluralidade de resultados, porém, dirige sua conduta na 
realização de um deles, aceitando o risco de produzir o outro. 
 
Em se tratando de crime omissivo, vale destacar que é imprescindível que o agente 
conheça a situação real que gera omissão; deve saber que não está cumprindo seu 
dever legal e direcionar sua vontade consciente para não realizar o que foi preceituado 
na norma penal. 
 
Em outras palavras, na forma dolosa, o crime omissivo próprio exige ainda a dimensão 
subjetiva (dolo), que revela de modo inequívoco a posição do agente de descumprir a 
proteção legal dada ao bem juridicamente tutelado. 
 
O crime culposo (art. 18, II, do CP) consiste em uma conduta voluntária que realiza 
fato ilícito não querido ou aceito pelo agente, mas que foi por ele previsto (culpa 
consciente) ou lhe era previsível (culpa inconsciente) e que poderia ser evitado se o 
agente atuasse com o devido cuidado. 
 
Ou seja, a culpa pode ser definida como uma falta com o dever de cuidado; o agente 
age com imprudência, imperícia ou negligência e, em decorrência dessa falta de 
cuidado, produz-se um determinado resultado contrário ao preceituado na norma 
penal incriminadora. 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 9 
 
Com relação ao rol das penas cominadas na legislação ambiental penal, podem-se 
verificar: 
 
A) Penas aplicáveis às pessoas físicas: 
 
 - penas restritivas de liberdade – detenção, reclusão e prisão simples; 
 - penas restritivas de direito – na forma do art. 7o, Lei 9605/98; e 
 - pena de multa. 
 
B) Penas aplicáveis às pessoas jurídicas: 
 
No que se refere à cominação das penas aplicáveis às pessoas jurídicas, o art. 21, Lei 
9.605/98, estabelece penas isoladas, alternativas e cumulativas. As penas isoladas 
afastam a incidência de outras penas; na alternativa, há mais de uma pena, mas 
apenas uma é aplicada e, é possível, ainda, a aplicação de mais de uma pena ao autor. 
 - Pena de multa (esta não deve ser confundida com a multa administrativa; ou 
seja, por terem natureza diversa, é possível a aplicação da multa, de natureza criminal 
e, ao mesmo tempo, a multa de natureza administrativa), esta é revertida ao Fundo 
Penitenciário. 
 - Penas restritivas de direito – estas estão elencadas no art. 22 da Lei de crimes 
ambientais: suspensão, parcial ou total de suas atividades; interdição temporária de 
estabelecimento, obra ou atividades; e proibição de contratar com o poder público, 
bem como dele obter subsídios, subvenções ou doações. 
 - Pena de prestação de serviços à comunidade – que pode, na impossibilidade 
da prestação, ser convertida em contribuição a entidades de natureza ambiental, 
cultural ou entidades públicas. 
 
 
Deve ser destacado que também é possível, no âmbito penal ambiental, aplicar-se à 
pessoa jurídica: pena de liquidação forçada (art. 24, Lei 9.605/98) – nessa hipótese, 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 10 
ocorre a extinção da pessoa jurídica e seu patrimônio é revertido para a União Federal; 
e, ainda, pena de apreensão de produtos. 
Crimes ambientais na Lei 9605/98 
 
De acordo com a Lei de Crimes Ambientais, os crimes ambientais são classificados em 
cinco tipos diferentes: 
 - Crimes contra a fauna (arts. 29 a 37): 
Caracterizam-se pelas agressões cometidas contra animais silvestres, nativos ou em 
rota migratória, como a caça, pesca, transporte e a comercialização sem autorização; 
os maus-tratos; a realização experiências dolorosas ou cruéis com animais quando 
existe outro meio, independente do fim. Também estão incluídas as agressões aos 
hábitats naturais dos animais, como a modificação, danificação ou destruição de seu 
ninho, abrigo ou criadouro natural. 
A introdução de espécimes animais estrangeiras no país sem a devida autorização 
também é considerado crime ambiental, assim como a morte de espécimes devido à 
poluição. 
 
 - Crimes contra a flora (arts. 38 a 53): 
Causar destruição ou dano a vegetação de áreas de preservação permanente, em 
qualquer estágio, ou a unidades de conservação; provocar incêndio em mata ou 
floresta ou fabricar, vender, transportar ou soltar balões que possam provocá-lo em 
qualquer área; extração, corte, aquisição, venda, exposição para fins comerciais de 
madeira, lenha, carvão e outros produtos de origem vegetal sem a devida autorização 
ou em desacordo com esta; extrair de florestas de domínio público ou de preservação 
permanente pedra, areia, cal ou qualquer espécie de mineral; impedir ou dificultar a 
regeneração natural de qualquer forma de vegetação; destruir, danificar, lesar ou 
maltratar plantas de ornamentação de logradouros públicos ou em propriedade 
privada alheia; comercializar ou utilizar motosserras sem a devida autorização. 
 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 11 
 - Poluição e outros crimes ambientais (arts. 54 a 61): 
Todas as atividades humanas produzem poluentes (lixo, resíduos, e afins), no entanto 
apenas será considerado crime ambiental passível de penalização a poluição acima dos 
limites estabelecidos por lei. 
Além desta, também é criminosa a poluição que provoque ou possa provocar danos à 
saúde humana, mortandade de animais e destruição significativa da flora. Assim como 
aquela que torne locais impróprios para uso ou ocupação humana, a poluição hídrica 
que torne necessária a interrupção do abastecimento público e a não adoção de 
medidas preventivas em caso de risco de dano ambiental grave ou irreversível. 
São considerados crimes ambientais a pesquisa, lavra ou extração de recursosminerais 
sem autorização ou em desacordo com a obtida e a não recuperação da área 
explorada; a produção, processamento, embalagem, importação, exportação, 
comercialização, fornecimento, transporte, armazenamento, guarda, abandono ou uso 
de substâncias tóxicas, perigosas ou nocivas à saúde humana ou em desacordo com 
as leis; a operação de empreendimentos de potencial poluidor sem licença ambiental 
ou em desacordo com esta; também se encaixam nesta categoria de crime ambiental 
a disseminação de doenças, pragas ou espécies que possam causar dano à agricultura, 
à pecuária, à fauna, à flora e aos ecossistemas. 
 
 - Crimes contra o ordenamento urbano e o patrimônio cultural (arts. 
62 a 65): 
Ambiente é um conceito amplo que não se limita aos elementos naturais (solo, ar, 
água, flora, fauna). 
Na verdade, o meio ambiente é a interação destes, com elementos artificiais  aqueles 
formados pelo espaço urbano construído e alterado pelo homem  e culturais que, 
juntos, propiciam um desenvolvimento equilibrado da vida. 
Desta forma, a violação da ordem urbana e/ou da cultura também configura um crime 
ambiental. 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 12 
- Crimes contra a administração ambiental (arts. 66 a 69): 
São as condutas que dificultam ou impedem que o Poder Público exerça a sua função 
fiscalizadora e protetora do meio ambiente, seja ela praticada por particulares ou por 
funcionários do próprio Poder Público. 
Comete crime ambiental o funcionário público que faz afirmação falsa ou enganosa, 
omitir a verdade, sonegar informações ou dados técnico-científicos em procedimentos 
de autorização ou de licenciamento ambiental; ou aquele que concede licença, 
autorização ou permissão em desacordo com as normas ambientais, para as 
atividades, obras ou serviços cuja realização depende de ato autorizativo do Poder 
Público. 
Também comete crime ambiental a pessoa que deixar de cumprir obrigação de 
relevante interesse ambiental, quando tem o dever legal ou contratual de fazê-la, ou 
que dificulta a ação fiscalizadora sobre o meio ambiente. 
 
 
 
Procedimentos técnicos e metodológicos para elaboração de laudo 
ambiental 
 
Os procedimentos técnicos a serem adotados na elaboração de laudo pericial 
ambiental dependerão do objeto específico a ser periciado; assim, o perito deverá 
utilizar a técnica recomendada pela sua área de especialização, relativamente ao 
objeto da perícia. Assim, os procedimentos serão determinados por áreas específicas, 
tais como procedimentos técnicos nas áreas de biologia, engenharias etc. 
No que se refere às metodologias, estas também deverão ser selecionadas de acordo 
com o objeto da perícia e considerando ainda a quesitação (o questionamento, o que 
se pretende ser respondido) feita pelo solicitante da perícia. 
Para fins de ilustração, os diversos métodos podem ser resumidos da seguinte forma: 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 13 
• Os métodos são mecanismos estruturados para identificar, coletar e organizar 
os dados de impacto ambiental, permitindo a sua apresentação em formatos 
visuais que facilitem a interpretação pelas partes interessadas. 
• Esses métodos variam com as características do objeto da perícia. 
 
Também poder ser classificados em: 
• Métodos quantitativos indicativos, os quais são centrados preponderantemente 
na identificação e sintetização dos impactos relativos ao objeto da perícia. 
Geralmente são adotados quando o interesse do solicitante é meramente o de 
se verificar a ocorrência e a dimensão de um determinado impacto ambiental. 
• Métodos quantitativos que incorporam base de cálculo. 
 
Também é interessante destacar que a seleção do método também considera os 
aspectos relacionados ao levantamento de dados e a forma específica para a 
apresentação do próprio laudo pericial ao final da perícia. 
 
A seguir serão apresentados modelos teóricos, utilizados em avaliação ambiental, que, 
dependendo do objeto, podem ser utilizados pelo perito na elaboração de um laudo 
pericial: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 14 
Modelo de matriz 
 
Modelo de redes de interação: 
 
 
 
Laudo Pericial 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 15 
Elementos e quesitos a serem solicitados e/ou respondidos em uma perícia 
 
DEFINIÇÕES 
 
As definições apresentadas a seguir foram especificadas na forma da Instrução Técnica 
- IT-029.R-1 - INSTRUÇÃO PARA ELABORAÇÃO DE LAUDO PERICIAL , aprovada pela 
Deliberação CECA no 550, de 04 de outubro de 1984. Publicada no DOERJ de 23 de 
outubro de 1984; adotada pelo INEA-RJ: 
 
 
Despacho - expressão de decisões proferidas por autoridades judiciais ou 
administrativas em documentos submetidos à sua apreciação. 
Relatório - documento em que se expõem fatos com a discriminação de todos os 
seus aspectos e elementos. 
Parecer - manifestação sobre fatos ou assuntos submetidos à consideração de ordem 
técnica, com recomendações quando necessárias. 
Perícia - exame ou vistoria de caráter técnico e especializado. 
Perito - profissional habilitado que, por suas qualidades ou conhecimentos, está em 
condições de estabelecer a situação do fato ou assunto que se pretende aclarar ou pôr 
em evidência para uma solução justa e verdadeira. 
Laudo pericial - peça escrita, fundamentada, em que os peritos expõem as 
observações e estudos que fizeram e consignam as conclusões da perícia. 
 
 
 
Elementos/quesitos  baseado em laudo pericial real 
 
(Disponível na íntegra em 
http://www.geociencias.ufpb.br/~paulorosa/gema/images/stories/pericias/6_pericia_
%20nuppa.pdf0) 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 16 
1  DESIGNAÇÃO PARA A REALIZAÇÃO DA PERÍCIA 
Identificação da autoridade, órgão ou pessoa que solicitou a perícia, incluindo o 
respectivo documento de solicitação. 
Conforme será visto adiante no modelo básico (sumário de laudo), estas informações 
deverão constar do PREÂMBULO do laudo pericial. 
2 – HISTÓRICO 
Indicação do documento e autoridade, órgão etc. e abordagem inicial dos 
questionamentos (quesitos) a serem objeto da perícia; como por exemplo: 
 
a. Houve agressão ao meio ambiente? 
b. Em caso positivo, quais foram essas agressões? 
c. Qual a extensão dos danos causados, caso tenham sido os mesmos 
constatados? 
d. Qual a solução ou soluções para resolver o problema? 
 
3 – OBJETIVO 
Descrição do objetivo pericial, levando em consideração os questionamentos 
apresentados no documento que solicitou a realização da perícia. 
Exemplo: 
Verificar se a atividade desenvolvida na área a ser periciada está afetando o sistema 
ambiental. 
Identificar as evidências deixadas pela atividade, que estão causando a degradação 
ambiental, provocando assim um dano. 
 
4 – DESCRIÇÃO DO LOCAL 
Descrição detalhada da área a ser objeto da perícia, incluindo: coordenadas, mapas 
de situação, existência de recursos hídricos, vegetação nativa, grupamentos humanos 
etc. 
Exemplo: 
A área onde foi executado este laudo pericial localiza-se no interior do território do 
NUPPA situado na porção Sudeste da cidade de João Pessoa rumo ao acesso à estrada 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 17 
da praia da Penha, próximo ao distrito industrial do bairro de Mangabeira, estando 
inserido na bacia hidrográfica do rio Cabelo (Figura 1). 
Na condição de órgão do Centro de Tecnologia da Universidade Federal da Paraíba, o 
NUPPA que realiza processamento e pesquisa na área de alimentos, assim, dentro dos 
seus limites territoriais encontra-se muitas espécies de frutíferas. 
A jazida mineral está situada no interior da área do órgão, entre as coordenadas planas 
(UTM) 0299198/9207682, na vertente esquerda do riacho Cabelo, afluente 
intermitente do Rio de mesmo nome. 
A área onde o NUPPA está situado compreende o topo e a vertente esquerdado Rio 
Cabelo, constando ainda em seu território um afluente desse rio (Figura 2), que 
deságua já fora do território do núcleo. 
Além das árvores frutíferas que incluem cajueiros, mangabeiras entre outras, existem 
porções da vegetação nativa (Mata Atlântica) que se constituem da Floresta Estacional 
Semidecidual e da Savana, também denominada vegetação de tabuleiro (Fotos 1a e 
1b). 
 Essas tipologias revestem pacotes de areia quartzosas dos tabuleiros do 
Pliopleistoceno do Grupo Barreiras delineando a fisiografia local, que mostra seu 
desenho em três importantes unidades do relevo: topo, vertente e fundo do vale. 
Essas três unidades podem ser visualizadas na figura 3, apresentando um perfil 
transversal que se inicia no local da mineração, cortando o vale do riacho, local das 
instalações prediais do núcleo e vertente e vale do Rio Cabelo. 
Devido à proximidade com o Oceano Atlântico, a área recebeu nos últimos anos uma 
precipitação em torno de 1.700 mm anuais (Figura 4) e devido a essa carga de 
umidade oriunda dos ventos Alísios de Sudeste, o desgaste intempérico se dá, 
sobretudo, nas vertentes orientadas para o sudeste, que são as vertentes esquerdas 
do Rio Cabelo e de seus afluentes localizados em sua totalidade nesse mesmo lado. 
 
5 – DESCRIÇÃO DOS EXAMES PERICIAIS A SEREM EFETUADOS 
Aqui, o perito deverá identificar quais os exames periciais que serão efetuados para 
que seja possível oferecer respostas aos quesitos apresentados pelo solicitante da 
perícia. 
Exemplo: 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 18 
 
Exame Pericial demonstrando que a intervenção cria condições adversas às 
atividades sociais e econômicas. 
O vale do riacho tributário do rio Cabelo já possui uma de suas vertentes danificadas 
pela retirada do material arenoso, por isso há presença dos processos morfogenéticos 
fortes, onde apresenta um nível de erosão acentuada nitidamente notado através de 
suas margens que estão cedendo material, comprometendo inclusive as árvores e 
arbustos que estão próximos a elas (Fotos 4b e 4c). 
 
Exame Pericial verifica que a intervenção lança matéria ou energia em 
desacordo com os padrões ambientais estabelecidos. 
A presença constante de veículos pesados, ou seja, caminhões basculantes com até 
três eixos cuja carga chega a mais de 21 m3 de areia circulam diariamente pelo local 
fazendo um batimento efetivo no assoalho do ambiente. Caminhões esses que em 
muitos casos, conforme o depoimento de um usuário do lugar, transportam a carga 
para a cidade do Recife. A circulação desses veículos normalmente se dá quando o dia 
começa a raiar, entorno das 4:30 da manhã (verificação in loco). 
 
6 – CONSIDERAÇÕES TÉCNICO-PERICIAIS OU DISCUSSÃO LEGAL 
Indicação das normativas (leis, Portarias, Decretos, resoluções, Normas técnicas etc., 
que embasaram a perícia e sua interface com os exames periciais efetuados. 
Exemplo: 
Do corpo legal que normatiza a relação sociedade natureza. 
Resolução no 001 do CONAMA de 23/01/86. 
O impacto ambiental consiste em qualquer alteração das propriedades físicas, químicas 
e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia 
resultante das atividades humanas etc. 
Constituição Federal através de seu Artigo 225, §4o; 
Lei no 4771, de 15 de setembro de 1965, Artigo 2o, letras a e g, Artigo 3o, letra a; 
Lei 7805, de 18 de julho de 1989, Artigo 9o, item VI, 
Lei 6938, de 31 de agosto de 1981, Artigo 4o, itens I e VI. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 19 
Os conjuntos de leis que regem a convivência social com a manutenção do equilíbrio 
dos sistemas naturais foram se desenvolvendo e aperfeiçoando gradativamente, 
principalmente após a tomada de consciência da finitude dos recursos da natureza. 
Tomando-se a Teoria de Sistemas como modelo central para a elaboração deste laudo 
vê- se, nesta ótica, que o ambiente é composto pelos conjuntos naturais Climático, 
Hídrico e Topográfico que, como resultado dessas intercessões tem-se o meio biótico, 
ou seja, a vida em suas diversas formas, inclusive a sociocultural! 
Nesse sentido considerou-se a categoria região como um conceito geográfico eficiente 
para o delineamento da área estudada. 
São duas as justificativas para o uso deste conceito: primeiro, por seu caráter 
arbitrário, torna-se possível delinear a forma de uma região a partir de um juízo mental 
ou da escolha de um ou de parte de seus elementos (BROEK, 1976). 
Segundo, por admitir na sua configuração espacial um caráter flexível de sua forma, 
ou seja, no estabelecimento de uma região não há como estabelecer limites precisos, 
pois é unicamente possível, delinear seus limiares através da diferenciação de 
componentes vizinhos mais imediatos. 
Esta segunda justificativa é compatível à teoria adotada, pois favorece ao estudo dos 
processos dinâmicos e interdependentes dos elementos que compõem o meio 
estudado. 
A região delineada para ser levada em consideração neste laudo constituiu-se da bacia 
hidrográfica do rio Cabelo. 
A Lei 6.308, de 02 de julho de 1996, que institui a Política Estadual de Recursos 
Hídricos, no seu art. 2o, § 3o, considera a bacia hidrográfica como unidade básica de 
planejamento e gerenciamento dos Recursos Hídricos. 
Os Recursos Hídricos são destacados aqui através do Decreto 24.643, de 10 de julho 
de 1934, que decreta o Código das Águas, no seu art. 6o que afirma que “são públicas 
e dominicais todas as águas situadas em terrenos que também o sejam, quando as 
mesmas não forem de domínio público de uso comum, ou não forem comuns”. 
No caso específico deste laudo passa-se a considerar que a desembocadura do rio 
Cabelo caracteriza-se como bem público dominical no que diz o art. 2o do mesmo 
Decreto: “São públicos dominicais os terrenos de marinha...” e dentro do que preceitua 
a Lei 6.938 de 31 de agosto de 1981, que dispõe sobre a Política Nacional do Meio 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 20 
Ambiente, nos seus objetivos que, dentre outros, visa “à preservação e restauração 
dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade 
permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida”. 
Neste caso da exploração de jazida do mineral areia em área que constituem vertentes 
de canais de alimentação de rios, faz com que o rio deixe de exercer as funções que 
lhe são próprias, o lazer e os provimentos essenciais da sociedade e passe a não suprir 
mais uma de suas importantes funções, que é a de proporcionar bem-estar social. 
Portanto, considera-se como poluição o resultado dessa atividade mineradora porque 
de acordo com a Lei 6.938, anteriormente citada, a poluição é um estado resultante 
de atividades que “prejudiquem a saúde, a segurança e o bem-estar da população” e 
“criem condições adversas às atividades sociais e econômicas”. 
No caso, a retirada da vegetação e do solo da área de vertente de canal de escoamento 
pertencente à bacia hidrográfica do rio Cabelo, que se configura como a jazida 
localizada nos domínios do NUPPA, proporciona a diminuição da alimentação da 
matéria fluvial que se infiltra lenta e progressivamente com a ajuda da vegetação ciliar 
que retém a umidade do solo. 
 
7 – RESPOSTAS AOS QUESITOS 
Aqui, o perito apresentará, de forma fundamentada, as respostas aos quesitos 
formulados pelo solicitante. 
Exemplo: 
Há legalidade da atividade minerária no NUPPA? 
Em relação a este quesito não foi possível verificar a legalidade das licenças, pois em 
visita a órgão competente, funcionários não informaram sobre a situação legal da 
empresa responsável e nem pela mineração. 
Houve agressão ao ambiente? 
Considerando-se que agressão, segundo o Dicionário Aurélio, refere-se à “conduta 
caracterizada por intuito destrutivo”, em que o caráter destrutivo, neste caso, se dá 
pelo fato desta atividade minerária esgotar um recurso irrecuperável,causar impacto 
e dano ao ambiente. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 21 
De acordo com o Código Civil Brasileiro em seu art. 159, o dano é o resultado de toda 
ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, que violar o direito ou causar 
prejuízo a outrem. 
No caso, a violação de direito se dá quando da quebra do equilíbrio ambiental, 
especificamente da bacia do Rio Cabelo, que ocasiona dano ao que preceitua a já 
citada Lei 6.938, de 31 de agosto de 1981, bem como o que dispõe o Código das 
Águas, no seu art. 6o. 
A partir desses enunciados no caso da atividade em questão, houve agressão ao 
ambiente. 
 
Em caso positivo, quais foram essas agressões? 
1  eliminação do pacote do solo arenoso existente no local; 
2 – exposição do fragipan, dificultando regeneração vegetal; 
3  eliminação da vegetação espontânea que se encontrava na área e 
4 – desmonte de vertente esquerda do Riacho Cabelo. 
 
Qual a extensão dos danos causados? 
Num sistema natural em que inevitavelmente os elementos estão sempre inter-
relacionados apresentando muitas ou infinitas variáveis, pode-se considerar os danos 
e sua extensão em uma escala macro. 
Mas, no caso do laudo aqui apresentado delineamos uma região que foi a bacia 
hidrográfica que abriga o rio Cabelo, para que seja possível definir-se mais 
especificamente a amplitude espacial que irá ser considerada e, desta forma, 
cercarmos mais os elementos a serem considerados em escala mais próxima à micro, 
ou a área em que está ocorrendo o evento. 
Desta forma, referente à problemática deste laudo, a extensão dos danos se dá até os 
limiares da bacia hidrográfica do rio Cabelo, pois sua nascente já se encontra 
comprometida pela urbanização s no bairro Mangabeira, próximo ao hospital 
Maternidade. 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 22 
Qual a solução ou soluções para resolver o problema? 
Considerando que a agressão está sendo ainda causada, a primeira medida é paralisar 
imediatamente. 
No entanto no lugar em que já foi causada a agressão danosa, a única forma de 
minimizar o impacto será uma medida de compensação, tendo em vista que a 
vegetação já foi retirada e a areia também. 
Por analogia da área vizinha, onde já faz algum tempo que a mesma foi abandonada 
e continua praticamente desnuda, tendo o mesmo substrato, conforme ilustra as fotos 
3a, 3b, 4b e 8, será muito demorada uma recomposição vegetal na área devastada 
através dos estágios de sucessão, tendo em vista que o banco de sementes foi levado 
juntamente com a areia e o substrato atual, como já salientado, ser de difícil 
recomposição. 
 Entretanto, a vegetação poderá ser recomposta se forem tomadas algumas medidas 
para acelerar o processo. 
Neste aspecto, o NUPPA poderá recompor a área com espécies da vegetação nativa, 
contudo não deverá realiza-lo com apenas uma espécie, como foi observado no local, 
tendo em vista que a vegetação suprimida consistia de uma comunidade e não de uma 
população, a qual por ser composta de uma única espécie, as exigências constituem-
se pelos mesmos elementos, alimentando, dessa forma, uma competição 
intraespecífica , o que acaba por enfraquecer cada vez mais o sistema natural. Com 
relação ao pacote arenoso, sabe-se que é de origem quaternária e não poderá se 
recompor. 
 
8 – CONCLUSÃO 
Aqui o perito apresenta o encerramento da sua atividade, a conclusão do laudo pericial. 
Exemplo: 
Fazendo uma interpretação em perspectiva, pode-se afirmar que a fisiografia e a 
fisionomia da paisagem foi totalmente alterada. 
O corpo em evidência, que é a paisagem estruturada de forma sistêmica e abrigada 
pela bacia hidrográfica do rio Cabelo, no entanto, a paisagem natural é a aparência, 
cuja estética é a harmonia existente entre os elementos e os conjuntos pertencentes 
àquela situação, qualquer intervenção causa uma perturbação impactante nessa 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 23 
competição intraespecífica é àquela que ocorre entre dois ou mais indivíduos da 
mesma espécie. 
A harmonia, logo, a estética é alterada. 
A mineração em destaque na extração de areia, recurso não renovável, é, por sua 
própria natureza, uma atividade que agride o meio ambiente, causando normalmente 
irreparáveis danos à paisagem. 
Por ser o setor produtivo de areia caracterizado por um planejamento simplificador 
dos processos de lavra e beneficiamento, essas características levam a uma exploração 
quase sempre depredadora, que, por sua vez, provoca baixa na qualidade de vida, 
numa perspectiva social-política e econômica. 
Assim, apesar de haver a constatação, a legalidade e cumprimento dos trâmites 
burocráticos não garantem que a prática mineradora respeite o sistema ambiental. 
Assim a atuação do poder público em deter esse processo de extração minerária no 
local poderá minimizar as agressões já sofridas até então impedindo que mais áreas 
sejam atingidas, principalmente as áreas vizinhas. 
 
Modelo Básico de laudo ambiental (indicação do sumário): 
 
 
LAUDO TÉCNICO 
 
 
I – PREÂMBULO 
Indicação da data, autoridade requerente/solicitante da perícia, local da realização e 
o objetivo básico da mesma. 
 
II – HISTÓRICO 
Indicação do documento (requerimento/solicitação) com data de origem, autoridade, 
número do ofício etc., que originou a efetivação do laudo pericial. 
 
III – DO OBJETIVO 
Indicação do objetivo específico da perícia efetivada. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 24 
 
IV – DA DOCUMENTAÇÃO 
Indicação de todos os documentos que foram apresentados com o 
requerimento/solicitação. 
 
V – DO AUXÍLIO À PERÍCIA 
Indicação, se for o caso, da pessoa ou do órgão que participou como auxiliar do perito. 
 
VI – DA DATA 
Indicação da data em que a perícia foi efetivada (início e fim). 
 
VII – DO MATERIAL UTILIZADO 
Indicação de materiais, como: imagens, softwares, aplicativos, mapas, dados 
estatísticos etc. 
 
VIII – DA LEGISLAÇÃO EM VIGOR 
Indicação das normativas (leis, portarias, decretos, resoluções, normas técnicas etc.) 
que embasaram a perícia. 
 
IX – DO MÉTODO UTILIZADO 
Descrição da metodologia empregada na efetivação da perícia e respectivo 
embasamento técnico, justificando a adequação da metodologia utilizada ao objeto da 
perícia. 
 
X – DOCUMENTOS COLETADOS 
Apresentação dos documentos (se for o caso). 
 
XI – DESCRIÇÃO DO QUE FOI CONSTATADO 
 
XII – ANÁLISE TÉCNICA 
Descrição dos modelos de análise técnica, a partir de análise crítica de todo o material 
disponível ao perito. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 25 
 
XIII – OUTROS ELEMENTOS 
Apresentação de outros elementos que o perito entender indispensáveis à resposta do 
que foi requerido/solicitado. 
 
XIV – GLOSSÁRIO 
 
XV – CONCLUSÃO 
Data, local e identificação/qualificação dos peritos. 
Assinatura 
 
 
 
Contestação em sede pericial: 
Antes da elaboração do laudo pelo perito: observância das regras do CPC/2015 (ver 
arts. 464 a 484). 
- Deferindo a perícia, o juiz nomeia o perito, fixando prazo para a entrega do laudo. 
- Intimadas da nomeação do perito, as partes têm o prazo de 15 dias para arguir o 
impedimento ou a suspeição do perito, se for o caso, indicar assistente técnico e 
apresentar quesitos. (Obs.: o assistente técnico é de confiança da parte e não está 
sujeito a impedimento ou suspeição). 
- Apresentados os quesitos, intima-se a parte contrária, que pode impugná-los, 
cabendo ao juiz indeferir os impertinentes e formular os que entender necessários. 
- Intimado da nomeação, cabe ao perito apresentar, em cinco dias, sua proposta de 
honorários, currículo e endereço, especialmente o eletrônico, para fins de intimação. 
- Segue-se o prazo de 5 dias para as partes manifestarem-se sobre os honorários, que 
são arbitrados pelo juiz, que pode determinar o adiantamento de 50% dos honorários, 
que podem ao finalser reduzidos, se inconclusiva ou deficiente a perícia. 
- O perito inicia a perícia independentemente de compromisso, no dia, na hora e no 
local por ele próprio designados, ou pelo juiz, cientes as partes. 
- Havendo exames ou diligências a realizar-se em outra data, deve o perito dar ciência 
às partes, com 5 dias de antecedência. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 26 
- Enquanto se realiza a perícia, podem as partes apresentar quesitos suplementares, 
aos quais o perito responde previamente ou na audiência de instrução e julgamento. 
- Para o desempenho de sua função, o perito e os assistentes técnicos podem ouvir 
testemunhas, solicitar documentos e instruir o laudo com planilhas, mapas, plantas 
desenhos, fotografias etc. Contudo, eles não têm poderes de coerção, devendo dirigir-
se ao juiz, se necessário, para ouvir testemunha ou obter documento. 
- O laudo pericial deve indicar o objeto da perícia, apresentar a análise técnica ou 
científica realizada, indicar o método utilizado e responder aos quesitos, vedada a 
emissão de opiniões pessoais que excedam o exame técnico ou científico do objeto da 
perícia. 
 
Após a elaboração do laudo pelo perito: observância das regras do CPC/2015 (ver arts. 
464 a 484). 
- Apresentado o laudo, as partes são intimadas para manifestarem-se a respeito, prazo 
em que os assistentes técnicos podem também apresentar o seu parecer. 
Observa-se o primeiro fundamento para a impugnação de laudo – a ausência de 
intimação da parte – vício por falta de oportunização do contraditório e da ampla 
defesa. 
- A seguir, pode o juiz determinar a intimação do perito para esclarecer dúvida de 
qualquer dos sujeitos do processo ou divergência com parecer do assistente técnico. 
- Persistindo a dúvida ou a divergência, pode o juiz, de ofício ou a requerimento, 
determinar o comparecimento do perito e do assistente técnico à audiência de 
instrução e julgamento, para o que devem ser intimados com pelo menos 10 dias de 
antecedência. 
- Na sentença, o juiz aprecia o laudo pericial, sem que esteja a ele vinculado, podendo 
fundamentadamente rejeitá-lo, bem como determinar segunda perícia, que não 
substitui a primeira, podendo em qualquer delas fundar-se a decisão. 
A partir dessas disposições legais, podem ser enumerados os seguintes principais 
motivos que fundamentam o requerimento de impugnação de laudo pericial: 
• Não comprovação da qualificação profissional do perito ou qualificação 
inadequada ao objeto da perícia. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 27 
• Suspeição do perito (parente da parte, ter interesse na causa, dentre outros 
motivos). 
• Utilização de métodos inadequados ou insuficiência do laudo relativamente às 
respostas aos quesitos, como, por exemplo, a ausência de fundamentação na 
resposta. 
• Não indicação das fontes dos dados coletados, ou coleta de dados em 
desacordo com a melhor técnica recomendada pelo respectivo conselho 
profissional. 
• Arguição de contradições ou obscuridades, não elucidadas pelo perito. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 28 
Modelo de impugnação de laudo. 
EXMO. SR. DR. JUIZ DE DIREITO DA VARA CÍVEL DA COMARCA ............. 
 
 
 
Processo: xxxxxxxxxxxxxxxxxx 
 
 
 
(qualificação) nos autos da ação em epígrafe, vem por seu Advogado infra-assinado, 
com base ............. apresentar 
 
 
Impugnação ao laudo pericial 
 
 
De fls xx a xxx, pelos fatos e fundamentos que a seguir passa a expor. 
 
Verificou-se que no laudo pericial juntado foram encontradas algumas informações 
fornecidas pelo perito nomeado por este MM Juízo, que merecem ser rebatidas por 
não guardarem concordância com os pedidos pleiteados e principalmente com os fatos 
narrados pela parte autora. 
 
(descrição individualizada dos fatos e respectivos fundamentos de oposição, como por 
exemplo): 
 
As fls.90/91 do laudo pericial, item 3.2, alínea “a”, aduz o Perito: “Análise quantitativa 
das espécies nativas, (....)”. 
 
Ora, o que se debate in casu, não é a quantidade de espécies, considerada apenas o 
número de peixes, MAS SE ESSA QUANTIDADE FOI MODIFICADA COMO 
CONSEQUÊNCIA DIRETA DA AÇÃO DA PARTE RÉ, descrita nas fls 12 e ss. 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 29 
 
(elencadas as demais impugnações). 
 
Assim, diante do exposto, 
 
Requer a impugnação do laudo pericial pelos fundamentos técnicos e de direito aqui 
demonstrados no laudo pericial, com o devido respeito ao Ilustre Perito e, por 
conseguinte, o requerimento de improcedência total do pedido formulado na inicial. 
 
 
 N. Termos 
 P. Deferimento 
 
(Cidade), (data). 
 
Nome do advogado 
 
(Inscrição OAB) 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ELABORAÇÃO E CONTESTAÇÃO DE LAUDOS AMBIENTAIS 30 
Referências bibliográficas 
 
FIORILLO, Celso Antônio Pacheco. Curso de direito ambiental brasileiro. São 
Paulo: Saraiva, 2017. 
 
GUERRA, Antônio José Teixeira e CUNHA, Sandra Baptista da. Avaliação e perícia 
ambiental. São Paulo: Bertrand Russel, 2016. 
 
MACHADO, Paulo Afonso Leme. Direito ambiental brasileiro, São Paulo: Malheiros, 
2016. 
 
PRADO, Luiz Regis. Direito penal do ambiente. São Paulo: Revista dos Tribunais, 
2016.