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See discussions, stats, and author profiles for this publication at: https://www.researchgate.net/publication/315531961
PERÍCIA AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, METODOLÓGICOS E
TÉCNICOS
Thesis · January 2010
DOI: 10.13140/RG.2.2.25220.12165
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A Gestão ambiental na construção civil: a inserção da sustentabilidade ambiental na construção de edifícios na cidade de João Pessoa-PB View project
Henrique Gutierres
Universidade Federal da Paraíba (UFPB)
41 PUBLICATIONS   12 CITATIONS   
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https://www.researchgate.net/publication/315531961_PERICIA_AMBIENTAL_ASPECTOS_CONCEITUAIS_METODOLOGICOS_E_TECNICOS?enrichId=rgreq-11621b4b99607d9fcb19f9170f93faf9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNTUzMTk2MTtBUzo0NzUwNjc2ODQ1MjgxMzFAMTQ5MDI3NjM3MDk5Nw%3D%3D&el=1_x_3&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/Geografia?enrichId=rgreq-11621b4b99607d9fcb19f9170f93faf9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNTUzMTk2MTtBUzo0NzUwNjc2ODQ1MjgxMzFAMTQ5MDI3NjM3MDk5Nw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/project/A-Gestao-ambiental-na-construcao-civil-a-insercao-da-sustentabilidade-ambiental-na-construcao-de-edificios-na-cidade-de-Joao-Pessoa-PB?enrichId=rgreq-11621b4b99607d9fcb19f9170f93faf9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNTUzMTk2MTtBUzo0NzUwNjc2ODQ1MjgxMzFAMTQ5MDI3NjM3MDk5Nw%3D%3D&el=1_x_9&_esc=publicationCoverPdf
https://www.researchgate.net/?enrichId=rgreq-11621b4b99607d9fcb19f9170f93faf9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNTUzMTk2MTtBUzo0NzUwNjc2ODQ1MjgxMzFAMTQ5MDI3NjM3MDk5Nw%3D%3D&el=1_x_1&_esc=publicationCoverPdf
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https://www.researchgate.net/profile/Henrique-Gutierres?enrichId=rgreq-11621b4b99607d9fcb19f9170f93faf9-XXX&enrichSource=Y292ZXJQYWdlOzMxNTUzMTk2MTtBUzo0NzUwNjc2ODQ1MjgxMzFAMTQ5MDI3NjM3MDk5Nw%3D%3D&el=1_x_5&_esc=publicationCoverPdf
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UNIVERSIDADE GAMA FILHO 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HENRIQUE ELIAS PESSOA GUTIERRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIA AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, 
METODOLÓGICOS E TÉCNICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Rio de Janeiro / RJ 
2010 
 
 
11 
 
 
HENRIQUE ELIAS PESSOA GUTIERRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIA AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, 
METODOLÓGICOS E TÉCNICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
 
HENRIQUE ELIAS PESSOA GUTIERRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIA AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, 
METODOLÓGICOS E TÉCNICOS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia apresentada à Universidade Gama Filho como 
requisito parcial para obtenção do título de especialista em 
Licenciamento Ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
Orientador: Prof. Msc. Isis Rodrigues Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
HENRIQUE ELIAS PESSOA GUTIERRES 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
PERÍCIA AMBIENTAL: ASPECTOS CONCEITUAIS, 
METODOLÓGICOS E TÉCNICOS 
 
 
 
 
 
 
 
Monografia julgada e aprovada: 
 
 
 
 
Prof. Orientador: Isis Rodrigues Carvalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14 
 
RESUMO 
 
 
As considerações feitas nesse trabalho buscam desbravar um novo campo de 
atuação para diversos profissionais e um instrumento de gestão do meio ambiente 
crescentemente solicitado no esclarecimento de danos ambientais. O caráter teórico 
do trabalho permitiu a apresentação de diversos conceitos fundamentais e sujeitos 
envolvidos em uma perícia ambiental. Paralelamente a apresentação dos conceitos, 
propõe caracterizar a forma da concepção, elaboração, efetivação e resultado final 
de uma perícia ambiental de caráter cível, tomando como referência as diversas 
fases (etapas) da Ação Ordinária na Área Cível. Ao abordar tais questões, 
enfatizava-se o caráter multidisciplinar para execução dessa atividade, como 
também a importância e a obrigatoriedade dos profissionais envolvidos em adquirir 
conhecimentos básicos na área processual no âmbito cível. 
 
 
 
Palavras-chave: Dano Ambiental; Perícia Ambiental; Multidisciplinar. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15 
 
ABSTRACT 
 
 
The considerations in this work seek to lay a new playing field for various 
professionals and a tool for environmental management in the increasingly requested 
clarification of environmental damage. The theoretical nature of the work allowed the 
presentation of various concepts and subjects involved in an environmental 
survey. Alongside the presentation of the concepts proposed to characterize the 
shape of the design, development, execution and end result of an environmental 
survey of a civil nature by reference to the various stages (stages) of an ordinary Civil 
Area. By addressing such issues, emphasis was given to multidisciplinary 
implementing this activity, as well as the importance and obligation of professionals 
involved in basic skills in the area in civil proceedings. 
 
 
 
Keywords: Environmental Damage, Environmental Survey, Multidisciplinary. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
16 
 
LISTA DE SIGLAS 
 
 
 
ACP - Ação Civil Pública 
 
 
COBREAP - Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e Perícias 
 
 
CPC - Código de Processo Civil 
 
 
EIA/RIMA – Estudo de Impacto Ambiental / Relatório de Impacto Ambiental 
 
 
IBAPE - Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia 
 
 
ONGs - Organizações Não-Governamentais 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
17 
 
SUMÁRIO 
 
 
RESUMO 
ABSTRACT 
LISTA DE SIGLAS 
 Pg. 
 
I - INTRODUÇÃO.......................................................................................................10 
II - OBJETIVOS..........................................................................................................12 
 
CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA............................................................13 
 
1.1 Sociedade e Ambiente..............................................................................131.2 Dano Ambiental.........................................................................................15 
1.3 Instrumentos de Tutela Ambiental.............................................................16 
1.4 Abordagem Ambiental na Legislação Brasileira........................................17 
 
 
CAPÍTULO 2 – ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS DA PERÍCIA 
AMBIENTAL..............................................................................................................20 
 
2.1 Atividade Pericial..................................................................................................20 
2.1.1 Papel do Perito e Assistentes Técnicos............................................................23 
2.1.2 Quesitos: elaboração e respostas.....................................................................26 
2.2 Perícia Ambiental.................................................................................................29 
2.2.1 Código de Processo Civil e a Prova Pericial.....................................................32 
2.2.2 Prova Pericial na Ação Ordinária na Área Cível................................................32 
2.2.2.1 Fases..............................................................................................................33 
I - Petição inicial.........................................................................................................33 
II – Citação.................................................................................................................33 
III – Contestação........................................................................................................34 
IV – Réplica................................................................................................................34 
V - Especificação de Provas.......................................................................................34 
VI - Saneamento do Processo....................................................................................35 
VII - Audiência de instrução e julgamento..................................................................36 
VIII – Sentença...........................................................................................................36 
 
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS TÉCNICOS DA PERÍCIA AMBIENTAL.......................37 
3.1 Procedimentos Técnicos......................................................................................38 
3.1.1 Leitura completa e criteriosa dos autos do processo........................................38 
3.1.2 Levantamentos preliminares.............................................................................38 
3.1.3 Vistoria do Local (Trabalho de Campo).............................................................38 
3.1.4 Elaboração do Laudo Pericial............................................................................39 
3.2 Laudo Pericial.....................................................................................................39 
 
 
 
18 
 
 
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS..................................................................................43 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..........................................................................45 
 
 
10 
I - INTRODUÇÃO 
__________________________________________________________ 
 
 
Ao se tratar da questão ambiental no Brasil é imprescindível considerar a 
estruturação da legislação ambiental do país, que neste início de século é uma das 
mais avançadas de todo mundo, apesar da distância entre o preconizado na lei e a 
sua aplicação de fato. A legislação, em especial a Lei Federal nº 6.938/81 (instituiu a 
Política Nacional de Meio Ambiente), abarca uma série de princípios, diretrizes, 
objetivos e acima de tudo instrumentos de planejamento e gestão do meio ambiente. 
Buscar conhecer, aprofundar e desvendar estes instrumentos é o grande desafio 
para toda sociedade, principalmente para as pessoas ligadas ao meio técnico, 
científico e acadêmico, que necessitam aperfeiçoar a estruturação e metodologias 
desses instrumentos, afim de que sua execução seja a mais coerente e traga o 
maior número de benefícios a sociedade. 
A perícia é uma atividade utilizada para diversos fins, mas apresenta também 
seu viés na área ambiental. A perícia ambiental é uma temática relativamente 
recente nos meios de comunicação e técnico-acadêmicos e com reduzido número 
de bibliografias, o que torna sua abordagem algo desafiador. Assim, a exposição de 
conceitos, procedimentos na construção de um laudo pericial e as tendências para 
essa atividade, colocam-na como fundamental na gestão do meio ambiente, isto 
porque, permite a elucidação de diversos crimes ambientais a partir de um enfoque 
multidisciplinar. 
O ambiente como bem a ser protegido judicialmente, caracteriza-se por estar 
protegido por normas jurídicas, onde estas visam disciplinar a relação da sociedade 
com a natureza, objetivando garantir o direito a toda sociedade de um meio 
ambiente ecologicamente equilibrado para as presentes e as futuras gerações, 
segundo o que preconiza a Constituição Federal de 1988. Portanto, a existência de 
um arcabouço legal que protege todos esses recursos (solo, ar, flora, fauna, 
patrimônio histórico, água) reflete diretamente na vida de toda sociedade, gerando 
conflitos de ordem econômica, social e cultural, ou seja, conflitos ambientais. Estes 
guardam particularidades na sua ocorrência, bem como no seu tratamento de 
acordo com o perfil cultural de cada sociedade. 
Por isso é primordial a existência de uma legislação do meio ambiente (nível 
federal, estadual e municipal), pois esta extrapola os limites territoriais, assim como 
 
 
11 
 
os danos ambientais. Problemas como ocupação irregular de margens de rios e 
encostas, despejo de resíduos sólidos em locais inadequados; desmatamento e 
suas conseqüências como erosão dos solos, assoreamento, enchentes e 
inundações; construção em áreas de preservação; são alguns dos exemplos de 
atividades humanas que se realizadas de forma imprudente, ocasionam prejuízos a 
toda sociedade. 
Dessa forma, a gama de danos ambientais que poderão ocorrer, sujeitam os 
profissionais envolvidos na atividade de perícia na área ambiental uma constante 
relação multi e interdisciplinar no interesse em conseguir laudos conclusivos 
condizentes com a problemática. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12 
 
II - OBJETIVOS 
 
II.I. Objetivo Geral 
 
 
Realizar uma abordagem técnico-conceitual, buscando compreender a 
aplicação do instrumental jurídico-operacional na área da Perícia Ambiental. 
 
 
II.II. Objetivos Específicos 
 
 
 Expor e discutir conceitos teóricos e técnicos concernentes a perícia 
ambiental. 
 
 
 Destacar os procedimentos metodológicos a serem adotados para a 
elaboração de um laudo pericial ambiental. 
 
 
 Determinar as áreas em que os laudos periciais ambientais têm sido mais 
solicitados. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13 
 
CAPÍTULO 1 – REVISÃO DE LITERATURA 
 
 
1.1 Sociedade e Ambiente 
 
 
 O termo sociedade remete a existência de um agrupamento de seres que 
vivem de forma agregada. É certo que o termo não se restringe apenas ao uso da 
sociedade humana, podendo ser aplicado a outros seres vivos (plantas e animais, 
por exemplo). Contudo, a relação entre sociedade humana e o meio ambiente pode 
ser considerada como a de maior complexidade, isto porque, as ações do homem na 
Terra e suas repercussões no ambiente têm apresentado uma variação na escala 
temporal, bem como em relação a regiões e culturas (DREW, 1995). 
 O relacionamento da sociedade com a natureza faz parte da base do 
processo de desenvolvimento e mudanças das sociedades humanas. Por isso de 
uma forma ou de outra, o homem continua sempre a aumentar a sua interferência 
sobre o ambiente (BASTOS & FREITAS, 1998).O tema abordado exige uma breve discussão a respeito do conceito de meio 
ambiente, pois ao tratar de atividade pericial aplicada ao meio ambiente, necessário 
que o profissional tenha de forma clara os meios ou ambientes que precisam ser 
levados em consideração no momento da construção e finalização de um laudo 
pericial ambiental. Oportuno iniciar o confronto de entendimentos pela transcrição 
das considerações de Édis Milaré, que diz: 
 
A palavra ambiente indica o lugar, o sítio, o recinto, o espaço que envolve 
os seres vivos ou as coisas. Redundante, portanto, a expressão meio 
ambiente, uma vez que o ambiente já inclui a noção de meio. De qualquer 
forma, trata-se de expressão consagrada na Língua Portuguesa, 
pacificamente utilizada pela doutrina, lei e jurisprudência de nosso país, 
que, amiúde, falam em meio ambiente, em vez de ambiente apenas. 
Em sentindo estrito, o meio ambiente nada mais é do que a expressão do 
patrimônio natural e suas relações com o ser vivo. Todavia, sua disciplina 
jurídica comporta um conceito mais amplo, abrangente de toda a natureza 
original e artificial, bem como os bens culturais correlatos, de molde a 
possibilitar o seguinte detalhamento: meio ambiente natural (constituído 
pelo solo, pela água, pelo ar atmosférico, pela flora, pela fauna), meio 
ambiente cultural (integrado pelo patrimônio arqueológico, artístico, 
histórico, paisagístico, turístico) e meio ambiente artificial (formado pelas 
edificações, equipamentos urbanos, comunitários, enfim, todos os 
assentamentos de reflexos urbanísticos). (ÉDIS MILARÉ apud 
CONSTANTINO, 2002, p.19) 
 
 
 
 
14 
 
Segundo Barbieri (2007), a expressão ambiente vem do latim, tendo o prefixo 
ambi com o significado de “ao redor de algo” ou de “ambos os lados”. Assim, a 
expressão meio ambiente exprime uma idéia de redundância. No entendimento do 
autor, o meio ambiente é constituído tanto pelo ambiente natural como o artificial. O 
primeiro representando os meios físico e biológico, enquanto que o artificial é aquele 
alterado, resultante das ações do homem (áreas urbanas, industriais e rurais). 
 Já para Odum e Sarmiento (1997) apud Barbieri (2007), o meio ambiente 
seria a soma de três tipos de ambientes. Um seria denominado de “ambiente 
domesticado”, constituído por áreas utilizadas para agricultura, pecuária, silvicultura, 
além de lagos artificiais e açudes. O outro seria um ambiente bastante 
descaracterizado no tocante as suas feições, fruto do uso e ocupação antrópica para 
fins diversos (parques industriais, cidades, estradas, portos, etc.). E por fim o 
“ambiente natural”1, o qual é exemplificado pelas matas virgens, unidades de 
conservação, que sofrem o mínimo de ação e/ou efeitos da ação humana. 
 Por fim, Silva (1994) apud Araújo (2008) comenta a existência de três 
ambientes. Um seria denominado de ambiente natural (ar, flora, fauna, solo, água), 
onde ocorre uma correlação de reciprocidade entre espécies e estas com o meio 
físico. Um outro intitulado de cultural, constituído por vários patrimônios (artístico, 
histórico, turístico, arqueológico e espeleológico) e por fim um ambiente artificial, ou 
seja, aquele caracterizado por um espaço urbano construído (ruas, praças, áreas 
verdes, edificações). 
 Entende-se que inicialmente, o perito ambiental necessita compreender a 
compartimentação do ambiente e ao mesmo tempo buscar o entendimento da 
integração, ou seja, de que esses ambientes encontram-se diferenciados pelas suas 
características e dinâmica próprias, mas que estabelecem relação entre si, 
influenciando e sendo influenciados. Portanto, o profissional precisa de um olhar 
holístico a fim de facilitar os procedimentos para construção do laudo pericial. 
 
 
 
 
 
 
1
 Grifo nosso. 
 
 
15 
 
1.2 Dano Ambiental 
 
 O ritmo das atividades humanas na atualidade somado a intensificação da 
tecnologia em diversos campos do conhecimento, tem provocado um aumento de 
fatos adversos ao meio ambiente. Quando isso acontece, caracteriza a ocorrência 
de um dano ambiental. É uma expressão comum na atualidade, resultante do 
aumento das atividades humanas sem maiores preocupações com os efeitos 
negativos dessas atividades. Araújo (2008, p.109) considera que “a integração dos 
estudos ambientais com a legislação ambiental e os instrumentos de defesa do 
ambiente são temas muito recentes e de desenvolvimento e aplicação ainda 
incipientes nas ciências de um modo geral [...].” 
 Por isso, a análise das relações homem x meio (sociedade x natureza) ganha 
impulso nas áreas do conhecimento já naturalmente próximas ao trato dessa 
temática, mas também adquire novas abordagens em outras áreas científicas, afim 
de uma perspectiva de maior integração para o estudo dos problemas ambientais. A 
compreensão do mesmo deve partir do entendimento de que não existe por si só, ou 
seja, só podem ser entendidos diante de uma realidade previamente estabelecida. 
 Para Milaré (2001) um dano ambiental nada mais é do que uma ação que 
ocasione a lesão ou dilapidação dos recursos naturais, acarretando em um quadro 
de degradação (alteração adversa) da qualidade de vida e do equilíbrio ecológico. 
Já Maria Isabel de Matos Rocha (2000, p. 130), define como dano ambiental 
“a lesão ou ameaça de lesão ao patrimônio ambiental, levada a cabo por atividades, 
condutas ou até uso nocivo da propriedade”. Portanto, havendo uma lesão a um 
bem ambiental, resultante de atividade praticada por qualquer pessoa, seja esta 
física ou jurídica, pública ou privada, que seja responsável por este dano, em caráter 
direto ou indireto, não somente há caracterização do mesmo, como ainda há a 
identificação daquele que deve arcar com o dever de indenizar. E complementa 
Antunes (2000), que a efetivação do dano ambiental para ser caracterizado, não tem 
necessidade de que a sua base esteja presente, no agente causador, o elemento 
psicológico. Daí ser a prática do dano ambiental submetida às normas da 
responsabilidade objetiva. 
 
 
 
 
16 
 
1.3 Instrumentos de Tutela Ambiental 
 
 Os instrumentos de tutela ambiental fazem parte de um grupo que integra um 
grupo maior inserido na máquina estatal. Ou seja, no mundo real surgem 
diariamente inúmeros casos de conflitos de interesses diversos, chamado de lide, 
litígio ou mérito. Portanto, o Estado surge como ator responsável na resolução dos 
conflitos, através do uso de seus vários agentes públicos. No tocante aos 
instrumentos de tutela do meio ambiente, parte-se do entendimento de Fiorillo apud 
Araújo (2008), que bem caracteriza esses instrumentos como sendo: 
 
[...] todo instrumento destinado e utilizado, tanto pelo Poder Público quanto 
pela coletividade, na preservação ou na proteção dos bens ambientais, 
constitui um instrumento de tutela ambiental. Segundo o critério didático 
estabelecido por esse autor, os instrumentos de tutela podem ser 
classificados em dois grupos distintos: mecanismos não-jurisdicionais de 
tutela ambiental e mecanismos jurisdicionais de tutela ambiental (FIORILLO, 
1996 apud ARAÚJO, 2008, p.112) 
 
 A citação esclarece que esses instrumentos não se restringem ao Estado, ou 
melhor, aos atos da Administração Pública, porém contempla também os atos que 
provém da coletividade (organizada ou não), mas com o objetivo final de proteger e 
preservar o meio ambiente. De acordo com a doutrina, constata-se a existência de 
dois tipos de instrumentos de tutela ambiental: mecanismos não-jurisdicionais e os 
jurisdicionais. 
 O grupo dos não-jurisdicionais é composto pelo direito de informação, da 
educação ambiental, estudo prévio de impacto ambiental, manejo ecológico, do 
zoneamento ambiental, poder de polícia, tombamento ambiental, etc. É possível 
observar que alguns são respaldados pela Lei Federal nº. 6.938/81 e/ou pela 
Constituição Brasileira de 1988. 
 No grupo dos meios jurisdicionaispodem ser exemplificados a ação popular 
ambiental, ação civil pública, o mandado de segurança ambiental, o mandado de 
injunção, etc. No caso do Poder Público, que assume a figura de representante da 
sociedade e executor das atividades visando ao bem-estar social, nem sempre na 
temática ambiental o ente público assume um papel de protetor, podendo também 
vir a sua atuação contribuir na degradação ambiental. Isso pode ser comprovado 
quando da omissão na tomada de medidas que objetivem a não dilapidação do 
 
 
17 
 
patrimônio natural, o que favorece ao agente dilapidador recorrer ao inciso II do 
artigo 5º da Constituição Federal.2 
 
1.4 Abordagem Ambiental na Legislação Brasileira 
 
 As leis são instrumentos criados pelo homem há séculos e foram 
desenvolvidas em diversas áreas. O direito ambiental, segundo Custódio (1993) 
apud Araújo (1998), é um ramo constituído por um conjunto de princípios e regras, 
visando disciplinar as mais variadas atividades utilizadoras (direta ou indireta) dos 
recursos naturais (águas, ar, solos, fauna, flora, luz, energia), incluindo também os 
bens culturais (de valor artístico, histórico, paisagístico, arqueológico, turístico, 
espeleológico, paleontológico, científico), objetivando defender e preservar o 
patrimônio ambiental (natural e cultural) para buscar garantir a melhoria de vida para 
as gerações atuais e futuras. 
 Para Mukai (1992) apud Araújo (1998), o Direito Ambiental, na situação atual 
do Brasil, é constituído por uma gama de normas e institutos jurídicos que estão 
atrelados a outros ramos do Direito, e conjuntamente se aplicam com a função 
instrumental de acompanhar a relação do comportamento humano com o seu meio 
ambiente. 
 Essa esfera do Direito reconhece o meio ambiente como objeto de tutela, 
abrangendo uma visão sistêmica para tanto, onde todo instrumento utilizado, seja na 
esfera pública ou pela coletividade, que busque proteger e preservar os recursos 
ambientais, pode ser considerado como um instrumento de tutela ambiental. Este 
pode ser concebido como mecanismos não-jurisdicionais de tutela ambiental 
(Licenças ambientais, EIA/RIMA) ou mecanismos jurisdicionais de tutela ambiental 
(ações judiciais). 
 São vários os meios processuais aplicados na apuração de responsabilidade 
civil pelos danos ambientais: 
 
 Mandado de segurança coletivo ambiental (esfera civil) 
 Mandado de injunção (esfera civil) 
 Ação civil publica (esfera civil) 
 
2
 "ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei” (art. 5º, II da C.F/88) 
 
 
18 
 
 Ação popular (esfera civil) 
 Ação penal pública (esfera penal) 
 
A variedade e consolidação desses meios processuais fazem da legislação 
ambiental no Brasil, um instrumento com grande possibilidade de eficácia no uso 
contra abusos e prevenção de crimes ambientais. 
No entendimento de Milaré (2001), os marcos mais importantes elaborados 
no ordenamento jurídico brasileiro visando a tutela do meio ambiente são a Lei 
Federal nº. 6.938, de 31/8/81 (Instituiu a Política Nacional de Meio Ambiente); a Lei 
n.º 7.347, de 24/7/85 (Lei da Ação Civil Pública); e por fim a mais recente 
Constituição Federal, de 05/10/88. 
Outros instrumentos legais foram publicados, favorecendo assim a 
complementação das ações e diretrizes dos instrumentos anteriormente 
mencionados, destacando-se a Lei nº. 8.078, de 11/9/90 (Código de Defesa do 
Consumidor), consolidando a Lei da Ação Civil Pública, e por fim a Lei dos Crimes 
Ambientais (Lei nº. 9.605, de 12/2/98), que expõe as sanções penais e 
administrativas resultantes de atividades ou condutas que afetem o ambiente. Por 
fim, destacam-se também as Constituições Estaduais, Leis Orgânicas dos 
Municípios e Planos Diretores. 
Busca-se aqui expor brevemente os principais conceitos presentes em 
algumas dessas leis que embasam o campo da Perícia Ambiental. 
 A Lei nº. 6.938, de 31/8/81 (Política Nacional de Meio Ambiente) é 
considerada a primeira lei federal a abordar o meio ambiente como um todo, 
abrangendo os elementos envolvidos e as várias formas de degradação do meio 
ambiente (Braga et al., 2002). Leis ambientais anteriores, além de não apresentarem 
um conceito de meio ambiente, não abordavam o tema de modo integrado, mas sim 
como tópicos compartimentados (ex: águas, pesca, mineração). 
 No âmbito da atividade pericial, pode-se fazer uso das considerações de Milaré 
(2001) a respeito das inovações dessa lei, como tendo inserido no mundo do Direito 
o conceito de caráter normativo de meio ambiente, além dos conceitos de 
degradação da qualidade ambiental, poluição, poluidor e recursos ambientais; e o de 
determinar para a figura do poluidor-pagador o dever de reparar os danos causados. 
 Outra lei que veio reforçar a abertura de processos contra autores de danos 
ambientais foi a Lei nº. 7.347/85 (Ação Civil Pública). Proporcionou o surgimento de 
 
 
19 
 
um instrumento processual (Ação Civil Pública), que visa defender o meio ambiente, 
transformando a sua agressão como um ato de Justiça sujeito a apuração. Além de 
ter proporcionado uma maior acessibilidade ao Poder Judiciário pelas associações 
civis de defesa do meio ambiente. A lei já no seu artigo 1º demonstra a sua 
aplicação na área ambiental e o conseqüente caráter reparatório da Ação Civil 
Pública3. 
 De acordo com Braga et al. (2002), a inserção da questão ambiental na 
Constituição Brasileira de 1988 é um marco histórico, tendo como grande avanço o 
fato de ter retirado do Estado, o caráter monopolista na defesa das questões 
ambientais, possibilitando a sociedade e ao cidadão dispor de instrumentos de ação 
na luta pela defesa do ambiente. 
Alguns avanços são evidentes nessa nova Constituição: 
 
 Marco histórico da proteção ambiental no Brasil 
 Norteia e delimita o sistema jurídico ambiental 
 Mudança no tratamento do meio ambiente 
 Destaca a ética da solidariedade entre as gerações 
 
 
 Posteriormente, a Lei de Crimes Ambientais (Nº. 9.605, de 12/02/1998) dispõe 
sobre as sanções penais e administrativas resultantes de ações lesivas ao meio 
ambiente e dá outras providências, entretanto, no entendimento de Braga et al. 
(2002), a lei destaca acima de tudo a responsabilidade pelos atos ou condutas 
lesivas ao meio ambiente, pois quem, de qualquer forma, contribui para a prática dos 
crimes definidos, responderá também pelo crime na medida de sua culpabilidade. 
 Em seu artigo 19, a perícia é citada como indispensável na elucidação de crimes 
ambientais: Art. 19. A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que 
possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança 
e cálculo de multa. 
 
3
 Art. 1º Regem-se pelas disposições desta Lei, sem prejuízo da ação popular, as ações de 
responsabilidade por danos morais e patrimoniais causados: 
l - ao meio-ambiente; 
[...] 
 
 
20 
 
CAPÍTULO 2 – ASPECTOS CONCEITUAIS E LEGAIS DA PERÍCIA 
AMBIENTAL 
 
2.1 Atividade Pericial 
 
 Segundo Araújo (2008), a Perícia é um meio de prova utilizada em processos 
judiciais, estando disciplinada pelos artigos 420 a 439 da Seção VII – Da Prova 
Pericial (CAPÍTULO VI – DAS PROVAS), do Código de Processo Civil (CPC). 
 Abunahman (2006) comenta o surgimento dessa atividade ainda na 
Antiguidade. Segundo o autor, alguns povos orientais antigos já apresentavam 
vestígios deste tipo de prova, contudo de modo vago, já que dependendo da forma 
do governante (sistema de patriarcado com clãs ou reinados onde o rei era absoluto 
e consequentemente exercia papel de magistrado, não precisando solicitar auxílio 
de ninguém, em alguns casos sem ter conhecimento da causa, resultando em 
injustiças). 
 O decorrer do tempo demonstrou que a complexidade dos problemas a serem 
solucionadosnão dava mais aos reis totais condições para solucionar litígios, 
devendo-se recorrer a pessoas habilitadas. 
 Na Idade Média é possível constatar um atraso no campo científico, já que a 
prova técnica seria dispensada pelo julgamento divino. Contudo, Abunahman (2006) 
salienta que: 
 
A partir do século IX a própria Igreja Católica começou a incentivar o 
trabalho de técnicos nos processos, havendo referências específicas aos 
“árbitros” nas Ordenações Afonsinas (séc. XV) e nas Manoelinas (séc. XVI). 
No Brasil colônia, nas Ordenações Filipinas, há referência clara aos peritos, 
inclusive com regulamentação sobre as perícias. 
Posteriormente, no século XIX, com o Código Comercial, tivemos mais 
ampla referência às perícias. Em 1939, com o surgimento do Código de 
Processo Civil, as perícias receberam tratamento mais detalhado. 
(ABUNAHMAN, 2006, p. 299) 
 
 Assim, partindo do breve histórico até aqui exposto, inevitável o 
questionamento do que se entende atualmente por perícia. Ou seja, como se dá a 
elaboração dessa prova e a que se destina ou se aplica os resultados obtidos a 
partir dos conhecimentos especializados. 
 
 
21 
 
O artigo 420 do Código de Processo Civil Brasileiro destaca a prova pericial 
como sendo um exame, vistoria ou avaliação, sendo necessária nos casos em que o 
juiz deferir a perícia, ou seja, quando a prova do fato depender de conhecimento 
especial de técnico; sendo a verificação praticável; e se outras provas produzidas 
não forem suficientes para esclarecer a situação. 
Por isso Abunahman (2006) conceitua as três espécies de “provas 
específicas”: 
 Exame: é a inspeção sobre as coisas, pessoas ou documentos, para 
verificação de qualquer fato ou circunstância que tenha interesse para a 
solução do litígio; 
 Vistoria: é a mesma inspeção quando realizada sobre bens imóveis; 
 Avaliação (ou arbitramento): é a apuração de valor, em espécie, de coisas, 
direitos e obrigações em litígio. 
 
A perícia vai se caracterizar por determinação de um juiz, ou seja, realizadas 
no decorrer de um processo (perícias judiciais), ou tem caráter extrajudicial, caso 
alguma das partes queira realizar fora do processo. 
 Partindo do entendimento constante no CPC, alguns autores elaboraram 
conceitos sobre perícia. Para Dinamarco (2001): 
 
Perícia é o exame feito em pessoas ou coisas, por profissional portador de 
conhecimentos técnicos e com a finalidade de obter informações capazes 
de esclarecer dúvidas quanto a fatos. Daí chamar-se perícia, em alusão à 
qualificação e aptidão do sujeito a quem tais exames são confiados. Tal é 
uma prova real, porque incide sobre fontes passivas, as quais figuram como 
mero objeto de exame sem participar das atividades de extração de 
informes. 
 
 Já Nunes (1994) apud Araújo (1998), diz que a perícia é: 
 
Exame realizado por técnico, ou pessoa de comprovada aptidão e 
idoneidade profissional, para verificar e esclarecer um fato, ou estado ou a 
estimação da coisa que é objeto de litígio ou processo, que com um deles 
tenha relação ou dependência, a fim de concretizar uma prova ou oferecer o 
elemento de que necessita a Justiça para poder julgar. No crime, a perícia 
obedece às normas estabelecidas pelo Código de Processo Penal (arts. 158 
e seguintes), devendo ser efetuada o mais breve possível, antes que 
desapareçam os vestígios. No cível compreende a vistoria, a avaliação, o 
arbitramento, obedecendo às normas procedimentais do Código de 
Processo Civil [...] (ARAÚJO, 1998, p. 174) 
 
 
 
22 
 
 Portanto, a atividade pericial parte da idéia de que toda ação humana deixa 
marcas ou vestígios, sendo assim, o profissional imbuído de realizar uma perícia 
necessita analisar e/ou sintetizar esses vestígios para obter a prova material da 
existência do dano. Tal dano independe do tipo, como bem explica Araújo (2008): 
 
O Código de Processo Civil (CPC) regulamenta, de forma genérica, os 
procedimentos relativos à Prova Pericial, sem especificar modalidades. As 
diversas modalidades de perícia – grafológica, contábil, médica, veterinária, 
de engenharia, ambiental etc. – se definem pelas especificidades do objeto 
a ser periciado e pela área do conhecimento que se fundamentam, incluindo 
a legislação específica pertinente, em complemento às normas do CPC. 
(ARAÚJO, 2008, p.116) 
 
 As provas periciais no sistema processual brasileiro têm o Código de 
Processo Civil como seu marco regulamentador, especialmente os artigos 145, em 
seus §§ 1º e 2º; 147 e 420 a 439. A instituição desse instrumento ganha respaldo 
também com o dever de recuperar e/ou indenizar os danos causados pelo poluidor e 
ao predador constante no artigo 4º, inciso VII da Lei que instituiu a Política Nacional 
de Meio Ambiente. Tal dispositivo deu ao Ministério Público poderes para ajuizar 
ação de responsabilidade civil por danos ambientais, que anos depois veio a ser 
fortalecida com a Lei nº 7.347/1985, pois a mesma permite a ação civil pública por 
danos diversos, entre esses ao meio ambiente. 
 Por isso, a prova pericial constitui-se em um meio de demonstrar a verdade, 
podendo em alguns casos ser diretamente a própria verdade. Em se querendo 
demonstrar a verdade, Abunahman (2006) esclarece que é a pesquisa da verdade, 
caso contrário a verdade é simplesmente o resultado da pesquisa. Então, a perícia 
não constitui resultados absolutos, mas sim de cunho relativo, que é utilizado nas 
fases do processo afim de comprovação. Porém, vale esclarecer que a perícia não 
constitui a única prova do processo, podendo ser utilizada consorciada a outros 
meios utilizados nos autos. Reside aí a importância da perícia, já que as provas é 
que definem os fatos e sendo assim, existe a necessidade de apurar o mais próximo 
da verdade os fatos reclamados pelas partes, a fim de que no final do processo 
sejam garantidos os direitos de cada um. 
 Pode-se resumir nas palavras de Almeida et. al. as considerações sobre 
perícia: 
 
 
 
23 
 
Em todas as áreas técnico-científicas do setor humano, sobre as quais o 
conhecimento jurídico do magistrado não é suficiente para emitir opinião 
técnica a respeito, faz-se necessária uma perícia para apurar circunstâncias 
e/ou causas relativas a fatos reais, com vistas ao esclarecimento da 
verdade. 
A perícia surge normalmente em decorrência de uma demanda, por 
iniciativa de uma das partes interessadas em busca de provas de atos e 
fatos por ela levantados para fundamentar um direito pleiteado. A perícia 
pode ainda surgir por iniciativa do juiz, para o conhecimento e 
esclarecimento de atos e fatos. (ALMEIDA et. al. , 2000, p. 7) 
 
 O Código de Processo Civil Brasileiro expõe alguns dispositivos sobre a 
prova pericial: 
 
Art. 130. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar 
as provas necessárias à instrução do processo, indeferindo as diligências 
inúteis ou meramente protelatórias. 
(...) 
Art. 332. Todos os meios legais, bem como os moralmente legítimos, ainda 
que não especificados neste Código, são hábeis para provar a verdade dos 
fatos, em que se funda a ação ou a defesa. 
(...) 
Art. 420. A prova pericial consiste em exame, vistoria ou avaliação. 
 Parágrafo único. O juiz indeferirá a perícia quando: 
 I - a prova do fato não depender do conhecimento especial de técnico; 
 II - for desnecessária em vista de outras provas produzidas; 
 III - a verificação for impraticável. 
(...) 
Art. 427. O juiz poderá dispensar prova pericial quando as partes, na inicial 
e na contestação, apresentarem sobre as questões de fato pareceres 
técnicos ou documentos elucidativos que considerar suficientes. (CÓDIGO 
DE PROCESSO CIVIL, 1973) 
 
 
 
2.1.1 Papel do Perito e Assistentes Técnicos 
 
 Durante a perícia é fundamental a presença de algumas pessoas que serão 
imprescindíveis na elaboração da mesma. Sendo esta atividade atribuída a pessoas 
com “pleno conhecimento de causa” naspalavras de Moacyr Amaral Santos citado 
por Abunahman (2006). 
 O perito é aquela pessoa escolhida pelo Juiz, enquanto que os assistentes 
técnicos são escolhidos pelas partes do processo. O Instituto Brasileiro de 
Avaliações e Perícias de Engenharia define perito como: o profissional legalmente 
habilitado, idôneo e especialista, convocado para realizar uma perícia. No caso do 
perito, além das atribuições determinadas nas diversas normas judiciárias, o Código 
 
 
24 
 
de Processo Civil (CPC) em seu artigo 139 intitula-os como auxiliares da justiça, e 
disciplina as atribuições deste profissional em seus artigos 145, 146 e 147. 
 
CAPÍTULO II 
DOS DEVERES DAS PARTES E DOS SEUS PROCURADORES 
Seção III 
Das Despesas e das Multas 
Art. 33. Cada parte pagará a remuneração do assistente técnico que 
houver indicado; a do perito será paga pela parte que houver requerido o 
exame, ou pelo autor, quando requerido por ambas as partes ou 
determinado de ofício pelo juiz. 
(...) 
 CAPÍTULO V 
 DOS AUXILIARES DA JUSTIÇA 
Art. 139. São auxiliares do juízo, além de outros, cujas atribuições são 
determinadas pelas normas de organização judiciária, o escrivão, o oficial 
de justiça, o perito, o depositário, o administrador e o intérprete. 
 (...) 
 Seção II 
 Do Perito 
Art. 145. Quando a prova do fato depender de conhecimento técnico ou 
científico, o juiz será assistido por perito, segundo o disposto no art. 421. 
§ 1o Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível 
universitário, devidamente inscritos no órgão de classe competente, 
respeitado o disposto no Capítulo Vl, seção Vll, deste Código. 
§ 2o Os peritos comprovarão sua especialidade na matéria sobre 
que deverão opinar, mediante certidão do órgão profissional em que 
estiverem inscritos. 
 § 3o Nas localidades onde não houver profissionais qualificados 
que preencham os requisitos dos parágrafos anteriores, a indicação dos 
peritos será de livre escolha do juiz. 
Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que Ihe assina 
a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do 
encargo alegando motivo legítimo. 
 Parágrafo único. A escusa será apresentada dentro de 5 (cinco) dias, 
contados da intimação ou do impedimento superveniente, sob pena de se 
reputar renunciado o direito a alegá-la (art. 423). 
Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, 
responderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por 2 
(dois) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei 
penal estabelecer. 
(...) 
 Art. 422. O perito cumprirá escrupulosamente o encargo que Ihe foi 
cometido, independentemente de termo de compromisso. 
(...) 
Art. 423. O perito pode escusar-se (art. 146), ou ser recusado por 
impedimento ou suspeição (art. 138, III); ao aceitar a escusa ou julgar 
procedente a impugnação, o juiz nomeará novo perito. 
 Art. 424. O perito pode ser substituído quando: 
 I - carecer de conhecimento técnico ou científico; 
 II - sem motivo legítimo, deixar de cumprir o encargo no prazo que Ihe 
foi assinado. 
 Parágrafo único. No caso previsto no inciso II, o juiz comunicará a 
ocorrência à corporação profissional respectiva, podendo, ainda, impor 
multa ao perito, fixada tendo em vista o valor da causa e o possível prejuízo 
decorrente do atraso no processo. 
 
 
 
25 
 
Almeida et al. (2000) explica o papel do perito em uma perícia: 
 
A atuação do perito é exercida no sentido de satisfazer a finalidade da 
perícia, verificando fatos relativos à matéria em questão, certificando-os, 
apreciando-os ou interpretando-os. Seu parecer técnico, resultante da 
perícia, será apresentado, conforme determinação do juiz, em inquirição em 
audiência ou por escrito (laudo). (ALMEIDA et. al., 2000, p. 33) 
 
 
 Ao tratar do critério para escolha do perito, Abunahman (2006) comenta 
criticamente o princípio da liberdade, reinante no direito brasileiro, em que o juiz é 
livre para escolher o perito. O autor lembra que essa liberdade propicia risco da 
pessoa escolhida, não possuir ou ter baixa qualificação para o desempenho da 
função de perito, o que inevitavelmente acarretará em efeitos na obtenção da prova. 
 Uma série de deveres e direitos é atribuída aos peritos4. No tocante ao 
cumprimento de prazo, deve o perito cumprir o encargo no prazo previamente fixado 
pelo juiz. Porém, existe a possibilidade de recusar o desempenho do que foi 
atribuído, a partir de uma alegação com motivo legítimo, observando o prazo 
máximo de cinco dias contados da intimação para recusa. Almeida et al. (2000) 
aponta alguns motivos (legítimos) para o perito não prosseguir com a perícia: 
 
 Não se considerar versado na matéria para a qual foi designado a perícia; 
 Ocorrência de força maior; 
 A perícia ser relacionada com assunto em que já interveio de alguma forma 
como interessado. 
 
Existe ainda a possibilidade de substituição do perito decorrente do não 
cumprimento, sem motivo justificado e legítimo, do encargo no prazo fixado. Em 
acontecendo tal situação, cabe ao juiz comunicar a corporação profissional do 
indicado, além de aplicar multa, tendo como parâmetro o valor da causa e prejuízos 
advindos do atraso no processo. Almeida et al. (2000) destaca outra possibilidade de 
penas relacionadas a atividade do perito: 
 
 
4
 Segundo Araújo (1998, p.180), o conhecimento das normas específicas que disciplinam a atividade pericial 
deve se somar ao conhecimento dos procedimentos e ritos processuais de jurisdição civil. O profissional 
convocado para exercer a função de perito judicial, além de sua formação técnica específica, deve possuir uma 
noção básica de Direito Processual Civil, pois é no âmbito deste ramo da ciência jurídica que ele irá atuar, tendo 
obrigatoriamente, que seguir os ritos previstos no CPC. 
 
 
26 
 
O perito tem o dever de cumprir escrupulosamente o oficio naquele prazo, 
independente de termo de compromisso, empregando toda a sua diligência. 
Entretanto se, por dolo ou culpa, o perito prestar informações inverídicas, 
responderá pelos prejuízos que cause à parte, ficará inabilitado pelo prazo 
de dois anos a funcionar em outras perícias e ainda incorrerá em sanção 
que a lei penal estabelecer. (ALMEIDA et. al., 2000, p. 33) 
 
Juntamente a presença do perito, se dá também a escolha dos assistentes 
técnicos. Estes são indicados pelas partes no prazo de cinco dias a partir da 
intimação do despacho de nomeação do perito. Assim, os assistentes técnicos são 
profissionais da confiança das partes e não estão sujeitos a suspeição ou 
impedimento. O Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia (IBAPE, 
1994) define como o profissional legalmente habilitado, indicado e contratado pela 
parte para orientá-la, assistir os trabalhos periciais em todas as fases da perícia e, 
quando necessário, emitir seu parecer técnico. Almeida et. al (2000, p. 34) salienta 
que ao contrário do que muitos rotulam, o assistente técnico não é um fiscal do 
perito, mas um técnico que, junto àquele, haverá de satisfazer a busca da verdade 
assemelhando-se ao perito como auxiliar da justiça. Segundo o Código de Processo 
Civil: “Os assistentes técnicos são de confiança da parte, não sujeitos a 
impedimento ou suspeição” (CPC, 1973, Art. 422) 
 
2.1.2 Quesitos: elaboração e respostas 
 
Os quesitos nada mais são do que perguntas ou questionamentos remetidos 
tanto aos assistentes técnicos como aos peritos, buscando delimitar o objeto da 
perícia. Nas palavras de Tarcha (1993) apud Araújo (1998), os quesitos são 
perguntas ou questões formuladas ao perito e assistentes técnicos, concernentes 
aos fatos da causa, que constituem o objeto da perícia. 
Para isso, os profissionais devem fazer uso de diversos meios a fim de 
alcançar as respostas mais precisas. Comoos quesitos devem expressar aspectos 
importantes, os meios comumente utilizados nas perícias são os estudos, cálculos, 
experiências, etc. 
Ainda a respeito dos quesitos, a literatura especializada destaca que quesitos 
estranhos ao objetivo da perícia devem ser vedados, ou seja, o magistrado (Juiz) 
tem a liberdade de indeferir quesito que seja irrelevante ou fora da proposta da 
perícia ou além da competência do perito. Como também pode propor quesitos, 
 
 
27 
 
podendo as partes também fazer o mesmo, entendendo necessários para aumentar 
o campo de investigação da perícia, resultando nisso em um grau de objetividade e 
clareza maiores. 
Contudo, Almeida et al. (2000) esclarece que além dos quesitos 
suplementares acima comentados, existe a possibilidade de no laudo oficial o 
aparecimento dos quesitos de esclarecimentos: 
 
[...] após o laudo oficial, os chamados “quesitos de esclarecimentos”, cujo 
objetivo é clarear ou dirimir dúvidas sobre pontos porventura pouco 
abordados ou omissos no laudo pericial. Mas deverão se limitar a 
elucidação do que já foi indagado na perícia, sem que constitua inovação. 
Com os esclarecimentos, o perito retifica, complementa, ratifica ou 
fundamenta o laudo, conforme o caso. (ALMEIDA et. al., 2000, p. 37) 
 
Esses esclarecimentos podem vir a ser dados diretamente em audiências, 
originados do requerimento das partes ou por determinação do juiz. Mas nesse 
caso, deve-se observar o prazo mínimo de cinco dias antes da audiência intimando 
o comparecimento dos profissionais. Nesse aspecto ainda, Araújo enfatiza algo 
importante e que afeta o desenvolvimento do processo: 
 
Na maioria das vezes os quesitos são formulados pelos advogados das 
partes, sendo que o mais indicado seria que o fizessem sob a orientação de 
seus respectivos assistentes técnicos, se estes tiverem sido indicados, pois 
as argüições devem ser pertinentes à matéria em causa, envolvendo 
questões técnicas a serem elucidadas pelo perito e pelo assistente técnico 
da parte contrária. (ARAÚJO, 1998, p. 184) 
 
Vale acrescentar que de acordo com o artigo 426 do CPC, pode o juiz ou 
promotor de justiça também formular quesitos. Em alguns casos, as partes optam, 
por um motivo ou outro, em não apresentar quesitos ao perito. Nesse caso, o perito 
pode requerer ao juiz que intime as partes para que apresentem quesitos ou optem 
em seguir a elaboração e conclusão do laudo sem os quesitos obrigatoriamente. Os 
quesitos podem ser: 
 
 Quesitos originários: são os apresentados no prazo da lei; 
 Quesitos suplementares: aqueles formulados posteriormente, mas 
antes da perícia; 
 Quesitos intempestivos: são os formulados fora dos prazos legais; 
 
 
28 
 
 Quesitos elucidativos: são os apresentados em audiência, para 
esclarecer dúvidas sobre o laudo. 
 
O Código de Processo Civil também aborda brevemente a respeito dos 
quesitos na perícia em seus artigos 425 e 426: 
 
Seção VII 
Da Prova Pericial 
Art. 425. Poderão as partes apresentar, durante a diligência, quesitos 
suplementares. Da juntada dos quesitos aos autos dará o escrivão 
ciência à parte contrária. 
Art. 426. Compete ao juiz: 
I - indeferir quesitos impertinentes; 
II - formular os que entender necessários ao esclarecimento da 
causa. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
29 
 
2.2 Perícia Ambiental 
 
 A partir do lançamento desses dispositivos jurídicos anteriormente citados, 
somado a crescente preocupação com a questão ambiental por diversos setores da 
sociedade, favoreceu o desenvolvimento de metodologias para estudos e projetos 
ambientais. Isso tornou possível a sociedade juntamente com o Ministério Público, a 
proteção de interesses (difusos coletivos), sendo possível observar um número 
crescente de ações em defesa do meio ambiente. Estas ações, inevitavelmente, 
requerem um conjunto de conhecimentos de cunho técnico e científico de diversas 
áreas motivadas por empresas, pessoas físicas, ONGs (Organizações Não-
Governamentais), inserindo dessa forma a perícia ambiental como instrumental a 
serviço da sociedade. 
 No tocante a implementação dos meios processuais que visam defender o 
meio ambiente, associada diretamente a Ação Civil Pública Ambiental, está a perícia 
ambiental, que constitui hoje um dos instrumentos mais importantes no 
desvendamento e elucidação de caráter técnico das questões levadas a juízo. 
 Araújo (2008) esclarece a Perícia Ambiental: 
 
A Perícia Ambiental é um meio de prova utilizado nos processos judiciais, 
sujeita à regulamentação prevista pelo Código de Processo Civil, com 
prática forense comum às demais modalidades de perícia, mas que irá 
atender a demandas específicas advindas das questões ambientais. A 
Perícia Ambiental é relativamente nova no Brasil, mas tem evoluído 
consideravelmente em decorrência do aprimoramento da legislação 
ambiental. (ARAÚJO, 2008, p.108) 
 
 Alguns autores atribuem a oficialização dessa nova modalidade de perícia a 
partir da realização do IX Congresso Brasileiro de Engenharia de Avaliações e 
Perícias (IX COBREAP) em 1997 pelo Instituto Brasileiro de Avaliações e Perícias 
de Engenharia (IBAPE). O tema não poderia ser mais estimulador, “Perícias 
ambientais: novos horizontes”. O evento proporcionou discussões e alertas a 
respeito de avanços necessários na elaboração de critérios metodológicos a serem 
utilizados nesse tipo de perícia, e lembrando que o seu caráter multidisciplinar não 
havia sido observado pelas normas jurídicas até aquele momento. 
 Com isso, observa-se o caráter recente das atividades periciais ligadas ao 
meio ambiente, estando presente em diversas áreas do conhecimento, pois tem a 
multidisciplinaridade como princípio básico, exigindo não só especialistas das 
 
 
30 
 
ciências ambientais, como também profissionais que desenvolvam contribuições nos 
avanços dos aspectos teóricos-jurídicos, metodológicos e técnicos. 
 A perícia ambiental se faz necessária toda vez que for preciso verificar e 
comprovar a ocorrência ou ameaça da ocorrência de eventos denunciados nos 
autos de um processo judicial (MAURO, 1997). Assim, não bastam informações e 
certidões para a elucidação da lide, pois em alguns casos, será necessária averiguar 
a existência de um dano e as conseqüências negativas que o mesmo está 
provocando ao meio ambiente e essa elucidação correta só é possível a partir do 
trabalho de profissionais qualificados na área específica. 
 Assim, resumem-se algumas características atuais da Perícia Ambiental 
(ARAÚJO, 2008): 
 
 Nova área de atuação profissional 
 Relevante interesse social 
 Prática multidisciplinar 
 Especialização e qualificação profissional no âmbito das ciências ambientais 
 Necessidade de estudos e pesquisas que fundamentem desenvolver 
aspectos jurídicos, teóricos, técnicos e metodológicos 
 Necessidade de futuras normatizações técnicas 
 Estudos ambientais + Legislação ambiental + Instrumentos de defesa do meio 
ambiente = Tema recente e aplicação/desenvolvimento incipientes nos 
campos científicos. 
 
Atualmente, o caminho mais comum para se chegar a necessidade de uma 
perícia de cunho ambiental é através da Ação Civil Pública (ACP). Esta é prevista e 
regulada pela Lei nº 7.347/85. A literatura especializada concebe a ACP como 
processo de conhecimento, pois se desenvolve com a produção de provas sobre o 
fato danoso levado a juízo e termina com uma sentença do Juiz, julgando 
procedente ou improcedente o pedido do autor. Segundo Araújo (2008), intitula-se 
de Ação Civil Pública Ambiental aquela que aborda os bens tutelados constituídos 
pelo meio ambiente, como também os bens e direitos de valores artístico, estético, 
histórico, turístico e paisagístico. São partes legitimas para propor a Ação Civil 
Pública, segundo a Lei nº 7.347/85: 
 
 
 
31 
 
Art. 5
o
 Têm legitimidade para propora ação principal e a ação cautelar: 
 I - o Ministério Público; 
 II - a Defensoria Pública; 
 III - a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios; 
 IV - a autarquia, empresa pública, fundação ou sociedade de economia 
mista; 
 V - a associação que, concomitantemente: 
 a) esteja constituída há pelo menos 1 (um) ano nos termos da lei civil; 
 b) inclua, entre suas finalidades institucionais, a proteção ao meio 
ambiente, ao consumidor, à ordem econômica, à livre concorrência ou ao 
patrimônio artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. (Lei nº 
7.347/85) 
 
 
 Portanto, a perícia ambiental está diretamente relacionada a existência da Lei 
Federal nº. 6.938, de 31/08/81 (Política Nacional de Meio Ambiente), considerada a 
lei-mãe da legislação ambiental no Brasil, que dentre os vários avanços, trouxe o 
princípio de que os responsáveis por danos ambientais sejam obrigados a tomarem 
providências, seja indenizando ou reparando. Para consolidar tal princípio, criou-se a 
Ação Civil Pública, ou seja, a atividade pericial em uma ACP é imprescindível para 
confirmar cientificamente a possibilidade ou ocorrência do dano, buscando 
esclarecer a sua real extensão ambiental, subsidiando o magistrado no 
embasamento teórico do objeto da lide. 
 Araújo justifica a importância da perícia ambiental no contexto da Ação Civil 
Pública: 
 
A prova pericial é de fundamental importância no contexto da Ação Civil 
Pública, no sentido de se confirmar, cientificamente, a ocorrência do dano e 
a apuração de sua real extensão ambiental, para que o juiz tenha convicção 
no julgamento da procedência do pedido do autor e possa determinar, se for 
o caso, a cessação da atividade ou conduta lesiva, a reconstituição do bem 
lesado, ou, se impossível a reconstituição, a indenização em dinheiro 
equivalente ao prejuízo constatado, a ser revertida a um fundo para 
recuperação dos bens lesados. (ARAÚJO, 2008, p. 116) 
 
 
 Conclui-se que a perícia ambiental é regida pelo Código de Processo Civil 
(como demais modalidades de perícia), tendo a mesma prática forense, porém 
atendendo aos preceitos de demandas específicas da legislação ambiental. 
 
 
 
 
 
 
 
32 
 
2.2.1 Código de Processo Civil e a Prova Pericial 
 
 No Brasil, a função jurisdicional é uma função de cunho estatal exercida pelos 
órgãos do Poder Judiciário, visando analisar e julgar conflitos de interesse, também 
denominados de lide/litígio através de uma ação judicial. 
 No caso da ação judicial, tem-se o exercício universal da solicitação de 
pronunciamento para que o Estado exerça sua função jurisdicional. Ou seja, tem-se 
o processo como instrumento fundamental para que ocorra o desenvolvimento da 
ação judicial. Bustamante (1994) apud Araújo (2008) faz comentário do processo 
como uma inter-relação jurídica que se estabelece entre as partes (Autor e Réu – e 
o Juiz) e tem seu desenvolvimento por sucessivos atos de seus sujeitos até a 
solução final do litígio (a sentença proferida pelo Juiz). 
 Finalmente o processo se concretiza nos autos (autos do processo), sendo 
pasta ou pastas numeradas, em que se depositam ou armazenam documentos 
essenciais (atos, petições, laudos, documentos, etc.). Por fim o processo tem sua 
dinâmica regida pelo Direito Processual, dependendo a sua nomeação quanto ao 
ramo do Direito (penal, administrativo, etc.) de acordo com o conflito objeto de 
estudo. Em se tratando da Ação Civil Pública, está-se diante do Direito Processual 
Civil, estando suas normas abrigadas no Código de Processo Civil (DINAMARCO, 
2001). 
 
 
2.2.2 Prova Pericial na Ação Ordinária na Área Cível 
 
 Após realizar algumas considerações de cunho conceitual, metodológico e 
técnico, devem ser apresentadas as fases relacionadas ao desenvolvimento de uma 
ação judicial de rito ordinário na área cível. Para isso, é importante a observação dos 
preceitos legais constantes no Código de Processo Civil (CPC), enfatizando o 
instrumento jurídico que demanda em maior quantidade as Perícias Ambientais no 
Brasil, a Ação Civil Pública Ambiental. 
 
 
 
 
 
33 
 
2.2.2.1 Fases 
 
 
 
I - Petição inicial 
 
Basicamente é nesta fase que o Advogado do autor ou o Ministério Público 
(Promotor de Justiça) redige uma petição dirigida ao Juiz contendo: exposição dos 
fatos (descrição do problema); expõe os dispositivos legais que se aplicam ao caso; 
formulação de pedido e definição do valor da causa. 
Araújo (1998) complementa alguns documentos necessários que devem ser 
anexados a petição inicial: 
 
 Procuração do seu cliente (quando se tratar do Advogado) 
 Recibo de pagamento das custas (no caso do Ministério Público há isenção) 
 Documentos que permitam provar o que está sendo alegado (plantas, 
escrituras, compromissos, declarações, recibos etc.). No caso da Ação Civil 
Pública deve-se anexar o Inquérito Civil. 
 
Essa fase é fundamental para que se inicie o processo de fato, pois nela 
serão identificadas pelo juiz as partes em litígio, bem como os motivos que levaram 
a abertura do referido processo. A ação do autor é que formaliza aquilo que prevê o 
artigo 2º do CPC (Lei nº 5.869, de 11 de Janeiro de 1973): “Nenhum juiz prestará a 
tutela jurisdicional senão quando a parte ou o interessado a requerer, nos casos e 
forma legais.” Portanto, a petição inicial caracteriza-se por ser a deflagradora do 
processo, ou seja, é a oficialização da vontade de alguém em iniciar a apreciação de 
algum conflito. 
 
II - Citação 
 
Essa fase tem início quando o Juiz decide citar o Réu, após verificar a 
conformidade dos requisitos da petição inicial. Portanto, através do Mandado de 
Citação (comunicação ao Réu de que existe uma demanda judicial contra ele) 
 
 
34 
 
cumprida via Correios, edital ou por Oficiais de Justiça. Araújo (2008) lembra que o 
mesmo é acompanhado por uma cópia da petição inicial, contendo o aviso do prazo 
para resposta, o Juízo e o cartório. Caso haja deferimento de Medida Liminar, 
encaminha-se também uma cópia do respectivo Despacho. 
A importância da Medida Liminar em uma Ação Civil Pública se materializa 
pelo seu caráter preventivo, ou seja, caracteriza-se por ser um instrumento eficaz na 
cessação imediata da ação lesiva ao meio ambiente, evitando a ocorrência ou 
agravamento da situação. 
 
III - Contestação 
 
Na fase de contestação é dado um prazo de quinze dias para que o Réu, 
através do seu advogado, apresente sua contestação às alegações do Autor perante 
o Juiz (incluindo ou não documentos). 
 
IV - Réplica 
 
A partir da Contestação, o Juiz comunica o fato ao advogado do Autor através 
do Diário Oficial da esfera competente, para que no prazo estipulado seja 
apresentada a réplica, ou seja, as contra-razões. 
 
V - Especificação de Provas 
 
Com a finalização da fase de réplica, os autos passam por uma vista do juiz, a 
fim de verificar os atos praticados até o momento. A partir daí, o mesmo determina e 
especifica as provas a serem produzidas pelas partes, objetivando a comprovação 
dos fatos. Já que segundo Araújo (2008, p.123), “o que enseja o convencimento do 
juiz, a respeito dos fatos, são as provas respectivas”. 
 O Código de Processo Civil (arts. 332 a 443) é bem claro ao elencar as 
provas usuais: Depoimento Pessoal; Confissão; Exibição de Documentos ou Coisa; 
Prova Documental; Prova Testemunhal; Prova Pericial; Inspeção Judicial. 
 
 
 
 
 
35 
 
VI - Saneamento do Processo 
 
Essa fase constitui-se numa etapa de fundamental importância, pois é nela 
que haverá a retirada de possíveis defeitos, vícios ou irregularidades no processo, 
como exemplo: mudança de réu ou falta de documentos importantes para 
esclarecimento da lide. Araújo (2008) esclarece outras ações nessa fase, no tocante 
à prova pericial: 
 Se será deferida ou não; 
 Quando nomear perito de sua confiança,designando 
prazo para apresentação do laudo; 
 Quando facultar às partes a indicação dos assistentes 
técnicos e formulação de quesitos; 
 Quando designar data e horário de audiência de instrução 
e julgamento. 
 
O Código de Processo Civil expõe normas para os atos do juiz quanto à prova 
pericial: 
 
Art. 421. O juiz nomeará o perito, fixando de imediato o prazo para a 
entrega do laudo. 
 
§ 1o Incumbe às partes, dentro em 5 (cinco) dias, contados da intimação do 
despacho de nomeação do perito: 
 I - indicar o assistente técnico; 
 II - apresentar quesitos. 
 
§ 2o Quando a natureza do fato o permitir, a perícia poderá consistir 
apenas na inquirição pelo juiz do perito e dos assistentes, por ocasião da 
audiência de instrução e julgamento a respeito das coisas que houverem 
informalmente examinado ou avaliado. (CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL, 
1973) 
 
Atendidas as exigências do despacho saneador, o perito e os assistentes já 
podem iniciar seus trabalhos para, dentro do prazo estipulado, juntar aos autos o 
Laudo Pericial e o Parecer Técnico. 
 
 
 
 
 
 
36 
 
VII - Audiência de instrução e julgamento 
 
A instrução de um processo objetiva reunir e examinar as provas respectivas. 
Toma-se os depoimentos pelo juiz do autor, em seguida do réu e depois das 
testemunhas das partes. Os debates orais entre advogados das partes podem ser 
substituídos por alegações ou memorais finais, escritos. 
 
 
 VIII - Sentença 
 
Nesta última fase, o CPC em seu artigo 456 esclarece: “Encerrado o debate 
ou oferecidos os memoriais, o juiz proferirá a sentença desde logo ou no prazo 
de 10 (dez) dias.” 
 
Assim, o juiz estuda os autos e ao fim emite sua sentença, obrigatoriamente 
constituída por relatório – fundamentação e dispositivo, buscando julgar a 
improcedência ou procedência do pedido do autor. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
37 
 
CAPÍTULO 3 – ASPECTOS TÉCNICOS DA PERÍCIA AMBIENTAL 
 
 
 Algumas considerações a respeito dos aspectos técnicos estão contidas nos 
comentários dos aspectos metodológicos, contudo busca-se nesse momento 
aprofundar os procedimentos a serem observados na estruturação da Perícia 
Ambiental. A maior simplicidade ou complexidade da perícia ambiental amparada 
pela Ação Civil Pública Ambiental está diretamente subordinada aos danos ou riscos 
ambientais de situações levadas a juízo e suas características peculiares. 
 Segundo Almeida et al. (2000), a Perícia Ambiental deve buscar envolver 
alguns objetivos fundamentais no tocante a Ação Civil Pública Ambiental: 
 
 Dano (ameaça/ocorrido): caracterizar/mensurar/valorar 
 Atividade Lesiva: caracterizar / enquadramento legal. 
 Nexo Causal: entre o dano e a atividade do Réu. 
 
Dessa forma, alguns procedimentos são imprescindíveis na estruturação de 
um laudo pericial na área de meio ambiente, podendo ser destacados: diagnóstico, 
avaliação e/ou prognóstico, valoração e/ou dimensionamento de material ou de 
pessoal, cálculos finais de indenização e/ou reparação. Suertegaray e Rocha 
destacam que: 
 
O Laudo é um instrumento técnico sem deixar de ter a preocupação social 
política e econômica. É importante salientar que cada localidade ou cada 
lugar deve ter um modelo e uma metodologia para laudos diferenciados, 
não é possível estabelecer matrizes, mas exemplos de pontos que podem 
ser trabalhados, conforme as características e necessidades do lugar em 
estudo.(SUERTEGARAY & ROCHA, 2005, p.2) 
 
 
 
Tomando os procedimentos técnicos a serem atendidos pelo Perito do Juízo, 
Araújo (2008) destaca os principais: 
 
 
 
 
 
 
38 
 
3. 1 – Procedimentos Técnicos 
 
3.1.1 - Leitura completa e criteriosa dos autos do processo 
 
É nesse momento inicial que o perito toma consciência do processo, o qual foi 
solicitado para elaboração de laudo pericial. Possibilita o profissional estruturar as 
ações já realizadas no processo, a fim de embasar melhor as suas decisões 
enquanto perito. 
Essa ação é relevante como forma de preparar a vistoria, ou seja, a análise 
da quesitação. Junto a esse procedimento, é dever do perito identificar os 
Assistentes Técnicos das partes para solicitação de informações, documentos, 
projetos e para marcar data e hora da vistoria ao local da lide. 
 
3.1.2 - Levantamentos preliminares 
 
Nesta fase, o perito busca os instrumentos legais (urbanística/ambiental/ 
específica) a respeito da temática a ser trabalhada no laudo pericial e 
consequentemente enquadrar ou não a atividade ou o dano decorrente da mesma 
dentro de padrões legais. 
 
3.1.3 - Vistoria do Local (Trabalho de Campo) 
 
Pode-se dizer que esta etapa é a mais, ou melhor, uma das mais importantes 
no momento da elaboração de um laudo de cunho pericial ambiental. Isto porque, a 
partir da ida até o local de conflito (dano ambiental ocorrido ou em risco de 
ocorrência) é possível fazer um diagnóstico mais aprofundado, bem como 
comprovar as informações (documentação cartográfica, imagens de satélite, 
fotografias aéreas) analisadas na fase dos levantamentos preliminares. Alguns 
procedimentos devem ser adotados, de acordo com alguns autores (ALMEIDA et al., 
2000; SUERTEGARAY e ROCHA, 2005; ARAÚJO, 2008): 
 
3.2 Caracterização da área do entorno 
3.3 Descrição das atividades desenvolvidas 
3.4 Estimativa do número de pessoas direta ou indiretamente atingidas pelo dano 
 
 
39 
 
3.5 Registro fotográfico 
3.6 Observação detalhadas dos aspectos fisiográficos da área 
3.7 Constatação de evidências de conflitos ambientais 
3.8 Análise dos aspectos sócio-econômicos 
3.9 Aplicação de questionários 
 
3.1.4 - Elaboração do Laudo Pericial 
 
Para esse momento, o perito une todos os materiais constantes das fases 
anteriores e busca redigir, reproduzir os anexos e montar o laudo. 
A elaboração final do laudo pericial inicia-se com a leitura e análise: 
 
 Documentação técnica disponível 
 Interpretação cartográfica, topográfica, aerofotogramétrica e imagens 
de satélite 
 Cruzamento dos resultados de campo, laboratório e escritório. 
 
Por fim procede-se a redação, digitação, reprodução dos anexos e montagem 
do laudo. 
 
 
3.2 Laudo Pericial 
 
Segundo Almeida et al. (2000), laudo é o resultado da perícia em conclusões 
escritas e fundamentadas, onde serão apontados os fatos, circunstâncias, princípios 
e parecer sobre matéria submetida a exame do especialista, adotando-se respostas 
objetivas aos quesitos. 
Ainda de acordo com o mesmo autor, o laudo precisa atender alguns 
requisitos, distinguidos entre extrínsecos e intrínsecos. Assim, os extrínsecos 
remetem-se ao atendimento do laudo na forma escrita e subscrita pelo autor ou 
autores. Já os requisitos intrínsecos exigem que o instrumento seja completo, claro, 
circunscrito ao objeto da perícia e fundamentado. 
 
 
40 
 
Portanto, atendidos tais requisitos, o perito deve atentar para 
compartimentação do mesmo. Ou seja, para que o laudo seja tido como completo, 
necessita que estejam diferenciados em três fases. 
Inicialmente tem-se o histórico, caracterizando-se como a síntese das 
alegações e posições de conflito entre as partes. Em uma segunda parte, deve-se 
partir para uma exposição, que no entendimento de Almeida et al. (2000) visa 
restaurar a coisa sujeita a exame, com todos os dados pertinentes, as operações 
realizadas, fatos e circunstâncias ocorridos no curso das diligências. Por fim, a 
última fase será aquela em se demonstrará às conclusões, dando um parecer a 
partir das respostas às indagações. 
Almeida et. al. faz uma consideração importante ainda na estruturação do 
laudo pericial: 
 
Deve ser evitada a reprodução quase literal das questões levantadas na 
etapa inicial e na contestação, pois corre-se o risco de cair em dissertações 
prolixas, com assuntos irrelevantes para a perícia. 
O laudo deve ser inteligível, elaborado com clareza, abrangentee em estilo 
simples. Não deve conter omissões ou apresentar obscuridade. 
Refutam-se termos essencialmente técnicos, onde seu entendimento 
acarrete novas abordagens, resultando, mais uma vez, na indesejável 
prolixidade. Devemos lembrar que o laudo se destina, em última análise, à 
leitura de juízes e advogados, desconhecedores da matéria da perícia. 
(ALMEIDA et. al., 2000, p. 41) 
 
 
O autor chama atenção para que seja feita uma elaboração bem feita não só 
dos aspectos de conhecimento técnico e científico do perito, mas acima de tudo, que 
estas informações possam ser passadas de modo mais claro possível, a fim de que 
venham a contribuir para elucidação do caso e resulte em benefícios sociais. 
Para que os laudos periciais consigam alcançar tais anseios, deve o 
profissional buscar fundamentar da melhor maneira o caso, a partir do procedimento 
empírico, pesquisas, informações colhidas, normas técnicas pertinentes, operações 
etc. Só dessa forma, o laudo terá credibilidade resultante das respostas e não da 
subjetividade do perito. Como de suma importância no início da elaboração do 
laudo, deve o profissional buscar o conteúdo dos próprios autos. E para reforçar e 
consolidar o laudo: 
 
O laudo deve ser instruído com documentos, plantas, croquis, fotografias, 
pesquisas, orçamentos ou quaisquer outras peças elucidativas e/ou 
complementares. Entretanto, até porque lhe dará maior fundamentação ao 
 
 
41 
 
laudo, o perito deve instruí-lo com fotografias, plantas, pesquisas etc. A 
prática demonstra que a melhor exposição é em forma de anexos, deixando 
o corpo do laudo apenas para o texto específico. (ALMEIDA et. al., 2000, p. 
42) 
 
Por isso, o enriquecimento com informações comprovadas e bem 
estruturadas permite dá ao laudo maior credibilidade perante todos os participantes 
do processo. Depois de atender aos mandamentos de elaboração, deve o perito 
atentar para o prazo de entrega. Após a entrega o Juiz determina que as partes 
pronunciem-se sobre o laudo. Podendo daí resultar em três situações: laudo 
satisfaz, laudo necessita de complementações ou esclarecimentos, o laudo não 
satisfaz. 
A importância em se atender a todos esses aspectos, além de outros 
inerentes a perícia ambiental, é tornar os laudos os mais confiáveis possíveis, 
possibilitando garantir uma efetiva aplicação de punição, restrição e esclarecimentos 
aos problemas ambientais diversos, como bem lembra Mauro (1997, p.47): 
 
Destaca-se entre estes trabalhos, a elaboração de laudos periciais de 
agressão ao meio ambiente, que podem funcionar como instrumentos de 
ação e de complementação às demandas populares na defesa do meio 
ambiente e da qualidade de vida. Estes apresentam-se como instrumentos 
com elevado potencial educativo e de construção da cidadania, devendo ser 
apropriados individual e coletivamente por todos os que lutam pelo 
estabelecimento de novas relações sociedade/natureza” (MAURO, 1997, 
p.47) 
 
 Situações assim são reforçadas quando se remete ao fato do desrespeito a 
legislação, podendo se constatar que as autoridades judiciais são mais sensíveis em 
agir contra as contravenções e crimes tradicionais do que aos da esfera ambiental, 
ou seja, a ausência ou maior compreensão da funcionalidade da natureza e seus 
reflexos negativos para a sociedade de um modo geral. 
 Por fim, cabe expor alguns dos vários exemplos de aplicação da perícia 
ambiental. Mauro (1997) em sua obra “Laudos periciais em depredações 
ambientais”, apresenta vários casos de laudos periciais na área de meio ambiente: 
 
 Laudos Periciais e Pareceres Técnicos em Parcelamento do Solo e 
Construção de Habitações (Áreas de Preservação Permanente); 
 
 
 
42 
 
 Laudos Periciais em Áreas de Disposição de Resíduos Sólidos e Lançamento 
de Efluentes (Disposição Final de resíduos sólidos; Contaminação de 
mananciais por esgoto domiciliar); 
 
 Laudos Periciais em Intervenções sobre Canais de Drenagem (Extração de 
areia; Abertura de canais de drenagem em planícies de inundação); 
 
 Laudos Periciais e Pareceres Técnicos em Áreas Litorâneas (Manguezais; 
Terraplanagem em praia; Soterramento por dunas); 
 
 Laudos Periciais em Áreas de Mineração e Pedreiras (Impactos na região de 
instalação das pedreiras); 
 
 Laudos Periciais em Áreas de Barragens (Locação das barragens; Impactos 
causados pela instalação); 
 
 Laudos Periciais em Áreas de Exploração de Petróleo (Concepção de 
projetos e alternativas; Impactos na área de influência da exploração). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
43 
 
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
 
 O desenvolvimento deste trabalho permite demonstrar o grau de importância 
da atividade pericial para o esclarecimento das questões ambientais perante a 
sociedade, podendo a mesma ser de cunho criminal ou judicial. A perícia judicial 
discutida nos capítulos anteriores, ganha importância perante o julgador, que 
tomando o conhecimento técnico e científico do perito e/ou dos peritos nomeados, 
poderá submeter sua avaliação e conseqüente julgamento das causas de cunho 
ambiental. Obviamente que o estágio de maturidade adquirido por esse instrumento 
de gestão ambiental, vem se concretizando a partir dos avanços de uma legislação 
que ampara a prática dessa atividade. 
Sendo a Perícia Ambiental um instrumento de elucidação técnica no âmbito 
dos conflitos ambientais locais, levados a juízo, desempenha um papel de extrema 
importância perante a Justiça nas demandas ambientais, tendo apresentado 
crescimento anual como resultado da conscientização da sociedade quanto a 
adoção de punições para aqueles que agridem o meio ambiente. Grande parte 
dessa atuação tem a Ação Civil Pública como responsável por essa maior 
participação da população. Ela é ajuizada no lugar onde se efetivou ou há 
probabilidade de ocorrência de danos, garantindo a população um meio de não 
deixar impune os danos ao meio ambiente, tendo a Lei Federal nº 7.347/85 como 
instituidora desse importante instrumento processual para o acesso à Justiça. 
A temática também carece quantitativamente de obras específicas, que 
permitam embasar trabalhos técnico-científicos, bem como estimular novos 
profissionais a seguir por essa linha profissional. Mas trabalhos como esse, a partir 
de uma revisão bibliográfica, permitem enriquecer a literatura sobre a temática em 
estudo, favorecendo aos profissionais atuantes a reflexão constante quanto a 
inserção de novas ações ou aprimoramento de ações em execução, como também 
aqueles profissionais recém ingressos no mercado de trabalho e que estão a 
procura de uma função a ser exercida. 
 Mas acima de tudo, deve-se partir de um referencial teórico-conceitual, 
metodológico e técnico, exigindo uma maior adequação das normas a prática que 
esse tipo de perícia exige, garantindo melhor qualidade nos trabalhos desenvolvidos. 
 
 
44 
 
A complexidade desse tipo de avaliação torna extremamente difícil para um único 
profissional, obter sucesso em sua avaliação, diferenciando-a da perícia judicial 
tradicional. A observação desse entendimento é indispensável, já que os sistemas 
naturais e antrópicos são interdependentes e assim a inobservância de um único 
fator, pode afetar negativamente os recursos naturais e a própria sociedade. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
45 
 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
ABUNAHMAN, Sérgio Antônio. Curso Básico de Engenharia Legal e de 
Avaliações. São Paulo: Pini, 2006. 
 
 
ALMEIDA, Josimar Ribeiro de; OLIVEIRA, Simone Gomes de; PANNO, Márcia. 
Perícia Ambiental. Rio de Janeiro: Thex, 2000. 
 
 
ANTUNES, Paulo de Bessa. Dano

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