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1 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 2 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 3 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Núcleo de Educação a Distância GRUPO PROMINAS DE EDUCAÇÃO Diagramação: Rhanya Vitória M. R. Cupertino PRESIDENTE: Valdir Valério, Diretor Executivo: Dr. Willian Ferreira. O Grupo Educacional Prominas é uma referência no cenário educacional e com ações voltadas para a formação de profissionais capazes de se destacar no mercado de trabalho. O Grupo Prominas investe em tecnologia, inovação e conhecimento. Tudo isso é responsável por fomentar a expansão e consolidar a responsabilidade de promover a aprendizagem. 4 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Prezado(a) Pós-Graduando(a), Seja muito bem-vindo(a) ao nosso Grupo Educacional! Inicialmente, gostaríamos de agradecê-lo(a) pela confiança em nós depositada. Temos a convicção absoluta que você não irá se decepcionar pela sua escolha, pois nos comprometemos a superar as suas expectativas. A educação deve ser sempre o pilar para consolidação de uma nação soberana, democrática, crítica, reflexiva, acolhedora e integra- dora. Além disso, a educação é a maneira mais nobre de promover a ascensão social e econômica da população de um país. Durante o seu curso de graduação você teve a oportunida- de de conhecer e estudar uma grande diversidade de conteúdos. Foi um momento de consolidação e amadurecimento de suas escolhas pessoais e profissionais. Agora, na Pós-Graduação, as expectativas e objetivos são outros. É o momento de você complementar a sua formação acadêmi- ca, se atualizar, incorporar novas competências e técnicas, desenvolver um novo perfil profissional, objetivando o aprimoramento para sua atu- ação no concorrido mercado do trabalho. E, certamente, será um passo importante para quem deseja ingressar como docente no ensino supe- rior e se qualificar ainda mais para o magistério nos demais níveis de ensino. E o propósito do nosso Grupo Educacional é ajudá-lo(a) nessa jornada! Conte conosco, pois nós acreditamos em seu potencial. Vamos juntos nessa maravilhosa viagem que é a construção de novos conhecimentos. Um abraço, Grupo Prominas - Educação e Tecnologia 5 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 6 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Olá, acadêmico(a) do ensino a distância do Grupo Prominas! É um prazer tê-lo em nossa instituição! Saiba que sua escolha é sinal de prestígio e consideração. Quero lhe parabenizar pela dispo- sição ao aprendizado e autodesenvolvimento. No ensino a distância é você quem administra o tempo de estudo. Por isso, ele exige perseve- rança, disciplina e organização. Este material, bem como as outras ferramentas do curso (como as aulas em vídeo, atividades, fóruns, etc.), foi projetado visando a sua preparação nessa jornada rumo ao sucesso profissional. Todo conteúdo foi elaborado para auxiliá-lo nessa tarefa, proporcionado um estudo de qualidade e com foco nas exigências do mercado de trabalho. Estude bastante e um grande abraço! Professora: Larissa Danielle Melo Costa 7 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S O texto abaixo das tags são informações de apoio para você ao longo dos seus estudos. Cada conteúdo é preprarado focando em téc- nicas de aprendizagem que contribuem no seu processo de busca pela conhecimento. Cada uma dessas tags, é focada especificadamente em partes importantes dos materiais aqui apresentados. Lembre-se que, cada in- formação obtida atráves do seu curso, será o ponto de partida rumo ao seu sucesso profisisional. 8 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Esta unidade fundamentará os Conceitos para Elaboração do Laudo Pericial. Especificamente, foram enfocados: a) os Conceitos de Meio Ambiente e Ecossistemas que estão Presentes no Meio b) as Características da Perícia Ambiental c) Técnicas e Métodos para a Avaliação de Impacto Ambiental. O objetivo desta abordagem é de orientar o leitor às características que englobam a perícia ambiental e os critérios de análises para a elaboração do laudo de perícia. Os que- sitos legais que contemplam as Políticas Públicas Ambientais visam Assegurar um Meio Ambiente de Qualidade para a Vida, portanto a perícia ambiental desenvolve o papel de identificar os danos causados pelo empreendimento em uma ação civil. O Laudo Pericial fundamen- ta as evidências constatadas pelo perito e serve como prova jurídica, a fim de responsabilizar o empreendimento pelos atos que causaram danos ao meio ambiente. As Provas Periciais são fundamentadas em metodologias específicas, garantindo que a perícia apresente a real caracterização do meio ambiente, e assim, de forma justa, possibilite a conclusão do laudo pericial. Impacto Ambiental. Meio Ambiente. Avaliação de Danos. Prova Pericial. 9 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S CAPÍTULO 01 ECOLOGIA E O DIREITO AMBIENTAL Apresentação do Módulo ______________________________________ 10 11 35 19 Conceitos de Ecologia _________________________________________ A Perícia Ambiental ____________________________________________ Direito Ambiental _______________________________________________ CAPÍTULO 02 CARACTERÍSTICAS DA PERÍCIA AMBIENTAL Princípios e Processos da Perícia Ambiental ____________________ 30 25Recapitulando ________________________________________________ Recapitulando _________________________________________________ 42 CAPÍTULO 03 AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS Avaliação de Impactos Ambientais ____________________________ 46 Métodos de AIA ________________________________________________ 50 Recapitulando ________________________________________________ 60 Fechando a Unidade ___________________________________________ 65 Referências ____________________________________________________ 68 10 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Para compreender as interações que ocorrem no meio ambien- te, a Ecologia é a ciência que estuda as características dos ecossistemas que o envolve. As atividades humanas que interferem no equilíbrio am- biental e assim na qualidade de vida da população, necessitam muitas vezes, da intervenção do Estado para lidar com o conflito de interesses. As Políticas Públicas criadas pelo Estado estabelecem limites para que tanto o Estado, quanto o empreendimento e o indivíduo con- vivam em harmonia com a natureza. Para tanto, a Perícia Ambiental é um meio que o poder judiciário utiliza para conduzir o ato processual, e solucionar o conflito de interesses entre as partes. Cabe ao juiz requerer a perícia ambiental, quando o conhecimento jurídico é insuficiente para responder os quesitos que envolvem as questões ambientais. Esta unidade abordará os conceitos de Ecologia e Metodolo- gias utilizadas na avaliação de impactos ambientais, a fim de funda- mentar as Ações Públicas, movidas pelo Ministério Público ou demais interessadas, na condução da perícia ambiental. A Questão Ambiental abordada pelo poder judiciário, deve ser analisada e averiguada por profissionais competentes, profissionais es- tes denominados peritos. O Perito deve deter amplo conhecimento dos requisitos legais elaborados pela política pública brasileira, e estão su- jeitos às diretrizes dispostas no Código de Processo Civil. Desta forma, a Perícia Ambiental tem por finalidade averiguar as declarações das partes em relação aos danos ambientais causados na área de conflito, e desta forma, fornecer parâmetros técnicos e es- pecíficos, através do laudo pericial, de forma a auxiliar a decisão do juiz ao final do processo. Uma vez que a Política Nacional do Meio Ambiente não es- tabelece quais as metodologias que o profissional daárea ambiental deve utilizar ao avaliar os impactos ambientais, esta unidade apresenta as principais metodologias e mais utilizadas no meio técnico científico. 11 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A SCONCEITOS DE ECOLOGIA Ecologia é a ciência que estuda as condições de existência dos seres vivos e suas interações com o meio ambiente. É uma ciência multidisciplinar, ou seja, envolve a biologia vegetal, animal, taxonomia, fisiologia, genética, comportamento, meteorologia, pedologia, geolo- gia, sociologia, antropologia, física, química, matemática e eletrônica. O ecossistema é o conceito que engloba todas as ciências contidas na ecologia (CASSINI, 2005). As principais áreas de estudo são: • Ecologia Vegetal – relações das plantas entre si e com o meio ambiente; ECOLOGIA E O DIREITO AMBIENTAL 11 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 12 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S • Ecologia Animal – envolve a dinâmica dos animais com o meio ambiente; • Sinecologia – estuda o ciclo de nutrientes, reservas energéti- cas, e o desenvolvimento do ecossistema; • Autoecologia – estudo da interação entre o organismo e seu meio ambiente, e adaptabilidade genética da população em meio às condições locais; • Ecologia Populacional – crescimento populacional, mortalida- de, natalidade, competição; • Ecologia Humana – relações entre os seres humanos e as demais espécies que compõem o meio ambiente. A Sinecologia é subdividida em Ecologia Terrestre e Ecolo- gia Aquática. A primeira abrange ecossistemas como microclimas, química dos solos, fauna terrestre, ciclos hidrológicos, ecogenéti- ca e produtividade. Já a segunda, é também conhecida como lim- nologia, que estuda a vida nos corpos d’água. A sobrevivência em sociedade depende do conhecimento dos indivíduos para com o meio ambiente. A figura 1.1 demonstra os níveis de organização dos seres vivos. Figura 1.1 – A organização dos seres vivos Fonte – KASKANTZIS NETO, 2005. Desta forma, todos os seres vivos estão inter-relacionados a partir do ecossistema que habitam. O Ecossistema é formado por um meio físico: solo, água, ar e os seres vivos, que convivem em equilíbrio. Seu sistema é equilibrado de tal forma que quando consome algum re- curso, ele providência o mesmo, de outras maneiras. Qualquer mudan- ça em seu fluxo natural ocasiona seu desequilíbrio, e resulta em uma resposta instantânea do sistema (KASKANTZIS NETO, 2005). Levando em consideração que a perícia ambiental determina 13 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S as alterações que ocorrem no meio físico, biológico e antrópico, é im- portante que o perito conheça as características destes meios. O Princípio da Propriedade Emergente é um conceito re- levante ao estudarmos os impactos causados no meio ambiente. Este princípio define que as propriedades emergentes individuais podem não produzir impactos, porém de forma associada, resul- tantes da interação entre todos os componentes, produzem impac- tos significativos ou relevantes. Ambiente Biológico O meio biológico consiste no conjunto de plantas e animais e suas inter-relações envolvendo troca de matéria e energia. É preciso compreender o meio biológico e as complexas relações entre si e com os demais meios. No meio biológico, algumas espécies podem indicar a qualidade ambiental, já outras tem valor científico e econômico, ou podem ser consideradas raras ou ameaçadas de extinção, e assim, ne- cessitam de proteção (NAIME, 2014). Os seres vivos que compõem o ecossistema vivem em um lo- cal específico seu habitat natural desemprenhando funções específicas nicho ecológico. Todos os seres vivos sofrem influências de diversos fatores do meio ambiente, como: 1) Fatores Abióticos – compostos físicos e químicos de um am- biente, capazes de influenciar os seres vivos presentes no ecossistema. • Luz: influencia o comportamento, a distribuição, e morfologia dos seres vivos. • Temperatura: fator limitante de sobrevivência dos seres vivos, pois a temperatura afeta as reações químicas de cada um. De forma genérica, eles só se desenvolvem na faixa entre 0ºC e 50ºC, que cor- responde a tolerância das atividades metabólicas. • Ação da água: a temperatura, movimento, ar, PH influenciam nas características da água. A movimentação da água permite o deslo- camento, provoca queda de temperatura e aumento da quantidade de oxigênio dissolvido. Já a turbidez, reduz a intensidade luminosa; • Oxigênio e outros gases: utilizados para a respiração e fotos- síntese. 14 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S • Umidade: afeta a taxa de transpiração dos seres vivos, sendo que de forma geral, a umidade é menor durante o dia e maior durante a noite. • Alimentos: a disponibilidade de alimentos de qualidade dispo- níveis no ecossistema afeta a produtividade, a longevidade, o desenvol- vimento e a mortalidade dos seres vivos. • Clima: inclui os padrões de chuva, temperatura e vento que afetam o ecossistema. • Solo: o húmus, lixiviação, erosão e laterização, são fatores do solo. Estas características estão relacionadas à presença da água, granulometria, porosidade, ar, pH e salinidade. 2) Fatores Bióticos – resultado da interação entre os seres vi- vos de um determinado ecossistema. • Produtores: responsáveis pela oxigenação do meio ambiente. • Consumidores: alimentam-se de outros seres vivos. • Decompositores: alimentam-se do resto de outros seres vivos. Para conhecer mais sobre os fatores que influenciam o meio ambiente, acesse o link abaixo, que simplifica o entendimen- to aos conceitos de ecologia, ecossistemas, níveis tróficos, fatores bióticos e abióticos, elaborado pelo Me Salva! ECO13. https://www.youtube.com/watch?v=k4A0HXt1NhI Ambiente Físico O meio físico é constituído pela: Litosfera, Hidrosfera e Atmos- fera. Os danos gerados neste meio impactam a qualidade de vida dos seres que os habitam. Litosfera: Este meio é composto pelas rochas, que podem ser classifica- das em três tipos: rochas ígneas ou magmáticas, sedimentares, e me- tamórficas. O intemperismo causado sobre estas rochas formam várias camadas, sendo a mais superficial denominada de solo. O solo pode ser composto por (KASKANTZIS NETO, 2005): • Areia – rocha sedimentar formada a partir do quartzo e outros minerais. A principal característica da areia é seu alto grau de permeabi- lidade, permitindo que a água passe facilmente por seus grãos; 15 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S • Argila: também é uma rocha sedimentar, porém ao contrário da areia, seu grau de permeabilidade é baixo, dificultando a passagem da água; • Húmus: composto pela decomposição de animais e vegetais; • Calcário: formado por rocha sedimentar, geralmente o carbo- nato de cálcio. O berço da vida dos oceanos é o local onde há intensa vida orgânica. Geralmente são características de locais úmidos como na desembocadura de rios para o mar, em que o solo fica sob a água durante a maré alta, e exposta durante a maré baixa. A Geologia do Solo estuda a composição das rochas que o formam, analisando a infiltração subterrânea fluxo de água e demais compostos e sua configuração. Segundo Sousa (2018), o limite entra a zona de saturação e a zona de aeração do solo, onde há o acumulo de água da chuva infil- trada, é denominado lençol freático. A contaminação da água freática e do subsolo é um risco à saúde humana, e tratar estes sistemas de- mandam centenas de anos e disponibilidades de recursos financeiros (KASKANTZIS NETO, 2005). Suas principais fontes de contaminação são de origem antrópica. a) Percolação local de substâncias concentradas advindas de lixões, aterro sanitário, industrialização, acidentes. b) Infiltração em forma de linhas, por efluentes de tubulações danificadas, água de chuva das estradas. c) Infiltração difusa,a partir das utilizações excessivas de agro- tóxicos, herbicidas e pesticidas. d) Infiltração proveniente de lagos e lagoas de concentração. Hidrosfera: Este meio é composto pelos mares, lagos e rios, porém apenas uma pequena parcela de toda a água existente no mundo, é potável. Mesmo que a disposição de água potável seja pequena, a problemática que envolve este assunto não está relacionada à sua quantidade, e sim em como fornecer água e saneamento adequado para todos os seres vivos, a partir do cenário de crescimento populacional e desenvolvimen- to econômico intensivo. Segundo Kaskantzis Neto (2005), a água é caracterizada por 16 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S duas dimensões: química e biológica. A primeira dimensão refere-se à composição da água, que em seu estado puro é composta apenas por moléculas de oxigênio e hidrogênio. A segunda dimensão adiciona à pri- meira, a presença de organismos vivos, como fitoplâncton, zooplâncton, células, insetos, entre outro. O estado puro da água nunca é obtido diretamente pela natureza, que agrega desde diversos gases – dióxido de carbono e nitrogênio – substancias sólidas – detritos orgânicos, solo – sais – nitrato, cloreto e carbono – , até íons que conferem caráter alca- lino ou ácido à ela. Por isto, para uso humano, é imprescindível o tratamento da água. Os níveis de qualidade da água e suas características dependem do uso ao qual ela será destina. De forma resumida, a Agência Nacional Águas (ANA) divide os usos da água em cinco grandes categorias: abaste- cimento, fins industriais, geração de energia, irrigação, e outros usos. 1) Abastecimento: outorga para o abastecimento humano e ur- bano. 2) Indústria: outorga para uso em atividades econômicas. 3) Hidroelétricas: outorga para a geração de energia elétrica. 4) Irrigação: outorga para supri-la a deficiência total ou parcial da água na agricultura. 5) Outros usos: outorga para qualquer atividade humana que altere as condições naturais da água, podendo ser uso consuntivo ou não consuntivo. Inclui, também, atividades de lazer e recreação. A Agência Nacional Águas (ANA) realiza estudos e emite normas, com o objetivo de assegurar o acesso a todos os recur- sos hídricos. Em seu site, ela fornece atlas interativo para todos os tipos de usos. Acesse o link para mais informações: http://www3.ana. gov.br/ 17 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Atmosfera: Este meio é composto por todos os gases que existem na Ter- ra. O ar além de ser essencial para a respiração de muitos seres vivos, ele também é o habitat de várias espécies. Os gases que compõe a atmosfera, principalmente, são: nitro- gênio (78%), oxigênio (21%) e argônio (0,9%), e por gases menores, entre eles o vapor de água e o dióxido de enxofre, que totalizam apenas 0,1% do volume total. Ademais, há a presença de microrganismos e materiais particulados. A emissão de gases na atmosfera sempre existiu. Os fenôme- nos naturais como erupções vulcânicas, a decomposição anaeróbica de matérias orgânicas, e descargas elétricas de raios contribuem para a poluição da atmosfera. Entretanto, o desenvolvimento industrial e o crescimento populacional induzem o aumento desta poluição. A Resolução CONAMA 03 de 1990 define em seu artigo 1 que poluição atmosférica ocorre quando as concentrações de substâncias emitidas no ar, ultrapassam os limites aceitáveis, de forma a afetar a saúde, a segurança e o bem estar da população, bem como gerar da- nos à fauna e à flora, e todos os componentes do ecossistema. Os principais poluentes atmosféricos são o monóxido de car- bono (CO), gás carbônico (CO2), dióxido de enxofre (SO2), dióxido de nitrogênio (NO2), material particulado (MP), hidrocarbonetos (HC), sul- feto de hidrogênio (H2S), ozônio (O3), dioxinas e furanos, entre outros. Sabe-se ainda que esses poluentes possam ter maior ou menor impac- to sobre a qualidade do ar, de acordo com sua concentração na atmos- fera e condições meteorológicas locais. Figura 1.2 – Poluição do ar Fonte – Arionauro Cartuns. 18 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Um dos principais meios atenua a poluição atmosférica é a par- tir da geração de energia. As fontes geradoras de energia são diversas, podendo ser de origem natural quando a natureza é quem produz ener- gia ou artificial quando as atividades humanas é quem produz. A principal causa dos problemas ambientais relacionados ao uso da energia artificial, ou seja, energia voltada para alimentação, mo- radia e comércio, indústria e agricultura, e transporte, é o emprego de combustíveis fósseis como o carvão, petróleo, gás, ou mesmo a lenha., o uso da hidroeletricidade e a energia nuclear. Recursos Ambientais O homem recorre aos recursos disponíveis na natureza para satis- fazer suas necessidades. Os recursos ambientais podem ser componentes do meio ambiente associado a fins energéticos ou qualquer elemento reti- rado da natureza para preencher as necessidades humana. (ART, 1998). Os recursos ambientais podem ser renováveis ou não renová- veis. Os recursos renováveis são aqueles que após seu uso, voltam a estar disponíveis no meio ambiente. Já os nãos renováveis, são os que não podem ser produzidos após seu consumo, embora, em longo pra- zo, possam ser substituídos por outros. • Recursos Não Renováveis: As principais fontes de energia utilizadas pelas atividades hu- manas, e que não são renováveis são: o petróleo, gás natural, carvão mineral e energia nuclear. (Tabela 1.1). Tabela 1.1 – Fonte de Energia Não Renováveis 19 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S • Recursos Renováveis: As principais fontes de energia utilizadas pelas atividades hu- manas, e que são renováveis, são: hidrelétrica, energia eólica, energia solar e biomassa. Tabela 1.2 – Fontes de Energia Renováveis DIREITO AMBIENTAL As políticas ambientais brasileiras são caracterizadas pelo di- reito difuso, que se preocupa com questões da coletividade. Portanto, todas as legislações ambientais visam a equidade social, a fim de res- guardar os recursos ambientais. Na área ambiental, a legislação mais importante é a Lei Fe- deral n.º 6938/81 que cria a PNMA. Ela é regulamentada pelo Decre- to Federal n.º 99274/90. A PNMA estabelece a estruturação do SISNAMA e cria os instrumentos de proteção ambiental: licenciamento ambiental, EIA/ RIMA, Zoneamento. O Direito Ambiental é conceituado como o conjunto de princí- pios e normatizações sistemáticas que regulam as atividades humanas e protegem o meio ambiente. Os princípios fundamentais da legislação 20 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S ambiental são: a) Princípio da Prevenção ou Precaução – considera que a pre- venção dos aspectos ambientais é o principal objetivo das legislações ambientais. b) Princípio da Cooperação – colaboração, tanto do Estado quan- to da população em geral, para a implementação das leis ambientais. c) Princípio da Publicidade e da Participação Popular – todas as questões ambientais devem ser divulgadas com a maior transpa- rência possível, fomentar a participação da população em projetos e problemas. d) Princípio do Poluidor Pagador – na teoria, este princípio atri- bui à responsabilidade do dano ambiental para aquele que o causou. e) Princípio In Dúbio Pro Natura – o interesse coletivo deve sobressair ao interesse individual. A legislação ambiental se apoia na Constituição Federal de 1988, que em seu artigo 225, estabelece diretrizes para assegurar a efetividade de que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para os presen- tes e futuras gerações (BRASIL, 1988). A constituição federal também determina as competências le- gais dos ÓrgãosGovernamentais: 1) União – competência legislativa primitiva e concorrente. • Ministério do Meio Ambiente (MMA); • SISNAMA; • CONAMA; • IBAMA; 2) Estados – competência legislativa concorrente. • Conselho Estadual de Meio Ambiente; • Secretaria Estadual de Meio Ambiente; • Órgãos ambientais (CETESB, FEMA…). 3) Municípios – competência legislativa suplementar. • Conselho Municipal de meio Ambiente; • Secretaria Municipal de Meio Ambiente. Legislações e Normas Ambientais Vigentes As principais legislações e normas ambientais brasileiras são decorrentes da PNMA e estão sintetizadas abaixo. 21 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Flora: Define as diretrizes em relação à exploração de florestas, prin- cípios e fundamentos para o manejo florestal de maneira sustentável. • Código Florestal – Lei n.º 12651/12: Dispõe sobre a proteção da vegetação nativa; altera as Leis n. 6.938, de 31 de agosto de 1981, 9.393, de 19 de dezembro de 1996, e 11.428, de 22 de dezembro de 2006; revoga as Leis n.º 4.771, de 15 de setembro de 1965, e 7.754, de 14 de abril de 1989, e a Medida Provisória n.º2.166-67, de 24 de agosto de 2001; e dá outras providências. Fauna: Estabelece que os animais são patrimônio da união, proíbe a caça profissional e o comércio de animais silvestres e ameaçados de extinção. • Proteção à Fauna – Lei n.º 5197/67: Dispõe sobre a proteção à fauna e dá outras providências. Ação Civil Pública: Atribui o poder de ação do Ministério Público ou entidade civis contra aqueles que causarem quaisquer danos ao meio ambiente. • Lei n.º 7347/85: Disciplina a Ação Civil Pública de responsa- bilidade por danos causados ao meio-ambiente, ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico e dá outras providências. Art. 3: A ação civil poderá ter por objeto a condenação em dinheiro ou o cum- primento de obrigação de fazer ou não fazer recuperação ambiental. Art. 4: Ação cautelar Evitar e prevenir os danos ambientais bem como aos demais interesses difusos ou coletivos. Art. 6: Qualquer pessoa poderá e o servidor público deverá provocar a ini- ciativa do Ministério Público, ministrando-lhe informações sobre fatos que constituam objeto de ação civil e, indicando-lhe os elementos de convicção. Parágrafo 1º, art. 8º: O Ministério Público poderá instaurar, sob sua presidên- cia, inquérito civil, ou requisitar, de qualquer organismo público ou particular, certidões, informações, exames, perícias, no prazo que assinalar, o qual não poderá ser inferior a 10 (dez) dias. Art. 10: Constitui crime, punido com pena de reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, mais multa de ..., a recusa, o retardamento ou a omissão de dados técnicos indispensáveis à propositura da ação civil, quando requisitados pelo Ministério Público. Art. 13: Havendo condenação em dinheiro, a indenização pelo dano causado re- verterá a um fundo gerido por um Conselho Federal ou por Conselhos Estaduais de que participarão necessariamente o Ministério Público e representante da co- munidade, sendo seus recursos destinados à reconstituição dos bens lesados. Art. 18: Nas ações de que trata esta lei, não haverá adiantamento de custas, emolumentos, honorários periciais e quaisquer outras despesas, nem con- denação da associação autora, salvo comprovada má-fé, em honorários de advogado, custas e despesas processuais. 22 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Regras Sobre a Biodiversidade: Tratam da Biossegurança, regras e técnicas para a manipula- ção genética e liberação destes organismos no meio ambiente, e tam- bém de assuntos relacionados às sementes transgênicas. • Lei n.º 11105/2005: estabelece normas de segurança e meca- nismos de fiscalização sobre a construção, o cultivo, a produção, a ma- nipulação, o transporte, a transferência, a importação, a exportação, o armazenamento, a pesquisa, a comercialização, o consumo, a liberação no meio ambiente e o descarte de ORGANISMOS GENETICAMENTE MODIFICADOS (OGM) e seus derivados, tendo como diretrizes o estí- mulo ao avanço científico na área de biossegurança e biotecnologia, a proteção à vida e à saúde humana, animal e vegetal, e a observância do princípio da precaução para a proteção do meio ambiente. Lei de Patentes: Relacionada à propriedade intelectual, ou popularmente co- nhecida como lei de patentes. É aplicada aos produtos e aos processos de produção. Proíbe o patenteamento dos elementos que constituem o meio ambiente, tendo como exceção apenas as sementes transgênicas. • Lei n.º 9279/96: regulam direitos e obrigações relativos à pro- priedade industrial. Crimes Ambientais: A responsabilidade ambiental contempla três esferas: Adminis- trativa, Civil e Penal. O Governo aplica as sanções penais mediante iniciativa própria ou por denúncia da sociedade. • Lei n.º 9605/98: dispõe sobre as sanções penais e adminis- trativas derivadas de condutas e atividades lesivas ao meio ambiente, e dá outras providências. Capítulo II - Da Aplicação da Pena - Art. 6º Para imposição e gradação da pe- nalidade, a autoridade competente observará: ... III – a situação econômica do infrator, no caso de multa. Art. 8º- Penas restritivas de direito: ... IV – prestação pecuniária. Art. 12- A prestação pecuniária consiste no pagamento em dinheiro à vítima ou à entidade pública ou privada com fim social, de importância, fixada pelo juiz, não inferior a um salário mínimo nem superior a trezentos e sessenta salários mínimos. O valor pago será deduzido do montante de eventual repa- ração civil a que for condenado o infrator. Art. 15- São circunstâncias que agravam a pena, quando não constituem ou qualificam o crime: ... a) para obter vantagem pecuniária; c) afetando ou exposto a perigo, de maneira grave, a saúde pública ou o meio ambiente. Art. 17- A verificação da reparação a que se refere o parágrafo 2º do art. 78 do código penal será feita mediante laudo de reparação do dano ambiental, e as condições a serem impostas pelo juiz deverão relacionar-se com a pro- teção do meio ambiente. 23 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Art. 19- A perícia de constatação do dano ambiental, sempre que possível, fixará o montante do prejuízo causado para efeitos de prestação de fiança e cálculo de multa. Parágrafo único: A perícia produzida no inquérito civil ou no juízo cível poderá ser aproveitada no processo penal, instaurando-se o contraditório. Capítulo VIII - Disposições Finais – art. 79-A. Para o cumprimento do dispos- to nesta Lei, os órgãos ambientais integrantes do SISNAMA, responsáveis pela execução de programas e projetos e pelo controle e fiscalização dos estabelecimentos e das atividades suscetíveis de degradarem a qualidade ambiental, ficam autorizadas a celebrar, com força de título executivo extraju- dicial, termo de compromisso com pessoas físicas ou jurídicas responsáveis pela construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimen- tos e atividades utilizadoras de recursos naturais, considerados efetiva ou potencialmente poluidores (vide, também, art. 19 da Lei da ACP). Parágrafo único: O termo de compromisso a que se refere este artigo destinar- -se-á, exclusivamente, a permitir que pessoas físicas ou jurídicas mencionadas no caput possam promover as necessárias correções de suas atividades, para o atendimento das exigências impostas pelas autoridades ambientais compe- tentes, sendo obrigatório que o respectivo instrumento disponha de: III – a descrição detalhada de seu objeto, o valor do investimento previsto e o cronograma físico de execução e de implantação das obras e serviços exigidos, com metas trimestrais a serem atingidas. As Leis e Normas Ambientais não se restringem apenas às que estão mencionadas neste capítulo. Dependendo da área a ser analisada, faz-se necessária a busca por legislações acerca do assunto. Algumas Legislações Pertinentes: Lei n.º 9985 de 2000,que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC); Lei n.º 11445 de 2007, que institui a Política Na- cional de Saneamento; Lei n.º 12305 de 2010, que institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos, entre outras. Leis e Normas Técnicas Úteis: Para a realização da perícia ambiental, é necessário analisar as situações de acordo com a legislação e normas aplicáveis a cada situação. a) Água: Decreto n.º 23.777/34 – indústria açucareira Lei nº 7.661/88 – gerenciamento costeiro Lei n.º 7.754/98 – florestas em nas- centes de rios Lei n.º 9.433/97 – Política Nacional de Recursos Hídricos Resolução nº 357/05 – CONAMA. 24 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S b) Ar: Decreto – Lei n.º 1.413/75 – poluição por atividades in- dustriais Lei nº 6.803/80 – zoneamento industrial Portaria no 231/76 Resolução no 03/90 – CONAMA Resolução nº 06/93 – CONAMA Reso- lução n.º 18/86 – CONAMA. c) Camada de Ozônio: Decreto n.º 2.679/98 Decreto n.º 2.699/98. d) Série ISO 14000 – normatização de produção que visa à proteção ambiental através do Sistema de Gestão Ambiental (SGA). 25 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2018 Banca: FUMARC Órgão: COPASA Prova: FUMARC - 2018 - COPASA - Agente de Saneamento - Técnico Meio Ambiente O estudo da Ecologia trata, principalmente, de níveis de organiza- ção além do organismo individual, cujo interesse abrange: a) Organismos. b) Órgãos. c) Populações. d) Tecidos. QUESTÃO 2 Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: Prefeitura de Teresina - PI Prova: FCC - 2016 - Prefeitura de Teresina - PI - Técnico de Nível Superior - Analista Ambiental - Engenharia Ambiental A partir dos anos de 1990, ocorreu à adoção de novos paradigmas teóricos e científicos para se estudar a relação entre a sociedade e a natureza. Oriundas da ecologia e dos movimentos ambienta- listas, tais orientações definiram o conceito de sustentabilidade ecológica como: a) A capacidade de uma sociedade de ocupar certo território, exploran- do seus recursos naturais sem ameaçar, ao longo do tempo, a integri- dade ecológica do meio ambiente. b) A capacidade de uma parte da população nativa se apropriar os re- cursos de um lugar, modificando-os sem manter a probidade e equidade ambientais de biomas variados. c) A condição básica que se precisa para preservar os recursos naturais dos biomas mais ameaçados do planeta para poder utilizá-los no presente. Hoje se consome apenas o que é produzido e o que se pode tirar da terra. d) A condição primordial para manter o planeta apenas assolando al- guns ecossistemas já em vias de destruição total, preservando outros que têm sido usados dentro de padrões de qualidade. e) Um ciclo de uso da matéria prima encontrada na Terra, utilizando os recursos de hoje sem preocupação com quaisquer danos, é uma forma de prevenção para manutenção da atualidade. QUESTÃO 3 Ano: 2016 Banca: EDUCA Órgão: Prefeitura de Maturéia - PB Pro- va: EDUCA - 2016 - Prefeitura de Maturéia - PB - Analista Ambiental Acerca das noções básicas de Ecologia, julgue os itens a seguir: I. Ecologia é a ciência que estuda a relação dos seres vivos entre si 26 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S e sua interação com o meio ambiente. II. Meio ambiente diz respeito ao conjunto de fatores bióticos e abióticos que possibilitam a sobrevivência de um indivíduo, popu- lação, comunidade. III. População é a associação entre os seres de diferentes espécies em uma determinada área. IV. Comunidade diz respeito ao conjunto de organismos de uma mes- ma espécie que habitam determinado espaço em um tempo definido. Estão corretos os itens: a) Apenas III e IV. b) Apenas I e III. c) Apenas II e IV. d) Apenas I e II. e) Apenas I e IV. QUESTÃO 4 Ano: 2016 Banca: FEPESE Órgão: Prefeitura de Criciúma - SC Pro- va: FEPESE - 2016 - Prefeitura de Criciúma - SC - Advogado Assinale a alternativa correta, de acordo com a Lei da Ação Civil Pública Lei n° 7.347/85. a) A apelação, em ação civil pública ambiental, é recebida, em regra, nos efeitos suspensivo e devolutivo. b) Todos os legitimados para propor ações civis públicas em matéria ambiental podem tomar dos interessados compromissos de ajustamen- to de suas condutas às exigências legais. c) A suspensão de liminar em ação civil pública pode ser requerida, ao Presidente do Tribunal, por qualquer demandado, para evitar grave le- são à ordem, à saúde, à segurança e à economia pública. d) A multa arbitrada pelo descumprimento da liminar pode ser executa- da provisoriamente, se confirmada por sentença. e) A promoção de arquivamento de inquérito civil público, caso o re- presentante do Ministério Público se convença da inexistência de fun- damento para a propositura da ação civil, deve ser homologada pelo Conselho Superior do Ministério Público. QUESTÃO 5 Ano: 2017 Banca: CESPE Órgão: TRF - 5ª REGIÃO Prova: CESPE - 2017 - TRF - 5ª REGIÃO - Juiz Federal Substituto O Ministério Público ajuizou ações na esfera cível e criminal contra empresa exploradora de petróleo, alegando prejuízos decorrentes de vazamento de óleo combustível em águas marinhas. O vazamen- to de óleo resultou na mortandade da fauna aquática e o Instituto 27 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) determinou, então, a imediata proibição de pesca na re- gião, por seis meses. Na fase de provas, foi provada a regularidade das instalações da empresa, que contava com as melhores tecno- logias disponíveis, e a idoneidade dos esforços para a reparação do problema, tendo o prejuízo ocorrido por motivo de força maior. Determinado pescador profissional ajuizou ação indenizatória indi- vidual pelos mesmos fatos, requerendo danos materiais e morais. A respeito dessa situação hipotética, assinale a opção correta. a) A pretensão indenizatória na ação civil pública pelo dano ambiental difuso é imprescritível. b) A pretensão do pescador é imprescritível. c) A responsabilidade da empresa pela poluição gerada é objetiva em todas as ações. d) Se reconhecida processualmente, a força maior afastará a obrigação de indenizar. e) O reconhecimento da força maior como determinante do dano não tem repercussão na ação criminal. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE A Lei Federal n.º 9.985/2000, instituiu o Sistema Nacional de Unidades de Conservação da Natureza no Brasil. A Unidade de Conservação é o espa- ço territorial e seus recursos ambientais, incluindo as águas jurisdicionais, com características naturais relevantes, legalmente instituídas pelo Poder Público, com objetivos de conservação e limites definidos, sob-regime es- pecial de administração. As Unidades de Conservação dividem-se em dois grupos com características específicas: Unidades de Proteção Integral e Unidades de Uso Sustentável. Quais são as unidades de conservação que constitui o segundo grupo Unidades de Uso Sustentável? TREINO INÉDITO Sobre a Responsabilidade Civil por Dano Ambiental, é correto afirmar. a) O código civil estabelece que a responsabilidade pelo dano ambiental não exija prova da culpa. b) A responsabilidade objetiva aplica-se às pessoas físicas, às pessoas jurídicas de direito privado e às pessoas jurídicas de direito público. c) A responsabilidade é apenas a empresa como pessoa jurídica nas esferas administrativa, civil e penal. d) O Poder Público deve comprovar que os riscos existem, e que a pes- soa que explora a atividade foi a causadora do dano. e) Tendo havido licença ambiental regularmente expedida, não há que se falar em responsabilidade da empresa em razão da ocorrência de danos. 28 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S ambientais em virtude da ocorrência de caso fortuito ou força maior. NA MÍDIA MINISTÉRIO PÚBLICO REQUER DEMOLIÇÃO DE OBRAS EM ÁREA DE PROTEÇÃO AMBIENTAL EM FORTIM O MinistérioPúblico do Estado do Ceará (MPCE) requer a demolição das obras do Empreendimento Turístico Praia Canoé, em Fortim, litoral leste do Ceará. Por meio de uma Ação Civil Pública ambiental e de Improbidade Admi- nistrativa, o órgão solicita que sejam removidas todas as intervenções que estejam em desacordo com a licença emitida pela Superintendên- cia Estadual do Meio Ambiente (SEMACE). De acordo com laudos emitidos pelos servidores do MPCE, da SEMA- CE e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (IBAMA), o complexo tu- rístico pode ocupar apenas o espaço do empreendimento localizado no tabuleiro pré-litorâneo. Mesmo com a proibição de obras em áreas protegidas pela legislação ambiental, os responsáveis pelo estabelecimento construíram em áreas de preservação permanente inseridos em dunas fixas, móveis e frontais, planície fluviomarinha e superfície de deflação ativa e faixa de praia. Diante dos danos ambientais provocados, o Ministério Público requereu a desocupação, demolição e remoção de todos os materiais e entulhos das edificações erguidas em desconformidade com a licença emitida pela SEMACE. Foi solicitada também a reparação dos danos já causados ao meio am- biente por meio de indenização, que serão qualificados pela perícia a ser realizada pela SEMACE, bem como a condenação de todos os en- volvidos nas sanções previstas da Lei de Improbidade Administrativa. Na ação proposta, a Promotoria ressaltou que a Secretaria Municipal do Meio Ambiente (SEMMAN) não atende aos requisitos estabelecidos pela legislação para conceder licenciamento ambiental, tais como o órgão am- biental capacitado, composta de uma equipe multidisciplinar de nível supe- rior para analisar o licenciamento ambiental e equipe de fiscalização e de licenciamento formados por servidores públicos efetivos de nível superior. Diante disso, o órgão ministerial solicitou a nulidade de todas as licenças concedidas pelo órgão municipal em favor do empreendimento turístico. Em nota, a empresa Praia Canoé esclareceu que ainda não foi oficial- mente notificada da Ação Civil Pública, mas afirma que possui todas as licenças exigidas por lei e que os empreendimentos turísticos citados encontram-se em pleno funcionamento, desde 2016, gerando emprego e renda para a população de Fortim. Fonte: Diário do Nordeste 29 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Data: 26 fev 2019. Leia a notícia na íntegra: https://diariodonordeste.verdesmares.com.br/editorias/regiao/online/mi- nisterio-publico-requer-demolicao-de-obras-em-area-de-protecao-am- biental-em-fortim-1.2068522 NA PRÁTICA A Ecologia é a ciência que estuda os ecossistemas. Para compreender as interações que ocorrem no meio ambiente, é essencial conhecer o fun- cionamento dos ecossistemas que estão inseridos no meio em análise. A Perícia Ambiental somente é viável a partir do estudo do meio ambiente em que o perito realizará o laudo pericial. As interferências, desequilíbrios, impactos positivos e/ou negativos gerados pelos empreendimentos e pela população, influenciam na qualidade de vida da sociedade, e necessitam muitas vezes, da intervenção do Estado para sanar o conflito ocasionado. As Políticas Públicas criadas pelos Estados fundamentam e estabele- cem limites para que tanto o Estado, quanto o empreendimento e o individuo convivam em harmonia com a natureza. 30 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S PRINCÍPIOS E PROCESSOS DA PERÍCIA AMBIENTAL Com a promulgação da Lei n.º 9605/98 Lei dos Crimes Am- bientais, os Tribunais Brasileiros passam a receber inúmeros processos movidos pela coletividade, pelo Ministério Público (MP) e pelo Estado visando à proteção dos recursos ambientais. A crescente concentração populacional juntamente com o in- tenso desenvolvimento econômico são os principais fatores que influen- ciam o desequilíbrio ecológico, e consequentemente, a qualidade de vida. É a partir das ações judiciais movidas por causa do desequilíbrio ambiental que surge a necessidade da perícia ambiental, prevista no Código de Processo Civil. CARACTERÍSTICA DA PERÍCIA AMBIENTAL P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 30 31 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S A solicitação da prova pericial acontece na etapa de averigua- ção da verdade dos fatos. “Nas questões que envolvem a natureza, informações e documentos não são suficientes para elucidar o caso, necessitando, portanto, de prova técnica baseada em metodologias es- pecíficas para a averiguação concreta dos danos e efeitos causados ao ecossistema”. Esta prova somente tem validade se produzida por profis- sionais especializados na área (ROVERI; OLIVEIRA; PEREIRA, 2010). Diante desta nova realidade, encontra-se a perícia ambiental, que exerce a atividade profissional de relevante interesse social, exigindo uma abordagem multidisciplinar e a atuação de profissionais altamente qualifi- cados analisar as questões ambientais, além de estudos e pesquisas que fundamentam os trabalhos avaliatórios e periciais de responsabilidade. Perícia Judicial Em todas as áreas técnicas científicas em que o conhecimento jurídico não é suficiente para emitir um parecer, faz-se necessária à pe- rícia, a fim de apurar os fatos reais, e assim, esclarecer os conflitos de interesses (ALMEIDA, 2000). A resolução de conflitos de interesses pelo Estado é funda- mentada pelo ato processual: Processo, Ação e sua Jurisdição, uma vez que o Estado atua como intermediador destes conflitos. Processo: forma sistemática de proceder, necessária ao válido exercício do poder, onde ao fim, espera-se que um juiz de direito ou tribunal, com regular jurisdição, profira decisões sobre o Direito entre as partes autor e réu. Jurisdição: poder que detém o Estado para aplicar o direi- to, com o objetivo de solucionar os conflitos de interesses. Ação: todos têm o direito de ação, em que os interessados têm o direito de solicitar o seu pronunciamento, exigindo que o Estado preste, de forma jurisdicional, a solução do conflito. Os atos processuais são públicos e seguem as diretrizes esta- belecidas no Código de Processo Civil. Podem ser de três formas: Ato das Partes, do juiz, e Atos utilizados pelo escrivão durante a tramitação do processo. 32 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 1) Ato das Partes: pode ser através de petição, de afirmação, juntando provas, acordos entre as partes, e até sobre a desistência do processo. 2) Ato dos Juízes: aonde o juiz conduz o processo segundo procedimento legal, resolvendo os conflitos e resultando em uma sen- tença ou decisão ou despacho. 3) Ato do Escrivão: estão relacionados com a autuação da petição inicial dos processos, mencionado o juízo, a natureza da situação, registro, as partes envolvidas, data de início, e demais documentações cabíveis. O juiz é a autoridade pública que detém o poder de julgar e solucionar o conflito de interesses, na qualidade de administrador da Justiça do Estado. Ele constrói sua decisão a partir do confronto dos pedidos, com as provas, normas legais, a doutrina e a jurisprudência. Para julgar e solucionar o conflito cabe ao juiz analisar o proces- so, item a item, e quando necessário, requerer aos conhecimentos de um perito especializado no assunto, para proferir sua decisão. O juiz instrui o processo e, através das provas, busca estabelecer as premissas de fato. O juiz é soberano ao tomar a decisão sobre o processo, não estando obrigado a acatar o laudo do perito, podendo adotar o parecer de um dos assistentes técnicos ou ainda não acatar nenhum deles, soli- citando nova perícia, ou formando sua convicção com outros elementos ou fatos que julgar provados nos autos, ou fazendo uma inspeção judi- cial, conforme artigos 440 a 443 do CPC (ARAÚJO, 2002). Art. 440. O juiz, de ofício ou a requerimento da parte, pode, em qualquer fase do processo, inspecionar pessoasou coisas, a fim de se esclarecer sobre fato, que interesse à decisão da causa. Art. 441. Ao realizar a inspeção direta, o juiz poderá ser assistido de um ou mais peritos. Art. 442. O juiz irá ao local, onde se encontre a pessoa ou coisa, quando: I - jul- gar necessário para a melhor verificação ou interpretação dos fatos que deva observar; Il - a coisa não puder ser apresentada em juízo, sem consideráveis despesas ou graves dificuldades; III - determinar a reconstituição dos fatos. Pa- rágrafo único. As partes têm sempre direito a assistir à inspeção, prestando es- clarecimentos e fazendo observações que reputem de interesse para a causa. Art. 443. Concluída a diligência, o juiz mandará lavrar auto circunstanciado, mencionando nele tudo quanto for útil à decisão da causa. Parágrafo único. O auto poderá ser instruído com desenho, gráfico ou fotografia. Durante o processo, tanto as partes quanto o juiz podem apresen- tar quesitos suplementares, em função dos já formulados, com o intuito de esclarecer as questões abordadas no processo e pela perícia realizada. Cabe ao juiz estabelecer os quesitos que a perícia deve abor- dar, ou seja, definir os questionamentos que a perícia deve responder a 33 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S partir da atuação do perito e dos assistentes técnicos dentro do assunto pertinente, e caso o perito aborde questões que não foram indagadas no processo, o juiz pode indeferir a prova apresentada, e até mesmo anular o laudo pericial. Quando ocorre a necessidade de substituir o perito por não cumprir o prazo, o juiz informará o ocorrido à corporação pro- fissional de peritos, podendo, ainda, aplicar multa de valor propor- cional ao prejuízo causado sob o ato processual. Perito e Assistente Técnico Quando o juiz requisita a perícia para esclarecer, tecnicamente a existência ou não dos danos ambientais, apresentados nos atos pro- cessuais, é que se faz necessária a presença do perito. “O perito deve ser um profissional de confiança do juiz, pois atuará como auxiliar da justiça, no local onde ocorreram as diligências”. (BENITE, 1993). Desta forma, além dos requisitos morais e éticos ine- rentes a esta função, o perito deve ser capacitado tecnicamente na área ambiental, a fim de diminuir as dúvidas presentes no processo. A atuação do perito visa satisfazer a finalidade da perícia, ve- rificando os fatos do processo, certificando-os, apreciando-os ou inter- pretando-os. Cabe ao perito, portanto, confeccionar o laudo pericial que fundamentará a decisão proferida pelo juiz (CHAGAS NETO, 2006). As responsabilidades do perito sobre as informações contidas no laudo são estabelecidas nos artigos 146 e 147 do Código de Processo Civil: Art. 146. O perito tem o dever de cumprir o ofício, no prazo que lhe assina a lei, empregando toda a sua diligência; pode, todavia, escusar-se do encargo alegando motivo legítimo. Parágrafo único. A escusa será apresentada, den- tro de cinco dias contados da intimação, ou do impedimento superveniente, sob pena de se reputar renunciado o direito a alegá-la art. 423. Art. 147. O perito que, por dolo ou culpa, prestar informações inverídicas, res- ponderá pelos prejuízos que causar à parte, ficará inabilitado, por dois (2) anos, a funcionar em outras perícias e incorrerá na sanção que a lei penal estabelecer. O conhecimento do perito deve abranger as normas específi- cas que disciplinam a atividade pericial, bem como “Os códigos e leis 34 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S vigentes do Código Civil Brasileiro e do Código do Processo Civil, sendo obrigatória a comprovação deste conhecimento”. (ARAÚJO, 2000). Cabem ao perito estimar suas despesas com equipamentos e demais instrumentos necessários para a realização da perícia. Seus honorários são baseados na complexidade e extensão da perícia, na natureza da perícia, e no tempo necessário para a averiguação dos fatos, que devem compreender: • Vistorias; • Buscas e investigações; • Estudos; • Cálculos; • Deslocamentos; • Demais atividades técnicas necessárias ao desempenho de suas funções. Em contrapartida, os assistentes técnicos não são nomeados pelo juiz, e sim pelas partes. Eles são profissionais de confiança das partes, e nada impede que concluam, de forma tendenciosa, a perícia realizada. Os Assistentes Técnicos devem satisfazer os quesitos abor- dados no processo, a fim de auxiliar as conclusões do perito, porém eles não possuem a função de fiscalizar o perito. O art. 429 do CPC possibilita que estes profissionais solicitem documentos às partes e aos órgãos públicos, entrevistem testemunhas, analisem fotos e plantas do território, para anexar ao laudo pericial. As principais características que os assistentes técnicos de- vem apresentar são: a) Estar tecnicamente preparado e habilitado na matéria que irá discutir; b) Estudar e conhecer o problema, para que tenha suas pró- prias convicções; c) Participar em conjunto com o advogado, no que lhe compete tecnicamente, na elaboração da inicial, contestação e quesitos; d) Estar junto ao perito para ajudá-lo e convencê-lo de suas convicções; e) Participar, se o perito permitir, na elaboração do laudo; f) Estar à disposição dos advogados, perito e interessados, para dirimir dúvidas e participar intensamente da produção da prova pericial; g) Administrar tecnicamente o que lhe compete, com clareza e objetividade, para sempre que solicitado prestar esclarecimentos aos advogados e interessados. 35 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S A interferência do assistente técnico, juntamente com as informações privilegiadas que o advogado tem, contribui para qual caminho a perícia será direcionada. A PERÍCIA AMBIENTAL A perícia é caracterizada pela atividade humana e que consiste na intervenção de um processo, a partir do conhecimento técnico profis- sional acerca da verificação, valoração e interpretação de fatos. O perito não necessita de conhecimentos jurídicos, apenas conhecimentos téc- nicos sobre a área de estudo, para conceituar as causas e os efeitos do determinado fato. A figura 2.1 ilustra as etapas da perícia. Figura 2.1 – Fluxograma Básico de Pericial Fonte – ALMEIDA, 2000 36 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Desta forma, a perícia ambiental é um artifício utilizado em processos judicial estando sujeito às diretrizes previstas pelo CPC que atenderá os questionamentos ambientais, onde o objeto em discussão é o dano ambiental ou o risco de sua ocorrência (ARAÚJO, 2002). A legislação ambiental regulamenta a tutela e proteção do meio ambiente a nível Federal, Estadual e Municipal, e caracteriza os princí- pios e normas que regem as atividades humanas que possam causar quaisquer danos ao meio ambiente, visando a sustentabilidade. Portanto, as perícias ambientais devem ser conduzidas por profissionais com formação de nível superior, registro profissional vali- dado por órgão competente e conforme os seguintes requisitos legais: • Lei n.º 5194 de 1966 (CONFEA) – regula o exercício das pro- fissões de Engenheiro, Arquiteto e Engenheiro-Agrônomo, e dá outras providências. • Resolução n.º 1002 de 2002 (CONFEA) – adota o Código de Ética Profissional da Engenharia, da Arquitetura, da Agronomia, da Ge- ologia, da Geografia e da Meteorologia e dá outras providências. • Resolução n.º 218 de 1973 (CONFEA) – discrimina atividades das diferentes modalidades profissionais da Engenharia, Arquitetura e Agronomia. • Resolução n.º 345 de 1990 (CONFEA) – dispõe quanto ao exercício por profissional de Nível Superior das atividades de Engenha- ria de Avaliações e Perícias de Engenharia. • Normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). • Constituição Federal de 1988. • Leis Ambientais Federais, Estaduais e Municipais. • Código e Defesa do Consumidor. • Resoluções do CONAMA. • Código Florestal. A Resoluçãon.º 345/90 editada pelo CONFEA define alguns conceitos importantes para a perícia ambiental: Art. 1º - Para os efeitos desta Resolução, define-se: a) Vistoria é a constatação de um fato, mediante exame circunstanciado e descrição minuciosa dos elementos que o constituem, sem a indagação das causas que o motivaram. b) Arbitramento é a atividade que envolve a tomada de decisão ou posição entre alternativas tecnicamente controversas ou que decorrem de aspectos subjetivos. c) Avaliação é a atividade que envolve a determinação técnica do valor qua- litativo ou monetário de um bem, de um direito ou de um empreendimento. d) Perícia é a atividade que envolve a apuração das causas que motivaram determinado evento ou da asserção de direitos. e) Laudo é a peça na qual o perito, profissional habilitado, relata o que obser- 37 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S vou e dá as suas conclusões ou avalia o valor de coisas ou direitos, funda- mentadamente.Art. 2º - Compreendem-se como a atribuição privativa dos En- genheiros em suas diversas especialidades, dos Arquitetos, dos Engenheiros Agrônomos, dos Geólogos, dos Geógrafos e dos Meteorologistas, as vistorias, perícias, avaliações e arbitramentos relativos a bens móveis e imóveis, suas partes integrantes e pertences, máquinas e instalações industriais, obras e ser- viços de utilidade pública, recursos naturais e bens e direitos que, de qualquer forma, para a sua existência ou utilização, sejam atribuições destas profissões. Quesitos da Perícia Ambiental Os quesitos são as questões que envolvem o ato processual, e que devem ser respondidas de maneira objetiva, clara, fundamentada, e imparcial. Os quesitos são diferenciados em cinco categorias. 1) Identificação da área: a localização da área do empreendi- mento ou limites de intervenção; a presença ou proximidade de Unidade de Conservação (UC), APP, ou RL. 2) Identificação do dano: descrição das atividades e interven- ções realizadas na área identificada e a magnitude do aspecto ambien- tal significativo; datar quando houve tais danos; estabelecer os efeitos à saúde, segurança e bem estar da população; criar condições desfavo- ráveis às atividades socioeconômicas, de forma a afetar negativamente a biota; alterar as condições naturais do meio ambiente. 3) Nexo de causalidade: identificar a pessoa física e/ou jurídica responsável pelo dano. 4) Possibilidade de recuperação do meio ambiente: verificar se as áreas afetadas são passíveis de recuperação ambiental, e descrever quais as medidas que devem ser adotadas; caso não seja possível re- cuperar a área, estimar a valoração do dano ambiental. 5) Outras considerações: informar se o empreendimento possui as licenças ambientais regulares e anexar suas cópias; se houve vantagem econômica com a exploração de recursos ambientais extraídos de forma irregular ou proibidos, e qual o valor monetário desta vantagem; informar se os atos descritos constituem atos de infração ambiental; anexar as AIAs do empreendimento; descrever demais considerações pertinentes à perícia. Para responder aos quesitos da perícia, o perito utiliza dados 38 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S técnicos das normas, fotografias, referências bibliográficas especia- lizadas, modelos matemáticos, questionários de respostas, visitas ao local em análise, resultados de análises de laboratório, entre outros. Prova da Perícia Ambiental Segundo o CPC: Todos os meios legais, bem como os moral- mente legítimos, ainda que não especificados nesse código, são hábeis para provar a verdade dos fatos em que funda a ação ou a defesa. Al- meida (2008) define a prova pericial como: (...) A prova pericial consiste em exames, vistorias e avaliação. Como o juiz não é conhecedor de todas as técnicas disponíveis, e não possui conheci- mentos científicos ou técnicos para tal, nem deveria conhecer, é claro, ele procura e nomeia pessoas de “sua confiança”, que atendam a matéria a ser julgada. Perceba, a nomeação depende de um bom trabalho do perito (...). As provas da perícia são referentes aos quesitos levantados, que caracterizam a controvérsia da versão dos fatos citados pelas partes. Portanto, são elas que viabilizam a legitimação do processo civil: a re- construção da verdade e a aplicação do direito positivo (SARAIVA NETO, 2008). O CPC estabelece como espécies de prova art. 342 a 443: a) A confissão; b) Depoimento pessoal e de testemunhas; c) Apresentação de documentos; d) Os livros empresariais; e) Perícia ambiental e inspeções judiciais; f) Demais materiais que julgar relevante e que não tenha sido obtido por ato ilícito. A prova é considera a força primordial dos processos que en- volvem questões ambientais, pois os fatos apresentados por ela repre- sentam a verdade real (ABELHA, 2004), uma vez que mensurar e deli- mitar o dano ambiental é uma atividade bastante complexa. O juiz pode obter convicção a partir de qualquer prova apre- sentada, mesmo que esta prova seja contraditória, pois antes de pon- derar o valor da prova, ele deve estabelecer a sua credibilidade – a cre- dibilidade não é abalada caso a prova aponte para diferentes caminhos. Laudo Pericial O Laudo Pericial é constituído por fundamentação técnica dos 39 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S exames e vistorias realizados na perícia ambiental. Deve-se analisar e interpretar os fatos a partir de métodos adequados, conduzindo a conclusões irrefutáveis. Não deve contemplar considerações jurídicas pois estas cabem apenas ao juiz e advogados da ação e sim clarear as questões ambientais levantadas, de forma objetiva, conclusiva, e ética. Segundo Almeida (2000), o laudo deve contemplar três fases, sendo elas: síntese do conflito de interesses; exposição dos fatos ave- riguados nos exames e vistorias; conclusão e respostas aos quesitos levantados. A figura 2.2 apresenta o conteúdo do laudo pericial. Segundo o artigo 433 do Código de Processo Civil, o laudo pericial é o resultado, exclusivamente, das conclusões do perito, de forma que não considera o parecer dos assistentes técnicos sem que o perito autorize a participação do mesmo em sua elaboração. Figura 2.2 – Síntese de Conteúdos Aplicados aos Textos de Perícia Fonte – VIEIRA, 2010 40 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S O laudo pericial documentado não segue uma estrutura fixa, porém, é recomendado que contemplasse as seguintes informações: • Número do processo e quem solicitou a perícia ambiental; • Nomes que identifiquem as partes envolvidas no processo; • Quesitos da perícia; • Identificação da equipe que realizou a perícia tanto o perito quanto aos demais assistentes técnicos bem como registro profissional, data e assinatura; • Documentos e legislações utilizadas para a fundamentação da perícia; • Metodologias que foram utilizadas; • Descrição do local da perícia; • Data, hora e período de tempo das diligências; • Apresentação e discussão dos resultados obtidos através da perícia; • Conclusões; Levando em conta que a perícia ambienta averigua e analisa os danos ambientais, devem-se levar em consideração os fatores abió- ticos, bióticos e socioeconômicos. Portanto, o perito deve analisar, caso caiba nos quesitos da perícia, a localização, discussão e conclusão dos fatores identificados. 1) Localização • Local da Área: localização da área afetada e sua vizinhança; • Situação Legal da Área: descrição do local, a finalidade à qual seu uso se destina se é UC, APP, RL, entre outros. • Clima: caracterizar os fatores climatológicos do local. • Recursos Hídricos: identificar e mapear os recursos hídricos do entorno e subterrâneos. • Solo: caracterizar o perfil do terreno, mapear os solos. • Ecossistema, Vegetação e Fauna: descrever a mapear a ve- getação e fauna que são afetadas na área, mas principalmente, aqueles de interesse econômico. • Infraestrutura:descrever a atual infraestrutura, insumos, equi- pamentos e tecnologias utilizadas para a operação. 2) Discussão • Diagnóstico do meio ambiente, descrição da utilização dos recursos ambientais. • Avaliação ambiental, social, econômica e cultural da área;: • Impactos ambientais, sociais, econômicos e culturais espera- do na localidade. • Perspectivas da evolução ambiental. • Considerações Complementares – alternativas tecnológicas 41 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S e recomendações. • Apreciação dos quesitos. 3) Conclusão • Deve ser sucinta e conclusiva. Caso haja concordância com a conclusão do perito, os assis- tentes técnicos também poderão assinar, junto ao perito, o laudo final. Porém, o assistente técnico pode apresentar seu próprio parecer con- testando a conclusão do perito. Após sua confecção, o laudo deve ser entregue ao cartório onde foi nomeado, possibilitando a continuidade do processo, onde as partes se manifestarão a respeito das conclusões do perito (JULIANO, 2007). 42 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S QUESTÕES DE CONCURSOS QUESTÃO 1 Ano: 2014 Banca: VUNESP Órgão: TJ-RJ Prova: VUNESP - 2014 - TJ-RJ - Juiz Substituto No Processo Penal, o perito: a) Deve prestar compromisso para cada trabalho, ainda que seja perito oficial. b) Deve, quando trabalha em dupla, chegar a um consenso com seu colega acerca do objeto da perícia, não podendo apresentar laudo di- vergente em separado. c) Pode ser ouvido em audiência e pode, inclusive, ter determinada sua condução coercitiva. d) Pode ser considerado suspeito, mas nunca impedido. QUESTÃO 2 Ano: 2013 Banca: FUNCAB Órgão: PC-ES Prova: FUNCAB - 2013 - PC-ES - Perito Criminal O perito cumpre o papel de auxiliar do Juízo na prestação jurisdicio- nal, encarregando-se de supri-lo de elementos técnicos específicos. Sobre a atuação do perito, é correto afirmar: a) O perito sempre deve prestar esclarecimentos em audiência. b) Para manter a imparcialidade, o perito nunca deve contatar os assis- tentes técnicos. c) O perito deve abster-se de interpretação de leis. d) Nem sempre o perito tem seu trabalho apresentado por escrito. e) Para se ater somente à atribuição que lhe é conferida pelo Juízo, o perito não pode ter acesso aos autos. QUESTÃO 3 Ano: 2007 Banca: FCC Órgão: MPU Prova: FCC - 2007 - MPU - Ana- lista Pericial - Engenharia Florestal Texto associado Durante a vistoria o perito deve, principalmente, a) Fazer levantamento topográfico georreferenciado da propriedade do autuado e levantamento taqueométrico das áreas queimadas nas pro- priedades vizinhas. b) Fazer levantamento planialtimétrico detalhado das áreas afetadas do autuado e dos vizinhos e elaborar relatório fotográfico. c) Realizar um inventário florestal por amostragem da área remanes- cente e obter a declividade média do local com o uso de clinômetro. d) Fazer um croqui da propriedade, contendo as áreas queimadas e 43 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S obter amostras de madeira queimada para análise laboratorial. e) Dimensionar as áreas queimadas nas propriedades e verificar se há rebrota de gramíneas do gênero Brachiaria nas trilhas utilizadas para extração da madeira. QUESTÃO 4 Ano: 2005 Banca: EJEF Órgão: TJ-MG Prova: EJEF - 2005 - TJ-MG - Juiz A remuneração do perito será paga: a) Pelo réu quando ordenado o exame, de ofício, pelo juiz. b) Pelo réu quando ambas as partes requererem o exame. c) Por ambas as partes quando requerido o exame pelo Ministério Pú- blico e deferido pelo juiz. d) Pela parte que houver requerido o exame. QUESTÃO 5 Ano: 2016 Banca: FCC Órgão: CREMESP Prova: FCC - 2016 - CRE- MESP - Advogado Considere a seguinte situação hipotética: No processo “X”, o peri- to judicial prestou informações inverídicas que acabaram compro- metendo a instrução processual e o deslinde da controvérsia. Con- siderando que o perito agiu com culpa, não possuindo a intenção deliberada de prestar as informações inverídicas, de acordo com o Código de Processo Civil, o perito responderá pelos prejuízos que causar à parte: a) Mas não ficará inabilitado para atuar em outras perícias uma vez que não agiu com dolo. b) E ficará inabilitado para atuar em outras perícias pelo prazo de até três anos, independentemente das demais sanções previstas em lei. c) E ficará inabilitado para atuar em outras perícias no prazo de dois a cinco anos, independentemente das demais sanções previstas em lei. d) E somente não ficará inabilitado para atuar em outras perícias se com- provarem que a conduta culposa praticada decorreu de ato omissivo. e) E somente não ficará inabilitado para atuar em outras perícias se com- provarem que a conduta culposa praticada decorreu de ato comissivo. QUESTÃO DISSERTATIVA – DISSERTANDO A UNIDADE Considere a seguinte situação hipotética: Em um processo penal, o Juiz nomeou um perito para analisar as provas e circunstancias dos fatos. Quais são as obrigações que este perito tem durante sua vistoria? 44 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S TREINO INÉDITO A responsabilidade social empresarial, quando relacionada ao de- senvolvimento ambiental, pode ser definida como: a) Consequência da globalização e normas estabelecidas pelo mercado. b) Utilizando os recursos naturais até o seu esgotamento. c) Aplicação da gestão pautada no desenvolvimento e proporcionando ambiente de trabalho adequado. d) Capacidade de as empresas produzirem bens de consumo ou serviços economizando recursos naturais, ou pela diminuição do desperdício. e) Resultado de suas metas econômicas associadas com suas políticas internas. NA MÍDIA JUIZ DETERMINA PERÍCIA PARA IDENTIFICAR CRIME AMBIENTAL NA FAZENDA DE MINISTRO EM MATO GROSSO O juiz André Luciano Costa Gahyva, da 1ª Vara Cível de Diamantino 208 km a médio-norte de Cuiabá, determinou a produção de prova pe- ricial para saber sobre possíveis danos ambientais causados em área rural do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes. A Ação promovida pelo Ministério Publico alega que foi constatado des- mate e degradação na área de reserva legal dentro de uma propriedade de Mendes, em Diamantino, bem como captação de águas superficiais perante a margem de um rio sem outorga concedida pela Secretaria de Meio Ambiente (SEMA). Segundo o juiz André Luciano Costa Gahyva, não foi possível constatar, após acusação e defesa, se a área realmente está degradada. Justamen- te por isso tornou-se necessário realização de perícia especializada. “As alegações trazidas na peça de defesa dos requeridos deixam este juízo em dúvidas sobre a existência, ou não, de atividade lesiva ao meio ambiente, não restando claro, até agora, se a conduta praticada pelos réus na inicial causou ou esteja em vias de causar dano irreparável ou de difícil reparação ao meio ambiente”, afirmou o juiz no dia 6 de fevereiro. Por desconhecer a verdadeira situação, o magistrado negou pedido li- minar que buscava antecipar adequações. Gilmar Mendes é processa- do em ainda mais 4 ações por crimes ambientais. Familiares do ministro também são acionados no processo. O membro do STF já negou publicamente irregularidades em suas ter- ras em Diamantino. Fonte: Só Notícias Data: 09 fev 2019. Leia a notícia na íntegra: https://www.sonoticias.com.br/geral/juiz-determina-pericia-para-identifi- 45 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S car-crime-ambiental-em-fazenda-de-ministro-em-mt/ NA PRÁTICA A Perícia Ambiental é um meio que o poder judiciário utiliza para con- duzir o ato processual, e solucionar um conflito de interesses entre as partes. Cabe ao juiz requerer a perícia ambiental, quando o conheci- mento jurídico é insuficiente para responder os quesitos que envolvem questões ambientais. Toda via o perito nomeado para realizar a perícia deve possuir amplo conhecimento sobre a área da perícia, e seguir as diretrizes dispostas noCPC e demais legislações e normas ambientais. Para auxiliar o pe- rito, as partes podem nomear assistentes técnicos que irão representa- -los junto à perícia ambiental realizada. Ao final da perícia, o perito elabora o laudo pericial, documento este que concluirá de forma objetiva, os quesitos averiguados durante o ato de perícia, que auxiliará na decisão do juiz. 46 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S AVALIAÇÃO DE IMPACTOS AMBIENTAIS A Resolução CONAMA 237/97 exige a expedição da licença ambiental para os empreendimentos que de alguma forma impactam o meio ambiente. O Órgão Ambiental Administrativo competente auto- riza a localização, instalação, ampliação e operação de atividades que utilizam os recursos naturais, destes empreendimentos. Ele estabelece quais as condições, restrições e medidas de controle das atividades exercidas pela empresa, seja ela privada ou pública. A licença, entretanto, não tem caráter definitivo. Após a expedição de qualquer tipo de licença ambiental, os requisitos estabelecidos devem ser acompanhados e monitorados, e cabe ao órgão responsável a sua co- AVALIAÇÃO E ANÁLISE DOS IMPACTOS AMBIENTAIS P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S 46 47 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S brança por via administrativa ou judicial. Constatado o não cumprimento dos requisitos, a licença pode suspensa ou cancelada (ARAUJO, 2002). As Resoluções que contribuem de forma expressiva para a gestão ambiental são: CONAMA n.º 01/86 e a CONAMA n.º 237/97. Estas duas Resoluções Regulamentam o Licenciamento Ambiental es- tabelecidos na PNMA. A Lei Complementar 140 (LC 140) regulariza as atribuições dos entes federativos. A atuação do poder público é fundamental para asse- gurar as diretrizes estabelecidas na Constituição, tendo o dever de prote- ger o meio ambiente. Um ponto bastante importante da LC 140 é disposto no art. 3, que se refere aos atrasos dos órgãos ambientais em proceder com a licença ambiental, e com o custo real e complexidades dos servi- ços que o órgão licenciador presta. Esta lei não altera as regras, prazos e atividades descritas na Resolução CONAMA 237/97, pelo contrário, o objetivo principal desta Lei é em diminuir a responsabilidade dos órgãos menos com menor capacidade técnica em expedir a licença ambiental. Neste contexto, em 1986 surge o termo Avaliação de Impacto Ambiental (AIA), disposta e criada pela Resolução CONAMA 01, efeti- vando a obrigatoriedade da AIA, para o procedimento de licenciamento ambiental, aos empreendimentos com atividades potencialmente polui- doras e causadoras de degradação ambiental. A AIA é uma ferramenta decorrente dos inúmeros impactos am- bientais do crescimento das atividades humanas e do desenvolvimento econômico mundial, principalmente nos países desenvolvidos. Portanto, a AIA tem o papel de encontrar e estabelecer possí- veis formas de minimizar o impacto ambiental, através da tomada de ações necessárias para conter o dano ambiental. Ela é parte integrante das políticas ambientais e planejamento da gestão ambiental. Recentemente a ONU elaborou a Agenda 2030: Transfor- mando nosso mundo, contendo 17 objetivos de desenvolvimento sustentável para as nações seguirem. Estes objetivos relacionam-se com as pessoas, o planeta, a prosperidade, a paz e a parceria. Saiba mais em: https://nacoesunidas.org/pos2015/agen- da2030/ As políticas ambientais e a exigência da AIA é uma imposição da 48 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Constituição Nacional de 1988, e a Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA) de 1986, submete aos Órgãos Ambientais do Governo Brasileiro, a responsabilidade sobre as avaliações de impactos ambientais. A PNMA não estabelece como a avaliação de impacto am- biental deve ser aplicada, quais são os procedimentos e requisitos formais, as competências, entre outros aspectos de sumo impor- tância para sua implementação. A Regulamentação desta Lei veio através do Decreto n.º 88351/89, o qual foi revogado pelo Decreto n.º 99274/90. O referido decreto dispõe que cabe ao Poder Público: • Manter a fiscalização permanente dos recursos ambientais, visando à compatibilização do desenvolvimento econômico com a pro- teção do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; • Proteger as áreas representativas de ecossistemas mediante a implantação de unidades de conservação e preservação ecológica; • Manter, através de órgãos especializados da Administração Pública, o controle permanente das atividades potencial ou efetivamen- te poluidoras, de modo a compatibilizá-las com os critérios vigentes de proteção ambiental; • Incentivar o estudo e a pesquisa de tecnologias para o uso racional e a proteção dos recursos ambientais, utilizando nesse sentido os planos e programas regionais ou setoriais de desenvolvimento indus- trial e agrícola; • Implantar, nas áreas críticas de poluição, um sistema perma- nente de acompanhamento dos índices locais de qualidade ambiental; • Identificar e informar, aos órgãos e entidades do Sistema Na- cional do Meio Ambiente, a existência de áreas degradadas ou ameaça- das de degradação, propondo medidas para sua recuperação; • Orientar a educação, em todos os níveis, para a participação ativa do cidadão e da comunidade na defesa do meio ambiente, cuidan- do para que os currículos escolares das diversas matérias obrigatórias contemplem o estudo da ecologia. 49 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S Definições e Caracterização da AIA como Instrumento da Susten- tabilidade Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) pode ser conceituada como Procedimento, estudo técnico, documento científico, fase de li- cenciamento ambiental, instrumento de gestão ambiental, ferramenta da política ambiental, entre outras (BARBOSA, 2006). Todas estas definições agregam características de prevenção e planejamento das ações antrópicas que possam causar algum dano ambiental significativo. Dependendo do ponto de vista analisado, segundo Pierri Es- tades (2002), a AIA admite definições conceitual, administrativa e até mesmo técnica. 1) Conceitual: • Analisar os processos para obter informações prévias, de forma objetiva, em relação aos efeitos significativos das atividades hu- manas sob o meio ambiente, promovendo a redução e até mesmo a inexistência de impactos ambientais. 2) Administrativa: • Associação dos diversos trâmites legais que possibilitam a aceitação ou modificação de um projeto potencialmente poluidor, e de valoração do meio ambiente que a sociedade faça. Ou seja, é um pro- cesso de controle de projetos que envolvem a participação pública. 3) Técnica: • Identificação, prevenção, valoração e prevenção dos danos ambientais causados por um projeto. No Brasil, a AIA é realizada pelo processo de licenciamen- to ambiental, constituída por estudos ambientais técnicos multi- disciplinares, em formato de documento e relatório EIA e o RIMA, tendo por objetivo prevenir os impactos ambientais, planejar as atividades antrópicas, e auxiliar na tomada de decisão dos órgãos públicos ambientais. Para o órgão ambiental determinar se um determinado empre- endimento possui impacto ambiental significativo, existem estudos am- bientais que antecedem a avaliação de impacto ambiental, fundamen- 50 P E R ÍC IA S A M B IE N TA IS - G R U P O P R O M IN A S tando quais são as atividades humanas que necessitam do EIA/RIMA para a obtenção da licença ambiental. Segundo Burszytn (1994), a AIA deve ser aplicada com a fina- lidade de: • Servir de instrumento para identificar e elencar os aspectos ambientais em todas as fases do projeto com enfoque no desenvolvi- mento do empreendimento e a proteção ao meio ambiente; • Realizar uma síntese do meio ambiente afetado e seus fato- res socioambientais, definindo as limitações e como a atividade pode modificar este
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