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Farmacologia Geral Farmacocinética II – Absorção e Distribuição de Fármacos • Farmacocinética: é o percurso que a medicação realiza no organismo que está sendo medicado, e toda a ação que a droga administrada sofre ao ser absorvida, transformada ou biotransformada até o seu processo de eliminação corpórea. Caminho que ele percorre desde a administração até sua eliminação. - Absorção, distribuição, metabolização e excreção. - Cada droga possui seu padrão farmacocinético, que é importante para definir um tratamento terapêutico a partir das condições que a droga apresenta dentro do organismo. - Determinar esquemas posológicos (quantidade/dia). à Racionalizar o uso da droga: Larissa Troccoli CAP8,9,10 - Melhorar a eficácia terapêutica. - Diminuir o risco de efeitos adversos. - Individualizar a terapia do paciente. - Monitorizar drogas com margem de segurança estreita. - A compreensão da farmacocinética pode fornecer as chances de segurança e eficácia da terapêutica medicamentosa. - Importante escolher a dose adequada da droga que garanta a chegada e manutenção da [ ] no sítio de ação para promover efeito benéfico. - A intensidade dos efeitos dos medicamentos depende da [droga ] alcançada no seu sítio de ação. - A concentração terapêutica situa-se entre a [ ] geradora de efeito mínimo e efeito máximo ( [] máxima tolerada) esse intervalo se chama janela terapêutica. - Margem de segurança: indica a distância entre o nível terapêutico e o nível tóxico de uma droga. Após ultrapassar a margem de segurança começam a aparecer os efeitos adversos indesejados. o Absorção: - É a transferência de um fármaco do seu local de administração para a corrente sanguínea. - A velocidade e a eficácia de absorção são dependentes da via de administração. - Quanto mais rápida a absorção, menor o tempo (tmax) necessário para alcançar a concentração plasmática máxima (cmax). - Todo medicamento administrado é um ácido fraco ou uma base fraca. E as diferenças de pH influenciam na solubilidade do fármaco. - Mecanismos de absorção dos fármacos: 1. Difusão passiva: A maioria dos fármacos é absorvida por esse mecanismo. Os fármacos hidrossolúveis atravessam as membranas celulares através de canais ou poros aquosos, e os lipossolúveis movem-se facilmente através da maioria das membranas biológicas, devido à sua solubilidade na bicamada lipídica. 2. Difusão facilitada: fármacos utilizam transportadoras transmembrana especializadas que facilitam a passagem de moléculas grandes. Ele não requer energia, pode ser saturado e pode ser inibido por compostos que competem pelo transportador. 3. Transporte ativo: Esta forma de entrada de fármacos também envolve transportadores proteicos específicos que atravessam a membrana. O transporte ativo dependente de energia é movido pela hidrólise de trifosfato de adenosina. Ele é capaz de mover fármacos contra um gradiente de concentração. Larissa Troccoli 4. Endocitose e exocitose: Estes tipos de absorção são usados para transportar fármacos excepcionalmente grandes através da membrana celular. A endocitose envolve o engolfamento de moléculas do fármaco pela membrana e seu transporte para o interior da célula pela compressão da vesícula cheia de fármaco. A exocitose é o inverso da endocitose. o Vias de administração: à Vias enterais: - Tudo que passa pelo TGI. - Via oral, sublingual e retal. ü Via oral: - Na via oral o primeiro órgão que o medicamento vai atingir é o estomago. Depois atinge o intestino. - Quando o medicamento é dissolvido ele é absorvido. - Antes de ser absorvido o fármaco passa pelo fígado e sofre metabolização – metabolização ou efeito de primeira passagem. - O sangue faz a distribuição do fármaco. - O mecanismo de absorção da maioria dos fármacos é o mesmo de outras barreiras epiteliais, ou seja, transferência passiva a uma velocidade que é determinada pela ionização e lipossolubilidade das moléculas do fármaco. - Como esperado, bases fortes com pKa de 10 ou mais são pouco absorvidas, assim como os ácidos fortes com pKa inferior a 3, porque estão totalmente ionizados. - Em alguns casos absorção intestinal depende de transportadores, e não de difusão simples. - Fatores que afetam a absorção gastrointestinal: Conteúdo intestinal (alimentado x jejum). Motilidade gastrointestinal. Fluxo sanguíneo esplâncnico. Tamanho da partícula e formulação. Fatores físico-químicos, incluindo algumas interações entre fármacos. - Para chegar à circulação sistêmica, por exemplo, desde a luz do intestino delgado, o fármaco precisa, além de atravessar barreiras locais como a mucosa intestinal, também vencer a sucessão de enzimas que podem inativá-lo na parede intestinal e no fígado, referida como metabolismo ou eliminação “pré- sistêmica” ou “de primeira passagem”. O termo biodisponibilidade é usado para indicar a fração (F) de uma dose oral que chega à circulação sistêmica na forma de fármaco intacto, levando em consideração tanto a absorção quanto a degradação metabólica local. ü Via sublingual: - A absorção diretamente da cavidade oral às vezes é útil (desde que o fármaco não tenha um sabor muito ruim) quando se deseja um efeito rápido, especialmente quando o fármaco é instável no pH gástrico ou rapidamente metabolizado pelo fígado. - Os fármacos absorvidos na boca passam diretamente para a circulação sistêmica sem entrar no sistema porta, escapando, assim, do metabolismo de primeira passagem pelas enzimas da parede do intestino e do fígado. - Via retal: - A administração retal é usada para fármacos que devem produzir um efeito local (p. ex., anti- inflamatórios usados no tratamento da colite ulcerativa) ou efeitos sistêmicos. A absorção após a administração retal geralmente não é confiável, mas pode ser útil em pacientes em quadro emético ou incapazes de tomar medicamentos por via oral (p. ex., no pós-operatório). - Efeito ou metabolização de primeira passagem: ocorre principalmente na via oral e um pouco na retal - é a metabolização hepática do fármaco muito antes do mesmo chegar no sangue para efeito. - Isto ocorre por conta da passagem do fármaco tomado por via oral (e retal) pela circulação porta hepática. O fígado possui enzimas que em geral inativam ou reduzem o efeito do fármaco. Ou seja: Tudo que é tomado por via oral (deglutido), nunca chegará 100% no sangue. Porque vai passar pelo fígado. ü Vias parenterais: - Endovenoso (ev), intradérmico (id), subcutânea (sc), intramuscular (im). - Endovenoso é a única via que não passa pelo processo absorção. - O efeito a partir dessas vias é mais rápido pois não ocorre o processo de metabolização antes da absorção. - A única via que antes de promover o efeito é metabolizada pelo fígado é a via oral. I – intravenoso. II – intramuscular. III – via oral. - A absorção depende do transporte através de membranas. - A maioria dos fármacos passam por difusão simples. - Fármacos lipossolúveis passam mais facilmente pela membrana. - Ao chegar no sangue estão na forma livre, e assim conseguem chegar aos tecidos. Após promover a ação, voltam para o plasma, são metabolizados e são excretados. - A maioria dos fármacos precisa ser metabolizado antes de ser excretado. - Alguns fármacos se ligam a albumina quando chegam no sangue, e assim não conseguem chegar aos tecidos. - A dosagem que chega no sangue é calculada pela indústria farmacêutica de acordo com o necessário para produzir o efeito, por isso deve respeitar a dose indicada. A concentração que atinge o plasma, é menor do que a concentração que é administrada (devido ação enzimática, passagem por membranas, efeito de 1° passagem). Geralmente o fármaco atinge, no máximo, 70% da quantidade administrada. - Para a excreção, os fármacos devem estar na forma lipossolúvel. o Fatores que influenciam na absorção de fármacos:Ligados a via de administração, ligado ao fármaco, ligados ao indivíduo. à Ligados a via de administração: - A área de superfície absortiva e a circulação no local da administração influenciam. Se existe um processo inflamatório, uma cirurgia, algum problema de circulação, a absorção do fármaco pode ser comprometida em partes. à Ligados ao indivíduo: - Alimento: podem formar complexos insolúveis com a substância ativa, o que diminuiria sua absorção. - Esvaziamento gástrico: o aumento da motilidade intestinal diminui o tempo disponível para absorção do fármaco. - Condições patológicas (úlceras, tumores). à Ligados ao fármaco: - Forma farmacêutica. - Peso molecular (quanto maior a estrutura química, mais difícil a absorção). - Solubilidade. - Grau de ionização. - Concentração do fármaco. ü Solubilidade dos fármacos: O coeficiente de partição óleo/água (Cp) descreve a razão entre a fração do fármaco dissolvida em óleo pela fração dissolvida em água. - Quanto maior o Cp, maior será Cóleo, maior será a lipossolubilidade e maior será a absorção. - Quanto menor o Cp, menor será Cóleo, menor a lipossolubilidade e menor será a absorção. ü Grau de ionização: - pKa = constante de dissociação – capacidade do fármaco de ionizar-se em meio aquoso. Para cada fármaco, um pKa definido. - pH do meio e pKa do fármaco → define a absorção, - Ácidos e bases fortes só podem ser administrado por via EV pois não conseguem ser absorvidos. - O grau de dissociação interfere na lipossolubilidade à quanto maior a dissociação, maior será a quantidade de carga que ele apresenta e maior será a solubilidade em água (menor absorção e mais fácil excreção). - Fármacos com carga neutra, forma molecular, são absorvidos pois são lipossolúveis. - Drogas que são ácidos fracos encontram-se na forma lipossolúvel (forma não ionizada) em maior quantidade em um pH ácido. - Drogas que são bases fracas encontram-se na forma lipossolúvel (forma não ionizada) em maior quantidade em um pH básico. Regra 1: Fármacos ácidos fracos são mais absorvidos em meio ácido, pois neste ambiente, será favorecido a forma não ionizada (lipossolúvel, apolar). No entanto serão menos absorvidos e mais excretados em meio básico, pois será favorecido neste meio, a formação da forma ionizada (hidrofílica, polar). Regra 2: Fármacos básicos (fracos) são mais absorvidos em meio básico, pois neste ambiente, será favorecido a forma não ionizada (lipossolúvel, apolar). No entanto serão menos absorvidos e mais excretados em meio ácido, pois será favorecido neste meio, a formação da forma ionizada (hidrofílica, polar). - Intoxicação por fármaco ácido: administra algo básico para aumentar o nível de ionização e diminuir a absorção. - Intoxicação com fármaco básico: administra algo ácido para aumentar o nível de ionização e aumentar a absorção. o Distribuição: - É a transferência reversível de um fármaco do sangue para os tecidos. - A distribuição é realizada pela corrente sanguínea. - O fármaco pode ser distribuído “livre” ou “complexado” a proteínas plasmáticas. - Fármacos ligados a proteínas não conseguem atravessar as membranas, apenas fármacos livres atravessam membrana e tem a ação farmacológica. - Para passar do compartimento extracelular para os compartimentos transcelulares, o fármaco precisa atravessar uma barreira celular, e a barreira hematoencefálica é um exemplo particularmente importante. à Fatores que influenciam na distribuição: Larissa Troccoli 1. Perfusão Sanguínea. 2. Ligação às proteínas plasmáticas. 3. Ligação dentro dos compartimentos (reservatórios). 4. Solubilidade. 5. Permeabilidade através das barreiras biológicas. 6. pH do meio e pKa do fármaco. ü Perfusão sanguínea: - Volume ou fluxo sanguíneo que determinado tecido ou órgão recebe do coração. - Maior perfusão sanguínea = maior distribuição. ü Ligação do fármaco as proteínas: - Somente a fração livre do fármaco consegue ultrapassar a barreira endotelial do vaso sanguíneo para ser distribuída para aos tecidos. - Fármaco livre tem ação farmacológica. - Alta afinidade do fármaco com as proteínas: - Baixa afinidade do fármaco com as proteínas: - A quantidade de fármacos que se ligam as proteínas são dependentes de três fatores: Concentração do fármaco. Afinidade do fármaco pelos locais de ligação. Concentração das proteínas. - Fármacos que tem afinidades diferentes pelo mesmo sítio de ligação competem por este local e um desloca o outro. - Fármacos ácidos se ligam a albumina. - Fármacos básicos se ligam a alfa1-glicoproteína ácida. - Alguns fármacos se ligam fortemente (≈ 90%) a proteínas plasmáticas. Ex.: Anticoagulantes orais, fenitoína, estrógeno, glicocorticoides, diazepam, AINES. - A competição entre dois fármacos à ligação às proteínas plasmáticas resulta em um aumento da fração livre de um ou ambos os fármacosà resultado: intensificação da resposta farmacológica e/ou tóxica. o Reservatório de drogas: - São locais onde a droga se encontra em maior concentração do que no plasma. o Reservatórios teciduais: à Deposição seletiva: - Arsênico se deposita em células queratinosas. - Tetraciclina se deposita em ossos. - Inseticidas clorados depositam-se me tecidos gordurosos. o Solubilidade: - Fármacos lipossolúveis atravessam FACILMENTE a membrana endotelial e quanto MAIOR a taxa de perfusão do tecido MAIOR será a velocidade de distribuição. - Fármacos polares e de alto peso molecular DIFICILMENTE atravessam a membrana endotelial e a velocidade de distribuição é limitada pela taxa de difusão.
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