Buscar

PENSAMENTO POLÍTICO BRASILEIRO 3

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 5 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Em meio à primeira etapa do que convencionamos denominar de pensamento político brasileiro, no contexto da
segunda metade do século XIX, muitos pensadores que estavam interessados no debate sobre a formação da
nação brasileira e da organização estatal constituem a linhagem do que podemos denominar de pensamento
conservador. Dentre esses autores, podemos mencionar Sílvio Romero, Joaquim Nabuco, Ruy Barbosa, Campos
Salles, Alberto Torres, Azevedo do Amaral, Oliveira Vianna, entre outros. Embora estejam na esteira do
pensamento conservador, obviamente que cada um deles traz a sua especi�cidade e originalidade sobre a
compreensão da política brasileira. 
Nessa Webaula analisaremos alguns desses pensamento político brasileiro na República Velha, seus autores e
suas análises sobre a estrutura de poder presente nas oligarquias, o coronelismo e o patrimonialismo na
realidade social brasileira.  
Romero acreditava que as mudanças políticas deveriam ocorrer, entretanto o pacto de domínio político e
econômico da classe dominante e de uma elite letrada deveria ser mantido. 
 Para Rezende (1998), a mudança social em Sílvio Romero estaria,  
Vamos iniciar com Silvio Romero, de caráter
conservador, seus escritos contribuem para a
compreensão das mudanças sociais e políticas pelas
quais o Brasil estava passando durante a segunda
metade do século XIX. A perspectiva literária também
está presente nas análises dele sobre o processo
histórico e os con�itos entre as classes sociais no
contexto político brasileiro em que estava inserido.  
O autor procurava se posicionar em meio ao debate
político do Brasil em seu contexto intelectual, a partir
de 1890, produzindo interpretações sobre a vida social
e cultural brasileira, a qual, segundo ele, se constituía a
partir do meio, das raças e das tradições, e sobre a
possibilidade de mudança social. 
Sílvio Romero 
Fonte: Wikimidia Commons
Promovida no topo, ou seja, no regime político concebido para reestruturar toda a sociedade brasileira, em termos
econômicos, políticos e culturais 
— REZENDE, 1998, p. 96
“
”A re�exão sociológica presente em sua obra consiste num esforço em analisar as instituições públicas do Brasil,
desde o período colonial, passando pelo império, até a constituição da república, bem como sobre a condução e o
protagonismo das classes sociais na realização destas mudanças. Havia o seguinte questionamento: 
“
Pensamento Político Brasileiro  
A República do Café com Leite 
Você sabia que seu material didático é interativo e multimídia? Isso signi�ca que você pode interagir com o conteúdo de diversas formas, a
qualquer hora e lugar. Na versão impressa, porém, alguns conteúdos interativos �cam desabilitados. Por essa razão, �que atento: sempre
que possível, opte pela versão digital. Bons estudos! 
quem conduziria este país a modi�cações expressivas se não havia grupos su�cientemente instruídos para essa tarefa?”  
— REZENDE, 1998, p. 96“
”Para Sílvio Romero a elite letrada, da qual fazia parte, seria a responsável pela condução da mudança social
brasileira, e não a “grande massa da população, fazendeiros, comerciantes, pequenos industriais e até
governantes” (REZENDE, 1998, p. 96), ou seja, essas classes não tinham condições de propor alguma mudança
econômica signi�cativa. Sílvio Romero apontava que a mudança social seria possível mediante o progresso da
humanidade baseado no conhecimento cientí�co. A ciência possibilitaria avanços, os quais, acumulados com o
passar do tempo, re�etiriam em todo o tecido social. 
Na mesma linhagem do pensamento político
conservador e autoritário brasileiro de Sílvio Romero,
podemos encontrar Alberto Torres. Para ele uma das
razões que impediam o desenvolvimento seria a
desorganização com que o Estado e governo do Brasil
se encontrava.  
Torres buscava analisar os meios que julgava
necessários para a superação do que considerava
como desagregação social do povo brasileiro e uma
situação anárquica do Estado. 
Alberto Torres 
Fonte: Wikimidia Commons
A desagregação social, na perspectiva dele, correspondia à: 
Ausência de uma unidade nacional E de um Estado centralizador que conduzissem as
mudanças sociais. 
Para o autor, uma das razões que di�cultava as
relações sociais do país era a falta de um princípio de
harmonia integradora, isso se observava na economia,
na ciência, na educação, no trabalho, etc. Dessa forma,
a harmonia integradora no tecido social seria possível
mediante a: 
Construção de um espírito de nacionalidade, o
qual contribuiria por evitar o con�ito de interesses
entre as classes sociais, ou seja, deveria
prevalecer um sentimento de patriotismo com a
formação de uma unidade nacional, diferente do
que teria se formado com o advento da Primeira
República. 
O autor a�rmava que o desenvolvimento do Brasil e a resolução de seus problemas sociais prescindia de uma
intenção pragmática de ação. Para tanto, faziam-se necessários os conhecimentos dos valores cívicos de nação, ou
seja, a criação de fortes vínculos nacionais de civismo e de patriotismo. Esses elementos seriam a base de uma
consciência nacionalista, que louvaria e potencializaria a organização rígida do Estado e do governo, contribuindo
para a eliminação dos con�itos de interesses entre as classes sociais presentes na contenda política. Destacar que
o Estado seria a instituição responsável pela homogeneização da sociedade em torno dos valores morais, que
seriam adequados às necessidades diversas do país, segundo Alberto Torres.  
Outro importante autor do pensamento conservador
brasileiro que analisou as caraterísticas da formação
da sociedade brasileira, bem como os primeiros anos
da República, foi Oliveira Viana. Em suas análises sobre
o Brasil, ele é in�uenciado pelas teorias de Sílvio
Romero e Alberto Torres. Outra grande in�uência no
seu pensamento foi o sociólogo francês Émile
Durkheim, sobretudo, os seus estudos sobre o direito e
a política.  
Oliveira Viana 
Fonte: Wikimidia Commons.
A partir de seus estudos, os propósitos de Oliveira Viana apontavam empara uma Estado como um grande centro
aglutinador de transformação social, capaz de unir, do ponto de vista moral, o povo na consciência perfeita e de
sua unidade. 
O autor quis modernizar o país no sentido liberal,
atribuindo os poderes ao Estado, que deveria ser
intervencionista, e sob uma perspectiva de unidade
nacional. Ao analisar a realidade brasileira e de�nir as
relações sociais como parentais e autoritárias, Viana
defendia um sistema político e autoritário 
O projeto de sociedade deveria constar em seus
programas econômico e político. Este modelo
deveria ser capaz de demolir as condições que
impediam o sistema social de se transformar em
liberal (PAIM, 1999).  
Para Viana, a modernização institucional deveria abranger o plano das instituições políticas, sendo que as
mudanças sociais, no Brasil, se dariam a partir de um Estado centralizado. Dessa forma, o autoritarismo
instrumental seria um instrumento transitório, capaz de dar suporte a instituições liberais autênticas, para que
fosse possível criar as condições sociais que tornariam o liberalismo político viável. 
Saiba mais 
Autoritarismo instrumental: instrumento transitório a que cumpre recorrer o governo com vistas a instituir
no país uma sociedade diferenciada, capaz de dar suporte a instituições liberais autênticas.  
Para Oliveira Viana, o autoritarismo se fazia necessário como um projeto de sociedade, ainda que de modo
transitório, para o alcance de uma sociedade liberal. Este seria, portanto, o desenvolvimento de uma plataforma
de industrialização do país que seria dirigido por uma elite técnica, substituindo o modelo tradicional engendrado
no âmbito das relações familiares presentes no mundo local.  
Vamos a partir de agora compreender os principais temas que foram foco de análise e interpretações dos
intelectuais, tendo em vista as questões políticas e sociais que se colocavam neste período, destacaremos alguns
aspectos fundamentais desse contexto social, político e intelectual.  
O coronelismona República Velha 
Na República Velha, a liderança de maior destaque
reside na �gura do coronel. Essa liderança permanece
mesmo quando ocorre o absenteísmo, em razão de a
fortuna política levar o chefe local para um cargo de
deputado, secretaria ou alguma posição relevante nas
instituições republicanas. Ainda assim, a liderança do
chefe municipal nos “feudos” locais país afora se faz
presentes nas mãos dos lugares-tenentes, que são
tributários à �gura do chefe maior que se ausentou
(LEAL, 2012).  
O coronelismo consiste num modelo de
organização que combina formas desenvolvidas
do regime representativo com uma estrutura
econômica e social inadequada, na qual o poder
se concentra nas mãos dos chefes locais. Nestas
relações, o coronel é a �gura de maior liderança,
ligada com as bases da estrutura agrária
brasileira.  
Um ponto importante a se destacar sobre o coronelismo é que segundo Leal este fenômeno somente se faz
possível mediante o estado de pobreza, ignorância e abandono em que viviam os trabalhadores do campo em
meio à cotidianidade do meio rural.  
Completamente analfabeto, ou quase, sem assistência médica, não lendo jornais nem revistas, nas quais se limita a ver as
�guras, o trabalhador rural, a não ser em casos esporádicos, tem o patrão na conta de benfeitor. E é dele, na verdade, que
recebe os únicos favores que sua obscura existência conhece. Em sua situação, seria ilusório pretender que esse novo pária
tivesse consciência do seu direito a uma vida melhor e lutasse por ele com independência cívica. O lógico é o que
presenciamos: no plano político, ele luta com o “coronel” e pelo “coronel”. Aí estão os votos de cabresto, que resultam, em
grande parte, da nossa organização econômica rural. 
— LEAL, 2012, p. 47
“
”Patrimonialismo 
O patrimonialismo é um desdobramento do
coronelismo para o cenário político-administrativo e
caracteriza-se pelas relações sociais e políticas, nas
quais o público se confunde com o privado, e vice e
versa. De acordo com Raymundo Faoro, a lógica
patrimonialista tem como característica formar um
corpo político e administrativo para manipular os
interesses econômicos particulares. 
No Brasil, se desenvolveu uma estrutura social e
política caracterizada pelo capitalismo politicamente
orientado, acompanhado e alimentado pelo
patrimonialismo estamental. As relações políticas
durante a República Velha asseguravam a existência de
práticas patrimonialistas, herdadas desde os tempos
coloniais e perpetuadas em práticas políticas vigentes
na República Velha.  
Saiba mais 
O patrimonialismo está presente nas relações políticas brasileiras e é um desdobramento do patriarcalismo.
As práticas patriarcais nas relações políticas entre o público e o privado foram analisadas por Sérgio Buarque
de Holanda, Gilberto Freyre e Oliveira Viana, na medida em que observaram seu papel na formação da
sociedade brasileira. Contudo, a análise sistemática do patriarcalismo como fenômeno político e social foi
realizada, mais tarde, por Raimundo Faoro. 
Tenentismo 
Contrários ao modelo político vigente na República Velha nas duas primeiras décadas do século XX, os
movimentos tenentistas reivindicavam reformas estruturais na política brasileira. Os movimentos tenentistas
foram: Forte de Copacabana, Revolta Paulista de 1924, Comuna de Manaus e Coluna Prestes.  
Forte de
Copacabana 
Revolta Paulista de
1924 
Comuna de Manaus  Coluna Prestes 
Este descontentamento foi germinado ao longo dos primeiros anos da República, que culminaram ao longo da
década de 1920, trazendo mudanças importantes na política brasileira e na condução do Estado.  
Pesquise mais 
Para aprofundar os estudos sobre o tenentismo no Brasil e suas in�uências, você pode assistir ao
documentário Os 18 do Forte, do programa de Lá Pra Cá, da TV Brasil. Por meio de entrevistas, o
documentário analisa a conjuntura da República Velha e os fatores que levaram a primeira mobilização do
movimento tenentista em 1922, conhecida como a Revolta dos 18 do Forte de Copacabana. 
En�m, nesta Webaula podemos conhecer alguns dos clássicos pesadores que se debruçaram sobre o tema da
política e da sociedade brasileira na República Velha. Continue a pesquisar sobres os temas aqui apresentados
para se aprofundar no tema e assim compreender de forma ampla a formação do pensamento político brasileito.

Continue navegando