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O problema do déficit habitacional no Brasil - Redação exemplar (Viviane)

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Autor: Viviane Giori Côco 
 
 
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 Em seu livro “O cortiço”, Aluísio de Azevedo denuncia as péssimas habitações urbanas durante 
a formação das cidades no século XIX. Hoje, as consequências do momento retratado na obra ainda 
estão presentes no Brasil, uma vez que o déficit habitacional, seja pelo alto índice de moradias 
irregulares, seja pelo prejuízo causado à qualidade de vida, colabora com a manutenção das 
desigualdades herdadas de tal época. Assim, faz-se necessário debater o problema do déficit 
habitacional. 
 Em primeiro lugar, é inegável que o Brasil possui taxas elevadas de moradias irregulares. De 
acordo com o IBGE, o Sudeste é a região que possui maior volume de casas irregulares, que equivale 
a 23,2 milhões de moradias com estrutura insuficiente. Esse número é explicado pelo processo de 
industrialização brasileiro, que canalizou todos os investimentos para essa região, sucateando as 
demais, fator que intensificou o êxodo rural no sentido destas para aquelas. Nessa sequência, o 
intenso fluxo migratório, somado à ausência de planejamento urbano para acolher essas pessoas, deu 
início a um fenômeno de favelização, no qual os imigrantes e os menos favorecidos economicamente 
tiveram de ocupar regiões inadequadas, como os morros, quadro que perdura ainda na 
contemporaneidade. Dessa forma, é inaceitável que o Governo não possua interesse em solucionar a 
problemática, como fica evidente nos constantes cortes e desvios de verbas do projeto “Minha casa, 
Minha vida”, o qual é a única esperança dos sujeitos nessas condições sub-humanas. 
 Outrossim, é indubitável que a ausência de planejamento citadino diminui a expectativa de vida 
das pessoas inseridas na realidade apresentada. Segundo o IBGE, 50% das habitações não possuem 
saneamento básico, fato que facilita a proliferação de doenças nesses ambientes, como a dengue e a 
leptospirose, como também coloca a população em situação de insegurança alimentar, por conta da 
água contaminada utilizada para a manipulação de alimentos. Além disso, a mobilidade urbana para 
esses cidadãos é lenta, por conta da longa distância que deve ser percorrida da periferia até o centro, 
onde ficam os postos de trabalho, em virtude do processo de segregação socioespacial, no qual os 
indivíduos de menor renda moram mais distantes do centro comercial. Nessa perspectiva, as longas 
horas do trajeto aumentam o estresse do trabalhador, cenário que aumenta a chance de obter 
doenças cardiovasculares. Em conseguinte, o SUS é sobrecarregado, diminuindo o acesso desse 
grupo à saúde, haja vista que estes são os mais dependentes do sistema por razões econômicas, 
situação que deve ser solucionada. 
 Logo, medidas são necessárias para a resolução desse impasse. Para isso, cabe ao Ministério 
da Infraestrutura, por meio de investimento estatal e privado, ampliar o número de beneficiados pelo 
“Minha casa, Minha vida”, como também, a partir de mapeamento realizado pelo IBGE, localizar as 
áreas carentes de saneamento básico e construir estações de tratamento de água e esgoto. Ademais, 
médicos especializados em doenças típicas desses ambientes deverão fazer acompanhamento com 
os moradores das regiões atendidas, a fim de atenuar o déficit habitacional e aumentar a qualidade 
de vida dos cidadãos. É somente assim que o Brasil sairá do contexto similar ao vivido no século XIX.

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