Resolução Tema - Lei de Responsabilidade Fiscal e Responsabilidade Social - Inédita_2024 - Cesgranri

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Professor Bruno Marques 
 
 
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Cesgranrio – Inédita/2024 
Texto I 
Política fiscal pró-cíclica, orçamento superdimensionado e “sanfona” (espremido 
no início e esticado no final do ano) e corrida por aumento e vinculação de 
receitas são problemas decorrentes da meta de resultado primário. Uma meta 
de gasto resolve todos esses problemas. 
O corte do orçamento federal de 2022 despertou as críticas usuais, com 
reclamações sobre a redução de recursos para gastos meritórios, como 
atendimento do INSS e bolsas de estudo, enquanto programas menos 
transparentes e de eficácia duvidosa foram preservados. 
O corte de R$ 3,1 bilhões foi até pequeno em relação ao total de despesa 
primária programada para este ano, de aproximadamente R$ 1,7 trilhão, mas 
ainda assim é sempre ruim reduzir recursos em relação à programação debatida 
e aprovada pelo Congresso. 
A prática não é nova. Ela remonta à adoção da Lei de Responsabilidade Fiscal 
(LRF) de 2000, que começou a ser praticada em 2001 e manda o governo cortar 
despesas ou aumentar receitas caso o cenário macroeconômico indique que não 
será possível cumprir a meta de resultado primário. 
A lógica da LRF, adotada no âmbito de um acordo com o Fundo Monetário 
Internacional (FMI), era produzir o superávit financeiro necessário para controlar 
a dívida pública. Passados 21 anos de sua adoção, podemos dizer que a meta 
de resultado primário teve mais efeitos ruins do que positivos sobre a economia 
brasileira. 
https://blogdoibre.fgv.br/posts/os-quatro-problemas-da-meta-de-resultado-primario 
Texto II 
Responsabilidade social depende de responsabilidade fiscal 
A pandemia de Covid-19 evidenciou as fragilidades da rede de proteção social 
brasileira. Além de uma parcela significativa da população se encontrar na 
pobreza e extrema pobreza, os trabalhadores informais são extremamente 
vulneráveis a situações em que ocorre uma perda abrupta de renda. 
Para enfrentar esta situação, foi criado no final do ano passado o Auxílio Brasil. 
Além de oferecer vários benefícios, foi estabelecido um valor mínimo de R$ 400 
para cada família. Inicialmente temporário, este ano o Congresso decidiu tornar 
permanente este benefício extraordinário. 
Embora várias razões justifiquem uma expansão dos gastos sociais, é muito 
importante que o programa assistencial seja bem desenhado para gerar os 
efeitos desejados de redução da pobreza. E, naturalmente, é fundamental que 
existam fontes adequadas de financiamento. Caso contrário, a consequência 
ENUNCIADO 
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será a elevação da dívida pública, com aumento da inflação e menor crescimento 
e geração de emprego, o que penaliza exatamente o público-alvo do programa 
social. 
https://portal.fgv.br/artigos/responsabilidade-social-depende-responsabilidade-fiscal 
Considerando os textos motivadores, elabore um texto dissertativo contínuo, 
entre 35 e 45 linhas, acerca do seguinte tema: 
As regras previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a 
responsabilidade social. 
Em seu texto, responda, de forma fundamentada, ao que se pede a seguir: 
• Cite os instrumentos de transparência da gestão fiscal; 
• Os demonstrativos referentes à apuração da receita corrente líquida e os 
resultados (nominal e primário) são conteúdos básicos de qual 
instrumento de planejamento? E como regra geral, qual a periodicidade? 
Fundamente sua resposta; 
• O comparativo com os limites da despesa total com pessoal, operações de 
crédito e dívidas consolidada e mobiliária são conteúdos básicos de como 
instrumento de planejamento? E como regra geral, qual a periodicidade? 
Fundamente sua resposta. 
• A responsabilidade fiscal e a reponsabilidade social podem coexistir? 
 
Obs.: Máximo de 45 linhas. 
 
 
 
A avaliação das questões dissertativas considerará: 
a) quanto aos Conhecimentos Específicos, atribuindo-se 50% 
(cinquenta por cento) do valor total da questão: a capacidade de lidar com 
os conceitos, as técnicas e as atividades próprias na Área de Conhecimento, 
aferindo a compreensão, o conhecimento, o desenvolvimento e a adequação 
desses conceitos, a conexão e a pertinência ao assunto abordado e o 
atendimento aos tópicos solicitados; 
b) quanto ao uso do idioma, atribuindo-se 50% (cinquenta por 
cento) do valor total da questão: a proficiência na instrumentalização de 
conhecimentos ortográficos, gramaticais adequados à norma-padrão e textuais 
(introdução, desenvolvimento, conclusão, observando-se coerência e coesão). 
Caso a questão receba nota zero quanto aos Conhecimentos Específicos, não 
será avaliada quanto ao uso do idioma 
Valor total da questão: 100 pontos 
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Tópico 1: Cite os instrumentos de transparência da gestão fiscal. 
A resposta do primeiro tópico encontra-se no caput do art. 48 da Lei de 
Responsabilidade Fiscal (LRF): 
“Art. 48. São instrumentos de transparência da gestão fiscal, aos quais 
será dada ampla divulgação, inclusive em meios eletrônicos de acesso 
público: os planos, orçamentos e leis de diretrizes orçamentárias; as 
prestações de contas e o respectivo parecer prévio; o Relatório Resumido 
da Execução Orçamentária e o Relatório de Gestão Fiscal; e as versões 
simplificadas desses documentos.” 
Portanto, os instrumentos de transparência da gestão fiscal são os seguintes: 
1 – planos (Plano Plurianual - PPA), orçamentos (Lei Orçamentária Anual - LOA) 
e leis de diretrizes orçamentárias (LDO); 
2 – prestações de contras e o respectivo parecer prévio; 
3 – Relatório Resumido de Execução Orçamentária (RREO); e 
4 – Relatório de Gestão Fiscal (RGF). 
Conceito 0: não abordou o tópico 
Conceito 1: indicou um ou dois dos seis instrumentos 
Conceito 2: indicou três ou quatro dos seis instrumentos 
Conceito 3: indicou cinco ou os seis instrumentos 
 
Tópico 2: Os demonstrativos referentes à apuração da receita corrente 
líquida e os resultados (nominal e primário) são conteúdos básicos de 
qual instrumento de planejamento? E como regra geral, qual a 
periodicidade? Fundamente sua resposta. 
A resposta do primeiro tópico encontra-se entre os arts. 52 e 53 da LRF: 
“Art. 52. O relatório a que se refere o § 3º do art. 165 da Constituição 
abrangerá todos os Poderes e o Ministério Público, será publicado até 
trinta dias após o encerramento de cada bimestre (...).” 
“Art. 53. Acompanharão o Relatório Resumido demonstrativos 
relativos a: 
I - apuração da receita corrente líquida, na forma definida no inciso 
IV do art. 2º, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho 
até o final do exercício; 
II - receitas e despesas previdenciárias a que se refere o inciso IV do art. 
50; 
III - resultados nominal e primário; 
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IV - despesas com juros, na forma do inciso II do art. 4º; 
V - Restos a Pagar, detalhando, por Poder e órgão referido no art. 20, os 
valores inscritos, os pagamentos realizados e o montante a pagar.” 
Portanto: 
1 – os demonstrativos referentes à apuração da receita corrente líquida e os 
resultados (nominal e primário) são conteúdos básicos do RREO; e 
2 – a periodicidade do RREO é bimestral. 
Conceito 0: não abordou o tópico 
Conceito 1: indicou o RREO como o instrumento de planejamento, mas não 
respondeu corretamente sobre a sua periodicidade 
Conceito 2: indicou o RREO como o instrumento de planejamento, respondendo 
corretamente sobre a sua periodicidade bimestral 
 
Tópico 3: O comparativo com os limites da despesa total com pessoal, 
operações de crédito e dívidas consolidadae mobiliária são conteúdos 
básicos de como instrumento de planejamento? E como regra geral, qual 
a periodicidade? Fundamente sua resposta. 
A resposta do primeiro tópico encontra-se entre os arts. 54 e 55 da LRF: 
“Art. 54. Ao final de cada quadrimestre será emitido pelos titulares 
dos Poderes e órgãos referidos no art. 20 Relatório de Gestão Fiscal 
(...).” 
“Art. 55. O relatório conterá: 
I - comparativo com os limites de que trata esta Lei Complementar, dos 
seguintes montantes: 
a) despesa total com pessoal, distinguindo a com inativos e 
pensionistas; 
b) dívidas consolidada e mobiliária; 
c) concessão de garantias; 
d) operações de crédito, inclusive por antecipação de receita (...).” 
Portanto: 
1 – O comparativo com os limites da despesa total com pessoal, operações de 
crédito e dívidas consolidada e mobiliária são conteúdos básicos do RGF; e 
2 – a periodicidade do RGF é quadrimestral. 
Conceito 0: não abordou o tópico 
Conceito 1: indicou o RGF como o instrumento de planejamento, mas não 
respondeu corretamente sobre a sua periodicidade 
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Conceito 2: indicou o RGF como o instrumento de planejamento, respondendo 
corretamente sobre a sua periodicidade quadrimestral 
 
Tópico 4: A responsabilidade fiscal e a reponsabilidade social podem 
coexistir? 
A responsabilidade fiscal 
 A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF), de 4 de maio de 2000, foi 
proclamada como solução para o equilíbrio das contas públicas e combate à 
corrupção. a construção do superávit primário é o objetivo principal da LRF. Há 
uma desvinculação da dívida financeira do restante do orçamento. Para viabilizar 
a construção desse resultado positivo, a LRF impõe uma série de restrições ao 
gasto público. 
Assim, sob a ótica legal, a responsabilidade fiscal é atingida quando o 
gestor consegue atingir o superávit primário, mesmo que para isso ele não faça 
uma obra urgente para a comunidade, como, por exemplo, a contenção de uma 
encosta com risco de desabamento. 
Também se entende como responsabilidade fiscal a não concessão de 
reajuste salarial aos servidores públicos ou a não contratação de pessoal 
necessário à manutenção da limpeza das ruas. Enfim, todos os limites de gastos 
que a LRF impõe servem para garantir o pagamento da dívida financeira e 
aumentar a dívida social. 
Não se pode negar que este princípio está diretamente vinculado às 
orientações emitidas pelo Banco Mundial, a fim de prover um regime regulatório 
para promoção da competição, criação de ambiente macroeconômico estável, 
criação de enabling environment que estabeleça estabilidade de investimentos, 
eliminação da corrupção e garantia do direito à propriedade. 
A responsabilidade social 
A Administração Pública vai muito além dos cuidados que a Lei de 
Responsabilidade Fiscal exige, pois os cuidados que um gestor, principalmente 
no âmbito municipal, deve ter não podem se resumir a superávits primários e à 
observância de níveis compatíveis de endividamento. 
Em tese, seria promoção do empoderamento social; desenvolvimento 
sustentável; combate às desigualdades sociais e regionais; participação e 
controle social; transparência e clareza nas informações. 
Assim, em que pese a responsabilidade fiscal ser necessária, ela não pode 
se sobrepor aos interesses sociais. 
Por isso, é importante que haja um equilíbrio entre responsabilidade fiscal 
e social. Acredita-se que um dos efeitos esperados na equalização de tratamento 
entre despesa financeira e gasto social é o de liberar o governante das inúmeras 
restrições impostas pela LRF para efetivar a prioridade social escolhida 
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Conceito 0: não abordou o tópico 
Conceito 1: discorreu sobre 1 dos 3 aspectos exigidos (1- citou a 
responsabilidade fiscal; 2- conceituou responsabilidade social; 3- desenvolveu a 
resposta relacionando as duas e respondendo que é possível coexistir) 
Conceito 2: discorreu sobre 1 dos 3 aspectos exigidos (1- citou a 
responsabilidade fiscal; 2- conceituou responsabilidade social; 3- desenvolveu a 
resposta relacionando as duas e respondendo que é possível coexistir) 
Conceito 3: discorreu sobre 1 dos 3 aspectos exigidos (1- citou a 
responsabilidade fiscal; 2- conceituou responsabilidade social; 3- desenvolveu a 
resposta relacionando as duas e respondendo que é possível coexistir) 
 
 
Rascunho Eficiente 
Assunto: Controle do gasto público/ Lei de Responsabilidade Fiscal 
Tema: As regras previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) e a 
responsabilidade social. 
Tese: A responsabilidade fiscal, por si só, não garante uma gestão pública eficaz, 
devendo o gestor público estar atento, também, à aplicação da responsabilidade 
social 
Tópico 1: Cite os instrumentos de transparência da gestão fiscal. 
Tópico 2: Os demonstrativos referentes à apuração da receita corrente líquida 
e os resultados (nominal e primário) são conteúdos básicos de qual instrumento 
de planejamento? E como regra geral, qual a periodicidade? Fundamente sua 
resposta. 
Tópico 3: O comparativo com os limites da despesa total com pessoal, 
operações de crédito e dívidas consolidada e mobiliária são conteúdos básicos 
de como instrumento de planejamento? E como regra geral, qual a 
periodicidade? Fundamente sua resposta. 
Tópico 4: A responsabilidade fiscal e a reponsabilidade social podem coexistir? 
 
Proposta de Resolução 
Ao refletir sobre o controle dos gastos públicos, deve-se considerar as 
regras previstas na Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Contudo, a 
responsabilidade fiscal, por si só, não garante uma gestão pública eficaz, 
devendo o gestor público estar atento, também, à aplicação da responsabilidade 
social, citada veementemente na própria Constituição Federal de 1988 (CF/88). 
Preliminarmente, vale ressaltar os instrumentos de transparência da 
gestão fiscal. Nos termos da LRF, esses instrumentos são os planos, orçamentos 
PROPOSTA DE RESOLUÇÃO 
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e leis de diretrizes orçamentárias; as prestações de contas e o respectivo parecer 
prévio; o relatório resumido da execução orçamentária (RRRO) e o relatório de 
gestão fiscal (RGF); e as versões simplificadas desses documentos. 
 Ademais, os demonstrativos referentes à apuração da receita corrente 
líquida e os resultados (nominal e primário) são conteúdos básicos do RREO. 
Ainda de acordo com a LRF, RREO deve conter a apuração da receita corrente 
líquida, sua evolução, assim como a previsão de seu desempenho até o final do 
exercício; receitas e despesas previdenciárias; resultados nominal e primário; 
despesas com juros; Restos a Pagar. Por fim, vale ressaltar que o RREO deve 
ser publicado bimestralmente, isto é, será publicado até trinta dias após o 
encerramento de cada bimestre. 
 Ainda acerca da responsabilidade fiscal, o comparativo com os limites da 
despesa total com pessoal, operações de crédito e dívidas consolidada e 
mobiliária são conteúdos básicos do RGF. A LRF preceitua que o RGF deve conter 
comparativo dos limites com os montantes despesa total com pessoal, 
distinguindo a com inativos e pensionistas; dívidas consolidada e mobiliária; 
concessão de garantias; operações de crédito, inclusive por antecipação de 
receita. Ressalta-se que o RGF será publicado ao final de cada quadrimestre e 
será emitido pelos titulares dos Poderes e órgãos. 
Por outro lado, não deve haver uma sobreposição da responsabilidade 
fiscal sobre a social, haja vista que ambas são deveres da Administração Pública, 
devendo coexistirem. Conforme a doutrina, a responsabilidade social pode ser 
conceituada como promoção do empoderamento social; do desenvolvimento 
sustentável;do combate às desigualdades sociais e regionais; da participação 
pública e do controle social. A CF/88 prevê ações direcionadas à essa 
responsabilidade social, quando lista, por exemplo, os objetivos fundamentais 
da República Federativa do Brasil: construir uma sociedade livre, justa e 
solidária; garantir o desenvolvimento nacional; e erradicar a pobreza. Desse 
modo, os cuidados que um gestor deve ter, principalmente no âmbito municipal, 
não podem se resumir a superávits primários e à observância de níveis 
compatíveis de endividamento, afinal, ele possui uma responsabilidade social. 
Percebe-se que, embora a responsabilidade fiscal seja necessária, ela não 
pode se sobrepor à responsabilidade social, logo, ambas devem coexistir. Afinal, 
a aplicação da LRF deve estar em consonância com os objetivos sociais previstos 
na CF/88, uma vez que tanto a responsabilidade fiscal quanto a social são 
importantes para uma gestão pública eficaz, eficiente e efetiva. 
 
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