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Livro - Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol

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TEORIA E FUNDAMENTOS DO 
BASQUETEBOL E HANDEBOL
Felipe Canan
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Curitiba
2020
Teoria e Fundamentos 
do Basquetebol e 
Handebol
Felipe Canan
Ficha Catalográfica elaborada pela Editora Fael.
C213t Canan, Felipe
Teoria e fundamentos do basquetebol e handebol / Felipe Canan. – 
Curitiba: Fael, 2020.
366 p. il.
ISBN 978-65-86557-13-8
1. Basquetebol 2. Handebol I. Título
CDD 796.323
Direitos desta edição reservados à Fael.
É proibida a reprodução total ou parcial desta obra sem autorização expressa da Fael.
FAEL
Direção Acadêmica Francisco Carlos Sardo
Coordenação Editorial Angela Krainski Dallabona
Revisão Editora Coletânea
Projeto Gráfico Sandro Niemicz
Imagem da Capa Shutterstock.com/Brocreative/Master1305
Arte-Final Evelyn Caroline Betim Araujo
Sumário
Carta ao Aluno | 5
1. História, contexto e caracterização do basquetebol | 7
2. Regras primárias ou funcionais e regras 
secundárias ou formais do basquetebol | 39
3. Técnica no basquetebol | 71
4. Tática no basquetebol | 103
5. Processo de ensino-aprendizagem-
treinamento no basquetebol | 135
6. História, contexto e caracterização do handebol | 175
7. Regras primárias ou funcionais e regras 
secundárias ou formais do handebol | 203
8. Técnica no handebol | 235
9. Tática no handebol | 265
10. Processo de ensino-aprendizagem-
treinamento no handebol | 295
Gabarito | 333
Referências | 351
Prezado(a) aluno(a),
O basquetebol e o handebol são jogos esportivos coletivos 
de caráter complexo, que envolvem, além das respectivas regras, 
a inter-relação entre componentes táticos, técnicos, físicos, psi-
cológicos e socioeducativos. Todos eles, assim como as regras, 
são acumulados e aprimorados ao longo da história e transferidos 
de geração em geração de maneira informal, a partir do jogo/
lúdico/recreação e, principalmente, de maneira formal, a partir 
do que se denomina processo de ensino-aprendizagem-treina-
mento. Esse processo envolve a interseção entre três estruturas 
centrais: substantiva, relativa aos conteúdos a serem desenvol-
vidos; temporal, relativa ao momento de se desenvolver cada 
Carta ao Aluno
– 6 –
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
conteúdo dentro de um período de muitos anos; e pedagógico-metodoló-
gica, relativa às formas de se transmitir os conteúdos em cada momento. 
No presente livro, esse rico, vasto e complexo universo é explorado de 
maneira teórico-prática, sendo estudadas tanto as características históricas 
e funcionais do basquetebol e do handebol, quanto seus conteúdos e o 
processo de ensino-aprendizagem-treinamento. 
Bons estudos!
Felipe Canan1
1 Felipe Canan é Doutor em Educação Física pela Universidade Estadual de Maringá 
(2018), professor da Universidade do Estado do Amazonas e já atuou como treinador de 
basquetebol e professor da educação básica.
1
História, contexto 
e caracterização 
do basquetebol 
O basquetebol é uma modalidade esportiva inventada com o 
objetivo de ser um jogo dinâmico, coletivo e com pouco contato 
físico, no qual cada equipe tem de acertar a maior quantidade de 
arremessos em uma cesta protegida pelo adversário. Desde sua 
origem, no ano de 1891, passou por diversas modificações, mas 
suas características elementares persistem. Neste capítulo, obje-
tivamos conhecer a origem e difusão do basquetebol no mundo 
e no Brasil, seu contexto atual, relações com a Educação Física 
e lógica interna, ou seja, suas características gerais e sua dinâ-
mica de funcionamento, abrangendo, de uma maneira geral, as 
regras do jogo e as possibilidades de ações dos jogadores. Nos 
capítulos seguintes, regras e ações técnico-táticas dos jogadores 
serão esmiuçadas.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 8 –
1.1 História do basquetebol
1.1.1 O surgimento do basquetebol
O basquetebol é uma 
modalidade esportiva que 
tem uma origem precisa, 
pois, diferentemente de 
outras, que surgiram de 
maneira espontânea ou 
acidental, foi planejado, 
intencionalmente conce-
bido no ano de 1891. Seu 
criador foi o professor 
e teólogo James Nais-
mith, que queria, sobre-
tudo, gerar um maior 
controle sobre a indis-
ciplina e aprimorar as 
aulas de Educação Física 
dos alunos do Colégio 
da Associação Cristã de 
Moços (ACM)1, deno-
minado Springfield Col-
lege, e situado na cidade 
de Springfield, estado de 
Massachusetts, nos Esta-
dos Unidos da América 
(LIMA et al., 1988). A Figura 1.1 retrata Naismith segurando uma bola de 
futebol e um cesto de pêssegos, materiais originalmente utilizados para a 
prática do basquetebol.
Segundo Lima (et al.,1988), a motivação para a invenção do basque-
tebol decorreu de problemas enfrentados pelos professores para ministra-
rem suas aulas, dentre os quais, principalmente:
1 Do inglês, Young Man Christian Association (YMCA).
Figura 1.1 – James Naismith e equipamentos originais 
do basquetebol
Fonte: CC BY 1.0/Wikimedia.
– 9 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
 2 nos períodos de inverno rigoroso da cidade, as aulas de Edu-
cação Física ficavam restritas a ambientes fechados e com 
espaço limitado;
 2 devido à falta de espaço físico adequado para comportar um ele-
vado número de alunos, os conteúdos das aulas baseavam-se, 
sobretudo, em atividades calistênicas e gímnicas, por meio de 
métodos de Educação Física, como o sueco, alemão e francês2;
 2 dada a preferência dos alunos pela prática de jogos esportivos 
(futebol americano, rúgbi, lacrosse, futebol soccer, etc.) e ati-
vidades, em geral, ao ar livre (atletismo), as aulas de calistenia 
e ginástica eram tratadas com desdém e indisciplina, o que aca-
bava, inclusive, extrapolando o contexto das aulas de Educa-
ção Física, gerando uma atitude indisciplinada geral dos alunos, 
além de uma postura de enfrentamento aos professores e diri-
gentes da instituição.
Percebendo tais situações, em busca de uma solução cabível, o dire-
tor da seção de Educação Física do Springfield College, Luther Gulick, 
solicitou a Naismith que tentasse resolver o problema na classe mais indis-
ciplinada da referida instituição.
Aceitando a incumbência, Naismith começou a buscar soluções. Pri-
meiramente, percebendo o enorme interesse dos jovens pelos jogos espor-
tivos em detrimento da calistenia e ginástica, buscou adaptar alguns jogos 
recreativos, ou pré-desportivos, às condições estruturais dos pequenos 
salões. Não funcionou. Os jogos adaptados não despertaram interesses nos 
jovens, que se mantinham indisciplinados.
Em uma segunda tentativa, o professor buscou adaptar os jogos 
esportivos que eram praticados ao ar livre e apreciados pelos jovens. Mais 
uma vez, não funcionou. Era impossível realizar jogos com tanto contato 
físico, ou que exigiam um grande espaço (como o futebol americano, por 
exemplo), em um recinto pequeno para sua prática, sem que houvesse 
lesões nos praticantes. Além disso, ao adaptar as regras para que não ocor-
resse excesso de contato, ou mesmo violência, Naismith tirava do jogo 
2 Informações sobre os métodos ginásticos de Educação Física podem ser encontradas em 
Marinho (1980) e Soares (2001).
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 10 –
aquilo que mais agradava aos jovens: a possibilidade de demonstração 
de força e superioridade física, decorrente do estilo de vida da época e 
contexto norte-americano, ainda muito influenciado pelo espírito de pio-
neirismo. Tentativas com outros esportes, como o futebol (soccer) e o 
lacrosse, por exemplo, obtiveram resultados semelhantes.
Percebendo as dificuldades de adaptação de jogos esportivos já 
conhecidos ao contexto de um salão, Naismith começou a pensar na pos-
sibilidade de um novo jogo, esboçando, assim, o basquetebol. Para tanto, 
baseou-se nas seguintes ideias:
 2 como todos os jogos ao ar livre da época eram de extremo agrado 
dos alunos e eram jogados com bola, Naismith optou por criar 
um jogo tambémcom bola. Além de lúdico, permitiria aos alu-
nos a disputa direta, mantendo as condições de demonstração de 
virilidade que eles desejavam;
 2 como bolas pequenas demandavam algum tipo de implemento 
(raquete, taco, crosse, etc.) e o número de alunos das classes era 
elevado, optou por uma bola grande, que não necessitasse de 
implemento, pois podia ser agarrada e lançada facilmente por 
qualquer um, diminuindo o risco de acidentes;
 2 o fato do jogador ter a possibilidade de locomover-se com a bola, 
como ocorria nos jogos esportivos ao ar livre, em geral, além de 
criar diversas situações de individualismo e exclusão, abria brechas 
para uma defesa brusca, que só conseguia parar o atacante com bola 
por meio da placagem (contato físico, empurrão, agarrão) ou bar-
reira. Para que elas não ocorressem, seria interessante, para o novo 
jogo, que o jogador não pudesse locomover-se com a posse de bola;
 2 pensando nos casos em que o jogador recebesse um passe, 
estando em deslocamento prévio, com consequente dificuldade 
para parar no mesmo instante, o professor definiu que tal joga-
dor deveria fazer um “esforço honesto” para frear, sendo permi-
tido, para isso, que desse alguns passos com posse de bola;
 2 se o objetivo/alvo do jogo fosse baixo, como no caso do gol 
do futebol (soccer) ou da linha de fundo do futebol americano, 
– 11 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
a defesa poderia acabar formando barreiras que, além de difi-
cultarem, talvez demasiadamente, a conquista do objetivo pelo 
ataque, poderiam acabar gerando excesso de contato físico, vol-
tando o risco de lesões. Como alternativa, Naismith pensou em 
um alvo elevado, de forma que nenhum jogador poderia impedir 
o progresso da bola. Ao mesmo tempo, como a defesa de um 
alvo elevado era dificultada, ponderou que este não poderia ser 
de um tamanho muito grande, proporcionando alguma dificul-
dade ao ataque. A princípio, pensou em duas caixas quadradas 
de madeira, uma em cada lado da quadra. Com a ausência de 
tais caixas, o superintendente do colégio sugeriu-lhe que uti-
lizasse cestos de colher pêssego e assim foi feito, sendo esses 
posicionados a uma altura de, aproximadamente, três metros do 
solo. As Figuras 1.2 e 1.3 ilustram o contexto do basquetebol, na 
época de sua criação.
Figura 1.2 – Ilustração contemporânea do primeiro jogo de basquetebol no Springfield College
Fonte: Lima et al. (1988)
Principais motivações para criação do basquetebol: inverno 
rigoroso, que exigia aulas de Educação Física em espaços 
fechados; opção para as aulas de ginástica, que eram pouco 
aceitas pelos alunos e acabavam gerando indisciplina.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 12 –
Principais ideias que delinearam a dinâmica do basquetebol: jogo 
de bola ao invés de ginástica; uso de bola grande, para facili-
tar a manipulação; impossibilidade de deslocamento com bola, 
evitando a necessidade do contato físico; alvo alto, que evitava 
a formação de barreiras e, mais uma vez, o contato físico.
 
Figura 1.3 – Ilustração de Naismith e de um jogo de basquetebol retratando a época de 
sua criação
Fonte: How basketball got started (2015).
O novo jogo, regulamentado por 13 regras pré-definidas por Nais-
mith, apresentadas aos alunos antes mesmo da primeira experiência prá-
tica, no ano de 1981 (mas que somente seriam publicadas no ano de 1982), 
teve aceitação imediata pelos jovens e, mais tarde, receberia de um dos 
alunos o nome de “basket-ball”, em referência à bola que deveria cair no 
cesto. Posteriormente, ficou conhecido como basketball (basket = cesto; 
ball = bola), adaptado ao português como basquetebol ou, popularmente, 
como basquete e, ainda, como bola ao cesto. As regras, apresentadas pelo 
próprio Naismith, eram (algumas persistem até a atualidade):
1 – A bola pode ser arremessada em qualquer direção com uma ou 
com ambas as mãos;
2 – A bola pode ser tapeada para qualquer direção com uma ou com 
ambas as mãos (nunca usando os punhos);
3 – Um jogador não pode correr com a bola. O jogador deve arre-
messá-la do ponto onde pegá-la. Exceção será feita ao jogador que 
receba a bola quando estiver correndo a uma boa velocidade;
– 13 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
4 – A bola deve ser segura nas mãos ou entre as mãos. Os braços 
ou corpo não podem ser usados para tal propósito;
5 – Não será permitido sob hipótese alguma puxar, empurrar, 
segurar ou derrubar um adversário. A primeira infração desta regra 
contará como uma falta, a segunda desqualificará o jogador até 
que nova cesta seja convertida e, se houver intenção evidente de 
machucar o jogador pelo resto do jogo, não será permitida a subs-
tituição do infrator;
6 – Uma falta consiste em bater na bola com o punho ou numa 
violação das regras 3, 4 e 5;
7 – Se um dos lados fizer três faltas consecutivas, será marcado um 
ponto a mais para o adversário (Consecutivo significa sem que o 
adversário faça falta neste intervalo entre faltas);
8 – Um ponto é marcado quando a bola é arremessada ou tapeada 
para dentro da cesta e lá permanece, não sendo permitido que nenhum 
defensor toque na cesta. Se a bola estiver na borda e um adversário 
move a cesta, o ponto será marcado para o lado que arremessou;
9 – Quando a bola sai da quadra, deve ser jogada de volta à quadra 
pelo jogador que primeiro a tocou. Em caso de disputa, o fiscal 
deve jogá-la diretamente de volta à quadra. O arremesso da bola 
de volta à quadra é permitido no tempo máximo de 5 segundos. 
Se demorar mais do que isto, a bola passará para o adversário. Se 
algum dos lados insistir em retardar o jogo, o fiscal poderá marcar 
uma falta contra ele;
10 – O fiscal deve ser o juiz dos jogadores e deverá observar as fal-
tas e avisar ao árbitro quando três faltas consecutivas forem mar-
cadas. Ele deve ter o poder de desqualificar jogadores, de acordo 
com a regra 5;
11 – O árbitro deve ser o juiz da bola e deve decidir quando a bola 
está em jogo, a que lado pertence sua posse e deve controlar o tempo. 
Deve decidir quando um ponto foi marcado e controlar os pontos já 
marcados, além dos poderes normalmente utilizados por um árbitro;
12 – O tempo de jogo deve ser de dois meio-tempos de 15 minutos 
cada, com 5 minutos de descanso entre eles;
13 – A equipe que marcar mais pontos dentro deste tempo será 
declarada vencedora. Em caso de empate, o jogo pode, mediante 
acordo entre os capitães, ser continuado até que outro ponto seja 
marcado (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE BASKET-
BALL, 2002a).
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 14 –
A partir das próprias aulas no Springfield College e depois, ao longo 
do tempo, com a difusão do basquetebol pelo mundo, a modalidade pas-
sou por uma série de modificações em suas regras, mas sem alterações nas 
características principais da dinâmica do jogo, idealizado por Naismith. 
O número de jogadores, por exemplo, que não era inicialmente definido, 
podendo ser de três a 40, de uma única vez, foi oficialmente delimitado em 
cinco, para cada equipe, no ano de 1897.
1.1.2 A difusão do basquetebol
Como o basquetebol foi criado no interior de uma ACM, foi apresen-
tado e, como consequência, intencionalmente difundido entre ACMs, até 
porque estas instituições eram numerosas no território norte-americano 
e uma das poucas que apoiavam o desenvolvimento físico dos alunos. O 
fato de suas filiais, em sua maioria, possuírem ginásios esportivos (logi-
camente distintos dos modelos atuais), pois que todas tinham necessidade 
de espaços fechados para prática física durante o inverno, foi um fator 
primordial para difusão do basquetebol.
O próprio Naismith (1941) creditava a difusão ampla e rápida do 
basquetebol à estrutura multicelular das ACMs e também à distribuição 
entre elas, tirada de um exemplar da revista Triângulo (revista das próprias 
ACMs), que continha como título Um novo jogo e as 13 regras e que foi 
distribuído já no ano de 1892. Nessa mesma revista, em 1891, Gulick já 
havia apontado o interesseem utilizar o esporte como uma ferramenta 
para combater a desordem social, elencando dez virtudes da prática espor-
tiva, tais como simetria e harmonia do desenvolvimento do corpo, con-
trole muscular, conhecimento das próprias potencialidades e autocontrole 
(HARRIS, 2014). A preocupação com a formação do caráter dos jovens 
era especialmente buscada na sociedade da época e no interior das ACMs, 
sendo o esporte, na ótica de Gulick, um instrumento apto para tal. Essa 
acepção, inclusive, contrariava concepções pedagógicas predominantes, 
que entediam a prática esportiva como geradora e não controladora de 
indisciplina (HORGER, 2001).
O basquetebol, na mesma direção, foi difundido por Naismith (1941) 
como atividade propulsora de virtudes semelhantes, além de valores morais 
– 15 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
tão caros à época e, até a atualidade, relacionados à prática esportiva de 
uma maneira geral, tais como capacidade de iniciativa, cooperação, auto-
confiança, altruísmo, autocontrole e cortesia. O basquetebol, assim, acabava 
por refletir o contexto norte-americano e das ACMs da época, arraigado em 
aspectos religiosos e moral-ideológicos. Como afirma Horger (2001, p. 25):
O basquetebol era, ao menos em teoria, a essência da filosofia que 
Gulick estava desenvolvendo, um jogo coletivo inventado por 
experts que buscavam criar um jogo perfeito. As regras buscavam 
transmitir valores associados com uma visão social envolvendo o 
Protestantismo Gospel, a elevação do individual ao coletivo/socie-
dade, o desejo de encorajar um espírito competitivo viril enquanto 
restringia a competição dentro de fronteiras sociais aceitáveis e a 
noção que os jogos coletivos eram uma metáfora ao sucesso dentro 
de uma moderna organização social. Era a visão progressiva do 
esporte em um microcosmo.
Tendo em conta tanto os aspectos interessantes que o basquetebol 
apresentava, sobretudo, relativos ao pouco contato físico e à necessidade 
do jogo coletivo, quanto sua aproximação aos valores sociais da época, 
acabou tendo sua difusão facilitada também em clubes atléticos, institui-
ções de Ensino Básico e Superior, religiosas, industriais, militares, enfim, 
locais, em geral, de educação formal ou de associativismo3 (NAISMITH, 
1941). O intercâmbio gerado por tais instituições, para além das fronteiras 
dos EUA e, principalmente, movimentos migratórios e intercâmbios mili-
tares acabaram por fazer com que o basquetebol chegasse naturalmente a 
outros países, concretizando sua difusão.
Dessa forma, a excelente aceitação do basquetebol fez com que hou-
vesse uma facilidade imensa em sua difusão pelos EUA e, sem demora, 
pelo mundo. Ao mesmo tempo em que podia ser praticado por homens e 
mulheres, em ambientes fechados ou abertos, sem a utilização de grande 
quantidade de material específico, era uma modalidade esportiva codifi-
cada por regras simples, com pouco contato físico e, portanto, geradora de 
pouquíssima violência, o que facilitava sua inserção dentro do contexto 
escolar e universitário (SALVADOR, 2004).
3 Associativismo diz respeito à reunião de pessoas aproximadas por algum tipo de obje-
tivo comum, trabalhando coletivamente por esse objetivo, sem necessariamente almejar 
retornos financeiros ou de qualquer outra natureza, senão o próprio desenvolvimento do 
objetivo e a comunhão entre os envolvidos.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 16 –
Ou seja: fácil de entender, barato de aplicar, disciplinador e não 
violento, o basquetebol viria a responder aos anseios tanto de crianças, 
adolescentes e jovens, dispostos a gastar energia em atividades menos 
monótonas do que as ginásticas, quanto de pais e educadores, que teriam 
filhos saudáveis, fortes, disciplinados e longe de pensamentos impuros ou 
companhias duvidosas, que pudessem vir a ter. Ficava clara aí, como se 
mantém até a atualidade, a preocupação com a utilização do esporte para 
fins que não somente os esportivos, mas também higienistas e pedagogi-
cistas (SOARES, 2001).
A difusão global cada vez maior acabou exigindo que houvesse 
maior e melhor regulamentação, para que o intercâmbio entre instituições 
e países pudesse ser viabilizado. Em outras palavras, atendendo a uma 
das características fundamentais do esporte como um todo, o basquetebol 
precisou passar por um processo de institucionalização, que se deve justa-
mente ao fato de haver necessidade de regras comuns para a prática entre 
diferentes instituições e países. Dessa forma, no ano de 1926, a Federação 
Internacional de Esportes Atléticos (IAAF) criou uma comissão específica 
para administrar, internacionalmente, e oficializar as regras do basque-
tebol. Em 1932, surge a Federação Internacional de Basketball Amador 
(FIBA), que, atualmente, chama-se somente Federação Internacional de 
Basketball (mantém-se a sigla FIBA) e é o órgão responsável, até hoje, 
pela regulamentação, fomento e organização de campeonatos interna-
cionais. Como efeito paralelo à criação da FIBA, também em processo 
comum ao esporte em geral, foram sendo criadas, paulatinamente, fede-
rações continentais e nacionais para reger o basquetebol dentro de cada 
continente e país, respectivamente.
 Saiba mais
O processo de institucionalização não se dá exclusivamente com a cria-
ção da Federação Internacional, mas também com a própria evolução das 
regras, padronização dos materiais e desenvolvimento de importantes 
competições nacionais e internacionais. São exemplos importantes:
 2 a substituição dos cestos de pêssego ou outros materiais improvi-
sados por um aro de ferro e rede de corda, no ano de 1893;
– 17 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
 2 a substituição da bola de futebol por uma bola específica de bas-
quetebol e a introdução da regra do lance livre, no ano de 1984;
 2 a criação, nos Estados Unidos da América, da primeira liga profis-
sional (National Basket-Ball League), no ano de 1898, e da primeira 
liga universitária (Easter Intercollegiatte Legue), no ano de 1901;
 2 a demonstração do basquetebol, nos Jogos Olímpicos de 1904, em 
St. Louis, Estados Unidos da América;
 2 a introdução da regra dos dois dribles e da exclusão decorrente 
da quinta falta da pessoa, no ano de 1908;
 2 a substituição oficial da escrita “basket-ball” por “basketball”, no 
ano de 1920;
 2 a estreia do basquetebol em Olimpíadas, em 1936, nos Jogos 
Olímpicos de Berlim, Alemanha;
 2 a reposição de bola após as cestas, a partir do fundo da quadra e 
não mais da disputa de bola ao alto, em 1937;
 2 a criação, nos Estados Unidos da América, da Basketball Asso-
ciation of America, que tornar-se-ia, posteriormente, a National 
Basketball Association (NBA), mais importante competição de 
basquetebol mundial até os dias atuais (MINISTÉRIO DA EDU-
CAÇÃO E CULTURA, 1980).
1.1.3 A história do basquetebol no Brasil
A história da chegada do basquetebol no Brasil, assim como de boa 
parte das modalidades esportivas, é atribuída a um momento pontual e 
agente específico. Isso não exclui a possibilidade de ter chegado e se difun-
dido de maneira descentralizada, por intercâmbios militares, de operários 
de grandes construções urbanas, de colégios e universidades. Entretanto, 
ainda que esse processo tenha ocorrido, é comum se atribuir à história 
aquilo que é documentado, considerando-se essa a sua vertente oficial, 
mesmo que isso não exclua a aceitação de que, possivelmente, houve outros 
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 18 –
acontecimentos também importantes. A partir do momento em que algum 
acontecimento é comprovado por pesquisas históricas, não há qualquer 
problema em considerá-lo como parte oficial da história de um fenômeno.
Pela história tradicional e oficial da origem do basquetebol no Brasil, 
tem-se que, caracterizando justamente o já citado processo de intercâm-
bio, o jogo chega ao país a partir do professor norte-americano August 
Shaw, no ano de 1896, quando veio convidado para lecionar Artes noMackenzie College de São Paulo (CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE 
BASKETBALL, 2002b).
Em sua bagagem, trouxe uma bola de basquetebol e apresentou a 
nova modalidade aos estudantes. A princípio, o jogo foi satisfatoriamente 
aceito apenas pelas mulheres, uma vez que, no mesmo período, chegava, 
da Inglaterra, o futebol, de grande aceitação masculina.
Com o passar do tempo, contudo, o basquetebol foi também sendo 
apreciado pelo público masculino e, ainda em 1896, a primeira equipe do 
país foi montada, representando o próprio Mackenzie College. Embora 
tenha se propagado inicialmente no Estado de São Paulo, a primeira 
partida registrada no Brasil ocorreu no Rio de Janeiro, apenas em 1912. 
Somente no ano de 1933 foi fundada a Federação Brasileira de Basketball 
(FBB), que mudaria sua nomenclatura, oito anos depois, para Confedera-
ção Brasileira de Basketball (CBB). A filiação da FBB para a então Fede-
ração Internacional de Basketball Amador (FIBA) ocorreu no ano de 1935 
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E CULTURA, 1980).
Paralelamente à constituição da FBB e CBB, iam sendo criadas as fede-
rações estaduais de basquetebol, como a Federação Paranaense de Baske-
tball, por exemplo. Atualmente, a modalidade esportiva é gerida no país 
pelas federações estaduais e por diversas ligas, que nada mais são do que 
associações organizadas por instituições de prática (clubes e associações 
esportivas, por exemplo), tendo em vista a organização de campeonatos da 
modalidade. As federações estaduais são subordinadas à CBB que, por sua 
vez, mantém estrita relação com o Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Alguns acontecimentos importantes do basquetebol de alto rendi-
mento brasileiro, segundo, principalmente, o Ministério da Educação e 
Cultura (1980) e DaCosta (2005), são:
– 19 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
 2 1936 – inclusão do basquetebol masculino nos Jogos Olímpicos 
(Berlim), com participação do Brasil;
 2 1948 – terceiro lugar do basquetebol masculino do Brasil nos 
Jogos Olímpicos (Londres);
 2 1950 – primeira edição do Campeonato Mundial Masculino 
(Argentina);
 2 1953 – primeira edição do Campeonato Mundial Feminino 
(Santiago);
 2 1954 – segundo lugar do basquetebol masculino no Campeonato 
Mundial (Rio de Janeiro);
 2 1960 – terceiro lugar do basquetebol masculino do Brasil nos 
Jogos Olímpicos (Roma);
 2 1959 – primeiro lugar do basquetebol masculino do Brasil no 
Campeonato Mundial (Santiago);
 2 1963 – primeiro lugar do basquetebol masculino no Campeo-
nato Mundial (Rio de Janeiro);
 2 1964 – terceiro lugar do basquetebol masculino do Brasil nos 
Jogos Olímpicos (Tóquio);
 2 1966 – criação da linha dos três pontos;
 2 1970 – terceiro lugar do basquetebol masculino no Campeonato 
Mundial (Iugoslávia);
 2 1976 – inclusão do basquetebol feminino nos Jogos Olímpi-
cos (Montreal);
 2 1978 – terceiro lugar do basquetebol masculino no Campeonato 
Mundial (Filipinas);
 2 1987 – primeiro lugar do basquetebol masculino do Brasil nos 
Jogos Pan-Americanos (Indianápolis), sendo a primeira derrota 
dos EUA em seu país, em jogos oficiais;
 2 1994 – primeiro lugar do basquetebol feminino do Brasil no 
Campeonato Mundial (Cuba);
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 20 –
 2 1996 – segundo lugar do basquetebol feminino do Brasil nos 
Jogos Olímpicos (Atlanta);
 2 2000 – terceiro lugar do basquetebol feminino do Brasil nos 
Jogos Olímpicos (Sidney);
 2 2008 – criação da Liga Nacional de Basquete (LNB) e do Novo 
Basquete Brasil (NBB);
 2 2010 – criação da Liga de Basquete Feminino (LBF).
1.2 Cenário geral do basquetebol no Brasil
Nacionalmente, o basquetebol foi considerado o segundo esporte 
nacional (atrás do futebol), em termos de praticantes e de preferência 
popular, até a década de 1980. Essa configuração mudou a partir de dois 
processos essenciais: a desorganização institucional do basquetebol e a 
organização institucional do voleibol, que começou a ganhar espaço social 
e garantiu para si o título de segundo esporte do país.
Mais especificamente, no caso particular do basquetebol, essa 
variação em termos de preferência e número de praticantes se deve a 
vários fatores:
 2 desorganização e corrupção da Confederação Brasileira de 
Basketball (CBB) e de algumas federações estaduais;
 2 ausência de resultados internacionais expressivos e de ídolos 
que poderiam servir de exemplo para novas gerações;
 2 diminuição constante de instituições formativas e de investido-
res no basquetebol de base e profissional;
 2 ausência do basquetebol na mídia e, sobretudo, na televisão aberta;
 2 ausência do basquetebol nas instituições de ensino, estando cada 
vez menos presente nas aulas curriculares de Educação Física e 
no contraturno.
Para superação da crise pela qual o basquetebol vem atravessando, exis-
tem algumas possibilidades. Em termos teóricos, é preciso que as institui-
– 21 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
ções responsáveis (CBB, federações estaduais, ligas, instituições de prática), 
visando ao desenvolvimento de uma qualificada prestação esportiva, tenham 
em conta a relação entre oferta (instituições) e demanda (pessoas/consumi-
dores) de serviços (prática do basquetebol, competições, eventos esportivos, 
etc.), além de produtos (materiais de jogo, roupas, produtos licenciados, pro-
gramas de televisão, etc.). Esta relação entre oferta e demanda exige que a 
instituição ofertante opere em dois sentidos (ou em um deles):
 2 democratização: conhecimento da demanda e adaptação da 
oferta de serviços e produtos para ela. Por exemplo, verificação 
de locais em que já existe certa prática informal do basquetebol 
e abertura de núcleos formais de ensino-aprendizagem-treina-
mento naqueles locais.
 2 massificação: criação de ações para modificação das preferên-
cias da demanda. Por exemplo, investir em uma equipe profis-
sional de basquetebol em uma região em que é pouco difundido.
Em termos práticos, algumas ações para o desenvolvimento do bas-
quetebol já vêm sendo realizadas, especialmente a partir do final dos anos 
2000. São exemplos:
 2 reorganização da CBB, principalmente no tocante ao orçamento 
e às seleções adultas e de base;
 2 maior captação de recursos para o basquetebol, a partir da Lei 
10.264/20014;
 2 criação das ligas e campeonatos nacionais, masculino e femi-
nino adultos (Novo Basquete Brasil – NBB e Liga de Basquete 
Feminino – LBF, respectivamente) e sub-21 (Liga de Desenvol-
vimento de Basquete – LDB), organizados pelos próprios clubes 
e não mais pela CBB. Há, consequentemente, maior participa-
ção, organização e profissionalização dos próprios clubes;
 2 presença de campeonatos nacionais e internacionais de bas-
quetebol na televisão fechada, em vários canais e também na 
4 Conhecida como Lei Agnelo Piva, que prevê a destinação de porcentagens dos prêmios 
de loterias federais ao COB, a qual, por sua vez, deve distribuir esses prêmios entre as 
confederações esportivas.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 22 –
televisão aberta, nas redes sociais e veículos de comunicação da 
internet em geral;
 2 presença de jogadores brasileiros nas principais ligas do mundo;
 2 difusão do basquete 3x35.
1.2.1 A relação da Educação Física 
com o basquetebol no Brasil
A despeito da história e do cenário do basquetebol, normalmente, 
abrangerem as questões mais macro do esporte, principalmente relacio-
nadas ao esporte profissional e/ou às principais competições e questões 
institucionais, existe todo um universo da modalidade que se relaciona 
diretamente com o professor/profissional de Educação Física. O basque-
tebol, para além de uma modalidade exclusiva dos atletas profissionais, 
manifesta-se também no cenário do esporte de participação ou recreativo, 
ou seja, na prática informal em parques, praças, ruas, escolas, residên-
cias e também no cenário escolar/formativo, seja no âmbito da Educação 
Física escolar, seja na prática de contraturno, tanto nas escolas quanto nos 
clubes, associaçõese escolinhas. O âmbito escolar/formativo, na Educa-
ção Física escolar ou no contraturno, é, por sinal, o espaço que mais aco-
lhe, em termos de quantidade, os professores/profissionais de Educação 
Física, em relação ao basquetebol, e apresentam diversas problemáticas 
que merecem ser abordadas e discutidas.
A despeito das controvérsias que envolvem a formação superior e a 
regulamentação da profissão de Educação Física no Brasil, a atuação do 
profissional que atua com o basquetebol, popularmente chamado de trei-
nador, é condicionada a dois fatores legais:
5 Trata-se de uma vertente do basquetebol praticada em apenas meia quadra, com uma 
única cesta, com disputa entre três jogadores para cada equipe. O basquete 3x3, por exigir 
menos espaço e material e por ter associação ao basquetebol praticado de maneira infor-
mal, nas praças públicas, conhecido como basquete de rua ou streetball, tem sua difusão 
facilitada em relação ao basquetebol tradicional. Isso não significa que as modalidades 
sejam concorrentes. Embora independentes em termos de organização formal de campe-
onatos, na prática, elas se complementam, uma contribuindo para a aprendizagem e trei-
namento da outra.
– 23 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
 2 graduação em Bacharelado em Educação Física;
 2 filiação ao Conselho Federal de Educação Física (CONFEF), 
por meio dos Conselhos Regionais (CREF`s).
São exemplos de instituições nas quais esse profissional atua:
 2 clubes;
 2 associações;
 2 escolinhas particulares (empresas);
 2 terceiro setor (fundações, ONG`s);
 2 entidades de apoio a atividades profissionais (SESC, SESI, 
SEST, SENAT, SENAI, etc.);
 2 poder público (centros esportivos municipais, por exemplo).
Para atuação nas aulas de Educação Física escolar, o profissional, 
chamado de professor, precisa ter formação em Licenciatura em Educa-
ção Física, não sendo obrigatório, comumente, o registro no CREF (apenas 
algumas escolas o exigem). A questão das atividades de formação espor-
tiva realizadas no contraturno escolar ainda é questão de discussão. Embora 
aconteça na escola, trata-se de uma atividade similar à desenvolvida pelo 
treinador em contextos fora da escola, mas com alunos em idade escolar.
Sobre a questão da Educação Física escolar, é importante apontar 
que, ainda que existam instituições para prática formal específica do bas-
quetebol, o processo de iniciação esportiva inicia-se nela. Isso não sig-
nifica afirmar que este é o espaço para a formação de atletas e privilégio 
àqueles que apresentam melhores rendimentos de prática. Ao contrário, 
representa o espaço por excelência para apresentação do basquetebol (e 
de práticas corporais em geral) a todos os alunos, estimulando sua vivên-
cia, aquisição de competências básicas e geração de autonomia para que 
possam buscar, por si, a prática mais aprofundada, em espaços formais 
(clubes, centros esportivos municipais, etc.) ou informais (praças, ruas, 
etc.), independentes da Educação Física escolar.
Nela, particularmente, ainda que as condições de trabalho nem sempre 
sejam as ideais, é que os alunos conhecem a modalidade e têm sua formação 
geral motora e as noções técnico-táticas básicas desenvolvidas. Enfatiza-se: 
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 24 –
os objetivos da Educação Física escolar, frente às diferentes modalidades 
esportivas, não dizem respeito ao rendimento ou à formação de atletas e equi-
pes, mas à formação geral do indivíduo, para o esporte e a partir do esporte.
O âmbito da formação esportiva de contraturno não despreza aspec-
tos educativos e também contribui para a formação integral do indivíduo, 
mas, diferentemente da Educação Física escolar, é especificamente desti-
nado ao processo de ensino-aprendizagem-treinamento do basquetebol. 
Ou seja, enquanto, na Educação Física escolar, o basquetebol é apenas um 
dos conteúdos, sendo vivenciado e apreendido de maneira apenas básica, 
no processo formativo ele é o conteúdo em si, inserindo o praticante no 
cenário esportivo propriamente dito, a partir da prática cotidiana e da 
vivência de festivais e competições, inclusive, gerando a oportunidade de 
continuidade na carreira esportiva, até como esporte profissional. Não sig-
nifica que o esporte formativo deve ser exclusivamente voltado à forma-
ção de atletas profissionais, mas que deve possibilitar ao praticante chegar 
a essa etapa, apresentar o desejo e as condições para tal.
Entretanto, sabe-se que, na prática, as condições para o desenvolvimento 
de um bom trabalho frente ao basquetebol nem sempre são as ideais, de forma 
que é comum que o professor/treinador se depare com alguns ou vários pro-
blemas. Esses problemas, presentes na Educação Física escolar ou na for-
mação esportiva, podem ser gerados por um mau preparo e má atuação do 
próprio professor/treinador, ou a partir de dificuldades geradas pelo próprio 
contexto social. Alguns desses problemas, bem como exemplos de possibili-
dades de soluções para eles, são apresentados nos Quadros 1.1 e 1.2.
Quadro 1.1 – Problemas encontrados pelo professor de basquetebol na Educação Física 
escolar, com respectivas possibilidades de solução, com base em Paes (2001) e Graça (2004)
Problema Solução
Ausência de equipamentos adequa-
dos ou de sua manutenção.
Planejamento para aquisição ou reparo 
de materiais; montagem de conteúdos 
adaptados às condições existentes, 
dentro da ideia de jogo possível6.
6 Atividades que enfatizam o processo lúdico, com proximidade ao conteúdo-fim (no caso especí-
fico, o basquetebol), mas adaptadas às condições humanas e materiais existentes em cada contexto.
– 25 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
Problema Solução
Ausência de espaço físico adequado.
Planejamento prévio para cons-
trução/adequação de espaços; 
estabelecimento de parcerias com 
instituições próximas, que tenham 
espaço adequado; montagem de 
conteúdos adaptados às condições 
existentes, dentro da ideia de jogo 
possível.
Despreparo dos professores, que não 
se aprofundam nos conhecimentos 
sobre o basquetebol, apresentando 
dificuldades frente à sua comple-
xidade, até porque é um dos jogos 
mais complexo em termos técnico-
-tático-estratégicos.
Formação universitária e continu-
ada – pós-graduação, participação 
em clínicas, cursos, congressos, etc.; 
acompanhamento de treinamentos e 
competições de equipes de base ou 
alto nível.
Maior desgaste dos professores, 
já que é comum que os alunos não 
apresentem qualquer tipo de expe-
riência prévia com o basquetebol, 
dificultando, assim, o processo de 
ensino-aprendizagem.
Planejamento prévio dos conteúdos; 
adaptação destes ao perfil de cada 
turma; utilização do basquete 3x3 e 
jogos reduzidos em geral, que propi-
ciam maior auto-organização e auto-
nomia dos alunos.
Falta de interesse do público adoles-
cente na prática dos jogos esporti-
vos, no contexto escolar.
Planejamento prévio; montagem de 
aulas motivantes; inserção dos alu-
nos na construção das aulas; orga-
nização de campeonatos internos, 
com diferentes funções para cada 
aluno (organização geral, arbitra-
gem, treinador, atleta, torcida orga-
nizada, etc.).
Fonte: elaborado pelo autor.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 26 –
Quadro 1.2 – Problemas encontrados pelo treinador de basquetebol na formação esportiva, 
com respectivas possibilidades de solução, com base, principalmente, em Paes, Montagner 
e Ferreira (2009) e Santana (2008)
Problema Solução
Especialização precoce 
devido à ambição individual 
do treinador ou cobrança dos 
pais/responsáveis para ven-
cer competições, ao invés de 
formar atletas/cidadãos para 
o futuro.
Trabalhar com consciência de que a forma-
ção esportiva é um processo de longo prazo 
e que a competição deve ser utilizada como 
um meio de contribuir para a formação e não 
como o objetivo final do treinamento; se o 
treinador deseja vencer competições acima 
de tudo, deve procurar se inserir em equipes 
profissionais ou de alto nível emgeral.
Especialização precoce 
devido à ausência de equi-
pes de alto nível, impedindo 
a sequência da carreira dos 
praticantes, resultando na sua 
própria cobrança por resulta-
dos imediatos.
Trabalhar com consciência e conscientizar 
o aluno de que uma carreira esportiva dentro 
do basquetebol é bastante difícil, ainda que 
não impossível; buscar o contato das equipes 
de alto nível e assegurar aos praticantes que, 
no momento adequado, terão oportunidade de 
tentar se inserir nelas; para aqueles que não 
conseguem tal inserção, criar condições para 
continuação de prática amadora na vida adulta.
Especialização precoce 
devido à ignorância da socie-
dade, que acredita que os 
resultados precisam ser con-
quistados em todas as fases de 
aprendizagem e não somente 
nas fases adultas. Muitos atle-
tas, neste caso, por iniciativa 
própria ou influenciados por 
familiares, colegas ou trei-
nadores, acabam buscando 
a mudança de equipe devido 
aos melhores resultados das 
equipes adversárias.
Desenvolver um trabalho de qualidade, base-
ado na formação esportiva e no treinamento 
a longo prazo, que garantirá resultados, no 
mínimo, satisfatórios nas competições, uma 
vez que a formação geral e adequada propi-
ciará praticantes mais completos em termos 
técnico-táticos; conscientizar a população a 
respeito dos benefícios, sobretudo futuros, 
que a formação a longo prazo pode propor-
cionar ao praticante; fazer contrato com os 
praticantes (e familiares), visando sua per-
manência na equipe ou liberação somente 
quando acertada pelas partes e mediante 
algum tipo de retribuição da outra equipe 
(materiais, outro jogador, etc.).
– 27 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
Problema Solução
Excesso de trabalho para 
o desenvolvimento de um 
bom serviço e falta de reco-
nhecimento social pelo ser-
viço prestado.
Compreender que o trabalho de treinador 
é sacrificante, mas que propicia algumas 
recompensas (prazer em trabalhar, viagens, 
conhecer pessoas, amizades, possibilidade 
de ser convocado para seleções, possibili-
dade de chegar ao alto nível, etc.); reivindi-
car melhores condições de trabalho e salá-
rio para si e para categoria (treinadores em 
geral e/ou treinadores de basquetebol).
Fonte: elaborado pelo autor.
1.3 Caracterização geral dos jogos 
esportivos coletivos de invasão
Para uma melhor compreensão das características e lógica interna do 
basquetebol, é necessário, antes, conhecer um pouco do universo no qual 
ele se insere, o do esporte e dos jogos esportivos coletivos. A compreen-
são mais tradicional que se tem sobre o esporte, da qual o autor de maior 
expressividade é o francês Pierre Parlebas (2001), é de que se trata de 
uma prática motriz (motora, física, corporal), competitiva, regrada e ins-
titucionalizada. Ou seja, o esporte não abrange qualquer prática corporal, 
mas tão somente aquelas em que existe competição, disputa entre pes-
soas ou equipes, dentro de regras preestabelecidas, conhecidas por todos e 
definidas por uma instituição responsável por fazê-lo, normalmente, uma 
federação internacional.
Isso não significa que não seja possível a prática formal fora do âmbito 
federado internacional ou mesmo a prática informal, mas qualquer uma 
delas é oriunda daquela prática institucionalizada. Por exemplo, a prática 
do basquetebol, na Educação Física escolar ou em uma praça pública, em 
condições adaptadas de espaço, material e jogadores, não deixa de ser a 
prática do basquetebol. Ainda que existam condições adaptadas, a lógica 
essencial do basquetebol mantém-se ali, bem como a intencionalidade dos 
praticantes em jogar basquetebol.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 28 –
Dentro do universo do esporte, existem várias classificações que bus-
cam categorizar as modalidades esportivas, aproximando algumas e dis-
tanciando-as de outras. As classificações servem tanto para fins teóricos 
quanto para fins práticos, dentro de uma ideia de que modalidades esporti-
vas com características semelhantes contribuem para o aprendizado geral, 
umas das outras. Importantes autores da área da Pedagogia do Esporte, 
como De Rose Júnior e Silva (2006, p. 5), afirmam que “é possível iden-
tificar semelhanças e diferenças entre as diversas MEC [modalidades 
esportivas coletivas]. Conhecê-las possibilita um maior entendimento da 
sua dinâmica, facilita o ensino/treino e a aproximação das estratégias das 
MEC estruturalmente semelhantes”. Garganta (1998, p. 15) indica que:
[...] não obstante a especificidade de cada um dos JDC [jogos des-
portivos coletivos], existem modalidades entre as quais é possível 
reconhecer semelhanças e, a partir daí, construir situações que per-
mitam a assimilação de princípios comuns, recorrendo a meios e 
até a algumas técnicas comuns.
Por exemplo, jogadores de futsal, por compreenderem algumas con-
dutas de ordem tática (marcação individual, cobertura defensiva, abertura 
de linha de passe, etc.), normalmente, terão mais facilidade para aprender 
a jogar basquetebol do que ginastas ou nadadores, uma vez que a lógica 
interna do basquetebol é mais parecida com a do futsal.
Dentro dessa ideia, a despeito de existirem várias classificações, 
adota-se, aqui, a apresentada por González e Bracht (2012), adotada tam-
bém pela Base Nacional Comum Curricular (MINISTÉRIO DA EDU-
CAÇÃO, 2017). Os autores partem, inicialmente, do critério de intera-
ção entre adversários e, posteriormente, de critérios pautados na lógica 
interna das diferentes modalidades. Apresentam um grupo de modalida-
des esportivas sem interação entre adversários e um grupo com interação 
entre adversários.
No primeiro grupo, são encontradas: modalidades esportivas de 
marca, cujo resultado é definido pela comparação entre os índices alcan-
çados pelos praticantes, em segundos, metros ou quilos (atletismo, halte-
rofilismo, etc.); modalidades esportivas técnico-combinatórias, nas quais 
o resultado é definido pela beleza plástica e grau de dificuldade dos movi-
mentos, respeitando critérios preestabelecidos (ginásticas, nado sincroni-
– 29 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
zado, etc.); e modalidades esportivas de precisão, em que o resultado é 
definido pela aproximação ou acerto do móbil (bola, disco, flecha) em 
alvos (boliche, tiro com arco, etc.).
No segundo grupo, que apresenta interação entre os adversários, 
encontram-se: modalidades esportivas de combate, nas quais o resultado 
é definido pela subjugação e/ou aplicação de golpes sobre o adversário 
(boxe, judô, etc.); modalidades esportivas de campo e taco, em que obje-
tiva-se rebater a bola para tentar percorrer a maior distância possível den-
tro de determinado percurso, a fim de somar pontos (beisebol, críquete, 
etc.); modalidades esportivas de rede divisória ou parede de rebote, cujo 
objetivo é lançar o móbil em locais em que o adversário não o alcance ou 
de forma a forçar que cometa um erro (voleibol, tênis, etc.); e modalidades 
esportivas de invasão, nas quais o objetivo é tentar ocupar a meia quadra 
ou campo do adversário para marcar pontos, além de defender sua própria 
meta (basquetebol, futebol, etc.).
As modalidades esportivas de invasão, também conhecidas como 
jogos esportivos coletivos de invasão ou, simplesmente, jogos de invasão, 
todas praticadas de maneira coletiva, ou seja, por equipes, apresentam, 
em comum, tanto elementos estruturantes quanto características funcio-
nais, ou seja, características de ação. Bayer (1994) elenca seis elementos 
estruturantes comuns aos jogos de invasão, chamados constantes ou inva-
riantes: bola (ou outro objeto de disputa – bola oval, disco, por exemplo); 
espaço de jogo (um terreno com limites estandardizados); regras; alvos 
(um para atacar e outro para defender); companheiros; e adversários. Isso 
significa que a lógica estrutural dessas modalidades se aproxima, já que se 
utilizam de elementos semelhantes.
Ao mesmo tempo, os jogos de invasão apresentam uma lógica interna 
ou dinâmica funcional que osaproxima, de forma que comportamentos e 
ações dos jogadores são também exigidos em outros jogos. Dentre essas 
características comuns, tem-se, segundo De Rose Junior (2011):
 2 ocupação simultânea do espaço: cada equipe ocupa uma meia 
quadra e defende sua meta, mas pode e deve invadir a meia qua-
dra adversária em busca de conquistar o objetivo (fazer a cesta, 
o gol, ultrapassar a linha de fundo);
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 30 –
 2 participação simultânea sobre o móbil (bola, disco, etc.): as 
equipes disputam o móbil simultaneamente, isto é, podem inter-
vir sobre ele sem a necessidade de esperar o adversário devolvê-
-lo e sem que haja um objeto/obstáculo (rede, parede) entre elas, 
como acontece no voleibol, por exemplo;
 2 cooperação: há ocupação simultânea do espaço pelos jogadores 
da própria equipe e, ao mesmo tempo, obrigatoriedade de troca 
de passes (ainda que um praticante possa se encontrar em situ-
ação individual durante uma partida, ele precisou receber um 
passe para que houvesse seu início/reinício);
 2 oposição direta: possibilidade de os adversários intervirem uns 
sobre os outros, tornando a ação de cada um incerta, o que atri-
bui aos jogos de invasão uma lógica tática, isto é, uma lógica de 
interpretação de situações e tomadas de decisão frente a elas;
 2 oscilação entre as fases do jogo: o jogo é demarcado por trocas 
constantes e sem um momento previamente definido das equi-
pes entre os papeis de atacantes e defensores. Nessa lógica, são 
encontradas nos jogos de invasão as seguintes fases: ataque for-
mal, quando a equipe atacante depara-se com uma defesa orga-
nizada e com todos os defensores disponíveis e preparados para 
defender; defesa formal, quando todos os defensores encontram-
-se disponíveis e preparados para defender um ataque organi-
zado; contra-ataque, quando a equipe defensora recupera a bola 
a tenta realizar a progressão em direção ao alvo e a finalização 
o mais rápido possível, antes que a equipe defensora consiga se 
recompor/organizar para defender; e defesa de contra-ataque ou 
retorno defensivo, quando a equipe atacante perde a posse de 
bola e tenta, o mais rapidamente possível, se recompor/organi-
zar para impedir o contra-ataque adversário, recuperando a bola 
ou, ao menos, retardando a equipe adversária até que realize o 
ataque formal.
Essas características permitem que todos os jogos de invasão com-
partilhem objetivos comuns, chamados por Bayer (1994) de objetivos 
táticos operacionais de ataque e de defesa. No ataque, os objetivos são de 
– 31 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
manutenção da posse de bola, progressão em direção ao alvo e finalização. 
Na defesa, reciprocamente ao ataque, os objetivos são de recuperação da 
posse de bola, criação de dificuldades para progressão do adversário e 
constrangimento da finalização. Independentemente de haver outros obje-
tivos mais específicos e de existirem diferentes soluções para alcançá-los 
em cada jogo de invasão, eles sempre estarão dentro de um desses objeti-
vos gerais, que norteiam as decisões e ações dos jogadores.
Em termos gerais, esses objetivos demandam ações dos jogadores, 
que são similares em todos os jogos de invasão, obviamente, variando 
o recurso técnico (ou seja, o recurso de movimento corporal) utilizado. 
Essencialmente, quando com posse de bola, o jogador poderá utilizar do 
domínio, proteção, condução, finta, passe e finalização. Quando não tem 
posse de bola, mas componente da equipe está com posse de bola, o joga-
dor poderá abrir linhas de passe (desmarcar-se), abrir linhas de corrida 
para o portador da bola (sair da frente, desconcentrar a área de trajetos 
possíveis ao portador da bola) e bloquear (obstruir, dentro do que a regra 
permite, o defensor de um companheiro, objetivando deixá-lo livre). 
Quando na defesa, o jogador pode marcar o atacante com bola, marcar o 
atacante sem bola, desarmar (tirar a bola do domínio do atacante), roubar 
a bola, interceptar passes, bloquear finalizações, flutuar (manter-se em um 
espaço intermediário entre o alvo que defende, a bola e o atacante pelo 
qual é responsável), trocar de marcação com um companheiro, ajudar ou 
cobrir um companheiro que falhou na marcação, cobrir (marcar o defen-
sor abandonado por um companheiro que foi realizar uma ajuda) e dobrar 
(juntar-se a um companheiro para fazer uma marcação “dois em um”). 
Quando não há definição da posse de uma bola que continua em jogo, 
como no caso de um rebote (bola que é lançada contra o alvo, mas não o 
acerta, voltando ao jogo) ou de uma bola desviada por um adversário ou 
que escapa ao domínio de um jogador, ambas as equipes a disputarão.
1.4 Caracterização geral do basquetebol
Neste tópico estuda-se, de uma maneira geral, as características da 
lógica interna, ou seja, da dinâmica funcional, a forma como é jogado o 
basquetebol. As especificidades dessa dinâmica, bem como os aspectos 
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 32 –
técnicos, táticos, estratégicos e didáticos são estudados com mais detalhes 
nos capítulos seguintes.
O basquetebol, como os demais jogos de invasão, é um jogo de opo-
sição-cooperação, ocupação simultânea do espaço, participação simultâ-
nea sobre a bola e oscilação constante e imprevisível entre as fases de jogo 
(ataque formal, defesa formal, contra-ataque e defesa de contra-ataque ou 
retorno defensivo), praticado com esforços intensos e intermitentes.
Todos os jogadores atacam quando a equipe está com posse de bola 
e defendem quando está sem posse, não havendo jogadores com funções 
distintas dos demais, como ocorre no caso do goleiro do futebol/handebol. 
É comum que todos os jogadores de ambas as equipes ocupem a mesma 
metade da quadra, ficando, nesses momentos, a outra metade completa-
mente vazia (exceto no caso de contra-ataques e retornos defensivos). A 
Figura 1.4 ilustra a dinâmica do jogo em uma situação típica de ataque e 
defesa formais, quando ambas as equipes se encontram organizadas, com 
todos os seus jogadores posicionados para atacar ou defender.
Figura 1.4 – Dinâmica típica de ataque e defesa no basquetebol
2 2
1 1
4
4
5
5
3
3
Fonte: adaptado de Shutterstock.com/kengtaykung
– 33 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
Em termos gerais, duas equipes, com cinco jogadores cada, tentam 
acertar a bola em uma cesta defendida pela equipe adversária. Quando a 
equipe detém a posse de bola, é considerada atacante e poderá manipular a 
bola com as mãos, utilizando-se de domínio (manutenção da posse de bola 
com as mãos), proteção (utilização do corpo para “esconder” a bola do 
defensor adversário), pivoteamento (movimentação de um dos pés sobre 
um eixo central, que é o outro pé, que não pode sair do lugar se o jogador 
não quicar a bola), drible (quique de bola), finta (ação de ludibriar, enganar 
o adversário), passe e arremesso. O atacante com bola não pode deslocar-
-se sem driblar, exceto na situação em que se encontra em deslocamento 
prévio, quando permite-se que dê até dois passos, segurando-a. Depois de 
dar os passos, não pode parar com posse de bola, sendo obrigado a passá-
-la ou arremessá-la para a cesta. Uma vez que, após um ou mais quiques, 
o atacante segura a bola, não pode quicá-la novamente, sendo obrigado a 
arremessar para a cesta ou passar para um companheiro. Atacantes sem a 
posse de bola devem tentar ajudar o companheiro com bola, desmarcando-
-se, abrindo linhas de passe, bloqueando (obstruindo o deslocamento do 
defensor de outro atacante, dentro do que a regra permite) ou, simples-
mente, abrindo passagem.
Quando a equipe não detém a posse de bola, é considerada defen-
sora. As ações de defesa são comumente chamadas de ações de marca-
ção. Se um defensor estiver marcando um atacante que detém a posse 
da bola, deve impedi-lo de chegar ao objetivo do jogo, ocupando a posi-
ção entre ele e o alvo (cesta) ou deve tentar roubar a bola. Se um defen-
sor estiver marcando um atacante que não detéma posse da bola, deve 
impedir que ele a receba ou ajudar a marcar o atacante que a detém, se 
o seu marcador direto falhar. Para tanto, pode flutuar (ocupar um espaço 
intermediário) entre o seu atacante, o portador da bola e a cesta. Pode 
também cobrir outro defensor que foi realizar uma ajuda, passando a 
marcar o atacante que foi abandonado e pode dobrar, realizando uma 
marcação dupla sobre um atacante, comumente, o que detém a posse 
de bola.
O quadro 1.3 ilustra a relação entre os princípios táticos operacionais 
e as ações básicas possíveis aos jogadores, chamadas por Bayer (1994) de 
regras de ação.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 34 –
Quadro 1.3 – Princípios táticos operacionais e regras de ação no basquetebol
Princípios táticos 
operacionais Regras de ação
Manter a posse 
de bola
Domínio; enquadramento (adoção de uma posi-
ção de tríplice ameaça – drible, passe e arre-
messo –, de frente para cesta); proteção; pivote-
amento; drible; finta; passe.
Progredir em 
direção ao alvo
Drible; finta; passe; bloqueio; tabela (servir e ir 
ou passa e corre ou dois-um; atacante com bola 
passa a um companheiro e desloca-se, surpre-
endendo o marcador e recebendo novamente a 
bola, agora em uma condição vantajosa).
Finalizar
Finta; assistência (passe que encontra um com-
panheiro livre para fazer uma cesta); bloqueio; 
tabela; arremesso; rebote.
Recuperar a bola
Marcação individual; posicionamento entre o 
atacante com bola e o receptor do passe; bote 
(movimento para tentar retirar a bola do domí-
nio ou drible do atacante); flutuação; ajuda; 
cobertura; dobra.
Dificultar a 
progressão do 
adversário
Marcação individual ou por zona (cada defensor 
ocupa certo espaço da quadra); posicionamento 
entre o atacante e a cesta; flutuação; ajuda; 
cobertura; dobra.
Impedir a finalização
Marcação individual por zona (cada defensor 
ocupa certo espaço da quadra); posicionamento 
entre o atacante e a cesta; toco (bloqueio de 
arremesso); flutuação; ajuda; cobertura; dobra.
Fonte: adaptado de Bayer (1994).
A cesta do basquetebol consiste no conjunto formado por um aro, 
uma tabela e uma redinha. O aro, pelo qual a bola deve passar por dentro, 
de cima para baixo, é horizontal e posicionado a 3,05 metros do solo, 
preso a uma tabela vertical de 1,8 metros de largura por 1,05 metros de 
– 35 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
altura. Presa ao aro encontra-se uma rede (chamada redinha), que facilita 
a visualização do aro pelos jogadores e, sobretudo, a visualização da con-
versão ou não do arremesso.
O jogo inicia com a bola sendo lançada para o alto pelo árbitro, sendo 
disputada por um jogador de cada equipe, que deverá tentar tapeá-la para 
seus companheiros, posicionados fora do círculo central, na meia quadra 
de defesa ou de ataque. As cestas podem valer um, dois ou três pontos, ven-
cendo a equipe que fizer o maior número de pontos ao final de quatro tem-
pos (chamados quartos ou períodos), com duração de dez minutos cada. 
Não é permitido empate e, caso ocorra ao final do quarto período, devem 
ser disputados tantos tempos extras (prorrogações), de 5 minutos, quanto 
necessários, até que, ao final de um deles, uma equipe esteja à frente no 
placar. O tempo de jogo é cronometrado, ou seja, é sempre parado quando 
a bola sai de disputa (marcação de uma falta, por exemplo), de forma que 
sempre haverá 40 minutos de bola em jogo, independentemente do tempo 
total de duração de uma partida (contando intervalos, tempos técnicos 
solicitados pelos treinadores e paralisações feitas pelos árbitros, quando 
da marcação de faltas e violações em geral).
Todos os jogadores podem deslocar-se livremente pela quadra, 
exceto o portador da bola, que deverá permanecer em posição estacionária 
(utilizando o pivoteamento, se desejar) ou somente poderá se deslocar se, 
concomitantemente, driblar a bola. Os defensores podem retirar a bola 
das mãos dos atacantes, bloquear arremessos à cesta e interceptar passes. 
Um atacante em deslocamento, especialmente se estiver com posse de 
bola, não pode ser tocado por um defensor. Se houver o contato físico, 
será marcada uma falta de defesa. Um atacante, com ou sem bola, que 
estiver em posição estacionária, pode ser tocado pelo defensor, mas jamais 
empurrado, agarrado ou derrubado.
Para defender um atacante em deslocamento, o defensor pode tentar 
tirar-lhe a bola (sem tocá-lo) e/ou ocupar antecipadamente os espaços, 
impedindo sua progressão. Neste caso, se o defensor ocupou um espaço, 
mantendo-se ali imóvel, e o atacante, com seu deslocamento, protagoni-
zou um contato físico que gere deslocamento do defensor, considera-se 
falta de ataque. Após uma falta (de defesa ou ataque), comumente, a bola 
é reposta em jogo a partir de uma cobrança de lateral ou fundo, contra a 
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 36 –
equipe infratora. Em situações específicas, ao invés de lateral/fundo, a 
equipe que sofreu a falta é beneficiada com cobranças de lances livres 
(equivalente ao pênalti, do futebol).
Sempre que um arremesso não é convertido, a bola volta para o jogo 
a partir do que se denomina rebote, que é disputado por ambas as equipes. 
Quando uma cesta é convertida, o jogo não é paralisado, somente sendo 
obrigatório que a equipe que a sofreu realize um passe a partir do fundo 
da quadra (um jogador sairá da quadra com a bola e a passará para um 
companheiro que está dentro da quadra).
Síntese
O basquetebol tem sua origem dentro do ambiente educacional, uti-
lizado, principalmente, como ferramenta para disciplinamento dos jovens 
estudantes das Associações Cristãs de Moços (ACMs), dos Estados Uni-
dos da América. Sua difusão encontra-se, em grande parte, também no 
âmbito das ACMs, espalhadas pelo território mundial. Na atualidade, o 
basquetebol é identificado como de alto rendimento, num cenário institu-
cionalizado e profissionalizado, mas também no campo da prática infor-
mal, escolar e formativa. O contexto do basquetebol, enquanto conteúdo 
da Educação Física escolar, e o contexto formativo, de prática no con-
traturno escolar, mostram-se, em termos quantitativos, importantes cam-
pos de atuação de professores/profissionais de Educação Física. Além de 
apresentar as características dos jogos esportivos coletivos de invasão, 
tais como a ocupação comum do espaço de jogo, a participação simultâ-
nea sobre a bola, feita pelos jogadores de ambas as equipes, e a transição 
constante entre ataque e defesa, o basquetebol tem como atrativo, tam-
bém, a necessidade de precisão, assim como acontece nas modalidades 
esportivas de precisão (ou jogos de alvo). Apresenta-se como um jogo 
complexo, com distintas fases, determinadas pela posse ou não da bola 
e pela dinâmica de organização das equipes em cada momento do jogo, 
demandando dos jogadores as melhores decisões e ações, visando atingir 
os objetivos operacionais de ataque e defesa e, claro, o objetivo principal 
do jogo: a cesta.
– 37 –
História, contexto e caracterização do basquetebol 
Atividades
1. Considerando que o basquetebol é um jogo intencionalmente 
concebido, explique, de maneira resumida, quais as principais 
motivações para sua criação.
2. Quais as regras elaboradas por James Naismith para que o bas-
quetebol pudesse ser adaptado a recintos fechados e apresentasse 
o caráter de coletividade, pouco contato físico e dinâmica lúdica?
3. Tendo como exemplo o cenário contemporâneo nacional, expli-
que como uma instituição que trabalha com a oferta do basque-
tebol, em seus mais variados cenários, pode realizar um trabalho 
qualificado, que fidelize a demanda e contribua para o desenvol-
vimento geral da modalidade.
4. O que são os princípios táticos operacionais? Cite, a partir do que 
você já conhece sobre o basquetebol e jogos esportivos coletivos 
de invasão em geral, possíveis regras de ação, ou seja, possiblida-
des de ação que os jogadores têm para atingir tais princípios.
2
Regras primárias ou 
funcionais e regrassecundárias ou formais 
do basquetebol
Busca-se, aqui, o conhecimento e compreensão das regras 
do basquetebol de uma maneira dinâmica, com consciência a res-
peito da diferenciação entre aquelas que são essenciais ao jogo 
e aquelas que somente são impreteríveis quando o contexto é de 
competições oficiais. Em outras palavras, objetiva-se conhecer 
quais são as regras primárias, indispensáveis para uma prática, 
mesmo que informal, do basquetebol, e as regras secundárias, 
necessárias exclusivamente para competições oficiais e, portanto, 
dispensáveis em contextos educativos (aulas de Educação Física 
escolar ou treinamentos e competições em etapas de iniciação 
esportiva, por exemplo) ou recreativos (prática informal). Ao 
invés de simplesmente transcrever o caderno oficial de regras do 
basquetebol, busca-se, aqui, tratar do tema a partir de uma abor-
dagem interativa e didática, para facilitar a compreensão do leitor 
a respeito da dinâmica e formalidade do jogo. Em somatório à 
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 40 –
caracterização do basquetebol estudada no Capítulo 1, espera-se que, ao 
final do presente Capítulo, o aluno compreenda a lógica de funcionamento 
desta modalidade esportiva. A referência-base deste Capítulo é a última 
versão, até então, do livro oficial de regras da Federação Internacional 
de Basketball, datada do ano de 2018 e traduzida para o português, pela 
Confederação Brasileira de Basketball.
2.1 Tipos de regras de modalidades esportivas 
– primárias/funcionais e secundárias/formais
Para se desenvolver um processo de ensino-aprendizagem-treina-
mento do basquetebol, é necessário fazer uma distinção entre aquilo que 
realmente lhe é essencial, indispensável em cada contexto, e aquilo que 
é exclusivamente necessário à sua manifestação formal, de competição 
organizada. Deve-se recordar que o esporte é um fenômeno social multi-
facetado, que pode ser identificado em diversas formas (polimorfo), como 
nas modalidades esportivas (e, dentre elas, o basquetebol), por exemplo, 
e ofertado e apropriado com diferentes sentidos (polissêmico), como o 
esporte formal (ou de rendimento), informal (ou recreativo) ou mesmo 
como conteúdo da Educação Física escolar, por exemplo (BENTO, 2006; 
PAES; MONTAGNER; FERREIRA, 2009).
Dessa forma, ainda que se entenda o esporte a partir do conceito apre-
sentado no Capítulo 1, de uma atividade motriz (motora física, corporal), 
competitiva, regrada e institucionalizada (PARLEBAS, 2001), isso não 
exclui modificações em algumas regras, em busca de adaptações e signifi-
cações aos mais diversos contextos. A competição oficial organizada, por 
exemplo, trata-se da prática esportiva que atende estritamente às regras 
definidas internacionalmente por uma federação internacional, constituída 
pelas federações continentais e estaduais para reger determinada moda-
lidade. Por outro lado, aulas de Educação Física escolar, atividades de 
aprendizagem e treinamento, prática informal, por exemplo, podem e 
devem sofrer modificações que, se não realizadas, possivelmente impedi-
riam a prática do basquetebol nos respectivos contextos.
Ou seja, sob as condições existentes naquele determinado cenário 
(um jogo de basquetebol disputado entre quatro jogadores, dois contra 
– 41 –
Regras primárias ou funcionais e regras secundárias ou formais do basquetebol
dois, utilizando apenas uma cesta, por exemplo), é comum que a modali-
dade esportiva formal sofra amenizações e modificações em suas regras, 
sem que isso implique em se transformar em outra modalidade. Como 
coloca Pereira (1980, p. 53), o esporte, a partir do fim do século XIX, 
surgido de jogos populares, passou por um primeiro grande período de 
organização e institucionalização, até chegar ao que hoje se compreende 
por esporte. Porém, a partir, principalmente da década de 1960, tem pas-
sado por um processo de transformação, “[...] que consiste em simplificar 
o esporte, levando-o a um meio termo entre o formalismo das competições 
(regras, arbitragens, condições atléticas dos participantes, equipamentos e 
instalações especiais) e o informalismo dos jogos, visando torná-lo aces-
sível a qualquer pessoa”.
Esse informalismo e acessibilidade, além das modificações neces-
sárias às atividades de aprendizagem e treinamento, também apontadas 
pelo Manifesto Mundial da Educação Física (FEDERAÇÃO INTER-
NACIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA, 1970), são possíveis devido a 
modificações em algumas regras da modalidade, que, mesmo alteradas, 
não descaracterizam a sua lógica interna, sua essência. Almond (1987) 
denomina essas regras não essenciais como secundárias, pois elas dão à 
modalidade apenas sua lógica formal (número oficial de jogadores, dura-
ção oficial da partida, dimensão da quadra, uniformes, comportamento da 
arbitragem, etc.). Por tal razão, as regras primárias devem ser entendidas 
no sentido de regras formais, oficiais, que, embora possa influenciar na 
dinâmica do jogo, não definem como ele é jogado. Elas não devem ser 
entendidas como menos importantes que as regras primárias, mas como 
regras que são dispensáveis em contextos em que não há possibilidade ou 
necessidade de serem aplicadas.
As regras secundárias se diferenciam das regras primárias, que são 
essenciais e determinam a lógica ou dinâmica funcional da modalidade 
(ações permitidas aos jogadores, formas de manipulação da bola, formas 
de pontuação, formas de relacionar-se com o adversário, etc.), ou seja, 
determinam como o jogo é jogado1. Elas não são consideradas primárias 
1 Divisão semelhante das regras é encontrada em García Eiroá (2000), Parlebas (2001), 
Lagardera Otero e Lavega Burgués (2003), Gréhaigne, Richard e Griffin (2005), Hernán-
dez Moreno (2005) e Reverdito e Scaglia (2009).
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 42 –
porque são mais importantes que as secundárias, mas porque dão ao jogo 
sua lógica funcional, que não pode ser dispensada, seja qual contexto for. 
Isto é, se uma regra funcional é dispensada (por exemplo, ao invés de 
exigir que o jogador com bola tenha que quicá-la para poder se deslocar, 
passa-se a permitir que ele corra, segurando-a), o basquetebol deixa de 
ser basquetebol. A Figura 2.1 apresenta alguns exemplos de prática do 
basquetebol com aplicação das regras primárias, mas não necessariamente 
das regras secundárias. Percebe-se que, em todas, embora os praticantes 
estejam jogando ou realizando ações próprias do basquetebol, a quadra, 
a quantidade de jogadores, as cestas, entre outras, são improvisadas e/ou 
adaptadas ao contexto.
Figura 2.1 – Contextos diversos de prática do basquetebol, com aplicação das regras 
primárias, mas não necessariamente das secundárias
 
 
Fonte: Shutterstock.com/Sergey Novikov/Loes Kieboom/Alexandre Laprise A_Lesik
É claro que, para a prática completa, para vivência de uma modali-
dade esportiva como um todo, todas as regras são importantes e neces-
sárias. Mas isso não exclui e não deve excluir a possibilidade de prática, 
mesmo quando o contexto não apresenta as condições ideais. Os professo-
– 43 –
Regras primárias ou funcionais e regras secundárias ou formais do basquetebol
res/profissionais jamais devem se abster de ensinar e de fazê-lo com quali-
dade, mesmo se não tiverem uma estrutura física e material de acordo com 
as regras oficiais. Daí a importância em se conhecer aquilo que é essencial 
à prática do basquetebol e aquilo que é complementar.
Isto é, a importância em saber identificar a lógica interna e diferen-
ciar as regras primárias e secundárias encontra-se na competência que o 
professor/treinador terá para adaptar a modalidade ao contexto em que se 
encontra e/ou em busca da melhor aprendizagem e treinamento, excluindo 
das atividades e da própria competição (no contexto escolar e de etapas 
formativas) aquilo que é prescindível e mantendo o que é imprescindível.
 Saiba mais
Para ter uma ideia geral sobre as regras do basquetebol, antes de realizar 
o estudo aprofundado na sequência dopresente Capítulo, recomenda-
-se assistir aos vídeos da Sikana Brasil (2017), bastante didáticos. Nas 
referências encontra-se o link. Este mesmo vídeo direciona para correla-
tos. É importante assisti-los para visualizar, de uma maneira dinâmica, 
as regras do basquetebol, facilitando a compreensão do conteúdo.
2.2 Regras primárias ou funcionais do basquetebol
As regras funcionais do basquetebol são as que determinam a dinâ-
mica do jogo e que permitem que se identifique o basquetebol enquanto 
basquetebol. Dizem respeito essencialmente àquilo que os jogadores 
podem ou não fazer em quadra, ou seja, aos seus direitos e deveres, além 
dos próprios objetivos do jogo. É importante destacar que, no basquetebol, 
não há diferenciação de direitos e deveres entre os jogadores, isto é, não 
há papéis específicos para determinados jogadores, como seria o caso do 
goleiro do futebol, por exemplo.
Embora a presença e os gestos da arbitragem digam respeito às regras 
secundárias, necessárias e obrigatórias, somente em contextos formais 
de competição, optou-se, aqui, por relacioná-los às regras (primárias ou 
secundárias) às quais se aplicam, sempre ilustrando a sinalização que deve 
ser feita pelo árbitro.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 44 –
2.2.1 Regras primárias relacionadas 
à manipulação da bola
Como já foi visto no Capítulo 1 e ainda será aprofundado no Capítulo 
3, o jogador de basquetebol, quando tem a posse de bola, ou seja, quando 
tem a bola consigo, pode segurá-la com uma ou duas mãos, protegê-la 
(utilizando seu corpo ou parte dele, entre a bola e o adversário), driblá-la 
(quicá-la no chão), passá-la a um companheiro e arremessá-la na cesta, 
além de pivotear, ou seja, movimentar um dos pés enquanto o outro per-
manece no mesmo lugar, segurando a bola com as mãos2. Entretanto, essas 
ações apresentam algumas peculiaridades que precisam ser respeitadas 
pelos jogadores, sob pena de cometerem alguma violação, o jogo ser para-
lisado pela arbitragem e a bola ser repassada à equipe adversária. É o caso 
das violações relacionadas à posse de bola.
Essas violações nem sempre recebem uma denominação pelas regras 
oficiais, mas são popularmente conhecidas, conforme descrito a seguir. 
A consequência para um jogador que comete uma dessas violações é a 
transferência da posse de bola para a outra equipe, por meio de reposição 
a partir de fora da linha lateral ou fundo da quadra (um jogador sai da 
quadra para repor/passar a bola aos que estão dentro, somente podendo 
tocá-la novamente após outro jogador tocá-la e desde que já esteja dentro 
da quadra).
2.2.1.1 Drible ilegal
O drible ilegal ocorre de várias formas:
 2 dois dribles ou duplo drible – quando o jogador inicia o drible, 
segura a bola (com uma ou duas mãos) e volta a driblar. Ou 
seja, o jogador, quando adquire a posse de bola, pode segurar a 
bola durante o tempo que desejar. Se, por qualquer razão, quiser 
driblá-la, poderá fazê-lo e, independentemente da quantidade 
de quiques que utilizar, poderá segurá-la novamente. A partir 
daí, poderá realizar todas as ações possíveis com posse de bola, 
exceto o drible.
2 Detalhes sobre essas ações serão estudados no Capítulo 03.
– 45 –
Regras primárias ou funcionais e regras secundárias ou formais do basquetebol
 2 drible com as duas mãos, simultaneamente – o jogador pode 
driblar, utilizando qualquer uma das mãos e pode intercalá-las, 
desde que, antes de passar de uma mão à outra, a bola toque a 
quadra. Se encostar ambas as mãos na bola, mesmo que muito 
rapidamente, entende-se que segurou a bola, caracterizando a 
violação de drible ilegal.
 2 lançar a bola para si mesmo – quando o jogador em posse de 
bola realiza um passe para ele mesmo, intencionalmente ou não, 
perdendo o contato com a bola, sem que essa toque a cesta ou 
algum outro jogador.
 2 condução – quando o jogador conduz a bola, segurando-a por 
baixo, no meio do drible. No basquetebol, é possível que o joga-
dor carregue um pouco a bola a partir de um contato lateral, 
durante o drible, não sendo obrigatório que dê um “tapa seco” 
nela. Se a carregada for feita com a mão sob a bola, caracteriza 
uma violação de condução.
2.2.1.2 Andada
Assim como o drible ilegal, a andada ocorre de várias formas:
 2 passos sem drible – quando o jogador que detém a posse de 
bola dá um ou mais passos sem driblar, retirando os dois pés de 
apoio e sem estar em movimento antes dos passos. Logo que 
obtém a posse de bola, como visto, o jogador pode segurá-la e, 
ao mesmo tempo, pivotear. Se retirar o pé de apoio (ou pé de 
pivô) do pivoteamento, comete uma andada. Para poder se des-
locar, então, precisa driblar a bola, neste caso, podendo deslocar-
-se livremente até segurá-la. Quando for o caso de o jogador 
estar driblando em deslocamento, poderá dar até dois passos 
segurando-a, sendo obrigado a passá-la ou arremessá-la antes de 
completar um terceiro passo. Se, ao receber a bola, estiver em 
deslocamento prévio, vale a mesma regra. Em ambos os casos, 
se o jogador não soltar a bola após os passos, também comete a 
violação de andada. Deve-se ressaltar que o jogador pode dar, no 
máximo, dois passos, podendo optar por apenas um.
Teoria e Fundamentos do Basquetebol e Handebol
– 46 –
 2 mais de dois passos – quando o jogador, em qualquer hipótese, 
dá mais do que dois passos segurando a bola. Embora a regra 
permita um meio passo inicial, logo que o jogador recebe ou 
segura (após o drible) a bola, chamado “passo zero”, somente 
pode dar dois passos completos segurando-a. Importante com-
preender que mesmo passos muitos curtos, em que o jogador 
parece estar sapateando, ou mesmo pequenos deslizes dos pés, 
retirando-os do eixo original, caracterizam passos completos.
 2 perda do pulo – quando o jogador com posse de bola salta e 
aterrissa ainda em posse de bola. Somente pode ser validado se, 
durante o salto, a bola é bloqueada por um defensor, impedindo 
o atacante de soltá-la.
2.2.1.3 Pé
A violação do “pé” ocorre quando um jogador toca o pé ou a perna 
intencionalmente na bola, ou que, mesmo sem intenção, beneficia-se 
deste contato. Além de conceder a reposição de bola à equipe adversária, 
concederá mais 24 segundos completos para efetuar o arremesso (como 
será visto, a equipe, quando adquire a posse de bola, tem, no máximo, 24 
segundos para tentar concluir sua jogada), independentemente do tempo 
que restava para concluir o ataque, no momento do contato do pé (perna) 
com a bola. Se a bola bate no pé ou perna de um jogador sem o beneficiar 
e sem que ele tivesse a intenção de estabelecer o contato, o jogo continua 
normalmente. Verifique as ilustrações conforme indicação no QR Code.
 QR Code
Confira as sinalizações das regras primá-
rias, relativas à bola, feitas pela arbitra-
gem (a direção da jogada – última imagem 
– é apontada após cada violação) nas ilus-
trações 14, 15, 17, 18, 19 e 25 que constam 
entre as páginas 61 e 68 do código ao lado.
Link para acesso: http://www.cbb.com.
b r / c o m u m / c o d e / M o s t r a r A r q u i v o .
php?C=NDMxMA%2C%2C
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Regras primárias ou funcionais e regras secundárias ou formais do basquetebol
A manipulação da bola pelos jogadores pode ser realizada com uma 
mão ou com as duas mãos, lembrando que, para se deslocar, ou seja, 
para sair do lugar enquanto tem a bola consigo, o jogador precisa, 
concomitantemente, quicá-la. A única exceção ocorre com o limite 
de dois passos segurando a bola, que são permitidos somente se, 
antes de dá-los, o jogador já esteja em deslocamento (está quicando 
a bola em deslocamento e a segura ou está em deslocamento e, ao 
mesmo tempo, recebe um passe). Tudo o que não é proibido pela 
regra é permitido ao jogador, de forma que conhecer as condutas 
proibidas mostra-se importante para que se conheça, também, 
as condutas permitidas. Tendo isso em conta, identifica-se que 
as condutas proibidas em relação à posse de bola dizem respeito 
principalmente ao drible ilegal (essencialmente, dita que o jogador

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