Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anaeróbios Prof. Beatriz Meurer Moreira Anaeróbios: toxicidade do oxigênio Formas tóxicas do oxigênio: • Ânion superóxido (O2-) • Peróxido de hidrogênio (H2O2) • Radical Hidroxila (•OH) Enzimas que inativam o O2 tóxico • SUPERÓXIDO DISMUTASE elimina radicais superóxido convertendo-os em peróxido de hidrogênio metabolizado por duas outras enzimas – CATALASE (converte peróxido de hidrogênio em O2 e água) – PEROXIDASE: converte peróxido de hidrogênio em água. Presente em aeróbios, ausente na maioria dos anaeróbios Anaeróbios Microbiota normal • Pele: Propionibacterium acnes, Peptostreptococcus • Cavidade oral e trato respiratório superior: Fusobacterium nucleatum, cocos anaeróbios • Intestino: Bacteroides fragilis, Clostridium • Trato genital feminino: Bacteroides, Porphyromonas Infecções por anaeróbios que se originam na microbiota normal • Condições do hospedeiro: cirurgia, trauma, doença vascular, choque, corpos estranhos, edema. • Tamanho do inóculo • Fatores de virulência do microrganismo Infecções por anaeróbios que se originam na microbiota normal Clínica • Secreção com odor fétido, devido aos produtos do metabolismo anaeróbio • Infecção localizada próxima à superfície de mucosa • Infecção secundária à mordida humana ou de animal abscesso cerebral abscesso cavidade oral e dentário bacteremia e endocardite abscesso intra- abdominal abscesso pélvico pneumonia por aspiração Infecção de pele e subcutâneo Seleção de espécimes para cultura no diagnóstico de infecção por anaeróbio • Espécime sem microbiota normal (sangue, exsudado de abscesso profundo) • Inadequados: secreção de orofaringe, escarro, secreção de úlcera cutâneas Coleta de espécime: sem contato com ar atmosférico Meio de cultura pré- reduzido Cultivo de anaeróbios • Bastante trabalhoso, crescimento lento • Requer: meio de cultura enriquecido, meio pré- reduzido, eliminação do oxigênio Estufa em anaerobiose Identificação: testes fisiológicos • Caracterísiticas coloniais • Caracterísiticas morfotintoriais • Esporos • Testes de aerotolerância • Pigmento • Hemólise • Motilidade Agar Bacteroides Bile Esculina Infecções por anaeróbios que se originam na microbiota normal • Tratamento: combinação de – remoção do foco de infecção – antimicrobianos com ação anti-anaeróbios (penicilina, amoxicilina-clavulanato, azitromicina, clindamicina, metronidazol, carbapenemas) Bacteroides fragilis • Bacilo Gram-negativo • Cápsula – principal fator de virulência • Resistência antimicrobiana • Parte da microbiota intestinal: 1% • Frequentemente isolado de espécimes clínicos Bacteroides fragilis • Abscessos e bacteremias associadas a processos intestinais • Algumas cepas produzem enterotoxina - diarréia Clostridium sp • Bacilos Gram positivos que formam esporos • Gênero heterogêneo Clostridium sp Endosporos • estrutura adaptada para dispersão e sobrevivência durante períodos extensos sob condições não favoráveis • uma vez que as condições são favoráveis, o esporo se desenvolve em um novo microrganismo Clostridium perfringens • Parte da microbiota do intestino de animais e humanos e solo • Infecções – endógenas associadas a condições locais – exógenas: toxi-infecção alimentar Clostridium perfringens • Infecções endógenas: celulite, miosite supurativa, mionecrose, gangrena gasosa, sepse Gangrena gasosa C. perfringens: toxinas • alfa: fosfolipase, permeabilidade vascular, hemolisina, atividade necrosante lisa eritrócitos, plaquetas, leucócitos e células epiteliais = hemólise parcial em ágar sangue • beta e iota: necrosante • epsilon: permease • gama: hemolisina • delta: hemolisina, atividade citolítica = hemólise total em ágar sangue C. perfringens - dupla zona de hemólise colônia Hemólise total Hemólise parcial C. perfringens – intoxicação alimentar Enterotoxina • Diarreia auto-limitada C. perfringens – intoxicação alimentar Enterotoxina • Presença de esporos em alimentos • Condições de anaerobiose Produção da célula vegetativa no alimento • Mudanças de pH no trânsito intestinal = estímulo à formação de esporo produção da toxina • Ação: altera permeabilidade do epitélio do íleo Clostridium tetani - tétano • Esporos distribuídos na natureza: contaminação de ferimentos • Formação da célula vegetativa toxina tetanospasmina = efeitos sistêmicos C. tetani - tetanospasmina • Internalizada na junção neuro-muscular • liga-se a disialogangliosideos (GD2, GD1b) na membrana neuronal • Inibição da liberação de neurotransmissores inibidores – ác. gama- aminobutírico (GABA) e glicina Lalli, Trends Microbiol, 11, 2003 C. tetani - tétano – Ação da tetanospasmina: hiperatividade mucular • contratura muscular e espasmos • Clínica: contrações espásticas involuntárias, hiperreflexia, dificuldade de abrir a boca (trismo) • contração dos músculos do dorso, espasmos • Diagnóstico clínico CLostridium tetani - tétano TÉTANO NEONATAL RISO SARDÔNICO ESPASMO TETÂNICO Tétano • Tratamento: imunoglobulina humana + antimicrobianos (penicilina) • Profilaxia: vacina – toxóide tetânico (toxina inativada) tetravalente (DTP + Hib) tríplice (DTP ou DTPa) (crianças) dupla (dT) ou AAT (adolescentes e adultos) Clostridium botulinum • Toxina botulínica- 7 sorotipos (A-G) • Internalizada na junção neuro-muscular = botulismo • Ação: bloqueia ação da acetil- colina na placa mioneural • Toxina botulínica Botulismo Cosmética (botox) e aplicação médica (espasmo após acidente vascular cerebral, hiper-hidrose) C. botulinum - botulismo • Alimentar: toxina pré-formada pela bactéria (forma vegetativa) no alimento • Em ferimentos – Esporo na ferida, forma vegetativa, produção de toxina C. botulinum - botulismo • Infantil: ingestão de esporos – ex. mel natural em lactentes Clostridium difficile • Presente no ambiente • Fezes de indivíduos saudáveis (1%) • Patogenicidade descoberta nos anos 1970s: diarréia associada a uso de antimicrobianos – microbiota intestinal anaeróbia alterada por antibióticos: clindamicina, ampicilina, amoxicilina, macrolídeos, lincosamidas, cefalosporinas etc – aumento da população de C. difficile C. difficile • Toxina A: enterotoxina – alterações eletrofisiológicas e morfológicas • Toxina B: citotoxina Diarréia leve a moderada: “Diarréia associada ao uso de antimicrobianos” Formas mais graves: “Colite pseudo-membranosa” C. difficile “Diarréia associada ao uso de antimicrobianos” Presença de esporos no ambiente hospitalar: importante fonte de infecção por cepas hiper-virulentas C. difficile • Diagnóstico: pesquisa das toxinas nas fezes – teste de latex, ELISA • Tratamento: vancomicina ou metronidazol por via oral – casos recorrentes 15-30% (persistência da cepa inicial ou re-infecção) disseminação nas instituições de saúde Espiroquetas • Familia Spirochaetales – gênero Treponema e Borrelia • Familia Leptospiraceae – gênero Leptospira Espiroquetas Bacterioscopia para espiroqueta Campo escuro Impregnação pela prata – Método de Fontana-Tribondeau Gênero Treponema – patógenos humanos Microrga- nismo Doença Distribuição Idade predomi- nante ao início Transmissão Infecção Congênita T. pallidum subsp. pallidum Sífilis Mundial Adolescentes e adultos Contato Sexual Sim T. pallidum subsp. pertenue Bouba (yaws) Áreas tropicais, África, America do Sul, Caribe, Indonésia Crianças Contato da pele Não T. pallidum subsp. endemicum Bejel Regiões áridas, África, Oriente Médio Crianças e adultos Membranas mucosas RaramenteT. carateum Pinta Regiões semi- áridas, América Central, América do Sul Crianças, adolescentes Contato da pele Não Sífilis • Treponema pallidum • Infecção sexualmente transmissível - contato sexual - via de entrada: membrana mucosa ou lesão cutânea • Transfusão de sangue - prevenção: triagem de doadores • Congênita • Período de incubação: ~ 3 semanas (3-90 dias) – Colonização local → invasão de vias linfáticas e sanguíneas → infecção sistêmica Sífilis - patogenia DESENVOLVIMENTO DA DOENÇA Indivíduo recentemente infectado T.pallidum penetra pela mucosa ou lesão de continuidade da pele vasos linfáticos Disseminação pelo sangue Intensa multiplicação ponto de entrada Após 1 a 3 semanas CANCRO DURO Evolução em recaídas Evolução com episódios agudos e remissão aparente – No decorrer da infecção, a imunidade celular se desenvolve total ou parcialmente – Ocorre um mecanismo humoral com produção de anticorpos porém que não confere imunidade Sífilis - patogenia Sífilis - patogenia Primária Secundária Recente em recidivas Terciária • Primária Sífilis - patogenia • Cancro duro, micropoliadenopatia regional ▫ Lesões ricas em treponemas, infectantes ▫ Involução espontânea • 2-3 meses após primária • Lesões cutâneas generalizadas • Meningite com líquor claro • Lesões infectantes, involução espontânea Sífilis secundária • A partir do segundo ano • Lesões localizadas, não infectantes, destrutivas, em pacientes não tratados • Cutâneas, cardiovasculares, Neurossífilis Reação de hipersensibilidade ao Treponema. Sífilis terciária • Malformações, parto prematuro, quadros clínicos graves Sífilis congênita Pesquisa direta do T. pallidum • Lesões muco-cutâneas: microscopia de campo escuro – microrganismos vivos, móveis • Imunofluorescência direta ou indireta: pesquisa o microrganismo ou anticorpos (microrganismo fixado em lâmina) • Impregnação pela prata: espécime sem microbiota local, material de biópsia – visualiza apenas a presença da forma espiroqueta Diagnóstico laboratorial • Não treponêmicas – VDRL: quantitativa, permite acompanhar eficácia do tratamento, falsos-positivos • Treponêmicas - FTA-ABS: não-quantitativa, sensibilidade e especificidades maiores Reações sorológicas Tratamento • Penicilina benzatina • Tetraciclina, eritromicina Prevenção e controle • Diagnóstico e tratamento dos infectados –Grávidas • Uso de métodos anti-concepcionais de barreira • Microrganismo com extremidades em gancho • Aeróbios obrigatórios • Sensíveis ao ressecamento, calor, detergentes e desinfetantes, pH ácido, elevadas concentrações de sal Leptospirose • Leptospira biflexa- saprófitas • Leptospira interrogans - patogênicas – > 200 sorovariantes definidos em reação de aglutinação – Leptospra interrogans sorovar Icterohaemorrhagiae – amostra tipo do gênero Classificação • Reservatório animal – zoonose – Rato de esgoto (Rattus novergicus): o principal responsável pela infecção humana • Excreção: urina • Sobrevive no ambiente na água, lama, rios, solo úmido - contato com ser humano • Transmissão – animal-animal; animal-homem – Direta: exposição à urina ou tecidos infectados – Indireta: contato com água contaminada Leptospirose • Contato ocupacional: fazendeiros, trabalhadores de abatedouros, veterinários • Atividades de recreação: canoagem, natação • Moradores em áreas com saneamento precário Grupos de risco • Leptospira penetra pela pele ou mucosas – incubação 7-14 dias • Invasão da corrente sanguínea e localização em órgãos e tecidos – fase septicêmica ▫ Febre, cefaléia, dores musculares (4-7 dias) • Imunidade humoral – desaparecimento das leptospiras e formação de reação imunológica: capilarite difusa ▫ Sintomas gerais ~ recaída, meningite “asséptica” ▫ Complicações - hemorragia pulmonar, insuficiência renal Patogenia • Comprometimento hépato-renal: leptospirose ictérica – Relacionada ao inóculo e virulência da cepa Doença de Weil • Aglutinação macroscópica – Ac do gênero (leptospiras inativadas pelo formol) • Aglutinação microscópica – Verifica aglutinação de leptospiras vivas – Permite determinação do sorovar • Cultura – laboratórios de pesquisa, primeira semana de doença Diagnóstico • Medidas de suporte • Antimicrobianos: até o quarto dia de doença (penicilina ou doxiciclina) Tratamento
Compartilhar