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APRENDIZAGEM ORGANIZACIONAL, COMPETÊNCIAS E GESTÃO DO CONHECIMENTO AULA 3 Prof.a Ana Paula Escorsin 2 CONVERSA INICIAL Estamos trabalhando em direção a embasar os seus conhecimentos sobre gestão por competências. Vivemos em uma sociedade do conhecimento, na qual profissionais e empresas precisam ter uma visão sistêmica sobre o contexto em que estão inseridos. Os processos de aprendizagem organizacional requerem inovação e flexibilidade. A constante educação vem se tornando o centro dessa sociedade, esse cenário aponta para a necessidade de novos modelos de gestão e a por competências se mostra adequada ao mercado globalizado do século XXI. Esta terceira aula terá os seguintes temas: Gestão por competências Gestão de pessoas por competências Seleção por competências Remuneração por competências Gestão de carreira por competências CONTEXTUALIZANDO Com base no material estudado, faça uma análise sobre as contribuições do modelo de gestão de pessoas por competências para as empresas e para os colaboradores. PESQUISE Para embasar sua análise sobre as contribuições da gestão de pessoas por competências, leia os textos sugeridos a seguir: TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 85-95. AMARAL, R. M. Gestão de pessoas por competências em organizações públicas. São Paulo: XV Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias. Veja o item 3: Gestão de pessoas por competências, p. 4 a 6. Disponível em: http://200.136.214.89/nit/refbase/arquivos/amaral/583_Amaral.pdf 3 TEMA 1 – GESTÃO POR COMPETÊNCIAS A gestão por competências se mostra como uma opção interessante para as organizações que pretendem sair dos modelos tradicionais de gerenciamento empresarial. A proposta está em direcionar esforços para planejar, capacitar, desenvolver e avaliar os diferentes níveis de uma corporação, desde as estratégias organizacionais, as lideranças, os indivíduos e as equipes, em busca de melhoria de performance. Para Takahashi (2015, p. 57), “a gestão por competências pressupõe um alinhamento entre a estratégia organizacional, o desempenho e as competências organizacionais e individuais”. Takahashi (2015, p. 64), citando Leme (2005), diz que “gestão por competências é o processo de conduzir os colaboradores para atingirem as metas e os objetivos da organização através de suas competências técnicas e comportamentais”. Para Chiavenato (2003), é um programa sistematizado cujo objetivo consiste em definir os perfis dos profissionais produtivos, e, se esses estão adequados aos negócios da organização, o processo identifica os pontos de excelência e os gaps (lacunas), desenvolve ações para suprimir tais lacunas de forma a agregar aprendizado, com base em critérios objetivos e mensuráveis. Carbone (2005) diz que a gestão por competências surge em resposta ao cenário empresarial. Essa metodologia se apresenta como tentativa de respostas às seguintes questões: a necessidade de superação da concorrência em um mercado globalizado; as exigências por agilidade, diferenciação e inovação; as demandas de aprendizagem e de criação do conhecimento, para lidar com questões inéditas e surpreendentes que surgem a cada dia no contexto organizacional. Trata-se de uma metodologia de gestão moderna, focada em negócios, em mercado e para o cliente, além de privilegiar o desenvolvimento profissional permanente. Esse modelo está orientado para o desenvolvimento de competências e novos conhecimentos, fontes, por excelência, para a conquista da vantagem competitiva sustentável. Trabalha com o pressuposto de que o 4 maior patrimônio das organizações são as competências dos seus funcionários (Carbone, 2005). Para Carbone (2005), ao implantar esse modelo de gestão, a empresa possibilita que todos os funcionários discutam e foquem as suas ações no que é fundamental para a qualidade do trabalho e para o crescimento sustentável da empresa. O modelo de gestão por competências, segundo Takahashi (2015, p. 62), pressupõe algumas etapas, a saber: 1ª etapa: formulação das estratégias organizacionais – por meio da definição da missão, visão, objetivos estratégicos e estabelecimento de indicadores de desempenho e de metas. 2ª etapa: mapeamento de competências – por meio da identificação das competências organizacionais e individuais e da investigação das competências existentes. Após o mapeamento, identificam-se os gaps de competências para que seja possível planejar as ações de capacitação e de desenvolvimento. 3ª etapa: Captação de competências – por meio de seleções externas de profissionais ou de alocações de funcionários em áreas ou atividades de suas competências. 4ª etapa: Desenvolvimento de competências – por meio da definição dos mecanismos de desenvolvimento das competências organizacionais e individuais, para seja possível disponibilizar e orientar os diferentes tipos de desenvolvimentos necessários. 5ª etapa: Acompanhamento e avaliação – por meio do acompanhamento dos resultados alcançados e da comparação entre os resultados alcançados com os esperados, tanto da organização como dos funcionários. 6ª etapa: Retribuição – por meio do reconhecimento e da premiação de bom desempenho dos funcionários. Para finalizar, a gestão por competências direciona as ações da empresa para o gerenciamento dos gaps de competências existentes na organização, nas equipes e nos colaboradores (Carbone, 2005). Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 57-65. 5 Saiba Mais LOTZ, E. G.; GRAMMAS, L. C. Gestão de talentos. Curitiba: Intersaberes, 2012. p. 144-146. TEMA 2 – GESTÃO DE PESSOAS POR COMPETÊNCIAS A partir da definição da empresa em implementar gestão por competência, cabe à área de RH adequar o funcionamento e os processos de gestão de pessoas com base em competências. Para Dutra (2004), esse modelo possibilita integrar gestão de pessoas ao propósito estratégico da organização por meio da discussão das competências organizacionais e das individuais, atrelando-as às práticas de gerir os colaboradores. Takahashi (2015, p. 103), citando Fernandes (2006), diz que “trata-se de um modelo que avalia o grau de competência humana na organização, tendo potencial, dessa forma, para contribuir com o desenvolvimento das competências organizacionais”. O modelo Gestão de Pessoas por Competências aponta para a necessidade de alteração das atribuições e das competências dos profissionais de RH. Para Ruano (2007, p. 14), o profissional precisa deixar de ser um especialista e passar a ter uma visão da estratégia, da estrutura e do estilo gerencial da empresa. Veja o Quadro 1, a seguir, o qual apresenta essas mudanças conforme aponta Ruano (2007), citando Ulrich (2001). Quadro 1 – Mudanças das atribuições do RH DE PARA Operacional Preocupação com o qualitativo Policiamento Administrativo Voltado para a função Voltado para a empresa Reativo Estratégico Preocupação com o quantitativo Parceria Consultivo Voltado para o negócio Voltado para o mercado consumidor Preventivo Fonte: Ruano (2007, p. 14), citando Ulrich (2001). Para o autor, o RH assume a perspectiva de estrategista, o qual atua em múltiplos papéis, cuja função principal é se colocar como um parceiro da 6organização. Parceiro, pois, ao mesmo tempo em que define os interesses dos funcionários, busca o atingimento de metas da organização (p. 15). O propósito da área de RH com a gestão de pessoas por competências é adotar um enfoque sistêmico, suas atividades se estendem de gerir processos para uma postura proativa de busca de soluções para a gestão das competências dos colaboradores, alinhadas ao desenvolvimento organizacional. Os processos de gestão de pessoas, quando conduzidos por competências, possuem algumas características diferenciadas, as quais são (Takahashi, 2015, citando Amaral, 2008): Treinamento e desenvolvimento: permite reconhecer e desenvolver os atributos de competências. Recrutamento e seleção: permite a construção e a recomposição de equipes eficientes e eficazes. Avaliação de desempenho: possibilita que os mecanismos de avaliação e feedback sejam fundamentais para a evolução dos colaboradores. Carreira e sucessão: permite que a carreira ocorra segundo critérios que agregam valor à organização, estando de acordo com as competências dos colaboradores. Segurança e saúde ocupacional: contribui para que a empresa se torne mais apta a reconhecer e assumir suas responsabilidades junto às leis trabalhistas e à qualidade de vida do colaborador. Relações trabalhistas: possibilitam remunerar o indivíduo por suas entregas, de forma organizada e documentada, o que garante à empresa respaldo perante as leis trabalhistas. Remuneração: permite associar a remuneração ao desempenho, premiando os profissionais que se mostram mais competentes. Muitos modelos estão sendo desenvolvidos para que o RH exerça, de fato, papel estratégico, como é caso das consultorias internas, das equipes autogerenciáveis, das avaliações de desempenho baseadas em feedback 360o, Learning Organizations (Organizações de Aprendizagem), entre outros (Ruano, 2007). 7 Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 85-87. Saiba Mais AMARAL, R. M. Gestão de pessoas por competências em organizações públicas. São Paulo: XV Seminário Nacional de Bibliotecas Universitárias. Veja o item 3: Gestão de pessoas por competências, p. 4 a 6. Disponível em: http://200.136.214.89/nit/refbase/arquivos/amaral/583_Amaral.pdf TEMA 3 – SELEÇÃO POR COMPETÊNCIAS A seleção de pessoas é o primeiro processo de RH que passa por transformações com a implantação do modelo de gestão por competências. A atração de pessoas, tanto interna quanto externa, precisa identificar os profissionais com as competências adequadas à organização. A seleção é um sistema de comparação e escolha, para uma tomada de decisão: comparam-se as competências requeridas pela organização e pelo cargo em aberto com as competências demonstradas pelos candidatos. escolhe-se pelo candidato cujas competências profissionias estejam alinhadas às exigidas pelo cargo, pela organização e pela equipe de trabalho. O processo de seleção deve observar os conhecimentos, as habilidades técnicas e as atitudes (competências comportamentais) ao fazer a composição do perfil profissional dos candidatos (Lotz e Burda, 2015, p. 126). Para as autoras, o “perfil é o conjunto de características de um indíviduo, que, quando analisado sob à ótica de mercado, remete aos pré-requisitos que o candidato deve apresentar para ocupar determinado cargo” (Lotz e Burda, 2015, p. 127). Fazem parte do perfil profissional de um candidato as três dimensões das competências: “1) o saber fazer; 2) o saber ser; 3) saber agir” (Lotz e Burda, 2015, p.127). A seleção por competências busca observar, ainda, as entregas dos candidatos. Você se recorda de que vimos na Aula 1 o conceito de entregas de 8 competências? Relembrando: entregas são as ações efetivas que o colaborador realiza, as quais agregam valor à organização (Dutra, 2004). Portanto, a seleção deve observar o candidato em relação as suas experiências anteriores, para identificar se suas ações agregam valor em suas atividades. Você deve estar se perguntando: como fazer isso? E uma pessoa que está buscando seu primeiro emprego, como saber sobre suas entregas? Para analisarmos esses dois pontos, vamos abordar uma das técnicas de seleção: a entrevista com foco em competências. Lotz e Burda (2015, p. 174) dizem que se trata “da modalidade de entrevista que explora as competências específicas exigidas para o desempenho adequado do conjunto de funções requeridas pelo cargo”. Para as autoras, o ponto chave para realizar com êxito uma entrevista desse tipo é saber quais são as competências organizacionais e as competências requiridas para os profissionais que ocupam aquele cargo (Lotz e Burda, 2015, p. 176). Esse tipo de entrevista tem por objetivo detectar as competências relevantes para o desempenho das atividades e para a adaptação à empresa. Cada cargo tem suas especificidades, segundo Lotz e Burda (2015, p. 183), por essa razão a entrevista deve enfocar as necessidades do cargo e da empresa, as perguntas devem obter informações que sejam relevantes e agregadoras em relação às competências que se pretende observar no candidato. Lotz e Burda (2015) dizem que as perguntas feitas na entrevista devem ser abertas, específicas e buscar analisar as situações vividas pelo candidato, como este agiu e quais resultados obteve. Voltamos a nossa questão: e se a pessoa está buscando seu primerio emprego? As perguntas podem ser direcionadas, por exemplo, às experiências como estudante, aos trabalhos escolares mais relevantes e aos resultados alcançados. Lotz e Burda (2015, p. 183) apresentam interessante técnica de entrevista que utiliza as “perguntas em SAC”, esse estilo de pergunta estimula o candidato a estruturar suas “respostas em CAR”. As “perguntas em SAC são abertas e deixam claro onde a situação aconteceu, quais foram as ações tomadas e as consequências trazidas pelas ações” (Lotz e Burda, 2015, p. 183). 9 As “respostas em CAR instigam o candidato a informar o contexto, a ação e o resultado” (Lotz e Burda, 2015, p. 184). Veja o Quadro 2, o qual apresenta uma síntese dessa técnica de entrevista. Quadro 2 – Técnica de entrevista por competências Perguntas em SAC Respostas em CAR Situação: a pergunta solicita ao candidato que descreva o cenário, o contexto vivido. Pede ao candidato que explique as circunstâncias nas quais a situação ocorreu. Contexto: a resposta aponta para a situação enfrentada pelo candidato, o que estava acontecendo – o porquê de fazer. Ação: solicita ao candidato que indique o que ele fez. Permite ao candidato relatar o comportamento diante da situação. Ação: o candidato pode responder o que ele fez frente ao desafio, sua escolha de atitude – o que fez e como fez. Consequência: permite ao candidato relatar os resultados obtidos com a ação, podendo trazer tanto resultados positivos como negativos e os aprendizados com eles. Resultado: o candidato relata o que aconteceu em função de sua atitude ou decisão – o resultado final da ação. Fonte: baseado em Lotz e Burda, 2015, p. 183 e 184. Vejamos exemplos de perguntas SAC: Comente qual foi projeto mais relevante que desenvolveu, qual sua participação no projeto e qual resultado trouxe para a empresa e para seu setor. O que você aprendeu com esse projeto? Faria algo diferente? Comente sobre uma situação de conflito que vivenciou, como foi a situação, o que você fez e quais os resultados dessa situação. Relate um fato com o qual teve dificuldade para lidar, como foi a sua atuação, quais os envolvidos e como foi resultado final. O que você aprendeu com esse fato? Esse estilo de pergunta solicita ao candidato que busque respostas completas, assim, torna-se possível identificar, também, as suas entregas, não só seus conhecimentos, habilidades e atitudes. 10 Leitura Obrigatória LOTZ, E. G.; BURDA, J. A. Recrutamento e seleção de talentos. Curitiba: Intersaberes, 2015. Capítulo 4, item 4.2 – Entrevista comportamental com foco em competências, p. 174 a 190. Disponível na Biblioteca Virtual. Saiba Mais Entrevista de emprego ao contrário – com Murilo Gun e Fernando Muylaert, disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=Ne3UbFo_64s TEMA 4 – REMUNERAÇÃO POR COMPETÊNCIAS A organização, ao alinhar seu sistema de remuneração com base em competências, possibilita ao colaborador, ao ampliar suas entregas e ao desempenhar atividades mais complexas, obter melhor remuneração. Chiavenato (2014, p. 246) diz que nesse tipo de remuneração o colaborador é direcionado para desenvolver as competências requeridas para o cargo, ampliando sua capacidade e sua vontade de aprender novas atividades, novas tecnologias e as mudanças na estrutura organizacional. O acesso a novos aprendizados cria oportunidades de crescimento vertical na carreira, além de possibilitar espírito de equipe, retenção dos talentos e melhoria de produtividade. Silva (2005, p. 168) comenta que “remunerar por competência é o grande desafio”; as organizações remuneram por cargos, porém, considerando o cenário atual, é preciso evoluir para remunerar as pessoas. Para Paschoal (2006, p. 121), a missão fundamental da remuneração por competências é levar as pessoas a uma capacitação suficiente para responder a um ambiente mais complexo dos negócios e alinhar, de forma mais direta, a remuneração com os objetivos estratégicos da organização. Para o autor (2006, p. 123), as organizações que adotam uma estratégia de remuneração nessa lógica precisam: definir um elenco de competências que consideram essenciais para o seu negócio no presente e no futuro; adequar sua estrutura de cargos, para que esta seja a mais flexível, servindo como referência para carreiras; 11 conduzir seu sistema de avaliação de desempenho com base nas competências elencadas; assegurar a capacitação das pessoas nessas competências; criar ferramentas para avaliar a efetividade dessa capacitação; ajustar os critérios de remuneração, não mais para contemplar o conjunto responsabilidades, mas, sim, o conhecimento assimilado e aplicado. A Quadro 3 apresenta uma comparação entre o método tradicional de remuneração e a remuneração por competências. Quadro 3 – Comparação entre os métodos de remuneração Fonte: Paschoal, 2006, p. 124. À medida que o colaborador adquire as competências requeridas pela organização para o exercício de suas atribuições, a remuneração deve refletir essa aquisição de novas competências. Com isso, o colaborador tende a se tornar um profissional mais flexível, capaz de desempenhar múltiplas atividades, de desenvolver compreensão mais ampla dos processos e uma visão sistêmica de sua contribuição para a organização. 12 Leitura Obrigatória CHIAVENATO, I. Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na organização. Barueri: Manole, 2009. Veja o item Estruturas Baseadas em Competências, p. 103 e 104. Disponível na Biblioteca Virtual. Saiba Mais RODRIGUES, J. M. Remuneração e competências: retórica ou realidade? Revista de Administração de Empresas, dez. 2006. Acesse o link: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S0034- 75902006000500002&script=sci_arttext TEMA 5 – GESTÃO DE CARREIRA POR COMPETÊNCIAS Para iniciarmos este tema, vamos primeiro falar sobre carreira. A carreira representa o percurso do colaborador dentro da organização, tem início com o ingresso deste por meio do processo seletivo, passa por todo o desenvolvimento profissional e se estende até a aposentadoria; para alguns a carreira continua mesmo depois de aposentado (Chiavenato, 2009, p. 20). Para o autor, “a carreira se refere à totalidade de cargos desempenhados durante a vida de trabalho de uma pessoa”. Para Robbins (2005, p. 459), a “carreira é definida como um padrão de experiência profissional que se estende por toda a vida de um indivíduo”. Dutra (2004, p. 78) aponta que “as carreiras podem ter vários desenhos e naturezas diferentes”, em razão das entregas exigidas pelas organizações e pelo mercado. O autor aponta três categorias de carreiras. O Quadro 4 demonstra as categorias de carreira e sua definição. Quadro 4 – Categorias de carreiras Categorias de carreiras Definições Operacionais São carreiras ligadas às atividades-fim da organização. Em geral, exigem habilidades manuais e são estruturadas. Profissionais São carreiras ligadas a atividades específicas. Em geral exigem formação técnica ou de nível superior, subdividem- se em administrativa ou técnica. Gerenciais São carreiras ligadas às atividades de gestão da organização. Os ocupantes dessas carreiras são oriundos das 13 carreiras operacionais ou profissionais que ao longo do seu processo de crescimento demonstraram vocação e competência para a carreira gerencial. Fonte: Elaborado pelo autor, com base em Dutra, 2004, p. 78. A gestão de carreira por competências possibilita à organização desenhar a trajetória profissional de seus colaboradores. Essa trajetória deve buscar agregar atribuições e responsabilidades que demandem o desenvolvimento de competências e entregas mais complexas, possibilitando que os colaboradores vislumbrem acessos a cargos, remunerações e áreas que enriqueçam seus papéis profissionais. Para que seja conduzida de forma adequada, a gestão de carreira deve estar alinhada às estratégias organizacionais. Para Dutra (2004, p. 79), cada uma das carreiras (operacionais, profissionais e gerenciais) dentro da organização pode ser caracterizada como um eixo de carreira, ou seja, como um conjunto de referências que servirá de balizador para o desenvolvimento dos colaboradores. Para o autor, a empresa deve definir as principais competências para cada um dos seus eixos de carreira; assim, cada eixo terá o seu conjunto próprio de competências (Dutra, 2004, p. 80). À medida que o colaborador se desenvolve e faz entregas que superam as expectativas do seu eixo de carreira, poderá ter acesso a outra carreira. Por exemplo, um colaborador que se encontra no eixo operacional, ocupando o cargo de auxiliar de produção, mas que desenvolveu suas competências, fez uma faculdade de Gestão de RH, pode migrar para a carreira profissional e vir a ocupar um cargo de analista de RH. Para Takahashi (2015, p. 92), “a ascensão de uma pessoa a níveis mais altos e complexos está vinculada ao seu amadurecimento, pois exige dela capacidade mental, experiência, compreensão do mundo e resistência mental superior”. Como é preciso haver relação harmônica entre a capacidade do colaborador e a complexidade do trabalho, o indivíduo precisa querer identificar e desenvolver as suas competências. Por outro lado, a organização, para reter seus talentos, precisa implantar estratégias que possibilitem a evolução do colaborador. Com isso, a organização está garantindo a melhoria contínua de seu posicionamento no mercado em que atua. 14 Para Knapik (2012, p. 250), as organizações precisam proporcionar as ferramentas e osmeios para o desenvolvimento da carreira, dar o pontapé inicial e o apoio, mas é o indivíduo que deve desejar assumir a responsabilidade sobre sua carreira e gerenciá-la. Chegamos ao final de mais uma aula. Para a próxima, vamos analisar mais um processo de RH que precisa ser readequado ao modelo de gestão de pessoas por competências, o qual será a avaliação de desempenho. Leitura Obrigatória TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015. p. 90-103. Saiba Mais TOLFO, S. da R. A carreira profissional e seus movimentos: revendo conceitos e formas de gestão em tempos de mudança. Revista Psicologia Organizações e Trabalho, Florianópolis, 2002. Leia o item 2 – O significado de carreira no atual contexto do trabalho. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984- 66572002000200003 TROCANDO IDEIAS Vamos debater sobre o nosso aprendizado desta aula. Discuta com os colegas sobre a importância da gestão de carreira por competências para o crescimento dos colaboradores. Relacione o papel do colaborador e o papel da empresa para que a carreira de fato aconteça. Para auxiliá-los nesse debate consulte o artigo: REAL, J.; ROCHA, J. C.; RÜBENICH, N. V.; CAMARGO, M. E. Desenvolvimento de carreira: responsabilidade da organização ou responsabilidade do indivíduo? Disponível em: http://www.ucs.br/etc/conferencias/index.php/mostraucsppga/mostrappga2013/ paper/viewFile/3620/1102 15 NA PRÁTICA Vamos agora relacionar os conteúdos vistos com situações práticas do ambiente de trabalho. Leia o Case - De Luxo A De Luxo é uma loja de departamentos que comercializa roupas femininas, masculinas e infantis. Atua na região sul do Brasil, tem cerca de dez lojas, conta com aproximadamente 3.450 funcionários. A De Luxo elabora seu planejamento estratégico e o revisa a cada ano. Implantou gestão por competências, o que a está levando a migrar a sua forma de administrar o RH, atua com gestão de pessoas por competências, readequou todos os processos para esse modelo de gestão. A sua visão é: “Encantar a todos nos deixa felizes”. A missão: “Comercializar produtos de moda com qualidade e excelência na prestação de serviços, a conquista da liderança e a orientação para o mercado são nossos focos”. O negócio: “Varejo de vestuário e artigos de beleza”. As competências organizacionais: “encantamento dos clientes; inovação; trabalho em equipe; orientação para resultados; foco na qualidade e fazer acontecer”. As competências individuais: “cumprir e honrar com os compromissos de trabalho; apresentação pessoal; dedicação; responsabilidade; relacionamento interpessoal”. Você é analista de RH da De Luxo e atua com seleção por competências. Devido ao sucesso do negócio, a empresa vai abrir mais uma nova loja em Curitiba, e você terá de conduzir a seleção de outro profissional para atuar na área de seleção junto com você. Para isso, o gerente de RH solicita que elabore um roteiro de entrevista com base em competências. A área de RH utiliza o modelo de “perguntas em SAC” para propiciar as “respostas em CAR”. Você deve: elaborar um roteiro com “perguntas em SAC” que propicie aos candidatos responder “em CAR”. O cargo será de analista de RH, o qual atuará no processo de seleção de pessoas. O seu roteiro deve conter em torno de 5 (cinco) questões com “perguntas em SAC” para entrevistar os candidatos à vaga de analista de RH. 16 Não é necessário colocar as respostas que o candidato daria, precisa, apenas, formular as perguntas. Para que você possa resolver esse case, siga os passos descritos abaixo: A) Faça a leitura atenciosa do caso. B) Reveja o Tema 3 desta aula. C) Responda com o roteiro de entrevista de seleção. Para melhor desenvolver as suas respostas e para aprimorar as suas competências sobre o tema desta terceira aula, leia: LOTZ, E. G.; BURDA, J. A. Recrutamento e seleção de talentos. Curitiba: Intersaberes, 2015. Capítulo 4, item 4.2 – Entrevista comportamental com foco em competências, p. 174 a 190. Disponível na Biblioteca Virtual. Apresentação da solução do problema: O modelo de “perguntas em SAC” propicia “respostas em CAR”, e deve ser conduzido com perguntas abertas e formuladas com clareza, apresentando a situação que aconteceu, quais foras as ações tomadas e as consequências trazidas pelas ações (Lotz e Burda, 2015 p. 183). O formato das perguntas possibilita “respostas em CAR”, no qual o candidato informa o contexto, a ação e o resultado (Lotz e Burda, 2015 p. 184). Para a elaboração do roteiro, deve-se levar em conta as estratégias da empresa De Luxo, as competências organizacionais e as individuais. O quadro a seguir contextualiza essa técnica de entrevista por competências. Perguntas em SAC Respostas em CAR Situação: a pergunta solicita ao candidato que descreva o cenário, o contexto vivido. Pede ao candidato que explique as circunstâncias nas quais a situação ocorreu. Contexto: a resposta aponta para a situação enfrentada pelo candidato, o que estava acontecendo – o porquê de fazer. Ação: solicita ao candidato que indique o que ele fez. Permite ao candidato relatar o comportamento diante da situação. Ação: o candidato pode responder o que ele fez frente ao desafio, sua escolha de atitude – o que fez e como fez. Consequência: permite ao candidato Resultado: o candidato relata o que 17 relatar os resultados obtidos com a ação, podendo trazer tanto resultados positivos como negativos e os aprendizados com eles. aconteceu em função de sua atitude ou decisão – o resultado final da ação. Fonte: baseado em Lotz e Burda, 2015, p. 183 e 184. A elaboração do roteiro de entrevista de seleção para o cargo de analista de RH será de livre escolha do aluno, porém, deve seguir os critérios dessa técnica de entrevista por competências. FINALIZANDO Nesta terceira aula, analisamos o modelo de gestão por competências, vimos que é inovador como prática de gerir corporações. Surge em resposta ao cenário empresarial atual e tem como fundamento alinhar as estratégias organizacionais à forma de gerir pessoas. A gestão de pessoas por competências surge em decorrência desse modelo de gerir organizações, a qual consiste em atrelar os processos de RH ao conceito de competências. Passa-se a recrutar e a selecionar profissionais com base em perfis de competências que atendam às demandas da organização. Possibilita remunerar e gerir carreiras de forma mais individual em razão das entregas e do desenvolvimento dos colaboradores. REFERÊNCIAS CARBONE, P. P. Gestão por competências: uma nova metodologia de gerenciamento do capital humano. Rio de Janeiro: FGV, 2005. Versão de demonstração do livro disponível em: <http://www.mundopm.com.br/download/gestao.pdf>. Acesso em: 12 out. 2016. CHIAVENATO, I. Gerenciando pessoas. 4. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2003. ______. Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na organização. Barueri: Manole, 2009. 18 ______. Gestão de pessoas: o novo papel dos recursos humanos nas organizações. 4. ed. Barueri: Manole, 2014. DUTRA, J. S. Competências: conceitos e instrumentos para a gestão de pessoas na empresa moderna. São Paulo: Atlas, 2004. KNAPIK, J. Gestão de pessoas e talentos. Curitiba: Intersaberes, 2012. LOTZ, E. G.; BURDA, J. A. Recrutamento e seleção de talentos. Curitiba: Intersaberes,2015. PASCHOAL, L. Como gerenciar a remuneração de sua empresa. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2006. ROBBINS, S. P. Comportamento organizacional. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2005. RUANO, A. M. Gestão por competências: uma perspectiva para a consolidação da gestão estratégica de recursos humanos. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2007. SILVA, M. de O. Sistemas modernos de remuneração. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2005. TAKAHASHI, A. R. W. Competências, aprendizagem organizacional e gestão do conhecimento. Curitiba: Intersaberes, 2015.
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