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Línguas e Culturas Latinas

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Prévia do material em texto

Língua e Culturas 
Latinas
1ª edição
2017
Língua e Culturas Latinas
Presidente do Grupo Splice
Reitor
Diretor Administrativo Financeiro
Diretora da Educação a Distância
Gestor do Instituto de Ciências Sociais Aplicadas 
Gestora do Instituto da Área da Saúde
Gestora do Instituto de Ciências Exatas
Autoria
Parecerista Validador
Antônio Roberto Beldi
João Paulo Barros Beldi
Claudio Geraldo Amorim de Souza 
Jucimara Roesler
Henry Julio Kupty
Marcela Unes Pereira Renno
Regiane Burger
Crisbeli Brunet
Ana Paula Cavalcanti
*Todos os gráficos, tabelas e esquemas são creditados à autoria, salvo quando indicada a referência.
Informamos que é de inteira responsabilidade da autoria a emissão de conceitos. Nenhuma parte 
desta publicação poderá ser reproduzida por qualquer meio ou forma sem autorização. A violação dos 
direitos autorais é crime estabelecido pela Lei n.º 9.610/98 e punido pelo artigo 184 do Código Penal.
44
Sumário
Unidade 1
Do Latim ao Português: o panorama da língua e uma 
breve introdução à gramática histórica .....................6
Unidade 2
Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos 
e declinações para a leitura e compreensão da 
língua latina ..................................................................22
Unidade 3
Aprofundando conhecimentos: as declinações da 
língua latina ..................................................................38
Unidade 4
Fixando conhecimentos: declinações e sistemas 
verbais ...........................................................................54
5
Palavras do professor
Caro aluno(a), seja muito bem-vindo(a) à disciplina de Língua e Culturas 
Latinas! Imaginamos que você deva estar curioso(a), pois estudar uma 
nova língua é, certamente, um desafio. Ainda mais o latim, língua que, 
no senso comum, é considerada como erudita, de conhecimento exclu-
sivo de historiadores, antropólogos, religiosos e profissionais do Direito. 
Mas isso é um engano! A língua latina está mais viva e abrangente como 
nunca antes esteve. 
Ao longo do tempo, o vocabulário e as estruturas gramaticais latinas 
foram se transformando e dando origem a outras línguas, como o portu-
guês, o espanhol, o italiano, o francês, dentre outras. Desse modo, o latim 
desperta o interesse e o entusiasmo de profissionais das mais diversas 
áreas que pesquisam ou trabalham com a língua(gem) e com a comuni-
cação humana.
A elaboração do conteúdo desta disciplina possui uma abordagem dinâ-
mica e contextualizada, pois partiremos da literatura clássica romana 
para o ensino-aprendizado da língua. Essa integração entre literatura e 
gramática histórica instiga, espontaneamente, conhecimentos sobre as 
culturas latinas difundidas no mundo e na atualidade. Afinal, entende-
mos que língua(gem) e cultura são inseparáveis. 
Este estudo promoverá a você, futuro(a) linguista, conhecimentos muito 
interessantes. Além de viajar imaginativamente pelas incríveis histórias 
mitológicas, você construirá noções de leitura e saberá reconhecer as raí-
zes da nossa cultura, língua e comportamentos comunicativos. Ademais, 
estará apto(a) a analisar o desenvolvimento e a evolução da língua portu-
guesa na condição de língua descendente do latim. 
Pronto(a) para começar!?
1
6
Unidade 1
Do Latim ao Português: o 
panorama da língua e uma 
breve introdução à gramática 
histórica 
Para iniciar seus estudos
Nesta unidade, você iniciará os primeiros contatos com a língua, a litera-
tura e as culturas latinas. Nosso objetivo é contextualizar a língua com a 
historicidade, a cultura e a literatura de origem. Depois de construída uma 
ideia mais ampla sobre o tema, o passo seguinte será uma breve intro-
dução às estruturas gramaticais e suas aplicações. Assim, ainda nesta 
unidade, você conhecerá mais sobre o latim atual, seus usos e contextos. 
Vamos lá?
Objetivos de Aprendizagem
• Dimensionar a origem e a evolução da língua latina em sua rela-
ção com a cultura e a literatura ocidentais.
• Conhecer as raízes gregas da Literatura Clássica Romana. 
• Identificar, a partir de textos literários, as estruturas verbais e os 
sistemas de casos. 
7
Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
1.1 A história da língua latina 
O latim originou-se em um pequeno povoado da região central da Península Itálica, denominada Latium (i.e., 
Lácio). Com o passar do tempo, surgiram as cidadelas, sendo Roma (753 a.C,) a primeira. Em razão de sua locali-
zação geográfica privilegiada e também por sua força de batalha, Roma tornou-se a capital do mundo mediter-
râneo antigo (27 a.C. a 476 d.C.). Atualmente, é a capital da Itália, país do continente europeu. 
As conquistas territoriais do povo romano expandiram-se mundialmente, estabelecendo-se o Império Romano. 
Antes disso, no segundo milênio a.C., invasores indo-europeus dispersaram seus dialetos na região do Lácio, mas 
o latim prevaleceu, assim como, posteriormente, se sobrepôs a outros idiomas da própria península, como o osco, 
o umbro e o etrusco. O desenvolvimento do Império foi, então, o gatilho para que o latim viesse a se tornar uma 
das principais línguas do mundo antigo. 
Figura 1.1 – O Império Romano.
Legenda: Mapa que delimita o território tomado pelo Império Romano na Antiguidade.
Fonte: Plataforma Deduca ID 7412 (2017).
O latim, ao acompanhar as conquistas dos exércitos romanos, difundiu-se (mais intensamente ou menos inten-
samente) nas regiões em que hoje são localizados países como Espanha, Portugal, França, Suíça, Bélgica, Ale-
manha e Áustria, bem como no norte da África, e, menos profundamente, na Inglaterra, Holanda, Iugoslávia e 
Hungria (SANTOS, 2008; ROSÁRIO, 2011). 
O documento mais antigo encontrado nesse idioma é uma inscrição do sexto século a.C. Nesses escritos, a língua 
mostra-se bastante desenvolvida em termos gramaticais, mas é importante sabermos que, a despeito da língua 
escrita ou literária, existia a língua falada, que rapidamente se transformava conforme o contexto e uso em cada 
território. Assim é que o latim promoveu diretamente a origem das línguas românicas, como o português, o 
espanhol, o catalão, o francês, o italiano e o romeno. 
8
Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
1.1.1 As línguas neolatinas e o latim vulgar 
A Língua Latina foi estudada por um período de tempo ininterrupto mais longo e por mais pes-
soas que qualquer outro idioma. Em razão de seu domínio de uso pelos intelectuais e religiosos 
da Europa durante um longo período de tempo, sua gramática desperta mais curiosidade do que 
qualquer outra língua (LAKOFF, 1968, p. 1). 
Na seção anterior, vimos que a língua latina se desenvolveu, primeiramente, na Península Itálica. Mas, afinal, de 
onde veio a protolíngua que deu origem ao latim dessa região?
O indo-europeu é definido na historicidade como o grupo linguístico cujo tronco comum abrange a maior parte 
das línguas europeias, estendendo-se até a Ásia, com o sânscrito. A partir da ramificação itálica latina deste 
tronco comum, nasceram as línguas italiana, romena, francesa, catalã, espanhola e portuguesa, e outras menos 
proeminentes, como o provençal, o sardo, o rético e o dalmático (extinto em 1898). 
Nas proximidades do século que antecede a Era Cristã (100 a.C. a 100 d.C.) surge a chamada idade de ouro, período 
marcado pelo domínio da Literatura Latina escrita pelos filósofos Cícero (106-43 a.C.), Júlio César (100-44 a.C.), Caio 
(87-35 a.C.), Virgílio (70-19 a.C.), Horácio (65-8 a.C.), Ovídio (43 a.C.- 17 d.C.) e Tito (59 a.C.-17 d.C). No entanto, a 
Língua Mater, isto é, o latim que dá origem a essas línguas, é o latim falado, e não o escrito e/ou o literário.
Com a expansão do Império Romano, o latim falado, denominado latim vulgar, era considerado o mais impor-
tante instrumento de expansão da civilização romana. Assim, a língua difundiu-se no mundo pelossoldados, 
colonos, comerciantes e migrantes, influenciando diretamente o desenvolvimento dos idiomas locais. Nesta 
evolução, duas variantes eram identificadas: o latim urbanus, falado pela elite, e o latim rusticus, falado pela popu-
lação em geral.
O latim vulgar, ou Língua Mater (língua mãe), predominou até meados de 600 d.C., quando se transformou em 
suas línguas filhas. Na condição de língua única falada em toda a extensão do Império Romano, o latim (também 
conhecido na época como romanço), passou a se fracionar e sofrer modificações em suas estruturas lexicais 
e sintáticas no contato com as demais línguas faladas pelos povos conquistados. Nesse processo evolutivo da 
língua(gem) é que surgiram as línguas neolatinas (MARINHO, 2011). 
A partir do século XIII, algumas transformações foram cruciais no tronco comum indo-europeu, na ramifica-
ção latina. O dialeto toscano converteu-se em italiano; a língua falada no sul da França, chamada provençal, 
foi suplantada pelo francês; o espanhol, com base no dialeto castelhano, sobrepôs os falares asturiano, leonês, 
andaluz e, em menor escala, influenciou o catalão; o romeno, apesar de sofrer atuação do eslavo, conservou 
características de seu caráter românico; e o português, por sua vez, devido ao estabelecimento das colônias, 
disseminou-se no Brasil e em outros países. Línguas como o espanhol, o francês e o português atravessaram 
oceanos e espalharam-se pelo mundo.
1.1.2 A Cultura Latina e a Literatura Clássica: uma breve introdução
Graecia capta ferum uictōrem cēpit, et artīs
intulit agrestī Latiō.
A Grécia conquistada conquistou seu vencedor feroz
e trouxe as artes para o Lácio rude.
Horácio (65 a.C.-8 a.C.)
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
Desde sua fundação, Roma esteve em contato direto com a cultura grega, pois os gregos tinham colônias estabele-
cidas na Itália. Por outro lado, ao norte do país, havia a cultura etrusca já bastante desenvolvida. Então, sob a influ-
ência de ambas, é que a cultura romana se desenvolveu ao longo do tempo. Entretanto, é inegável que o imenso 
legado cultural deixado pelos antigos gregos tornou-se fonte de inspiração, e até de emulação, para Roma.
Apesar da influência grega, a condição de potência dominante fez com que Roma garantisse que sua cultura 
fosse latina e que sua literatura fosse escrita em latim em toda a extensão do Império Romano. Desse modo, 
Roma tornou-se o centro cultural do mundo (JONES; SIDWELL, 1989).
Figura 1.2 – Deuses e heróis romanos.
Legenda: Deuses da mitologia. Os romanos explicavam a origem de sua 
cidade por meio de lendas que envolviam deuses e heróis. 
Fonte: Plataforma Deduca, ID 1361. (2017).
A cultura romana, assim como a grega, é essencialmente marcada por mitologia, por meio da qual os romanos 
explicavam a origem de sua cidade pelas lendas que envolviam deuses e heróis. 
Na obra Eneida (I a.C.), o poeta romano Virgílio relata a lenda em que o príncipe troiano Enéias fugiu da Grécia 
para a Península Itálica, e, na região do Lácio, fundou uma cidade e teve vários filhos. Dois deles, Numitor e Amú-
lio, brigaram gravemente. Amúlio venceu e decidiu extinguir toda a descendência de Numitor, mas dois dos filhos 
deste foram jogados em um cesto, nas águas do Rio Tibre. Os deuses protegeram a vida dos gêmeos, Rômulo e 
Remo, que foram amamentados e criados por uma loba selvagem. Ao crescerem, fundaram a sua própria cidade, 
chamada Roma.
Apesar de Eneida, de Virgílio, datar de I a.C., a Literatura Clássica Romana já tinha começado a adquirir forma lite-
rária muito antes, no século III a.C. Assim, a história do latim, em diálogo com a história literária nesse idioma, é 
dividida em períodos (ROSÁRIO, 2011, p. 12). São eles:
• Período Arcaico (séc. III-I a.C.), conhecido pelos escritores Catão, Plauto e Terêncio.
• Período Clássico (séc. I a.C.), com Cícero, César, Horácio, Virgílio e outros.
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
• Período Pós-clássico (a partir de nossa era), no qual estão Tito, Sêneca, Plínio, Quintiliano e outros.
• Período Cristão (séc. III d.C.) com Tertuliano, Santo Agostinho, São Jerônimo, dentre outros.
O período mais conhecido da história romana é a época do Império Romano (27 a.C. a 476 
d.C.). O processo de expansão de territórios fez com que os romanos passassem de 1,5% 
para 25% da população mundial. Isso ocorreu devido às suas sofisticadas táticas de guerra e 
à profissionalização dos soldados e generais (PEREIRA, 2002).
1.2 O alfabeto e noções de pronúncia
O primeiro período literário, o Arcaico (séc. III - I a.C.), foi marcado pela elaboração de comédias encenadas 
durante os fēriae, festivais romanos dedicados à adoração de deuses. Plauto (250 a.C.-180 a.C., aprox.) foi um 
dos maiores escritores dessa época. Estima-se que sua obra atingiu cerca de 130 comédias, mas poucas delas 
sobreviveram ao tempo. Diretamente inspirado nas antigas comédias gregas, Plauto escrevia suas peças em ver-
sos. Uma delas, da qual veremos alguns trechos adiante, é a Aululāria (marmita), datada entre 194 a.C. e 191 a.C., 
cujo enredo é sobre a vida de um velho mesquinho chamado Euclião (do grego eu-kleío, aquele que esconde), que 
encontrou uma panela cheia de moedas de ouro e não queria dividi-la com ninguém, nem mesmo com a própria 
filha, ora grávida de outro rapaz que não era o seu verdadeiro pretendente. 
Aululāria é dividida em 13 atos e, diferentemente da comédia grega que versa sobre intrigas de poder e guerras, 
a comédia romana tem como tema a estrutura familiar e seus desentendimentos sobre avareza, escravidão, reli-
gião e assuntos amorosos. Vejamos um trecho da obra:
Eucliō senex est. Eucliō senex auārus est. Eucliō in aedibus habitat cum fīliā. 
Fīlia Eucliōnis Phaedra est. est et serua in aedibus. Seruae nōmen est Staphyla.
auārus: avarento Eucliō: Euclião
in aedibus: na casa senex: velho
cum fīliā: com (a sua) filha habitat: ele/ela mora
est: ele/ela é, está, existe, há Eucliōnis: de Euclião
Legenda: Vocabulário do trecho apresentado
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
Agora que você conhece um pouco sobre a história da língua latina, e, no trecho de Aululāria, pôde notar como 
são as estruturas gramaticais das sentenças, partiremos do contexto do período literário arcaico para conhecer-
mos os aspectos linguísticos do latim. Começaremos pelo alfabeto. Vamos lá?
Assim como a literatura divide-se em quatro períodos, o alfabeto latino possui quatro fases e transformações. 
Derivado do alfabeto grego-etrusco, primeiramente formou-se por 21 letras maiúsculas:
Fonte: https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/23/AlfabetoEtrusco.gif?uselang=pt-br
No Período Clássico, foram instituídas as letras minúsculas e a reintrodução do Z, que caíra, e a inserção do Y e G, 
resultando em 23 letras. Além disso, foram diferidas a escrita maiúscula quadrada e a escrita cursiva romana antiga, 
utilizadas com mais intensidade no período pós-clássico. 
A, B, C, D, E, F, G, H, I, K, L, M, N, O, P, Q, R, S, T, V, X, Y, Z.
No Período Cristão é que a letra cursiva verdadeiramente se desenvolveu, mas somente depois é que houve 
diferenciação entre maiúsculas e minúsculas nos inícios de parágrafo e, também, a inserção das letras J, U e W, 
tal como conhecemos na atualidade. No entanto, como nosso enfoque literário para o ensino-aprendizagem do 
latim é dado a partir do Latim Clássico, tomaremos como base o alfabeto e as noções reconstituídas de pronúncia 
do respectivo período: 
Tabela 1.1 – Alfabeto do Período Clássico.
Letra A B C D E F G H I K L M
Nome ā Bē cē dē ē ef gē hā ī kā el Em
Pronúncia /a:/ /be:/ /ke:/ /de:/ /e:/ /ef/ /ge:/ /ha:/ /i:/ /ka:/ /el/ /em/
Letra N O P Q R S T V X Y Z
Nome en Ō pē qū er es tē ū exī graeca zēta
Pronúncia /en/ /o:/ /pe:/ /kʷu:/ /er/ /es/ /te:/ /u:/ /eks/ /: ‘graeka/ /:ze:ta/
Legenda: A tabela apresenta o alfabeto do latim no Período Clássico e suas formas de pronúncia.
Fonte: Adaptada de Vieira (2016). 
Para compreender a pronúncia reconstituída, recorreremos também à acentuação. No latim, não existem pala-
vras oxítonas e as sílabas, ao invés de tônicas ou átonas, distinguem-se pelo tempo de sua enunciação. Quando 
longas, são marcadas pelo mácron, cujo sinal ( ) é colocado sobre a letra. Quando curtas, são marcadas pela bra-
quia ( ), usada na mesma posição. São exemplos:
Mácron – longas
Eucliō: Euclião
Auārus: avarento 
Nōmen: nome 
Braquia – curtas
Domĭnus: senhor
Lacrĭma: lágrima 
Fāmă: boato 
• Palavra acentuada com mácron pronuncia-se: auārus – auaarus; nōmen – noomen;
• Palavra acentuada com braquia pronuncia-se: lacrĭma – lákrima; domĭnus – dóminus;
https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/23/AlfabetoEtrusco.gif?uselang=pt-br
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
• Observe que as vogais ou consoantes breves ( ) requerem a intensidade de uma única unidade de tempo 
e remetem a intensidade da pronúncia à sílaba anterior. 
• As vogais e consoantes longas ( ) têm a duração de tempo de pronúncia de duas sílabas breves e são 
marcadas na própria sílaba.
Não há consenso entre os estudiosos do Latim Clássico sobre a existência de acentuação. Alguns teóricos dizem 
que se trata apenas de uma marcação, para fins didáticos, sobre características prosódicas (i.e., de pronúncia), já 
que é um falar reconstituído. 
Você sabia que existe uma rádio finlandesa que transmite notícias em Latim Clássico? O 
programa chama-se Nuntii Latini e pode ser acessado pelo seguinte link: <https://areena.
yle.fi/1-1931339>. O latim também é a língua de muitas músicas interessantes. Uma delas, 
Ameno, é dublada tanto por cantores de ópera como por bandas de rock. Ouça-a com a letra, 
atente-se à pronúncia e divirta-se! 
1.3 Os sistemas estruturais da Língua Latina I 
A partir do conhecimento sobre o alfabeto do Latim Clássico e tendo breves noções de pronúncia, partiremos 
agora para o estudo da morfossintaxe, que é a descrição linguística que engloba o estudo das formas (morfolo-
gia) e as regras de combinação que regem a formação das frases (sintaxe). Mas calma! Apesar de a nomenclatura 
ser aparentemente complicada, tudo pode tornar-se muito simples. Esse é o nosso objetivo.
Figura 1.3 – Transformações do indo-europeu.
Legenda: Escrito em língua indo-europeia. 
Fonte: Plataforma Deduca, ID 3048. (2017).
https://areena.yle.fi/1-1931339
https://areena.yle.fi/1-1931339
13
Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
Em diálogo com o que vimos anteriormente, do ponto de vista gramatical, existem grandes diferenças entre o 
latim vulgar e o latim clássico. Este consiste na língua escrita que, por ser menos acessível à população da época, 
teve poucas transformações ao longo do tempo. Já o latim vulgar, por ser a língua falada, transformou-se rapi-
damente no contato com outras línguas de outros territórios, dando origem à ramificação linguística românica, 
que é de onde vem a língua portuguesa. Como não é possível mensurar todas as transformações do latim vulgar 
até a origem da língua portuguesa, utilizaremos, em nossa disciplina, o latim clássico para conhecer, identificar e 
analisar as raízes gramaticais da nossa língua. Vamos lá?
Diferentemente do português, as terminações nominais do latim clássico expressam o gênero, o número e as funções 
sintáticas. Isto é, independente da ordem das palavras da oração, o resultado será sempre o mesmo. Por exemplo:
• (1) O homem vê o lobo.
• (2) O lobo vê o homem.
• (3) Homo videt lupum.
Na língua portuguesa, há diferença entre as sentenças (1) e (2), que, sintaticamente e semanticamente, remetem 
a interpretações completamente contrárias sobre o lugar do sujeito da primeira oração – o homem. Em latim, 
essa inversão não existe. Na medida em que a sentença (1) O homem vê o lobo corresponde a (3) Homo videt lupum, 
a sentença (2) O lobo vê o homem não poderia ser traduzida como Lupum videt homo. Isso porque o latim é uma 
língua declinada, em que cada palavra, sendo substantivo ou adjetivo, traz em sua terminologia (i.e., na sílaba 
final) uma característica que identifica a sua função sintática. 
Portanto, ao passarmos (2) O lobo vê o homem para o latim, obteremos a tradução Lupus videt hominem. Veja que, 
além de não existir artigo (nesse caso, o), nem acentuação (em vê/videt), as palavras se modificaram na mudança 
de sentido (lupum/lupus – homo/hominem). 
Conhece aquele ditado popular que diz a ordem dos fatores não altera o produto? No Latim Clássico é quase isso: 
para expressar que o homem vê o lobo, pode-se escrever videt homo lupum, lupum homo videt ou lupum videt homo e 
a tradução continuará sendo a mesma (MAIA JÚNIOR, 2007). 
No exemplo anterior, a ordem das palavras é indiferente, pois o sujeito permanece o mesmo, 
assim como o sentido. Todavia, se mudarmos o sujeito, o homem vê por o lobo vê, a terminolo-
gia das palavras se modifica, pois o sentido foi também modificado. Lembre-se de tomar nota! 
A variação ou flexão que as palavras em latim apresentam no final são estudadas pelo sistema de casos e cada 
um deles é relacionado a uma função sintática específica. Vejamos a seguir.
O nominativo, do latim nominare, é o caso do sujeito e do predicativo do sujeito. O predicativo do sujeito é aquilo 
que vem depois de verbos como ser, estar e ter. Na sentença Habet serua (A escrava tem), o sujeito é serua, e o 
predicativo do sujeito é habet. No entanto, pode existir sujeito oculto, como em Habeō (eu tenho). Note que houve 
mudança nas terminações: -eō para a primeira pessoa do singular e -et para a terceira pessoa do singular. 
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
O vocativo, do latim vocativus, é um caso complementar do nominativo, pois é usado para dirigir-se a alguém. 
Na sentença O Phaedra sedŭla discipŭla es (Ó Fedra, és uma aluna aplicada), Fedra está no caso vocativo, pois o ato 
de chamar é a ela dirigido.
O acusativo, do latim acusativus, é o caso do objeto direto. Denota a pessoa ou a coisa que sofre a ação do verbo. 
Na sentença Coquus seruam uocat (O cozinheiro chama a escrava), seruam (a escrava) é o objeto direto e, portanto, 
está no caso acusativo.
O genitivo, do latim genitivus, é o caso que corresponde à ideia de posse e, em português, geralmente vem acom-
panhado da preposição de. Na sentença Fīlia Eucliōnis Phaedra est (Fedra é filha de Euclião), a preposição de está con-
dicionada à terminologia de Eucliō(+nis), ou seja, ao adjunto adnominal. Portanto, Eucliōnis está no caso genitivo. 
O dativo, do latim dativus, trata das ações de dar ou tirar e remete à coisa ou pessoa a qual se dá ou tira algo. Isto 
é, se eu dou ou tiro algo de alguém, a pessoa que o recebe/perde está no caso dativo. Na sentença Mihi aulam dat 
(dá a panela a mim), o eu está no caso dativo, assim como em Hominī aulam auferō (tiro do homem a panela), cujo 
termo hominī também está no caso dativo. 
O ablativo, do latim ablativus, é empregado em duas circunstâncias. O ablativo simples corresponde à resposta 
ao argumento “por meio de quê?”, atuando como adjunto adverbial. Na sentença Phaedra legit buona uerba in libro 
magistri (Fedra lê boas palavras no livro do professor), a preposição in emprega-se com ablativo, adjunto adverbial 
de lugar. Há, também, o caso ablativo de meio, como na sentença Nunc uinō pellĭte curās (Afastai, com o vinho, 
vossas preocupações). Além disso, o ablativo também designa a descrição das qualidades das pessoas. Na sen-
tença Eucliō uir est summā continentiā (Euclião é um homem com grande autocontrole),o ablativo é marcado pela 
terminologia -ā. Nota-se que o ablativo, geralmente, vem regido por preposições como com, em/no, por e sem.
Imaginamos que você deva estar preocupado(a) com o uso de tantos termos gramaticais, não é mesmo? Mas 
não esquente a cabeça! Para facilitar as coisas, dê uma olhada na tabela a seguir. Certamente ela promoverá um 
entendimento mais claro.
Tabela 1.2 – O sistema de casos.
Funções sintáticas e casos correspondentes
Funções sintáticas – português Casos gramaticais – latim
A escrava tem. 
 
Habet serua. 
O cozinheiro chama a escrava.
 
Coquus seruam uocat. 
Fedra é filha de Euclião.
 
Fīlia Eucliōnis Phaedra est. 
Dá a panela a mim 
 
Mihi aulam dat. 
Fedra lê boas palavras no livro do professor Phaedra legit buona uerba in libro magistri 
Legenda: Na tabela, mostra-se o funcionamento do sistema de casos do latim em comparação com o português.
Fonte: Adaptada de Jones e Sidwell (1989). 
Sujeito Nominativo
objeto direto Acusativo
adjunto adnominal Genitivo
objeto indireto Dativo
preposição+dar/tirar Ablativo
15
Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
O estudo das funções sintáticas em português será muito útil daqui em diante. Não se pre-
ocupe em decorá-las, ok!? O importante é que você entenda o sistema de casos para ter 
futuras noções de leitura e escrita em Latim!
1.3.1 Gênero, número e classes gramaticais
Diferentemente do que acontece com outras línguas, no latim, o masculino e o feminino não são, necessaria-
mente, relacionados aos seres sexuados e o neutro aos assexuados. O gênero masculino pode designar pessoas 
e coisas, assim como o feminino também. As palavras podem, ainda, mudar o gênero conforme o contexto. Isso 
ocorre porque o gênero é também determinado por meio de sua concordância com o adjetivo da sentença. 
Vejamos: 
• Magister legit bonum librum discipulo sedulo.
O professor lê um bom livro ao aluno aplicado.
O trecho sublinhado indica o adjetivo bom como neutro.
• Bonus magister legit librum discipulo sedulo. 
O bom professor lê um livro ao aluno aplicado.
A parte sublinhada indica o adjetivo bom como masculino.
• Bona uerba in libro magistri leguntur a discipulo.
Boas palavras no livro do professor são lidas pelo aluno.
O sublinhado indica o adjetivo bom como feminino. 
Como se vê, a aplicação dos gêneros não é uma condição aleatória, pois obedece a certas regras. Essa é a razão 
pela qual veremos os gêneros, detalhadamente, nas declinações que serão apresentadas na próxima unidade. 
Uma maneira interessante de se familiarizar com os gêneros é a de dar uma olhada no dicionário. Assim, na 
observação do todo, você construirá uma noção de como o radical da palavra muda conforme o gênero a ela 
atribuído. Fica a dica!
O radical é o núcleo da palavra. Isto é, a parte que se mantém nas conjugações. Note que em 
fabula, fabulis, fabulae e fabularum, o radical é fabul-. 
Glossário
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
O latim possui dois números: o singular e o plural. Apesar de, na maioria das vezes, o emprego do número mos-
trar-se bem definido nas sentenças traduzidas, existem palavras que possuem dois significados, um no singular 
(littĕra – letra) e outro no plural (littĕrae – carta, literatura). Assim como a questão do gênero, o número é desig-
nado conforme as declinações. 
Tabela 1.3 – Singular e plural nas declinações.
Legenda: Na tabela, mostram-se o singular e o plural nas declinações em latim. 
Fonte: ROSÁRIO (2011, p. 16). 
Como se pode perceber, gênero e número são condicionados às declinações da língua latina, conforme cada 
caso. Mas, afinal, o que são essas declinações?
Vimos, no início do Tópico 1.3, que o latim é uma língua declinada porque cada palavra traz em sua terminologia 
(i.e., sílaba final) uma característica que identifica a função sintática. Em síntese, a declinação é um tipo de flexão 
que palavras das classes substantivo, adjetivo, pronome e numeral sofrem em virtude da função sintática que 
exercem. Assim, as declinações são divididas e definidas diante dos casos que aqui foram brevemente apresen-
tados: nominativo, vocativo, acusativo, genitivo, dativo e ablativo.
Nosso objetivo, neste capítulo, foi o de promover uma breve introdução à morfossintaxe da língua latina, para 
que você se familiarizasse com os temas que, de aqui em diante, serão aprofundados. Na unidade a seguir, entra-
remos no assunto das declinações. Mas, antes de partirmos para isso, que tal conhecermos um pouco sobre as 
curiosidades do latim em seus usos e contextos?
1.4 Roma antiga: curiosidades sobre literatura, história e arte 
Parece justo relaxarmos e nos divertirmos um pouco ao final de cada unidade, não é mesmo? Neste tópico, apre-
sentaremos algumas curiosidades sobre literatura, história e arte em língua latina. 
No Tópico 1.2, conhecemos um pouco sobre Aululāria, comédia datada de entre 194 a.C. e 191 a.C., cujo enredo 
versa sobre a vida do mesquinho Euclião. Em português, Aululāria é também conhecida como a Comédia da 
Panela e foi fonte de inspiração para a obra O Santo e a Porca (1979), de Ariano Suassuna. Aululāria, de Plauto, foi (e 
continua sendo) modelo para a elaboração de comédias que têm a avareza como tema. Uma das principais obras 
inspiradas é O Avarento (1668), do famoso escritor francês Molière. Além da obra de Molíère ter se transformado 
em filme, O Avarento (1990), são várias as peças teatrais que encenam Aululāria. O Avarento (1668) e O Santo e a 
Porca (1979) estão disponíveis para visualização gratuita na internet. Seria muito legal se você pudesse vê-las e 
comparar as semelhanças e diferenças entre elas. A diversão é garantida!
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
Por outro lado, uma coisa nem um pouco divertida era a habilidade dos romanos na elaboração de estratégias 
de guerra. Os romanos revolucionaram as táticas de combate porque, pela primeira vez, os soldados foram pro-
fissionalizados e juravam lealdade ao general que os comandava e não ao país. Em contrapartida, ficou comum 
que generais tomassem a cidade com seus exércitos e se autoproclamassem imperadores (DUARTE, s.d). Além 
disso, os generais geralmente não participavam das batalhas! Ainda que, na arte romana, apareçam como gran-
des “machões” ensanguentados, eles dirigiam seus exércitos a distância, gastando o seu tempo refletindo sobre 
táticas e estratégias.
Na historicidade romana, algo interessante era a prática dos festivais, promovidos com o objetivo político de 
manipular a opinião pública. A partir de peças cômicas, músicas, vinho, jogos e orgias, nos festivais divulgavam-
-se mitos, informações e mensagens com o propósito de demarcar e fixar a identidade e a soberania do Império 
Romano. Essas festas que, no período antigo (arcaico), eram feitas apenas em dias de comemoração de deuses, 
com o passar do tempo tornaram-se cada vez mais comuns, e até necessárias, tendo em vista que os generais e 
membros da alta cúpula negavam-se a viver sem os seus luxuosos banquetes (GONÇALVES, 2008).
Figura 1.4 – Escultura romanas.
Legenda: Uma das mais famosas esculturas romanas, chamada Davi, do pintor Michelângelo. 
Fonte: Plataforma Deduca, ID 4177 (2017).
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 1 - Do Latim ao Português: 
o panorama da língua e uma breve introdução à gramática histórica 
Ainda em termos de História, só que dessa vez relacionadas ao campo das Artes, não se pode deixar de comentar 
sobre as esculturas romanas. Dentro do universo artístico, muitas modalidades são cultuadas, como a arquitetura 
e a pintura. Uma curiosidade peculiar é a de que os romanos tinham em casa máscaras mortuárias, feitas em 
cera, de seus ancestrais. Eram moldes totalmente factuais das feições dos falecidos e, pormeio desses moldes, 
eram esculpidos os bustos, tão comuns nos museus europeus. Outro aspecto intrigante e que você já deve ter se 
perguntado é por que o órgão sexual masculino era esculpido em formato tão pequeno nas esculturas romanas? 
Historiadores afirmam que essa era uma forma de expressar a virtude da moderação. O órgão pequeno simboli-
zava que homens sérios não eram conduzidos pelo desejo e pela luxúria, mas, sim, pela serenidade. 
Existem vários filmes que têm a Roma Antiga como enredo. Asterix e Obelix (1999) tem como 
tema a expansão do império e Augustus, o primeiro Imperador (2003) apresenta tramas e guer-
ras durante o reinado.
19
Considerações finais
Nesta unidade, você:
• dimensionou a origem do latim: aprendeu que a língua latina 
teve origem na Península Itálica e expandiu-se, mundialmente, 
durante o Império Romano;
• conheceu as raízes linguísticas do latim, que vem do tronco indo-
-europeu e que, da ramificação itálica, originou suas línguas filhas, 
denominadas neolatinas;
• identificou que as línguas neolatinas (português, espanhol, cata-
lão, francês, italiano e romeno) são resultados das transformações 
do latim vulgar, falado pela população, e não do latim clássico, 
utilizado na literatura;
• observou que a Literatura Clássica Romana é dividida em períodos 
– Arcaico, Clássico, Pós-clássico e Cristão – e que a literatura do 
Período Arcaico é marcada pelas comédias encenadas nos festivais;
• a partir de trechos da comédia Aululāria, de Plauto, e outras seme-
lhantes, foi possível obter noções sobre o alfabeto, pronúncia, 
morfossintaxe e sistema de casos.
Encerramos aqui a Unidade 1. Esperamos que você tenha conseguido dar 
esses primeiros passos rumo aos conhecimentos introdutórios do latim. 
Temos, ainda, algumas boas histórias literárias para conhecer no aprofun-
damento dos aspectos linguísticos. E, claro, várias curiosidades para você 
se divertir, já que ninguém é de ferro! 
A expressão “ninguém é de ferro” atribui-se, no senso 
comum, devido às pesadas vestimentas de guerra dos 
soldados romanos que, quando tiradas, causavam alívio 
e relaxamento. 
Referências
20
DUARTE, M. O guia dos curiosos. Disponível em: <http://guiadoscurio-
sos.uol.com.br/>. Acesso em: 13 nov. 2017.
GONÇALVES, A. T. M. As festas romanas. Revista de Estudos do Norte 
Goiano, Anápolis, v. 1, n. 1, 2008, p. 26-68.
JONES, P. V.; SIDWELL, K. C. Reading Latin: text and vocabulary. Cam-
bridge: Cambridge University Press, 1989.
LAKOFF, R. T. Abstract Syntax and Latin Complementation. Cambridge, 
Massachusetts: MIT Press, 1968.
MAIA JÚNIOR, J. A. Latim: teoria e prática nos cursos universitários. João 
Pessoa: Editora Universitária, 2007.
MARINHO, L. S. C. Letras vernáculas: língua latina. Ilhéus, Bahia: Univer-
sidade Estadual de Santa Cruz, 2011.
PEREIRA, M. H. R. Estudos de História da Cultura Clássica. 3. ed. Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
ROSÁRIO, M.B. Latim Básico. Rio de Janeiro Edição do autor, 2011. 
SANTOS, E. C. P. Apostila de Língua e Literatura Latina. São Paulo: Uni-
versidade Presbiteriana Mackenzie, 2008.
VIEIRA, J. L. Dicionário Latim-Português: termos e expressões. Edipro: 
São Paulo, 2016.
http://guiadoscuriosos.uol.com.br/
http://guiadoscuriosos.uol.com.br/
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2Unidade 2
Descrevendo conhecimentos: o 
sistema de casos e declinações 
para a leitura e compreensão da 
língua latina
Para iniciar seus estudos
Nesta unidade, você aperfeiçoará conhecimentos sobre a língua, a litera-
tura e a cultura latinas. Nosso objetivo é o de dar enfoque à Era de Ouro 
da Literatura Clássica e a como a escrita desse período fixou-se na língua 
latina. Em seguida, aprofundaremos o aprendizado do sistema de casos 
e suas declinações. Além disso, você conhecerá mais sobre o latim atual, 
seus usos e contextos na História, na Medicina e na Biologia. Vamos lá?
Objetivos de Aprendizagem
• Dimensionar o desenvolvimento da literatura latina, aprendendo 
que foi no Período Literário Clássico que as obras latinas atingi-
ram seu esplendor, a Era de Ouro; 
• Identificar o sistema de casos em conjunto com as declinações;
• Descrever as diferenças entre as análises morfológicas e as análi-
ses sintáticas do português para o latim. 
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
2.1 A história da língua latina: o Período Clássico
Desde o Período Arcaico (séc. III a I a.C.), o latim literário seguiu o seu desenvolvimento e, paulatinamente, foi 
ganhando rigor formal até atingir o máximo de sua estética na chamada Era de Ouro, no Período Clássico (séc. I 
a.C.). Isso demarcou tanto a história da língua e da literatura latinas que o latim estudado nos manuais atuais é o 
Latim Clássico. Em razão de escritores como Cícero e César, na prosa, e Virgílio, Horácio, Ovídio e Catulo no verso, 
as obras românicas alçaram grande prestígio na Antiguidade e que perduram até hoje.
Figura 2.1 – O Pantheon.
Legenda: A figura mostra o templo romano Pantheon, construído na Antiguidade, durante 
o Império Romano. Atualmente é disponível para visitação em Roma. 
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Os escritores do Período Clássico constatavam variantes da língua latina e caracterizaram-nas enquanto sermo, 
que significa linguagem e conversação. A língua literária continuou em sermo ecclesiasticus (séc. 5 d.C.) e em 
sermo profanus, encontrados nos tratados de Medicina, Ciência, Filosofia etc. até a atualidade. Hoje, o latim é a 
língua do Vaticano e da documentação da Igreja Católica, além de continuar a ser muito empregada em áreas 
como o Direito e Biologia, como veremos adiante, no Tópico 1.4. 
Apesar de a literatura latina ter as suas próprias características, não se pode negar que, na Grécia Clássica, produ-
ziu-se um dos maiores acervos culturais da Antiguidade Ocidental. Os estados gregos, por rivalidade e à procura 
de hegemonia, entraram em uma série de conflitos que os levaram à exaustão e às mãos dos povos bárbaros 
macedônios. Posteriormente, fracos pela sucessão de guerras, submeteram-se ao poderio do Império Romano. 
No contato com os gregos aprisionados, os romanos conheceram mais intensamente a cultura grega e nela se 
inspiraram para criar suas obras literárias. De início, gregos eruditos (geralmente professores) passaram a traduzir 
para o latim as principais obras gregas. Mais tarde, a partir da literatura grega geralmente traduzida, os latinos 
criaram as suas obras (MAIA JÚNIOR, 2007; PEREIRA, 2002). 
Na Grécia havia um centro de cultura do qual se originou a Escola Alexandrina, em que os cânones rejeitavam o 
classicismo grego. Essa escola poética, de cunho popular, originou novos gêneros literários. Mas, antes de apre-
sentar as obras dos poetas da época, torna-se necessário conhecer a mitologia. Vamos lá?
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
2.1.2 A mitologia greco-romana
O termo mitologia designa duas coisas: o estudo de mitos ou um conjunto de mitos. A mitologia comparada, por 
exemplo, é o estudo entre diferentes culturas, assim como estamos fazendo ao longo desta disciplina. No senso 
comum, mito significa uma história falsa, uma lenda. Nas abordagens antropológicas, por sua vez, um mito é uma 
narrativa sagrada que explica a origem do mundo e da humanidade. Em sentido amplo, pode referir-se a uma 
história tradicional (MÈNARD, 1985).
A maioria dos mitos envolvem forças sobrenaturais e divindades. Seres mitológicos são proeminentes de reli-
giões e alguns usam o termo mito para desacreditar as histórias de uma ou mais religiões. Sociedades antigas, 
como a romana, a grega, a egípcia e a nórdica, possuem suas mitologias históricas praticamente extintas, porém, 
a mitologia cristã tem atualmente milhões de devotos pelo mundo. Alguns religiosos consideram ofensa a carac-
terização de sua fé como um conjunto de mitos. Portanto,a despeito do cunho acadêmico laico (ver glossário), 
é importante saber que, enquanto alguns veem as histórias que explicam a origem do mundo e da humanidade 
como mitos, outros as têm como religião e, obviamente, precisam ser devidamente respeitados, como os prati-
cantes da fé cristã, por exemplo.
Figura 2.2 – Diana, a deusa da caça.
Legenda: A figura mostra a escultura greco-romana de Diana, deusa da caça e dos animais. 
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Sobre a mitologia greco-romana (leia-se grega expandida e recriada pelos romanos) afirma-se que algumas 
características culturais importantes foram a ela atribuídas. Costumes rotineiros como cultos agrários, do lar e 
dos antepassados e altares com oferendas e incensos eram todos relacionados à adoração de diversos deuses, 
como: Ceres (deusa da agricultura), Jano (deus das encruzilhadas), Juno (deusa protetora das mulheres), Lares 
(deusa protetora do lar), Júpiter (em grego Zeus, o deus maior), Saturno (o deus itálico, equivalente ao deus grego 
https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/Religi%C3%A3o
https://pt.wikipedia.org/wiki/F%C3%A9
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
Cronos), Marte (o deus da guerra), Minerva (deusa da inteligência), Vênus (Afrodite, em grego, a deusa da beleza 
e do amor), Baco (deus do vinho), dentre outros. Foi erguida, na Europa, uma infinidade de majestosos monu-
mentos, esculturas e casas de culto para os deuses. Não é à toa que Roma é repleta deles, que permanecem em 
pé desde os tempos antigos (SANTOS, 2008). 
Laico(a) é pessoa ou instituição que não faz divulgação de religião, respeitando todas as 
manifestações de crenças religiosas e de fé.
Glossário
2.1.3 A Era de Ouro 
No campo da poesia, considera-se Lucrécio (99 a.C. a 55 a.C.) o primeiro poeta da Era de Ouro, autor de Sobre 
a Natureza das Coisas, um longo poema filosófico que descreve o epicurismo como sistema filosófico que prega 
a procura de prazeres moderados e tranquilidade. Posteriormente, Catulo (87 a.C. a 54 a.C.) foi o pioneiro na 
naturalização das formas líricas gregas para o latim. Sua poesia é escrita em métricas gregas e tem como tema 
o erotismo, a ironia e o sarcasmo. Apesar do sucesso desse autor e também de Horácio (65 a.C. a 8 a.C.), Ovídio 
(43 a.C. a 18 d.C.), Tibulo (54 a.C. a 19 a.C.) e Propércio (43 a.C. a 17 d.C.), o Período Clássico é marcadamente 
conhecido pelo poema épico Eneida, de Virgílio (70 a.C. a 19 a.C.). 
A epopeia Eneida foi escrita no século I a.C. e publicada somente após a morte de Virgílio, em 19 a.C. Escrita 
durante 12 anos, a obra é considerada um clássico da literatura mundial e inspirou escritores como Dante Ali-
ghieri e Luís de Camões. Foi escrita em latim clássico e em versos com seis grupos de três sílabas, sendo duas 
breves e uma longa. Esse tipo de métrica é chamada de hexâmetro datílico. Virgílio escolheu esse tipo de estética 
pensando na sonoridade da pronúncia, que incluía um esquema rítmico. O gênero literário epopeia é baseado 
nas criações do poeta grego Homero, nas obras Ilíada e Odisseia. Em termos de estrutura, a obra é formada por 12 
capítulos, chamados de cantos.
São diversos personagens que atuam em Eneida, sendo eles humanos ou deuses. Narra-se, na obra, a história de 
Roma desde sua origem, passando pelo desenvolvimento do poder e pela expansão do Império Romano. A epo-
peia recebe esse nome, pois se relaciona aos feitos de Enéas, o herói troiano. Enéas (ou Eneias), o protagonista, 
foi um sobrevivente da Guerra de Troia. Humano, tornou-se um semideus. Entre guerras, fugas e caçadas, Enéas 
fundou a colônia troiana na região itálica do Lácio e se casou com Lavínia. Durante seu governo, conseguiu unir 
romanos e troianos, estabelecendo a paz (MÈNARD, 1985). 
No âmbito da prosa, destaca-se o líder militar e político romano Júlio César (100 a.C. a 44 a.C.), com a obra 
Comentários sobre as guerras gálicas, e também o político, filósofo e advogado Cícero (106 a.C. a 43 a.C.), que intro-
duziu os romanos à filosofia grega e criou um vocabulário filosófico latino (inclusive com neologismos) ao exercer 
função de tradutor. Não se pode deixar de mencionar que Cícero produziu os melhores modelos de argumentos 
judiciais e discursos políticos. Além disso, escreveu tratados filosóficos nos quais apresenta a sua versão do estoi-
cismo (escola de filosofia helenística).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_grega
https://pt.wikipedia.org/wiki/Vocabul%C3%A1rio
https://pt.wikipedia.org/wiki/Neologismo
https://pt.wikipedia.org/wiki/Tradutor
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
A prosa, diferentemente do poema, é a expressão natural da linguagem escrita ou falada no 
cotidiano, sem metrificação intencional e ritmos regulares. 
Glossário
Agora que você já tem uma breve noção da Era de Ouro da Literatura Clássica Romana, vamos conhecer alguns 
trechos dos escritores?
• Praeclāră sunt rara. (Cícero)
As coisas notáveis são raras.
• Nil difficĭle est amantī. (Cícero)
Nada é difícil para aquele que ama. 
• Semper glōriă et fāmă tuă manēbunt. (Vírgilo)
A tua glória e fama sempre permanecerão. 
• Vēnī, uīdī, uīcī. (Júlio César)
Vim, vi, venci. 
Nec quae praeteriit hōră redīre pŏtest. (Ovídio)
A hora que passou não pode voltar.
Bons filmes relatam o Período Clássico Romano. Spartacus (1960) e Cleópatra (1963) são dois 
deles, importantíssimos para aprofundar conhecimentos históricos e culturais romanos. 
Uma boa pedida para o fim de semana!
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declinações para a leitura e compreensão da língua latina
2.2 O sistema de casos e suas declinações: análises morfológicas 
e análises sintáticas
Na Unidade 1, conhecemos a morfossintaxe, que é a descrição linguística que engloba o estudo das formas 
(morfologia) e as regras de combinação que regem a formação das frases (sintaxe). É muito possível que você já 
conheça a morfossintaxe da língua portuguesa, seja por meio de seus estudos durante os ensinos fundamental 
e médio ou até mesmo pelos do curso de Letras. Mas, para tornar as coisas ainda mais fáceis para você, faremos 
uma breve revisão do que são as análises morfológica e sintática do português. Esse saber é fundamental para o 
ensino-aprendizagem do latim de aqui em diante. Que tal relembrarmos?
Figura 2.3 – Memória e estudo.
Legenda: A figura mostra um estudante lembrando-se de algo importante.
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
A análise morfológica ocupa-se da classe gramatical dos elementos que formam um enunciado. São classes gra-
maticais: substantivo, artigo, adjetivo, numeral, pronome, verbo, advérbio, preposição, conjunção e interjeição.
Substantivo: é a palavra que dá nome aos objetos, lugares e seres em geral. Varia em gênero (masculino e femi-
nino), número (singular e plural) e grau (aumentativo e diminutivo).
Artigo: é a palavra que antecede os substantivos, sendo que varia em gênero e número. Os artigos definidos são 
o, a, os e as; os indefinidos, um, uma, uns e umas.
Adjetivo: é a palavra que atribui qualidades aos substantivos. Dentre os inúmeros tipos, são exemplos: alegre, 
alegria, bom, bondade, fiel, fidedigno, alto, estudiosa, honesto, superinteressante, brasileira e paranaense. Exis-
tem também as locuções adjetivas: de anjo (=angelical) e de pai (=paternal), por exemplo. 
Numeral: é a palavra que indica a posição ou o número de elementos. São exemplos de numerais: um, dois, 
segundo, meio, metade, uma dúzia, semestre, dobro e duplo.
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declinações para a leitura e compreensão da língua latina
Pronome: é a palavra que substitui ou acompanha o substantivo, indicando a relação das pessoas na oração.Podem ser citados como exemplos: eu, tu e ele (caso reto: quando é o sujeito da oração); me, mim, comigo, te, ti, 
contigo, o, a, lhe, se e si (caso oblíquo: quando não é complemento da oração); senhor e senhora (tratamento); 
meu, teu, seu e nosso (possessivos); este, esse, aquele, isto, isso e aquilo (demonstrativos); algum, nenhuma, 
muito e pouco (indefinidos); qual, quanto, quem e que (relativos ou interrogativos). 
Verbo: é a palavra que exprime ação, estado ou mudança de estado. Exemplos: O time marcou um golaço (ação); 
Estou tão alegre hoje! (estado); De repente ficou chateado (mudança de estado); Chovia sem parar (fenômeno 
da natureza).
Advérbio: é a palavra que modifica o verbo, o adjetivo ou outro advérbio, exprimindo circunstâncias de tempo, 
modo, intensidade, entre outros. Exemplos: devagar (intensidade); lá (lugar); ainda (tempo); jamais (negação); 
certamente (afirmação); acaso e talvez (dúvida).
Preposição: é a palavra que liga dois elementos na oração. Dentre os inúmeros tipos de preposição, são exem-
plos: de, com, das, por, desde, como, durante e apesar de. 
Conjunção: é a palavra que liga duas orações. São exemplos: ou seja, portanto, assim, porque, de maneira que.
Interjeição: é a palavra que exprime emoções e sentimentos: Oh! Que pena! Ui! Coragem! Força! Vamos! Socorro!
A análise sintática, diferentemente da morfológica, é a parte da gramática que estuda a função e a ligação de 
cada elemento que forma a oração. A oração é dividida de acordo com a função que exerce e essa divisão é feita 
através dos termos:
Você sabe a diferença entre frase, sentença, oração e período? Uma frase ou sentença é 
dotada de significado, isto é, uma comunicação clara e de fácil entendimento entre os inter-
locutores. A oração é também dotada de sentido, mas nela sempre há presença de verbo. O 
período é constituído de uma ou mais orações. 
Sujeito: é alguém ou alguma coisa sobre a qual é dada uma informação. Exemplos: Está frio! (oração sem sujeito); 
Estão chamando aí fora (sujeito indeterminado); A Cris acabou de chegar (Cris: sujeito simples); Batom, perfume e 
pente estão na bolsa (Batom, perfume, pente: sujeito composto); Fiz conforme suas instruções (sujeito oculto: eu). 
Predicado: é a informação que se dá sobre o sujeito. Ao identificar o sujeito da oração, todo o resto faz parte do 
predicado. O predicativo do sujeito e o predicativo do objeto são complementos que informam algo ou atribuem 
uma característica sobre o sujeito ou objeto. Exemplos: Esta matéria é extensa (extensa é predicativo do sujeito); 
O rapaz brigou e deixou a irmã triste (triste é o predicativo do objeto). 
Complementos verbais (CV): são termos utilizados para completar o sentido de verbos que exigem comple-
mento sem preposição (objeto direto) e/ou com preposição (objeto indireto). Exemplos: Ganhei flores (direto); 
Preciso de um bom chá (indireto).
Complemento nominal (CN): completa o sentido de um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio). Exemplos: 
Cris estava consciente de tudo (consciente: adjetivo; de tudo: complemento nominal). 
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declinações para a leitura e compreensão da língua latina
Adjunto adnominal (AN): caracteriza um substantivo, agente da ação, através de adjetivos, artigos, numerais, 
pronomes ou locuções adjetivas. Por exemplo: O poeta criativo (sujeito) enviou (núcleo do predicado verbal) dois 
longos poemas (objeto direto) a sua amiga de infância (objeto indireto). São adjuntos adnominais: artigo o; o 
adjetivo criativo é AN do nome o poeta; o numeral dois e adjetivo longos são AN do substantivo poemas; o artigo o, 
o pronome adjetivo seu, a locução adjetiva de infância são AN de amigo. 
Adjunto adverbial (AD): se refere a um verbo ou a um advérbio e indica uma circunstância. Exemplos: Canta desafi-
nadamente (desafinadamente: adjunto adverbial); Cheguei tarde, vim de bicicleta (cedo e de bicicleta: adjunto adverbial). 
Vimos, na primeira unidade, que a declinação é um tipo de flexão que palavras das classes substantivo, adjetivo, 
pronome e numeral sofrem em virtude da função sintática que exercem. Assim, as declinações são divididas e 
definidas diante dos casos nominativo, acusativo, genitivo, dativo e o ablativo. 
Declinar significa flexionar um nome em todos os casos. Em português, costumamos determinar o significado 
de um enunciado pela ordem das palavras. Você se lembra daquele exemplo sobre a diferença semântica entre O 
homem vê o lobo e O lobo vê o homem? Um romano ficaria de cabelos em pé ao ver isso, porque, em latim, a ordem 
das palavras não determina a função gramatical, mas, sim, a forma que as palavras têm. 
Em A filha chama a escrava, filha é o sujeito da oração e escrava o objeto, certo? Um romano faria diferente: usa-
ria o caso nominal para indicar o sujeito e o acusativo para indicar o objeto. Desse modo, em latim, quando se 
escreve (ou pronuncia) a palavra fīlia, indica-se o significado e a função dela na oração – nesse caso, a de sujeito. 
Da mesma maneira, quando se diz seruum, a forma utilizada seria a do escravo como o objeto da oração. Assim, 
ouvindo ou lendo a sentença fīlia seruum, um romano concluiria que a filha está fazendo alguma coisa ao escravo. 
Nota-se que o português conservou vestígios do sistema de casos. Afinal, escreve-se Eu gosto de cerveja e não 
Mim gosta de cerveja; Ele me ama e não Ele ama eu. Apesar dessa semelhança entre as línguas, a ordem comum de 
orações simples em português apresenta sujeito, verbo e objeto (O homem [sujeito] morde [verbo] a maçã [objeto]). 
Em latim, por sua vez, a ordem usual é (i) sujeito (ii) objeto e (iii) verbo. 
Vamos visualizar de maneira prática esses conceitos por meio de cada declinação? No tópico seguinte, conhece-
remos a primeira.
30
Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
2.3 O sistema de casos e suas declinações: a primeira declinação 
Na língua latina, as palavras que podem ser declinadas, sendo elas substantivos ou adjetivos, possuem tema 
vocálico ou consonântico. As declinações dividem-se em cinco e cada uma delas parte de uma terminação espe-
cífica, sendo (-a), (-o), (-i), (-u), (-e) junto das que possuem radical consonântico. A primeira declinação é a de 
tema (-a) e possui, em sua maioria, palavras femininas. Temos, a seguir, um quadro comparativo a fim de que 
você veja como isso funciona:
Tabela 2.1 – As cinco declinações.
As cinco declinações
Palavra Declinação Vogal temática
Desinência do 
genitivo
Filia (-ae): Filiae
Rosa (-ae):Rosae
1ª (–a) (-ae)
Filius (-i) 2ª (–o) (-i)
Lex (-is): Legis
Mulier (-is): Mulieris
3ª (–i) (-is)
Domus (-us) 4ª (–u) (–us)
Res (-ei) 5ª (–e) (–e)
Legenda: A tabela mostra as cinco declinações presentes no latim.
Fonte: Adaptada de MARINHO (2011). 
Você deve estar se perguntando: certo, mas se cada substantivo ou adjetivo é flexionado em latim, isto é, muda 
a sua forma em cada caso e em cada contexto, como faremos para ler, interpretar, traduzir e escrever em latim, 
tendo em vista que não há como decorar todas as flexões de cada palavra? O dicionário é a nossa ferramenta 
para isso!
Figura 2.4 – O dicionário como ferramenta para o linguista.
31
Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
Legenda: A figura mostra um dicionário sendo analisado com uma lupa.
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Outra pergunta: se as palavras mudam a sua forma, como elas aparecem no dicionário? A entrada lexical (i.e., a 
constituição da palavra) primeiro aparece no nominativo, depois no genitivo. Tomemos como exemplo a palavra 
fabula. É descrito primeiro o nominativo fabula (–a), seguido do genitivo fabulae (–ae), e o gênero (f.), de femi-
nino. Por último, o significado: conto, história etc. (MAIA JÚNIOR, 2007). A conclusão é que devemosconhecer o 
nominativo e o genitivo das palavras para saber como elas se declinam.
A primeira declinação, à qual a palavra fabula pertence, tem o nominativo singular em (-a) e o genitivo singular 
em (-ae), flexionando-se da seguinte maneira: 
Tabela 2.2 – A primeira declinação.
Caso Função Singular Plural Significado
Nominativo Sujeito e 
predicativo
seru-a seru-ae a(as) escrava(s)
Genitivo Adjunto 
adnominal
seru-ae seru-ārum da (as) escrava(s)
Dativo Objeto indireto
Complemento 
nominal
seru-ae seru-īs à(s) escrava(s)
Ablativo Adjunto adverbial seru- ā seru-īs com escrava (s)
Acusativo Objeto direto seru- am seru-ās a(s) escrava (s)
Legenda: A tabela mostra a primeira declinação nos cinco casos presentes no latim.
Fonte: Adaptada de JONES; SIDWELL (1989). 
É importante destacar algumas características da primeira declinação. Quando o substantivo está acompanhado 
do adjetivo, como em fábula boa, os dois termos apresentam-se flexionados na sentença em latim. Por exemplo: 
32
Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
fabula bona (nominativo singular), fabularum bonarum (genitivo plural). Outro aspecto importante é que, em latim, 
o aparecimento de artigos não é tão comum. Portanto, serua pode significar escrava, a escrava ou uma escrava. Isso 
se aplica a todos os demais substantivos. Além disso, vale lembrar que alguns nomes podem ter um significado 
no singular e outro no plural: angustia (brevidade), angustiae (garganta); gratia (favor), gratiae (agradecimentos); 
cera (cera), cerae (tábuas escritas). São exemplos no dicionário: 
FEMININOS
Casa, -ae, f.: choupana
Corona, -ae, f.: coroa
Dea, -ae, f.: deusa
Fortuna, -ae, f: fortuna
Vita, -ae, f.: vida
MASCULINOS (minoria)
Incŏla, -ae, m.: habitante
Nauta, -ae, m.: marinheiro
Poeta, -ae, m.: poeta
Uma dica importante: para declinar uma palavra, procure-a no dicionário e você encontrará 
a sua forma no nominativo e no genitivo (por exemplo, vita, vitae). Em seguida, elimine o 
tema que, nesse caso, é (-ae), e obtenha o radical vit-. Ao radical acrescente todas as outras 
desinências restantes. 
Agora que você já possui a noção de como consultar o dicionário e que pôde observar a flexão das palavras na pri-
meira declinação, vamos aprender a traduzir algumas sentenças? Sugerimos que você tente fazer isso sozinho(a) 
e, somente depois, consulte as respostas e as justificativas. 
Vocabulário: Legit (lê), legunt (lêem). 
• Magistra legit fabulam bonan.
• Magistra bonas fabulas legit discipulus bonis.
• Discipulae bonae legunt fabulas magistris.
Observe que, nas sentenças, não há artigo antes do nome magistra (a professora) e discipulae (as alunas). Além 
disso, note que a ordem das palavras não modifica o sentido da sentença: em Magistra bonas fabulas legit discipulus 
bonis, se vê que bonas fabulas e discipulus bonis são termos flexionados, relacionados entre si, e que podem ser 
alocados de outras formas, como Bonas fabulas magistra legit discipulus bonis (Boas fábulas a professora lê às boas 
alunas) ou, ainda, Discipulus bonis bonas fabulas legit magistral (Às boas alunas, boas fábulas a professora lê).
Respostas:
• A professora lê uma boa fábula.
• A professora lê boas fábulas às boas alunas.
• As boas alunas leem fábulas às professoras.
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
Bem, agora você, além de saber que, no sistema de casos, existem cinco declinações, conhece, em mais detalhes, 
a primeira. Você também aprendeu novas palavras em latim, incluindo os radicais, temas e terminações de algu-
mas delas. Nossa sugestão é a de que você recorra a este tópico sempre que necessário, principalmente devido 
às descrições das análises morfológicas e sintáticas. O latim apresenta certas dificuldades que, no entanto, são 
facilmente superáveis. E você será exemplo disso!
Atente-se que, ao estudarmos os conceitos gramaticais da língua, referimo-nos não à gramática normativa (a 
que estabelece padrão para o uso escrito e falado da língua), ou à gramática descritiva (a que estabelecia, anti-
gamente [talvez equivocadamente], a existência de “certo” ou “errado” diante das variações linguísticas), mas, 
sim, referimo-nos à gramática histórica e à gramática comparativa, utilizada para o estudo das estruturas das 
línguas e entre as línguas, diante do panorama histórico de evolução do latim. 
2.4 Roma Antiga: curiosidades sobre História, Direito, Medicina 
e Biologia 
É justo relaxarmos e nos divertirmos um pouco ao final de cada unidade, não é mesmo? Neste tópico, apresenta-
remos algumas curiosidades sobre História, Direito, Medicina e Biologia em Língua Latina. 
No período histórico clássico, a personalidade da vez foi, sem dúvidas, Cleópatra (69 a.C. a 30 a.C.). Júlio César 
(100 a.C. a 44 a.C.) foi o último governante da república de Roma e, durante seu governo, conheceu Cleópatra, 
rainha do Egito, com quem manteve relações amorosas. Com ela teve um filho, Ptolomeu XV Caesar, com quem 
Cleópatra dividiu o reinado do Egito. 
Evidentemente Cleópatra tinha uma queda por líderes romanos, pois, depois da morte de César, passou a ter 
o político e cônsul Marco Antônio (83 a.C. a 30 a.C.) como amante, com quem teve mais três filhos. Cleópatra 
assassinou o próprio irmão e ficou no poder até ascensão de Otávio. Segundo a tradição, A rainha dos reis, como 
era conhecida, teria se deixado picar por uma serpente venenosa, suicidando-se a fim de não ser humilhada e 
morta publicamente diante da queda de seu governo. 
Falando em veneno, a linguagem médica recebeu e ainda recebe forte influência do latim na composição de 
seus termos. Com o objetivo de promover intercâmbio científico entre as nações com seus diferentes idiomas e 
culturas, a aplicação de radicais ou terminações latinas no vocabulário médico tornou-se um método linguístico 
comum, principalmente no estudo da anatomia. São exemplos: intestinu (intestino); rectus (reto); bucca (boca); 
auris (orelha); geneculu (joelho); ossis (osso); e ficatum (fígado). Os sufixos: ab- (abscesso, abstêmio); ad- (adsor-
ção, adstringente); des- (dessensibilização); per- (peroperatorio); e post- (post mortem).
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Língua e Culturas Latinas | Unidade 2 - Descrevendo conhecimentos: o sistema de casos e 
declinações para a leitura e compreensão da língua latina
Figura 2.5 – O latim no vocabulário científico.
Legenda: A figura mostra um cientista em um laboratório.
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Um campo da ciência que também prezou pela universalização de seus termos científicos por meio do latim é 
a Biologia, com destaque para a Botânica. A criação de uma nomenclatura padrão tem vistas a uniformizar as 
designações dadas aos seres vivos, pois cada espécie pode ser conhecida por diferentes nomes. A utilização des-
sas regras facilitou a comunicação científica. Entre elas há o sistema binominal, em que uma representa o gênero 
e a espécie que pertence, por exemplo: Ursus maritimus (gênero: ursus; espécie: maritimus). Na nomenclatura 
completa, adiciona-se a abreviatura do taxonomista (aquele que deu o nome), junto da data da descoberta. Por 
exemplo: Ursus maritimus Phipps, 1774. Na botânica, ramo da Biologia que estuda o reino das plantas, acrescenta-
-se o sufixo -aceae, entre outras várias metodologias em língua latina (VIEIRA, 2016).
O autor Lucrécio (99 a.C. a 55 a.C.), apresentado no início da unidade, além de escritor era 
um bom observador da ciência. Desde a época clássica, ele constatou a existência de orga-
nismos vivos que, mesmo invisíveis, possuem a capacidade de causar doenças. Esse conceito 
representa a microbiologia. 
35
Considerações finais
Nesta unidade, você:
• Dimensionou o desenvolvimento da Literatura Latina: aprendeu 
que o Período Arcaico foi muito importante, mas que foi no Perí-
odo Clássico que as obras latinas atingiram seuesplendor, a Era 
de Ouro;
• Conheceu os principais escritores e obras da Era de Ouro da Lite-
ratura Clássica Latina, entre elas a Eneida, de Virgílio;
• Identificou o sistema de casos em conjunto com as declinações;
• Descreveu as diferenças entre as análises morfológica e sintática 
do português para o latim;
• A partir de trechos dos escritores e filósofos da época, obteve 
noções mais aprofundadas da morfossintaxe, do sistema de casos 
e da primeira declinação da língua latina.
Encerramos, aqui, a Unidade 2. Esperamos que você tenha conseguido 
dar mais esses passos rumo aos conhecimentos introdutórios do latim. 
Temos ainda boas histórias literárias para conhecer no aprofundamento 
dos aspectos linguísticos. E, claro, várias outras curiosidades para você se 
divertir. 
Referências
36
JONES, P. V.; SIDWELL, K. C. Reading Latin: text and vocabulary. Cam-
bridge: Cambridge University Press, 1989.
MAIA JÚNIOR, J. A. Latim: teoria e prática nos cursos universitários. João 
Pessoa: Editora Universitária, 2007.
MARINHO, L. S. C. Letras Vernáculas: língua latina. Ilhéus, Bahia: Univer-
sidade Estadual de Santa Cruz, 2011.
MÈNARD, R. La Mythologie dans l’Art Ancien et Moderne. Paris: Dale-
grave, 1985. 
PEREIRA, M. H. R. Estudos de História da Cultura Clássica. 3. ed. Lisboa: 
Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.
SANTOS, E. C. P. Apostila de Língua e Literatura Latina. São Paulo: Uni-
versidade Presbiteriana Mackenzie: 2008.
VIEIRA, J. L. Dicionário Latim-Português: termos e expressões. São Paulo: 
Edipro, 2016.
38
3Unidade 3
Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
Para iniciar seus estudos
Nesta unidade, você aprofundará conhecimentos sobre a língua, a lite-
ratura e a cultura latinas. Nosso objetivo é o de dar enfoque às transfor-
mações na Literatura Pós-Clássica a partir da reviravolta histórica e cien-
tífica ocorrida na época. Em seguida, aprofundaremos o aprendizado do 
sistema de casos e apresentaremos mais quatro declinações. Ainda nesta 
unidade, você conhecerá mais sobre o latim atual, com seus usos e con-
textos no Direito e na escrita científica e acadêmica. Vamos lá?
Objetivos de Aprendizagem
• Dimensionar o desenvolvimento da literatura latina, ao estudar 
sobre o giro científico do Período Pós-Clássico; 
• Aprofundar o aprendizado das declinações da língua latina;
• Analisar as diferenças estruturais entre o português e o latim. 
39
Língua e Culturas Latinas | Unidade 3 - Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
3.1 A história da língua latina: o Período Pós-Clássico
O Período Pós-Clássico da língua latina é datado a partir de nossa era. Durante os capítulos anteriores, vimos 
o uso das abreviações a.C. e d.C., cujo uso é decorrente do anno domini, que, em latim, significa ano do Senhor e 
marca o nascimento de Cristo. Assim, a cronologia histórica é dividida em uma era antes do anno domini, ou ano 
zero, representada pela abreviação a.C., e em outra era depois, representada por d.C. Desse modo, o período que 
estudaremos hoje corresponde à era atual. 
Sobre o início e o fim do Período Pós-Clássico, não há consenso. Alguns historiadores definem como uma simples 
extensão do Período Clássico, outros o diferenciam por completo ao se referirem a ele como a Era de Prata. Con-
tudo, sabe-se que o esse período compreende o ano I d.C. e estende-se até o século III.
Você sabia que a Era Antiga, aquela antes do nascimento de Cristo, é contada de trás para 
frente? A lógica é muito simples: se César morreu em 44 a.C., isso significa que, 44 anos 
depois, Cristo nasceu. É importante notar que, se não há abreviação junto à data, é indício de 
que o ano em questão pertence a nossa era, isto é, depois de Cristo. 
Conforme aprendemos no fim da unidade anterior, Júlio César, ou somente César (100 a.C. a 44 a.C.), foi o último 
governante da república de Roma. Ele morreu assassinado pelos integrantes da alta cúpula romana. Nem sem-
pre, nessa sociedade, os governantes eram chamados de imperadores. Entende-se por Império Romano toda 
a expansão mundial de Roma adquirida ao longo dos tempos, e, somente após a morte do republicano César, 
instituiu-se o regime político imperial. 
O primeiro imperador romano foi Otávio (63 a.C. a 14), sobrinho-neto de César. Por ser da linhagem dos Augus-
tus, Otávio passou a ser chamado de Augusto. Definitivamente, a sua participação no Império Romano foi impac-
tante. Augusto vingou-se daqueles que atentaram contra a vida de seu tio-avô e, assim, assumiu o poder. Em 
seguida, concentrou-se na expansão do império, tendo em seu governo o maior número de conquistas terri-
toriais. Além de multiplicar o território e também a infraestrutura, ele desenvolveu rapidamente a economia, 
consolidando fortemente o domínio romano perante o mundo (PEREIRA, 2002). 
40
Língua e Culturas Latinas | Unidade 3 - Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
Figura 3.1 – Carro de combate romano vazio.
Legenda: A ilustração mostra uma biga vazia, que era o meio de transporte romano utilizado durante as guerras. 
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
Sobre a personalidade de Augusto, nota-se algo interessante. Ele expandiu o império como ninguém guerreando o 
mínimo possível. Assim, em seu governo iniciou-se um longo tempo de paz entre as nações, chamado Pax Romana. 
O trabalho de Augusto influenciou intensamente o latim. Como muitos novos territórios foram conquistados, a lín-
gua latina aumentou o seu alcance e, consequentemente, sua transformação. Enquanto no Período Clássico obser-
vou-se o desenvolvimento da língua no contato com outros idiomas durante a expansão territorial, no Período 
Pós-Clássico essa miscigenação linguística passou a resultar, paulatinamente, em novos idiomas, filhos do latim. 
Por isso, lembre-se sempre que a língua estudada nas diversas ciências é o latim produzido no Período Clássico, 
chamado Latim Clássico. Isso ocorre porque, durante essa época, a língua latina ainda estava em desenvolvi-
mento, e, depois, passou a se transformar em outras línguas, perdendo muitas de suas características originais. 
3.1.2 A Literatura Pós-Clássica Latina
Apesar da influência dos escritores clássicos, o Período Pós-Clássico foi construído por grandes literatas. Entre 
eles, destacaremos Tito Lívio (59 a.C. a 17), Sêneca (4 a.C. a 65), Plínio, o velho (23 a 79) e Quintiliano (35 a 95).
O Período Pós-Clássico da Literatura Latina, ao ser comparado ao Arcaico e ao Clássico, torna-se um divisor de 
águas no que diz respeito a estilos e gêneros. Como Sêneca e Quintiliano eram advogados, a arte da retórica 
tornou-se bastante desenvolvida. Tratados históricos e científicos também foram elaborados com maior inten-
sidade e com novos estilos de escrita. A poesia continuou a ser produzida, geralmente por meio de epigramas, 
mas a prosa coloquial foi predominante. 
Epigrama é uma poesia breve, feita com um propósito satírico e que, geralmente, termina 
com um dito picante (LAROUSSE, 2004). 
Glossário
41
Língua e Culturas Latinas | Unidade 3 - Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
Nas obras de retórica escritas para serem declamadas, priorizou-se o uso de frases mais curtas. Dentre as figuras de 
linguagem, a metáfora e a ironia eram habituais. A apreciação do individualismo e do naturalismo cresceu substan-
cialmente, ao lado da abordagem estoica, que é aquela em que o conhecimento é cultuado e as emoções controladas. 
Para entender melhor a fonte dessas características, vejamos uma breve síntese sobre alguns dos escritores 
influentes da época:
Tabela 3.1 – Escritores e suas características no Período Pós-Clássico.
Tito Lívio (59 a.C. a 17)
Ocupação: Filósofo e historiador. 
Obra de destaque: Desde a fundação da cidade (em latim, Ab urbe 
condita), publicada entre 25 a.C. e 27 a.C.
Tema: História de Roma desde sua fundação.
Gênero: Narrativo. Tratado histórico composto por 142 livros, 
sendo que restam apenas 3. 
Estilo: Prosa. 
Sêneca (4 a.C.a 65)
Ocupação: Advogado, filósofo, pedagogo e conselheiro.
Obra de destaque: São várias as obras de destaque. 
Tema: Vários, com ênfase para o estoicismo.
Gênero: Ensaios, narrativas e tragédias.
Estilo: Prosa coloquial e epigramas. 
Plínio, o velho (23 a 79)
Ocupação: Historiador, gramático e militar romano.
Obra de destaque: História Natural (em latim, Naturalis Historiae), 
publicada no ano 77.
Tema: Ciência. 
Gênero: Narrativa técnica. Enciclopédia composta por sete livros. 
Estilo: Misto entre linguagem corrente e aperfeiçoada.
Quintiliano (35 a 95)
Ocupação: Advogado e professor.
Obra de destaque: Institutos de oratória (em latim, Institutio Oratoria), 
publicada no ano 95.
Tema: Retórica teórica e prática. Pedagogia. 
Gênero: Narrativa composta por 12 livros.
Estilo: Misto entre linguagem corrente e aperfeiçoada.
Legenda: A tabela apresenta uma breve síntese sobre alguns escritores do Período Pós-clássico. 
Fonte: Adaptada de Rostovtzeff; Giordani (1983). 
Esses quatro autores serviram de inspiração para vários outros. Tito Lívio foi um exímio historiador e sua abran-
gente obra influenciou, durante séculos, toda a historiografia moderna. O historiador italiano Maquiavel e o filó-
sofo francês Montesquieu eram profundos conhecedores de seus escritos. Sêneca influenciou, de maneira ainda 
42
Língua e Culturas Latinas | Unidade 3 - Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
mais ampla, a filosofia como ciência e os estudos da retórica. Além disso, suas tragédias foram tão diferentes que 
se chegou a criar uma nova tendência para o gênero literário drama. 
Plínio, o velho (houve outro Plínio, chamado Plínio, o novo) não inspirou apenas autores, mas o próprio desenvol-
vimento de ciências como Matemática, Física, Geografia, Antropologia, Fisiologia, Botânica, Farmacologia, dentre 
várias outras. Quintiliano, na posteridade, teve suas obras tão lidas, traduzidas e divulgadas que sua reputação 
atingiu a de Aristóteles e Virgílio. Inspirou personalidades retóricas como Erasmo de Roterdã, John Locke e até 
mesmo Martin Luther King. 
Figura 3.2 – Martin Luther King e a arte da retórica.
Legenda: A ilustração mostra uma escultura de Martin Luther King, ativista polí-
tico de nossa era, que foi conhecido também por sua eloquência. 
Fonte: Plataforma Deduca (2017).
A retórica, como a antiga arte da eloquência e do argumento, é estudada em áreas como 
Linguística, Direito, Comunicação, Ciências Políticas e em diversos outros campos do conhe-
cimento. Além de Luther King, personalidades como Abraham Lincoln, Adolf Hitler, Winston 
Churchill e Barack Obama são considerados como mestres da retórica prática.
43
Língua e Culturas Latinas | Unidade 3 - Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
3.2 As declinações do latim 
Você deve estar pensando algo como “Ih... lá vem a morfologia, a sintaxe... e todos aqueles casos e sistemas da 
língua”. Mas, calma! As declinações são mais fáceis do que você imagina, sabia? Basta que tenhamos atenção e 
dedicação. Recorra ao dicionário e às revisões de conteúdos da unidade anterior sempre que necessário. Isso o(a) 
ajudará muito. 
Conforme aprendemos, o sistema de casos possui cinco declinações. Já conhecemos a primeira e, hoje, aprende-
remos sobre a segunda, a terceira, a quarta e a quinta. Vamos lá?
Na unidade anterior, observamos que, para ler ou traduzir sentenças em latim, uma ação inicial é fundamental: 
extrair o radical das palavras. Como o genitivo singular é o caso que normalmente se diferencia em todas as 
declinações, é sempre dele que devemos partir para extrair o radical. 
Analisemos a palavra librum como exemplo. Você aprendeu que toda palavra em latim é declinada e então saberá, 
consequentemente, que a terminologia (-um) indica algum caso. A partir disso, você buscará no dicionário pala-
vras que comecem com lib- ou libr- e, lá, encontrará a seguinte descrição: Liber, i, libri, m. livro. Nela, temos o 
seguinte: liber é nominativo, libri é genitivo singular, a abreviação m. indica gênero masculino e livro é o que sig-
nifica em língua portuguesa. Beleza! Agora que você já tem o genitivo singular libri, extrairá o radical que é libr-. 
A partir do radical libr-, o segundo passo será buscar qual caso a terminologia (-um), de librum, indica. Portanto, 
você consultará o sistema de casos, descrito nas tabelas desta unidade, e encontrará que a terminologia (-um) 
pode indicar o caso acusativo da segunda declinação. Ótimo! Você descobriu que librum é o objeto direto, o acu-
sativo (aquele que sofre uma ação) de uma sentença como Eu vi o livro, por exemplo. 
Percebe como é importante saber consultar o dicionário, entender os casos e lembrar-se da morfossintaxe da 
língua portuguesa? Por essa razão o conteúdo que vamos trabalhar é tão importante! Revise-o sempre. 
Reiterados os conhecimentos sobre consulta ao dicionário e separação do radical das palavras, partiremos para 
a apresentação da segunda declinação do latim. 
Vimos que a primeira declinação é a de tema (-a), com palavras femininas em sua maioria. A segunda declina-
ção, por sua vez, é a de tema (-o), com palavras masculinas em sua maioria. No entanto, muitas palavras desta 
segunda declinação possuem o nominativo em (-us): servus, i; dominus, i; amicus, i; discipulus, i; Deus, Dei; Filius, i; 
dentre várias. Outra característica importante é que o nominativo singular possui três formas, (-us), (-er) e (-ir) 
(este último em raras ocasiões), e não uma única, como na primeira declinação. Vejamos a tabela: 
Tabela 3.2 – A segunda declinação. 
Caso Função Singular Plural Significado
Nom. Sujeito e predicativo seru-us 
lib-er
seru-i 
libr-i
o(s) escravo(s) 
o(s) livro(s)
Gen. Adjunto adnominal seru-i 
libr-i
seru-orum 
libr-orum
do (s) escravo(s) 
do(s) livro (s)
Dat. Objeto indireto 
Complemento nominal
seru-o 
libr-o
seru-is 
libr-is
para o (s) escravo(s) 
para o(s) livro(s)
Abl. Adjunto adverbial seru- o 
libr-o
seru-is 
libr-is
com escravo (s) 
com livro (s)
Ac. Objeto direto seru- um 
libr-um
seru-os 
libr-os
o(s) escravo (s) 
o(s) livro(s)
Legenda: A tabela apresenta a segunda declinação do latim. 
Fonte: Elaborada pela autora (2017). 
44
Língua e Culturas Latinas | Unidade 3 - Aprofundando conhecimentos: 
as declinações da língua latina
Comparando os casos, observam-se diferenças nas terminações. As que estão em vermelho mostram duas das 
formas do nominativo singular. Não demos um exemplo de (-ir) pois é raramente utilizado. Nota-se também que 
as terminações do genitivo singular e nominativo plural são iguais. A mesma coincidência ocorre com o dativo 
e o ablativo nas terminações (-o) no singular e (-is) no plural. Essas semelhanças parecem oferecer riscos de se 
cometer engano na busca dos casos, afinal, qual é qual? 
Existem outras palavras em uma sentença e, diante delas, você saberá qual dos casos melhor se encaixa na tra-
dução. O importante é que você observe e entenda a estrutura do latim, a fim de compreender a morfossintaxe 
da língua portuguesa. Fique tranquilo(a)!
Um exemplo dado por Jones e Sidwell (1989, p. 22) ajudará a esclarecer como devemos proceder diante da tradu-
ção de um trecho em latim. Vejamos:
In aedīs intrant seruus et serua et nūptiās parant.
• in: para dentro de.
• aedis: significa cômodo no singular e casa no plural. 
• intrant: segundo o dicionário, tem algo a ver com entrar.
• seruus: Opa! Na nossa tabela corresponde ao nominativo singular (seru-us), que significa o escravo. Então 
quer dizer que é sujeito da sentença e que ele está fazendo alguma coisa.
• et: significa e e indica que outro sujeito está para aparecer.
• serua: Opa! Na nossa tabela da primeira declinação corresponde ao nominativo singular, que significa a 
escrava. Então quer dizer que ela é outro sujeito na sentença e que ela está fazendo alguma coisa.
• Ótimo! Até agora sabemos que O escravo e a escrava entram na casa. 
• et: significa e e indica que há outro sujeito na sentença

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