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2 SUMÁRIO 1 CONCEITO DE TERAPIA OCUPACIONAL ....................................... 3 1.1 Terapia Ocupacional e saúde no trabalho ................................... 5 1.2 Terapia Ocupacional e Ergonomia .............................................. 8 1.3 Ergonomia e trabalho ................................................................ 13 1.4 Classificação da ergonomia ...................................................... 15 1.5 Análise Ergonômica de Trabalho (AET) .................................... 16 2 DOENÇAS OCUPACIONAIS ........................................................... 20 2.1 Principais doenças ocupacionais .............................................. 22 2.2 Diagnóstico ................................................................................ 27 3 INTERVENÇÕES EM TERAPIA OCUPACIONAL ........................... 32 4 Recursos Terapêuticos em TO ........................................................ 35 5 COMO EVITAR DOENÇAS OCUPACIONAIS ................................. 39 6 Bibliografia ....................................................................................... 43 3 1 CONCEITO DE TERAPIA OCUPACIONAL Fonte: www.coopeder.org.br Terapia Ocupacional é a arte e a ciência de ajudar pessoas a realizar as atividades que são importantes para elas, apesar da debilidade, incapacidade ou deficiência. “Ocupação” em Terapia Ocupacional não se refere simplesmente a profissões ou a treinamentos profissionais, refere-se também a todas as atividades que dão sentido a suas vidas. Na terminologia da Terapia Ocupacional, essas atividades são denominadas áreas de performance ocupacional que podem ser divididas em atividades diárias, atividades laborativas e atividades de lazer e diversão. A Terapia Ocupacional vem construindo suas ações, por um lado aprimorando as técnicas de intervenção específicas nas incapacidades decorrentes da deficiência, através de abordagens de reabilitação, tecnologia assistiva e outras, e, por outro, voltando suas ações, cada vez mais, para um sujeito inserido em um contexto social, que tem o seu cotidiano alterado pela deficiência e que, para que possa reconstruir esse cotidiano, necessita que sua comunidade em particular e a sociedade em geral, se transformem para acolhê- 4 lo. Assim, as intervenções de caráter social devem ser o foco essencial da atuação profissional do terapeuta ocupacional. A capacidade de buscar e realizar as ocupações habituais de uma pessoa é considerada normal enquanto a pessoa está bem. Lesões, doenças e deficiências podem perturbar temporariamente as ocupações, então as pessoas podem procurar ou serem encaminhadas para um terapeuta ocupacional quando encontram dificuldades significativas para retornar ou desempenhar ocupações importantes para elas. As ocupações contribuem para o senso de identidade de uma pessoa, frequentemente as pessoas definem quem são por suas ocupações ou habilidades. Isto é verdade não apenas para ocupações que são “empregos”, mas também para ocupações de lazer e da vida diária. Desempenho ocupacional é a habilidade do indivíduo em realizar e ficar satisfeito com o que foi realizado, nas atividades voluntárias da vida diária, em seu ambiente, etapa de desenvolvimento e papéis sociais. Fonte:fsg.br 5 1.1 Terapia Ocupacional e saúde no trabalho Fonte:www.viverhoje.org A Terapia Ocupacional surge no Brasil nos anos 1950, criada a partir de um acordo com a Organização Mundial da Saúde e a Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO) e a Organização Internacional do Trabalho. Era voltada a reabilitação nas suas mais diferentes vertentes, entre elas a reabilitação profissional. A partir dos anos de 1960, são criados os Centros de Reabilitação Profissional, espalhados por todo o país, integrados ao Ministério da Previdência e Assistência. Eram centros interdisciplinares voltados para a avaliação, recuperação, reabilitação e habilitação profissional, sobretudo a reabilitação física é restrita aos trabalhadores contribuintes a Previdência Social. É importante ressaltar o caráter individual e isolado das ações de reabilitação que não intervinham nas empresas para garantir a reinserção profissional do acidentado, nem participavam de qualquer outra ação preventiva no sentido de evitar novos acidentes. A partir dos anos 1990, surgem novos serviços voltados aos trabalhadores e ligados ao Estado e Municípios. Os programas de Saúde do Trabalhador ou Centros de Referência em Saúde do trabalhador, surgiram com o final do regime militar. Nesses centros haviam terapeutas ocupacionais o que levaram a ampliar de sua prática para outros níveis de atenção, tais como, intervenção direta em situações de trabalho por meio de vigilância, atendimentos individuais e/ou em grupos de reflexões; isso levou a esses profissionais o desafio de ampliar sua prática e buscar embasamento em outras áreas como a saúde. 6 Os terapeutas ocupacionais vêm desenvolvendo vários trabalhos dentro das empresas, realizando ações em prol da saúde do homem em atividade, atuando na prevenção das doenças do trabalho e de acidentes do trabalho, e na reabilitação de trabalhadores acometidos, compondo a equipe multidisciplinar. Sua reabilitação também ocorre nos ambulatórios de saúde ocupacional das empresas, avaliando os postos de trabalho a fim de adaptá-lo ao trabalhador, atuando na readaptação e reabilitação profissional. Fonte:www.redelucymontoro.org.br Os objetivos da atuação dos profissionais de Terapia Ocupacional a nível empresarial são: investigar as atividades laborais, as condições dos postos, a organização e as relações de trabalho, além dos fatores estáveis da produção, conhecendo os determinantes da carga de trabalho pela pesquisa de campo; adequar o trabalho ao indivíduo e reorganizar essas relações fornecendo subsídios teóricos sobre os cuidados com o corpo e facilitando a comunicação interpessoal no trabalho, a partir da compreensão e da transformação das relações de poder, favorecer ao trabalhador autoconhecimento como pessoa, cidadão e profissional, evidenciando seus direitos e deveres, além da relação de interdependência para perceber a dimensão do trabalho na sua vida pessoal, caracterizando-se sobre o seu papel e suas 7 responsabilidades no processo, no conflito e na busca de soluções, em relação a sua saúde física, mental, espiritual e social, podendo prevenir doenças ocupacionais e acidentes de trabalho. Fonte:institutofisiomar.com.br Para Watanabe; Nicolau (apud DE CARLO, BARTOLOTTI, 2001), o terapeuta ocupacional atua basicamente com três enfoques: reabilitação e reeducação; prevenção de doenças; promoção da saúde e promoção social, desempenhando deferentes papéis como funcionários da empresa, consultor, assessor, prestador de serviços, parceiros e colaboradores de pesquisa e intervenção. O Terapeuta Ocupacional desenvolve diversas ações como a análise ergonômica do trabalho; atendimento ambulatorial na reabilitação física e mental; avaliação postural; cinesioterapia laboral; palestras; orientações posturais; adaptação dos portadores de necessidades especiais nos postos de trabalho; recolocação de um colaborador após acidente de trabalho; elaboração e desenvolvimento de programas de qualidade de vida. 8 1.2 Terapia Ocupacional e Ergonomia1 Entende-se por Ergonomia o estudo das intervenções das pessoas com a tecnologia, a organização e o ambiente, objetivando intervenções e projetos que visem melhorar de forma integrada e não dissociada, a segurança, o conforto, o bem-estar e a eficácia das atividades humanas (Associação Brasileira de Ergonomia). Na época da Revolução Industrial os empresários não estavam preocupados com os problemas dos homens, queriam saber apenas do aumentoda produção e dos lucros. A tecnologia avançava rapidamente e a necessidade de mão de obra era crescente. A consequência da soma desses fatores era trabalhadores exercendo seus ofícios em péssimas condições. Até que essa situação levou a índices alarmantes de acidentes, adoecimentos e morte dos trabalhadores, muitos funcionários ficaram inválidos ou morreram. A escassez de mão de obra começou a ser sentida e a se tornar preocupante! Somou-se a esta realidade os conhecimentos científicos e tecnológicos que foram aplicados na Segunda Guerra Mundial como o desenvolvimento de aviões, submarinos, tanques, radares e armas. Os soldados precisavam de muita habilidade para operá-los e as condições ambientais eram bastante desfavoráveis o que gerou na época diversos erros e acidentes fatais. Logo após a guerra já existiam vários profissionais envolvidos em projetos que visavam adaptar os instrumentos às características e capacidade dos soldados que operavam as máquinas. Em 12 de julho de 1949, na Inglaterra, essas pessoas se reuniram e foi durante esse evento que nasceu a ergonomia. Na mesma época, nos Estados Unidos, a marinha e a força aérea, juntas, montavam um laboratório de pesquisa de ergonomia com o objetivo de aperfeiçoar aeronaves e submarinos. Por fim, a ergonomia ganhou impressionante avanço e enorme desenvolvimento tecnológico, disseminando-se rapidamente pela América e Europa, após a Corrida Espacial e a Guerra Fria. 1 Texto extraído do link: http://www.novafisio.com.br/terapia-ocupacional-na-ergonomia/ 9 Fonte: www.guiasaudero.com.br No Brasil a ergonomia teve maior ênfase nos anos 1980, devido à necessidade de prevenir as LER/DORT que já acometia um grande número de trabalhadores. Ela nasceu da comprovação de que o homem não é uma máquina e da necessidade de responder questões sobre as condições inadequadas do trabalho. Watanabe; Gonçalves (apud LANCMAN, 2004). A Ergonomia e a Terapia Ocupacional na empresa estudam e analisam questões e contradições individuais e coletivas da relação entre o trabalho, o trabalhador, o empregador, e as condições de trabalho e de produção, incluindo os processos de adoecimentos pelo trabalho, a fim de formular soluções coerentes com as exigências da saúde dos trabalhadores e da produção, desta forma, ambas tem o compromisso de analisar o mundo do trabalho e a atividade laboral, sempre com um objetivo de propósito transformador. Para realizar o objetivo da ergonomia, é necessário estudar diversos aspectos do comportamento do homem no seu meio de trabalho, sendo assim, o terapeuta necessita avaliar o homem nas suas condições físicas e psicológicas; a máquina sendo considerados os equipamentos, ferramentas, mobiliários e instalações; os ambientes onde são estudados as características físicas, como temperatura, ruídos, vibrações, luzes, cores, gases e outros; a organização dos quesitos acima citados, de certa forma, evitam consequências 10 do trabalho, as quais podem ser consideradas como gastos excessivos de energia, acidentes, fadigas e stress (LIDA,1990). Hoje, a terapia do trabalho expandiu-se, transformando-se em serviços de terapia industrial. A prevenção de lesões no trabalho e o escopo de administração incluem tratamento intensivo, análise do emprego, recolocação profissional, avaliação da capacidade funcional, preparação para o retorno ao trabalho e condicionamento para o trabalho (PEDRETTI e EARLY, 2005). O neologismo “ergonomia”, do grego ergos, que significa trabalho e o nomos, que significa regras, leis naturais, tem sua definição como sendo o estudo da adaptação do trabalho ao homem. O trabalho é visto de forma ampla, abrangendo não apenas aquelas máquinas e equipamentos utilizados para transformar os materiais, mas também, toda a situação em que ocorre o relacionamento entre o homem e seu trabalho. Não envolvendo somente o ambiente físico, mas também, os aspectos organizacionais de como esse trabalho é programado e controlado para produzir os resultados desejados. Fonte: vivamelhoronline.com A atuação terapêutica na ergonomia, aborda a análise de sistemas onde o T.O. (Terapia ocupacional) preocupa-se com o funcionamento global da empresa e com sua equipe de trabalho, partindo de aspectos mais gerais, como a distribuição de tarefas entre o homem e a máquina, mecanização de tarefas, confiabilidade, segurança e outros. Podendo ser aprofundada a análise de sistemas até chegar ao nível de cada um dos postos de trabalho. Outra 11 abordagem, é a análise dos postos de trabalho no estudo do sistema de onde atua o trabalhador, essa abordagem, faz a análise da tarefa, da postura e dos movimentos do trabalhador e das suas exigências físicas e psicológicas, ou seja, homem-máquina deve formar um conjunto coeso e harmônico. Observe que essa abordagem é diferente daquela tradicionalmente adotada pelos projetistas, que se preocupam inicialmente com o projeto da máquina, para, posteriormente, fazer adaptações para que ela possa ser operada pelo trabalhador. A demanda da T.O. na atuação da área ergonômica é justificada pela crescente consciência das relações entre os fatores ocupacionais e o adoecimento, sobretudo pelo advento dos distúrbios osteomusculares relacionados ao trabalho (DORT), inicialmente denominados de lesões por esforços repetitivos (LER), além da necessidade de as empresas investirem em programas preventivos como forma de se precaverem de possíveis indenizações trabalhistas por parte dos lesionados (DE CARLO e BARTALOTTI, 2001). Fonte:www.ipescursos.com.br A análise do ambiente de trabalho pelo terapeuta deve estar associada a uma participação da pessoa que irá exercer sua ocupação no ambiente de trabalho, podendo chamar de ergonomia participativa. Esta prática maximiza as chances de que as motivações, preferenciais e crenças do funcionário sejam consideradas e incorporadas a qualquer solução ergonômica. Desconsiderar estes elementos, pode acarretar em falta de cooperação e talvez em fracasso da intervenção ou adaptação. 12 Os terapeutas ocupacionais são especialmente habilidosos na comunicação para tratar e encorajar a inclusão do indivíduo e sua participação (PEDRETTI e EARLY, 2005). De acordo com as autoras acima citadas, o papel do trabalho para o T.O. tem propósito e significado, tanto para o indivíduo quanto para a sociedade. Envolver-se com o trabalho é considerado uma atividade produtiva e, como tal, um objetivo da intervenção da terapia ocupacional. Fonte: www.medefisio.comunidades.net 13 1.3 Ergonomia e trabalho Fonte: www.reabilitycenter.com.br A Ergonomia (ou Fatores Humanos) é uma disciplina científica relacionada ao entendimento das interações entre os seres humanos e outros elementos ou sistemas, e à aplicação de teorias, princípios, dados e métodos a projetos a fim de otimizar o bem-estar humano e o desempenho global do sistema. A Ergonomia é uma ciência interdisciplinar. Ela compreende a fisiologia e a psicologia do trabalho, bem como a antropometria. O objetivo prático da Ergonomia é a adaptação do posto de trabalho, dos instrumentos, das máquinas, dos horários, do meio ambiente às exigências do homem. A realização de tais objetivos, ao nível industrial, propicia uma facilidade do trabalho e um rendimento do esforço humano. De acordo com o (MTE) o Brasil segue a Norma Regulamentadora NR 17 - a Ergonomia tem como objetivo estabelecer parâmetros que permitam a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores e à natureza do trabalho a ser executado, de modo a proporcionar o máximo de conforto, segurança e desempenho eficiente. 14 As características psicofisiológicas dizem respeito a todo o conhecimento referente ao funcionamento do ser humano,incluindo o conhecimento antropológico, psicológico e fisiológico. As condições de trabalho incluem aspectos relacionados ao levantamento, transporte e descarga de materiais, ao mobiliário, aos equipamentos e às condições ambientais do posto de trabalho e à própria organização do trabalho. Com vistas à adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores com deficiência, devem ser avaliados e executados ajustes ou adaptações da maquinaria, equipamentos, estações de trabalho e/ou adequação das tarefas correspondentes ao posto de trabalho, do tempo de trabalho e de sua organização, bem como a adaptação do espaço físico da empresa, organização ou entidade empregadora, com o objetivo de propiciar o acesso ao local de trabalho e facilitar o emprego desse segmento de trabalhadores. Nesse processo, considera-se a palavra do trabalhador como a principal diretiva na busca dessa melhor adequação das condições e organização do trabalho ao homem. O trabalhador com deficiência, portanto, deverá ser considerado como essencial e importante agente das transformações, pois apenas ele poderá confirmar ou não a adequação de soluções propostas pelos técnicos sobre o seu ambiente e organização do trabalho. Se para a Terapia ocupacional, desde a sua origem, a atividade humana cumpre o papel de reestruturar a participação individual, inclusive nas atividades produtivas do trabalho, para a ergonomia, por sua vez, as técnicas, tecnologias, materiais e métodos buscam aumentar a produtividade das organizações de trabalho com segurança, eficácia e conforto para o trabalhador em atividade de trabalho. A inclusão de deficientes no mercado de trabalho requer que sejam feitas adaptações para garantir aos deficientes oportunidades iguais ao serem considerados para ocupar uma vaga de emprego, desta forma, poderão ser capacitados a desempenhar as funções essenciais exigidas. Para que sejam feitas as adaptações de forma correta deve ser feita uma investigação sistemática e individualizada, com a participação do deficiente. O terapeuta ocupacional familiarizado com as intervenções ergonômicas irá reconhecer que 15 esta é uma oportunidade ideal para incorporar uma perspectiva ergonômica que facilite o ajuste entre o funcionário e o emprego. O mesmo autor, considera a ergonomia como o estudo do relacionamento entre o funcionário e o ambiente de trabalho. Diz respeito aos problemas e processos envolvidos no projeto e, alguns casos, na modificação do ambiente para que seja adequado à vida e ao trabalho humano. A participação da pessoa que irá exercer sua ocupação no ambiente é chamada de ergonomia participativa. Desconsiderar estes elementos pode acarretar em falta de cooperação e talvez em fracasso da intervenção ou adaptação. Os terapeutas ocupacionais são especialmente habilidosos na comunicação com pessoas deficientes e ao encorajar sua inclusão e participação social. 1.4 Classificação da ergonomia Ergonomia de concepção ou ergonomia proativa Já na fase de planejamento e concepção dos locais, postos e instrumentos de trabalho se realizam intervenções ergonômicas. É o tipo mais indicado, pois já se pensa em ambientes de trabalho adequados antes mesmo de os trabalhadores começarem suas atividades, não sendo necessário estabelecer alterações em situações previamente estabelecidas. Ou seja, antes de se abrir uma empresa e até mesmo de começar a construção de suas instalações e compra de suas máquinas e equipamentos já se realiza um estudo de base para que se façam essas ações da maneira mais ergonomicamente correta para os trabalhadores. Entretanto não é a maneira mais fácil de trabalhar, visto que as decisões serão tomadas baseadas em situações não reais simuladas em computadores e modelos virtuais. Sendo assim, é exigida uma maior carga de conhecimento e experiência de quem for colocá-la em prática 16 Ergonomia de correção ou ergonomia reativa Aqui as ações serão realizadas em ambientes reais, onde as atividades laborais já são efetuadas. É quando se identificam problemas ergonômicos em algumas funções e são necessárias medidas para saná-las. Em algumas situações a saúde e a segurança dos trabalhadores, está sendo colocada em risco e em outras os problemas estão interferindo diretamente na produção, nos dois casos os problemas têm que ser resolvidos. Um dificultador é que as soluções adotadas muitas vezes não são completamente satisfatórias, exigindo custo elevado de implantação. Ergonomia de conscientização Neste tipo de ergonomia a abordagem é um pouco diferente, os trabalhadores são capacitados, através de treinamentos de reciclagem individuais ou coletivos, para que eles mesmos sejam capazes de identificar e corrigir problemas que possam surgir no dia a dia do trabalho. Ergonomia de participação O usuário do sistema passa a ser envolvido na solução de problemas ergonômicos. Parte-se do princípio básico de que o usuário detém o conhecimento prático que muitas vezes acaba passando despercebido pelo projetista na ergonomia de concepção. Por usuário devemos entender o próprio trabalhador, quando se trata de alterações no posto de trabalho, e o consumidor, quando se trata do produto de consumo. 1.5 Análise Ergonômica de Trabalho (AET) 17 Fonte: www.protecao.com.br É considerada uma ergonomia de correção e foi desenvolvida por pesquisadores franceses. Com o intuito de avaliar a adaptação das condições de trabalho às características psicofisiológicas dos trabalhadores, cabe ao empregador realizar a análise ergonômica do trabalho. Através da aplicação dos conhecimentos da ergonomia se faz a análise, o diagnóstico e a correção de uma situação real do ambiente de trabalho. Sendo assim, inicialmente se compreende as atividades dos trabalhadores, posteriormente se identifica um problema ou uma situação problemática e por fim se realiza um diagnóstico que relaciona os diversos determinantes das atividades e suas consequências, tanto para os trabalhadores quanto para o sistema. Podemos concluir que a AET não pode ser realizada para toda a empresa, ela deve ter uma elaboração localizada para cada setor da empresa. São feitas análises de uma situação de trabalho com o intuito de adaptar o homem as: Condições de regulação no trabalho pausas, flexibilidade, paradas e ginástica pré-laboral. Condições técnicas estruturas gerais do sistema de produção, fluxo de produção e sistemas de controle; Condições ambientais estuda- se o layout, mobiliário, ruído, iluminação e temperatura; 18 Condições organizacionais horas de trabalho, turnos, índice de retrabalho, dificuldades operacionais ambientais e organizacionais; Condições cognitivas são as exigências na realização do trabalho, controle, qualidade e inspeção; A AET se divide em cinco etapas, são elas a análise de demanda, a análise da tarefa, a análise da atividade, o diagnóstico e as recomendações. Análise de demanda É o momento inicial da análise ergonômica, aqui se busca entender a empresa e levantar os problemas existentes que precisam ser sanados. Para obter os dados necessários é preciso buscar fontes e meios seguros de informações sobre a demanda, fazendo consultas a alguns serviços da empresa como os serviços de medicina e segurança do trabalho, departamento de recursos humanos e departamento de engenharia industrial. A procura é por dados estatísticos referentes a doenças ocupacionais, acidentes, taxas de absenteísmo e de rotatividade, índices de rotatividade e organogramas. É realizada uma visita para reconhecimento da situação de trabalho. Entanto antes deve-se fazer uma preparação que consiste em informar os trabalhadores da visita e do estudo ergonômico que será realizado, conhecer previamente o funcionamento da instituição,verificar a importância do problema formulado e prever visitas complementares em empresas do mesmo grupo ou ramo de atividade. Análise da tarefa Refere-se a um planejamento do ofício e pode estar contida em documentos formais como procedimentos operacionais e descrição de cargos. Nesta fase, são analisadas a tarefa prescrita, cujos objetivos e métodos são definidos por instruções, e a tarefa real. Ou seja, todos os processos do trabalho prescrito são avaliados e o trabalho executado também. Uma maior 19 ênfase é dada na análise do trabalho real, o intuído principal é levantar as diferenças entre os dois tipos de tarefas. Dessa forma, são identificados os diferentes aspectos da realidade do trabalho e as dificuldades são salientadas. Análise da atividade Aqui será feita uma avaliação de como o homem se comporta no ambiente de trabalho. É o passo a passo que o indivíduo executa para alcançar os objetivos de produção. As atividades que os trabalhadores exercem são influenciadas por fatores interno e externos. Entre os fatores internos podemos citar as características do trabalhador quanto à formação, experiência, idade, sexo, medidas antropométricas, disposições momentâneas como motivação, sono / vigília e fadiga. Já os fatores externos fazem referência às condições em que as atividades são executadas como as condições ambientais de trabalho (ruído, calor, vibração, iluminação, gases e poeiras), as condições técnicas do trabalho (materiais, máquinas, ferramentas, documentos, softwares) e as condições organizacionais de trabalho (trabalho noturno, pausas, horários e ritmo de trabalho) 20 2 DOENÇAS OCUPACIONAIS Fonte: www.dsmtsinait.org.br Quem trabalha, certamente já teve alguns colegas ou amigos que se afastaram do trabalho por estar sofrendo de Doenças Ocupacionais, mas você sabe quais são essas doenças e como se manifestam nos trabalhadores? A Doença Ocupacional é toda aquela doença que causa alteração na saúde de qualquer trabalhador, em qualquer área de execução do serviço, desde as tarefas mais simples, até as mais complexas. E deve estar sempre relacionada ao tipo de ocupação que o trabalhador exerce, como o câncer que se desenvolve em trabalhadores de minas de metais ou carvão. Qualquer tipo das doenças ocupacionais pode ser adquirido através de exposição do paciente a diversos tipos de agentes nocivos como radioativos, físicos, biológicos e químicos. Porém, em situações que esses agentes estejam em níveis além dos tolerados pela lei e ainda que a pessoa portadora da doença tenha sido exposta a eles sem a proteção adequada. Há diversos tipos de doenças ocupacionais. Porém, as mais comuns são aquelas relacionadas ao sistema respiratório e as de pele, como: Asbestose, câncer de pele ocupacional, silicose, dermatite de contato e muitas outras. 21 Doença profissional é aquela produzida ou desencadeada em razão da realização de trabalho específico a uma determinada atividade, e que conste na lista elaborada pelo Ministério da Previdência Social. Já a doença do trabalho não é específica de uma determinada função ou profissão, mas tem origem (ainda que não exclusivamente) nas atividades desenvolvidas pelo sujeito, relacionando-se diretamente com as suas funções e originando-se em razão de condições peculiares em que o trabalho é desenvolvido. Fonte:www2.arsalgarve.min-saude.pt 22 2.1 Principais doenças ocupacionais Fonte:vivamelhoronline.com LER – Lesão por Esforço Repetitivo Ao falar de doenças ocupacionais, talvez, a primeira delas que venha à mente seja a LER. Causada pelo exercício prolongado e repetitivo de determinado movimento, ela reduz gradativa e significativamente a capacidade do indivíduo para o trabalho, podendo levar à aposentadoria por invalidez. Na classificação das doenças ocupacionais, ela está inserida no grupo das chamadas doenças do trabalho, pois, embora se relacione diretamente com a função desenvolvida pelo colaborador, não é ínsita à determinada profissão, mas pode ser desenvolvida por qualquer pessoa, em qualquer ramo, mesmo que não seja empregado. Em razão de sua lenta progressão, muitas vezes, ela passa despercebida, só sendo notada quando em estágio avançado. Para prevenir-se, o ideal é fazer pausas para descanso durante a atividade e praticar a chamada ginástica laboral. 23 Asma Ocupacional Causada pela inalação de agentes tóxicos que causam alergia, a asma se caracteriza pela obstrução das vias respiratórias do trabalhador por poeiras de substâncias como algodão, borracha, linho, madeira, etc. É a doença respiratória mais comum relacionada ao trabalho. Fonte: www.ouvidonarizegarganta.org.br A sua prevenção depende, em grande medida, da utilização de adequados equipamentos de proteção individual. A eficácia do tratamento, quando a patologia já está instalada, depende do afastamento do trabalhador dos agentes causadores da obstrução de suas vias áreas. Dermatose ocupacional É uma doença do trabalho, que se caracteriza por alterações na pele e na mucosa do trabalhador, em razão da sua exposição a determinados agentes nocivos durante o desempenho de suas atividades laborais, como a graxa ou 24 óleo mecânico, por exemplo. O termo engloba os seguintes males: dermatite de contato, ulcerações, infecções e cânceres. A sua prevenção depende da utilização contínua de EPI — Equipamento de Proteção Individual —, e o tratamento reclama o afastamento do trabalhador de suas funções habituais e do contato com os agentes nocivos. Surdez temporária ou definitiva Fonte: vivamelhoronline.com Caracterizada pela perda da sensibilidade auditiva em razão da intensa e prolongada exposição a ruídos. É uma doença do trabalho, pois, embora possa se relacionar diretamente com o exercício da atividade profissional, não é típica de uma função específica, mas pode ser desencadeada por qualquer pessoa submetida às mesmas condições, independentemente de sua ocupação laboral. Como a maioria das doenças ocupacionais, pode ser eficazmente evitada se utilizados equipamentos de proteção individual, como protetores auriculares. É comum entre os operários da construção civil e trabalhadores de salão de beleza, expostos diariamente a ruídos exaustivos. Se em estágio avançado, a surdez pode se tornar irreversível. 25 Antracose Pulmonar Fonte: fechadocomaseguranca.com.br Doença do trabalho, incidente em trabalhadores das carvoarias, submetidos à inalação contínua de agentes causadores de lesões pulmonares. Embora seja comum nesse segmento profissional, ela não é exclusiva dessa categoria de trabalhadores, podendo ocorrer em qualquer pessoa moradora de grandes centros urbanos. O tratamento exige o afastamento do trabalhador do agente patógeno. DORT – Distúrbios Osteomusculares relacionados ao Trabalho 26 Fonte: http://educaimg.org.br Inserido, muitas vezes, na mesma categoria das LER, os DORT são caracterizados pela contínua postura inadequada, causando dor crônica que, se não tratada, tem a tendência de se agravar ao longo do tempo, causando a invalidez do trabalhador. O DORT, diferentemente da LER (que pode ocorrer em qualquer atividade, mesmo não relacionada ao trabalho), só pode ocorrer no ambiente de trabalho, sendo caracterizado pelas condições inadequadas em que a função laboral é realizada. Para combatê-lo, uma excelente dica é a prática de atividade física, promovendo o fortalecimento dos músculos e o cuidado com a postura. Assim, as chances de sofrer desse mal tornam-se muito menores, e os riscos podem ser eficazmente controlados. Como vimos, além de atender à legislação sobre medicina e segurança do trabalho, cuidar da saúde dos colaboradores é uma conduta que traz ganhos para ambos os sujeitos da relaçãotrabalhista: tanto empregados quanto empregadores. Para os colaboradores, a sua integridade física e psíquica reflete no seu bem-estar e na sua capacidade para o trabalho, o que, além de beneficiá- lo, também trará ganhos para a empresa. Sentir-se bem-disposto vai influir na produtividade do profissional e combater o absenteísmo no trabalho. http://blog.gympass.com/beneficio-atividade-fisica-motiva-colaboradores/ http://blog.gympass.com/diminuir-o-absenteismo-nas-empresas/ 27 Por isso, além de ser medida humanitária, o zelo pelas ideais condições em que o trabalho é desenvolvido também é uma estratégia para as empresas que pretendem elevar seus resultados comerciais e reduzir custos. A incidência de doenças ocupacionais, além de elevar a carga tributária da organização, ainda promove gastos com franquias de plano de saúde, indenizações e com o pagamento de salários e demais consectários, mesmo nos períodos de afastamento do trabalhador. Dessa forma, a empresa deve estar sempre atenta à qualidade do ambiente de trabalho, quer seja para evitar a ocorrência das doenças ocupacionais ou para otimizar a produtividade do seu corpo funcional e os resultados da própria organização. 2.2 Diagnóstico Fonte: www.portaldoservidor.go.gov.br Inicialmente é feito um levantamento dos problemas existentes no ambiente laboral e posteriormente avaliada a população dos trabalhadores, com suas características peculiares, e as tarefas prescritas, as reais e o comportamento do homem no trabalho. A partir destes dados levantados se http://blog.gympass.com/reduzir-custos-plano-de-saude-para-funcionarios/ http://blog.gympass.com/problemas-de-saude-produtividade-no-trabalho/ 28 estabelece diagnósticos situacionais, os quais se tornam norteadores no processo de elaboração de um plano de ação de intervenção. Quando as recomendações já estão definidas não se deve esquecer de determinar metas a serem alcançadas e prazos para serem cumpridos. A realização de uma intervenção ergonômica tem por finalidade transformar a situação de trabalho e permitir um melhor conhecimento sobre a atividade real do trabalhador. Ao se identificar os pontos de desequilíbrio entre o ambiente de trabalho e o homem é possível questionar as relações saúde/trabalho e suas consequências negativas, como doenças profissionais e do trabalho e os acidentes de trabalho e também as exigências da produção quanto à quantidade e qualidade. Com todo este levantamento, as medidas de proteção adequadas podem ser pensadas e colocadas em prática. Dentre os benefícios gerados pela ergonomia podemos citar: aumento da produtividade e qualidade do produto, redução das faltas dos trabalhadores devido a acidentes e doenças ocupacionais, satisfação, motivação e conforto do trabalhador e redução da rotatividade dos empregados. O diagnóstico da doença não é da competência do terapeuta ocupacional, mas os dados de sua avaliação, bem como os de evolução clínica e do impacto emocional da doença na vida do trabalhador, podem guiar o médico especialista num completo e fiel diagnóstico, que pode ser diferente do inicial. As lesões por esforços repetitivos (LER/DORT), têm sido a grande causa de licença por afastamento do serviço, em indústrias que utilizam intenso trabalhos com as mãos, por exemplo em linhas de montagem. Para reduzir o adoecimento relacionado ao trabalho é crucial identificar os problemas relacionados às tarefas específicas do trabalhador e suas características individuais. O processo de recuperação do paciente acometido por LER envolve aspectos tanto de ordem médica como de outros profissionais. A variedade do tratamento é ampla e depende do estágio em que se encontra a doença. Pode ser indicada desde uma cirurgia até uma simples imobilização com terapia anti- inflamatória, entre outros recursos. 29 Fonte: Fonte: interfisio.com.br Os fatores de risco são de dois tipos em média de caráter biomecânico como: repetitividade, movimentos manuais com empregos de força, posturas inadequadas dos membros superiores, pressão mecânica localizada por contato e uso de ferramentas manuais. E de caráter psicossocial como sendo: grande pressão do trabalho, baixa autonomia, ou seja, pouco controle sobre o seu trabalho, falta de ajuda ou apoio de colegas de trabalho e pouca variedade no conteúdo da atividade (LIMA,2004). O Terapeuta tem como objetivo maximizar a capacidade do trabalhador minimizando os riscos. Estão entre as metas: 1. atingir níveis ótimos em tolerância física e capacidade; 2. maximizar o funcionamento cognitivo e psicossocial; 3. desenvolver comportamentos apropriados no trabalhador; 4. reduzir o medo e aumentar a confiança na retomada do trabalho produtivo; 5. identificar problemas que possam necessitar de colocação em um emprego alternativo. Os critérios analisados pelos terapeutas seriam o histórico médico, fariam uma entrevista com o trabalhador, descrição do emprego com suas principais demandas, avaliação da dor, avaliação física, posturas e mobilidades no trabalho 30 como: força, sensação, coordenação, questões como erguer, alcançar, empurrar, carregar, puxar, inclinar, agachar, ajoelhar, rastejar, ficar em pé ou sentada (PEDRETTI e EARLY,2005).Para Ferreira e Santos (2001), os terapeutas atuam desde a abordagem clínica das patologias inflamatórias relacionadas ao trabalho quanto nos procedimentos de uma avaliação inicial que determinará os objetivos de tratamento e as metas finais de retorno ao trabalho, às atividades de vida diária e de vida prática para cada paciente individualmente. O tratamento deve ser dividido em etapas de acordo com o grau de lesão, intensidade dos sintomas e grau de tolerância do paciente. As etapas serão modificadas de acordo com a regressão dos sinais inflamatórios, melhora da força do paciente, culminando com restabelecimento da função e retorno ao trabalho. O tratamento foi dividido em estágios, o primeiro o paciente continua com sua atividade produtiva tanto quanto possível valendo-se de modificações viáveis no ambiente e posturas de trabalho, uso de órteses e dos conceitos de autocontrole da dor e relaxamentos. Enquanto no segundo estágio da doença o terapeuta ocupacional deverá focar seus objetivos de tratamento principalmente em auxiliar o trabalhador a encontrar recursos pessoais de modificação de hábitos de vida diária e lazer de autoconhecimento de seu corpo e de como este reage às agressões externas (físicas e psíquicas). Os grupos de reflexão com técnicas psicodinâmicas são instrumentos muito importantes, para o trabalhador buscar uma nova identidade, se necessário um redirecionamento da atividade profissional. Em atividades grupais a instilação de esperança proporciona resultados no plano individual aumentando a duração da participação diária do funcionário na empresa, aumentando as tolerâncias físicas até o nível das principais demandas do emprego, melhorar a postura e a mecânica corporal, desenvolver estratégias de controle da dor, desenvolver capacidades de solucionar problemas para a autoadministração no local de trabalho e facilitar comportamentos apropriados para o trabalhador (PEDRETTI e EARLY,2005). 31 Fonte:bancariosmt.com.br Segundo Assunção e Almeida (2003), as DORT aparecem, principalmente, quando há um desequilíbrio entre as exigências das tarefas e as margens deixadas pela organização do trabalho para o trabalhador, durante a execução de suas atividades, obrigando o trabalhador a mobilizar suas competências dentro de suas possibilidades. O trabalhador pode conseguir regular a repetição dessa ação de exigência biomecânica por meio de quatro mecanismos: alívio do esforço, alternância de exigências, descanso entre jornadas e por meio do hormônio somatotrófico, o qual atua durante o sono sobre os tecidos lesionadosao longo do dia, removendo as células mortas e restaurando a integridade tecidual. Entretanto, dependendo do nível de exigência da atividade, a regulação não é possível de ser alcançada (SILVA, 2009). Dessa forma, ocorrem alterações musculares, tendíneas e neurológicas – fadiga muscular, ruptura de miofibrilas, processo inflamatório, aumento de potássio e de cálcio intracelular, tração muscular, compressão contra tecidos, atrito nos tendões e entre as estruturas vizinhas – que ocasionam diminuição de força muscular e processo de dor crônica, quadro clínico que corresponde à DORT (SILVA, 2009). 32 Fonte: www.jcuberaba.com.br A inexistência de pausas pode ser considerada uma das principais causadoras desse quadro, pois, segundo Przysiezny (2000) e Verthein e MinayoGomez (2000), o trabalhador que, entre outros aspectos, inclui intervalos para descanso durante a jornada de trabalho apresenta maior probabilidade de desempenhar suas atividades sem prejuízo de sua saúde. O mesmo autor complementa que uma organização do trabalho adequada não apresenta alta incidência de patologias musculoesqueléticas. 3 INTERVENÇÕES EM TERAPIA OCUPACIONAL A intervenção Terapêutica Ocupacional se desenvolve através de atividades terapêuticas com enfoque educativo, preventivo, curativo ou reabilitador em uma abordagem individual ou grupal objetivando possibilitar a redução da fadiga, do cansaço, desgaste do trabalhador, acidente de trabalho e o absenteísmo e aumentar o conforto, a motivação, a produtividade, a rentabilidade e a satisfação com o seu trabalho, entre outros. A Terapia Ocupacional utiliza como tratamento a ocupação, trazendo assim, muitos benefícios aos indivíduos, como por exemplo, estimular seus interesses, seus pensamentos, suas reflexões, sendo esta uma forma de 33 tratamento mais durável e eficaz, levando em conta, principalmente, as necessidades físicas, mentais e socioculturais de cada indivíduo. A Terapia Ocupacional já vem desenvolvendo suas atividades em empresas nos mais diversos programas que visam a saúde do trabalhador propiciando a melhoria da produtividade, das condições de trabalho, do desempenho profissional por parte do funcionário. A Terapia Ocupacional utiliza-se de técnicas associadas às atividades com o objetivo de estimular a participação bio-psico e social do indivíduo. Entre essas técnicas estão as atividades lúdicas, laborativas e/ou reeducativas, atividades artesanais, artísticas, corporais, lazer, cotidianas, sociais e culturais, dependendo do objetivo do tratamento (primário, secundário ou terciário). No Nível Primário ou Preventivo o Terapeuta Ocupacional busca analisar o processo de trabalho, conhecendo detalhadamente a função de cada trabalhador sugerindo aos responsáveis pela empresa ou instituição, quando necessário, a modificação no processo do mesmo (ambiente, organização, rotina, mobiliário, etc). Este trabalho é realizado sob a supervisão do Terapeuta Ocupacional no ambiente de trabalho e sob a forma de palestras educativas, informativas, conscientizando o funcionário sobre a importância do uso dos equipamentos de proteção individual (EPI), sobre patologias relacionadas ao trabalho e de uma postura adequada na realização do mesmo. Neste nível o Terapeuta Ocupacional utiliza-se de um programa de atividades terapêuticas como ginástica laboral, dinâmicas de grupos, exercícios de alongamento e relaxamento visando a prevenção ou diminuição de acidentes e doenças ocupacionais, promovendo uma melhor relação interpessoal (trabalhadores x trabalhadores, trabalhadores x empresa), proporcionando momentos de satisfação, recarga do potencial energético, lazer e autoconhecimento, aumentando assim a produtividade, a motivação, a diminuição do absenteísmo e vencer situações geradoras de stress. No Nível Secundário ou Curativo o Terapeuta Ocupacional realiza uma avaliação do trabalhador, observando aspectos como dor, limitação da amplitude de movimento (ADM), presença de encurtamentos, força muscular (FM), coordenação motora e níveis de stress, objetivando o interesse pela atividade 34 que exerce, trabalhando os aspectos alterados através do processo terapêutico individual e/ou grupal, utilizando atividades auto assistidas, ativas e ativo- resistidas, atividades auto expressivas, lúdicas, artesanais, alongamentos, relaxamentos, além de orientações para as atividades de vida diária e de vida prática. Fonte: www.puc-campinas.edu.br Quando o trabalhador se encontra neste nível deve ser afastado do trabalho ou remanejado para realizar outra atividade. No processo Terapêutico Ocupacional, devemos proporcionar ao homem não só a recuperação do corpo, naquilo que for possível, mas antes de tudo de si mesmo. No Nível Terciário ou Reabilitador o Terapeuta Ocupacional trabalha aspectos alterados, contribuindo para a prevenção de deformidades e para a manutenção da capacidade residual, promovendo, quando necessário a troca de lateralidade, indicando junto ao trabalhador e à equipe uma nova função (readaptação/remanejamento), ou a indicação de órteses ou próteses que facilitem o desempenho das diversas atividades como as atividades de vida diária (AVD) e atividades de vida prática (AVP), o Terapeuta Ocupacional acompanha cada trabalhador a nova e/ou antiga função. O trabalho humano sempre foi uma atividade altamente valorizada pela Terapia Ocupacional a ponto de ser quase comparado a um remédio, a algo 35 benéfico em si mesmo. A inserção do homem no mundo do trabalho acaba por ser um dos principais objetivos nas intervenções, ajudando a sustentar por muito tempo na história da Terapia Ocupacional a ideia de que o homem saudável é aquele que trabalha, aquele que é útil e produtivo do sistema econômico vigente. A saúde do trabalhador é uma área em que a Terapia Ocupacional vem desenvolvendo, contribuindo, conscientizando e obtendo resultados satisfatórios, com o trabalho preventivo, curativo e reabilitador, sendo uma ciência em ascensão, construindo e instrumentalizando a autonomia social e a qualidade de vida do trabalhador. 4 RECURSOS TERAPÊUTICOS EM TO Os recursos terapêuticos podem facilitar a realização de atividades, de forma a promover a independência pessoal e a melhora da funcionalidade e qualidade de vida. A escolha de uma atividade requer um equilíbrio entre as necessidades e interesses do paciente, o repertório pessoal de habilidades possuído pelo terapeuta e as exigências do modelo ou abordagem que o terapeuta escolhe trabalhar. O que deve ser considerado: A habilidade do indivíduo Ajuste das necessidades Solução de problemas Fornecer experiências Melhorar uma habilidade Estimular um interesse Promover independência Encorajar uma interação Estimular a exploração Fornecer oportunidades para a escolha 36 Atividades: Atividades artesanais, Atividades expressivas, Atividades lúdicas, Atividades socioculturais, Atividades profissionais, Atividades Básicas da Vida Diária, Atividades de Instrumentais da vida diária, Atividades psicopedagógicas, Atividades adaptadas com o auxílio da tecnologia assistiva. Adaptação ambiental e Desenho Universal O terapeuta ocupacional avalia o desempenho funcional do indivíduo dentro de sua casa ou trabalho, além de verificar quais são os ambientes de riscos para quedas. Nosso foco é respeitar a relação entre funcionalidade, segurança, qualidade, conforto, preferências e significado que o indivíduo atribui ao seu ambiente. A intervenção terapêutica ocupacional pode variar desde a instalação de barras de segurança em torno do assento sanitário e elevação de sua altura, colocação de tapetes ou fitas antiderrapantes em locais de risco ou indicação de pias, fogões e mesas onde há possibilidade de aproximação da cadeira de rodase alcance de prateleiras. Em alguns casos podem ser indicadas ajudas técnicas (tecnologia assistiva) - como por exemplo cadeiras-elevadores em casos de inviabilidade da instalação de elevadores, ou torneiras, luzes, descargas e lixos acionados por sensor de movimento. 37 Fonte:grupocontrole.eco.br Nossa visão não consiste em criar projetos apenas baseados em normas técnicas, mas sim aplicar o conceito do desenho universal para que o maior número de pessoas possam usufruir do ambiente, quebrando a ideia do “espaço adaptado para deficientes” e transformando o ambiente em acolhedor, estético, seguro, confortável, belo e que possa atender o maior número possível de pessoas, sejam elas com mobilidade reduzida ou não. Atendimento em Grupo de Terapia Ocupacional O atendimento em grupo de Terapia Ocupacional visa expandir a vivência individual e adicionar à experiência de cada participante. A troca de vivências e o convívio entre os integrantes têm como objetivo manter o indivíduo o mais ativo e independente possível, restaurar e melhorar o status ocupacional. 38 Fonte:www.crefito2.gov.br O terapeuta ocupacional tem o papel de facilitador e interlocutor entre os participantes do grupo possibilitando a partilha de experiências, habilidades e dificuldades, e o resgate e valorização da identidade pessoal e cultural. As atividades realizadas são previamente analisadas, programadas e estruturadas de acordo com a demanda do grupo e visam estimular a capacidade para realização das AVD’s, que incluem funções cognitivas e habilidades sensório-motoras. Ao interagir com os recursos terapêuticos oferecidos pelos nossos profissionais os participantes ganham em autonomia, acolhimento e respeito. 39 5 COMO EVITAR DOENÇAS OCUPACIONAIS Fonte:www.dpunion.com.br A prevenção é a palavra de ordem. Por isso, a empresa deve se preocupar em usar todos os seus canais de comunicação com o trabalhador para alertá-lo sobre a importância de seguir as normas de segurança, com uso dos equipamentos e postura adequada para o ambiente laboral. Para atividades de escritório, é fundamental se atentar ao tipo de mobiliário oferecido ao trabalhador para que desenvolva seu trabalho com uma correta acomodação ergonômica. O mal posicionamento ao longo da jornada de trabalho pode gerar complicações crônicas. Para atividades industriais, a manutenção prévia de máquinas e a substituição de aparelhos de proteção dentro dos prazos corretos são fundamentais. O descanso é fundamental para que o trabalhador não desenvolva transtornos físicos e mentais por excesso de trabalho. Por isso, é preciso que a empresa organize um programa de repouso para que eles recuperem as energias. O cansaço não só gera doenças psicológicas e por esforço repetitivo, como aumenta muito o risco de acidentes de trabalho. As doenças psicológicas, inclusive, são as principais vilãs da saúde do trabalhador no ambiente moderno de trabalho. Com o uso da tecnologia, acidentes químicos, quedas e ferimentos de variados tipos puderam ser 40 controlados de maneira mais eficaz. Por outro lado, o estresse e lesões por esforço repetitivo se tornam cada vez mais comuns. Para evitar as chamadas LER, a empresa deve incentivar entre os trabalhadores a prática de atividades físicas regulares, que fortalecem a saúde dos ossos, ligamentos e músculos, partes do corpo mais prejudicadas pela atividade repetitiva. Além do que, a prática de esportes favorece a socialização e a qualidade de vida como um todo. Sempre que os trabalhadores forem submetidos a exames médicos a pedido da empresa, eles precisam estar a par dos resultados. O setor de recursos humanos deve conscientizá-los de sua condição para que, caso seja necessário, reavaliem seu modo de vida e postura no trabalho. As empresas têm, junto ao trabalhador, a missão de tornar o ambiente de trabalho um local mais seguro e produtivo. A qualidade de vida no trabalho tem sido uma preocupação do homem desde o início de sua existência com outros títulos em outros contextos, mas sempre voltada para facilitar ou trazer satisfação e bem-estar ao trabalhador na execução de sua tarefa” Moretti e Treichel (2003) A manutenção de postura e repetição de movimentos são fatores facilmente identificados nos processos de trabalho atuais, esses podem relacionar-se também com o surgimento de dor e desconforto corporal. De forma que, segundo De Paula (p.126, 2016) “a realização de qualquer trabalho exige, por parte do trabalhador, participação do corpo inteiro, o que pode sobrecarrega- lo ao longo da jornada de trabalho”. De acordo com Da Silva et al (2016), sob essa perspectiva, vêm sendo implantadas políticas e ações na área de Saúde do Trabalhador a fim de promover a saúde no ambiente de trabalho, reduzindo acidentes e exposição a riscos de trabalho, sendo, portanto, fatores observados na casualidade dos afastamentos, juntamente com as doenças ocupacionais, estas que surgem com o reforço excessivo de sobrecarga de trabalho, dor e desconforto corporal no ambiente de trabalho. A partir de avaliações ergonômicas realizadas nos postos de trabalho é possível traçar um plano de intervenção que aborde as necessidades físicas, cognitivas e organizacionais envolvidas no ambiente laboral. Para estas 41 necessidades são elaborados critérios de execução, dentro desses podem ser planejadas ações que supram os critérios e facilitem o labor. O Método de Análise Ergonômica do Trabalho (AET) propõe uma avaliação que consiste no diagnóstico real e situacional da atividade laboral e dimensiona características físicas e mentais de acordo com cada tarefa realizada. Permite, após sua aplicação, delimitação concreta dos fatores de risco e eficácia em um dado local, facilitando o conforto e segurança no trabalho. A ginástica laboral, programas esportivos, eventos de cultura e lazer, intervenções ergonômicas, apoio emocional e cuidados com alimentação podem ser ações realizadas nas empresas a fim de favorecer a Gestão da Qualidade de Vida no trabalho. Dessa maneira, programas como a promoção de saúde no trabalho fomentados pela Ergonomia auxiliam na redução de fatores que levam o trabalhador ao risco ocupacional e ao afastamento da atividade laboral em decorrência da exposição ao risco (BARBOSA et al.,2014). Fonte:www.unifesp.br As ciências que estudam os processos de trabalho, fomentam revoluções no âmbito laboral. Dentro de suas atribuições, o Terapeuta Ocupacional do 42 Trabalho, utilizando os princípios da Política Nacional da Saúde do Trabalhador, fundamentados nos conhecimentos técnicos e científicos da Ergonomia, e na Classificação Internacional de Funcionalidade (CIF), tem como competência promover ações profissionais, de alcance individual e/ou coletivo, de promoção à saúde (ações informativas de educação em saúde) e prevenção da incapacidade, na perspectiva do direito à saúde e da participação social como instrumento da recuperação da saúde ocupacional (COFFITO, 2015). 43 6 BIBLIOGRAFIA BARBOSA, P. H. et al. Doenças osteomusculares relacionadas ao trabalho e à ginástica laboral como estratégia de enfrentamento. Archives of Health Investigation, v. 3, n. 5, 2014. COURTS, R. B. Splinting for symptoms of carpal tunnel syndrome during pregnancy: Journal Hand Therapy. Philadelfhia, v.6, p. 31-34, jan-mar. 1995. DE CARLO, M. R. P.; BARTALOTTI, C. C. 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