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2.1 Estado e especificidade histórica
Historicamente o Estado pode ter sua origem definida por dois principais pontos hipotéticos, revela o autor Alysson Leandro Mascaro. Uma delas é de que a burguesia teria planejado sua criação, a fim de ter um “aparato político para si”. Uma outra especulação é de que a política estatal surgiu ao “acaso”. 
Em ambos os casos citados, Alysson Mascaro afirma que não há fundamento, e garante que se é que existe uma relação entre Estado e capitalismo, isso é bem mais complexo. Alysson alega que a relação entre o capitalismo e o Estado se dá mais por questão estrutural, do que pelo voluntariado burguês ou de forma ocasional. 
O primeiro termo usado pelo autor para falar sobre a origem do Estado é a relação de “forma-valor”. De maneira simples, seria a relação infinita de troca de mercadorias bem como a questão de exploração dos proletários e sua força de trabalho mediante contrato. Por isso se fez necessário estabelecer um novo ‘poder’ que não faz parte de nenhum dos lados. Nem da classe burguesa nem dos trabalhadores. Por isso o estado surge para defender os interesses em comum da sociedade. 
Ainda sobre os primórdios do Estado, para Alysson é necessário fazer uma separação fundamental entre a atual política estatal, ou seja, da política moderna, das outras instituições políticas embrionárias, que ele chama de pré-capitalistas. 
Neste ponto, se destaca que as instituições de Estado do pré-capitalismo são quase indissociáveis do poder econômico. Ao citar o primeiro exemplo, que foi o modo de produção escravista, Alysson mostra que a relação entre os senhores ocorre de maneiras específicas, dependendo de cada sociedade. A um caso centralizado, no caso da egípcia, e casos mais pulverizados, como as gregas e romanas. 
Porém, em ambos, não é possível identificar o poder nem uma administração compartilhada terceira que seja desassociada do senhorio. Tinha apenas condições particulares de mando senhorial compartilhado que se fazia necessário uma política comum, mas sem voz aos escravos ou institucionalizada, que surgiu apenas no capitalismo. 
A diferença entre a política moderna e a política antiga é qualitativa e não quantitativa. Um outro exemplo que o autor mostra da diferença da política antiga é o Senado romano, que não tinha o mesmo objetivo que o senado que conhecemos nos dias atuais. Na época o foco era defender não os interesses da sociedade, e sim dos seus próprios interesses. 
Mesmo que na antiguidade se fez necessário uma complexa política para a circulação de mercadorias, isso não chega a ser aplicado aos escravos, tendo em vista que o trabalho não era reconhecido como mercadoria. 
Apenas quando a força de trabalho passa a ser reconhecida como mercadoria e passa a ser uma forma de reprodução social é que os modelos políticos antigos passam a ser estatal. 
Idade Média 
Já na Idade Média europeia o poder político e econômico também são inseparáveis, de modo que os senhores feudais tomam para si os poderes sociais e quase não sobram outras formas de mediação ou imposição social. 
O autor cita ainda que há nesta época o poder da igreja (clerical), mesmo assim esses não concorriam com o poder econômico e de toda forma atendiam os interesses fixados pelos senhores feudais.
Idade Moderna
Neste momento ocorre a chamada transição para a política estatal. Enquanto na Idade Média esta forma política é desconhecida e na Idade Contemporânea é totalmente assentada no Estado, a Moderna já se pode notar característica como a classe burguesa, troca intensa de mercadorias, mas há uma “política absolutista”, ou seja, com privilégios para um único grupo social. 
Assalariado 
As bases da forma política estatal surgem com o sistema geral de trabalho assalariado. É com as revoluções burguesas que se darão os contornos exatos do Estado. 
Relata o autor que neste ponto da história que se cortam os últimos laços de concentração de poderes no rei e se constitui um terceiro poder, o Estado, necessário em relação aos indivíduos e às classes. Em resumo, “o Estado surge historicamente antes; a forma política estatal surge depois”.
Diferenças 
A política antiga existia para era meramente funcional da administração direta do senhorio, já o aparato atual se deu por uma necessidade estrutural do sistema de trocas. 
Sabe-se que a reprodução social precisa de uma forma política separada de todos os agentes privados da produção. Enquanto na época a aparelhagem “pública” só existia para a vontade e estabilidade dos interesses dos próprios senhores. 
Enquanto aos escravos não tinham possibilidade de referência ou articulação em face do Estado. Portanto, para o autor as formas políticas antigas eram menos “Estado” e mais “clube” de encontro das vontades senhoriais.

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