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A Filosofia da Ciência de Francis Bacon

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TAREFA: 01 
NOME: Heberton Camilo de Freitas 
PROFESSOR(A): Gustavo Leal Toledo 
TUTOR: Horácio Rosa Vieira 
POLO: Patos de Minas 
 
1. Usando as aulas, as apostilas, os vídeos e os demais materiais 
bibliográficos disponíveis, escolha um filósofo ou grupo filosófico (Círculo de 
Viena, Karl Popper, Thomas Kuhn, Paul Feyerabend, Francis Bacon, René 
Descartes) e disserte sobre ele em um texto de sua autoria, com no máximo 04 
páginas e incluindo bibliografia (como aprendido na disciplina de Metodologia). 
Tal texto deve explicar a posição filosófica do autor, não a sua vida ou suas 
circunstâncias, mas sim sua teoria sobre ciência. Deve abordar questões do 
tipo: O que ele defende? Contra quem está defendendo isso? Quais argumentos 
utiliza para fundamentar tal defesa? Em que princípios estes argumentos estão 
embasados? Como estes argumentos se encadeiam? Quais são as falhas e 
pontos cegos em seus argumentos? Como ele foi criticado? Quais exemplos ele 
usa para iluminar seus argumentos? 
 
O filósofo inglês Francis Bacon é amplamente conhecido como um dos 
fundadores da ciência moderna. Bacon nasceu em Londres e além de ser reconhecido 
como um grande filósofo, ele também desempenhou papéis políticos em sua época, 
exercendo diferentes cargos, como quando foi eleito para a câmara dos comuns, em 
1584. Acerca de suas abordagens no campo da filosofia, Bacon possuía uma visão 
de que a ciência deveria caminhar no sentido de se tornar um grande benefício para 
a humanidade. Nessa perspectiva, Bacon entendia a ciência como um instrumento de 
extrema importância para o desenvolvimento da sociedade moderna, já que deveria 
assegurar ao homem o domínio sobre a natureza, por meio do conhecimento. E é 
neste sentindo que o pensamento desse filósofo ainda encontra lugar nos dias atuais, 
a partir da visão de mundo com relação aos inúmeros ramos das ciências e seus 
benefícios no cotidiano da sociedade contemporânea. 
A partir desse panorama apresentado, é possível dizer que a filosofia de 
Francis Bacon em relação à ciência, tinha como objetivo central a realização da 
Instauratio magna (grande restauração). Esta consistia em uma série de novos 
 
 
tratados metodológicos, partindo do ponto de vista em que se encontrava a ciência da 
época, substituindo os métodos antigos, sobretudo a lógica aristotélica, por uma nova 
visão da ciência, modernizando a forma e o modo de se estruturar o pensamento e o 
conhecimento. 
No que tange às críticas realizadas por Francis Bacon ao status quo da ciência 
de sua época, o filósofo às dirigia sobretudo ao método indutivo de Aristóteles e ao da 
Escolástica, Oliveira (2002) ressalta, no entanto, que crítica recaí mais sobre os 
aristotélicos, pois estes não se importavam com a observação e seu método ficava 
apenas no campo da linguagem, segundo Bacon. O principal argumento que 
fundamentava a crítica de Bacon a esses métodos se estruturava a partir da ideia que 
o filósofo tinha de que esse conhecimento não se desdobrava em resultados práticos 
para o cotidiano da vida dos homens. Para Bacon, esse método apenas demonstrava 
verdades, mas não necessariamente contribuía para a geração de conhecimento, já 
que só analisa a mente humana e não a natureza das coisas. Sendo assim, o filósofo 
critica o silogismo aristotélico por não contribuírem para o progresso do conhecimento. 
A crítica de baconiana ao método de Aristóteles fica mais clara na seguinte trecho da 
obra de Oliveira (2002): 
 
A indução Aristotélica (epagôge) visa mais à comunicação do que à 
descoberta do conhecimento. Ela é essencialmente uma operação verbal, um 
simples rígido modelo de argumentação, procedendo de palavras para 
palavras, não de palavras para coisas. No aristotelismo medieval, a indução 
foi reduzida a mero mecanismo de retórica e dialética, tradição que persiste 
na Renascença como retoricização da lógica. Para os humanistas lógicos 
como Melanchthon, indução é um mecanismo de apresentação e 
comunicação do conhecimento já possuído. Nem os escolásticos nem os 
reformadores da retórica consideravam a indução como um processo lógico 
de obtenção de conhecimento. (OLIVEIRA, 2002, p.179.) 
 
Sendo assim, Bacon propõe um novo método para a ciência diferente da 
indução de enumeração simples de Aristóles, o método baconiano passa a ser 
conhecido como indução eliminativa, que é apresentado, de acordo com Santos e 
Hora (2015), em sua obra Novo Organum, “O método indutivo proposto pelo filósofo 
não pode ser dissociado da experiência, da observação nem da prática”, (SANTOS; 
HORA, 2019, p.93). Inicialmente Bacon se preocupa em fazer análises de falsas 
noções que ele chama de ídolos, a estes o filósofo culpabiliza pelos erros que a ciência 
comete, pois se alojam no intelecto humano e falseiam a compreensão da verdade. 
Tais ídolos são classificados em quatro categorias de análises para melhor 
 
 
compreender os motivos e as dificuldades enfrentadas na produção cientifica, 
conforme afirma Silva (2008) “Os “ídolos” são classificados em quatro gêneros, a 
saber: ídolos da tribo; ídolos da caverna; ídolos do foro e ídolos do teatro”, (SILVA, 
2008, p.05). 
Acerca da noção de ídolos em Bacon, tem-se: os ídolos da tribo, esse tipo de 
coisa acontece devido a deficiência do espirito do homem, mostrando a facilidade em 
generalizar em bases favoráveis e omitindo as desfavoráveis. Nessa perspectiva, o 
homem se torna um padrão das coisas sendo assim a mente humana toma como 
verdade aquilo que e favorável a ela, ou seja, essa forma de conhecimento não e 
universal mas sim apenas do homem. No segundo, os ídolos da caverna, expressam 
erros de acordo com a conformação de cada indivíduo que possui sua própria caverna 
e entende e distorce aquilo que recebe de acordo com esses princípios. No terceiro, 
ídolos do foro, decorrerem da dubiedade das palavras e das dificuldades inerentes 
à comunicação humana. Por fim, tem-se os ídolos do teatro, os quais os homens 
adquirem a partir das diferentes doutrinas filosóficas e dos erros de demonstração do 
conhecimento. 
Por outro lado, é somente após a superação dos ídolos que o método indutivo 
de Bacon pode ser posto em prática, haja visto que é preciso se livrar do falso 
conhecimento. O filosofo defende que o método das inferências como mais sólido do 
que as induções enumerativas. Para tanto, de acordo com Silva (2008), esse método 
é constituído das seguintes etapas: eliminação dos obstáculos para a instauração da 
ciência, conhecimento da lei e estrutura do processo, registro completo acerca da 
natureza e história do fenômeno, enunciado de uma primeira hipótese provisória, teste 
da hipótese e por fim a confirmação da hipótese. Sendo assim, é possível perceber 
que o método de Bacon ainda guarda profunda relação com a ciência contemporânea. 
Silva (2008) argumenta que a principal contribuição de Bacon é no sentido de 
possibilitar a liberdade do cientista em detrimento de posições extremas e ocorre no 
sentido de ampliar o conhecimento do particular para o mais geral, diferente do 
método aristotélico, alvo de sua crítica. 
 
 
 
 
 
 
 
 
Referência: 
OLIVEIRA, B.J. Francis Bacon e a fundamentação da ciência como tecnologia. 
BH: UFMG, 2002. 
 
SILVA, F.M. Sobre a indução em Francis Bacon. Revista Urutágua, UEM, 2008. 
 
SANTOS, A.C; HORA, J.S.S. Francis Bacon: as duas faces da ciência. UFS, 2015.

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