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2003-01-22 2 Vias auditiva e vestibular

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Universidade Federal Fluminense – medicina – 4º período
Aula de Neuroanatomia – Prof. Roberto.
Data: 22/01/03
Transcrita por: Raphael Pinto Rocha
Vias Auditiva e Vestibular
Via auditiva
O receptor da via auditiva está localizado dentro da porção petrosa do osso temporal. Esses receptores, tanto da via auditiva quanto da vestibular são projeções do neuroepitélio que se distribuem dentro da região do ouvido interno. Eles se localizam numa estrutura chamada cóclea. São pequenas células ciliadas distribuídas em cavidades – escalas média, vestibular, e timpânica - e estas células, juntamente com outras estruturas (membrana basilar, tectória...), formam o que se chama orgão de Corti . Eles se associam a ossículos – martelo, bigorna e estribo – que estão acoplados à membrana timpânica.
Quando chega a onda sonora ela faz vibrar a membrana timpânica, que desloca o martelo, que desloca a bigorna, que desloca o estribo, que desloca o líquido que se localiza dento da cóclea (a endolinfa e a perilinfa). Dependendo da amplitude da onda sonora, desloca-se um padrão de células ciliadas que geram um impulso nervoso nos neurônios que estão localizados na sua base. Estes neurônios se ligam na porção do nervo vestibulococlear. Então, dependendo do padrão de som – se mais grave ou mais agudo – o estímulo será diferente e o sistema nervoso poderá interpretar este som.
O neurônio 1 é bipolar e se localiza dentro do ouvido interno próximo à cóclea, seu prolongamento periférico se liga à base das células ciliadas, e o prolongamento central deixa o ouvido interno, pelo meato acústico interno e vai em direção ao assoalho do IV ventrículo. Este neurônio se localiza, então, num gânglio denominado gânglio espiral, ou gânglio espiral de Corti. Este neurônio penetra no sulco bulbo-pontino como porção coclear do nervo vestibulococlear (VIII).
Quando ele penetra no tronco encefálico ele poderá fazer sinapse em dois núcleos ligados à audição: núcleo coclear dorsal e núcleo coclear ventral. O neurônio destes núcleos é o neurônio 2 da via auditiva.
Este neurônio pode seguir dois caminhos. Primeiro ele contorna o núcleo olivar superior contalateral e flete cranialmente em direção ao colículo inferior, e quando ele faz esse cruzamento forma-se o corpo trapezóide, e depois ele forma o conjunto de fibras que vão ao colículo inferior, que é o leminisco lateral. No colículo inferior ele faz sinapse com o neurônio 3 da via auditiva, que vai até o corpo geniculado medial fazer sinapse com o neurônio 4, este se projeta para a área auditiva primária, que é no giro temporal transverso anterior (ou centro cortical da audição). Outra parte dos neurônios que saem dos núcleos cocleares não cruzam e se projetam ao colículo superior do mesmo lado (leminisco lateral do outro lado) , daí vão ao corpo geniculado medial homolateral e daqui à área auditiva primária homolateral. Além disso ainda existe uma troca de fibras entre os dois colículos inferiores, que é a comissura do colículo inferior. Esta via é o único exemplo das vias corticais que tem uma parte de projeção cruzada, e uma parte homolateral. Por isso que numa lesão da via auditiva unilateral o indivíduo não perde totalmente a audição. Nesta via pode haver variações.
Existe uma distribuição tonotópica da via desde a cóclea até as áreas de projeção na córtex cerebral.
Via vestibular
Os receptores desta via também estão localizados dentro da porção petrosa do osso temporal.
Esta via está ligada principalmente ao equilíbrio, ou seja, a partir de informações provenientes do ouvido interno ela leva determinados impulsos ao cerebelo, para controlar o equilíbrio. O equilíbrio é dado pela visão, detectando a espacialidade do meio, vendo o próprio corpo e se posicionando no meio; e pela informação vestibular, que detecta a posição da cabeça, que é a parte mais alta ou/e mais anterior do corpo do animal. É a partir da posição dela no espaço que o cerebelo faz o mapa corporal, por isso que de olho fechado, pela posição da cabeça no espaço, o indivíduo consegue se localizar. Esteja a cabeça parada (equilíbrio estático da cabeça) ou em movimento (equilíbrio dinâmico) o indivíduo consegue se localizar por ela.
No equilíbrio estático os receptores estão localizados em duas pequenas cavidades, o sáculo e o utrículo. Pela posição deles existem células ciliadas que são tracionadas pela força da gravidade, e acima destas células há sais de carbonato de cálcio que, dependendo da posição, um grupo de células pode ser deslocado ou não, e a partir daí consegue-se trabalhar a posição estática da cabeça.
O equilíbrio dinâmico é feito por canais semicirculares aos pares, dispostos nos três planos (r3). Dependendo do movimento que se faça, há sempre endolinfa se deslocando por estes canais semicirculares. É por este deslocamento da endolinfa que o cerebelo controla o posicionamento espacial. É interessante que de olhos fechados , ao mexer a cabeça, se pode ter a noção da localização espacial do corpo mas, quando a endolinfa se desloca em grande quantidade e intensidade, de olhos fechados perde-se esta referência pois ao parar o movimento a endolinfa ainda fica se deslocando por um tempo, e então a sensação que o cerebelo tem é que o corpo e a cabeça estão se movimentando, aí quando se tenta equilibrar o corpo, que na realidade está parado, a pessoa cai no chão (p.ex: rodar em volta de si mesmo).
 Obs: O cerebelo controla o mapeamento corporal através da contração muscular pelos fusos neurotendíneos.
O neurônio 1 da via vestibular é uma célula bipolar que terá prolongamentos periféricos que se conectarão com os receptores do labirinto membranáceo, que é formado pelas cavidades do sáculo, utrículo e canais semicirculares. O conjunto de neurônios1 formam o gânglio vestibular. O prolongamento central destes neurônios formará a parte vestibular do nervo vestibulococlear. Estes neurônios terminam em um dos núcleos vestibulares localizados no IV ventrículo (núcleos vestibular superior e lateral, que ficam na ponte e núcleos vestibular inferior e medial, que ficam no bulbo). Nestes núcleos haverá o neurônio 2 da via vestibular, que irá se projetar para o cerebelo, principalmente para o arquicerebelo, pelo pedúnculo cerebelar inferior formando a via vestíbulo-cerebelar. Logo, esta via possui apenas dois neurônios. O neurônio1 localizado no gânglio vestibular, e o neurônio 2 localizado nos núcleos vestibulares. 
As lesões da via auditiva e vestibular são raras de ocorrer dentro do sistema nervoso central. São comuns nos receptores ou no nervo vestibulococlear. Um dos acometimentos deste nervo é o neuriloma do acústico, onde se tem compressão ou até destruição deste nervo em seu canal no meato acústico interno, e então o indivíduo terá um déficit grave de equilíbrio e de audição.
Nas lesões centrais da via auditiva, como tem projeção homolateral e contralateral, o indivíduo tem só um déficit auditivo mais pronunciado do outro lado, sem grande significado funcional. Já na lesão do nervo ou do receptor haverá perda da audição do mesmo lado, levando à surdez daquele lado. As lesões de receptor podem ser dadas por otites internas (processo infeccioso), calcificação do órgão de Corti, e por lesão vascular no órgão de Corti. Tudo isso pode diminuir a acuidade auditiva.
As lesões vestibulares também acontecem por lesão do nervo vestibulococlear. Um dos exemplos é o neuriloma do acústico, onde haverá perda do equilíbrio daquele lado, e por lesão do receptor no labirinto membranáceo, que pode ser infecciosa, inflamatória (otite interna), tumoral, o que é mais raro, por calcificação das células ciliadas, que é bem comum, e o mais comum é por baixa de irrigação.
O nome labirintite deveria ser atribuído somente a casos de inflamação, mas na clínica médica engloba-se todos os fatores com esta denominação. Mas a labirintite mais comum, que chamamos grosso modo, é causada por baixa de irrigação no labirinto ósseo, conseqüentemente o indivíduo tem dificuldades graves de equilíbrio principalmente quando a via óptica não estáfuncionando (perda da visão, ambiente escuro, de olhos fechados), pois nesses momentos que mais se necessita do labirinto para o equilíbrio do corpo, e quando ele não corresponde há grandes dificuldades. Um teste simples é se colocar o indivíduo em pé, de olhos fechados, e com proteção para não se machucar, quando ele tem labirintite começa a rodar e se não abrir o olho ele cai. Este indivíduo usa muito a visão para se equilibrar e se localizar espacialmente.

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