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02- ORIGENS_DO_CONHECIMENTO

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Disciplina: Metodologia Científica 
 
Autor: Carlos José Giudice dos Santos 
 
 
 
www.oficinadapesquisa.com.br 
 
1
ORIGENS E POSSIBILIDADES DO CONHECIMENTO 
 
Ao longo da aventura em busca do conhecimento, vamos nos deparar com diferentes correntes de 
pensamento. Conhece-las é o caminho para podermos conhecer o mundo e um pouco mais de nós 
mesmos. Este texto vai fornecer uma breve definição de algumas dessas vertentes. 
 
RACIONALISMO 
É a corrente de pensamento que coloca a razão (ou lógica) como fonte suprema da verdade. Em 
outras palavras, é uma tendência de se observar e compreender o mundo exclusivamente por meio 
da razão. Deriva do latim ratio, que significa “razão”. 
Um dos primeiros teóricos do racionalismo é Sócrates, seguido por Platão. Sócrates pregava que o 
homem já nascia com o conhecimento, ou seja, o conhecimento é inato (nasce com a gente). Para 
provar o seu ponto de vista, Platão nos conta que Sócrates levou um escravo iletrado a deduzir um 
complicado teorema da matemática, fazendo perguntas certas nas horas certas, conduzindo o seu 
pensamento. Essa técnica, desenvolvida por Sócrates e denominada Maiêutica (o parto de idéias) 
prova que seria impossível alguém deduzir um teorema se já não tivesse um conhecimento lógico 
que o levasse a entender isso. 
De acordo com essa lógica, podemos compreender o mundo, porque já detemos o conhecimento. 
Assim, o conhecimento vem de dentro (do homem) para fora (o mundo). Essa afirmativa é reforçada 
séculos mais tarde pelo francês René Descartes, com sua célebre frase: “Penso, logo existo!”. 
 
EMPIRISMO 
É uma corrente de pensamento que se opõe radicalmente ao racionalismo. De acordo com os 
empiristas, o homem nasce como uma folha de papel em branco, e todo o conhecimento que ele 
adquire tem origem na experiência e na observação. Em outras palavras, o conhecimento vem de 
fora (mundo) para dentro (homem). 
Um dos primeiros empiristas foi Aristóteles, discípulo de Platão, que era racionalista. Aristóteles fez 
forte oposição ao mundo das idéias concebido por Platão. Essa oposição criou uma cisão entre os 
dois, dando início a uma discussão que persiste ainda hoje: o conhecimento é inato (nascemos com 
ele) ou depende das experiências, das percepções e dos sentidos? 
De acordo com os empiristas, a aquisição do conhecimento é sempre resultado de uma experiência 
prática. Por exemplo, como sabemos que o fogo queima? Existem três maneiras: pela própria 
 
Disciplina: Metodologia Científica 
 
Autor: Carlos José Giudice dos Santos 
 
 
 
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experiência da pessoa se queimar com o fogo, pela observação de uma outra pessoa passando pela 
experiência de se queimar, ou pelo relato de alguém que já passou por essa experiência. 
O método empírico é a base do método científico experimental. Séculos depois de Aristóteles 
surgiram diversos intelectuais que reforçaram que o conhecimento é resultado de uma experiência: 
John Locke, Francis Bacon, George Berkeley e David Hume são os nomes mais conhecidos. 
 
DOGMATISMO 
É uma corrente de pensamento baseada em verdades consideradas como certas e inquestionáveis. 
Em outras palavras, o conhecimento existe e possui respostas para tudo, desde que exista a fé, ou 
seja, não pode ser questionado. Todas as religiões são baseadas em dogmas, mas o dogmatismo 
não está presente apenas nas religiões. 
Na filosofia, dogmáticos são os filósofos que defendem a idéia de que é possível se conhecer a 
verdade, que é aquilo que nós percebemos como realidade. Assim, a exemplo do dogmatismo 
religioso, defende que o homem tem a capacidade de atingir a verdade absoluta. Na religião, a 
verdade absoluta é o divino; na filosofia, a verdade absoluta é a realidade. 
Na ciência, os dogmas são raros, mas aparecem nas ciências formais ou lógicas sob o nome de 
axiomas, ou seja, algo que é aceito como verdade e que não pode ser demonstrado. Um exemplo 
que demonstra a existência dos axiomas é o conceito de ponto na matemática. O ponto não tem 
dimensão; logo só existe no pensamento, pois algo que não tem dimensão é invisível em nossa 
realidade. A reta é um conjunto de pontos, possuindo apenas uma dimensão. Em nossa realidade, 
algo que tem apenas uma dimensão é também invisível. Portanto, o conceito de reta existe apenas 
em nosso pensamento. Para que algo exista em nossa realidade, é necessário que tenha pelo menos 
duas dimensões. Esse é o caso do plano, formado por um conjunto de retas. Esse conceito pode ser 
visualizado e demonstrado, enquanto que o conceito de ponto e de reta não; aceitamos sem 
demonstração. 
 
CETICISMO 
O ceticismo, em sua forma mais rigorosa, afirma a impossibilidade de se atingir a verdade. De certa 
maneira, pode ser descrito como uma impossibilidade do conhecimento, pois duvida-se de tudo, 
questiona-se tudo, até que sejam apresentadas provas concretas. Assim, o ceticismo é uma oposição 
ao dogmatismo, o que coloca os céticos em uma situação de dúvida constante. 
O senso comum coloca o cético como aquele que só acredita vendo (como Tomé, um dos apóstolos 
de Jesus Cristo); o verdadeiro cético duvida até mesmo daquilo que ele vê. 
 
 
Disciplina: Metodologia Científica 
 
Autor: Carlos José Giudice dos Santos 
 
 
 
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3
RELATIVISMO 
É uma corrente de pensamento que afirma a não existência de verdades absolutas e universais, pois 
a verdade varia conforme a época, cultura e local. Em outras palavras, a verdade é determinada pelo 
meio em que as pessoas vivem. 
Um exemplo do senso comum pode ilustrar melhor o que é o relativismo. Na África existe uma tribo 
em que as mulheres são obrigadas desde criança a usar argolas de metal no pescoço e nas pernas. 
Elas são conhecidas como mulheres girafas. Os pescoços dessas mulheres ficam tão esticados que 
seria impossível para elas manterem o pescoço erguido caso as argolas fossem retiradas. Os 
homens desta tribo consideram que elas são lindas; para a maioria de nós, isso causa 
estranhamento, pois não faz parte de nossa cultura. Esse modo de pensar é aquilo que a 
antropologia denomina como etnocentrismo. 
Na filosofia, o relativismo filosófico é razão para muitas discussões sobre o que é a verdade. A ética, 
por exemplo, está no centro dessas discussões filosóficas. Por exemplo, peguemos um exemplo de 
Kant: deve-se buscar a verdade sempre, pois essa é a essência da filosofia. Se um amigo está 
fugindo de alguém que o quer matar, e pede abrigo em sua casa, o que fazer? A resposta lógica seria 
ajuda-lo, pois é para isso que servem os amigos. Entretanto, se a pessoa que quer matar o seu 
amigo encontra você e te pergunta se você sabe onde está o seu amigo, o que você responderia? 
Como fica a verdade nesse caso? 
 
SUBJETIVISMO 
É uma corrente de pensamento que afirma a não existência de verdades absolutas e universais, pois 
a verdade varia conforme a experiência individual, ou seja, depende do indivíduo. Assim, a fonte da 
verdade é o indivíduo. No senso comum equivaleria a dizer que cada um tem a sua verdade. 
Dentro da filosofia, a estética é a vertente que mais calcada no subjetivismo. Por exemplo, cada 
pessoa que aprecia uma obra de arte terá uma visão diferente e particular da mesma. É quase 
impossível se obterum consenso nesse caso, porque a experiência de se apreciar uma obra de arte 
é única, individual, depende da pessoa. 
 
POSITIVISMO 
Augusto Comte foi quem cunhou a palavra sociologia, e um dos fundadores da ciência positiva. De 
acordo com Comte, o conhecimento humano passa por três estágios: o teológico (em que o mundo é 
explicado no âmbito espiritual e religioso), o estágio metafísico (em que se busca causas e 
explicações baseadas em abstrações racionais) e o último estágio, denominado positivo, em que o 
método científico surge como base para determinar leis que regem e que explicam o mundo. 
 
Disciplina: Metodologia Científica 
 
Autor: Carlos José Giudice dos Santos 
 
 
 
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4
CRITICISMO 
É a base da pesquisa filosófica, pois a verdade consiste na busca da origem e da razão de todas as 
coisas. Essa corrente de pensamento tem como base o pensamento de Immanuel Kant, filósofo 
alemão do século XVIII considerado como uma dos mais brilhantes mentes de todos os tempos. Suas 
tre obras mais famosas (Crítica da razão pura, Crítica da razão prática e Crítica da faculdade de 
julgar) são os pilares da corrente de pensamento que viria a ser conhecida mais tarde como 
criticismo. 
Kant elaborou a idéia de que a verdade pode, em parte, ser conhecida, por meio da síntese. Uma 
idéia inicial (a priori) acerca de determinado assunto é a tese; uma opinião que fornece uma 
argumentação contrária à tese inicial é a antítese. A síntese é o resultado posterior (a posteriori), 
permeado pela experiência, combinando aspectos da tese e da antítese. Kant considerava que o 
conhecimento é resultado da síntese entre a experiência e os conceitos, pois sem os nossos 
sentidos, não seríamos capazes de perceber o mundo, mas sem o entendimento, seríamos 
incapazes de formular conceitos sobre o mundo. 
 
PRAGMATISMO 
É uma corrente de pensamento de origem americana que adota a utilidade prática como razão maior 
para a busca do conhecimento. Sua origem é atribuída a Charles Sanders Pierce, mas o 
pragmatismo ganha mais força com as idéias de Dewey, que utilizou seus conceitos com fins 
pedagógicos. O instrumentalismo, criado por Dewey a partir do pragmatismo, defende a idéia de que 
os pensamentos são instrumentos para se trabalhar a realidade, e que essa realidade pode ser 
mudada. A idéia de formação a partir da escola é o resultado prático das idéias educacionais de 
Dewey. 
 
BIBLIOGRAFIA 
 
ARANHA, Maria Lúcia de Arruda; MARTINS, Maria Helena Pires. Filosofando. 3. ed. São Paulo: 
Moderna, 2003. 
 
 
CAMPBELL, Joseph. O poder do mito. São Paulo: Palas Atena, 1990. 
 
 
CHASSOT, Attico. A ciência através dos tempos. 2. ed. São Paulo: Moderna, 2004. 
 
 
CHAUÍ, Marilena. Convite à filosofia. 13. ed. São Paulo: Ática, 2005. 
 
 
 
Disciplina: Metodologia Científica 
 
Autor: Carlos José Giudice dos Santos 
 
 
 
www.oficinadapesquisa.com.br 
 
5
LARAIA, Roque de Barros. Cultura: um conceito antropológico. 16. ed. Rio de Janeiro: 
Jorge Zahar, 2000. 
 
 
MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Fundamentos de metodologia 
científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008. 
 
 
MATALLO JÚNIOR, Heitor. A problemática do conhecimento. In: CARVALHO, Maria Cecília 
Maringoni de (Org.). Construindo o saber – metodologia científica: fundamentos e 
técnicas. 2. ed. Campinas, SP: Papirus, 1989. cap. I. p. 13-28. 
 
 
OSBORNE, Richard. Filosofia para principiantes. 4. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1998. 
 
 
RUSSELL, Bertrand. História do pensamento ocidental: a aventura das idéias dos pré-
socráticos a Wittgenstein. 6. ed. Rio de Janeiro: Ediouro, 2002. 
 
 
SAGAN, Carl. O mundo assombrado pelos demônios: a ciência vista como uma vela no 
escuro. São Paulo: Companhia das Letras, 1996.

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