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Apostila_saude ambiental e Epidemiologia
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nov. 2012. MultimídiaMultimídia A compreensão do processo que dá origem à saúde e à doença historicamente evoluiu e resultou em formas correspondentes de enfrentamento dos riscos e problemas relacionados à saúde. Na Anti- guidade, acreditava-se na origem sagrada da saúde como dádiva divina e a doença, o castigo. A partir das ideias de Hipócrates, passou-se a acreditar na origem miasmática, seguida da ideia de contágio evi- denciado pelos estudos de Snow sobre a transmissão da cólera. Com o surgimento da bacteriologia, passou-se da Teoria Unicausal à Multicausal e, mais recentemente, à Teoria da Determinação Social. A explicação do processo de instalação da doença, da manutenção ou recuperação da saúde requereu modelos que paralelamente ofereceram uma grande quantidade de conceitos de cada elemento por ele envolvido. Os modelos Biomédico, Processual, Sistêmico e Sociocultural, discutidos neste capítulo, ajudam a compreensão e a distinção da visão atual e pregressa sobre a evolução do conceito de processo saúde e doença. 1.3 Resumo do Capítulo 1.4 Atividades Propostas Agora, teste seus conhecimentos e responda: 1. Qual é a importância de conceituar saúde e doença? 2. Como o conceito de saúde e doença interfere na vida da população? 3. Qual é a contribuição dos modelos explicativos do processo saúde e doença para a saúde das pessoas? Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 15 Neste capítulo, discutiremos o conceito e aplicação da Epidemiologia, sua metodologia e tipos de estudo. A Epidemiologia é definida como área de estudo da frequência e distribuição das doenças, agravos e eventos relacionados à saúde da popu- lação, bem como de seus determinantes e fato- res que influenciam essa distribuição. Ela difere da clínica porque o termo ‘agravo’ é empregado para designar qualquer evento externo que afete a saúde humana negativamente, como é o caso de acidentes e violência, e seus estudos sempre visam à população e não ao indivíduo. Como área de estudos, a Epidemiologia surgiu do acúmulo de conhecimentos e pesqui- sas que tinham como objetivo principal explicar o comportamento de doenças e agravos na co- letividade. Desde os primórdios da civilização, se buscava a explicação para a ocorrência de surtos e epidemias, chamadas então “pestes”. Nessa bus- ca, os conhecimentos da clínica foram aliados à estatística, evidenciando alguns quadros que, para serem compreendidos, precisaram buscar os conceitos da área social. Desse tripé – a clínica, a estatística e a sociologia –, surgiu uma metodolo- gia própria de investigação e raciocínio, que pas- sou a ser conhecida como método epidemiológi- co. Em 1850, jovens cientistas simpatizantes das ideias médico-sociais criaram a Sociedade Epide- miológica de Londres, com o objetivo de reunir e divulgar os estudos e ideias em torno da união do saber clínico, estatístico e social, que teve grande importância na história da Epidemiologia. França, Espanha, Alemanha e Estados Unidos (EUA) tam- bém participaram na construção dessa nova área do conhecimento, com participação de grandes cientistas e descobertas. EPIDEMIOLOGIA2 Atualmente, são objetivos da epidemiolo- gia: descrever o comportamento de doen- ças e agravos; identificar agentes etiológicos, fatores e grupos de risco; estudar a história natural das doenças; estudar os fatores que influenciam a distribuição dos agravos em uma popu- lação; propor e avaliar o impacto de medidas de prevenção; avaliar medidas de intervenção; avaliar o desempenho de testes diag- nósticos; produzir conhecimento e informações para a formulação de políticas públicas no setor saúde, entre outras (UENO; NA- TAL, 2008). Por sua amplitude, a epidemiologia passou a ser subdividida em áreas específicas de acordo com a metodologia predominantemente empre- gada ou o campo específico de seu estudo. Assim, é comum encontrarmos referencia à epidemiolo- gia descritiva e analítica, epidemiologia clínica, epidemiologia dos serviços, entre outras. Por ter sido o primeiro a publicar estudo sobre a transmissão da cólera contemplando todas as fa- ses do método científico aplicado à investigação de uma epidemia, John Snow é considerado o pai da Epidemiologia. CuriosidadeCuriosidade Hogla Cardozo Murai Unisa | Educação a Distância | www.unisa.br 16 Para Foratini (1996), a Epidemiologia descri- tiva se destina à resposta a três perguntas: quem, quando e onde é atingido por um agravo à saú- de; ou seja, é a fase de descrição de um quadro epidemiológico (de agravo à saúde) em termos das variáveis relativas às pessoas, ao tempo e ao espaço. Leser et al. (2002) detalha melhor o conceito de epidemiologia descritiva como sendo “a des- crição da distribuição, em termos de frequência, das condições de saúde e da ocorrência de doen- ças, em diferentes populações ou grupos de uma mesma população, ou em tempos diferentes para uma mesma população.” Para os autores, a comparação entre essas distribuições permite a realização de estudos estatísticos de eventuais associações entre as variáveis e as características das populações es- tudadas. Para tanto, ressaltam a importância da inclusão de dados: de observação individual ou das pessoas (sujeitos acometidos pela doença ou agravo); relativos ao tempo de ocorrência (ano, mês, semana, dia, estação); do local de ocorrência (país, estado, divisão político-administrativa, bair- ro, rua, zona rural ou urbana, condições da habi- tação, ambiente relativo ao saneamento, presen- ça de insetos e outros animais, vegetação etc.); e dos atributos pessoais (idade, sexo, raça ou grupo étnico, estado civil, ocupação, nível socioeconô- mico, hábitos alimentares, relacionamento com outros doentes etc.). Os atributos das pessoas também podem ser descritos como: características inerentes às pessoas: sexo, idade, etnia etc.; características adquiridas pelas pes- soas: situação conjugal, imunidade etc.; características derivadas das atividades, como lazer e profissão; características derivadas das condições 2.1 Epidemiologia Descritiva de vida: renda e acesso a serviços e bens de consumo. As respostas a essas perguntas servem para orientar a tomada de decisão na indicação das condutas para o enfrentamento daquele proble- ma estudado. Por exemplo, decidir vacinar contra um agravo primeiro os profissionais de saúde e índios, depois gestantes e, por fim, os outros gru- pos populacionais. Em relação ao tempo, a Epidemiologia des- critiva contribui para o entendimento da frequên- cia de uma doença ou agravo, contribuindo para o estabelecimento de padrões de normalidade e de alterações dela. Os conceitos relativos a variações cíclicas: doenças sazonais, que variam de forma coincidente com as estações do ano; endemia se refere à presença usual de uma doença dentro dos limites esperados para uma área geográfica por um período de tempo ilimitado. As endemias são observadas e descritas pela incidência média mensal ou anual. Uma epidemia é definida por Medronho et al. (2006) como sendo “a elevação brusca, temporária e significativamente acima do esperado para a incidência de uma determi- nada doença.” Os mesmos autores definem surto como “ocorrência epidêmica onde todos os casos são relacionados entre si, atingindo uma área pe- quena e delimitada como um bairro, uma creche, etc.” Os surtos frequentemente apresentam um número de casos com rápida progressão, atingin- do um pico de incidência que entra em declínio logo a seguir. Com essas características, também AtençãoAtenção À Epidemiologia descritiva cabe perguntar e responder: de que forma os agravos variam nas pessoas? Quem são as pessoas acometidas? O agravo é diferente em homens e mulheres? A ocorrência