Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
COORDENADORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO MANUAL DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE Manual de Procedimentos Técnicos 2017 ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO - Infância e Juventude - MANUAL DE PROCEDIMENTOS TÉCNICOS Edição Atualizada Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo Desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti Corregedor Geral da Justiça do Estado de São Paulo Desembargador Manoel de Queiroz Pereira Calças Coordenador da Infância e Juventude Desembargador Eduardo Cortez de Freitas Gouveia Vice Coordenador da Infância e Juventude Desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho Membro Consultor da Coordenadoria da Infância e Juventude Desembargador Antônio Carlos Malheiros Assessor da Corregedoria Geral de Justiça Juiz Gabriel Pires de Campos Sormani Realização Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia – DAIJ 1 Coordenação Geral e Técnica Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia – DAIJ 1 Equipe Técnica desta Edição Ana Cristina Amaral Marcondes de Moura Andrea Svicero Cláudia Amaral Mello Suannes Denise Helena de Freitas Alonso Dilza Silvestre Galha Matias Irene Pires Antonio Lúcia Helena Rodrigues Zanetta Margareth Maria Basso Maria da Gloria Rangel Gomes Mônica Giacomini Nilcemary Olímpio de Sousa Silvia Nascimento Penha Revisão Final Ana Cristina Amaral Marcondes de Moura Reinaldo Cintra Torres de Carvalho Gabriel Pires de Campos Sormani SUMÁRIO INTRODUÇÃO CAPÍTULO I: O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO A- Considerações Iniciais B- O Tribunal de Justiça no Estado de São Paulo B.1- Estrutura Organizacional C- Organização Administrativa D- Função dos Profissionais que atuam na Primeira Instância D1- Do juiz D2- Das partes D3- Dos auxiliares do Juízo E- Dos Processos F- Da Especificidade das Varas da Infância e Juventude BIBLIOGRAFIA CAPÍTULO II: OS ASSISTENTES SOCIAIS E OS PSICÓLOGOS NO TJSP A- Considerações Iniciais B- Inserção dos Profissionais nas Varas da Infância e Juventude B1- O Serviço Social B2- A Psicologia B3- O Histórico do Serviço Social e da Psicologia no Tribunal B4- A Subordinação dos profissionais de Serviço Social e Psicologia BIBLIOGRAFIA CAPÍTULO 3: O QUE É PRECISO SABER ADMINISTRATIVAMENTE PARA ATUAR NAS VARAS DE INFÂNCIA E DA JUVENTUDE A- Considerações Iniciais B- Registro em Livros B1- Livro de Ponto B2- Livro de controle de registro de processo: recebimento e devolução de processos B3- Livro de registro de pessoas interessada em adoção (CPA) B4- Livro de registro de crianças e adolescentes em condição de serem adotadas B5- Livro de registro de pessoas atendidas sem processo C- Fichas de controle de crianças e adolescentes acolhidos D- Da planilha do movimento judiciário dos Setores Técnicos: Registros estatísticos E- Do relatório anual F- Dos prazos G- Do manuseio do processo BIBLIOGRAFIA CAPÍTULO 4: O JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE PARTE I - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE A- Considerações iniciais B- Competência do Juízo da Infância e Juventude C- Dos processos Parte II - ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS E PSICÓLOGOS NOS PROCESSOS DE INFÂNCIA E JUVENTUDE A- Considerações iniciais B- O processo nas seções técnicas C- O estudo social D- O estudo psicológico 1- Vitimização 1A Considerações iniciais 1B Definição de violência contra criança e adolescente 1C A avaliação social e psicológica nos casos de vitimização 1C1 Avaliação social 1C2 Avaliação psicológica 2- Da atuação do assistente social e do psicólogo de acordo com as medidas protetivas A- Guarda B- Tutela C- Acolhimento institucional e familiar C1- PIA: Plano Individual de Atendimento C2- PIA X audiência concentrada C3- Dos cuidados com a criança ou adolescente em acolhimento Institucional ou familiar C4- O acompanhamento da criança ou adolescente em situação de acolhimento institucional e familiar C5- Apadrinhamento afetivo C6- Desacolhimento C7- Acompanhamento da instituição de acolhimento C8- Sugestão de Prontuário para orientação do SAICA BIBLIOGRAFIA GLOSSÁRIO CAPÍTULO 5: ADOÇÃO Parte I A- Considerações Iniciais 119 B- Do consentimento da adoção 120 B1- Do atendimento à gestante 120 C- A suspensão e a destituição do Poder Familiar 121 D- A perícia social e a perícia psicológica no processo contraditório: destituição do Poder Familiar 123 E- Trabalho com criança e adolescente em família substituta 126 Parte II 1- Adoção por meio do CPA e outras modalidades 130 A- Passos para localizar família substituta por meio CPA 130 A1- Adoção por meio do CPA: aproximação e cuidados para colocação em família substituta 132 B- Adoção internacional 135 B1 Comissão judiciária de adoção internacional do estado de São Paulo (CEJAI-SP) 135 B2 Busca no cadastro, preparação e aproximação 136 APRESENTAÇÃO Nas últimas décadas, o ingresso de profissionais no Poder Judiciário, dotados de conhecimentos científicos específicos, entre os quais, o assistente social, o psicólogo e o pedagogo passaram a complementar a leitura da realidade social, constituindo um trabalho de cunho interdisciplinar com a ciência do Direito, mediante a competência de assessoramento técnico indispensável às decisões judiciais. Na esfera da infância e da juventude, o profissional destas áreas atua em assuntos que abrangem a violência contra criança e adolescente, a proteção do filho nos cuidados com a mãe, a infância e adolescência na esfera do conselho tutelar, a supervisão dos casos atendidos na Vara da Infância e Juventude, adoção, o desaparecimento de crianças e adolescentes, a intervenção junto às crianças abrigadas, o trabalho com pais, adolescentes e prática infratora, infração e medidas socioeducativas, prevenção e atendimento terapêutico, atuação na Vara Especial e estudos sobre adolescentes com pratica infratora, dentre outros. Como se vê, a psicologia jurídica e o serviço social lidam com questões onde há o rompimento do tecido social e que são tratados no sistema da Justiça. Há necessidade de estabelecimento de parâmetros e diretrizes que delimitem o trabalho cooperativo para exercício profissional de qualidade, especificamente no que diz respeito à interação profissional entre os psicólogos e assistentes sociais que atuam como peritos e assistentes técnicos em processos que tratam de conflitos e que geram uma lide. Daí a importânciada publicação atualizada deste Manual de Procedimentos Técnicos do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, resultante do conhecimento sedimentado e do incansável trabalho dos profissionais que compõem o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia – DAIJ 1 desta Corte. Neste volume, são enfrentadas algumas das principais questões inerentes ao serviço social e da psicologia no Tribunal de Justiça de São Paulo no âmbito da infância e da juventude, desde questões administrativas, como preenchimento de livros de registro, fichas de controle e planilhas de movimentação até questões técnicas como a definição de vitimização da criança e do adolescente, a avaliação social e psicológica, o acompanhamento da execução de medidas protetivas, o tratamento da adoção e do poder familiar, dentre outras. Tratando-se de obra coletiva, não se pode deixar de agradecer aos nobres profissionais que se dispuseram a enviar suas colaborações para este manual, garantindo inefável contribuição sobre a pertinência do estudo atualizado do tema: Ana Cristina Amaral Marcondes de Moura, Andrea Svicero, Claudia Amaral Mello Suannes, Denise Helena de Freitas Alonso, Dilza Silvestre Galha Matias, Irene Pires Antonio, Lúcia Helena Rodrigues Zanetta, Margareth Maria Basso, Maria da Gloria Rangel Gomes, Mônica Giacomini, Nilcemary Olímpio de Sousa, Silvia Nascimento Penha, o Desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho e o Juiz Assessor da Corregedoria, Gabriel Pires de Campos Sormani. A qualidade deste livro é exclusivamente a eles devida. Em suma, esta obra vem afirmar o papel vital da psicologia e do serviço social no processo decisório envolvendo questões da infância e da juventude, favorecendo a compreensão da sua atividade de forma abrangente e acessível. Por meio da leitura deste manual não restará dúvida de que a psicologia e serviço social no âmbito do Poder Judiciário podem ir além do papel de apenas elaborar laudos técnicos, contribuindo na garantia dos direitos das crianças e dos adolescentes e na construção de metas mais seguras e realistas para garantir tais direitos. Honrado estou em apresentar este trabalho à zelosa apreciação dos profissionais da área de serviço social e psicologia, consciente da necessidade do aprofundamento teórico e de pesquisa da psicologia jurídica, em razão da importância que representa hoje no meio forense. PAULO DIMAS MASCARETTI Presidente do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo APRESENTAÇÃO O presente manual é de suma importância para as Varas da Infância e da Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Primeiro, porque os serviços técnicos de psicologia e de serviço social são a base de todas as situações fáticas que ocorrem com as famílias, as crianças e os adolescentes. Sem este suporte técnico os Magistrados não conseguiriam realizar a prestação jurisdicional a contento. Segundo, porque o manual cria uma metodologia a ser seguida, muito importante para nortear caminho para os técnicos realizarem suas missões, sem fugirem de objetivos e resultados que serão alcançados de maneira mais lógica e efetiva. Assim, parabenizo os envolvidos na criação deste valioso instrumento, em especial a Equipe Técnica da Coordenadoria da Infância e da Juventude. Por fim, agradeço o fundamental apoio do Excelentíssimo Senhor Desembargador Paulo Dimas de Bellis Mascaretti, Presidente, do Excelentíssimo Senhor Desembargador Reinaldo Cintra Torres de Carvalho, Vice-Coordenador da Infância e da Juventude, e do Excelentíssimo Senhor Juiz de Direito Gabriel Pires de Campos Sormani, Assessor da Corregedoria Geral da Justiça e Membro da Coordenadoria da Infância e da Juventude. Desembargador Eduardo Cortez de Freitas Gouvêa Coordenador da Infância e Juventude ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 11 INTRODUÇÃO O Volume I do Manual de Procedimentos Técnicos das Varas da Infância e Juventude lançado em 2008 tinha como perspectiva, apresentar a prática desenvolvida por assistentes sociais e psicólogos que atuavam, sobretudo, nas Varas da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Nessa 2ª edição mantivemos a proposta inicial, bem como realizamos o necessário alinhamento com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) a partir das alterações provocadas pela Lei 12.010. Também consideramos as recomendações e resoluções do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), Normas da Corregedoria Geral do Tribunal de Justiça de São Paulo e os pareceres da Coordenadoria da Infância e Juventude. Esperamos que a atualização do Manual de Procedimentos da Vara da Infância e da Juventude leve o leitor a refletir sobre os diferentes temas presentes no cotidiano profissional e lhe aponte parâmetros para uma prática movida e ancorada no Código de Ética de sua Profissão e, consequentemente, voltada para a garantia dos direitos e da cidadania. Esse trabalho espera colaborar para a compreensão do papel de assistentes sociais e psicólogos na esfera das Varas da Infância e Juventude, enquanto auxiliar da justiça, suas atribuições, alcances e limites. Assim como também pretende que esses profissionais ampliem seu entendimento sobre o dos demais membros que compõe o Poder Judiciário e com que mantêm uma interface direta. Deixamos claro que, muito embora tenha sido empregado o termo MANUAL para este Caderno, não se pretendeu ou pretende que este seja assimilado com a concepção de “receitas” ou “modelos”. O que aqui ora apresentamos tem a perspectiva de facilitar a reflexão e a compreensão dos profissionais quanto às diferentes realidades presentes no cotidiano de trabalho. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 12 Esperamos a partir de então, que cada um possa traçar metodologias com liberdade, definindo os instrumentos e técnicas pertinentes a cada uma das áreas de formação e a cada situação. O Manual foi organizado em duas partes, sendo a primeira voltada para os aspectos mais administrativos e a segunda voltada para a prática propriamente dita. O primeiro capítulo situa o leitor em relação à instituição em que ele irá trabalhar ou já trabalha. E, de maneira breve, aborda a estrutura do Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, a 1ª Instância da Justiça e a função dos profissionais que nela atuam, além dos processos e da especificidade das Varas de Infância e Juventude. Intitulado Os Assistentes Sociais e Psicólogos no Tribunal de Justiça de São Paulo, o segundo capítulo recuperou, de maneira breve, a inserção dos assistentes sociais e psicólogos na instituição, seus novos campos de atuação e sua subordinação administrativa. O terceiro capítulo - O que é preciso saber administrativamente para atuar nas Varas de Infância e Juventude - atualiza os profissionais sobre as Normas da Corregedoria Geral da Justiça e aborda a importância de manter nas seções registros específicos. Em razão de sua complexidade, o capítulo quarto é dividido em duas partes e abordou O Juízo da Infância e Juventude e a sua competência. A primeira tratou da competência do Juízo, do ingresso de ações e dos aspectos processuais onde estão presentes complexidades que exigem a participação de outros profissionais para buscar compreender as particularidades do humano- social. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de ProcedimentosTécnicos 13 A parte II faz considerações sobre as diferentes vertentes de atuação profissional, com aprofundamento nas intervenções possíveis diante das problemáticas apresentadas através do Estudo Social e do Psicológico. Tratou também a respeito de Vitimização, pois se considerou importante tocar nessas questões que exigem a intervenção do Juízo da Infância e Juventude. Ao tratar de cada um dos assuntos, ressaltou-se a importância das discussões interdisciplinares para encontrar a melhor solução para a criança, o adolescente e a família, bem com a necessidade de interlocução com a rede. O último capítulo trata da Adoção, de aspectos pertinentes à criança que será colocada em família substituta e do trabalho técnico exigido, as diferentes formas que podem ocorrer uma adoção, a aproximação da criança e do adolescente, os procedimentos para a colocação em família substituta, o estágio de convivência e o cadastro de pretendentes à adoção. Esperamos que esse material auxilie as práticas profissionais voltadas para ações consistentes e adequadas. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 14 PARTE I O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO A - CONSIDERAÇÕES INICIAIS É de fundamental importância que todos os profissionais que atuem em uma instituição conheçam seus objetivos e, minimamente, sua estrutura administrativa e a organização do trabalho. Ao se apropriar desse campo, ciente do lugar que está inserido, o assistente social e o psicólogo, se alicerçados devidamente no campo teórico-metodológico e ético, poderão vir a desenvolver ações que efetivamente contribuam para assegurar direitos. B - O TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO O Estado foi concebido no século XVIII por um aparato que conta com os três Poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. A constituição brasileira de 1891, que adotou o modelo republicano, evidenciou a separação dos Poderes, assegurando autonomia e independência. (Dallari: 1996, p. 99). As demais constituições como a de 1988 mantiveram essa condição. O judiciário tem como função precípua a distribuição da justiça, por meio da resolução dos conflitos surgidos na sociedade e concretizados em ações, que são discutidas em juízo. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 15 B 1 - ESTRUTURA ORGANIZACIONAL A organização judiciária divide-se em dois sistemas: Justiça Federal e Justiça Estadual, conforme dita a Constituição Federal, Capítulo III, art. 92. Nos Estados o Poder Judiciário organiza-se em Tribunais. O Tribunal de Justiça de São Paulo tem jurisdição sobre todo o estado. É gerido por um Presidente, um Vice-Presidente e um Corregedor Geral da Justiça que são eleitos pelos desembargadores para um mandato de dois (2) anos. O Regimento Interno do Tribunal de Justiça regula a forma de tratamento que deve ser oferecido a todos os órgãos que compõem a sua cúpula, denominando-se Egrégio e seus membros, Excelência. O Tribunal de Justiça de São Paulo é composto por 360 desembargadores. O Presidente, o Vice-presidente, o Corregedor Geral da Justiça, o Decano, os Presidentes da Seção de Direito Público, de Direito Privado e do Direito Criminal, constituem o Conselho Superior da Magistratura. O Conselho Superior da Magistratura é o órgão responsável por apreciar matérias e definir questões de importância geral para todo o Poder Judiciário. Para que se tenha uma ideia da forma que suas decisões interferem diretamente na prática profissional, citamos o seguinte exemplo: Era recorrente, até 2006, que assistentes sociais, sobretudo no interior de São Paulo, atuassem em processos previdenciários, não obstante desde 25/02/2004 já existisse determinação do Presidente do Tribunal de Justiça no sentido de não ser de responsabilidade desses profissionais assumirem esses estudos. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 16 Essa situação foi encaminhada ao Conselho, que reiterou parecer anterior, definindo-se vez por todas que não é de competência dos assistentes sociais do Tribunal de Justiça à realização de estudo em matéria previdenciária. O Tribunal de Justiça conta com o Órgão Especial, que é composto por 24 desembargadores, além do presidente do TJSP. Os desembargadores são os mais antigos e 12 outros eleitos. Reúnem-se semanalmente para processar e julgar sobre diversas matérias previstas no Regimento Interno, destacando-se a competência no artigo 13º. dentre elas: as autoridades e matérias cometidas ao Tribunal de Justiça pelas Constituições Federal, do Estado de São Paulo e legislação aplicável, ressalvada a competência de órgão fracionário; os mandados de segurança e os habeas data contra ato do próprio Órgão Especial, do Conselho Superior da Magistratura e de seus integrantes, das Turmas Especiais, da Câmara Especial e relatores que as integrem; quando atribuída a omissão ao Governador do Estado, à Mesa e ao Presidente da Assembleia Legislativa, ao Conselho Superior da Magistratura ou a qualquer de seus integrantes, ao Procurador-Geral e Justiça, ao Prefeito da Capital, à Mesa e ao Presidente da Câmara Municipal da Capital; (..) decidir sobre a criação de vara e remanejamento de competência entre as já existentes, na forma da lei;(...) adotar providências visando à boa ordem e ao aprimoramento das rotinas de trabalho de seus órgãos e serviços auxiliares; (.). Os juízes de primeiro grau são os responsáveis em processar e julgar ações em primeira instância. Após a sentença, caso uma das partes não concorde com o resultado do julgamento, ela tem o direito de ingressar com recurso para a segunda ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 17 instância. Nesse caso, o processo será julgado novamente, só que, dessa vez, por desembargadores, que se dividem em Câmaras. As Câmaras são formadas por um colegiado de desembargadores. Eles proferem seus votos, mantendo ou não a decisão de primeira instância. A decisão em segunda instância é chamada de ACÓRDÃO. Todos os julgamentos em 1ª e 2ª instância são públicos e suas decisões devem ser fundamentadas. Caso contrário, podem ser dadas como nulas. Em determinados atos, quando se tratar de situações em que seja fundamental preservar o direito à intimidade do interessado, a presença é limitada às partes e aos seus advogados, (Constituição Federal, artº 93). A Corregedoria Geral da Justiça é o órgão fiscalizador e normatizador dos procedimentos técnico-operacionais da 1ª instância do Judiciário. O Corregedor tem a função de fiscalizar o andamento dos ofícios de Justiça, ação que se faz por meio de correição e, para isso, ele conta com uma equipe constituída de juízes assessores, que, além de proceder às correições, são especializados por área do Direito. A Corregedoria também é responsável pela Comissão Estadual Judiciária de Adoção Internacional – CEJAI, criado em junho de 2005 pela Portaria nº 7243/05, presidida pelo Corregedor Geral da Justiça, composta por seis desembargadores, um juiz secretário atuante em Vara da Infância e Juventude. C - ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA Os membros da cúpula do Tribunalde Justiça e as Secretarias encontram-se sediadas na cidade de São Paulo. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 18 As Secretarias são responsáveis em oferecer o suporte necessário ao funcionamento da instituição. São elas: Secretaria da Presidência Secretaria Judiciária Secretaria de Primeira Instância – SPI Secretaria da Magistratura - SEMA Secretaria de Orçamento e Finanças - SOF Secretaria de Administração – SAD Secretaria do Abastecimento - SAB Secretaria de Planejamento de Recursos Humanos – SPRH Secretaria de Gerenciamento em Recursos Humanos – SGRH Secretaria de Planejamento e Gestão - SPG Secretaria de Tecnologia e Informática – STI Secretaria da Saúde – SAS Além das Secretarias existem dentro da estrutura do Tribunal de Justiça as Coordenadorias, quais sejam: da Infância e Juventude e da Violência Doméstica Contra a Mulher. O Poder Judiciário paulista encontra-se dividido em 10 Regiões Administrativas, conforme o mapa abaixo. As regiões são compostas por um conjunto de circunscrições. A circunscrição compõe-se de um conjunto de comarcas e esta por sua vez, pode abranger um ou mais município. O Estado de São Paulo possui 56 circunscrições, 257 comarcas e 58 Varas Distritais, além da Capital. As comarcas recebem uma classificação em três (3) entrâncias: entrância inicial, entrância intermediária e entrância final. A capital é classificada em entrância final, bem como as comarcas mais importantes do interior [...]. A classificação é feita segundo os critérios do movimento forense, população, número de eleitores e receita tributária, levando-se em conta ainda as condições de autossuficiência e de bem estar necessárias para a moradia de juízes e demais servidores da justiça ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 19 [...].(Cintra, Grinover e Dinamarco, 2007, p.206) Os assistentes sociais e psicólogos do judiciário paulista estão distribuídos em diversas comarcas, que se vinculam à comarca sede de circunscrição. Essa vinculação delimita a área que o profissional pode atuar. Os profissionais de Serviço Social e de Psicologia estão diretamente subordinados ao juiz de competência da infância e juventude de sua comarca e no caso da Capital, as Varas da Infância e Juventude. O Tribunal não conta com setor que agregue a todos, em termos das questões técnico-operacionais. Ressaltamos que alguns profissionais estão lotados Varas de Família ( Central, Freguesia do Ó, Butantã ) e Violência Doméstica ( Barra Funda, Penha, Butantã, etc), todas na capital. Em agosto de 2005 o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia foi criado por meio da Portaria 7243/2005 vinculado à Corregedoria Geral da Justiça, com o intuito de assessorar assistentes sociais, psicólogos e magistrados em questões atinentes a área técnica, assim como buscar a colaborar para a normatização de procedimentos. O Núcleo de Apoio passou a integrar a Coordenadoria da Infância e Juventude – CIJ, em outubro de 2011 dando sequência aos trabalhos que já desenvolvia e ampliando as possibilidades em outras frentes. A Portaria 8.046/2011, D.O.E. e a Portaria 8.656/2012 oferece organização administrativa da Coordenadoria da Infância e Juventude e do Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 20 CAPÍTULO II OS ASSISTENTES SOCIAIS E PSICÓLOGOS NO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS Para tratar do ingresso dos profissionais de Serviço Social e da Psicologia no Judiciário paulista precisamos recuperar, ainda que de maneira breve, a instalação do Juizado Privativo de Menores, em 1925, na comarca de São Paulo, que se estabeleceu em resposta à necessidade de promover uma atenção diferenciada aos “menores”. A Lei nº 2.059 dispõe sobre o amparo, proteção e julgamento de menores abandonados e delinquentes. Dentre os funcionários, exigia-se a participação de um profissional de medicina para auxiliar o juiz em suas decisões. Cabia a ele realizar os exames periciais, observar os menores sob decisão judicial, visitar e investigar os antecedentes hereditários de seus familiares (Davidovich, 1991, p.46). O primeiro Código de Menores instituído em 1927 e apelidado de Código Mello Matos nasceu sob a forte influência do magistrado com o mesmo nome e vigorou por 52 anos. O trabalho, realizado pelos Comissários de Vigilância e denominados posteriormente de Comissário de Menores, era formado por voluntários dispostos a auxiliar no atendimento e encaminhamentos dos casos ao juiz para apreciação e decisão (Fávero, 1995, p.32). O Código Mello Matos foi substituído, em 1979, por outro que consagra a Doutrina da Situação Irregular, segundo a qual os menores são objeto de direito, quando se encontrarem em estado de patologia social definido legalmente. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 21 O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) entrou em vigor em 1990, e colocou as crianças como sujeitos de direitos, reforçando a necessidade da atuação de equipes interprofissionais nos Juízos da Infância e da Juventude. Segundo Soares da Silva (2005), o Estatuto surgiu do anseio de movimentos, entidades e organizações de proteção à infância. No entanto, apesar de consideradas cidadãs, há que se ter claro que cidadania implica numa condição ativa. “O exercício da cidadania exige a prática da reivindicação, da apropriação de espaços [...] pressupõe uma consciência crítica libertária e a efetiva participação social com a ocupação dos espaços decisórios.” (p.72). B. INSERÇÃO DOS PROFISSIONAIS NAS VARAS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE E FAMÍLIA. B.1 O SERVIÇO SOCIAL A primeira Escola de Serviço Social surgiu em 1936, em São Paulo. Logo depois, assistentes sociais e estagiários passaram a integrar o quadro de comissários do Judiciário como voluntários. A primeira contratação, ao que tudo indica, foi de uma aluna de Serviço Social, ocorrida em 19371. (Fávero, 1995, p.32/33). Iamamoto identificou que o Decreto Estadual nº 9.744 de 1938 reorganizou o Serviço Social de Menores, determinando que cargos, como de subdiretor de vigilância, de comissários de menores e de monitores de educação, passassem a ser privativos dos Assistentes Sociais (apud Matias, 2002, p. 90). Não obstante, somente em 1948 o Serviço Social começou a fazer parte do quadro funcional do Judiciário. 1 Segundo Fávero, não há registros de como se organizou essa atuação. (Fávero, 1995, p.34) ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 22 Em 1949, por meio da Lei nº 560, foi criado o Serviço de Colocação Familiar nos Juízos de Menores. Tinha o objetivo de evitar o acolhimento de crianças e adolescentes que, na época, eram denominados menores. O Programa era de responsabilidade do Serviço Social e o diretor nomeado foi José Pinheiro Cortez, assistente social, que permaneceu de 1950 a 1979. De 1948 a 1958, inúmeros serviços de atendimento à infância e adolescência centralizaram-se no Juizado de Menores e várias frentes de trabalho foram abertas aos assistentes sociais queneles atuavam, principalmente a partir de 1956, com o juiz de menores, Dr. Aldo de Assis Dias (Fávero, 1995). Muitos profissionais assumiram postos de chefia; a exemplo disso, no Recolhimento Provisório de Menores e na Casa de Plantão, dentre outros. Em 1975, esses serviços e seu corpo técnico foram transferidos para o Poder Executivo. Entretanto, os profissionais que atuavam no gabinete e ofereciam subsídios para as decisões judiciais se mantiveram. A partir de 1957, atendendo ao dispositivo do Código Civil que permite ao juiz a nomeação de um perito para subsidiá-lo, os assistentes sociais começaram a atuar nas Varas de Famílias. Posteriormente, alguns foram designados exclusivamente para trabalhos nessa área em função do crescente número de determinações de estudos sociais. A decisão, contudo, foi revogada na década de 80 e apenas o Fórum Central, na capital, manteve esse modelo de equipe individualizada e, atualmente, os fóruns digitais da Freguesia do Ó e Butantã. Em 1967, ocorreu o primeiro concurso para assistentes sociais do Poder Judiciário paulista. Posteriormente, outros foram abertos: 1979, 1985, 1990, 2005 e 2013. Os três últimos destinaram-se a atender a capital e as comarcas do interior. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 23 B.2 A PSICOLOGIA Um levantamento realizado por Bernardi (1999) indica que, em 1981, os psicólogos já prestavam serviços voluntários nas agências de colocação familiar (Lei Estadual nº 560 de 1949) do Tribunal de Justiça. A atuação tinha caráter terapêutico e de intervenção clínica com as famílias. O início do trabalho se deu na Fundação Estadual do Bem Estar do Menor por meio de um estágio e foi sedimentado, mais tarde, no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Mas o ingresso oficial do psicólogo ocorreu nas Varas de Menores (atuais Varas de Infância e Juventude), e, posteriormente, nas Varas de Família e Sucessões. A inserção pode-se dizer, fundamentou-se na necessidade de oferecer assessoria especializada aos juízes sempre que o direito da criança e do adolescente fosse ameaçado ou violado e tinha o objetivo de apresentar subsídios para a reflexão e análise sobre a melhor medida legal a ser aplicada. Neste sentido, a intervenção consistia na confecção de um diagnóstico situacional, na orientação e aconselhamento com o intuito de garantir a convivência familiar. A realização desse tipo de trabalho estava amparada legalmente pelo Código de Menores de 1979, que estabelecia a diferenciação dos atendimentos realizados pelos psicólogos na Promoção Social e no Judiciário. Em 1980, os psicólogos passaram a atuar nas chamadas audiências interprofissionais, propostas por Camargo (1982), que se constituíam numa forma de atendimento dos casos em juízo, por meio da prévia apuração da equipe técnica, composta por Assistente Social e Psicólogo. Tais profissionais tinham como dever não só apresentar as medidas cabíveis dentro de suas respectivas áreas, mas também, confeccionarem relatórios circunstanciados visando à decisão do processo. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 24 Esta proposta constituiu-se em verdadeiro marco para a entrada definitiva dos psicólogos nos quadros da instituição jurídica. Em 1981, foram legalmente contratados e passaram a integrar quase todas as Varas de Infância e Juventude da capital. Quatro anos depois, realizou-se o primeiro concurso público nos quadros do Tribunal de Justiça de São Paulo com a criação de 65 cargos efetivos e mais 16 cargos de chefia. B.3 Histórico do Serviço Social e da Psicologia no Tribunal de Justiça As Normas Judiciais da Corregedoria Geral da Justiça (NJCJ) orientam vários assuntos relacionados ao trabalho realizado pelos assistentes sociais e psicólogos do Tribunal de Justiça de São Paulo, sendo permanentemente atualizadas. Elas são e são facilmente encontradas na INTRANET, na área de “Acesso Rápido” da página inicial. No artigo 802 ficou determinado que os assistentes sociais e os psicólogos judiciários executarão suas atividades profissionais junto às Varas da Infância e da Juventude, de Família e das Sucessões e Violência Doméstica, com as atribuições abaixo elencadas, até o mês de julho de 2016 quando da última revisão deste Manual de Procedimentos Técnicos: Fornecer subsídios por escrito mediante laudos, ou verbalmente, na audiência, e bem assim desenvolver trabalhos de aconselhamento, orientação, encaminhamento, prevenção e outras, tudo sob a imediata subordinação à autoridade judiciária, assegurada a livre manifestação do ponto de vista técnico. Os serviços atinentes a questões de família e infância e juventude, a cumprir mediante carta precatória, serão atendidos pelos técnicos com posto de trabalho nas Varas da Infância e da Juventude ou com competência para tal matéria (Comarca ou Circunscrição Judiciária) para onde for distribuída. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 25 Os assistentes sociais e psicólogos designados nas Comarcas- Sede do Interior do Estado devem servir, também, às demais Comarcas da mesma Circunscrição mediante prévia solicitação do Juiz do feito ao Juiz de Direito Corregedor Permanente do Setor Técnico. O artigo 804 determina ser também atribuição da equipe interprofissional junto às Varas da Infância e da Juventude: Analisar e emitir parecer a respeito da proposta apresentada pelo serviço de acolhimento familiar ou institucional, referente à reavaliação da situação de criança ou adolescente que estiver inserido nos respectivos programas; Ouvir, previamente, nas colocações em família substituta a criança, sempre que possível, ou o adolescente, respeitado seu estágio de desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida, e ter a sua opinião devidamente considerada; Preparar e acompanhar a colocação da criança ou adolescente em família substituta, preferencialmente com o apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar; Esclarecer e orientar previamente os titulares do poder familiar antes do consentimento destes em relação à colocação em família substituta, em especial, no caso de adoção, sobre a irrevogabilidade da medida; Orientar a família substituta, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar; Opinar previamente sobre a concessão da guarda provisória na adoção; ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 26 Emitir parecer a respeito do pedido de colocação em família substituta; Acompanhar, na adoção, o estágio de convivência, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política de garantia do direito à convivência familiar, apresentando relatório minucioso acerca da conveniência do deferimento da medida; Orientar os postulantes à adoção no período de preparação psicossocial e jurídica, preferencialmente com apoio dos técnicos responsáveis pela execução da política municipal de garantia do direito à convivência familiar; Orientar, supervisionar e avaliar, com apoio dos técnicos responsáveis pelo programa de acolhimento e pela execução da política municipal de garantia do direito à convivênciafamiliar, os postulantes à adoção durante o contato com crianças e adolescentes em acolhimento familiar ou institucional em condições de serem adotados; Avaliar, no pedido de adoção de criança/adolescente se este, após o estudo técnico, se encontra preparado para a medida; Intervir no procedimento de postulação ao cadastro de pretendentes à adoção, elaborando estudo psicossocial, que conterá subsídios que permitam aferir a capacidade e o preparo dos postulantes para o exercício de uma paternidade ou maternidade responsável, à luz dos requisitos e princípios do Estatuto da Criança e do Adolescente; Assessorar o juiz nas visitas às entidades de atendimento que desenvolvam programas de acolhimento institucional, internação, semiliberdade, liberdade assistida e prestação de serviço; Fiscalizar, mediante expressa delegação do juiz, as demais entidades referidas no art. 90 da Lei nº 8.069/1990; ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 27 Avaliar o adolescente e sua família no processo de apuração de ato infracional e no processo de execução da medida socioeducativa; Procurar fortalecer e articular a rede de serviço socioassistencial. A partir da implantação do Estatuto da Criança e do Adolescente pela Lei Federal nº 8.069/90, a integração e qualificação das equipes técnicas ou interprofissionais, formadas a partir de 1980, tornaram-se obrigatórias em todo Brasil. No Tribunal de Justiça de São Paulo, as atribuições dos assistentes sociais e psicólogos construíram-se no curso de inúmeras e afiadas discussões entre os profissionais. Em seguida, foram normatizadas pela Secretaria de Recursos Humanos (antigo Departamento Técnico de Recursos Humanos) e aprovadas pela Presidência do Tribunal de Justiça de São Paulo para serem publicadas. O Comunicado nº 308/2004 (D.O.J. de 12/03/2003) versa sobre as atribuições dos assistentes sociais e o de nº 345/2004 (D.O.J. de 26/05/2004) dos psicólogos. A partir de alterações nos dispositivos legais e mudanças na política de atendimento à criança e aos adolescentes, as funções do Judiciário e do Executivo foram se redefinindo, assim como os posicionamentos no trato nas questões do campo sociojurídico tendo em vista o entendimento da incompletude institucional. Destacamos alguns desses fatores que modificaram a atuação dos aassistentes sociais e psicólogos judiciários no Tribunal de Justiça e contribuíram para a ampliação do quadro funcional: Democratização e acesso à Justiça; Implementação dos Conselhos Municipais de Direito da Criança e do Adolescente e Conselhos Tutelares; Criação do Conselho Nacional de Justiça instituído em 2004; Plano Nacional de Convivência Familiar e Comunitária; ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 28 Criação do SINASE (2006) – Sistema Nacional de Atendimento Sócio Educativo, convertido na Lei Nº 12.594 de 18/01/2012. Recomendação n° 2, de 25 de abril de 2.006 do Conselho Nacional de Justiça (Emenda Constitucional nº 45/2004). Cabe mencionar que essa medida destaca a importância de atuação do psicólogo e do assistente social. Orienta aos Tribunais de Justiça dos Estados a adotarem as providências necessárias para implantação de equipes interprofissionais - próprias ou conveniadas às instituições universitárias - em todas as comarcas dos Estados. A atuação deve direcionar-se às causas de família, crianças e adolescentes e as providências adotadas, informadas ao CNJ no prazo de seis meses. As equipes de assistentes sociais e psicólogos na cidade de São Paulo estão, assim, distribuídas: Vara de Infância e Juventude e Varas de Família e Sucessões do Foro João Mendes; 10 Varas de Infância e Varas de Família e Sucessões dos Fóruns Regionais; 4 Varas Especiais da Infância e Juventude, 2 Varas de Família e Sucessões dos Fóruns Regionais e 7 Varas de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher. No interior, distribuem-se nas 56 Circunscrições Judiciárias, compostas por Comarcas e Fóruns Distritais, e as 10 Regiões Administrativas. Estão presentes também em diversas Unidades do Tribunal de Justiça e atendem a demanda interna institucional, tais como: DIRETORIA DE GESTÃO DE RECURSOS HUMANOS, Seção de Concessão e Controle do Auxílio Creche-Escola, regulamentado pela Portaria 7390/07. Contudo, desde 1982, os assistentes sociais atuam no planejamento e desenvolvimento de ações com vistas à administração dos benefícios de creche-escola e Programa Especial. DIRETORIA DE DESENVOLVIMENTO DE RECURSOS HUMANOS, responsável pelo Treinamento e Desenvolvimento dos funcionários em geral. O trabalho foi iniciado em 1991 e reestruturado através da Portaria 7.254/2005 de 1º de agosto de 2005; ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 29 GABINETE DE APOIO TÉCNICO E ADMINISTRATIVO AOS JUÍZES CORREGEDORES NA PRIMEIRA VICE-PRESIDÊNCIA desenvolve assessoria nos processos administrativos de funcionários desde 1993; SERVIÇO DE ATENDIMENTO PSICOSSOCIAL AOS MAGISTRADOS E FUNCIONÁRIOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO, criado em 1995 por meio da Portaria nº 2.839/95. Conta com uma unidade na capital e nove no interior. Tem o objetivo de oferecer aos funcionários uma clínica apta a lidar com questões no âmbito da Saúde Mental e que contribua assim para a humanização no Tribunal de Justiça. Objetiva, deste modo, evitar que situações de crise emocional venham a se tornar crônicas ou agravarem-se, comprometendo a vida pessoal ou profissional dos funcionários. SERVIÇO PSICOSSOCIAL VOCACIONAL AOS MAGISTRADOS E FUNCIONÁRIOS DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO existe desde 1998 e tem como função precípua a avaliação psicossocial dos candidatos à Magistratura; o acompanhamento e reavaliação psicossocial dos juízes em estágio probatório. Além disso, desenvolve programas de orientação profissional aos filhos, netos e outros dependentes dos servidores do Tribunal de Justiça de São Paulo; SERVIÇO DE ACOMPANHAMENTO PSICOSSOCIAL iniciou seu trabalho em 1998 e está subordinado à SECRETARIA DA ÁREA DE SAÚDE por meio da Portaria 7827/2010 e 8751/2013. Tem como objetivo acompanhar, orientar e promover ações visando a reinserção de servidores após longos períodos de afastamento por motivo de saúde. Faz recadastramento de servidores aposentados, quando impossibilitados por problemas de saúde a proceder ao recadastramento no serviço competente. ESCOLA JUDICIAL DOS SERVIDORES - EJUS, implantada pela Portaria n° 8.965/ 2014, destinada à capacitação dos funcionários. NÚCLEO DE APOIO PROFISSIONAL DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA, criado em 2005 e inicialmente subordinado à Corregedoria Geral da Justiça. A partir de 2011 passou a integrar a COORDENADORIA DA INFÂNCIA E JUVENTUDE. Desde a criação, o Núcleo volta-se para o trabalho de assessorar, orientar e acompanhar os profissionais de Serviço Social e de Psicologia no exercício de suas funções ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 30 interdisciplinares, identificar dificuldades e propor soluções tanto às equipes quanto ao Tribunal de Justiça. Busca também apresentar sugestões para estabelecer fluxos de serviços e apresentá-los aos canais institucionais competentes. Assessora e oferece subsídios à CGJ nas matérias pertinentes à Iinfância e Juventude, inclusive para prestar informações ao CNJ, bem comoparticipa da discussão das políticas neste campo no âmbito institucional e interinstitucional. B.4 A SUBORDINAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA O Tribunal de Justiça definiu que pelos atos praticados nos processos - art. 802 das NCJ -, os assistentes sociais e psicólogos responderão perante o juiz do feito. Ficarão, porém, disciplinarmente subordinados ao juiz competente na área da Infância e da Juventude, inclusive onde não houver Vara especializada. Ressalva feita às Varas de Violência Doméstica da Capital e das Varas de Família (Central, Freguesia do Ó e Butantã), que possuem equipes individualizadas e estão subordinados respectivamente ao juiz da Família e ao juiz da Violência Doméstica. Juiz Vara da Infância e Juventude Setor de Serviço Social Setor de Psicologia Juiz Vara Família e Sucessões Violência Doméstica ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 31 Tendo em vista que a equipe técnica está subordinada hierarquicamente ao juiz, caberá ao diretor de cartório o trato das questões relativas à esfera administrativa. Dentre elas, providenciar os recursos necessários para que ela desenvolva suas ações. Quando da necessidade de comparecimento às atividades externas - reuniões,visitas a recursos da comunidade, etc -, próprias do cotidiano profissional, os profissionais deverão informar ao juiz. Recomenda-se, assim, que a informação seja por escrito, anexada ao convite e despachada diretamente com o magistrado. Os assistentes sociais e psicólogos designados nas Comarcas-Sede do Interior do Estado também devem servir às demais Comarcas da mesma Circunscrição mediante prévia solicitação do Juiz do feito ao Juiz de Direito Corregedor Permanente do Setor Técnico. O ponto biométrico, deverá ser marcado diariamente, no local onde o profissional estiver lotado. Pelas características que envolvem a atuação dos psicólogos e assistentes sociais, a marcação do ponto é realizada uma única vez ao dia, preferencialmente na entrada. Na Capital, onde existe designação de chefia, é responsabilidade direta dessa chefia (NGC, Tomo I, Seção XLIX, Subseção I), a designação do processo (quando o processo não vem com prévia designação), escala de Plantão Diário, escala do uso da viatura, escala de férias, dentre outras atividades relativas à gestão, supervisão, etc.2 Não há regulamentação de chefia técnica para as equipes do interior, o que pode representar dificuldades na organização e gerenciamento do trabalho. Em função disto, tem sido comum um profissional de cada área assumir a coordenação técnica/administrativa, tarefa imprescindível para maior eficácia nas ações. Como forma de proporcionar um melhor funcionamento dos setores tem sido comum que um profissional de cada área assuma a coordenação técnica/ 2 No período de 1996-1999 o Departamento Pessoal (DEPE), hoje S.P.R.H., coordenou o grupo de chefias da capital, contando com 33 participantes. Esse grupo discutiu as funções específicas do cargo elaborando documentos. Posteriormente o Núcleo de Apoio Profissional de Serviço Social e Psicologia da Corregedoria Geral da Justiça coordenou uma Comissão de Chefias da Capital, com o propósito de discutir das funções. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 32 administrativa. Notadamente os juízes têm reconhecido a importância da coordenação, pois sem dúvida isso contribui para uma maior eficiência no trabalho. Os assistentes sociais e os psicólogos deverão dar plantões diários, de segundas às sextas-feiras, no horário das 13h às 18h, no próprio recinto de cada foro, ou onde designado, para atendimento e orientação da população. Deve ser elaborada uma escala pelo setor. Abaixo apresentamos na integra o Tomo I, Seção XLIX, Subseção I das Normas da Corregedoria Geral da Justiça que trata sobre os setores técnicos. http://www.tjsp.jus.br/Download/ConhecaTJSP/NormasJudiciais/NSCGJTomoIDJE.pdf BIBLIOGRAFIA BERNARDI, Dayse C.F. Histórico da Inserção do Profissional Psicólogo no Tribunal de Justiça do Estado de S.Paulo – Um Capítulo da Psicologia Jurídica no Brasil. In: BRITO, L.M.T.(org.) Temas de Psicologia Jurídica. Rio de Janeiro: Relume Dumará,1999. CAMARGO, Antonio Luis Chaves (org.) O Menor e seus Direitos: Audiências Interprofissionais. São Paulo: Lex, 1982. CERQUEIRA, M.A.P.S - e FERREIRA, R.M. Histórico do serviço de psicologia no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. In: Manual do curso de iniciação funcional para Assistentes Sociais e Psicólogos judiciários. PINTO, Ana Célia R.G; ALONSO, Denise Helena de Freitas;ANDERSON, Maria Celeste (orgs.) – Convênio Tribunal/FCBIA – São Paulo, 1991/1992. DAVIDOVICH, Terezinha Z. Histórico do serviço social no Tribunal de Justiça de São Paulo. In: Manual do curso de iniciação funcional para Assistentes Sociais e Psicólogos judiciários. PINTO, Ana Célia R.G; ALONSO, Denise Helena de Freitas;ANDERSON, Maria Celeste (orgs.) – Convênio Tribunal/FCBIA – São Paulo, 1991/1992. FÁVERO, Eunice T, MELÃO, Magda Jorge Ribeiro e JORGE, Maria Rachel Tolosa (orgs.). O Serviço Social e a Psicologia no judiciário: construindo saberes, conquistando direitos. São Paulo: Cortez, 2005. FÁVERO, Eunice Terezinha. Serviço Social, Práticas Judiciárias, Poder: Trajetória do ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 33 Serviço Social no Juizado de Menores de São Paulo de 1948 a 1958. In Cadernos do NCA nº 2 – PUC/SP, out. 1995. FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP-Fundação do Desenvolvimento da Educação, 1995. GUEIROS, Dalva Azevedo e GIACOMINI, Mônica (coord.). O Serviço Social e a Psicologia no Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. In: Caderno dos Grupos de Estudos – Serviço Social e Psicologia Judiciários. ALONSO, Denise Helena de Freitas (org.). Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, Gráfica do TJ/ DAPRE, Edição nº 1, São Paulo: 2004. LAROUSSE CULTURAL. Grande Dicionário da Língua Portuguesa. São Paulo: Nova Cultural, 1999. MATIAS, Dilza Silvestre Galha Matias. Crises, Demandas e Respostas Fora de Lugar. Programa de Pós-Graduação em Serviço Social – PUC/SP - Dissertação de Mestrado, 2002. RIZZINI, Irene. O Século Perdido: raízes históricas das políticas públicas para a infância no Brasil. Rio de Janeiro: Editora Universitária Santa Úrsula 1997. “SILVA, Evani Zambon Marques da”. “Reflexões sobre a avaliação psicológica no âmbito do judiciário” In: A diversidade da avaliação psicológica. Considerações teóricas e práticas. João Pessoa (PB) : idéia, 2001. ______ Psicologia Jurídica: Um caminho em evolução. In: Revista da Academia Paulista dos Magistrados, ano II, nº 2, 2002. SOARES DA SILVA, Cláudio R. A Utopia da infância cidadã. In: TRINDADE, Jorge(org.) Direito da criança e do adolescente: uma abordagem multidisciplinar. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2005. TRAVIESO, Pilar I. O Sujeito no Discurso Jurídico das Varas de Infância e Juventude: Pedido de Providências. Dissertação de Mestrado, IP-USP, 2001. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 34 CAPITULO III O QUE É PRECISO SABER ADMINISTRATIVAMENTE PARA ATUAR NAS VARAS DE INFÂNCIA E JUVENTUDE A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS A instituição está sendo informatizada, entretanto ainda circulam processos,ofícios e livros. Em meio a essa realidade, é importante que o Serviço Social e a Psicologia do judiciário paulista se organizem para garantir a visibilidade de seus atos. Assim, existe a necessidade de padronizar os registros de forma a contemplar um padrão mínimo de atuação, respeitada as peculiaridades de cada local de trabalho. B- PROCESSOS DIGITAIS Os processos em papel que já compõem o acervo não serão digitalizados e tramitarão nesse meio até a sua extinção. Os novos processos, por outro lado, tramitarão desde logo em meio exclusivamente digital. Nas varas que adotaram o processo digital tornaram-se híbridas do aspecto do formato de tramitação dos processos (em papel e digital). ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 35 O Peticionamento Eletrônico é o recurso tecnológico para protocolização de petições iniciais e intermediárias, obrigatório nos termos da Resolução TJ/SP nº 551/2011. Nos processos digitais, as atividades de tramitação dos processos/documentos no sistema ocorrem através dos fluxos, filas e pasta digital. Dúvidas sobre o qualquer etapa do processo digital recorra ao SPI que dispõe de cadernos explicativos para o Serviço Social e a Psicologia através do link: http://www.tjsp.jus.br/Institucional/PrimeiraInstancia/Download/Default.aspx C- REGISTROS EM LIVROS Com a informatização os livros caíram em desuso, porém, devemos lembrar que estamos na fase da coexistência dos dois modelos. Assim sendo, os livros devem seguir a organização estabelecida pelas Normas da Corregedoria. Chama-se atenção para que sejam evitados erros, rasuras, omissões, borrões ou entrelinhas. Caso seja necessário, poderá ser utilizado o termo “sem efeito”, que deverá estar datado e autenticado com a assinatura ou rubrica de quem a lançou. Os Livros de Carga e outros papéis que por dois anos não sofrerem nenhum registro poderão ser inutilizados. Mas, para tanto, deve ser solicitada autorização ao Juiz Corregedor Permanente. Os assistentes sociais e psicólogos devem manter livros de registros específicos às suas seções. Quais sejam: ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 36 C.1 LIVRO DE CONTROLE DE REGISTRO DE PROCESSOS: RECEBIMENTO E DEVOLUÇÃO DE PROCESSOS Nos processos digitais o recebimento e a devolução ocorrem por meio digital. Porém: nem todos estão no sistema e o recebimento e feito de forma física, portanto é de responsabilidade de cada seção técnica manter um Livro de Controle de Registro de Processo. Ele tem por objetivo acompanhar a entrada e saída do processo da seção. Recomenda-se que o livro tenha espaço para as seguintes anotações: N° do Processo Nome da Criança Data da Entrada na Seção Assistente Social Designado ou Psicólogo Designado Data da Saída da Seção Recebimento Cartório (data) Identificação de quem recebeu Outras informações (a critério) Importante ressaltar que a data de recebimento do processo deverá também estar assinalada no livro, assim como a da devolução. Essas são garantias de que o trabalho foi realizado e de que o processo não ficou parado no setor. Caso um advogado venha comparecer no juízo para consultar determinado processo, e este se encontrar na seção técnica, o cartório deverá retirá-lo da seção, que, por sua vez procederá à anotação no livro de carga, de acordo com as Normas da Corregedoria, e o advogado consultará o processo em cartório. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 37 As Normas da Corregedoria não especificam o Livro para as seções técnicas. Entretanto, afirma-se como de fundamental importância sua existência pelos aspectos acima elencados. Identifica-se nas Normas que o Juiz Corregedor Permanente deverá manter controle sobre os Livros de Carga em geral, e que se pode deduzir que isso engloba os das seções técnicas. C.2- LIVRO DE REGISTRO DE PESSOAS INTERESSADAS NA ADOÇÃO (CPA) O ECA estabelece em seu art.º 50 a necessidade de manter, em cada comarca ou foro regional, um registro de crianças e adolescentes que estão em condições de serem adotados e outro de pessoas interessadas em adoção. As Normas da Corregedoria definiram que esse livro é de responsabilidade dos setores técnicos, a quem compete o registro dos dados. As anotações desse livro deverão obedecer à ordem de habilitação dos pretendentes, que somente ocorre após o transito em julgado da sentença judicial. Recomenda-se que os seguintes dados devem constar do registro do CPA: Nº de ordem Nº do CPA Nome dos Pretendentes Endereço/ Telefone(s) Características da Criança pretendida (sexo, idade, etnia) Datas das reavaliações Elementos das reavaliações Data da Sentença Datas que foram chamados Data da colocação da criança Tempo até a colocação da criança Nome da Criança Observações ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 38 Deve-se ainda atentar para o arts 844 e 845 NSCG que tratam da necessidade de reavaliação dos pretendentes cadastrados, tanto para atualização quanto para rever os casos em há recusa sistemática do pretendente às crianças indicadas. C.3 - LIVRO: REGISTRO DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM CONDIÇÕES DE SEREM ADOTADOS É também de responsabilidade dos Setores Técnicos a feitura do livro de crianças e adolescentes que se encontram em condições para adoção. Isso significa que houve a destituição do poder familiar ou entrega voluntária pelos genitores e determinação judicial para inscrição da criança/adolescente em livro próprio. Recomenda-se que para cada criança/adolescente seja reservada uma página do livro, devendo constar os seguintes dados: Número Data da Sentença D.P.P. DPP ( ) Renúncia do poder familiar ( ) Falecimento dos genitores ( ) Nome da Criança/ Adolescente Data de Nascimento Local de Nascimento Genitores Breve Histórico do Caso Saúde Física/Mental Local onde a criança se encontra Colocação em família substituta: Guarda ( ) Tutela ( ) Adoção ( ) Guardião (ães): Data do Início do Estágio de Convivência Data da Sentença/Medida judicial Observações: ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 39 C.4 - LIVRO DE REGISTROS DAS PESSOAS ATENDIDAS SEM PROCESSO Comumente os profissionais, sobretudo os assistentes sociais, ao realizarem o Plantão, atendem quem procura a instituição por diferentes motivos. Isso pode representar considerável tempo de trabalho. Nesse atendimento, o profissional identifica a demanda, realiza orientações e encaminhamentos. Porém, pelo fato desse atendimento não ser concretizado em processo, não se tem ideia da incidência da procura, do motivo, de onde residem, e se foram encaminhados por outros serviços. Um livroque tenha a preocupação de assinalar essas demandas poderá objetivar esses dados, e instrumentalizá-los na articulação com a rede, para que melhor respondam a demanda que não é judicial C.5- FICHAS DE CONTROLE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM ACOLHIMENTO INSTITUCIONAL Como meio da Vara da Infância e Juventude manter controle das crianças e adolescentes acolhidos, foram criadas duas fichas, sendo uma responsabilidade do cartório e outra do setor técnico. O diretor do cartório deve manter fichário nominal das crianças e adolescentes acolhidos e desacolhidos a partir de 1° de janeiro de 2006, conforme modelos próprios. Essas fichas devem ser abertas imediatamente, após determinação judicial, e devem seguir a ordem cronológica. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 40 Tão logo o cartório tenha cumprido a ordem de acolhimento ou desacolhimento, deverá remeter os autos imediatamente ao setor técnico que terá 24 horas para abrir as fichas individuais das crianças e adolescentes, seguindo modelo próprio. Essas fichas devem permanecer arquivadas no setor técnico, sendo de responsabilidade dos profissionais que acompanham o processo manterem atualizados os dados referentes à situação das crianças/adolescentes. D- DA PLANILHA DO MOVIMENTO JUDICIÁRIO DOS SETORES TÉCNICOS: REGISTRO ESTATÍSTICO Os dados relativos ao trabalho dos Setores Técnicos serão incorporados ao MovJud, com os objetivos: - Normatizar a coleta de informações que constituem as estatísticas dos trabalhos realizados pelas seções técnicas de serviço social e psicologia; - Facilitar a elaboração de relatórios dos setores técnicos mediante a padronização dos procedimentos metodológicos; - Desvelar a realidade local, propiciando uma visão mais abrangente e de totalidade, o que dará indicativos que facilitem a interlocução com o poder executivo e sociedade civil, favorecendo a construção de políticas públicas. - Desvelar o número de atendimentos realizados pelos profissionais de serviço social e psicologia no judiciário - Ser um instrumento para adequada lotação de profissionais no Tribunal de Justiça ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 41 E- DO RELATÓRIO ANUAL O artigo 807 das Normas da Corregedoria obriga que os setores técnicos de serviço social e de psicologia apresentem ao seu juiz corregedor relatório das atividades realizadas no ano. Neste relatório poderá constar também proposta de atividades complementares. Esse documento é um importante instrumento para a instituição como um todo, já que fica consignada a atividade desenvolvida pelos setores técnicos. Recomenda-se que apresente os seguintes aspectos: • Quadro de Profissionais na seção • Quantidade de processos que foram atendidos no ano • Tipos de Processo • Natureza das Ações • Número de Entrevistas que foram realizadas • Número de Visitas domiciliares realizadas • Demais procedimentos técnicos que se mostrarem significativos. • A produção de relatórios e laudos • Média mensal dos atendimentos • Reuniões de equipe • Reuniões externas • Participação em eventos • Participação em grupos de estudos institucional • Outros ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 42 Esse relatório além do aspecto quantitativo deve tecer uma análise do que os números permitem perceber, aliando-se o conhecimento da prática a uma leitura qualitativa do cotidiano profissional. Caso seja possível, alguns resultados poderão ser apresentados em tabelas e gráficos. A Planilha do Movimento Judiciário mencionada no item D será de grande valia para oferecer esses indicativos. Outras atividades em que houver a participação dos profissionais seja interna ou externa também deverão ser computadas, bem como os resultados alcançados. Com o Relatório Anual há o resgate de todo o trabalho desenvolvido no ano. Recomenda-se registrar as informações diariamente/mensalmente. Muito embora se reconheça isso como trabalhoso, é importante que seja incorporado dentre as atividades profissionais. Não o fazer implica em sério risco de não se conseguir resgatar o trabalho realizado. Como consequência da ausência desta prática, a apresentação do relatório não transmitirá a veracidade do que se faz e pouco contribuirá para as reflexões da prática diária. F- UTILIZAÇÃO DO SISTEMA CNCA e CNA manual CNA.pdf manual CNCA.pdf F1- Provimento CG Nº 01/2015: Alimentação de cadastros nacionais http://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/abrirDetalhesLegislacao.do?cdLegislacaoEdit=135800&flBtVol tar=N ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 43 G-DOS PRAZOS A atuação dos assistentes sociais e psicólogos no judiciário se dá nas matérias referentes à infância e juventude, família e sucessões, violência doméstica e idoso conforme a Cap IV Seção XLIX - Subseção I das Normas da Corregedoria. Notadamente os prazos processuais são fixados pelo Código de Processo Civil, ou determinado previamente pelo magistrado. O profissional deve estar atento para cumprir o prazo que estiver fixado nos autos. O prazo estipulado pelas Normas da Corregedoria encontra-se no Capítulo III, - Seção VIII – Subseção VII - Art.° 99: Art. 99. Nenhum processo permanecerá paralisado em cartório, além dos prazos legais ou fixados, ou ficará sem andamento por mais de 30 (trinta) dias, no aguardo de diligências (informações respostas a ofícios ou requisições, providências das partes etc.). Parágrafo único. Decorrido o prazo de 30 (trinta) dias, o ofício de justiça reiterará a diligência uma única vez e, em caso de não atendimento, será aberta conclusão ao juiz, para as providências cabíveis. Assim o processo que é remetido para o assistente social ou psicólogo para elaboração de estudo social e/ou psicológico, quando não for fixado o prazo, só poderá permanecer na seção técnica por até 30 dias. Na impossibilidade de cumprir as determinações judiciais em tempo hábil, o profissional deverá esclarecer nos autos o que motivou o atraso e solicitar a dilação de prazo (artigos 432 e 433 do Código de Processo Civil, Seção VII da Prova Pericial). ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 44 Nos casos de Destituição do Poder Familiar, ( ECA art.º nº 155 - 163, caso seja solicitado estudo art.º 161 e 162 § 1º), este deve ser apresentado antes das audiências definidas na pauta do Juiz. O ECA prevê um andamento processual mais célere. Em relação ao estudo de pretendente à adoção, o prazo é de 45 dias para que os Setores Técnicos ofereçam parecer conclusivo, ou se for o caso, solicitar novo prazo. Quanto ao adolescente autor de ato infracional, que esteja custodiado (artigo nº 108 do ECA) - internação antes da sentença - o prazo é menor, pois a internação só poderá durar 45 dias segundo o referido diploma legal. O profissional deve considerar a complexidade, a gravidade e a urgência dos casos, principalmente aqueles que necessitam de medidas de proteção imediatas, como casos de violência na família, com pedidos de acolhimento e/ou outros atendimentos especiais na rede de serviços. Importante frisar que o descumprimento dos prazos, com consequente estagnação do processo no setor, pode acarretar penalidade administrativa ao profissionalresponsável. H-DO MANUSEIO DO PROCESSO É de fundamental importância que o profissional ao tomar ciência de um processo, proceda a leitura atenta dos autos na íntegra, para que possa trabalhar o caso com maior propriedade. BIBLIOGRAFIA NORMAS DE SERVIÇO DA CORREGEDORIA GERAL DA JUSTIÇA. Disponível em http://www.tjsp.jus.br/Download/ConhecaTJSP/NormasJudiciais/NSCGJTomoIDJE.pdf REGIMENTO INTERNO DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Disponível em https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/downloadNormas ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 45 REGIMENTO INTERNO DOS SERVIDORES DO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO. Disponível em https://esaj.tjsp.jus.br/gcnPtl/downloadNormasVisualizar.do?cdSecaodownloadEdit=6&cd ArquivodownEdit=62 BRASIL. Código de Processo Civil. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5869.htm BRASIL, CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA DO BRASIL – Promulgada em 05 de outubro de 1998. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm BRASIL. Estatuto da Criança e do Adolescente. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 46 CAPÍTULO IV O JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE PARTE I - CONSIDERAÇÕES INICIAIS A - COMPETÊNCIA DO JUÍZO DA INFÂNCIA E JUVENTUDE O Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo organiza-se na primeira instância em Varas que podem ser Únicas, Cumulativas ou Especializadas. As varas representam a área de atuação definida de cada juiz. A organização judiciária fixa a competência de cada vara. Nas comarcas menores, é comum haver uma única vara, que reúne variados tipos de ação, em comarcas maiores há divisão das varas conforme a sua atribuição: vara cível, vara criminal, vara de execução fiscal, vara da Infância e Juventude, etc. Assim identificam-se Varas Únicas cujo juiz é o responsável pela decisão das diferentes matérias, Cumulativa em que o magistrado responde por mais de uma matéria e Especializada em que as varas são organizadas pelas áreas do direito. Nas situações em que uma ou mais crianças e/ou adolescentes estejam nas condições previstas no artigo 98 do ECA, sendo necessária a intervenção judicial para que lhe seja assegurado direitos e medidas de proteção, o Juízo da Infância e Juventude deverá ser notificado. ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 47 A autoridade judiciária tem sua competência definida no ECA em seu artº 148, a qual se aponta a seguir: • Conhecer as representações do Ministério Público para apuração de ato infracional atribuída à adolescente, aplicando as medidas cabíveis; • Conhecer os pedidos de adoção e seus incidentes; • Conhecer de ações decorrentes de irregularidades em entidades de atendimento; • Conhecer ações cíveis fundadas em interesses individuais, difusos ou coletivos afetos à criança e ao adolescente; • Aplicar penalidades administrativas nos casos de infrações contra normas de proteção a crianças ou adolescentes; • Conhecer casos encaminhados pelo Conselho Tutelar, aplicando as medidas cabíveis; Também competirá ao Juízo: Conhecer os pedidos de guarda e tutela; Conhecer ações de destituição e suspensão do poder familiar; modificação ou destituição de tutela ou guarda; Suprir a capacidade ou o consentimento para o casamento; Conceder a emancipação nos casos de ausência dos pais; Designar curador especial para representar interesses das crianças e adolescentes em determinados procedimentos judiciais e extrajudiciais; Determinar o cancelamento, a retificação e o suprimento de registros de nascimento e óbito; ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 48 Conhecer ações de alimentos; O Juízo da Infância e Juventude irá conhecer as situações que envolvam a violação dos direitos e tomar as providências cabíveis a partir de ações judiciais, as quais expõe os fatos e solicita providências. Ele também deverá tomar providências quando for de seu conhecimento que houve colocação ou transferência de criança ou adolescente em família substituta ou em entidades governamentais ou não governamentais, sem autorização judicial (Art. 30 ECA) e nos casos em que houve promessa ou entrega efetiva de filho ou pupilo a terceiros, mediante pagamento ou recompensa, pois se constitui em crime (Art. 238 ECA). B – DOS PROCESSOS Um processo no Juízo da Infância tem início com as representações que podem ser do Ministério Público, da Defensoria Pública ou de advogado interessado na resolução de um problema, cuja resposta exige a interferência judicial. Os processos que tramitam nesse Juízo, em grande parte, apresentam questões complexas e de difícil compreensão que abarcam situações de crianças e adolescentes cujos direitos foram ou continuam sendo violados. As consequências, por sua vez, podem atingir os indivíduos e sua família de diferentes formas, o que exige habilidade técnica para identificação da espécie de violação, das dificuldades presentes nas relações sociofamiliares, bem como o encaminhamento mais adequado aos sujeitos e a problemática apresentada. Há que se ter claro que nesses processos estão presentes uma gama de dificuldades em que estão implicadas relações sociais e problemas psicológicos que aparecem de forma fragmentada, multifacetada e, por vezes, de difícil percepção. Não se trata apenas de decidir o certo ou o errado, se é esta ou aquela verdade, mas entender as particularidades no campo humano-social em uma perspectiva ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 49 multiprofissional que se possa vislumbrar um desfecho, recuperando direitos e assegurando a cidadania. Há sempre que se ter presente que qualquer decisão no campo da infância e juventude é extremamente delicada, uma vez que o objeto da intervenção é a criança e o adolescente, indivíduos em processo de desenvolvimento e que qualquer decisão sobre eles repercutirá sobre toda a sua vida. O Estatuto da Criança e do Adolescente reconhece a peculiaridade da justiça da infância e juventude ao prever em seus artigos 150 e 151, que equipes interprofissionais, além de subsidiarem decisões judiciais, deverão proceder a orientações e encaminhamentos que se fizerem necessários à população usuária. PARTE II ATUAÇÃO DOS ASSISTENTES SOCIAIS E PSICÓLOGOS NOS PROCESSOS DA INFÂNCIA E JUVENTUDE A- CONSIDERAÇÕES INICIAIS: O Estudo Social é um procedimento metodológico privativo do assistente social. Embora, esteja presente historicamente na prática cotidiana da profissão, no campo do Judiciário tem assumido maior expressão, sendo utilizado como subsídio à decisão judicial. Evidencia-se a importância do assistente social identificar que a questão social, base fundante da profissão, encontra-se engendrada nos processos da infância e da adolescência e, por isso, requer que os profissionais não se desvinculem da realidade social mais ampla. Assim, segundo Fávero, a finalidade do estudo social é “conhecer com ATUAÇÃO DOS PROFISSIONAIS DE SERVIÇO SOCIAL E PSICOLOGIA INFÂNCIA E JUVENTUDE - Manual de Procedimentos Técnicos 50 profundidade, e de forma crítica, uma situação ou expressão
Compartilhar