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DOC-20230225-WA0010

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PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 1
História da Psicologia Jurídica e da Psicologia do testemunho aos dias atuais
Tema
História da Psicologia Jurídica da Psicologia do testemunho aos dias atuais.
Palavras­chave
psicologia direito interface
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Analisar criticamente a evolução histórica da profissão dentro do contexto jurídico.
Estrutura de Conteúdo
O docente deve apresentar o Plano de Ensino, explicar como será apresentado o conteúdo a ser estudado durante o semestre, assim como explicar os procedimentos de avaliação.
É importante, desde já, apresentar a importância que a psicologia ocupa no direito, apontando‐o como auxiliar ativo da produção jurídica.
1.1  História da Psicologia Jurídica
Ao realizar uma análise histórica da psicologia e o direito, podemos começar com o final do século XIX, com o que se denomina psicologia do testemunho
O que é a psicologia do testemunho
A psicologia do testemunho, na sua evolução histórica, inicialmente era considerada a verificação, através do estudo experimental dos processos psicológicos, a fidedignidade do
relato do sujeito envolvido em um processo jurídico.
Esta fase inicial foi muito influenciada pelo ideário positivista, importante nesta época, que privilegiava o método científico empregado pelas ciências naturais, enfatizando uma
prática profissional voltada para a perícia, exame criminológico e laudos psicológicos baseados no psicodiagnóstico.
Segundo Rauter (1994) esses pareceres e exames, serviam para instruir processos de livramento condicional e outros institutos ligados à execução das penas, porém, como informa a
autora ?a maior parte do conteúdo destes laudos era bastante preconceituosa, bem estigmatizante, e nada tinha de científico...
Os laudos repetiam os preconceitos que a sociedade já tem com relação ao criminoso, com relação a alguém que vai para a prisão.
1.1.2 Psicologia Jurídica no Brasil (aspectos principais)
O professor deve apresentar o seguinte vídeo do Conselho Regional de Psicologia de SP: http://www.crpsp.org.br/memoria/juridica/Default_juridica.aspx
Resumo:
Este vídeo percorre a história da Psicologia Jurídica em São Paulo, desde as primeiras atuações na década de 1930 ? em instituições como o Instituto de Biotipologia Criminal ? , até
se estabelecer como um campo definido de saber e uma especialidade da Psicologia. O psicólogo jurídico trabalha na interface da Psicologia com as áreas do Direito e da Justiça,
basicamente nas Varas da Infância e Juventude, Varas da Família e Sucessões, no Sistema Penitenciário e como perito em ações cíveis e criminais. Com depoimentos dos psicólogos
jurídicos Alvino de Sá, Dayse Bernardi, Fátima França e Sidney Shine, e material de pesquisa histórica, o vídeo percorre estas áreas de atuação, trazendo temas históricos, como a
promulgação do ECA e suas implicações, e problematiza questões atuais, como, por exemplo, a abordagem da criminologia crítica. Atualmente, a Psicologia tem uma importante
presença profissional, intelectual e política tanto em questões relacionadas à criminalidade e sistema penitenciário como naquelas relativas à infância, à adolescência e à família. O
psicólogo atua participando inclusive do debate e da formulação nacional de políticas, campanhas educacionais e leis. A presença do psicólogo nestas áreas é considerada
indispensável, não se restringindo à atividade avaliativa e pericial.
‐ Apontar algumas das principais características:
Na década de 60 ‐ com o reconhecimento da profissão, novas atribuições e práticas foram se incorporando à Psicologia, principalmente em interface com outras Ciências e
saberes.
Décadas de 1970 e 1980  primeiros registros de trabalhos de psicólogos em instituições de Justiça no Brasil (perícia terceirizada).
OBS: No Brasil, nos anos 80, intensificou‐se uma discussão importante sobre a cidadania e os direitos humanos impulsionada pela votação da nova Constituição brasileira,
lembrando que a nova Constituição Federal viria a interferir de forma absoluta na prática psicológica junto aos tribunais, a psicologia jurídica evolui junto da legislação pátria.
1985: 1o. Concurso público em São Paulo.
Início da Década de 90  luta dos psicólogos para criação do cargo junto ao Poder Judiciário.
2000: Título de Especialista em Psicologia Jurídica pelo CFP: atividades relacionadas ao contexto das organizações de Justiça, incluindo organizações que integram os poderes
Judiciário, Executivo e o Ministério Público.
Bibliografia do Professor
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA JURÍDICA e UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. Anais do III Congresso Ibero‐Americano de Psicologia Jurídica, São
Paulo: 2000.
CAÍRES, Maria Adelaide De Freitas. Psicologia Jurídica ? implicações conceituais e aplicações práticas, São Paulo: Vetor.
PILOTTI, Rizzini (org.) A arte de governar crianças ‐ a historia das políticas sociais , da legislação e da assistência à infância no Brasil. RJ, EDUSU/AMAIS, 1995.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
Uma produção individual dos alunos, fundamentada criticamente, embasada em pesquisas  científicas
realizadas em  artigos e/ou livros, sobre a importância do tema apresentado para o psicólogo e debate
sobre o filme.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 2
Código de ética: laudo e parecer
Tema
Código de ética: laudo e parecer.
Palavras­chave
QUESTÕES ÉTICAS LAUDO E PARECER
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Situar sua formação e atuação profissional junto aos diversos ramos do Direito, assim como interpretar o Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Estrutura de Conteúdo
Código de Ética Profissional
O atual Código de Ética Profissional (Resolução número 010/05 do Conselho Federal de Psicologia)
entrou em vigor no dia  27 de agosto de 2005, substituindo o antigo Código (Resolução CFP n º 002/87).
É interessante a apresentação, em sala de aula da seguinte informação, demonstrando a importância do
estudo do Código de Ética por parte do psicólogo:
Na abertura do 1º encontro  com psicólogos peritos e assistentes técnicos de São Paulo, em 2005, foi
apresentada a seguinte pesquisa realizada pelo CRP/SP:
­ 200 processos em trâmite na Comissão de Ética (CRP/SP):
­ 11 eram questionamentos sobre o trabalho do psicólogo como perito;
­ 2 sobre o trabalho do psicólogo como assistente técnico;
­ As queixas comuns:
a) técnicas utilizadas;
b) fundamentação das conclusões;
c) relação do trabalho do perito com o do assistente técnico;
d) produção de laudos divergentes por parte dos profissionais envolvidos, até quando as mesmas
técnicas são utilizadas;
e) produção de um laudo parcial, ouvindo somente uma parte.
Princípios Fundamentais
O atual Código de Ética é fundado nos seguintes princípios:
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e todos os outros principais princípios estipulados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos (e referendados na nossa Constituição Federal de
1988): liberdade, igualdade e integridade do ser humano.
Promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas e coletividades, atuando contra negligência,
discriminação, violência, crueldade e opressão.
Responsabilidade social.
Divulgação dos conceitos éticos e da prática psicológica.
Reconhecimento das relações de poder nos contextos em que atua, e o impacto destas relações.
Principais artigos a serem estudados para a matéria
Art. 2º  Ao psicólogo é vedado:
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a
qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;
g) Emitir documentos sem fundamentaçãoe qualidade técnico­científica;
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus
resultados ou fazer declarações falsas;
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais,
atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados
da avaliação;
Art. 9º  É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício
profissional.
Art. 10  Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art.
9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando­se os casos previstos em lei, o
psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo único ? Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá
restringir­se a prestar as informações estritamente necessárias.
Art. 11  Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando o
previsto neste Código.
Art. 12  Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo registrará
apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho.
Art. 13  No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos
responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício.
Bibliografia do Professor
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA JURÍDICA e UNIVERSIDADE PRESBITERIANA
MACKENZIE. Anais do III Congresso Ibero­Americano de Psicologia Jurídica, São
Paulo: 2000.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
O Código de Ética do Psicólogo não é muito extenso, portanto, possibilita que o aluno possa fazer uma leitura crítica em casa e trazer suas observações na próxima aula,
principalmente referentes aos laudos e pareceres.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 3
Áreas de atuação do psicólogo jurídico
Tema
Áreas de atuação do psicólogo jurídico
Palavras­chave
áreas de atuação do psicólogo jurídico
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Apresentar ao aluno as áreas de atuação do psicólogo jurídico
Estrutura de Conteúdo
Detalhamento das Atribuições
1­ Assessora na formulação, revisão e execução de leis.
2­ Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos.
3­ Realiza pesquisa visando a construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo
do Direito.
4­ Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças adolescentes e adultos em conexão
processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em
lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos
criminosos.
5­ Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança
e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos.
6­ Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma providência, ou
haja necessidade de comunicar­se com o juiz, durante a execução da perícia.
7­ Eventualmente participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam
necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico(juízes, curadores e
advogados).
8­ Elabora laudos, relatórios e pareceres, colaborando não só com a ordem jurídica como com o
indivíduo envolvido com a Justiça, através da avaliação das personalidade destes e fornecendo subsídios
ao processo judicial quando solicitado por uma autoridade competente, podendo utilizar­se de consulta
aos processos e coletar dados considerar necessários a elaboração do estudo psicológico.
9­ Realiza atendimento psicológico através de trabalho acessível e comprometido com a busca de
decisões próprias na organização familiar dos que recorrem a Varas de Família para a resolução de
questões.
10­ Realiza atendimento a crianças envolvidas em situações que chegam às Instituições de Direito,
visando a preservação de sua saúde mental, bem como presta atendimento e orientação a detentos
e seus familiares.
11­ Participa da elaboração e execução de programas sócio educativos destinados a criança de rua,
abandonadas ou infratoras.
12­ Orienta a administração e os colegiados do sistema penitenciário, sob o ponto de vista
psicológico, quanto as tarefas educativas e profissionais que os internos possam exercer nos
estabelecimentos penais.
13­ Assessora autoridades judiciais no encaminhamento à terapias psicológicas, quando necessário.
14­ Participa da elaboração e do processo de Execução Penal e assessorar a administração dos
estabelecimentos penais quanto a formulação da política penal e no treinamento de pessoal para aplicá­
la.
15­ Atua em pesquisas e programas de prevenção à violência e desenvolve estudos e pesquisas
sobre a pesquisa criminal, construindo ou adaptando instrumentos de investigação psicológica.
Fátima França, Psicóloga Jurídica e Presidente da Associação Brasileira de Psicologia Jurídica em seu
trabalho Reflexões sobre Psicologia Jurídica e seu
panorama no Brasil apresenta a importância do psicólogo em cada área do direito, vejamos:
Psicologia Jurídica e o Menor. No Brasil, por causa do Estatuto da Criança e do Adolescente
? ECA, a criança passa a ser considerada sujeito de direitos. Muda­se o enfoque da criança estigmatizada
por toda a significação representada pelo termo menor. Este termo menor forjou­se no período da
Ditadura para se referir à criança em situação de abandono, risco, abuso, enfim, à criança vista como
carente. Denominá­la como menor era uma forma de segregá­la e negar­lhe a condição de sujeito de
direitos. Em virtude disso, no Brasil, denominamos assim este setor da Psicologia Jurídica e as questões
da Infância e Juventude.
Psicologia Jurídica e o Direito de Família: separação, disputa de guarda, regulamentação de
visitas, destituição do pátrio poder. Neste setor, o psicólogo atua, designado pelo juiz, como perito
oficial. Entretanto, pode surgir a figura do assistente técnico,psicólogo perito contratado por uma das
partes, cuja principal função é acompanhar o trabalho do perito oficial.
Psicologia Jurídica e Direito Cível: casos de interdição, indenizações, entre outras ocorrências
cíveis.
Psicologia Jurídica do Trabalho: acidentes de trabalho, indenizações.
Psicologia Jurídica e o Direito Penal (fase processual): exames de corpo de delito, de esperma, de
insanidade mental, entre outros procedimentos.
Psicologia Judicial ou do Testemunho, Jurado: é o estudo dos testemunhos nos processos criminais,
de acidentes ou acontecimentos cotidianos.
Psicologia Penitenciária (fase de execução): execução das penas restritivas de liberdade e restritivas
de direito.
? Psicologia Policial e das Forças Armadas: o psicólogo jurídico atua na seleção e formação geral ou
específica de pessoal das polícias civil, militar e do exército.
Vitimologia: busca­se a atenção à vítima. Existem no Brasil programas de atendimentos a vítimas de
violência doméstica. Busca­se o estudo, a intervenção no processo de vitimização, a criação de medidas
preventivas e a ?atenção integral centrada nos âmbitos psico­socio­jurídicos? (Colegio de Psicólogos de
España, 1998, p. 117).
Mediação: trata­se de uma forma inovadora de fazer justiça. As partes são as responsáveis pela solução
do confl ito com ajuda de um terceiro imparcial que atuará como
mediador. De acordo com Colegio Oficial de Psicólogos de España ?la base de esta nueva técnica está
en una manera de entender las relaciones individuo­sociedad distinta,
sustentada por la autodeterminación y la responsabilidad que conducen a um comportamiento cooprativo
e pacífi co? (1998, p. 117). A mediação pode ser utilizada tanto no âmbito Cível como no Criminal.
? Formação e atendimento aos juízes e promotores.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Exibição de filmes, seguida de debates. Apresentação e discussão de casos.
Indicação de Leitura Específica
Material impresso,  quadro branco e recursos audiovisuais (datashow, televisão, vídeo e aparelho de TV
e DVD).
Aplicação: articulação teoria e prática
Uma produção individual dos alunos, fundamentada criticamente, embasada em pesquisas  científicas
realizadas em  artigos e/ou livros, sobre a importância do tema apresentado para o psicólogo.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 4
Evolução histórica dos direitos da criança e adolescente sob a ótica da Doutrina da Situação Irregular
Tema
Evolução histórica dos direitos da criança e adolescente sob a ótica da Doutrina da Situação Irregular
Palavras­chave
Direitos criança adolescente
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Compreender e assimilar a importância do atual Estatuto da Criança e do Adolescente, percebendo a
evolução jurídica brasileira na área da infância e juventude.
Estrutura de Conteúdo
Este conteúdo deverá ser trabalhado na primeira aula que inaugura a unidade 2 da matéria.
2.1.1 Parte Histórica
O docente deve se preocupar primariamente em apontar aos alunos um resumo da evolução histórica sobre os conceitos e as experiências históricas e sociais que afetaram nossa
noção de infância e adolescência.
‐ Grumetes mirins
Os grumetes e os pajens eram recrutados junto ás famílias desfavorecidas, orfanatos e crianças de rua em Portugal e empregadas, não raras vezes à força, nas embarcações
portuguesas pelo mundo (muitos vindo parar no Brasil).
Acredita‐se que os serviços dos grumetes e pajens (estes últimos funcionavam mais como acompanhantes do que trabalhadores braçais) iam além de mero trabalho braçal e
companhia, servindo também como escape sexual dos marinheiros.
É a visão da infância e adolescência como objeto, que não se resumia somente aos pobres, mesmo nas famílias abastadas havia uma noção de objeto.
‐ Roda dos Expostos 1738 (Rio) 1896 (SP)
O abandono de bebês recém‐nascidos ou de crianças era uma prática comum nos séculos XVII e XVIII no Brasil colonial. Meninas e meninos eram abandonados em calçadas, praias
ou terrenos baldios, falecendo por falta de alimento, pelo frio, ou passando a conviver com todos os males que as cidades em desenvolvimento já possuíam (ratos, lixo...).
Em alguns centros urbanos, no século XVIII, até 25% dos bebês eram abandonados e cerca de 70‐80% faleciam antes de completar sete anos.
A Roda dos Expostos foi uma solução encontrada pela Igreja Católica, copiando moldes do que já havia ocorrido na Europa, para dar uma solução aos seguintes problemas:
1‐ Recém ‐nascidos já órfãos de mães (altas taxas de mortalidade materna no parto);
2 ‐ Impedir a prática do infanticídio;
3 ‐ Salvar a reputação de jovens (brancas), que mantinham em segredo a gravidez e precisavam depositar seus filhos em algum lugar com o benefício do anonimato.
‐ Lei 2.040/1871 Lei do Ventre e Lei Áurea ‐ Lei nº 3.353/1888
O docente deve apontar aos alunos que estas leis não trouxeram nenhuma solução para a situação do negro no Brasil, principalmente para a infância e adolescência. Recomenda‐se
ao docente a leitura com os alunos de todo o artigo 1º da Lei do Ventre para promover uma breve discussão sobre sua implicação. (O texto da lei é encontrado com facilidade no
Google).
‐ Imigração 1870
O docente aqui deve abordar a necessidade, da época, de novas fontes de força de trabalho, já que desde 1870 já se percebia a força do abolicionismo, assim como o crescimento das
culturas de café, exigindo cada vez mais trabalhadores.
A opção mais barata encontrada foi a força de trabalho de imigrantes, surgindo o primeiro orfanato para abrigar os filhos destes trabalhadores brancos.
‐ Urbanização e Industrialização da economia
Apontar que a urbanização no Brasil trouxe graves problemas sociais, principalmente para as crianças e adolescentes, assim como apontar que a industrialização da economia
brasileira, assim como em outros países acarretou na utilização de crianças e adolescentes como mão de obra barata e dispensável nas fábricas, com alto grau de acidentes de
trabalho e mortalidade infantil.
2.1.2 Evolução histórico‐doutrinária da legislação da infância e juventude
1 Código de Menores (conhecido como Código Mello Mattos ‐ Decreto nº 17.943‐A, de 12.10.1927)
Havia o que se chamava ?Juízo Privativo de Menores? na década de 1920, e o primeiro Juiz de Menores do Brasil era o Dr. José Cândido Albuquerque Mello Mattos.
O primeiro expoente do pensamento da legislação da infância e juventude no Brasil, criou vários estabelecimentos de assistência e proteção à infância abandonada e delinquente,
assim como organizou o primeiro código, que ganhou o seu nome.
2 ‐ Código de Menores Lei n. 6.697/79 Doutrina da Situação Irregular
Um dos aspectos mais importantes, que devem ser frisados quando tratamos do Código de Menores de 1979 é que a Doutrina da Situação Irregular, que se encontrava implícita no
Código Mello Matos de 1927, vem a ser ?oficializada? no Código 1979, por meio de seu artigo 2º.
A apresentação do artigo 2º do Código de Menores de 1979 tornará claro para o aluno o que é a Doutrina da Situação Irregular na prática.
Nas palavras de Alyrio Cavallieri, Juiz de Menores e doutrinador, a situação irregular é percebida como estados que caracterizam o destinatário das normas de Direito do Menor.
A partir da construção doutrinária de Cavallieri é possível classificar os destinatários do artigo 2º do CM/1979 da seguinte forma:
‐ o menor abandonado materialmente;
‐ o menor vítima;
‐ o menor em perigo moral;
‐ o menor em abandono jurídico;
‐ o menor com desvio de conduta ou inadaptado;
‐ o menor infrator.
Conceito de Doutrina da Situação Irregular:
Doutrina não universal, restrita, de forma quase absoluta, a um limitado público infanto‐juvenil (MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade. Curso de Direito da Criança e do
Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008, pág. 13.)
Bibliografia do Professor
DEL PRIORE, Mary. História de Amor no Brasil. 2º Edição. São Paulo: Contexto, 2006.
(_____) (Org.). Historia das Crianças no Brasil. 1º Edição. São Paulo: Contexto, 2008.
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.
NASCIMENTO, Alcileide Cabral. Frutos da castidade e da lascívia: crianças abandonadas do Recife (1789­1832). Revista Estudos Feministas ­ Universidade Federal de
Pernambuco. Recife, 2006.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Exibição de filmes, seguida de debates.Apresentação e discussão de casos.
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
Ao final de toda a exposição em sala de aula, os alunos devem ser encorajados a conhecer o trabalho da
Mestre em Educação Eliana Rocha Oliveira, em seu artigo ?Ensinando a não sonhar?, que demonstra
como ainda carregamos alguns conceitos da Doutrina da Situação Irregular nas instituições que lidam
com adolescentesinfratores como uma preparação para a última aula da unidade 2. O artigo encontra­se
disponível através do site de buscas Google.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 5
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Doutrina da Proteção Integral
Tema
O Estatuto da Criança e do Adolescente e a Doutrina da Proteção Integral
Palavras­chave
estatuto criança adolescente
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Compreender a necessidade da passagem do Código de Menores de 1979 para um Estatuto da Criança e
do Adolescente, percebendo sua estrutura básica.
Estrutura de Conteúdo
conteúdo que segue deve ser trabalho utilizando toda a bagagem que o aluno adquiriu na aula anterior, sempre que possível o docente deve relembrar o caminho histórico‐legislativo
que nos trouxe às novas visões aqui abordadas.
2.2.1  A história atual dos Direitos da Infância e Juventude
A Doutrina da Proteção Integral e o Estatuto da Criança e do Adolescente surgiram ao longo de décadas de discussões e batalhas sociais dos diversos campos do conhecimento,
participando deste processo grupos heterogêneos da sociedade como Advogados, Assistentes Sociais, Educadores, a Igreja Católica, Promotores, Psicólogos, Sociólogos etc.
2.2.2 Documentos Internacionais
É possível apontar como marcos legais internacionais os seguintes textos jurídicos:
‐ Regras de Beijing ‐ Regras Mínimas das Nações Unidas para a Administração da Justiça da Infância e da Juventude 1985.
‐ Diretrizes de Riad ‐ Diretrizes das Nações Unidas para a Prevenção da Delinqüência Juvenil  1990.
‐ Regras Mínimas das Nações Unidas para a Proteção dos Jovens Privados de Liberdade  1990.
‐ Convenção sobre os Direitos da Criança  ONU  1989  Dec. 99.710, de 22.11.90.
Estes documentos internacionais influenciaram e impulsionaram muitas das discussões que a Constituição Federal de 1988 trouxe para os direitos da infância e juventude, assim
como o próprio desenvolvimento do Estatuto da Criança e Adolescente.
2.2.3  Constituição e o Estatuto da Criança e o Adolescente
Os principais artigos a serem observados na Constituição Federal e no ECA são os que seguem:
Constituição Federal/1988:
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação,
ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à  convivência familiar e comunitária, além de colocá‐los a salvo de toda forma de negligência,
discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
§ 1º O Estado promoverá programas de assistência integral à saúde da criança, do adolescente e do jovem, admitida a participação de entidades não governamentais, mediante políticas
específicas e obedecendo aos seguintes preceitos:
I ‐ aplicação de percentual dos recursos públicos destinados à saúde na assistência materno‐infantil;
II ‐ criação de programas de prevenção e atendimento especializado para os portadores de deficiência física, sensorial ou mental, bem como de integração social do adolescente
portador de deficiência, mediante o treinamento para o trabalho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens e serviços coletivos, com a eliminação de preconceitos e
obstáculos arquitetônicos.
§ 2º ‐ A lei disporá sobre normas de construção dos logradouros e dos edifícios de uso público e de fabricação de veículos de transporte coletivo, a fim de garantir acesso adequado
às pessoas portadoras de deficiência.
§ 3º ‐ O direito a proteção especial abrangerá os seguintes aspectos:
I ‐ idade mínima de quatorze anos para admissão ao trabalho, observado o disposto no art. 7º, XXXIII;
II ‐ garantia de direitos previdenciários e trabalhistas;
III ‐ garantia de acesso do trabalhador adolescente à escola;
III ‐ garantia de acesso do trabalhador adolescente e jovem à escola;
IV ‐ garantia de pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, igualdade na relação processual e defesa técnica por profissional habilitado, segundo dispuser a legislação
tutelar específica;
V ‐ obediência aos princípios de brevidade, excepcionalidade e respeito à condição peculiar de pessoa em desenvolvimento, quando da aplicação de qualquer medida privativa da
liberdade;
VI ‐ estímulo do Poder Público, através de assistência jurídica, incentivos fiscais e subsídios, nos termos da lei, ao acolhimento, sob a forma de guarda, de criança ou adolescente
órfão ou abandonado;
VII ‐ programas de prevenção e atendimento especializado à criança e ao adolescente dependente de entorpecentes e drogas afins.
§ 4º ‐ A lei punirá severamente o abuso, a violência e a exploração sexual da criança e do adolescente.
§ 5º ‐ A adoção será assistida pelo Poder Público, na forma da lei, que estabelecerá casos e condições de sua efetivação por parte de estrangeiros.
§ 6º ‐ Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à
filiação.
§ 7º ‐ No atendimento dos direitos da criança e do adolescente levar‐se‐ á em consideração o disposto no art. 204.
§ 8º A lei estabelecerá:
I ‐ o estatuto da juventude, destinado a regular os direitos dos jovens;
II ‐ o plano nacional de juventude, de duração decenal, visando à articulação das várias esferas do poder público para a execução de políticas públicas.
É possível observar, através da breve leitura deste artigo da Constituição Federal praticamente todo o alicerce doutrinário e legislativo da Doutrina da Proteção Integral, que alicerça
todo o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Artigos do Estatuto da Criança e do Adolescente:
Art. 1º Esta Lei dispõe sobre a proteção integral à criança e ao adolescente.
Comentário: A Doutrina da Proteção Integral inaugura o Estatuto da Criança e do Adolescente, direcionando todo o texto legal ao seu conceito.
Qual o conceito de  Doutrina da Proteção Integral? Segundo Wilzon Donizete (em aula de pós graduação de Direitos da Criança e do Adolescente no ISMP/RJ):
Reconhecer que cada fase do desenvolvimento da criança deve ser reconhecida como singular e especial com um conjunto de direitos próprios de cada fase, que crianças e adolescentes
são pessoas a caminho da plenitude a ser consumada na idade adulta e que cada etapa, é, à sua maneira, um período de plenitude que deve ser compreendido, acatado e protegido pelo
Direito
Art. 2º Considera‐se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até doze anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre doze e dezoito anos de idade.
Parágrafo único. Nos casos expressos em lei, aplica‐se excepcionalmente este Estatuto às pessoas entre dezoito e vinte e um anos de idade.
Art. 5º Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão, punido na forma da lei qualquer
atentado, por ação ou omissão, aos seus direitos fundamentais.
Art. 6º Na interpretação desta Lei levar‐se‐ão em conta os fins sociais a que ela se dirige, as exigências do bem comum, os direitos e deveres individuais e coletivos, e a condição peculiar
da criança e do adolescente como pessoas em desenvolvimento.
Comentário: Na nova abordagem jurídica da infância e adolescência, estes não são mais ?objetos? ou personagens secundários que devem ter seu desenvolvimento assistido somente
nos casos de abandono ou infração, e sim como sujeitos de direitos.
2.1.4 Doutrina da Situação Irregular x Doutrina da Proteção Integral
A melhor forma de demonstrar a Doutrina da Situação Irregular é com a seguinte frase do Ministro da Suprema Corte Argentina e Doutrinador de Direito Penal e Criminologia, Raul
Zaffaroni:
Ao longo de toda a história da humanidade, a ideologia tutelar em qualquer âmbito resultou em um sistema processual punitivo inquisitório. O tutelado sempre o tem sido em razão de
alguma inferioridade (teológica, racial, cultural, biológica etc). Colonizados,mulheres, doentes mentais, minorias sexuais etc foram psiquiatrizados ou considerados inferiores e, portanto,
necessitados de tutela.
Segue uma tabela, adaptada para os fins da aula, comparativa do Código de Menores e o ECA, retirada da obra de Loberto Narciso Brancer (Organização e Gestão do Sistema de
Garantia de Direitos da Infância e da Juventude in Encontros Pela Justiça na Educação  Brasília  2000  UNDESCOLA/MEC ? p. 126)
ASPECTO CÓDIGO DE MENORES ESTATUTO (ECA)
Doutrinário: Situação irregular Proteção integral
Caráter: Filantrópico Política pública
Fundamento: Assistencialista Direito subjetivo
Centralidade: Judiciário Município
Institucional: Estatal Co‐gestão c/sociedade civil
Organização: Piramidal hierárquica Rede
Gestão: Monocrática Democrática
Bibliografia do Professor:
ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. 7a. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Exibição de filmes, seguida de debates. Apresentação e discussão de casos.
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
O aluno deve ler o artigo ?Protagonismo infantil no processo político. As crianças e a elaboração legislativa na virada dos anos 80? do Doutor em Psicologia Sergio Fernandes Senna
Pires disponível no sítio: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=13140
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 6
A rede de proteção integral e o papel do psicólogo nas situações de violência doméstica infanto­juventil
Tema
A rede de proteção integral e o papel do psicólogo nas situações de violência doméstica infanto­juventil
Palavras­chave
violência domestica infanto juvenil
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Assimilar o conceito de rede e o papel do psicólogo nesta estrutura do ECA.
Estrutura de Conteúdo
O conteúdo que segue deve ser trabalho utilizando toda a bagagem que o aluno adquiriu na aula anterior, dentro dos conceitos da Doutrina da Proteção Integral.
2.3.1 ? Aspectos Gerais
O que é a Rede de Proteção Integral (ou Especial)?
É um conjunto de políticas sociais estruturadas capazes de resgatar o cidadão de sua exclusão social, visando incluir o cidadão numa participação crítica e ativa da sociedade,
tornando‐o sujeito capaz de interferir na sua própria história e na história de sua comunidade.
Segundo SLUSKI:
?Um dos múltiplos desafios de um enfoque sistêmico que inclua responsavelmente as variantes de contexto ? abarcando as variáveis de rede socioeconômicas e culturais ? consiste
em desenvolver histórias que incorporem esperança, que gerem um feedback de autoria, que sublinhem as capacidades e a eficiência? (SLUSKI, C. A. A rede social na prática sistêmica,
São Paulo: Casa do Psicólogo, 1997 p. 65)
Ou seja, quando falamos de uma Rede Especial, nós estamos tratando de um conjunto de profissionais e agentes interagindo para a solução de questões pertinentes da sociedade
(crianças, adolescentes, adultos...), com um enfoque na devolução da cidadania.
Esta política de atendimento se reflete no conjunto de instituições, princípios, regras, objetivos e metas que norteiam a tutela dos direitos das crianças e adolescentes, ou seja, é o
instrumento institucional que possibilita a manifestação dos direitos elencados no ECA.
Quem participa da Rede?
O Juizado da Infância e da Juventude com sua respectiva equipe interprofissional.
O Ministério Público
A Defensoria Pública
O Centro de Defesa
O Conselho dos Direitos
O Conselho Tutelar
Os Abrigos, Casa‐Aberta, Escola‐Aberta, Plantão Social
Outras instituições públicas e particulares.
Ou seja, estamos falando de pelo menos três dimensões: sociedade, ações de assistência e ações voltadas para atos infracionais.
2.3.2 ? Crianças e Adolescentes em situações de violência doméstica e a estrutura da Rede
O Estatuto da Criança e Adolescente oferece um panorama geral que deve ser observado pelo psicólogo nos seguintes artigos:
Art. 87. São linhas de ação da política de atendimento:
III ‐ serviços especiais de prevenção e atendimento médico e psicossocial às vítimas de negligência, maus‐tratos, exploração, abuso, crueldade e opressão;
Art. 88. São diretrizes da política de atendimento:
VI ‐ integração operacional de órgãos do Judiciário, Ministério Público, Defensoria, Conselho Tutelar e encarregados da execução das políticas sociais básicas e de assistência social,
para efeito de agilização do atendimento de crianças e de adolescentes inseridos em programas de acolhimento familiar ou institucional, com vista na sua rápida reintegração à família
de origem ou, se tal solução se mostrar comprovadamente inviável, sua colocação em família substituta, em quaisquer das modalidades previstas no art. 28 desta Lei.
Art. 92. As entidades que desenvolvam programas de acolhimento familiar ou institucional deverão adotar os seguintes princípios:
I ‐ preservação dos vínculos familiares e promoção da reintegração familiar;
II ‐ integração em família substituta, quando esgotados os recursos de manutenção na família natural ou extensa;
III ‐ atendimento personalizado e em pequenos grupos;
IV ‐ desenvolvimento de atividades em regime de co‐educação;
V ‐ não desmembramento de grupos de irmãos;
VI ‐ evitar, sempre que possível, a transferência para outras entidades de crianças e adolescentes abrigados;
VII ‐ participação na vida da comunidade local;
VIII ‐ preparação gradativa para o desligamento;
IX ‐ participação de pessoas da comunidade no processo educativo.
§ 1o O dirigente de entidade que desenvolve programa de acolhimento institucional é equiparado ao guardião, para todos os efeitos de direito.
§ 2o Os dirigentes de entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional remeterão à autoridade judiciária, no máximo a cada 6 (seis) meses, relatório
circunstanciado acerca da situação de cada criança ou adolescente acolhido e sua família, para fins da reavaliação prevista no § 1o do art. 19 desta Lei.
§ 3o Os entes federados, por intermédio dos Poderes Executivo e Judiciário, promoverão conjuntamente a permanente qualificação dos profissionais que atuam direta ou indiretamente
em programas de acolhimento institucional e destinados à colocação familiar de crianças e adolescentes, incluindo membros do Poder Judiciário, Ministério Público e Conselho Tutelar.
§ 4o Salvo determinação em contrário da autoridade judiciária competente, as entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional, se necessário com o
auxílio do Conselho Tutelar e dos órgãos de assistência social, estimularão o contato da criança ou adolescente com seus pais e parentes, em cumprimento ao disposto nos incisos I e
VIII do caput deste artigo.
§ 5o As entidades que desenvolvem programas de acolhimento familiar ou institucional somente poderão receber recursos públicos se comprovado o atendimento dos princípios,
exigências e finalidades desta Lei.
§ 6o O descumprimento das disposições desta Lei pelo dirigente de entidade que desenvolva programas de acolhimento familiar ou institucional é causa de sua destituição, sem
prejuízo da apuração de sua responsabilidade administrativa, civil e criminal.
O que se observa nas orientações da legislação de direitos de crianças e adolescentes é uma proteção da estrutura familiar original, o que chamamos de ?Princípio da Convivência
Familiar?.
O Conselho Regional de Psicologia do Rio de Janeiro criou um Grupo de Trabalho versando sobre a realidade da Rede no Rio de Janeiro, portanto, é recomendável conferir as
conclusões do estudo no sítio http://www.crprj.org.br/grupos‐trabalho/rede‐protecao/2.3.3 ? Orientações do Conselho Federal de Psicologia
O Conselho Federal de Psicologia trouxe a Resolução Nº 010/2010, que trata da Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos em situação de violência.
A Resolução traz, em seu artigo 6º, II a conceituação da escuta psicológica, a ver:
?A Escuta Psicológica consiste em oferecer lugar e tempo para a expressão das demandas e desejos da criança e do adolescente: a fala, a produção lúdica, o silêncio e expressões
não‐verbais, entre outros. Os procedimentos técnicos e metodológicos devem levar em consideração as peculiaridades do desenvolvimento da criança e adolescente e respeitar a
diversidade social, cultural e étnica dos sujeitos, superando o atendimento serializado e burocrático que determinadas instituições exigem do psicólogo.?
Infelizmente esta Resolução encontra‐se suspensa por seis meses, desde setembro de 2010, segue a íntegra da notícia:
(sítio http://www.psicologia‐online.org.br/pol/cms/pol/noticias/noticia_100905_001.html):
?CFP suspende efeitos da Resolução CFP nº 009/2010 por seis meses; Resolução nº 010 é mantida
O Conselho Federal de Psicologia suspendeu os efeitos da Resolução CFP nº 009/2010, que trata da atuação do psicólogo no sistema prisional, pelo prazo de seis meses, a partir de
02 de setembro de 2010, por meio da Resolução nº 019/2010.
Tal decisão se dá pelo Conselho acatar, em parte, a Recomendação da Procuradoria da República no Rio Grande do Sul ? Procuradoria Regional dos Direitos do Cidadão, que requereu
a suspensão das Resoluções nº 009/2010 e nº 010/2010,sob pena de que o CFP responda a Ação Civil Pública.
Em face de tal Recomendação, o Conselho Federal de Psicologia informa que decidiu por não acatar a Recomendação de suspensão dos efeitos da Resolução CFP nº 010/2010, que
institui a regulamentação da Escuta Psicológica de Crianças e Adolescentes envolvidos em situação de violência na Rede de Proteção, porque entende que a inquirição de crianças e
adolescentes em juízo, pelo psicólogo, não corresponde aos limites do exercício da Psicologia e aos limites éticos da profissão. Tais parâmetros encontram sustentação na Lei nº
4.119/62 e no Código de Ética da Profissão (Resolução CFP nº 10/2005).
Com relação à Resolução nº 009/2010, o CFP decidiu acatar a Recomendação. Ao fazê‐lo, o CFP reafirma que essa Resolução foi aprovada pelo conjunto dos Conselhos de Psicologia
sob a égide da crítica às instituições penitenciárias que, de maneira geral, não cumprem sua função de ressocialização, descumprindo a Lei de Execuções Penais no tocante à
instalação da Comissão Técnica de Classificação e delegando ao exame criminológico a decisão sobre a progressão de pena. Foi em vista disso que o CPF vetou a realização do exame
criminológico pelos psicólogos. Tal exame não atende aos princípios éticos e técnicos da profissão.
A suspensão da Resolução também busca resguardar psicólogos que vêm sendo ameaçados de prisão por acatar a decisão do Conselho pela não realização do exame criminológico.
A decisão do CFP é tomada na expectativa de poder defender a importância da Resolução nº 009/2010 em audiência pública indicada pela Procuradoria do Rio Grande do Sul quando
da recomendação da suspensão. Tal debate será oportuno na medida em que a discussão sobre a Resolução não fique restrita à Psicologia e ao Sistema Judiciário, englobando
também atores importantes nesse cenário tais como o Ministério da Justiça, a Defensoria Pública, o Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária (CNPCP) e a Pastoral
Carcerária, entre outros. A Psicologia tem grande expectativa dos frutos que a expansão desse debate tão necessário à sociedade brasileira podem gerar.
Vale salientar que o CFP, em parceria com o Departamento Penitenciário Nacional e a partir do convite desse órgão, realizou, em 2005, o I Seminário Nacional sobre a Atuação do
Psicólogo no Sistema Prisional e, desde então, vem provendo diversos debates sobre o tema com a categoria e sociedade.
Por fim, o CFP reafirma não haver dúvidas sobre seu papel de regular a prática profissional e sobre o acerto em regulamentar, via resoluções, a atuação do psicólogo no sistema
prisional e na rede de proteção às crianças e adolescentes em situação de violência.
Conselho Federal de Psicologia
4 de setembro de 2010?
Mesmo suspenso por prazo determinado, é importante observá‐la, posto que constitui o resultado de inúmeras discussões dentro do CFP e dos Conselhos Regionais, enriquecendo
enormemente a orientação dos alunos.
Bibliografia do Professor:
BRITO, L, M. (org): Temas de Psicologia Jurídica. Relume‐Dumará,1999, RJ
ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. 7a. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.
RIZZINI, Irene; RIZZINI, Irma. A institucionalização de crianças no Brasil: percurso histórico e desafios do presente. Rio de Janeiro: Editora PUC‐Rio. São Paulo: Loyola, 2004.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Exibição de filmes, seguida de debates. Apresentação e discussão de casos.
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
Relacionar o conteúdo teórico com estudos de caso sobre a violência doméstica infanto­juvenil.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 7
Intervenções com adolescentes em conflito com a lei
Tema
Intervenções com adolescentes em conflito com a lei
Palavras­chave
adolescente conflito lei
Objetivos
Ao final desta aula o aluno deve ser capaz de:
Situar a realidade histórica do adolescente em conflito com a lei em relação com a atualidade,
percebendo as diferenças teóricas com as práticas atuais, sem deixar de perceber que ainda carregamos
muitos dos vícios pré Constituição Federal de 1988 e Estatuto da Criança e Adolescente.
Estrutura de Conteúdo
2.4.1 ? Breve histórico
Código Criminal do Império de 1830
Até os 14 anos as crianças e adolescentes eram considerados inimputáveis (ou seja, considerados incapazes para responder pela conduta delituosa por não compreender a ilicitude
do ato praticado).
É necessário pontuar que em alguns casos os menores de 14 anos respondiam como os maiores de 14 anos através da ?Teoria da Ação com Discernimento?, ou seja, a imputação de
responsabilidade penal ao menor de 14 anos, em função de uma pesquisa da sua consciência em relação à prática da ação criminosa.
Nos casos destes menores, estes eram enviados à Casa de Correção até os 17 anos.
Entre os 14 e os 17 anos os infratores sofriam a chamada ?pena de cumplicidade? (2/3 do que cabia ao adulto infrator) e os maiores de 17 e menores de 21 anos gozavam de
atenuante da menoridade.
Código Penal da República ? 1890
‐ Até 9 anos ? inimputáveis
‐ Entre 9 a 14 anos sem discernimento ‐ inimputáveis
Com discernimento = recolhidos estabelecimentos disciplinares industriais até os 17 anos
‐ De 14 a 17 anos = pena de cumplicidade.
(Observação: A Lei 4.242/1921 eliminou o critério do discernimento e fixou em 14 anos a inimputabilidade)
Código Mello Matos ? 1927
‐ Classificação menorista ‐ os menores de 18 anos classificados como abandonados e/ou delinqüentes; os delinqüentes, com idade superior a 14 anos, não eram submetidos a
processo penal, mas a um processo especial de apuração de sua infração
‐ Medida de internação ao delinqüente era imposta por todo o tempo necessário à sua educação (3 a 7 anos de duração).
Código Penal ? 1940 (Código Penal Atual)
‐ Responsabilidade penal aos 18 anos
Código de Menores ? 1979
‐ Trouxe a preocupação com os ?jovens‐adultos? (entre 18 e 21 anos) que, mesmo atingindo a maioridade, não podiam ser inseridos na sociedade.
Estesjovens permaneciam sob a jurisdição dos juízes de menores, portanto, sujeitos ainda às previsões do Código de Menores.
Constituição Federal ? 1988
Art. 228 ‐ São penalmente inimputáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às normas da legislação especial.
2.4.2 ? Modelo atual do Estatuto da Criança e Adolescente
‐ Ato Infracional (art, 103 ECA) ? é a conduta descrita como crime ou contravenção penal praticado por crianças e adolescentes.
‐ Inimputabilidade Infanto‐Juvenil (art. 104 ECA) ? os menores de 18 anos, que estão sujeitos a medidas socioeducativas, considerando a idade do adolescente (12 anos completos até
18 anos incompletos) a data do fato.
‐ Ato Infracional Praticado por Criança ? Crianças até 12 anos de idade incompletos que cometerem infrações análogas às penais, o ECA as excluiu da aplicação de Medida
Socioeducativa. O artigo 105 ECA determina que sejam aplicadas as medidas de proteção do artigo 101 ECA.
‐ Medidas Socioeducativas (arts 112 a 125 ECA) ? São medidas com caráter pedagógico, visando a reintegração do jovem em conflito com a lei à vida social, assim como caráter
sancionatório, como resposta à sociedade pela lesão provocada pelo adolescente.
Conceito de Menoridade: Não há um conceito específico que estabeleça com clareza o que seria a ?menoridade?, sendo este um conceito biológico, psicológico e histórico, que se
modifica dependendo do país.
Como sentido geral norteador do que seria a menoridade, podemos utilizar o conceito do filósofo Kant:
?A menoridade é a incapacidade de se servir do entendimento sem a orientação de outrem? ‐ KANT, Immanuel. A paz perpétua e outros opúsculos. Tradução de Artur Morão. Ed.70,
Lisboa, 1988. p. 11.
2.4.3 O papel do psicólogo e a intervenção.
A Profa. Doutora Leila Maria Torraca de Brito em aula no Instituto Superior do Ministério Público do Rio de Janeiro na Pós‐Graduação em Direitos da Criança e Adolescente apresenta
uma pequena tabela que merece reprodução sobre as práticas psicológicas referentes aos adolescentes em atos infracionais, segue as informações:
Início do Século XX:
?Menores infratores
?Causalidade: moral
?Critérios: verificação da situação moral dos jovens e familiares
? Intervenção: reformatórios
Doutrina da Situação Irregular:
?Causalidade: presença de patologias
?Critérios: avaliação de anomalias médicas, psicológicas e sociais
? Intervenção: clínico‐terapêutica
Doutrina da Proteção Integral:
?Causalidade: múltipla; deficiências institucionais.
?Critérios: avaliação segundo os direitos listados no ECA.
? Intervenção: socioeducativa, visando à promoção do desenvolvimento.
? Fim do ciclo: sit. irregular, patologias, med. terapêuticas (sem apoio à família).
? Sujeito de direitos = em desenvolvimento.
?Educação para cidadania à Justificativa estruturante.
? Suporte social para internalização das leis (humanização / domesticação).
?Direitos elencados: Convivência familiar e comunitária, educação, lazer, etc.
?Proposta de: pleno desenvolvimento dos menores de idade
? Formação do sujeito social.
? Internação (art.124 ? direitos do adolescente privado de liberdade).
?Art. 121, parágrafo 2 ? medida deve ser reavaliada.
? Intervenção educativa em substituição à autoridade parental.
?Estratégias: não mais de adestramento e sim de conteúdo socioeducativo.
?Convivência familiar ?> des. acompanhado pelos pais.
?Convivência comunitária ?> novos parceiros.
Algumas considerações:
Adriana Dias Basseto e Marisa Schmidit Silva em seu trabalho ?Um Estudo Fenomenológico Existencial sobre os motivos que os adolescentes alegam para estarem em conflito com a
lei? (ver em CARVALHO, Maria Cristina Neiva e MIRANDA, Vera Regina (org.) Psicologia Jurídica Temas de aplicação. Curitiba: Juruá. Págs. 135‐159) colocam que pesquisas como as de
LEVISKY e GOMIDE e outros, apontam o comportamento anti‐social e ato delinqüêncial dos menores podem ser resultados de uma construção social, familiar (lares desfeitos,
violência, álcool, drogas, negligência etc), escolar e econômica, porém, não se questiona o próprio adolescente sobre os motivos de terem agido de tal forma.
As autoras apresentam alguns dos motivos alegados:
‐ Falta de dinheiro e/ou para ajudar a família
‐ Idéia de ?Destino?, ou seja, ?foram coisas da vida, destino...?
‐ Falta de emprego
‐ Influência das amizades
‐ Olhar excludente da sociedade
‐ Noção de que a lei (no caso o ECA) os impedia de atingir certos objetivos (ex: restrições ao emprego do trabalho de adolescentes, então, como não davam emprego, eles roubavam)
Estas questões devem ser debatidas em sala de aula ou através de um trabalho realizado em casa pelos alunos.
‐ A intervenção
Quanto à intervenção propriamente dita, é inegável que existe uma carência de soluções de intervenção para adolescentes em conflitos com a lei, e o que se verifica na literatura
brasileira é um número reduzido de programas voltados para o seu atendimento.
Portanto, este é ainda um dos temas que merece a maior atenção por parte do psicólogo que atua junto ao judiciário, principalmente nas instituições destinadas aos adolescentes em
conflito com a lei.
Deve o aluno ler o informativo do sítio do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro tratando dos serviços psicológicos como praticados nas Varas de Infância e Juventude:
http://www.tjrj.jus.br/institucional/inf_juv_idoso/cap_vara_inf_juv_infra/setores_projetos/psicologia.pdf
A íntegra do texto:
?Este setor presta atendimento, individual e em grupo, aos adolescentes e seus familiares visando avaliar, orientar, estimular a reflexão e, quando necessário, encaminhar para
tratamento especializado. A presença da família é fundamental na compreensão da história do adolescente e oportunamente a equipe técnica atua facilitando a integração familiar.
Os estudos de caso e avaliações são realizados a pedido do Juiz, anteriormente à audiência ou do plantão interdisciplinar, quando há necessidade de esclarecimento ou parecer
psicológico. Seguindo a rotina, porém, o primeiro contato dos adolescentes com os profissionais deste setor é através da dinâmica do grupo de recepção. Nesta ocasião, os
psicólogos explicitam as formas de atendimento e as possibilidades de encaminhamentos possíveis, dentro e fora deste Juízo.
O Serviço de Psicologia acompanha diretamente os seguintes projetos sociais:
Curso Antidrogas
Programa Especial para Usuário de Drogas ? Proud
Grupo de Pais em conjunto com o Serviço Social
Ao longo de 2006, o setor fez 78 estudos de caso; 1730 atendimentos em geral e 267 informações processuais.
Grupo de Pais (Junto com o Serviço Social)
Constitui‐se num espaço de reflexão, orientação e troca de experiências entre os responsáveis pelos adolescentes atendidos neste Juízo. Tem como objetivos discutir temas
relacionados com a adolescência e as imbricações no cotidiano da família; fornecer informações e orientações sobre os procedimentos judiciais e as medidas legais; estimular a
participação da família no processo sócio‐educativo visando a redução da reincidência dos atos infracionais. Os participantes são convidados a integrar a atividade ou são inscritos
por determinação judicial.
Os grupos com capacidade para 30 participantes ocorrem na Vara, sob os cuidados de assistentes sociais e psicólogos por 5 semanas consecutivas. Conforme o desenvolvimento de
cada grupo, são convidados a colaborar com os debates pessoas ou instituições voltadas para o atendimento.
A Vara tem como parceiros neste programa ‐ a Defensoria Pública e a AMÃES ? Associação de Mães com Filhos em Conflito com a Lei.
Ao longo de 2006, 257 responsáveis pelos jovens em cumprimento de medidas sócio‐educativas/protetivas se integraram ao projeto.
Curso Antidrogas
A proposta do Curso Antidrogas surgiu a partir do grande número de jovens usuários de drogas encaminhados ao Serviço de Psicologia. Tem como objetivo trabalhar a motivação do
adolescente para seu engajamento ao tratamento da dependência química.
O encontro é promovido pelos psicólogos do setor, com o apoio de palestrantesconvidados de instituições especializadas em dependência química, tais como o CEAD ? Conselho
Estadual Antidrogas e Recuperando Vidas, entre outros. São repassadas informações e orientações acerca do uso e abuso de drogas lícitas e ilícitas, assim como as possibilidades de
tratamento. É utilizado, também, o recurso de dinâmica de grupo para maior interação entre os jovens otimizando os resultados.
Cada curso recebe cerca de 15 adolescentes. No decorrer do ano, são realizados em média 10 cursos. Em
2006, participaram deste projeto 77 adolescentes.
Programa Especial para Usuário de Drogas ? PROUD
O PROUD é uma unidade de Justiça Terapêutica, inspirada no modelo das Cortes de Drogas norte‐americanas, que se pauta na possibilidade de oferecimento aos jovens ‐ cujo ato
infracional sem violência, tenha vinculação com o uso ou dependência de drogas ou alguma relação com o consumo ‐ um tratamento compulsório em alternativa ao processo e à
ação sócio‐educativa propriamente dita.
O ingresso no PROUD, que deve ser voluntário, é precedido por uma avaliação da equipe técnica com vistas a verificar se os adolescentes possuem o perfil necessário para a inserção
no Programa. Sua equipe é composta por um médico, psicólogos, assistentes sociais e um conselheiro em dependência química. Atua em parcerias com o Ministério Público e
entidades da sociedade civil. O programa é operacionalizado a partir da Vara.
Compreende atendimento individual e através de dinâmicas de grupo com os jovens e com os familiares.
A equipe técnica do PROUD executa também a medida de advertência, ocasião na qual é realizada avaliação
clínica a fim de identificar a necessidade de encaminhamentos especializados para drogadição.
Este setor desenvolve alguns projetos sociais que possam favorecer a adesão dos jovens ao atendimento. A equipe acompanha a medida de advertência, ocasião na qual é realizada
avaliação clínica a fim de identificar a necessidade de encaminhamentos especializados para drogadição. Além disso, temos:
∙ Projeto Parceria Terapêutica ? formação de uma rede de iniciativas públicas e privadas para captação de recursos ( cesta básica, vale‐transporte, material escolar, etc.) e serviços (
curso profissionalizante, tratamento médico e dentário, esporte, lazer, cultura, 1º emprego) para os adolescentes inseridos no PROUD.
∙ Projeto Pedro II ? criação do Núcleo de Prevenção Permanente ao Uso de Drogas, capacitando os funcionários do Colégio Pedro II ? unidade São Cristóvão.
Em 2006, foram realizados 787 atendimentos individuais e 335 informações processuais.
2.4.3.1 Tratamento compulsório para adolescentes usuários de drogas e o PROUD citado anteriormente.
No Estado do Rio de Janeiro, possuímos, através do provimento 20/2001 da Corregedoria de Justiça a implementação da Justiça Terapêutica, trazendo grandes modificações para a
prática psico‐jurídica nos tribunais do estado.
A ordem de serviço número 02/01, editada pela 2º Vara da Infância e Juventude dispõe, dentre outras coisas, sobre o Programa especial para Usuários de Drogas (PROUD RJ), vejamos
o artigo 4º da referida ordem:
?O Programa Especial para Usuários de Drogas, além da supervisão judicial, proporcionará tratamento médico, psicológico e de assistência social de adolescentes usuários de
drogas e suas família.
§ 1° ‐ exige‐se o integrante do Programa comparecimento regular às audiências, conforme determinação judicial, freqüência às sessões de terapia individual, familiar ou em grupo,
realização de testes periódicos e aleatórios para detecção de substâncias ilícitas e comparecimento às reuniões de grupo de ajuda mútua(AI‐Anon, NA, Nar‐Anon, etc.).
§ 2° ‐ os participantes do Programa deverão receber treinamentoprofissionalizante, educação regular e ajuda para inserção no mercado de trabalho.?
Bibliografia do Professor:
BRITO, L, M. (org): Temas de Psicologia Jurídica. Relume‐Dumará,1999, RJ
ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente. 7a. ed. São Paulo: Atlas, 2005.
LIBERATI, Wilson Donizeti. Adolescente e Ato Infracional ? Medida sócio‐educativa é pena?. São Paulo, Juarez de Oliveira, 2003.
MACIEL, Kátia Regina Ferreira Lobo Andrade (Coord). Curso de Direito da Criança e do Adolescente. 3a. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2008.
PADOVANI, Ricardo da Costa. Resolução de problemas com adolescentes em conflito com a lei: uma proposta de intervenção / Ricardo da Costa Padovani. ‐‐ São Carlos : UFSCar, 2003.
Disponível em: http://www.buscalegis.ufsc.br/arquivos/26‐4.pdf.
PADOVANI, R., WILLIAMS, L.. Proposta de intervenção com adolescentes em conflito com a lei: um estudo de caso. Interação em Psicologia, América do Norte, 9, out. 2005. Disponível
em: http://ojs.c3sl.ufpr.br/ojs2/index.php/psicologia/article/view/3291/2635.
RIZZINI, Irene; RIZZINI, Irma. A institucionalização de crianças no Brasil: percurso histórico e desafios do presente. Rio de Janeiro: Editora PUC‐Rio. São Paulo: Loyola, 2004.
Estratégias de Aprendizagem
Aula teórica e dialogada.
Apresentação de conceitos
Questionamento ao longo da apresentação sobre a compreensão do mesmo.
Discussão sobre a aplicação dos conceitos na prática profissional.
Avaliação crítica
Indicação de Leitura Específica
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Exibição de filmes, seguida de debates.Apresentação e discussão de casos.
Aplicação: articulação teoria e prática
Leitura do artigo ?Os desafios da intervenção psicológica na promoção de uma nova cultura de atendimento do adolescente em conflito com a lei? (páginas 87 a 101 do livro ?Temas
de Psicologia Jurídica? de Leila Maria Torraca de Brito, constante da bibliografia do aluno) e apresentação de um resumo crítico de 2 páginas.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 8
Estatuto do Idoso
Tema
Estatuto do Idoso
Palavras­chave
lei estatuto idodo
Objetivos
Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de:
Compreender o estatuto do Idoso:
Os Direitos Fundamentais
As Medidas de Proteção
A Política de Atendimento ao Idoso
O Acesso à Justiça
Os Crimes
Estrutura de Conteúdo
tendimento preferencial, imediato e individualizado junto aos órgãospúblicos e privados prestadores de
serviços à população;
­ fornecimento gratuito de medicamentos pelo Poder Público, especialmente os de uso contínuo, assim
como próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação;
­ proibição de discriminação do idoso nos planos de saúde pela cobrança de valores diferenciados em
razão da idade;
­ criação de cursos especiais para idosos, com inclusão de conteúdo relativo às técnicas de comunicação,
computação e demais avanços tecnológicos, para sua integração à vida moderna;
­ descontos de 50% em atividades culturais, de lazer e esporte;
­ proibição de discriminação do idoso em qualquer trabalho ou emprego, por meio de fixação de limite
de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos específicos devido à natureza do cargo;
­ fixação da idade mais elevada como primeiro critério de desempate em concurso público;
­ estímulo à contratação de idosos por empresas privadas;
­ reajuste dos benefícios da aposentadoria na mesma data do reajuste do salário mínimo;
­ concessão de um salário mínimo mensal para os idosos acima de 65 anos que não possuam meios para
prover sua subsistência, nem de tê­la provida por sua família;
­ prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, em programas habitacionais públicos ou
subsidiados com recursos públicos;
­ gratuidade nos transportes coletivos públicos aos maiores de 65 anos, com reserva de 10% dos assentos
para os idosos;
­ reserva de duas vagas no sistema de transporte coletivo interestadual para idosos com renda mensal de
até dois salários mínimos, com desconto de 50%, no mínimo, no valordas passagens, para os idosos que
excederem as vagas gratuitas;
­ reserva de 5% das vagas nos estacionamentos públicos e privados. 
O Estatuto prevê ainda punição para quem:
­ discriminar pessoa idosa, impedindo ou dificultando seu acesso a operações bancárias ou aos meios de
transporte, por motivo de idade;
­ deixar de prestar assistência ao idoso, ou recusar, retardar ou dificultar que outros o façam;
­ abandonar idosos em hospitais, casas de saúde, entidades de longa permanência ou congêneres;
­ expor em perigo a integridade e a saúde, física ou psíquica, do idoso, submetendo­o a condições
desumanas ou degradantes, privando­o de alimentos e cuidados indispensáveis, quando obrigado a fazê­
lo, ou sujeitando­o a trabalho excessivo e inadequado;
­ apropriar­se ou desviar bens, proventos, pensão ou qualquer outro tipo de rendimento do idoso;
­ induzir pessoa idosa sem discernimento de seus atos a outorgar procuração para fins de administração
de bens ou deles dispor livremente;
­ coagir, de qualquer modo, o idoso a doar, contratar, testar ou outorgar procuração.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Exibição de filmes, seguida de debates. Apresentação e discussão de casos.
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
Uma produção individual dos alunos, fundamentada criticamente, embasada em pesquisas  científicas
realizadas em  artigos e/ou livros, sobre a importância do tema apresentado para o psicólogo.
Considerações Adicionais
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Semana Aula: 9
Elaboração de laudos na área da infância, juventude e Idoso
Tema
 Elaboração de laudos na área da infância, juventude e Idoso
Palavras­chave
laudo vara de infância juventude idoso
Objetivos
Ao final desta aula o aluno deverá ser capaz de:
Compreender a importância e a forma de elaboração de um laudo dentro da prática das varas da infância, juventude e Idoso
Estrutura de Conteúdo
Resolução 07/2003 do Conselho Federal de Psicologia:
?3.1. Conceito e finalidade do relatório ou laudo psicológico
O relatório ou laudo psicológico é uma apresentação descritiva acerca de situações e/ou condições psicológicas e suas determinações históricas, sociais, políticas e
culturais, pesquisadas no processo de avaliação psicológica. Como todo DOCUMENTO, deve ser subsidiado em dados colhidos e analisados, à luz de um instrumental técnico
(entrevistas, dinâmicas, testes psicológicos, observação, exame psíquico, intervenção verbal), consubstanciado em referencial técnico‐filosófico e científico adotado pelo psicólogo.
A finalidade do relatório psicológico será a de apresentar os procedimentos e conclusões gerados pelo processo da avaliação psicológica, relatando sobre o
encaminhamento, as intervenções, o diagnóstico, o prognóstico e evolução do caso, orientação e sugestão de projeto terapêutico, bem como, caso necessário, solicitação de
acompanhamento psicológico, limitando‐se a fornecer somente as informações necessárias relacionadas à demanda, solicitação ou petição.
3.2. Estrutura
O relatório psicológico é uma peça de natureza e valor científicos, devendo conter narrativa detalhada e didática, com clareza, precisão e harmonia, tornando‐se acessível e
compreensível ao destinatário. Os termos técnicos devem, portanto, estar acompanhados das explicações e/ou conceituação retiradas dos fundamentos teórico‐filosóficos que os
sustentam.
O relatório psicológico deve conter, no mínimo, 5 (cinco) itens: identificação, descrição da demanda, procedimento, análise e conclusão.
1.Identificação
2.Descrição da demanda
3. Procedimento
4. Análise
5. Conclusão
3.2.1. Identificação
É a parte superior do primeiro tópico do documento com a finalidade de identificar:
O autor/relator ? quem elabora;
O interessado ? quem solicita;
O assunto/finalidade ? qual a razão/finalidade.
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 1
História da Psicologia Jurídica e da Psicologia do testemunho aos dias atuais
Tema
História da Psicologia Jurídica da Psicologia do testemunho aos dias atuais.
Palavras­chave
psicologia direito interface
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Analisar criticamente a evolução histórica da profissão dentro do contexto jurídico.
Estrutura de Conteúdo
O docente deve apresentar o Plano de Ensino, explicar como será apresentado o conteúdo a ser estudado durante o semestre, assim como explicar os procedimentos de avaliação.
É importante, desde já, apresentar a importância que a psicologia ocupa no direito, apontando‐o como auxiliar ativo da produção jurídica.
1.1  História da Psicologia Jurídica
Ao realizar uma análise histórica da psicologia e o direito, podemos começar com o final do século XIX, com o que se denomina psicologia do testemunho
O que é a psicologia do testemunho
A psicologia do testemunho, na sua evolução histórica, inicialmente era considerada a verificação, através do estudo experimental dos processos psicológicos, a fidedignidade do
relato do sujeito envolvido em um processo jurídico.
Esta fase inicial foi muito influenciada pelo ideário positivista, importante nesta época, que privilegiava o método científico empregado pelas ciências naturais, enfatizando uma
prática profissional voltada para a perícia, exame criminológico e laudos psicológicos baseados no psicodiagnóstico.
Segundo Rauter (1994) esses pareceres e exames, serviam para instruir processos de livramento condicional e outros institutos ligados à execução das penas, porém, como informa a
autora ?a maior parte do conteúdo destes laudos era bastante preconceituosa, bem estigmatizante, e nada tinha de científico...
Os laudos repetiam os preconceitos que a sociedade já tem com relação ao criminoso, com relação a alguém que vai para a prisão.
1.1.2 Psicologia Jurídica no Brasil (aspectos principais)
O professor deve apresentar o seguinte vídeo do Conselho Regional de Psicologia de SP: http://www.crpsp.org.br/memoria/juridica/Default_juridica.aspx
Resumo:
Este vídeo percorre a história da Psicologia Jurídica em São Paulo, desde as primeiras atuações na década de 1930 ? em instituições como o Instituto de Biotipologia Criminal ? , até
se estabelecer como um campo definido de saber e uma especialidade da Psicologia. O psicólogo jurídico trabalha na interface da Psicologia com as áreas do Direito e da Justiça,
basicamente nas Varas da Infância e Juventude, Varas da Família e Sucessões, no Sistema Penitenciário e como perito em ações cíveis e criminais. Com depoimentos dos psicólogos
jurídicos Alvino de Sá, Dayse Bernardi, Fátima França e Sidney Shine, e material de pesquisa histórica, o vídeo percorre estas áreas de atuação, trazendo temas históricos, como a
promulgação do ECA e suas implicações, e problematiza questões atuais, como, por exemplo, a abordagem da criminologia crítica. Atualmente, a Psicologia tem uma importante
presença profissional, intelectual e política tanto em questões relacionadas à criminalidade e sistema penitenciário como naquelas relativas à infância, à adolescência e à família. O
psicólogo atua participando inclusive do debate e da formulação nacional de políticas, campanhas educacionais e leis. A presença do psicólogo nestas áreas é considerada
indispensável, não se restringindo à atividade avaliativa e pericial.
‐ Apontar algumas das principais características:
Na década de 60 ‐ com o reconhecimento da profissão, novas atribuições e práticas foram se incorporando à Psicologia, principalmente em interface com outras Ciências e
saberes.
Décadas de 1970 e 1980  primeiros registros de trabalhos de psicólogos em instituições de Justiça no Brasil (perícia terceirizada).
OBS: No Brasil, nos anos 80, intensificou‐se uma discussão importante sobre a cidadania e os direitos humanosimpulsionada pela votação da nova Constituição brasileira,
lembrando que a nova Constituição Federal viria a interferir de forma absoluta na prática psicológica junto aos tribunais, a psicologia jurídica evolui junto da legislação pátria.
1985: 1o. Concurso público em São Paulo.
Início da Década de 90  luta dos psicólogos para criação do cargo junto ao Poder Judiciário.
2000: Título de Especialista em Psicologia Jurídica pelo CFP: atividades relacionadas ao contexto das organizações de Justiça, incluindo organizações que integram os poderes
Judiciário, Executivo e o Ministério Público.
Bibliografia do Professor
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA JURÍDICA e UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE. Anais do III Congresso Ibero‐Americano de Psicologia Jurídica, São
Paulo: 2000.
CAÍRES, Maria Adelaide De Freitas. Psicologia Jurídica ? implicações conceituais e aplicações práticas, São Paulo: Vetor.
PILOTTI, Rizzini (org.) A arte de governar crianças ‐ a historia das políticas sociais , da legislação e da assistência à infância no Brasil. RJ, EDUSU/AMAIS, 1995.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
Uma produção individual dos alunos, fundamentada criticamente, embasada em pesquisas  científicas
realizadas em  artigos e/ou livros, sobre a importância do tema apresentado para o psicólogo e debate
sobre o filme.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 2
Código de ética: laudo e parecer
Tema
Código de ética: laudo e parecer.
Palavras­chave
QUESTÕES ÉTICAS LAUDO E PARECER
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Situar sua formação e atuação profissional junto aos diversos ramos do Direito, assim como interpretar o Código de Ética Profissional do Psicólogo.
Estrutura de Conteúdo
Código de Ética Profissional
O atual Código de Ética Profissional (Resolução número 010/05 do Conselho Federal de Psicologia)
entrou em vigor no dia  27 de agosto de 2005, substituindo o antigo Código (Resolução CFP n º 002/87).
É interessante a apresentação, em sala de aula da seguinte informação, demonstrando a importância do
estudo do Código de Ética por parte do psicólogo:
Na abertura do 1º encontro  com psicólogos peritos e assistentes técnicos de São Paulo, em 2005, foi
apresentada a seguinte pesquisa realizada pelo CRP/SP:
­ 200 processos em trâmite na Comissão de Ética (CRP/SP):
­ 11 eram questionamentos sobre o trabalho do psicólogo como perito;
­ 2 sobre o trabalho do psicólogo como assistente técnico;
­ As queixas comuns:
a) técnicas utilizadas;
b) fundamentação das conclusões;
c) relação do trabalho do perito com o do assistente técnico;
d) produção de laudos divergentes por parte dos profissionais envolvidos, até quando as mesmas
técnicas são utilizadas;
e) produção de um laudo parcial, ouvindo somente uma parte.
Princípios Fundamentais
O atual Código de Ética é fundado nos seguintes princípios:
Princípio da Dignidade da Pessoa Humana e todos os outros principais princípios estipulados na
Declaração Universal dos Direitos Humanos (e referendados na nossa Constituição Federal de
1988): liberdade, igualdade e integridade do ser humano.
Promoção da saúde e qualidade de vida das pessoas e coletividades, atuando contra negligência,
discriminação, violência, crueldade e opressão.
Responsabilidade social.
Divulgação dos conceitos éticos e da prática psicológica.
Reconhecimento das relações de poder nos contextos em que atua, e o impacto destas relações.
Principais artigos a serem estudados para a matéria
Art. 2º  Ao psicólogo é vedado:
b) Induzir a convicções políticas, filosóficas, morais, ideológicas, religiosas, de orientação sexual ou a
qualquer tipo de preconceito, quando do exercício de suas funções profissionais;
g) Emitir documentos sem fundamentação e qualidade técnico­científica;
h) Interferir na validade e fidedignidade de instrumentos e técnicas psicológicas, adulterar seus
resultados ou fazer declarações falsas;
k) Ser perito, avaliador ou parecerista em situações nas quais seus vínculos pessoais ou profissionais,
atuais ou anteriores, possam afetar a qualidade do trabalho a ser realizado ou a fidelidade aos resultados
da avaliação;
Art. 9º  É dever do psicólogo respeitar o sigilo profissional a fim de proteger, por meio da
confidencialidade, a intimidade das pessoas, grupos ou organizações, a que tenha acesso no exercício
profissional.
Art. 10  Nas situações em que se configure conflito entre as exigências decorrentes do disposto no Art.
9º e as afirmações dos princípios fundamentais deste Código, excetuando­se os casos previstos em lei, o
psicólogo poderá decidir pela quebra de sigilo, baseando sua decisão na busca do menor prejuízo.
Parágrafo único ? Em caso de quebra do sigilo previsto no caput deste artigo, o psicólogo deverá
restringir­se a prestar as informações estritamente necessárias.
Art. 11  Quando requisitado a depor em juízo, o psicólogo poderá prestar informações, considerando o
previsto neste Código.
Art. 12  Nos documentos que embasam as atividades em equipe multiprofissional, o psicólogo registrará
apenas as informações necessárias para o cumprimento dos objetivos do trabalho.
Art. 13  No atendimento à criança, ao adolescente ou ao interdito, deve ser comunicado aos
responsáveis o estritamente essencial para se promoverem medidas em seu benefício.
Bibliografia do Professor
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE PSICOLOGIA JURÍDICA e UNIVERSIDADE PRESBITERIANA
MACKENZIE. Anais do III Congresso Ibero­Americano de Psicologia Jurídica, São
Paulo: 2000.
Estratégias de Aprendizagem
Questionamento continuado ao longo da apresentação para que o aluno possa refletir e se colocar de
forma crítica.
Discussão sobre os temas polêmicos e sobre a aplicação prática dos conhecimentos adquiridos.
Articulação com outros conhecimentos previamente adquiridos em outras disciplinas
Indicação de Leitura Específica
Aplicação: articulação teoria e prática
O Código de Ética do Psicólogo não é muito extenso, portanto, possibilita que o aluno possa fazer uma leitura crítica em casa e trazer suas observações na próxima aula,
principalmente referentes aos laudos e pareceres.
Considerações Adicionais
PSICOLOGIA JURÍDICA ­ SDE4019
Semana Aula: 3
Áreas de atuação do psicólogo jurídico
Tema
Áreas de atuação do psicólogo jurídico
Palavras­chave
áreas de atuação do psicólogo jurídico
Objetivos
Ao final da aula o aluno de verá ser capaz de:
Apresentar ao aluno as áreas de atuação do psicólogo jurídico
Estrutura de Conteúdo
Detalhamento das Atribuições
1­ Assessora na formulação, revisão e execução de leis.
2­ Colabora na formulação e implantação das políticas de cidadania e direitos humanos.
3­ Realiza pesquisa visando a construção e ampliação do conhecimento psicológico aplicado ao campo
do Direito.
4­ Avalia as condições intelectuais e emocionais de crianças adolescentes e adultos em conexão
processos jurídicos, seja por deficiência mental e insanidade, testamentos contestados, aceitação em
lares adotivos, posse e guarda de crianças ou determinação da responsabilidade legal por atos
criminosos.
5­ Atua como perito judicial nas varas cíveis, criminais, justiça do trabalho, da família, da criança
e do adolescente, elaborando laudos, pareceres e perícias a serem anexados aos processos.
6­ Elabora petições que serão juntadas ao processo, sempre que solicitar alguma providência, ou
haja necessidade de comunicar­se com o juiz, durante a execução da perícia.
7­ Eventualmente participa de audiência para esclarecer aspectos técnicos em Psicologia que possam
necessitar de maiores informações a leigos ou leitores do trabalho pericial psicológico(juízes, curadores e
advogados).
8­ Elabora laudos, relatórios

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