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Resumo de tributário Limitações ao poder de tributar – aula 02 A imunidade é uma espécie de incompetência tributária. É constitucionalmente prevista. O fato gerador não ocorre. A isenção é um benefício concedido pelo ente político por intermédio de Lei. É uma decisão política. O fato gerador ocorre. O ente poderia cobrar o tributo, mas decide isentar. A CF estabelece imunidades relativas a taxas (CF, art. 5.º, XXXIV), impostos (CF, art. 150, VI), e contribuições para a seguridade social (CF, art. 195, 7.º). Imunidade em relação às contribuições sociais: - A contribuição para a seguridade social não incidirá sobre aposentadoria e pensão concedidas pelo regime geral de previdência de que trata o art. 201 (art. 195, II da CF). - São isentas de contribuições sociais para a seguridade social as entidades beneficentes de assistência social que atendam às exigências estabelecidas em lei (art. 195, 7º da CF). Embora mencione isentas, trata-se de imunidade. Imunidades com relação as taxas: Ex: direito de petição, certidão de nascimento; certidão de óbito (art. 5º, XXXIV, a e b da CF). A imunidade tributária não se aplica ao contribuinte de fato! Aula 04- Impostos municipais a) Fato gerador: propriedade, domínio útil ou a posse de bem imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localizado na zona urbana do Município. Bem imóvel por natureza é o valor da terra nua, o solo. Já bem imóvel por acessão física inclui tudo que o homem acrescentou ao solo. Assim, a base de cálculo do IPTU alcança tanto o terreno quanto a construção. Se o imóvel é urbano, incide IPTU, se é rural, incide ITR. O CTN adotou o critério topográfico (art. 32). Já o decreto lei 57/66 estabelece um critério finalístico, dispondo que o disposto pelo CTN não abrange o imóvel que, comprovadamente, seja utilizado em exploração extrativa vegetal, agrícola, pecuária ou agroindustrial, incidindo assim, sobre o mesmo, o ITR e demais tributos cobrados (mesmo que o imóvel esteja em área urbana). b) base de cálculo: é o valor venal do imóvel. Obs.: na determinação da base de cálculo não se considera o valor dos bens móveis mantidos em caráter permanente ou temporário no imóvel, para efeito de sua utilização, exploração, etc. c) Majoração/redução de alíquotas: aplica-se o princípio da legalidade. *O princípio da noventena não se aplica à fixação da base de cálculo. d) contribuinte: é o proprietário, possuidor ou titular de seu domínio útil, a qualquer título. e) alíquotas Existe progressividade quanto a alíquota em razão do valor do imóvel (progressividade fiscal). Antes de 2000, não pode incidir essa progressividade, eis que só foi autorizada em 1999, com a EC 29/00 (vide súmula 668 STF) Súmula 668: O Supremo Tribunal Federal possui entendimento sumulado no sentido de que "É inconstitucional a lei municipal que tenha estabelecido, antes da Emenda Constitucional 29/2000, alíquotas progressivas para o IPTU, salvo se destinada a assegurar o cumprimento da função social da propriedade urbana". Ademais, há progressividade em razão do tempo (progressividade extrafiscal). Está relacionada ao tempo em que o imóvel fica sem o adequado aproveitamento, não é devidamente utilizado. Exige lei específica municipal! Art. 182, CF: - Parcelamento ou edificação compulsória; - IPTU progressivo no tempo; - desapropriação com pagamento de títulos da dívida pública. O art. 7º do Estatuto da cidade (Lei federal nº 10.257/2001) dispõe que o prazo máximo dessa majoração é de 5 anos, sendo a alíquota máxima 15%. Ademais, vale mencionar que os procedimentos a serem adotados devem seguir o seguinte roteiro estipulado pelo Estatuto das Cidades (Arts 5º a 8º): 1- Notificação do proprietário do imóvel (a notificação deve ser averbada no cartório de registro de imóveis); 2- O notificado tem prazo para cumprir (até 1 ano para apresentar o projeto da obra, e 2 anos para o início da obra); 3-Aplicação das alíquotas progressivas para o IPTU; 4-Entre um ano e outro as alíquotas podem no máximo "dobrar", respeitada a alíquota máxima de 15%; 6-Manutenção da cobrança do IPTU pela alíquota máxima atingida ou desapropriação do imóvel com pagamento em títulos da dívida pública. A CF admite que o município estabeleça alíquotas distintas de acordo com a localização e uso do imóvel. Sumula 160 SJT: É defeso, ao município, atualizar o IPTU, mediante decreto, em percentual superior ao índice de correção monetária. Se for apenas uma atualização pelo índice de correção, como não haverá um agravamento, uma onerosidade, pode ser por decreto. Mas, se for superior, tem que ser por lei. Sumula 589 STF: é inconstitucional a fixação de adicional progressivo do IPTU em função do número de imóveis do contribuinte. Por outro lado, é possível reduzir o IPTU para quem possui só um imóvel (súmula 539 STF). Súmula 397 STJ: o contribuinte é notificado do lançamento do IPTU pelo envio de carnê ao seu endereço. a) Fato gerador: Transmissão de bens imóveis por natureza ou acessão física e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de garantia (ex: hipoteca), bem como cessão de direitos, por ato inter vivos e de forma onerosa. O ITBI não incide sobre a aquisição de propriedade originária, só para a aquisição derivada (compra e veda, por exemplo). b) Base de cálculo: valor venal do imóvel. A base de cálculo pode ser diferente do IPTU, não precisam ser iguais. c) majoração/redução de alíquotas: aplica-se o princípio da legalidade. Aplica-se o princípio da anterioridade anual e da anterioridade nonagesimal. d) contribuinte: qualquer das partes na operação tributada, conforme dispuser a lei municipal. Não incide ITBI nas transferências de imóveis desapropriados para fins de reforma agrária. ITBI não incide: - Na transmissão decorrente de incorporação ao patrimônio da PJ para integralizar o capital - Transmissão de bens ou direitos decorrentes de fusão, incorporação, cisão ou extinção de pessoa jurídica, salvo se, nesses casos, a atividade preponderante do adquirente for: o A compra e vende desses bens ou direitos; o A locação de bens imóveis; ou o Arrendamento mercantil. O ITB cabe ao município de situação do bem. Existe autorização no texto constitucional para envolver progressividade de ITBI? Não. Súmula 656 STF: é inconstitucional lei que estabeleça alíquotas progressivas para o imposto de transmissão inter vivos de bens imóveis- ITBI com base no valor venal do imóvel. Obs.: A União pode instituir impostos municipais em territórios federais não divididos em municípios. A competência tributária para instituir impostos sobre os serviços foi dividida entre os estados e os municípios. O ICMS (comp. dos estados) incide sobre prestação de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e sobre a prestação de serviços de comunicação. O ISS incide sobre prestação de serviços definidos em LC (LC 116/2003). Tal lei tem uma lista anexa dos serviços tributáveis por ISS. O município instituirá o ISS com base nas disposições de tal lei. a) fato gerador: prestação de serviços constates da lista anexa, ainda que não seja atividade preponderante do prestador. O serviço de transporte intramunicipal sofre a incidência apenas do ISS, ainda que por uma questão de traçado de ruas, o veículo transportador acabe perpassando, em alguns trechos do percurso, pelos lindes de outro município, o que não retira a natureza estritamente municipal do contrato de transporte celebrado entre o prestador e o tomador do serviço (STJ, REsp 783.002/MG). O imposto incide também sobre o serviço proveniente do exterior do país ou cuja prestação se tenha iniciado no exterior do país. A incidênciado imposto não depende da denominação dada ao serviço prestado. Quando ocorre o fornecimento de mercadorias juntamente com os serviços, como ocorrerá a tributação? Ex: oficina mecânica. O ICMS incidirá sobre o valor total da operação, mesmo havendo serviço + mercadoria, quando esse serviço não estiver listado na LC 116/03 (art. 155, § 2º, IX, b, CF). Se o serviço for tributável por ISS, ressalvadas as exceções expressas na lista da LC, não haverá incidência do ICMS, ainda que sua prestação envolva fornecimento de mercadorias (LC 116/03, art. 1º, § 2º). Memorize: o Serviço não previsto na LC 116/03 + mercadoria: ICMS incide sobre o valor total cobrado o Serviço previsto na LC 116/03 + mercadoria: ISS incide sobre o valor total cobrado o Serviço previsto na LC 116/03, com ressalva + mercadoria: ISS incide sobre o serviço e o ICMS sobre a mercadoria. -Serviço de buffet também consta nas ressalvas. *Se não houvesse a ressalva, ISS incidiria sobre todo o valor. Lembrar que: o serviço tributado por ISS não pode ser também tributado por ICMS, pois tal situação configuraria bitributação. O ISS incide ainda sobre os serviços prestados mediante utilização de bens e serviços públicos explorados economicamente mediante autorização, permissão ou concessão, com o pagamento de tarifa, preço ou pedágio pelo usuário final do serviço. Não incidência: O ISS não incide sobre operações de exportação de serviços para o exterior. Obs.: não se trata de imunidade tributária, mas de uma hipótese de não incidência prevista pela LC. Já no caso do ICMS, há imunidade constitucionalmente instituída. O ISS não incide sobre a prestação de serviços em relação de emprego, dos trabalhadores avulsos, dos diretores e membros de conselho consultivo ou conselho fiscal de sociedades e fundações, bem como dos sócios-gerentes e dos gerentes-delegados. O ISS não incide sobre o valor intermediado no mercado de títulos e valores mobiliários, o valor dos depósitos bancários e sobre as operações de crédito (seara do IOF). b) majoração/redução de alíquotas: aplica-se o princípio da legalidade Aplica-se a anterioridade anual e a noventena, sem exceções. c) base de cálculo: é o valor do serviço. d) contribuinte: prestador de serviços A lei prevê casos em que o tomador de serviços será o sujeito passivo, se torna o responsável tributário e efetua o recolhimento ao fisco. O serviço considera-se prestado, e o imposto, devido, no local do estabelecimento do prestador, ou, na falta do estabelecimento, no local do domicílio do prestador, com exceções. Exceções: - No local da demolição - No local das edificações em geral, estradas, pontos, portos e congêneres. - No local de execução da varrição, coleta, remoção, incineração, tratamento, reciclagem, separação e destinação final de lixo, rejeitos e outros resíduos quaisquer. - No local da execução da limpeza, manutenção e conservação de vias e logradouros públicos, imóveis, chaminés, piscinas, parques, jardins e congêneres. É o município desses locais que tem o direito de receber esse ICMS. *Importante ler a LC 116/03 Cabe à lei complementar: - Fixar as alíquotas máximas e mínimas; - Excluir da sua incidência as exportações de serviços para o exterior; - Regular a forma e as condições como isenções, incentivos e benefícios fiscais serão concedidos e revogados. A lei complementar regula a forma de concessão, mas é a lei municipal de cada ente que concede o benefício. e) alíquota Máxima: 5% Mínima: 2% Salvo exceções, não pode um benefício fiscal, de forma indireta, reduzir a alíquota abaixo desses 2%, para que se evite uma guerra fiscal, tornando um município mais atrativo para que prestadores de serviço instalem seus estabelecimentos, apesar de efetivamente prestarem o serviço em um município vizinho. O ISS não será objeto de concessão de isenções, incentivos ou benefícios tributários ou financeiros, inclusive de redução de base de cálculo ou de crédito presumido ou outorgado, ou sob qualquer outra forma que resulte, direta ou indiretamente, em carga tributária menor que a decorrente da aplicação da alíquota mínima de 2%. O município não pode editar lei contrariando a LC federal, estabelecendo isenção não permitida. É nula a lei ou o ato do município ou DF que não respeite as disposições relativas a alíquota mínima no caso de serviço prestado a tomador ou intermediário localizado em município diverso daquele onde está localizado o prestador de serviço. Consequência: direito à restituição do valor efetivamente pago do ISS calculado sob a égide da lei nula. O prestador que pagou o ISS ao município tem direito à restituição. O imposto será devido ao local do estabelecimento do tomador ou intermediador do serviço. Nesse caso, quem efetuará a retenção e o recolhimento como responsável, será a PJ tomadora ou intermediadora de serviços, ainda que imune ou isenta, descontando do valor que pagará ao prestador. Quem vai recolher é o tomador do serviço, para o município onde a prestação ocorre. Exceções (permissão para concessão de incentivos fiscais): -Execução, por administração, empreitada ou subempreitada, de obras de construção civil, hidráulica ou elétrica e de outras obras semelhantes (exceto o fornecimento de mercadorias, produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação). - Reparação, conservação e reforma de edifícios, estradas, pontes, portos e congêneres (exceto o fornecimento de mercadorias, produzidas pelo prestador de serviços fora do local da prestação). - Serviços de transporte coletivo municipal rodoviário, metroviário, ferroviário e aquaviário de passageiros. Súmula vinculante 31- é inconstitucional a incidência de ISS sobre a locação de bens móveis. Mas e no caso de serviços que são prestados de forma concomitante à locação? Incide ou não o ISS? O caso analisado pelo STF foi justamente a de locação de guindaste, com o concomitante fornecimento de mão-de-obra (operador do guindaste). O pretório excelso fixou o entendimento de que sobre a locação do guindaste em si NÃO incide o ISS, mas sobre o fornecimento da mão-de-obra (operador) deve haver tributação através do imposto municipal. Para isso, independe que seja celebrado um contrato global ou dois apartados, bastando que haja segregação dos valores a serem pagos a título do fornecimento de mão-de- obra, permitindo a identificação da base de cálculo. Entendimento dos municípios (NÃO FOI O QUE PREVALECEU): A tese levantada pelos Municípios era de que deveria incidir o ISS sobre "tudo", pois para eles não haveria a "locação", e sim a prestação de serviço como um todo. Para eles, só seria locação se o próprio locatário utilizasse o guindaste. Tal tese se baseou no exemplo da locação de veículos: se você loca um veículo e o conduz, não há incidência do ISS, pois se trata de locação de bem móvel; já se você não possui carteira de habilitação e loca um veículo com motorista, não haveria locação de bem móvel, mas sim a prestação de um serviço, ensejando a incidência do ISS caso o transporte seja intramunicipal. Contudo, o entendimento a ser levado para a prova no caso em questão é o fixado pelo STF. Súmula vinculante 156 – A prestação de serviço de composição gráfica personalizada e sob encomenda, ainda que envolva fornecimento de mercadorias, está sujeita apenas ao ISS. - Por intermédio de lei decorrente de processo legislativo regular, os municípios podem estabelecer a responsabilidade tributária de terceiro pelo cumprimento, total ou parcial, da obrigação, incluindo-se multas e acréscimos legais. -Serviços de registros públicos, cartorários e notariais são tributáveis por ISS (item 21 da LC 116). O STF já se posicionou quanto a questão, dispondo que são serviços remunerados ecom intuito lucrativo, incluindo-se na exceção do art. 150, §3º, da CF, que trata da não incidência da regra da imunidade recíproca. Para o STF, não há diferenciação que justifique a tributação dos serviços públicos concedidos e a não tributação das atividades delegadas. Aula 05- Obrigação tributária Obrigação tributária é a obrigação que uma pessoa tem perante a Fazenda Pública. Art. 113, §1º, CTN: 1) Surgimento da obrigação tributária: surge com o fato gerador. 2) Objeto: pagamento do tributo ou penalidade pecuniária (multa). IMPORTANTE: Lembrar que multa é obrigação principal!! Tudo que envolve dinheiro é obrigação principal. 3) extingue: juntamente com a extinção do crédito tributário dela decorrente. É a partir do lançamento que o crédito tributário passa a ser exigível. A obrigação acessória independe da obrigação principal. Ela pode existir mesmo quando houver imunidade, suspensão da exigibilidade do tributo e isenções. A obrigação principal deve sempre estar prevista em Lei, por estar relacionada ao pagamento de tributo e multa, já a obrigação acessória pode ser prevista em atos infralegais, na legislação tributária. Obs.: Hipótese de incidência é a definição legal do fato gerador. Fato gerador é o que ocorre no mundo real. Nem sempre o CTN é preciso nessa distinção. Hip. de incidência é abstrata, fato gerador é concreto. Obrigação tributária acessória (art. 113, §2º e 3º) A obrigação principal tem sempre caráter pecuniário, já a obrigação acessória é desprovida de caráter pecuniário, tem por objeto fazer ou deixar de fazer alguma coisa. Ex: emissão de notas fiscais, escrituração de livros fiscais, declarações. Existe alguma consequência para o descumprimento de obrigação acessória? Sim! A pessoa que descumpre está sujeita a uma obrigação principal (multa). Aspectos da hipótese de incidência: Antecedente: 1) Material: o quê 2) Espacial: onde 3) Temporal: quando Consequente: 4) Pessoal: quem paga e quem recebe 5) Quantitativo: quanto = base de cálculo x alíquota É o que a doutrina chama de regra matriz de incidência tributária. Fato gerador da obrigação principal: art. 114 CTN – Sempre por LEI. Fato gerador da obrigação acessória: art. 115 CTN- Pode ser por atos infralegais. Classificação dos fatos geradores: 1) Instantâneo: Ocorrem a cada instante, a cada operação (ICMS, IPI). 2) Continuado (periódico simples): é um único fato que se prolonga no tempo. A cada ano você paga um imposto referente a um único fato gerador (IPTU, IPVA, ITR). 3) Fato gerador periódico ou complexivo: aqui, o fato gerador só se completa ao final do período, mas ao longo do ano, vários fatos isolados ocorrem. Ex: IR. Art. 116 CTN: momento de ocorrência do fato gerador Art. 117 CNT: Havendo uma condição suspensiva, o fato gerador ocorrerá apenas quando de seu implemento. Ex: Meu pai vai me doar um carro se eu passar no concurso. O ITCD incidirá no momento em que eu passar e ele fizer a doação. Se a condição for resolutória, o fato gerador ocorrerá no momento da celebração do negócio. O implemento da condição resolutória é irrelevante para o direito tributário. Ex: meu pai vai me doar um carro enquanto eu morar em Cabo Frio para trabalhar. O ITCD vai incidir no momento que ele doar, então, se eu decidir voltar a morar em Niterói, ele não terá direito a restituição do que pagou. A definição legal do fato gerador é interpretada abstraindo-se: -da validade jurídica dos atos praticados pelos contribuintes, responsáveis, ou terceiros, bem como da natureza do seu objeto ou dos seus efeitos; - dos efeitos dos fatos efetivamente ocorridos (CNT, art. 118). É a interpretação objetiva da hipótese de incidência. Princípio da pecúnia non olet, princípio da isonomia. Planejamento tributário Elisão: planejamento tributário lícito. São possibilidades concedidas pela lei. Ex: declaração do IR pelo modelo simplificado ou completo. Ex: Optar pela tributação com base no simples nacional ou no lucro real. Evasão fiscal: ilícito -> sonegação fiscal Elusão fiscal: ilícito. O objetivo é ocultar o fato gerador, enganar a fiscalização utilizando um artifício. Ex: constituir uma empresa para dissimular a compra e venda de um imóvel. Existem mecanismos no CTN para que a autoridade desconsidere estes artifícios realizados pelo contribuinte, baseado pela prevalência da essência sobre a forma, a finalidade negocial, a intenção das partes. Teste do propósito negocial: o fisco pode entrar em cena, desconsiderar a forma criada pelas partes e verificar se realmente havia a intenção declarada, podendo, caso contrário, cobrar o tributo (art. 116, § único CTN). Sujeitos da obrigação tributária- art. 119/123 a) Sujeito ativo: é a pessoa jurídica de direito público titular da competência para exigir o seu cumprimento. Existem situações, no entanto, em que há a delegação da capacidade tributária para outra pessoa jurídica de direito público diversa do ente instituidor (será o sujeito ativo indireto). Por exemplo, uma autarquia federal quando cobra um imposto da competência da união. Art. 120 CTN- traz uma inovação subjetiva em razão do desmembramento territorial de um ente em dois. Há a alteração do sujeito ativo (obrigações tributárias já existentes), bem como há a recepção da legislação tributária (extraterritorialidade da legislação) do ente originário pelo desmembrado. b) Sujeito passivo: Da obrigação principal: é a pessoa obrigada ao pagamento de tributo ou penalidade pecuniária. Divide-se em: Contribuinte (sujeito passivo direto): é aquela pessoa que tem uma relação pessoal e direta com a situação que constitui o fato gerador. É a pessoa que faz ocorrer o fato gerador. Responsável (sujeito passivo indireto): é aquele que sem possuir essa relação pessoal e direta, tem sua obrigação estabelecida por disposição expressa de lei. Deve estar, de certo modo, vinculado ao fato gerador (art. 121 e 128 CNT). Art. 128 a 138 do CTN temos o tratamento da responsabilidade tributária. Ex: a fonte pagadora do salário pode ser a responsável pelo recolhimento do IR. Da obrigação acessória: é a pessoa obrigada às prestações que constituam seu objeto (art. 122 CTN). Art. 123, CTN: os contratos particulares que modifiquem o sujeito passivo da obrigação tributária não têm valor perante a fazenda pública. Ex: contrato de locação que estipula que o locatário irá pagar o IPTU. Quando a fazenda pública for cobrar, ela irá cobrar do proprietário e ele então terá direito de regresso contra o locatário. Capacidade tributária ativa: Quem pode cobrar? Quem pode ser sujeito ativo? É a pessoa jurídica de direito público ou aquela que receba a delegação da capacidade tributária. Ver art. 7º do CTN. – competência tributária não é delegável, mas a capacidade sim (para PJ de direito público). A mera arrecadação (função que os bancos realizam) não é capacidade ativa e não é competência tributária. A arrecadação pode ocorrer por PJ de direito privado. Capacidade tributária passiva (contribuinte ou responsável): Quem pode ser sujeito passivo? Art. 126 CTN A capacidade tributária passiva independe da capacidade civil. Uma criança proprietária de um imóvel é contribuinte do IPTU. Solidariedade tributária – art. 124 CTN Somente há solidariedade passiva. Sempre resulta da lei, não resulta da vontade das partes. Não há benefício de ordem, não existe devedor principal. Efeitos da solidariedade – art. 125 CTN - O pagamento por um dos obrigados aproveita aos demais; - A isenção ou remissão de crédito exonera todos os obrigados (se for objetiva), salvo se outorgada pessoalmente a um deles, subsistindo, nesse caso, a solidariedade quanto aos demais pelo saldo remanescente.-A interrupção da prescrição a favor ou contra um dos obrigados, favorece ou prejudica os demais. Domicílio tributário – art. 127 CTN É o lugar para o sujeito passivo exercer os seus direitos e cumprir suas obrigações. A regra geral é a eleição pelo contribuinte, o art. 127 é uma exceção. É inválida a notificação fiscal enviada para domicílio diverso do domicílio tributário do contribuinte (STJ, Resp 33.837/MG). Súmula STJ 397: o contribuinte do IPTU é notificado do lançamento pelo envio de carne ao seu endereço. O envio do carnê formaliza o crédito tributário. No caso do IPVA, basta a publicação de um calendário de pagamento com instruções de sua efetivação, não é indispensável o envio do carnê. Questões A obrigação acessória independe da obrigação principal, eis que mesmo uma pessoa imune pode estar sujeita a cumprir obrigações acessórias. A obrigação principal e a acessória são totalmente independentes. Aula 06- Crédito tributário e lançamento tributário O crédito tributário é a obrigação tributária já formalizada. É a notificação do lançamento ao contribuinte que irá constituir o crédito tributário. A partir desse momento temos a exigibilidade. O crédito tributário decorre da obrigação principal e tem a mesma natureza desta. Extinto o crédito, extinta estará a obrigação tributária. Não afetam a obrigação tributária que deu origem ao crédito tributário: As circunstancias que modificam o crédito tributário, sua extensão ou efeitos; As garantias ou privilégios atribuídos ao crédito tributário; A exclusão da exigibilidade do crédito tributário. Art. 142- compete à autoridade adm. constituir o crédito tributário pelo lançamento: 1- Verificar a ocorrência do fato gerador 2- Determinar a matéria tributável 3- Calcular o montante do tributo devido 4- Identificar o sujeito passivo 5- Propor aplicação da penalidade cabível- multa (se for o caso) Minemonico: VDCIP Natureza do lançamento: dúplice Declaratória – declara uma obrigação tributária preexistente. Constitutiva – constitui o crédito tributário A atividade adm. de lançamento é vinculada e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional. A autoridade tem o poder e também o dever de fazer a cobrança. Se a autoridade deixar correr o prazo e não fizer nada, a adm. não pode mais cobrar, ocorrerá a decadência. Cálculo do tributo Regras que norteiam qual será a legislação aplicável. Art. 144 CTN: Aspectos materiais: são aqueles que definem quem vai pagar e quanto vai pagar. Base de cálculo, alíquota, sujeito passivo. Aplica-se a lei vigente na data do fato gerador (ultratividade da lei tributária), ainda que posteriormente modificada ou revogada. Lembrar do princípio da irretroatividade da lei tributária. Aspectos formais: garantias e privilégios do crédito tributário, poderes investigativos das autoridades adms. Não alteram quanto irá pagar e quem vai pagar. Aplica-se a lei vigente no momento do lançamento. Art. 143: Taxa de cambio aplicável ao lançamento: câmbio da data do fato gerador (salvo disposição de lei em contrário). Art. 106- Prevê a aplicação retroativa da lei tributária em determinados casos: - Lei expressamente interpretativa, excluída a aplicação de penalidade. - Lei mais benéfica sobre infrações e penalidades (atos não definitivamente julgados). * Para alíquota não vale a aplicação retroativa, ainda que benéfica!! Apenas para infrações e penalidades. Alteração do lançamento – art. 145 I- impugnação do sujeito passivo II- recurso de ofício III-iniciativa de ofício da autoridade adm., nos casos previstos no art. 149. Lançamento por homologação: o contribuinte calcula e paga o tributo sem que a autoridade avalie previamente. Se for o caso, a autoridade faz o lançamento para cobrar a diferença. Art. 146: a alteração dos critérios jurídicos (interpretação) não altera fatos geradores anteriores. O lançamento não pode ser alterado por erro de direito, apenas por erro de fato. A revisão do lançamento só pode ser iniciada enquanto não extinto o direito da fazenda pública (decadência). Modalidades de lançamento a) de ofício (art. 149): não há participação do sujeito passivo, a fazenda já possui informações para o cálculo do tributo sem precisar das informações do sujeito passivo (IPTU, IPVA). O lançamento de ofício pode ser utilizado também para revisar lançamentos ou para efetuar lançamentos em caso de omissão, inexatidão, fraude, sonegação. Ex: auto de infração. b) por declaração ou misto (art. 147): existe a participação do sujeito passivo quanto as informações de fato. Ex: ITBI (quando a lei não atribuir de outra forma). A retificação da declaração, quando vise a reduzir ou excluir tributo, só é admissível se for um erro fundamentado, e antes da notificação (art. 147, §1º). A autoridade adm. pode retificar de ofício os erros contidos na declaração. Art. 148 – arbitramento da base de cálculo do tributo. Serão utilizadas as formas de arbitramento prevista na legislação tributária, quando a declaração prestada pelo contribuinte não mereça fé. O arbitramento está sempre sujeito ao contraditório. Pauta fiscal: é uma tabela de valores. A base de cálculo de um tributo não pode ser determinada por essa tabela, é de uso excepcional e não pode ser entendida como um valor absoluto. c) por homologação: a diferença para o por declaração é o pagamento antecipado, sem prévio exame da autoridade administrativa. A autoridade vai apenas conferir, homologar o pagamento, que é calculado pelo contribuinte. Ex: IR, IPI, ISS. Pode ser exigida declaração. É uma memória de cálculo informando como o contribuinte chegou naquele valor. O pagamento antecipado extingue o crédito tributário sob condição resolutória da ulterior homologação. Fica pendente até que haja a homologação, a chancela final é a homologação. A homologação pode ser expressa (dentro do prazo de 5 anos) ou tácita (após o decurso), desde que não comprovada a ocorrência de dolo, fraude ou simulação (1º de janeiro do ano seguinte) – art. 150, §4º. Súmula 436 STJ - a declaração feita pelo contribuinte é uma confissão de dívida, sendo que quanto a essa parcela não há nenhuma providência a ser tomada (em relação ao lançamento). O crédito tributário já é constituído com a entrega da declaração, não há necessidade de formalizar nada. A administração vai cobrar o que foi declarado e, o que eventualmente não for, irá lançar de ofício. Ex: deve 200,00 Declara 80,00 adm. já pode cobrar, crédito está lançado, constituído. Adm. vai lançar os 120,00 (corre prazo decadencial). Obs.: Não há nada no CTN prevendo a modalidade de lançamento para o tributo, não há vinculação, varia de acordo com o que a lei atribuir.
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