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Beatriz Rithiely Choque circulatório • Anormalidade do sistema circulatório que resulta em perfusão orgânica inadequada para suprir às necessidades tissulares de oxigênio e nutrientes. • Hipoperfusão tecidual pode estar presente na ausência de hipotensão. • Choque = associação de hipotensão com anormalidades relacionadas a hipoperfusão tecidual. • É um sintoma e sua causa base deve ser identificada e tratada • Os danos teciduais derivam não somente da hipóxia e baixa oferta de nutrientes, mas também da: → Reduzida depuração de substâncias tóxicas. → Maior afluxo de substâncias lesivas aos tecidos. → Ação direta de toxinas. → Ativação de mecanismos agressores. → Redução dos mecanismos de defesa. → Interdependência entre órgãos. → Efeitos danosos da terapêutica. • Choque: PAS < 90 mmHg, PAM < 60 mmHg ou uma redução da PAS > 40 mmHg PARÂMETROS HEMODINÂMICOS E DE OXIGENAÇÃO • Débito cardíaco (DC) = Volume de ejeção sistólico x frequência cardíaca • Volume sistólico = depende da pré-carga (PVC, PCP), pós-carga (PA, RVS) e da força de contração miocárdica. • Pressão de átrio direito (PAD) = ou PVC é a pressão de enchimento do ventrículo direito e traduz a volemia. • Pressão capilar pulmonar (PCP) = traduz a pressão atrial esquerda ou PDFVE (enchimento do VE). • Resistência vascular sistêmica (RVS) = resistência oferecida pelos vasos da grande circulação. • DO2 = oferta de oxigênio aos tecidos. • VO2 = consumo de oxigênio dos tecidos. • Lactato = marcador de anaerobiose (agressão tecidual por hipóxia ou agentes tóxicos) PRINCÍPIOS DE TRATAMENTO • O objetivo maior é aumentar a oferta de oxigênio aos tecidos • Aumento do DC -> ajuste da pré-carga, aumento da contratilidade • Aumenta da PA -> aumento da RVS • Otimização do conteúdo de O2 -> oferta de O2 adequado; otimização da Hb • Monitorar debito urinário -> indicador de perfusão renal Beatriz Rithiely CHOQUE HIPOVOLÊMICO • Ocorre quando o volume intravascular é depletado em razão de hemorragia, vômitos, diarreia, desidratação e perdas para o terceiro espaço. • A principal causa: hemorragia por trauma – manifestações clínicas quando há perda > a 40% do volume plasmático. • Todo doente vítima de trauma e hipotenso até prova contrária está hipovolêmico. • O tratamento da causa base é primordial e muitas vezes com intervenção cirúrgica de urgência. • O objetivo terapêutico é a restauração do volume intravascular e da perfusão/oxigenação tecidual. Quadro clínico e hemodinâmico • PAS < 90 mmHg • PVC baixa • PCP baixa • RVS elevada • Índice cardíaco baixo • História de vômito, diarreia ou trauma • Hipotensão • Taquicardia • Palidez cutânea, enchimento capilar lento e pulsos finos • Sudorese fria • Taquipneia → insuficiência respiratória • Oligúria/Anuria • Alterações do estado de consciência – agitação, confusão, sonolência ou coma. CHOQUE CARDIOGÊNICO • Falência do coração como bomba devido disfunção do músculo cardíaco ou válvulas cardíacas • Principal causa - IAM – quando há perda de 40% da massa ventricular – mortalidade > 70%. • Miocardites, cardiomiopatias, doença de Chagas, doenças valvares, arritmias, etc. • O tratamento da causa base é primordial e a correção do distúrbio deve ser feita tão logo haja condições clínicas. • A angioplastia é o melhor tratamento para o IAM. Quadro clínico e hemodinâmico • PAS < 90 mmHg • PCP > 18 mmHg • Índice cardíaco baixo < 2,2 l/min/m² • RVS elevada Beatriz Rithiely • Acentuada redução da fração de ejeção do VE • Hipotensão • Taquicardia • Palidez cutânea, enchimento capilar lento e pulsos finos • Sudorese fria • Taquipneia e insuficiência respiratória • Sinais de Congestão Pulmonar – crepitantes pulmonares • Turgência jugular • Alterações do estado de consciência – agitação, confusão, sonolência ou coma. • Tratamento → Tratamento inicial deve ser específico para o fator precipitante como IAM, angina, lesões valvares → Noradrenalina – deve ser usada somente em hipotensões graves não responsivas as outras manobras pois a RVS já está elevada. → Dopamina – pode ser tentada como droga de efeito dopaminérgico para aumentar perfusão renal ou como inotrópico (dose β) para aumentar força de contração. → Dobutamina – droga de escolha para aumentar o inotropismo, porém deve ser evitada em hipotensão grave. → Nitroprussiato – vasodilatador periférico (arterial e venoso) que só deve ser usado se houver PAS > 90 mmHg. → Diuréticos – reduzir congestão pulmonar. → Reposição volêmica – parcimoniosa e com cuidado → Suporte circulatório mecânico com balão intra-aórtico → Visa a reposição volêmica o mais rápido possível → Atenção para idosos e cardiopatas. → Empiricamente repõe-se 3 ml de solução eletrolítica para cada 1 ml de perda estimada. → Ringer lactato é preferível, pois em casos de grandes volumes o SF 0,9% pode causar acidose hiperclorêmica. Está contraindicado o uso de soluções glicosadas. → A expansão com coloides (albumina e hidroxietilamido) mostrou-se tão benéfica quanto os cristaloides, porém de maior custo. → Sempre que possível deve-se usar sangue tipo específico, caso contrário usa-se tipo “O” negativo. → Inicialmente estão contraindicadas drogas vasoativas ficando reservada para os casos sem resposta a reposição de volume. CHOQUE DISTRIBUTIVO • Os quadros distributivos são aqueles em que existem uma inadequação entre demanda tecidual e oferta local de oxigênio devido a alterações do tônus e/ou da permeabilidade vascular. Tem como seu exemplo clássico o choque séptico. • Infecção – invasão tecidual por microrganismo que determina lesão local por ação direta e sistêmica (endotoxinas). Beatriz Rithiely • Síndrome de Resposta Inflamatória Sistêmica (SIRS) – sinais de uma resposta inflamatória generalizada caracterizada por taquipneia, taquicardia e alteração da temperatura. • Sepse – foco infeccioso + SIRS • Choque séptico – hipotensão arterial associada a sepse severa Quadro clínico e hemodinâmico na sepse • PAS < 90 mmHg • PVC normal ou baixa • PCP baixa ou normal • RVS baixa • Índice cardíaco ↑, normal ou ↓ • Fase inicial ou hiperdinâmica (choque quente) → Extremidades quentes e ruborescidas → PA normal ou discretamente reduzida → Taquicardia e pulsos amplos → Febre e sintomas constitucionais gerais → Taquipneia e alcalose respiratória → Confusão mental → Débito urinário normal • Fase avançada ou hipodinâmica (choque frio) → Extremidades frias e vasoconstrição arterial → PA muito baixa → Taquicardia e pulsos filiformes → Insuficiência respiratória → Acidose metabólica → Obnubilação progressiva e coma → Débito urinário reduzido Tratamento na sepse • Identificação e tratamento específico do foco infeccioso, com intervenção cirúrgica precoce se necessário. • Reposição volêmica intensiva com cristaloides e coloides. • Hb e Ht normais para manter a oferta de O2. • Noradrenalina – droga de escolha para elevar PA e RVS. • Dobutamina – usada quando há sinais de comprometimento da função do VE. • Oxigenação adequada através de suporte ventilatório mecânico. • Anticorpos antiendotoxina • Anticitocinas Beatriz Rithiely QUADRO CLÍNICO E TRATAMENTO EM OUTRAS FORMAS • Choque neurogênico → Ocorre em decorrência de trauma raquimedular, anestesias peridurais ou raquidianas, lesões extensas do SNC e por drogas bloqueadoras autonômicas. → Hipotensão com bradicardia. → TRM - extremidades quentes acima da lesão e frias abaixo e diversas alterações sensitivo-motoras. → Responde a infusão rápida de cristaloides. → Menos frequentemente usa-se noradrenalina e atropina. → Pode ser necessário o uso de marcapasso cardíaco temporário se não houver resposta às drogas. • Choque anafilático → Ocorre devido reação sistêmica de hipersensibilidade imediata a antígenospré-sensibilizados. → Vasodilatação e aumento da permeabilidade vascular levando a hipotensão severa. → Insuficiência respiratória por broncoespasmo severo ou edema de glote. → Lesões cutâneas urticariformes e angioedema. → Tratamento é feito com adrenalina subcutânea e reposição volêmica intensiva. → Corticoides podem ser usados para tratamento de casos de anafilaxia prolongada. CHOQUE OBSTRUTIVO • Ocorre em situações em que existe obstrução mecânica ao enchimento ou esvaziamento do coração. • Tamponamento pericárdico • Embolia pulmonar • Pneumotórax hipertensivo • O alívio da obstrução é o único tratamento possível. • A manutenção do volume intravascular é fundamental para o tratamento, podendo temporariamente melhorar o débito cardíaco e a hipotensão. • As drogas inotrópicas e vasopressoras têm pouca importância no tratamento final. PNEUMOTÓRAX HIPERTENSIVO • Presença de ar sob pressão na cavidade pleural que leva ao colapso pulmonar e de estruturas vizinhas. • Ocorre devido a lesão de vias aéreas de maior calibre e lacerações do parênquima pulmonar. • Forma-se um mecanismo valvular onde o ar entra na cavidade pleural na inspiração e não sai na expiração devido à elasticidade da parede da lesão. • O ar se acumula e a hipertensão pleural desvia e comprime o mediastino, o coração, o pulmão contralateral e os vasos sanguíneos. • Evolução rápida para insuficiência respiratória e choque. Beatriz Rithiely Quadro clínico e diagnostico • Dor torácica • Dispneia intensa e cianose • Desvio da traqueia a nível cervical • Desvio do ictus cardíaco • Murmúrio vesicular abolido • Hipertimpanismo à percussão • Turgência jugular • Hipotensão arterial e taquicardia • Ocasionalmente enfisema subcutâneo TAMPONAMENTO PERICÁRDICO • Acúmulo de líquido ou sangue no saco pericárdico de forma rápida com elevação da pressão que promove compressão das câmaras cardíacas e restrição diastólica. • Ocorre devido a: → Trauma torácico aberto ou fechado → Infiltração neoplásica → Pós cirurgia cardíaca → Doenças autoimunes → Hipotireoidismo → Insuficiência renal com uremia → Processos infecciosos agudos Quadro clínico e diagnostico • O diagnóstico diferencial é feito com pneumotórax hipertensivo • Na maioria dos casos também não há tempo para exames complementares • Tríade de Beck – choque, turgência jugular e hipofonese de bulhas • Dispneia intensa e palidez cutânea • Acentuação do pulso paradoxal (> 15 mmHg) • Elevação da pressão venosa na inspiração (sinal de Kussmaul) • ECG mostra complexos QRS de baixa voltagem • Rx e Tx mostra ↑da área cardíaca em forma de “moringa” • Ecocardiograma mostra líquido no pericárdio e sinais de restrição diastólica Beatriz Rithiely EMBOLIA PULMONAR • É a impactação de material dentro dos ramos do leito arterial pulmonar e que na maioria das vezes são coágulos sanguíneos provenientes dos membros inferiores (mmii) e pelve, podendo ser também em decorrência de células neoplásicas, gotículas de gordura, líquido amniótico e bolhas de ar. • Fatores de maior risco são: → Idade avançada → Cirurgia ortopédica de bacia, quadril e mmii → Politraumatismo → Grande queimado → História prévia de TVP/TEP → Internações prolongadas Quadro clínico e diagnostico • Obstrução aguda do leito vascular pulmonar com sobrecarga e falência do VD. • Quadro de início súbito • Dor torácica, dispneia e hemoptise. • Tosse seca e sudorese fria. • Taquicardia e hiperfonese de P2 • Arritmia supraventricular e ventricular • Síncope e morte súbita. • Redução do MV na área afetada • Estertores pulmonares • Menos frequentemente o atrito pleural TRATAMENTO • A terapêutica específica visa desobstruir o leito pulmonar, seja por medicação ou cirurgicamente. • Dobutamina reduz a pressão capilar pulmonar devido vasodilatação. • Para a dissolução do trombo podemos dispor da estreptoquinase em infusão contínua por 24-72 horas ou rt-PA em 2 horas. • Heparinização plena deve ser mantida após terapia fibrinolítica por no mínimo 5 dias. • Anticoagulação oral com warfarin. • Embolectomia a céu aberto ou por cateter.
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