Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Victoria K. L. Cardoso Choque …………..Introdução………….. Conceito: situação em que o sistema circulatório não consegue fornecer suficientemente oxigênio e nutrientes aos tecidos e células → deficiência de produção de ATP pela via aeróbia ● Há insuficiência de perfusão tecidual, resultando em hipóxia celular e uso do metabolismo celular anaeróbio, o que leva a acidose lática. ● A pré e a pós-carga estarão alteradas, pois não há volume suficiente ou há aumento da resistência vascular). Lembrando: ● Pressão arterial média = débito cardíaco X resistência vascular periférica. ● Débito cardíaco = volume sistólico (volemia e fração de ejeção) X frequência cardíaca. Clinicamente: os sintomas mais específicos estão relacionados com a causa do choque - ex: um paciente com alteração no sistema gastrintestinal geralmente tem a causa do choque no sistema gastrintestinal. ● Sintomas gerais: ○ Diminuição da perfusão. ○ Pulso fino e acelerado. ○ Xeroftalmia e xerostomia. ○ Palidez cutânea. ○ Ativação do sistema nervoso simpático. ○ Liberação de hormônios do estresse → catecolaminas, insulina e glucagon. ● SNC: ○ Alteração da consciência. ○ Agitação psicomotora. ○ Confusão mental. ○ Torpor. ○ Coma. ● SCV: ○ Diminuição do débito cardíaco → que causa a hipoperfusão. ○ Hipoperfusão periférica - diminuição da saturação venosa de O2. ○ Aumento do tempo de enchimento capilar (> 3s). ○ Arritmia - bradicárdica ou taquicárdica (a taqui é mais comum). Victoria K. L. Cardoso ○ Hipotensão arterial discreta ou acentuada. ● Respiratório: ○ Sem anormalidade. ○ Exceção: doença pulmonar associada. ○ Pode haver fadiga respiratória. ● S. gastrintestinal: ○ Pode haver hematêmese ou melena. ○ Enterorragia. ○ Distensão abdominal. ○ Aumento ou diminuição dos RHA. ● S. genito-urinário: ○ Oligúria - sempre. ○ Urina concentrada. Modalidades de choque e principais causas: ● C. hipovolêmico: ○ Hemorragia: digestiva alta ou baixa e por traumas (facada, arma branca, arma de fogo…) ○ Desidratação: mais comum em crianças - curso com xeroftalmia, xerostomia, turgor flácido, pele seca, hipo-agitação, dispnéia… ○ Sequestro de líquidos: ex - grandes queimados (> 30% do corpo queimado) - o tratamento mais importante é a reidratação vigorosa. ● C. cardiogênico: o mais comum são pacientes sabidamente cardiopatas e com sinais de choque - arritmia, hipotensão, diminuição da saturação, taquicardia e confusão mental. ○ Falência ventricular esquerda. ○ Infarto do miocárdio. ○ Miocardiopatia. ○ Miocardite e arritmias. ○ Disfunção miocárdica da sepse. ○ Defeitos mecânicos. ○ Lesões valvares. ○ Shunt arteriovenoso. ○ Aneurisma ventricular. ● C. distributivo: aqui todas as causas são inflamatórias → principal detalhe - a reação inflamatória acentuada gera inadequação do funcionamento dos mediadores inflamatórios, por conta da intensa destruição celular, causando alteração generalizada da vasculatura e consequente alteração da perfusão em tecidos e órgãos, ou seja: nesse caso, administrar volume para o paciente pode piorar o quadro. ○ Séptico. ○ Neurogênico. ○ Anafilaxia. Victoria K. L. Cardoso ○ Síndrome de hiperviscosidade (coagulopatias). ○ Hipotireoidismo e hipocortisolismo. ● C. obstrutivo: são causas agudas, de maior impacto; costumam apresentar taquicardia, hipotensão, confusão mental e agitação psicomotora ou sonolência (alterações do sistema nervoso central). ○ Embolia pulmonar. ○ Tamponamento cardíaco. ○ Pneumotórax hipertensivo. ○ Coarctação aórtica. …Condutas básicas no choque… Condutas iniciais: ● História clínica, exame físico, monitorização e exames complementares. ● Exames complementares: ○ Gasometria arterial. ○ PH sanguíneo (135 a 145). ○ PaO2 (quantidade). ○ PaCO2 (quantidade). ○ HCO3. ○ Eletrólitos (Na+, K+ ...). ○ Hematimetria. ○ Hemograma. ○ Lactato sérico. ○ Glicemia. ○ Provas renais e hepáticas (ureia, creatinina, TGP e TGP). ○ Coagulograma: TAP/INR. ○ TTpa; ○ Rx tórax. ○ ECG. Monitorização e condutas: ● Avaliação da pressão arterial. ● Oximetria de pulso. ● Otimizar a volemia e a pós-carga. ● Ajustar a frequência cardíaca. ● Otimizar a contratilidade cardíaca. ● Reanimação volêmica. ○ Cristalóides isotônicos ou hipertônicos. ■ Os hipertônicos trazem o líquido do meio extra para o intravascular). ○ Colóides naturais (sangue total; concentrado de hemácias; plasma fresco congelado e albumina humana); Victoria K. L. Cardoso ○ Colóides sintéticos (gelatinas e amidos). Drogas vasoativas: usadas para melhorar a contratilidade cardíaca; são drogas padrão ouro para pacientes com choque cardiogênico ou qualquer tipo de choque que se desconfie de falência cardíaca. ● Dopamina ou obutamina → padrão ouro choque cardiogênico. ● Noradrenalina → para todo tipo de paciente com choque, pois melhora a perfusão tecidual, aumenta o retorno venoso periférico e aumenta a PAM e o volume circulante. ● Adrenalina → infusão continua, alvo concentrado. ● Nitroprussiato de sódio → vasodilatador para crises e urgências hipertensivas. ● Milrinone, dopexamina e amrinone → inotrópicos positivos. Obs: as drogas vasoativas devem ser administradas em acesso venoso central intracath, mas podem ser iniciadas por acesso venoso periférico, sendo necessariamente depois administradas por um acesso venoso profundo, pois geralmente essas drogas causam uma vasoconstrição acentuada em vasos pequenos, causando necrose de extremidades. ……..…Choque hipovolêmico…..…… Causa hemorrágica: ● Costuma ser por trauma agudo, o que indica o local de procura de uma hemorragia, seja interna ou externa. ● Principais causas: ○ Lesões perfurocortantes. ○ Traumas diretos. ○ Trauma vascular. ○ Lesões ósseas - é muito comum a fratura de fêmur. ○ Rupturas de órgãos internos ou aneurisma. ○ Coagulopatias. Causa não hemorrágica: ● As principais características estão relacionadas com desidratação e sinais de anemia. ● Principais exemplos: ○ Diabetes tipo I e II. ○ Desidratação severa. ○ Grande queimado. ○ Vômitos incoercíveis. ○ Fístula entérica ou pancreática. Quadro clínico: ● Geral: ○ Palidez cutânea. ○ Pele fria. ○ Pulso fino e acelerado. Victoria K. L. Cardoso ● SNC: ○ Alteração do nível de consciência. ○ Agitação psicomotora. ○ Confusão mental. ○ Torpor e coma. ● SCV: ○ Taquicardia. ○ Hipotensão arterial discreta ou acentuada. ● AR: se não houver dça pulmonar associada, não há anormalidade. ● SGI: ○ Pode ter hematêmese ou melena. ○ Enterorragias. ○ Distensão abdominal. ○ Aumento ou diminuição dos RHA. ● SGU: ○ Oligúria. ○ Urina concentrada. Obs: sempre desconfiar de choque hipovolêmico em caso de hipotensão + taquicardia. ……..…Choque cardiogênico…..…… Por arritmias: ● Taquiarritmias. ● Bradiarritmias. Por fator mecânico: ● Lesões orovalvares regurgitantes. ● Lesões orovalvares obstrutivas. ● Ruptura do septo interventricular. Por Miopatias: ● Infarto agudo do miocárdio. ● Insuficiência cardíaca por miocardiopatias. Por tamponamento cardíaco: ● Hipofonese de bulhas. ● Sinais de insuficiência ventricular direita. ● Presença de pulso paradoxal. Quadro clínico: ● Semelhante ao hipovolêmico, sem as alterações gastrintestinais. ○ Maior atenção aos sinais de congestão pulmonar, dispnéia, estertores em base pulmonar e saída de secreção rosa pela boca. ● Edema pulmonar, com estertores e sibilos. ● Sinais de insuficiência de ventrículo direito. ● Taquipnéia intensa. ● Fácies de desespero. Victoria K. L. Cardoso ● História de fatores de risco coronariana. ● Monitorar - ECG e enzimas. Avaliação complementar: ● ECG. ● Enzimas cardíacas. ● Ecocardiograma. Obs: principais causas - angina instável, causas valvulares, estenoses e insuficiência cardíaca descompensada. Obs ● Dobutamina - melhora a contratilidade cardíaca. ● Noradrenalina - melhora a contratilidade das arteríolas, aumentando o retorno venoso. ……..…Choque distributivo…..…… Choque neurogênico: ● Trauma cranioencefálico → TCE apresentando hemorragia, sem alteração cardíaca.■ Nesse caso, a explicação do choque é por destruição do tecido cerebral, causando edema e lesão tecidual, que evolui atingindo todos os órgãos e sistemas. ○ Conduta: intubação, manutenção da PA e solicitação de exames complementares. ● Trauma raqui medular. ● Tétano. ● Guillain-Barré. Choque anafilático: uso de anti-histamínico imediatamente. ● Reação anafilática a alérgenos. ● Reação anafilactóide. ● Tratamento: aqui não se trata com volume e sim com anti-histamínico (Loratadina, Desloratadina, Polaramine) para diminuir a liberação de histamina. Obs: as reações anafilactóides são clinicamente semelhantes às reações anafiláticas, embora tenham etiologia distinta, não relacionadas à presença da IgE → ambas são graves. Choque metabólico ou tóxico: ● Insuficiência renal aguda ou crônica. ● Insuficiência hepática. ● Abuso de drogas. ● Hipertermia maligna. ● Acidose ou alcalose grave. Endocrinológico: ● Choque neuroendócrino: o paciente apresenta pele quente e sem desorientação. ○ Nesse caso, faz-se reposição de volume pois o paciente está Victoria K. L. Cardoso vasodilatado, por conta da liberação de histaminas. ○ Assim, a necessidade de restauração do volume é necessária se não o paciente cursa com pele fria e pulso fino. ○ Sem a reposição volêmica, o quadro de hipotensão se acentua, evoluindo para características de choque hemorrágico. ● Por alteração da viscosidade sanguínea: ○ Policitemia. ○ Mieloma múltiplo. ○ Anemia falciforme. ○ Embolia gordurosa. ● Por sepse: ○ Bactérias gram-positivas, gram-negativas; fungos ou vírus. ○ Tratamento: passar volume. Quadro clínico: ● Fase inicial: ○ Toxemia. ○ Vasodilatação periférica. ○ Pele quente e úmida. ○ Pulso cheio e acelerado. ○ Alargamento do gradiente de pressão arterial. ○ Taquicardia. ○ Hipotensão. ○ Taquipneia. ○ Respiração acidótica. ○ Oligúria. ○ Evidência de foco infeccioso. ● Fase de reanimação volêmica: “fase quente do choque”. ○ Vasodilatação. ○ Gradiente pressórico. ○ Taquicardia. ● Fase final: “fase fria”. ○ Pele fria. ○ Pulso fino e acelerado. ○ Torpor ou coma. ○ Acidose metabólica intensa e refratária à terapêutica. Observação importante e geral: ● Paciente com via aérea edemaciada, dispneico, taquicárdico, lábios inchados e edema periorbital. ○ Conduta: intubação!!! (sempre que houver sinais de fechamento de via aérea). ■ Administração prévia de adrenalina (1-2 mcg/kg Victoria K. L. Cardoso crianças; 50-100mcg adultos). ….…...…Choque obstrutivo……….… ● Tamponamento cardíaco: ○ Hipofonese de bulhas. ○ Sinais de insuficiência ventricular direita. ○ Presença de pulso paradoxal. ● Tromboembolismo pulmonar: ○ Dispneia súbita. ○ Dor torácica. ○ Paciente de risco para trombose venosa profunda. ○ Cianose de grau variado. ○ Ausculta normal. ○ Sinais indiretos de hipertensão pulmonar e cor pulmonale aguda. Quadro clínico: ● Dispneia súbita ou gradual. ● Diminuição da saturação. ● Estertores. ● Petéquias de conjuntiva, tórax e pescoço → sugestivo de tromboembolismo. ○ Demoram de 48-60h para manifestação. ○ Ocorre por alteração na coagulação.
Compartilhar