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IV - PRIMEIROS SOCORROS (NÍVEL BÁSICO) SUPORTE BÁSICO DE VIDA.....................................................................................35 CHAMADA DE EMERGÊNCIA...................................................................................36 AVALIAÇÃO INICIAL..................................................................................................36 AVALIAÇÃO PRIMÁRIA..............................................................................................36 AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA.......................................................................................40 PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR...........................................42 SEQUÊNCIA RESUMIDA DOS PASSOS PARA EXECUÇÃO DO SUPORTE BÁSICO DE VIDA E MANOBRAS DE RCP.............................................43 VIAS AÉREAS.............................................................................................................44 OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPO ESTRANHO (OVACE)................44 CHOQUE OU ESTADO DE CHOQUE........................................................................50 HEMORRAGIA............................................................................................................52 FRATURAS.................................................................................................................54 FERIMENTOS.............................................................................................................56 QUEIMADURAS..........................................................................................................59 EMERGÊNCIA CLÍNICA.............................................................................................60 CRISE CONVULSIVA......................................................................................60 EPILEPSIA......................................................................................................61 DESMAIOS......................................................................................................62 DIABETES.......................................................................................................63 ABDOMEN AGUDO........................................................................................64 TRANSPORTE DE VÍTIMAS......................................................................................65 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS.......................................................................................68 2 IV - PRIMEIROS SOCORROS (NÍVEL BÁSICO) Podemos definir primeiros socorros como sendo os cuidados imediatos que devem ser prestados rapidamente a uma pessoa, vítima de acidentes ou de mal súbito, cujo estado físico põe em perigo a sua vida, com o fim de manter as funções vitais e evitar o agravamento de suas condições, aplicando medidas e procedimentos até a chegada de assistência qualificada. Qualquer pessoa treinada poderá prestar os Primeiros Socorros, conduzindo-se com serenidade, compreensão e confiança. Manter a calma e o próprio controle, porém, o controle de outras pessoas é igualmente importante. Ações valem mais que as palavras, portanto, muitas vezes o ato de informar ao acidentado sobre seu estado, sua evolução ou mesmo sobre a situação em que se encontra deve ser avaliado com ponderação para não causar ansiedade ou medo desnecessário. O tom de voz tranquilo e confortante dará à vítima sensação de confiança na pessoa que o está socorrendo. Entende-se por Primeiros socorros que são os procedimentos adotados, antes da chegada do médico, de profissional qualificado da área de saúde ou da ambulância, quando uma pessoa é vítima de qualquer acidente ou mal súbito. Neste módulo você estudará alguns dos principais aspectos relacionados ao emergencista pré-hospitalar, bem como terá acesso a noções básicas para o atendimento emergencial fora do ambiente hospitalar. O socorro à vítima consiste sempre em: Reconhecer que se trata de urgência; 3 Chamar o serviço médico; Atuar conforme o seu conhecimento; Assistir a vítima até que chegue o socorro médico. Quais são as finalidades dos primeiros socorros? Preservar a vida; Restringir os efeitos da lesão; Promover a recuperação da vítima. A pessoa que presta os primeiros socorros é chamada de socorrista. Ela deve agir imediatamente, transmitindo sempre segurança e confiança. Como proceder? Mantenha o controle de si mesmo e também da situação; Aja com calma e lógica; Use as mãos delicadamente; Fale com a vítima de modo gentil; Seja objetivo. Como deve ser o perfil do socorrista? Deve ser bem treinado; Periodicamente reavaliado; Atualizado quanto ao conhecimento e às técnicas. Como ganhar a confiança da vítima? Nunca abandone alguém em estado grave; Não deixe a vítima sentir-se abandonada; Converse com a vítima durante todo o exame e tratamento; Explique o que vai fazer; Tente responder às perguntas com franqueza; 4 Procure mostrar que você está ali para ajudar e servir; Descubra os parentes da vítima e se proponha a cumprir um compromisso que ela possa ter assumido. Se a vítima for criança, ganhe sua confiança. Fale da maneira mais simples possível, olhando-a sempre de frente. Jamais a separe da mãe ou do pai. Pode estar no primeiro atendimento a diferença entre a vida e a morte CHAMADA DE EMERGÊNCIA Toda chamada de emergência transforma-se em ocorrência, para a qual é necessário solicitar ou confirmar os seguintes dados: local do acidente (ponto de referência); tipo de emergência; número de vítimas; gravidade das vítimas; ações já empreendidas. Avaliação do local A avaliação da situação é realizada pelo socorrista no momento em que chegar ao local da emergência; é necessária para que o socorrista possa decidir suas ações, observando principalmente os seguintes aspectos: a situação; o potencial de risco; as medidas a serem adotadas. 5 Ao solicitar socorro externo, (Corpo de Bombeiros, SAMU, outros serviços de ambulância), tenha em mente que o repasse ou o fornecimento das informações são de suma importância, pois segundos na demora em um socorro/atendimento faz a diferença. Informe os seguintes dados: local exato da ocorrência; tipo de ocorrência; riscos potenciais; número de vítimas; gravidade das vítimas; necessidades de recursos adicionais; hospital para o atendimento. A ordem dos dados a serem informados é dinâmica, podendo ser alterada conforme a situação. O importante é reportá-los sempre e o mais breve possível, pois só assim o socorrista terá o apoio necessário. Segurança do local Consiste na adoção de cuidados por parte do socorrista para a manutenção da segurança no local de uma ocorrência, priorizando: estacionamento adequado da viatura de emergência; sinalização e isolamento do local; e gerenciamento dos riscos. Equipamentos de proteção individual (EPIs) EPIs são equipamentos destinados à proteção da integridade física do socorrista durante a realização de atividades nas quais possam existir riscos potenciais à sua pessoa. 6 No que se refere ao atendimento de ocorrências pré- hospitalares, há, pelo menos, três EPIs básicos que devem ser usados pelos socorristas, são eles: luvas de látex descartáveis; máscaras de proteção facial; óculos de proteção. AVALIAÇÃO INICIAL Antes de qualquer outra atitude no atendimento às vítimas, deve-se obedecer a uma sequência padronizada de procedimentos que permitirá determinar qual o principal problema associado com a lesão ou doença e quais serão as medidas a serem tomadas para corrigi-lo. Essa sequencia padronizada de procedimentosé conhecida como exame do paciente. Durante o exame, a vítima deve ser atenta e sumariamente examinada para que, com base nas lesões sofridas e nos seus sinais vitais, as prioridades do atendimento sejam estabelecidas. O exame do paciente leva em conta aspectos subjetivos, tais como: O local da ocorrência. É seguro? Será necessário movimentar a vítima? Há mais de uma vítima? Pode- se dar conta de todas as vítimas? A vítima. Está consciente? Tenta falar alguma coisa ou aponta para qualquer parte do corpo dela. As testemunhas. Elas estão tentando dar alguma informação? O socorrista deve ouvir o que dizem a respeito dos momentos que antecederam o acidente. Mecanismos da lesão. Há algum objeto caído próximo da vítima, como escada, moto, bicicleta, andaime e etc. A vítima pode ter sido ferida pelo volante do veículo? Deformidades e lesões. A vítima está caída em posição estranha? Ela está queimada? Há sinais de esmagamento de algum membro? Sinais. Há sangue nas vestes ou ao redor da vítima? Ela vomitou? Ela está tendo convulsões? 7 As informações obtidas por esse processo, que não se estende por mais do que alguns segundos, são extremamente valiosas na sequência do exame, que é subdividido em duas partes: a análise primária e secundária da vítima. AVALIAÇÃO PRIMÁRIA A análise primária é uma avaliação realizada sempre que a vítima está inconsciente e é necessária para se detectar as condições que colocam em risco iminente a vida da vítima. Ela se desenvolve obedecendo às seguintes etapas: determinar inconsciência; abrir vias aéreas; checar respiração; checar circulação; e checar grandes hemorragias. Determinar inconsciência Uma vítima consciente significa que a respiração e a circulação, ou só a circulação (obstrução de vias aéreas), estão presentes e, neste caso, pode-se passar direto para a análise secundária. Porém, se ela está caída ou imóvel no local do acidente, deve-se constatar a inconsciência, sacudindo-a gentilmente pelos ombros e perguntando por três vezes: "Ei, você está bem?". Deve-se ter cuidado para evitar manipular a vítima mais do que o necessário. Abrir vias aéreas Se a vítima não responde a estímulos, realizar a abertura das vias aéreas para que o ar possa ter livre passagem aos pulmões. A manobra de abrir as vias aéreas pode ser realizada de dois modos: Elevação do queixo e rotação da cabeça Para as vítimas que tem afastada a possibilidade de lesão cervical, o método consiste na colocação dos dedos, indicador, médio e anular, no maxilar da vítima, com o indicador na parte central do queixo, que será suavemente empurrado para cima enquanto a palma da outra mão será colocada na testa, empurrando a cabeça e fazendo-a realizar uma suave rotação. Tríplice manobra Para as vítimas com suspeita de lesão na coluna cervical, o método anterior é contraindicado. Para esses casos, deve-se empregar a tríplice manobra, na qual o socorrista, posicionando-se ajoelhado, atrás da cabeça da vítima, coloca os polegares na região zigomática (maça do rosto da vítima), os indicadores na mandíbula dela e os demais dedos na nuca da vítima e exerce tração em sua direção. Enquanto traciona, os indicadores, posicionados nos ângulos da mandíbula, empurram-na para cima. Checar respiração. 8 Após a abertura das vias aéreas, deve-se verificar se a vítima está respirando espontaneamente. Para realizar essa avaliação, o socorrista deve colocar o seu ouvido bem próximo da boca e do nariz da vítima e olhar, ouvir e sentir a respiração. Olhar os movimentos torácicos associados com a respiração. Lembrar que os movimentos respiratórios nos homens são mais pronunciados na região do diafragma, enquanto que, nas mulheres, esses movimentos são mais notados nas clavículas. Ouvir os ruídos característicos da inalação e exalação do ar através do nariz e da boca da vítima. Sentir a exalação do ar através das vias aéreas da vítima. Para determinar a respiração, o socorrista deve gastar de 3 a 5 segundos na avaliação. Se a vítima estiver respirando espontaneamente, haverá pulso. Descartada a possibilidade de dificuldades respira- tórias, o socorrista deve partir para a verificação de hemorragias graves. Entretanto, se houver obstrução respiratória, ou se a vítima não respirar espontaneamente, é necessário agir imediatamente. Os procedimentos necessários serão vistos mais adiante, neste manual. Checar circulação Se a vítima não respirar, deve-se determinar o pulso na artéria carótida. Começar por localizar na vítima a proeminência laríngea (pomo de Adão), colocando o dedo indicador e médio nesse local e deslizando-o para a lateral do pescoço, entre a traqueia e a parede do músculo ali existente. Nesse local encontra-se uma depressão, onde poderá ser sentido o pulso carotídeo. O socorrista não deve posicionar seus dedos no lado oposto àquele em que se encontra. Além da possibilidade de não se aplicar pressão suficiente, esta estratégia pode pressionar a traqueia e causar embaraço à passagem do ar ou uma convulsão, ou a súbita movimentação da vítima poderá provocar lesões desnecessárias. Para checar o pulso carotídeo deve-se gastar de 5 a 10 segundos. Checar a existência de grandes hemorragias Após constatar a presença de pulso, deve-se procurar por grandes hemorragias e estancá-las, utilizando qualquer um dos métodos de estancamento que serão ensinados mais à frente. Se a vítima estiver respirando adequadamente, tiver pulso e não possuir hemorragias, ou estas se encontrarem sob controle, pode-se iniciar a análise secundária. Na realização da análise primária não se deve dispender mais do que 30 segundos. Considerações especiais Vítima em decúbito ventral Para realizar a análise primária em vítimas inconscientes, encontradas em decúbito ventral, deve-se, antes de tudo, girá-las. Recomenda-se sempre o emprego de quatro socorristas para realizar o rolamento, de forma a preservar a coluna vertebral da vítima. Porém, estando o socorrista só, e não havendo possibilidade de contar com qualquer 9 pessoa para ajudá-lo, deve proceder conforme apresentado abaixo. Análise primária em bebês A análise primária em bebês é diferente, em alguns aspectos, daquela realizada em crianças e adultos. Primeiramente, a constatação de inconsciência deve ser realizada através da aplicação de um estímulo levemente doloroso, que provoque choro ou manifestação de desagrado do bebê. Esse estímulo pode ser um leve toque dado com a unha na sola do pé. A abertura das vias aéreas é realizada da mesma forma, tomando-se cuidado para não hiperestender demasiadamente a coluna cervical do bebê. A constatação da respiração não apresenta diferenças. Porém, o pulso em bebês é tomado na artéria braquial. Em crianças, a análise primária é igual à realizada em adultos. Múltiplas Vítimas Se o socorrista, no local de ocorrência, tiver que assistir a mais de uma vítima, deve realizar análise primária e controlar todos os problemas que colocam em risco iminente a vida das vítimas, antes de realizar análise secundária em quem quer que seja. AVALIAÇÃO SECUNDÁRIA O principal propósito da análise secundária é descobrir lesões ou problemas diversos que possam ameaçar a sobrevivência da vítima, se não forem tratados convenientemente. É um processo sistemático de obter informações e ajudar a tranquilizar a vítima, seus familiares e testemunhas que tenham interesse pelo seu estado, e esclarecer que providências estão sendo tomadas. Os elementos que constituem a análise secundária são: Entrevista Objetiva - conseguir informações através da observação do local e do mecanismo da lesão, questionando a vítima, seus parentes e as testemunhas. Exame da cabeça aos pés - realizar uma avaliação pormenorizada da vítima,utilizando os sentidos do tato, da visão, da audição e do olfato; Sintomas - são as impressões transmitidas pela vítima, tais como: tontura, náusea, dores, etc.; Sinais vitais - pulso e respiração; Outros sinais - Cor e temperatura da pele, diâmetro das pupilas, etc. Entrevista Subjetiva A análise secundária não é um método fixo e imutável, pelo contrário, ele é flexível e será conduzido de acordo com as características do acidente e experiência do socorrista. De modo geral, deve-se, nessa fase, conseguir informações como: Nome da vítima, sua idade, se é alérgica, se toma algum medicamento, se tem qualquer problema de saúde, qual sua principal queixa, o que aconteceu, onde estão seus pais ou parentes (se for uma criança), se tem feito uso de algum medicamento ou se apresenta algum antecedente clínico relevante para a sua melhora. Exame da cabeça aos pés 10 Esse exame não deverá demorar mais do que 3 minutos. O tempo total gasto para uma análise secundária poderá ser reduzido se um segundo socorrista cuidar de obter os sinais vitais, enquanto o primeiro socorrista executa o exame do acidentado. Durante o exame, o socorrista deve tomar cuidado para não movimentar desnecessariamente a vítima, pois lesões de pescoço e de coluna espinhal, ainda não detectadas, poderão ser agravadas. Tomar cuidado para não contaminar o ferimento e/ou agravar lesões. Não explorar dentro de ferimentos, fraturas e queimaduras. Não puxar roupa ou pele ao redor dessas lesões. O exame da cabeça aos pés é uma denominação tradicional. Atualmente tem sido pacífico o entendimento que a avaliação propriamente dita deva começar pelo pescoço, para detecção de possíveis lesões na coluna cervical. Ao proceder um exame da cabeça aos pés, procurar seguir o método abaixo indicado: Avaliar a coluna cervical, procurando deformações e/ou pontos dolorosos. Examinar o couro cabeludo, procurando cortes e contusões. Checar toda a cabeça, procurando deformações e depressões. Examinar os olhos, procurando lesões e avaliando o diâmetro das pupilas, de acordo com a Tabela a seguir: DIÂMETRO DAS PUPILAS Observação Causa Provável Dilatadas, sem reação Inconsciência, choque, parada cardíaca, hemorragia, lesão na cabeça Contraídas, sem reação Lesões no sistema nervoso central, Abuso de drogas Uma dilatada e outra contraída Acidente vascular cerebral, lesões na Cabeça Embaçadas Choque, coma Observar a superfície interior das pálpebras. Se estiverem descoloridas, pálidas, indicam a possibilidade de hemorragia grave. Inspecionar as orelhas e o nariz. Hematoma atrás da orelha ou perda de sangue ou líquido cefalorraquidiano pelo ouvido e/ou nariz pode significar lesões graves de crânio. Inspecionar o interior da boca, mantendo-se atento à presença de corpos estranhos, sangue ou vômito. Observar a traqueia. Examinar o tórax, procurando por fraturas e ferimentos. Observar a expansão torácica durante a respiração. TIPOS DE RESPIRAÇÃO Observação Causa Provável Rápida, Superficial Choque, problemas cardíacos, choque insulínico, pneumonia, 11 insolação Profunda, Ofegante Obstrução das vias aéreas, ataque cardíaco, doenças pulmonares, lesões de tórax, coma diabético, lesões nos pulmões pelo calor Roncorosa Acidente vascular cerebral, fraturas de crânio, abuso de drogas ou álcool, obstrução parcial das vias aéreas Crocitante Obstrução das vias aéreas, lesões nas vias aéreas provocadas pelo calor Gorgolejante Obstrução das vias aéreas, doenças pulmonares, lesões nos pulmões provocadas pelo calor Ruidosa, com chiado asma, enfisema, obstrução de vias aéreas, arritmia cardíaca Tosse com sangue Ferimentos no tórax, fraturas de costela, pulmões perfurados, lesões internas Examinar o abdome, procurando ferimentos e pontos dolorosos. Examinar as costas procurando áreas dolorosas e deformidades. Examinar a bacia procurando fratura. Observar lesões na genitália. Examinar as pernas e os pés, procurando ferimentos, fraturas e pontos dolorosos. Checar presença de pulso distal e sensibilidade neurológica. Examinar os membros superiores desde o ombro e a clavícula até as pontas dos dedos, procurando por ferimentos, fraturas e áreas dolorosas. Checar presença de pulso distal e sensibilidade neurológica. Inspecionar as costas da vítima, observando hemorragias e/ou lesões óbvias. PROTOCOLO DE REANIMAÇÃO CARDIOPULMONAR (DIRETRIZES ILCOR 2010) “Qualquer pessoa, em qualquer lugar, pode iniciar ressuscitação cardíaca... tudo o que é necessário são duas mãos”. (Kouvenhoven, 1960.) As manobras de reanimação cardiopulmonar vêm sendo aperfeiçoadas ao longo de várias décadas. A International Liaison Committee on Resuscitation (Aliança Internacional dos Comitês de Ressuscitação) foi criada em 1992, com intuito de promover um fórum entre as principais organizações de ressuscitação de todo o mundo, disseminando informações para o treinamento e educação em ressuscitação, entre outros objetivos. As novas recomendações internacionais para suporte básico e avançado de vida podem ser encontradas nos sites da Associação Americana do Coração (American Heart Association) e do Conselho Europeu de Ressuscitação. A sobrevivência à parada cardiorrespiratória depende de uma série de intervenções fundamentais, que correspondem à “corrente de sobrevivência”. O reconhecimento imediato dos sinais, o acionamento precoce do serviço de emergência (acesso rápido), a RCP imediata, a chegada da equipe de atendimento (com a desfibrilação precoce) e entrada 12 rápida no hospital (Suporte Avançado de Vida – SAV) são elos vitais da corrente para garantir a eficácia do processo. A recuperação da circulação deve ocorrer num período inferior a 4 minutos, caso contrário poderão sobrevir alterações irreversíveis no sistema nervoso, um dos tecidos mais sensíveis à falta de oxigênio. Os elos da nova Cadeia de Sobrevivência são: 1. Reconhecimento imediato da PCR e acionamento do serviço de emergência/urgência; 2. RCP precoce, com ênfase nas compressões torácicas; 3. Rápida desfibrilação; 4. Suporte avançado de vida eficaz; 5. Cuidados pós-PCR integrados. Fonte: Guidelines da American Heart Association, 2010. Um quinto elo é implementado na cadeia de sobrevida, os cuidados pós-PCR. Este novo elo otimiza a estabilização da função cardiopulmonar, perfusão dos órgãos e remoção para o estabelecimento de saúde adequado (AHA, 2010). SEQUÊNCIA RESUMIDA DOS PASSOS PARA EXECUÇÃO DO SUPORTE BÁSICO DE VIDA E MANOBRAS DE RCP 1. Avaliar a responsividade: avaliar o nível de consciência, tocando a vítima pelo ombro e chamando-a em voz alta. 2. Chamar por ajuda: na ausência de resposta da vítima, acionar imediatamente o serviço médico de emergência e solicitar desfibrilador. 3. Detectar presença de pulso (C – Circulation): palpação da artéria carótida ou femoral (5 a 10 segundos). Na ausência de pulso, iniciar compressões torácicas: comprimir com força e rápido, na frequência de no mínimo 100/120 vezes por minuto. A profundidade das compressões deve ser de 5 cm em adultos, evitando ultrapassar 6 cm e crianças e bebês 4 cm. A relação compressões/ventilações com um socorrista deve ser mantida na proporção de 30:2, em qualquer faixa etária (exceto recém-nascidos). Minimizar a interrupção das manobras de compressão e quando 2 ou mais profissionais de saúde estão presentes durante a RCP, os socorristas devem revezar-se nas compressões torácicas a cada 5 ciclos (2 minutos de RCP), visando manter a eficácia do procedimento. 4. Abrir as vias aéreas (A – Airway): assegurar permeabilidade e desobstrução das vias aéreas. Identificar respiração anormal ou gasping. Abolido a “manobra de ver, ouvir e sentir”, ao abrir as viasaéreas assegura-se que a percepção de respiração já é detectada. Não se recomenda o uso rotineiro da pressão cricóide. 13 5. Avaliar respiração (B – Breathing): realizar ventilação de resgate: 2 insuflações, com duração de 1 segundo cada. 6. Desfibrilação (D – Defibrillation): o tratamento definitivo da fibrilação ventricular (FV) ou taquicardia ventricular sem pulso (TV) consiste na desfibrilação (choque). VIAS AÉREAS A vítima encontrada inconsciente e irresponsiva deverá ser posicionada em decúbito dorsal sobre uma superfície dura, firme e plana, com os membros superiores estendidos ao longo do corpo. A cabeça da vítima não deve ficar mais alta que os pés, para não prejudicar o fluxo sanguíneo cerebral. Nas vítimas de trauma com suspeita de lesão na coluna cervical, o movimento deve ser cuidadoso para evitar danos à medula espinhal. A ventilação pulmonar (respiração artificial) só poderá ser executada com sucesso caso as vias aéreas da vítima estejam abertas, desobstruídas. Nas vítimas inconscientes, a principal causa de obstrução é a queda da língua sobre a parede posterior da faringe. Como a língua está presa à mandíbula, as manobras que tracionam a mandíbula para frente também elevam a língua. A manobra de abertura das vias aéreas pode ser sufi ciente para restabelecer a respiração e prevenir a parada cardíaca. As principais manobras utilizadas para desobstruir as vias aéreas são: inclinação da cabeça com elevação do queixo e manobra de elevação da mandíbula. Pode ser utilizada também uma cânula orofaríngea (do tipo Guedel) para manter a permeabilidade das vias aéreas. Inclinação da cabeça e elevação do queixo: manobra mais utilizada, fácil e efetiva. Com uma das mãos, pressionar a testa da vítima, inclinando a cabeça levemente para trás (hiperextensão do pescoço). Posicione os dedos da outra mão sobre o queixo, deslocando a mandíbula para cima. Não utilizar o polegar e não aplicar pressão excessiva nas partes moles sob o queixo, que poderão obstruir as vias aéreas. Manter a boca da vítima aberta. Elevação do ângulo da mandíbula: é a manobra de escolha nas vítimas com suspeita de traumatismos na coluna cervical, pois pode ser realizada sem estender o pescoço. Segurar com as duas mãos os ângulos das mandíbulas, uma de cada lado, e deslocar anteriormente, mantendo a cabeça fixa. Com os polegares, afaste os lábios inferiores. Essa técnica deverá ser adotada apenas por profissionais de saúde treinados. Observação – socorristas leigos não devem realizar essa manobra, e sim a elevação do queixo. Atenção! De acordo com as diretrizes 2010, caso essa manobra não promova abertura das vias aéreas, o profissional de saúde é orientado a utilizar a manobra convencional (inclinação da cabeça e elevação do queixo), pois a abertura das vias aéreas é uma prioridade nos pacientes inconscientes, inclusive nas vítimas de trauma. OBSTRUÇÃO DAS VIAS AÉREAS POR CORPOS ESTRANHOS (OVACE) 14 Se um corpo estranho for visualizado e estiver acessível após a manobra de abertura das vias aéreas, remova-o com o dedo indicador “em gancho”. No caso de líquidos, tente removê-los com os dedos indicador e médio envolvidos por gaze. Somente tente remover o material que está causando a obstrução se ele estiver bem visível e de fácil acesso. Embora a perda de consciência seja a causa mais frequente de obstrução das vias aéreas (pela queda da língua), a obstrução por corpos estranhos pode provocar a perda de consciência e parada cardiopulmonar. A eventualidade de corpos estranhos obstruindo as vias aéreas ocorre mais frequentemente durante as refeições, mas outras causas de obstrução incluem próteses dentárias deslocadas, fragmentos dentários, sangue, secreções (saliva, vômito), balas etc. Em lactentes ou crianças, as causas mais frequentes são aspiração de pequenos objetos ou leite regurgitado. A obstrução de vias aéreas pelo conteúdo regurgitado do estômago também poderá ocorrer durante a parada cardiopulmonar ou nas manobras de ressuscitação. Pessoas com nível de consciência alterado correm maior risco de obstrução de vias aéreas pela aspiração de material vomitado ou sangue. (Perda ou diminuição do reflexo faríngeo). A obstrução das vias aéreas pode ser parcial (semiengasgo) ou total (engasgo). Com a parcial, a vítima ainda pode ser capaz de manter boa troca gasosa, caso em que poderá tossir, apesar dos sibilos entre as tossidas. Enquanto existir uma troca gasosa satisfatória, a vítima deverá ser estimulada e encorajada a persistir na tosse espontânea e nos esforços respiratórios, sem interferir nas tentativas para expelir o corpo estranho. A troca insuficiente de ar é indicada pela presença de tosse ineficaz e fraca, ruídos respiratórios estridentes ou gementes, dificuldade respiratória acentuada e, possivelmente, cianose. Nesse ponto, iniciar o manejo da obstrução parcial como se houvesse obstrução total. A obstrução total das vias aéreas (engasgo real) é geralmente reconhecida quando a vítima está se alimentando e, repentinamente, fica incapaz de falar ou tossir. Pode demonstrar sinais de asfixia, agarrando o pescoço (sinal clássico, universal), apresentando esforço respiratório exagerado e cianose. O movimento de ar pode estar ausente ou não ser detectável. A vítima não consegue falar ou tossir com eficácia. O pronto atendimento é urgente, preferencialmente enquanto a vítima ainda está consciente. Caso não seja instituído tratamento, a vítima evolui rapidamente para inconsciência, PCR e óbito. Como proceder? APLICAR A MANOBRA DE HEIMLICH. Essa técnica tem como objetivo expulsar o corpo estranho por intermédio da eliminação do ar residual dos pulmões, criando uma espécie de “tosse artificial” Verifique se é um engasgo real. Pergunte à vítima: “Você está engasgado(a)?” Posicione-se atrás da vítima, abraçando-a em torno do abdome. Estando a vítima em pé, ampliar sua base de sustentação, afastando as pernas, e posicionar uma perna entre as pernas da vítima (para evitar que ela caia, caso venha perder a consciência). 15 Localizar o umbigo. Colocar a mão fechada 1 dedo acima do umbigo. A mão do socorrista em contato com o abdome da vítima está com o punho fechado e o polegar voltado para dentro. A outra mão é colocada sobre a primeira. Aplicar 5 compressões abdominais sucessivas, direcionadas para cima. Conferir se a vítima voltou a respirar expelindo o objeto. Se necessário, reposicionar e repetir os ciclos de 5 compressões, até que o objeto desobstrua as vias aéreas, ou a vítima perca a consciência. Se a vítima ficou inconsciente, apoiá-la cuidadosamente até o solo e iniciar manobras de reanimação cardiopulmonar (30 compressões torácicas e 2 ventilações. Reavaliar a cada 2 minutos (5 ciclos) ou se a vítima mostrar sinais de desobstrução, respiração espontânea e circulação). Atenção! A manobra de Heimlich é perigosa e poderá provocar lesões internas graves. As principais complicações são lesões de vísceras abdominais como o fígado e o baço e a regurgitação de material do estômago com broncoaspiração. Sempre encaminhe a vítima ao médico após a aplicação da manobra de Heimlich. Observação – segundo a American Heart Association, a manobra de Heimlich com compressões abdominais é recomendada apenas para crianças maiores de 1 ano e adultos. Dica – para a desobstrução de vias aéreas em bebês, mulheres grávidas e pessoas obesas, realizar compressões torácicas, e não compressões abdominais. Nos bebês (lactentes), intercalar 5 tapotagens com as 5 compressões torácicas, até que o objeto seja expulso ou o bebê perca a consciência. Caso isso ocorra, considerar a criança em parada cardiorrespiratória e iniciar imediatamente manobras de RCP. BOA VENTILAÇÃO Após a desobstrução da via aérea por corpoestranho deve-se observar se a vítima tem respiração normal ou gasping. O procedimento de verificação da respiração não deve levar mais do que 3 a 5 segundos. Respiração difícil, ruidosa e com esforço respiratório pode indicar obstrução de vias aéreas, ou respiração agônica que antecede a parada cardíaca. O socorrista deve estar atento. Ao constatar que a vítima não está respirando, iniciar imediatamente a ventilação artificial (“sopro da vida” ou 2 ventilações de resgate). Conforme visto anteriormente, o socorrista não deve se esquecer de utilizar barreiras de proteção ao realizar a técnica de ventilação boca a boca. Deve se lembrar que a segurança do profissional vem em primeiro lugar! 16 O socorrista poderá utilizar dispositivos de barreira como a face-shield ou pocket mask (existem diversos modelos disponíveis no mercado). O ideal é utilizar o balão-valva- máscara (reanimador manual), conhecido popularmente como “Ambu®”. Abrir a via aérea com manobra de inclinação da cabeça ou elevação da mandíbula; pinçar as narinas da vítima com a mesma mão que inclina a cabeça; aplicar sua boca sobre a da vítima, vedando-a completamente. Efetuar duas ventilações, com duração de 1 a 2 segundos (cada sopro), observando o movimento do peito e sentindo o ar expirado da vítima (ventilações mais rápidas causam distensão do estômago); manter um sopro a cada 5 ou 6 segundos (no adulto, frequência de aproximadamente 12 respirações/min). Observação – se a vítima estiver inconsciente, mas apresentar respiração espontânea, deverá ser mantida em posição de recuperação (decúbito lateral esquerdo). Essa posição é particularmente importante, pois permite que seja reduzido o risco de aspiração para os pulmões, em caso de vômito ou excesso de sangue nas vias aéreas. A posição lateral de segurança (posição de recuperação) é utilizada nos momentos em que a vítima deverá ser lateralizada para desobstrução das vias respiratórias ou quando seu estado exigir descanso. CIRCULAÇÃO Após as duas ventilações iniciais, o prestador de socorro deve verificar o pulso da vítima. O procedimento de verificação do pulso não deve demorar mais que 5 a 10 segundos. A parada cardiorrespiratória é reconhecida pela ausência de pulso nas grandes artérias de vítimas inconscientes. Nos adultos e nas crianças maiores de 1 ano, a artéria utilizada é a carótida. Essa artéria pode ser palpada facilmente no pescoço (nos dois lados). Em lactentes, a artéria de escolha para verificar a presença de pulso é a braquial. Atenção! Verificar o pulso nas carótidas, por 5 a 10 segundos de cada lado. No entanto, não verificar o pulso nos dois lados ao mesmo tempo, pois poderá induzir a vítima a uma bradicardia (diminuição dos batimentos cardíacos), por compressão dos barorreceptores localizados próximos do ponto correto de verificação. Caso o pulso presente, mas a vítima estiver em parada respiratória, a ventilação artificial deverá ser mantida. 17 Lembrete – vítima que respira não está em parada cardíaca! A realização de compressões torácicas em pacientes adultos com pulso presente pode causar complicações sérias. Se confirmada a ausência de pulso nas grandes artérias (carótida ou femoral), iniciar imediatamente as compressões torácicas. A manobra de compressão torácica externa consiste em aplicação rítmica de compressão na metade inferior do esterno. Isso causa pressão direta no coração e também aumento da pressão no interior do tórax, suficientes para manter a circulação do sangue e a oxigenação, sempre associada à ventilação artificial. Entretanto, mesmo com a técnica correta, o débito cardíaco é três vezes menor que o normal. Assim, o atendimento avançado deve ser iniciado rapidamente. O ideal é que se inicie até 8min após a RCP básica. Pesquisas demonstram que, atualmente, mesmo se a RCP é iniciada em menos de 4min após a parada cardiopulmonar e o Suporte Avançado à Vida (SAV) chega ao local em menos de 8min após a parada, as chances da vítima se recuperar são muito pequenas. A vítima deve estar em decúbito dorsal (de costas) em uma superfície dura, tomando-se o cuidado para que a cabeça não esteja elevada acima do nível do coração. O socorrista se mantém ajoelhado, ao lado do tórax da vítima. A identificação correta da metade inferior do esterno é muito importante. Com a mão, localizar a margem inferior do rebordo costal da vítima. Percorrer o rebordo costal até identificar o apêndice xifóide. Colocar dois dedos acima do apêndice xifóide sobre o esterno. Atualmente é preconizado encontrar um ponto entre os mamilos sobre o esterno. Apoiar a palma de uma das mãos sobre a metade inferior do esterno. Colocar a outra mão sobre a primeira, de forma que ambas fiquem paralelas. Pode entrelaçar os dedos ou mantê-los estendidos, mas não apoiá-los sobre a caixa torácica. O objetivo é impedir que a força de compressão seja efetuada sobre as costelas, podendo fraturá-las. Alinhar os ombros sobre o esterno da vítima, mantendo os cotovelos estendidos. A força de compressão deve ser provida pelo peso do tronco do socorrista e não pela força de seus braços. Exercer pressão vertical, comprimindo a parte inferior do esterno com profundidade de 5 cm (adultos e crianças). As compressões devem ser regulares e ininterruptas, seguidas de relaxamento com o mesmo tempo de duração de cada compressão. O ideal é verificar se a compressão efetuada é suficiente para gerar um pulso carotídeo palpável. A compressão deve ser aliviada completamente (fase de relaxamento), sem que o prestador de socorro retire suas mãos do tórax da vítima, para que não seja perdida a posição correta das mãos. 18 Após 5 ciclos (2 min) de compressão e ventilação (30:2), a vítima deve ser reavaliada. Pulso ausente: reiniciar RCP pelas compressões torácicas. Pulso presente: verificar respiração; se a vítima estiver respirando – monitorizar os sinais vitais e colocá-la em posição de recuperação. Respiração ausente: manter ventilação artificial (1 sopro a cada 5 ou 6 segundos) e monitorizar o pulso. As modificações recomendadas em 2010 visam otimizar as compressões torácicas e incentivar os socorristas a iniciar os procedimentos de RCP através das compressões. De forma resumida, estas são as principais considerações e recomendações sobre as últimas diretrizes 2010 de reanimação cardiopulmonar e uso do desfibrilador externo automático (DEA). 1. Iniciar a RCP com as compressões torácicas e minimizar as interrupções, otimizando a função cardiopulmonar e perfusão dos órgãos. 2. Comprimir o tórax a uma frequência de 100/120 compressões por minuto, para todas as vítimas. 3. A proporção de compressão/ventilação para qualquer faixa etária (exceto recém-- nascido) é de 30:2 (30 compressões para 2 ventilações), com 1 socorrista. 4. Em lactentes e crianças, na presença de 2 socorristas, efetuar 15 compressões para 2 ventilações. 5. Na RCP realizada por 2 socorristas, assim que uma via aérea avançada estiver em posição (intubação orotraqueal), os socorristas não devem mais aplicar ciclos de compressão com pausas para ventilação. Um socorrista realiza compressões ininterruptamente e o outro socorrista aplica as ventilações, em uma frequência de 8 a 10 ventilações por minuto (1 ventilação a cada 6 a 8 segundos). 6. Comprimir com força, rápido e sem parar. 7. Permitir que o tórax retorne totalmente após cada compressão (retorne à posição normal) e utilizar aproximadamente o mesmo tempo para compressão e relaxamento. 8. Cada ventilação de resgate deve ter a duração de 1 segundo e produzir elevação visível do tórax. 9. Evitar aplicar um número excessivo de ventilações, ou ventilações muito longas e forçadas. 10. Desfibrilar com choque único, seguido de RCPimediata. 11. Reiniciar imediatamente, após a desfibrilação, as manobras de compressão, sem checar o pulso. O pulso somente será reavaliado após 2 minutos (ou realização de 5 ciclos de RCP). 12. Alternar os reanimadores a cada 2 minutos, para evitar a fadiga e manter a qualidade das manobras de RCP. 13. Abrir as vias aéreas é uma prioridade, mesmo na vítima de trauma com possível lesão cervical. Caso a elevação da mandíbula sem a extensão do pescoço não abra a via aérea, os profissionais de saúde devem utilizar a manobra de inclinação da cabeça e elevação do queixo. 14. Aplicar se a vítima não estiver respirando, mas tiver pulso, 10 a 12 ventilações de resgate por minuto, para uma vítima adulta (1 ventilação a cada 5 ou 6 segundos). Para lactentes ou crianças, aplicar de 12 a 20 ventilações por minuto (aproximadamente 1 ventilação a cada 3 a 5 segundos). 15. Iniciar as compressões torácicas, se a frequência cardíaca do lactente ou da criança for inferior a 60 batimentos/min, com sinais de perfusão sistêmica inadequada. 19 16. Usar uma ou duas mãos para aplicar as compressões torácicas em crianças. Comprimir sobre o esterno na linha dos mamilos. Para lactentes, pressionar sobre o esterno, imediatamente abaixo da linha dos mamilos. 17. Na RCP de lactentes realizada por 2 socorristas, utilizar a técnica dos dois polegares para realizar as compressões torácicas. 18. Usar o DEA para crianças acima de 1 ano de idade (abaixo de um ano utilizar o desfibrilador manual). 19. O soco precordial foi abolido em atendimentos pré-hospitalares. CHOQUE OU ESTADO DE CHOQUE O choque acontece quando o fluxo de oxigênio para as células do corpo diminui ou para por completo. Ele vai aumentando gradativamente e causando danos nos tecidos de acordo com sua extensão, até o momento em que o coração não recebe oxigênio suficiente e para de bater, causando a morte. O estado de choque é um grupo de síndromes cardiovasculares agudas que não tem característica e uma definição única que compreenda todas as suas diversas causas e origens, ele se dá quando há mal funcionamento entre o coração, vasos sangüíneos (artérias ou veias) e o sangue, instalando-se um desequilíbrio no organismo. São vários os sinais e sintomas que predispõem ao choque, que facilitam a observação e análise dos mecanismos. Há vários tipos de choque: - Choque Hipovolêmico - Choque Cardiogênico - Choque Septicêmico - Choque Anafilático - Choque Neurogênico - Choque Distributivo - Choque Misto Choque Hipovolêmico - É o choque que ocorre devido à redução do volume intravascular por causa da perda de sangue, de plasma ou de água perdida em diarréia e vômito. Choque Cardiogênico - Ocorre na incapacidade de o coração bombear um volume de sangue suficiente para atender às necessidades metabólicas dos tecidos. Choque Septicêmico - Pode ocorrer devido a uma infecção sistêmica. Choque Anafilático - É uma reação de hipersensibilidade sistêmica, que ocorre quando um indivíduo é exposto a uma substância à qual é extremamente alérgico. Choque Neurogênico - É o choque que decorre da redução do tônus vasomotor normal por distúrbio da função nervosa. Este choque pode ser causado, por exemplo, por transecção da medula espinhal ou pelo uso de medicamentos, como bloqueadores ganglionares ou depressores do sistema nervoso central. Choque Distributivo - É aquele caracterizado por queda do tônus vasomotor, com expansão do leito vascular (vasodilatação) e hipovolemia relativa (retenção da volemia em vasos periféricos), como acontece nos traumatismos graves (Choque Traumático), depressão do SNC, dor intensa, bloqueadores ganglionares e anti-hipertensivos, retirada abrupta de líquido ascítico (dilatação vascular "ex-vácuo"), e infecções graves com bactérias gram positivas, por exemplo, (Choque Septicêmico). Choque Misto - Quando dois ou mais fatores atuam em conjunto. 20 Causas As causas podem ser várias: traumatismo externo ou interno, perfuração súbita de órgãos, emoção, frio, queimaduras, intervenções cirúrgicas, etc. Todo acidentado pode entrar em estado de choque, progressiva ou insidiosamente, nos minutos ou horas que se seguem ao acidente. Esta emergência pode ter diversas causas: grande perda de sangue, infarto, aceleração do coração, queimaduras graves, traumatismos de crânio, tórax e abdômen, envenenamentos, afogamento, choque elétrico, picadas de animais venenosos, mudança brusca de temperatura e infecção. Se a vítima apresentar algum dos sintomas abaixo, é necessário agir rapidamente, principalmente para tentar evitar que ela entre em choque. Como reconhecer: - Pele pálida, úmida, pegajosa e fria; - Orelhas, lábios e pontas dos dedos arroxeadas; - Suor na testa e nas palmas das mãos; - Fraqueza geral; - Pulso rápido e fraco; - Sensação de frio; - Respiração rápida, curta, irregular ou muito difícil; - Pupilas dilatadas, agitação, medo; - Muita sede; - Visão nublada; - Náuseas e vômitos; - Confusão mental; - Perda total ou parcial de consciência; - Aceleração dos batimentos. Como agir: - Deite a vítima de costas. Afrouxe as roupas no pescoço, no peito e na cintura. Em seguida, verifique se há prótese dentária, objetos ou alimento na boca e retire-os; - Eleve as pernas da vítima em relação ao restante do corpo com uma almofada ou qualquer outro objeto (se não houver fraturas ou ferimentos no tórax e na cabeça); - Se a pessoa estiver fria, agasalhe-a; - Se ela estiver inconsciente, ou se estiver consciente, mas sangrando pela boca ou pelo nariz, deite-a de lado, apoiada sobre o lado esquerdo; - Caso a vítima pare de respirar, inicie a respiração boca a boca. Coloque a cabeça dela para trás, para que a língua não bloqueie a passagem de ar e tampe as narinas dela. Sopre dentro da boca da vítima até ver o peito se mexer. Repita o procedimento até a emergência chegar; - Mantenha-a calma e observe se ocorre alguma mudança grande no estado da vítima para informá-la à equipe de socorro. 21 HEMORRAGIA Hemorragia é a ruptura de vasos sanguíneos, com extravasamento de sangue. A gravidade da hemorragia se mede pela quantidade e rapidez de sangue extravasado. A perda de sangue pode ocasionar o estado de choque e levar a vítima à morte. Hemorragia Arterial: Sangue sai em golfadas (vermelho vivo). Hemorragia Venosa: Sai em fluxo contínuo (vermelho escuro). Hemorragia Capilar: Sai gotejando lentamente; Hemorragia Interna As hemorragias internas são mais difíceis de serem reconhecidas porque o sangue se acumula nas cavidades do corpo, tais como: estômago, pulmões, bexiga, cavidades craniana, torácica, abdominal e etc. Sintomas fraqueza; sede; frio; ansiedade ou indiferença. Sinais Alteração do nível de consciência ou inconsciência; agressividade ou passividade; tremores e arrepios do corpo; pulso rápido e fraco; respiração rápida e artificial; pele pálida, fria e úmida; sudorese; e pupilas dilatadas. Identificação Além dos sinais e sintomas clínicos, suspeita-se que haja hemorragia interna quando houver: acidente por desaceleração (acidente automobilístico); ferimento por projétil de arma de fogo, faca ou estilete, principalmente no tórax ou abdome; e acidente em que o corpo suportou grande pressão (soterramento, queda). Se houver perda de sangue pela boca, nariz e ouvido, existe suspeita de uma hemorragia no cérebro. Se a vítima apresentar escarros sanguinolentos, provavel- mente a hemorragia será no pulmão; se vomitar sangue será no estômago; se evacuar sangue, será nos intestinos (úlceras profundas); e se houver perda de sangue pela vagina, poderá estar ocorrendo um processo abortivo. Normalmente, estas hemorragias se dão (se não forem por doenças especiais) logo após acidentes violentos,nos quais o corpo suporta pressões muito fortes (colisões, soterramentos, etc.). 22 Hemorragia Externa As hemorragias externas dividem-se em: arterial, venosa e capilar. Nas hemorragias arteriais, o sangue é vermelho vivo, rico em oxigênio, e a perda é pulsátil, obedecendo às contrações sistólicas do coração. Esse tipo de hemorragia é particularmente grave pela rapidez com que a perda de sangue se processa. As hemorragias venosas são reconhecidas pelo sangue vermelho escuro, pobre em oxigênio, e a perda é de forma contínua e com pouca pressão. São menos graves que as hemorragias arteriais, porém, a demora no tratamento pode ocasionar sérias complicações. As hemorragias capilares são pequenas perdas de sangue, em vasos de pequeno calibre que recobrem a superfície do corpo. Métodos para Detenção de Hemorragias Elevação da região acidentada: pequenas hemorragias nos membros e outras partes do corpo podem ser diminuídas, ou mesmo estancadas, elevando-se a parte atingida e, consequentemente, dificultando a chegada do fluxo sanguíneo. Não elevar o segmento ferido se isto produzir dor ou se houver suspeita de lesões internas. Tamponamento: pequenas, médias e grandes hemorragias podem ser detidas pela obstrução do fluxo sanguíneo, com as mãos ou, preferencialmente, com um pano limpo ou gaze esterilizada, fazendo um curativo compressivo. É o melhor método de estancar uma hemorragia. Compressão arterial: se os métodos anteriores não forem suficientes para estancar a hemorragia, ou se não for possível comprimir diretamente o ferimento, deve-se comprimir as grandes artérias para diminuir o fluxo sanguíneo. Torniquete: é uma medida extrema que só deve ser adotada em último caso e se todos os outros métodos falharem. Consiste em uma faixa de constrição que se aplica a um membro, acima do ferimento, de maneira tal que se possa apertar até deter a passagem do sangue arterial. O material a ser utilizado poderá ser o que houver à mão (gravata, lenço, toalha, suspensório, etc.), não devendo ser inferior à 2,5 cm de largura para não afetar os tecidos. Deve-se usar um pequeno rolo de gaze sobre a artéria para ajudar a compressão. Uma vez realizado o torniquete não se deve mais afrouxá-lo. A parte do corpo que ficou sem receber sangue libera grande quantidade de toxinas e, se o torniquete for afrouxado, estas toxinas vão sobrecarregar os rins, podendo causar maiores danos à vítima. O torniquete só poderá ser retirado no hospital, quando medidas médicas forem tomadas. Tratamento da Hemorragia Interna Deitar o acidentado e elevar os membros inferiores. 23 Prevenir o estado de choque. Providenciar transporte urgente, pois só em hospital se pode estancar a hemorragia interna. Tratamento da Hemorragia Externa Deitar a vítima; o repouso da parte ferida ajuda a formação de um coágulo. Se o ferimento estiver coberto pela roupa, descobri-lo (evitar, porém, o resfriamento do acidentado). Deter a hemorragia. Evitar o estado de choque. FRATURAS É a solução de continuidade de uma estrutura óssea, podendo ser total ou parcial; geralmente resultante de um mecanismo agressor importante. Classes de fraturas a) Fechada (simples) - A pele não foi perfurada pelas extremidades ósseas. b) Aberta (exposta) - O osso se quebra, atravessando a pele, ou existe uma ferida associada que se estende desde o osso fraturado até a pele. Sinais e sintomas Deformidade: A fratura produz uma posição anormal ou angulação num local que não possui articulação. Sensibilidade: Geralmente o local da fratura está muito sensível à dor. Crepitação: Se a vítima se move, podemos escutar um som áspero, produzido pelo atrito das extremidades fraturadas. Não se deve pesquisar esse sinal intencionalmente, porque aumenta a dor e pode provocar lesões. Edema e alteração de coloração: Quase sempre a fratura é acompanhada de um certo inchaço provocado pelo líquido entre os tecidos e as hemorragias. A alteração de cor poderá demorar várias horas para aparecer. Impotência funcional: Há a perda total ou parcial dos movimentos das extremidades. A vítima geralmente protege o local fraturado; não pode mover-se ou o faz com dificuldade e dor intensa. Fragmentos expostos: Em uma fratura aberta, os fragmentos ósseos podem se projetar através da pele ou serem vistos no fundo do ferimento. Dor intensa e impossibilidade de movimentar a região são os principais sinais de fratura. Como proceder: 1. imobilize o local da fratura e as articulações próximas, acima e abaixo da fratura; 2. improvise telas com o material que estiver à mão: papelão, cabo de enxada, galhos de árvore, etc.; e 3. transporte o acidentado para um Hospital. 24 FRATURAS DE PERNA A imobilização provisória de fratura de perna deve ser feita como indicado na figura ao lado. Enrolar as pontas de um cobertor ou lençol sobre duas tábuas, formando uma espécie de tipóia onde repousará a perna fraturada. Fixar, então, com gravatas, meias ou tiras de pano. FRATURA DE FÊMUR A imobilização provisória de fratura de fêmur é mostrada na figura ao lado. Enquanto alguém puxa o pé para baixo, o socorrista coloca uma tábua acolchoada comprida sobre o lado externo da coxa e do tronco, e outra, mais curta, do lado interno da perna e da coxa. Fixá-las com ataduras, gravatas ou tiras de pano. FRATURA DO BRAÇO Na figura ao lado, à esquerda, vemos a imobilização provisória do braço (osso úmero) fraturado. Aplicar tala acolchoada com algodão, de cada lado do braço fraturado. Colocar uma tipóia estreita para sustentar o pulso, e fixar ao corpo o braço acidentado. Na figura da direita, vemos a imobilização provisória de fratura de antebraço. As talas acolchoadas, que se fixam com atadura ou esparadrapo, são colocadas sobre a face anterior e posterior do antebraço. Manter em tipóia o antebraço, como na figura menor. FRATURA DA COLUNA A figura ao lado mostra a imobilização provisória para fratura da coluna vertebral. Vê-se aí o acidentado fixado a um bom aparelho, fácil de improvisar com duas tábuas compridas e tres transversais, mais curtas. FRATURA DA BACIA A imobilização provisória de fratura dos ossos da pelve é feita com ligaduras circulares, que se colocam bem justas desde a parte alta das coxas até a parte superior dos ossos dos quadris. 25 Para transportar o acidentado, não havendo padiola, será indispensável colocá-lo sobre uma tábua, uma porta ou uma escada acolchoada, fixando à mesma os membros inferiores e a pelve. FRATURA DO PESCOÇO A figura ao lado mostra a forma de imobilizar o pescoço e a cabeça em caso de fratura da coluna cervical. Convém fazer uma ligadura alta do pescoço com toalhas dobradas. Podem conter pequenas talas, pedaços de madeira ou similar. Pode-se também improvisar um colar cervical de papelão, (com a parte posterior mais alta do que a anterior) unido com fita adesiva e/ou amarrado com barbante. FRATURA DO QUEIXO As 3 figuras ao lado mostram a imobilização provisória para fratura do maxilar inferior (osso móvel do queixo). Consiste em manter ajustado o maxilar fraturado contra o superior. FRATURA DO DEDO A imobilização provisória para fratura do dedo pode ser feita como mostrado na figura ao lado, usando-se um abaixa-língua de madeira ou outra tabuinha fina ou tira de papelão resistente, devidamente amarrado com uma atadura. FERIMENTOS É o rompimento traumático dos tecidos moles, como a pele, tecidos gordurosos, músculos e órgãos internos. Ele pode ser classificado como leve, superficial, externo ou profundo, provocando de imediato dor, sangramento e possibilidade de infecção. Ferimentos leves ou superificiais São os pequenos cortes e arranhões. Os procedimentosde primeiros socorros a serem tomados são bastantes simples: - Lavar o ferimento com água e sabão; - protege-lo com gaze ou pano limpo; - não tocar o ferimento com a mão; - nunca utilizar algodão ou lenço de papel sobre ferimentos. 26 Ferimentos extensos ou profundos Além do perigo de infecção, este tipo de ferimento pode provocar hemorragia. Os casos mais graves são: Ferimentos abdominais abertos: São aqueles ferimentos em as vísceras podem sair do corpo ou expostas. - Mantenha a vítima aquecida para evitar o estado de choque; - não toque em nada que estiver para fora, nem tente colocar para dentro; - cubra o ferimento com um pano limo e úmido sem apertar. Ferimentos profundos no tórax: Um grande problema é a possibilidade de perfuração dos pulmões. Esta situação é grave e requer socorro especializado e urgente - Providencie socorro o mais rápido possível e procure prevenir o estado de choque. Para ferimentos na cabeça: - se houver suspeita de lesão na coluna, no pescoço ou se a vítima estiver inconsciente, não a movimente; - cubra o ferimento com um pano limpo sem apertar. Para ferimentos no rosto: - se houver suspeita de lesão na coluna, no pescoço ou se a vítima estiver inconsciente, não a movimente; - retire qualquer objeto que possa dificultar a respiração da vítima, como dentaduras, dentes quebrados e comida; - se a vítima estiver consciente e não houver suspeita de lesão na coluna, incline-a para frente, de modo que a saliva e o sangue escorram, evitando que engasgue; - cubra o ferimento com um pano limpo sem apertar. Atendimentos à Vítima O atendimento pré-hospitalar dos ferimentos visa a três objetivos principais: - Proteger a ferida contra o trauma secundário; - Conter sangramentos; - Proteger contra infecção. Na fase pré-hospitalar deve-se evitar perder tempo com cuidados excessivos com os ferimentos que não sangram ativamente e não atingem os planos profundos. Estes cuidados retardam o transporte ao hospital, o que pode agravar o estado geral da vítima com lesões internas associadas. - Controle do ABC1 é a prioridade como em qualquer outra vítima de trauma. Ferimentos com sangramento importante exigem controle já no passo C. - Avaliação do ferimento, informando-se sobre a natureza e a força do agente causador, de como ocorreu a lesão e do tempo transcorrido até o atendimento. - Inspeção da área lesada, que deve ser cuidadosa. Pode haver contaminação por presença de corpo estranho e lesões associadas. O ferimento deve ser exposto e, para isto, pode ser necessário cortar as roupas da vítima; evite movimentos desnecessários com a mesma. 1 ABC da vida – Abertura das vias aéreas; Boa ventilação e Controle de sangramento e massagem cardíaca. 27 - Limpeza da superfície do ferimento para a remoção de corpos estranhos livres e detritos; utilizar uma gaze estéril para remoção mecânica delicada e , algumas vezes, instilação de soro fisiológico, sempre com cautela, sem provocar atrito. Obs. Não perder tempo na tentativa de limpeza geral da lesão, isto será feito no hospital. Objetos fixos não devem ser removidos, mas sim imobilizados para que permaneçam fixos durante o transporte. - Proteção da lesão com gaze estéril que deve ser fixada no local com bandagem triangular ou, se não estiver disponível, utilizar atadura de crepe. Cuidados nos diversos tipos de ferimentos: Nas Escoriações – é comum a presença de corpo estranho (areia, graxa, resíduos de asfalto, etc), fazer a tentativa de remoção conforme descrito anteriormente, sem seguida cubra a área escoriada com gaze estéril fixando-a no local com atadura ou bandagem triangular. Contusões – geralmente não necessitam de cuidados de emergência pré-hospitalar, por isso aplique compressas frias ou bolsa de gelo. Feridas incisivas – aproximar e fixar suas bordas com um curativo compressivo, utilizando atadura ou bandagem triangular. Feridas lacerantes - controlar o sangramento utilizando os métodos de pressão direta e/ou elevação do membro, proteger com uma gaze estéril pressionada. Lesões graves podem exigir a imobilização da parte afetada. Avulções e amputações – os cuidados de emergência requerem, além do controle de sangramento, todo o esforço da equipe de socorro para preservar a parte amputada. No caso de retalhos de pele, recoloca-lo na posição normal, delicadamente, após a limpeza da superfície, em seguida, fazer o curativo. Partes do corpo amputadas devem ser colocadas em bolsa plástica seca, estéril, selada e se possível resfriada (jamais congelar), que deve acompanhar o paciente até o hospital. Feridas perfurantes – por arma de fogo, devem ter os orifícios de entrada e saída do projétil igualmente protegidos. Arma branca que permanece no corpo não deve ser removida e sim fixada para que permaneça imobilizada durante o transporte, pois a retirada pode agravar o sangramento. Nas eviscerações (saída de vísceras abdominais pelo ferimento) – não tentar recolocar os órgãos para dentro da cavidade abdominal; cobrir com plástica esterilizado próprio para este fim ou compressas úmidas (embebidas em soro fisiológico). Face e Crânio – cobrir o ferimento com compressa limpa e não pressionar área atingida. Tórax – Curativo oclusivo de três pontas e deitar do lado lesado. Use luvas 1. ABC e análise do mecanismo; 2. expor ferimento para inspeção; 28 3. controle do sangramento; 4. limpeza de superfície da lesão; 5. proteção com gaze estéril; 6. vítima imóvel quando possível; 7. conforte a vítima; 8. cuidado com choque hipovolêmico; 09. não retardar transporte desnecessariamente. QUEIMADURAS Queimadura é a lesão na pele provocada geralmente pelo calor, mas também pode ser provocada pelo frio, pela eletricidade, por certos produtos químicos, por radiações e até fricções. A pele pode ser destruída parcialmente ou totalmente, atingindo desde pelos até músculos e ossos. De acordo com sua profundidade, as queimaduras classificam- se em graus, sendo do 1º ao 3º, a saber: A queimadura de 1º grau atinge a camada mais superficial da pele, a epiderme, e se traduz como uma lesão vermelha, quente e dolorosa. A queimadura solar é um exemplo. A queimadura de 2º grau superficial gera bolhas e muita dor; já a de 2º grau profunda é menos dolorosa, a base da bolha é branca e seca. Pode gerar repercussões sistêmicas e causar cicatrizes. A queimadura de 3º grau é indolor, acomete todas as camadas da pele, podendo chegar até aos ossos e gerar sérias deformidades. Os principais agentes causais de queimaduras são: Líquidos superaquecidos; Combustível; Chama direta; Superfície superaquecida; Eletricidade; Agentes químicos; Agentes radioativos; Radiação solar; Frio; Fogos de artifícios. TRATAMENTO O tratamento irá depender do tipo de queimadura. Veja: Queimadura de 1º grau faça compressas frias nas primeiras horas após o acidente; não colocar pasta de dentes, nem manteiga. Use óleo mineral ou vaselina líquida para manter a queimadura hidratada; tome analgésico se necessário e use filtro solar regularmente. Queimadura de 2º grau superficial as bolhas devem ser drenadas, mas não devem ser retiradas, pois servem de curativo biológico. O procedimento deve ser feito preferencialmente por um médico. Após o 29 rompimento da bolha, curativos com sulfadiazina de prata ou nitrato de cério, e limpeza com água corrente e clorexidina devem ser feitos. Após a cicatrização, deve-se usar filtro solar para evitar o surgimento de manchas. Queimadura de 2º grau profunda e 3º grau na maioria das vezes, há necessidade de internação hospitalar, pois geralmente ocorrem manifestações sistêmicas, como desequilíbrio acentuado dos níveis de sódio, potássio e/oucálcio, e desidratação; necessidade de retirada de tecidos necrosados, partículas estranhas na ferida; e até realizar enxertia. Todos os pacientes com queimaduras de 2º e 3º graus devem tomar vacina contra o tétano, ingerir muito líquido e manter os membros acometidos elevados, para alívio da dor e do edema. Se forem queimaduras significativas na face, mãos, pés e genitália, queimaduras elétricas ou de vias aéreas superiores, procure imediatamente uma emergência hospitalar. De acordo com sua extensão Tem-se o uso de percentagens através da regra dos nove que permitem estimar a superfície corporal total queimada (SCTQ). Neste caso, analisa-se somente o percentual da área corpórea atingida pela lesão, não levando em conta sua profundidade (seus graus). A tão conhecida regra dos nove divide o corpo humano em doze regiões; onze delas equivalem a 9% cada uma, e a última (região genital) equivalem a 1%, de acordo com a figura: Aos alunos que buscam melhorar seus conhecimentos, sugerimos consultar o site http://portal.cfm.org.br/images/stories/pdf/queimados.pdf, que traz uma cartilha sobre este assunto. EMERGÊNCIA CLÍNICA São aquelas provocadas por uma ampla variedade de enfermidades, cuja causa não está relacionada ao trauma, e requer assistência imediata. CRISE CONVULSIVA Uma convulsão é a resposta a uma descarga elétrica anormal no cérebro. O termo crise convulsiva descreve várias experiências e comportamentos e não é o mesmo que uma crise epilética, embora os termos sejam às vezes utilizados como sinônimos. http://portal.cfm.org.br/images/stories/pdf/queimados.pdf 30 Qualquer coisa que irrite o cérebro pode produzir uma crise convulsiva. Dois terços dos indivíduos que apresentam uma crise convulsiva jamais a apresentam novamente. Um terço dos indivíduos continuarão a apresentar crises convulsivas recorrentes (transtorno neurológico denominado epilepsia). O que ocorre exatamente durante uma convulsão depende da parte do cérebro que é afetada pela descarga elétrica anormal. A descarga elétrica pode envolver uma área mínima do cérebro, fazendo apenas com que o indivíduo perceba um odor ou sabor estranho e tenha crises de ausência (crise convulsiva de “pequeno mal”), ou pode envolver grandes áreas, acarretando uma convulsão (abalos e espasmos musculares generalizados e descoordenados – convulsão de “grande mal”). Além disso, o indivíduo pode apresentar episódios breves de alteração da consciência, confusão mental, perda do controle muscular ou vesical. As convulsões frequentemente são precedidas por auras – sensações incomuns de odores, sabores ou visões, ou uma sensação intensa de que uma crise convulsiva está prestes a ser desencadeada. Os sinais e sintomas comuns das crises convulsivas são: aura convulsiva; grito ou urro epiléptico; perda de consciência; crise de ausência; convulsões tônico-clônicas; salivação excessiva (sialorreia); descontrole urinário e/ou intestinal. Como Proceder? Proteger a vítima para que não se machuque, evitando sua queda ou protegendo principalmente sua cabeça; afastar os curiosos e objetos que possam causar lesões, não segurá-la e permitir que a crise ocorra. Em caso de vômito, lateralizar a sua cabeça; desobstruir suas vias aéreas com gaze ou pano limpo, não colocar nada na boca da vítima durante o ataque, não “puxar a língua” nem jogar água no seu rosto. Cessada a crise, ela poderá encontrar-se sonolenta e desorientada. Mantenha-a em repouso, em um ambiente calmo, silencioso e em observação constante até a recuperação completa, monitorando os sinais vitais. Encaminhe-a ao hospital ou aguarde o serviço de emergência. EPILEPSIA Conceituada como síndrome, isto é, um conjunto de sintomas e/ou sinais decorrentes e causas diversas. As manifestações epilépticas se caracterizam por sintomas 31 e/ou sinais motores, sensitivos, sensoriais, psíquicos ou neurovegetativos que surgem de modo paroxístico e recorrente, originando-se de uma descarga neuronal patológica. A sua etiopatiogenia pode relacionar-se a um processo cerebral ativo. No primeiro caso trata-se de seqüela de uma doença passada; No segundo é sintoma de doença atual do encéfalo. O paciente sofre acessos periódicos. Geralmente não há razão óbvia, e esse tipo de epilepsia começa bem cedo. Sinais e sintomas Normalmente idêntico aos pacientes que apresentam episódios convulsivo, exceção apenas, para os casos de epilepsia na infância que, o paciente inicia com crises de ausência. Tratamento pré-hospitalar O mesmo dado aos pacientes em crise convulsiva. DESMAIOS Desmaio é a perda dos sentidos, desfalecimento. Conhecido também como síncope. Causas Várias são as causas que levam ao desmaio, como por exemplo: Pressão baixa. Jejum prolongado, que causa queda da taxa de glicose no sangue (hipoglicemia). Dor forte. Prática de exercícios físicos por períodos prolongados. Vômitos. Alteração emocional. Desconforto térmico (extremo de frio ou calor). Uso de drogas ilícitas. Problemas cardiovasculares, neurológicos, entre outros. Sinais e sintomas Mal-estar. Escurecimento da visão. Suor abundante. Perda de consciência. Relaxamento muscular. Palidez. Respiração superficial. Sempre há necessidade de acompanhamento médico para investigação e diagnóstico correto, visto que o desmaio pode ser o sintoma de que algo mais sério está acontecendo no organismo. O que fazer Afastar a vítima de local que proporcione perigo (escadas, janelas etc.). Deitá-la de barriga para cima (decúbito dorsal), e elevar as pernas acima do tórax 32 (com a cabeça mais baixa em relação ao restante do corpo). Lateralizar a cabeça para facilitar a respiração. Afrouxar as roupas. Manter o ambiente arejado. Após recobrar a consciência, deve permanecer pelo menos 10 minutos sentada, antes de ficar em pé, pois isso pode favorecer um novo desmaio. Transportar a vítima para atendimento médico. O que não fazer Não jogar água fria no rosto, para despertar. Não oferecer álcool ou amoníaco para cheirar. Não sacudir a vítima. DIABETES O diabetes é uma doença crônica degenerativa que surge como uma disfunção metabólica originada pelo comprometimento na produção e/ou utilização da insulina, ou seja, o pâncreas não produz insulina suficiente e a glicose não é utilizada pelas células e se acumula no sangue, produzindo os sinais e sintomas do diabetes. São efeitos da deficiência ou excesso de insulina: Hiperglicemia Quando a produção de insulina é insuficiente, acumula-se no sangue um excesso de glicose, que pode gradualmente ocasionar o coma diabético. Pode aparecer em: Pessoas com diabetes não diagnosticada; Diabéticos que não receberam a quantidade suficiente de insulina e ingeriram açúcar em excesso. Sinais e sintomas Sede; Dificuldade respiratória; Pulso rápido e fraco; Hálito cetônico; Pele quente e seca (desidratada); Astenia; Alteração do nível de consciência (pode levar ao coma não pela elevação no nível de glicose no sangue, mas pela acidez). O emergencista deve fazer uma boa entrevista para averiguar se o paciente é diabético, se está em tratamento, se recebeu insulina ou se alimentou. Tratamento pré-hospitalar 1. Use EPI (biossegurança). 2. Verifique se o local é seguro. 3. Mantenha o paciente em repouso. 4. Se o paciente estiver consciente e apresentar os sintomas, mas você não tiver certeza, dê açúcar, doces ou líquidos açucarados sem álcool. (ou seja, na dúvida, AÇÚCAR PARA TODOS!); 33 5. Não dê líquidos ou alimentos, a menos que o paciente esteja plenamente consciente. 6. Transporteo paciente. Hiploglicemia Quando a quantidade de insulina é excessiva, rapidamente esgota-se a glicose do sangue, ocorrendo o comprometimento do sistema nervoso central, que utiliza como fonte de energia quase que exclusivamente. Nesse caso, o paciente poderá desenvolver o choque insulínico (hipoglicemia). Sinais e sintomas Respiração normal ou superficial; Pele pálida e úmida, frequentemente sudorese fria; Pulso rápido e forte; Hálito sem odor característico; Cefaleia e náuseas; Desmaio, convulsões, desorientação ou coma. Tratamento pré-hospitalar 1. Use EPI (biossegurança). 2. Verifique se o local é seguro. 3. Mantenha o paciente em repouso. 4. Se o paciente estiver consciente e apresentar os sintomas, mas você não tem certeza, dê açúcar, doces ou líquidos açucarados sem álcool. (ou seja, na dúvida, AÇÚCAR PARA TODOS!). 5. Não dê líquidos ou alimentos a menos que o paciente esteja plenamente consciente. 6. Mantenha as vias aéreas abertas e fique prevenido para ocorrência de vômito. 7. Previna o choque e transporte o paciente. ABDÔMEN AGUDO Dor severa e endurecimento da parede abdominal causados por doença grave ou lesões de alguns dos órgãos contidos na região abdominal ou obstrução intestinal. Causas: Apendicite aguda; Úlceras perfuradas; Enfermidade aguda da vesícula biliar; Obstrução intestinal; Gravidez ectópica e outros problemas ginecológicos; Trauma abdominal fechado Sinais e sintomas Dor abdominal; Dor retroabdominal (nas costas); Medo, ansiedade, mal-estar, palidez e sudorese; Posição fetal; Respiração rápida e superficial; 34 Náuseas e vômitos; Pulso rápido; Rigidez abdominal (abdome em forma de tábua) e doloroso à palpação; Distensão, protuberância ou massas visíveis palpáveis; sinais de trauma (abrasões, feridas, contusões); Sinais de choque. Tratamento pré-hospitalar 1. Usar EPI (de biossegurança). 2. Verifique que a cena é segura. 3. Não dê nada pela boca. 4. Mantenha uma via aérea aberta e esteja preparado para o vômito. 5. Trate o choque. 6. Mantenha o paciente em repouso e na posição que ele adote. Não o force a mudar. 7. Guarde o vômito para análise (tomando cuidado para não polui-lo). 8. Dê apoio emocional. 9. Transporte o paciente. TRANSPORTE DE VÍTIMAS A remoção ou movimentação de um acidentado deve ser feita com um máximo de cuidado, a fim de não agravar as lesões existentes. Antes da remoção da vítima, devem-se tomar as seguintes providências: Se houver suspeita de fraturas no pescoço e nas costas, evite mover a pessoa. Para puxá-la para um local seguro, mova-a de costas, no sentido do comprimento com o auxílio de um casaco ou cobertor. Para erguê-la, você e mais duas pessoas devem apoiar todo o corpo e colocá-la numa tábua ou maca, lembrando que a maca é o melhor jeito de se transportar uma vítima. Se precisar improvisar uma maca, use pedaços de madeira, amarrando cobertores ou paletós. Apoie sempre a cabeça, impedindo-a de cair para trás. Na presença de hemorragia abundante, a movimentação da vítima pode levar rapidamente ao estado de choque. Se houver parada respiratória, inicie imediatamente a respiração boca-a-boca e faça massagem cardíaca. Imobilize todos os pontos suspeitos de fratura. Se houver suspeita de fraturas, amarre os pés do acidentado e o erga em posição horizontal, como um só bloco, levando até a sua maca. No caso de uma pessoa inconsciente, mas sem evidência de fraturas, duas pessoas bastam para o levantamento e o transporte. Lembre-se sempre de não fazer movimentos bruscos. Atenção Movimente o acidentado o menos possível. Evite arrancadas bruscas ou paradas súbitas durante o transporte. 35 O transporte deve ser feito sempre em baixa velocidade, por ser mais seguro e mais cômodo para a vítima. Não interrompa, sob nenhum pretexto, a respiração artificial ou a massagem cardíaca, se estas forem necessárias. Nem mesmo durante o transporte. Tipos de técnicas de transporte de vítimas Transporte por um brigadista – paciente consciente (transporte de apoio). Segurar a vitima pelo punha e passar seu braço sobre a axila Transporte por dois brigadistas – paciente consciente. Os dois socorristas seguram a vítima, sendo um de cada lado a fim de dividir o peso para facilitar seu transporte. Transporte nas costas ou mochila – virar as costas para ele e passar os braços da vítima em torno do seu pescoço. Inclinando o corpo para a frente, o socorrista levanta a pessoa, conduzindo-a. Transporte “cadeirinha” – Pegada com quatro mãos, com suspeita ou lesão na perna. Um entrelaçamento com os braços formando um assento para a vítima, que se apoiará nos socorristas. 36 Transporte utilizando uma cadeira - Sentar a vítima na cadeira. Segurar pelo espaldar os pés da cadeira Transporte pelos membros – Pegada com duas mãos e apoio para andar com uma pessoa. Lesões no pé. Levar a vítima no colo, porém bem alto para não cansá-la. Arrastamento por um brigadista – Deitar a vítima de costas sobre o lençol e/ou cobertor e o socorrista, juntando as pontas do pano na extremidade próxima a cabeça, a eleva e a arrasta. Transporte utilizando a Prancha - Tem-se a prioridade de se estabilizar a coluna cervical. Manter a vítima totalmente imobilizada, a fim de se evitar um trauma mais acentuado na vítima, isto é, além de proporcionar mais conforto e segurança no seu transporte.
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