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SAMARA MARTENSEN ANDRADE – RA 6666737 – TURMA 3109A02 ENUNCIADO – Ivanice Ribeiro dos Santos foi contratada para trabalhar na empresa Fungos Comércio de Roupas Ltda. Ela laborava em um local onde o equipamento de som ultrapassava os limites permitidos em lei, sem as devidas proteções (EPIs), não recebendo nenhum adicional por tal conduta da empresa. Seu horário de labor era das 10h as 20h de segunda a sexta com 2 horas de intervalo repouso e alimentação, e aos sábados das 8h as 12h sem nenhum intervalo. Certo dia, Ivanice no seu horário de saída ficou sabendo por suas colegas que o regulamento da empresa sofreu uma alteração e a partir daquele dia todas as funcionárias do local seriam submetidas a uma revista íntima, pois a empresa Fungos percebeu a ocorrência de pequenos furtos. Ivanice se recusou a ser revistada e, imediatamente, foi desligada do quadro de funcionários da empresa por justa causa sob a alegação de que seus atos configuravam improbidade e mau exemplo para as outras funcionárias. Como Advogado(a) de Ivanice responda aos seguintes questionamentos: 1) Ivanice deveria receber algum adicional ao seu salário em virtude do local e jornada de trabalho? Apresente parecer jurídico sobre os temas. O artigo 189 CLT regulamenta as atividades consideradas insalubres, o que se enquadra no caso em tela. Assim, Ivanice deveria receber adicional de insalubridade, nos termos do artigo 187 CLT, pois exercício de trabalho em condições insalubres, acima dos limites de tolerância estabelecidos pela SEPRT, assegura a percepção de adicional de 40% (quarenta por cento), 20% (vinte por cento) e 10% (dez por cento), segundo se classifiquem nos graus máximo, médio e mínimo, respectivamente, conforme prevê artigo 192 da CLT. A classificação do grau da insalubridade se dará nos termos do artigo 195 CLT. Ademais, conforme sumula 139 do TST (Enquanto percebido, o adicional de insalubridade integra a remuneração para todos os efeitos legais), o adicional de insalubridade, deveria integrar o salário de Ivanice. Outro ponto que, dada a ausência indevida de fornecimento de EPI por parte da empresa, sendo a entrega do EPI seria obrigatória, responsabilidade objetiva do empregador, nos termos do artigo 166 CLT. Pois no caso em tela, traz a situação de exposição a ruído, onde, é consabido que, sem o equipamento de proteção, alguns ruídos dão insalubridade automática. Assim, quando ocorre a falta desses equipamentos nas situações em que sua entrega é devida, pode gerar indenização ao trabalhador. E, a falta de fornecimento de EPI também pode gerar multa para a empresa. Com relação a jornada de trabalho está de acordo com a legislação vigente, pois, ainda que ela tenha um horário de trabalho, Ivanice só está à disposição do empregador por 8h, por faz 2 h de intervalo, conforme artigo 58 CLT, e, somadas as horas trabalhadas no final de semana, somam as 44h semanais. 2) A dispensa da Ivanice por justa causa é procedente? Principalmente por se tratar de ato de improbidade? Existe a possibilidade de reversão da justa causa, pela recusa de Ivanice em se submeter a revista intima, descumprindo assim o regulamento da empresa? Explique, justifique e fundamente juridicamente sua resposta. A revista íntima de funcionários é vedada por lei. Conforme o artigo 5º, X CF é inviolável a intimidade e especificamente o artigo 373-A, VI da CLT, proíbem a revista intima a mulheres (esta vedação é cabível para ambos os sexos). Sendo assim, legítima a recusa do empregado em se submeter a revista quando o empregador exceder no exercício do poder de direção e fiscalização. Não cabendo então, a dispensa por justa causa aplicada pela empresa. A recusa a revista não enseja ato de improbidade, o máximo que a empresa poderia aplicar, dada a recusa de revista seria a imputação de falta ao empregado, conforme artigo 493 da CLT, e desde que a empresa respeitasse os limites da respectiva revista. A demissão é reversível, assim, Ivanice pode pedir reintegração ou, pedir conversão da dispensa por justa causa em dispensa sem justa causa. 3) Caso Ivanice deseje, ela pode pôr fim ao contrato de trabalho, garantindo suas verbas rescisórias e indenizatórias? Existe essa possibilidade? Caso positivo, qual a motivação? Responda, justificando, explicando e fundamentando juridicamente sua resposta. Caso Ivanice venha a pedir conversão da dispensa por justa causa em dispensa sem justa causa, o que lhe dará direito de receber as verbas rescisórias correspondente, e ainda multa referente a falta de pagamento das verbas devidas no ato da dispensa (art. 477, par 8º CLT). Ainda, amparado também pelo artigo 483 da CLT. Onde o empregado pode pedir a rescisão indireta e perceber as verbas indenizatórias cabíveis.