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ATIVIDADE 02 BREVE RELATÓRIO DO FILME ´´O JÚRI`` À LUZ DO DIREITO COMPARADO BARBARA MACEDO; DIONARA DE SÁ; LUCAS BORGES; TIAGO BORGES O Júri é um drama que relata a história da formação do Tribunal do Júri americano. A trama é desencadeada com o assassinato do corretor Jacob Woods durante um tiroteio na empresa que trabalha, sendo o assassino um ex-funcionário da empresa, que decide se vingar após sua demissão, adentrando o prédio com uma arma e matando onze pessoas, entre elas está o Sr. Woods. A viúva, Sra. Woods, move então uma ação contra a indústria de armas Fix Boarns Fire Arms pleiteando uma indenização pela morte do seu marido e o caso é levado ao tribunal do júri. A postulante é defendida pelo escritório do advogado Wendell Rohr, que acredita na moral e ética para obter o sucesso da causa. Do outro lado está o importante papel desempenhado pelo experiente e renomado, Rankin Fitch, um consultor de júri contratado pela indústria de armas para selecionar as pessoas que compõem um júri mais favorável para o seu cliente. Os personagens principais do filme são Nicholas Easter e sua namorada Marlee, que são as peças chaves para a virada da história. Nicholas e Marlee colocam em prática o plano para que Nicholas seja um dos jurados escolhidos com intuito de manipular os outros jurados do caso. Nicholas consegue influenciar a maioria do corpo de jurados, devido à sua capacidade de argumentação. Nicholas e Marlee fazem chantagem para ambos os lados do processo, oferecendo, então, dinheiro em troca de influenciar o veredito do júri. Ao se aproximar da hora da sentença e com medo de ser derrotado, o Sr. Fitch transfere os quinze milhões de dólares pedidos por Marlee. Após a transferência do dinheiro, Nicholas recebe um aviso de Marlee e influencia seus colegas jurados para que façam a escolha correta, baseada na coerência com os fatos, não importando seus interesses pessoais ou os problemas que eles sofrem, pois devem esquecer o que acontece lá fora e agir com o coração, pegando de surpresa Sr. Fitch. O objetivo do casal é atingido, e os jurados condenam a indústria de armas Fix Boarns Fire Arms a pagar para Sra. Woods a quantia de U$$ 1 milhão por danos morais e materiais e mais U$$ 100 milhões por rendas futuras do fabricante, conseguindo abrir, então, um histórico precedente. Ocorre que, no passado, eles também foram vítimas de um tiroteio em uma escola na cidade onde moravam e uma das nove pessoas que morreram naquele dia foi a irmã de Marlee. O caso foi levado a júri pelo município contra a uma indústria de armas, que contratou o Sr. Fitch para consultoria do júri e acabou comprando o veredito final, levando o município à falência. Em busca de justiça, os dois jovens se infiltram no júri com o intuito de atingir a indústria de armas e o Sr. Fitch. A história mostra como o corpo de jurados pode ser facilmente manipulado, a fim de garantir os interesses do lado que pode, por exemplo, pagar mais pelo veredito. O filme é uma grande demonstração de quanto pode ser falha a Instituição do Júri e nos leva a questionar sobre a real capacidade dos jurados em decidir uma causa de forma imparcial à sociedade. Em uma comparação entre Brasil e Estados Unidos, no que diz respeito ao tribunal do júri e suas formalidades, vale destacar que, em ambos, o júri é uma garantia constitucional, no entanto, muitas são as diferenças entre os dois países no que diz respeito a maneira como essa garantia pode ser invocada, começando pela competência, passando pelos princípios e chegando até a fase recursal. Essa enorme diferença deve-se, principalmente, a questões socioculturais, basta observar que, enquanto o Brasil adota o sistema Civil-low, onde a principal fonte jurídica é a lei, nos Estados Unidos, o sistema adotado é o Common-low, tendo nas jurisprudências seu principal embasamento jurídico. Partindo da análise do filme, é possível fazer uma breve comparação sobre como é o procedimento do júri no Brasil e como é o mesmo procedimento nos EUA. De início, observa- se que o júri é composto por 12 pessoas nos EUA, quando no Brasil são apenas 7, que darão um veredito por maioria de votos, enquanto nos Estados Unidos, em regra, a decisão deve ser unânime, o que afasta, consequentemente, o sigilo dos votos, princípio fundamental no Brasil. No tocante a competência, nos Estados Unidos é possível que se tenha um julgamento pelo Júri tanto em causas cíveis, como é o caso do filme, quanto em causas penais. Já no Brasil, onde a competência é para crimes dolosos, consumados ou tentados, comissivos ou omissivos, contra à vida, disciplinados no Código Penal, como o Homicídio, a participação em suicídio, aborto e infanticídio. Observa-se, que, no Brasil, um crime não doloso somente será julgado pelo tribunal do júri em caso de conexão ou continência com um crime doloso contra a vida. Outro ponto fundamental diz respeito a sala secreta dos jurados, enquanto no Brasil rege o princípio da incomunicabilidade entre os jurados, e as partes como promotoria, defensoria, juiz e advogado de defesa tem acesso a essa sala, no Estados Unidos ocorre exatamente o contrário, os jurados podem e devem debater entre si para tentar chegar a um consenso, e ninguém, além dos jurados, tem acesso a sala secreta, nem mesmo o juiz togado. Nota-se que, no Brasil, as pessoas interessadas a integrarem uma sessão no plenário do júri devem fazer sua inscrição ou ser indicado para a função, sendo necessária a idade mínima de 18 anos, e exigindo-se também bons antecedentes, além de que não é uma atividade remunerada. Nos Estados Unidos, a escolha dos jurados é feita aleatoriamente por escriturários dos sistemas dos tribunais por meio da compilação de listas a partir do cadastro de eleitores, cadastro de licenciamento de veículos, ou mesmo a partir de carteiras de motorista, onde o escolhido deve ter idade mínima de 21 anos, ser alfabetizado e possuir, também, bons antecedentes criminais, destacando que a atividade é remunerada. Por fim, no tocante a condenação ou absolvição, no Brasil, é cabível recurso de apelação, sendo que o Tribunal de Justiça, ou o Tribunal Regional Federal não pode substituir a vontade dos jurados, a luz do princípio da soberania do júri, garantia constitucional. Em contrapartida, nos EUA, o recurso será cabível, apenas, em caso de condenação, onde é possível modificar a decisão recorrida ou ordenar novo julgamento, no caso de absolvição, não será admitido nenhum recurso, em razão da proibição constitucional da dupla incriminação. .