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Simulado 45 questões ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e Questão 1 O filósofo reconhece-se pela posse inseparável do gosto da evidência e do sentido da ambiguidade. Quando se limita a suportar a ambiguidade, esta se chama equívoco. Sempre aconteceu que, mesmo aqueles que pretenderam construir uma filosofia absolutamente positiva, só conseguiram ser filósofos na medida em que, simultaneamente, se recusaram o direito de se instalar no saber absoluto. O que caracteriza o filósofo é o movi - mento que leva incessantemente do saber à ignorância, da ignorância ao saber, e um certo repouso neste movi - mento. MERLEAU-PONTY. M. Elogio da filosofia. Lisboa: Guimarães, 1998 (adaptado). O texto apresenta um entendimento acerca dos elementos constitutivos da atividade do filósofo, que se caracteriza por reunir os antagonismos das opiniões ao método dialético. ajustar a clareza do conhecimento ao inatismo das ideias. associar a certeza do intelecto à imutabilidade da verdade. conciliar o rigor da investigação à inquietude do questionamento. compatibilizar as estruturas do pensamento aos princípios fundamentais. Questão 2 Na regulação de matérias culturalmente delicadas, como, por exemplo, a linguagem oficial, os currículos da educação pública, o status das Igrejas e das comunidades religiosas, as normas do direito penal (por exemplo, quanto ao aborto), mas também em assuntos menos chamativos, como, por exemplo, a posição da família e dos consórcios semelhantes ao matrimônio, a aceitação de normas de segurança ou a delimitação das esferas pública e privada — em tudo isso reflete-se amiúde apenas o autoentendimento ético-político de uma cultura majoritária, dominante por motivos históricos. Por causa de tais regras, implicitamente repressivas, mesmo dentro de uma comunidade republicana que garanta formalmente a igualdade de direitos para todos, pode eclodir um conflito cultural movido pelas minorias desprezadas contra a cultura da maioria. HABERMAS, J. A inclusão do outro: estudos de teoria política. São Paulo: Loyola, 2002. A reivindicação dos direitos culturais das minorias, como exposto por Habermas, encontra amparo nas democracias contemporâneas, na medida em que se alcança a secessão, pela qual a minoria discriminada obteria a igualdade de direitos na condição da sua concentração espacial, num tipo de independência nacional. a reunificação da sociedade que se encontra fragmentada em grupos de diferentes comunidades étnicas, confissões religiosas e formas de vida, em torno da coesão de uma cultura política nacional. a coexistência das diferenças, considerando a possibilidade de os discursos de autoentendimento se submeterem ao debate público, cientes de que estarão vinculados à coerção do melhor argumento. a autonomia dos indivíduos que, ao chegarem à vida adulta, tenham condições de se libertar das tradições de suas origens em nome da harmonia da política nacional. o desaparecimento de quaisquer limitações, tais como linguagem política ou distintas convenções de comportamento, para compor a arena política a ser compartilhada. Questão 3 A lenda diz que, em um belo dia ensolarado, Newton estava relaxando sob uma macieira. Pássaros gorjeavam em suas orelhas. Havia uma brisa gentil. Ele cochilou por alguns minutos. De repente, uma maçã caiu sobre a sua cabeça e ele acordou com um susto. Olhou para cima. “Com certeza um pássaro ou um esquilo derrubou a maçã da árvore”, supôs. Mas não havia pássaros ou esquilos na árvore por perto. Ele, então, pensou: “Apenas alguns minutos antes, a maçã estava pendurada na árvore. Nenhuma força externa fez ela cair. Deve haver alguma força subjacente que causa a queda das coisas para a terra”. SILVA, C.C:; MARTINS, R A. Estudos de história e fosafia das ciências. São Paulo: Livraria da Física, 2006 (adaptado). Em contraponto a uma interpretação idealizada, o texto aponta para a seguinte dimensão fundamental da ciência moderna: Falsificação de teses. Negação da observação. Proposição de hipóteses. Contemplação da natureza. Universalização de conclusões. Questão 4 A justiça é a primeira virtude das instituições sociais, como a verdade o é dos sistemas de pensamento. Cada pessoa possui uma inviolabilidade fundada na justiça que nem mesmo o bem-estar da sociedade como um todo pode ignorar. Por essa razão, a justiça nega que a perda de liberdade de alguns se justifique por um bem maior partilhado por todos. HAWLS, J. Uma teoria da justiça. São Paulo: Martins Fontes, 2000 (adaptado). O filósofo afirma que a ideia de justiça atua como um importante fundamento da organização social e aponta como seu elemnto de ação e funcionamento o povo. Estado. governo. indivíduo. magistrado. Questão 5 Montaigne deu o nome para um novo gênero literário; foi dos primeiros a instituir na literatura moderna um espaço privado, o espaço do “eu”, do texto intimo. Ele cria um novo processo de escrita filosófica, no qual hesitações, autocriticas, correções entram no próprio texto. COELHO, M Montaigne São Paulo Publifolha, 2001 (adaptado). O novo gênero de escrita aludido no texto é o(a) confissão, que relata experiências de transformação. ensaio, que expõe concepções subjetivas de um tema. carta, que comunica informações para um conhecido. meditação, que propõe preparações para o conhecimento. diálogo, que discute assuntos com diferentes interlocutores. ENEM PPL a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM PPL a b c d e Questão 6 Tomemos o exemplo de Sócrates: é precisamente ele quem interpela as pessoas na rua, os jovens no ginásio, perguntando: “Tu te ocupas de ti?” O deus o encarregou disso, é sua missão, e ele não a abandonará, mesmo no momento em que for ameaçado de morte. Ele é certamente o homem que cuida do cuidado dos outros: esta é a posição particular do filósofo. FOUCAULT, M. Ditos e escritos. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2004. O fragmento evoca o seguinte princípio moral da filosofia socrática, presente em sua ação dialógica: Examinar a própria vida. Ironizar o seu oponente. Sofismar com a verdade. Debater visando a aporia. Desprezar a virtude alheia. Questão 7 Colonizar, afirmava, em 1912, um eminente jurista, “é relacionar-se com os países novos para tirar benefícios dos recursos de qualquer natureza desses países, aproveitá-los no interesse nacional, e ao mesmo tempo levar às populações primitivas as vantagens da cultura intelectual, social, científicacomercial e industrial, apanágio das raças superiores. A colonização é, pois, um estabelecimento fundado em país novo por uma raça de civilização avançada, para realizar o duplo fim que acabamos de indicar.” Précis de législation et d´économie coloniales. Apud LINHARES, M. Y. A luta contra a Metrópole (Ásia e África). São Paulo: Brasiliense, 1981. A definição de colonização apresentada no texto tinha a função ideológica de dissimular a prática da exploração mediante a ideia de civilização. compensar o saque das riquezas mediante a educação formal dos colono formar uma identidade colonial mediante a recuperação de sua ancestralidade. reparar o atraso da Colônia mediante a incorporação dos hábitos da Metrópole. promover a elevação cultural da Colônia mediante a incorporação de tradições metropolitanas. Questão 8 A promessa da tecnologia moderna se converteu em uma ameaça, ou esta se associou àquela de forma indissolúvel. Ela vai além da constatação da ameaça física. Concebida para a felicidade humana, a submissão da natureza, na sobremedida de seu sucesso, que agora se estende à própria natureza do homem, conduziu ao maior desafio já posto ao ser humano pela sua própria ação. O novo continente da práxis coletiva que adentramos com a alta tecnologia ainda constitui, para a teoria ética,uma terra de ninguém. JONAS, H. O. O princípio da responsabilidade, Rio de Janeiro: Contraponto; Editora PUC-Rio, 2011 (adaptado). As implicações éticas da articulação apresentada no texto impulsionam a necessidade de construção de um novo padrão de comportamento, cujo objetivo consiste em garantir o(a) pragmatismo da escolha individual. sobrevivência de gerações futuras. fortalecimento de políticas liberais. valorização de múltiplas etnias. promoção da inclusão social. Questão 9 O garfo muito grande, com dois dentes, que era usado para servir as carnes aos convidados, é antigo, mas não o garfo individual. Este data mais ou menos do século XVI e difundiu-se a partir de Veneza e da Itália em geral, mas com lentidão. O uso só se generalizaria por volta de 1750. BRAUDEL, F. Civilização material, economia e capitalismo: séculos XV-XVIII; as estruturas do cotidiano. São Paulo: Martins Fontes, 1977 (adaptado). No processo de transição para a modernidade, o uso do objeto descrito relaciona-se à construção de hábitos sociais. introdução de medidas sanitárias. ampliação das refeições familiares. valorização da cultura renascentista. incorporação do comportamento laico. Questão 10 Ao falar de caráter de um homem não dizemos que ele é sábio ou que possui entendimento, mas que é calmo ou temperante. No entanto, louvamos também o sábio, referindo-se ao hábitos dignos de louvor chamamos virtude. ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. São Paulo: Nova Cultural, 1973 Em Aristóteles, o conceito de virtude ética expressa a excelência de atividades praticadas em consonância com o bem comum. concretização utilitária de ações que revelam a manifestação de propósitos privados. concordância das ações humanas aos preceitos emanados da divindade. realização de ações que permitem a configuração da paz interior. manifestação de ações estéticas, coroadas de adorno e beleza. Questão 11 Enquanto o pensamento de Santo Agostinho representa o desenvolvimento de uma filosofia cristã inspirada em Platão, o pensamento de São Tomás reabilita a filosofia de Aristóteles – até então vista sob suspeita pela Igreja —, mostrando ser possível desenvolver uma leitura de Aristóteles compatível com a doutrina cristã. O aristotelismo de São Tomás abriu caminho para o estudo da obra aristotélica e para a legitimação do interesse pelas ciências naturais, um do principais motivos do interesse por Aristóteles nesse período. MARCONDES, D. Textos básicos de filosofia. Rio de Janeiro: Zahar, 2005. A Igreja Católica por muito tempo impediu a divulgação da obra de Aristóteles pelo fato de a abra aristotélica valorizar a investigação científica, contrariando certos dogmas religiosos. declarar a inexistência de Deus, colocando em dúvida toda a moral religiosa. críticar a Igreja Católica, instigando a criação de outras intituições religiosas. evocar pensamentos de religiões orientais, minando a expansão do cristianismo. contribuir para o desenvolvimento de sentimentos antirreligiosos, seguindo sua teoria política. ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e Questão 12 Em um governo que deriva sua legitimidade de eleições livres e regulares, a ativação de uma corrente comunicativa entre a sociedade política e a civil é essencial e constitutiva, não apenas inevitável. As múltiplas fontes de informação e as variadas formas de comunicação e influência que os cidadãos ativam atraves da mídia, movimentos sociais e partidos políticos dão o tom da representação em uma sociedade democrática. URBINATI, N. O que torna a representação democrática? Lua Nova, n. 67, 2006. Esse papel exercido pelos meios de comunicação favorece uma transformação democrática em função do(a) limitação dos gastos públicos. interesse de grupos corporativos. dissolução de conflitos ideológicos. fortalecimento da participação popular. autonomia dos órgãos governamentais. Questão 13 Tomás de Aquino, filósofo cristão que viveu no século XIII, afirma: a lei é uma regra ou um preceito relativo às nossas ações. Ora, a norma suprema dos atos humanos é a razão. Desse modo, em última análise, a lei está submetida à razão; é apenas uma formulação das exigências racionais. Porém, é mister que ela emane da comunidade, ou de uma pessoa que legitimamente a representa. GILSON, E.; BOEHNER, P. História da filosofia cristã. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado). No contexto do século XIII, a visão política do filósofo mencionado retoma o pensamento idealista de Platão. conformismo estoico de Sêneca. ensinamento místico de Pitágoras. paradigma de vida feliz de Agostinho. conceito de bem comum de Aristóteles. Questão 14 Será que as coisas lhe pareceriam diferentes se, de fato, todas elas existissem apenas na sua mente — se tudo o que você julgasse ser o mundo externo real fosse apenas um sonho ou alucinação gigante, de que você jamais fosse despertar? Se assim fosse, então é claro que você nunca poderia despertar, como faz quando sonha, pois significaria que não há mundo “real” no qual despertar. Logo, não seria exatamente igual a um sonho ou alucinação normal. NAGEL, T Uma breve introdução à filosofia. São Paulo: Martins Fontes, 2011. O texto confere visibilidade a uma doutrina filosófica contemporânea conhecida como: Personalismo, que vincula a realidade circundante aos domínios do pessoal. Falsificacionismo, que estabelece ciclos de problemas para refutar uma conjectura. Falibilismo, que rejeita mecanismos mentais para sustentar uma crença inequívoca. idealismo, que nega a existência de objetos independentemente do trabalho cognoscente. Solipsismo, que reconhece limitações cognitivas para compreender uma experiência compartilhada. Questão 15 Vemos que toda cidade é uma espécie de comunidade, e toda comunidade se forma com vistas a algum bem, pois todas as ações de todos os homens são praticadas com vistas ao que lhe parece um bem; se todas as comunidades visam algum bem, é evidente que a mais importante de todas elas e que inclui todas as outras tem mais que todas este objetivo e visa ao mais importante de todos os bens. ARISTÓTELES. Política. Bresilia: UnB, 1988. No fragmento, Aristóteles promove uma reflexão que associa dois elementos essenciais à discussão sobre a vida em comunidade, a saber: Ética e política, pois conduzem à eudaimonia. Retórica e linguagem, pois cuidam dos discursos na ágora. Metafisica e ontologia, pois tratam da filosofia primeira. Democracia e sociedade, pois se referem a relações sociais. Geração e corrupção, pois abarcam o campo da physis. Questão 16 Em A morte de Ivan llitch, Tolstoi descreve com detalhes repulsivos o terror de encarar a morte iminente. Ilitch adoece depois de um pequeno acidente e logo compreende que se encaminha para o fim de modo impossível de parar. “Nas profundezas de seu coração, ele sabia estar morrendo, mas em vez de se acostumar com a ideia, simplesmente não o fazia e não conseguia compreendê-la”. KAZEZ. J O peso das coisas filosofia para o bem-viver. Rio de Janeiro: Tinta Negra. 2004. O texto descreve a experiência do personagem de Tolstoi diante de um aspecto incontornável de nossas vidas. Esse aspecto foi um tema central na tradição filosófica marxista, no contexto do materialismo histórico. logicista, no propósito de entendimento dos fatos. utilitarista, no sentido da racionalidade das ações. pós-modernista, na discussão da fluidez das relações. existencialista, na questão do reconhecimento de si. Questão 17 O racismo institucional e a negação coletiva de uma organização em prestar serviços adequados para pessoas por causa de sua cor, cultura ou origem étnica. Pode estar associado a formas de preconceito inconsciente, desconsideração e reforço de estereótipos que colocam algumas pessoas em situações de desvantagem. GIDDENS, A. Sociologia. Porto Alegre:Penso, 2012 (adaptado). O argumento apresentado no texto permite o questionamento de pressupostos de universalidade e justifica a institucionalização de políticas antirracismo. No Brasil, um exemplo desse tipo de política é a reforma do Código Penal. elevação da renda mínima. adoção de ações afirmativas. revisão da legislação eleitoral. censura aos meios de comunicação. ENEM PPL a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e Questão 18 A produtividade ecológica articula-se com uma produtividade tecnológica, porque não se deve renunciar a todas as possibilidades da ciência e da técnica, e sim reencaminhar muitas delas para a construção desse novo paradigma produtivo. Essa construção social, porém, não pode ser guiada por um planejamento centralizado da tecnologia normatizada pela ecologia. A alma dessa nova economia humana são os valores culturais. Cada cultura dá significado a seus conhecimentos, a sua natureza, recriando-a e abrindo o fluxo de possibilidades de coevolução, articulando o pensamento humano com o potencial da natureza. LEFF, E. Discursos sustentáveis. São Paulo: Cortez, 2010 (adaptado). O paradigma produtivo apresentado no texto tem como base a harmonização entre tecnologia e ecologia e propõe uma sustentabilidade pautada no(a) ideia de natureza intocada. lógica de mercado internacional. respeito ao saber local comunitário. desenvolvimento de cultivos orgânicos. retorno às práticas agrícolas arcaicas. Questão 19 A pura lealdade na amizade, embora até o presente não tenha existido nenhum amigo leal, é imposta a todo homem, essencialmente, pelo fato de tal dever estar implicado como dever em geral, anteriormente a toda experiência, na ideia de uma razão que determina a vontade segundo princípios a priori. KANT, I. Fundamentação da metafísica dos costumes. São Paulo: Barcarolla, 2009. A passagem citada expõe um pensamento caracterizado pela eficácia prática da razão empírica. transvaloração dos valores judaico-cristãos. recusa em fundamentar a moral pela experiência. comparação da ética a uma ciência de rigor matemático. importância dos valores democráticos nas relações de amizade. Questão 20 A ética exige um governo que amplie a igualdade entre os cidadãos. Essa é a base da pátria. Sem ela, muitos indivíduos não se sentem em casa, experimentam-se como estrangeiros em seu próprio lugar de nascimento. SILVA, R. R. Ética, defesa nacional, cooperação dos povos. OLIVEIRA, E. R (Org.) Segurança & Defesa Nacional: da competição à cooperação regional. São Paulo; Fundação Memorial da América Latina, 2007 (adaptado). Os pressupostos éticos são essenciais para a estruturação política e integração de indivíduos em uma sociedade. De acordo com o texto, a ética corresponde a valores e costumes partilhados pela maioria da sociedade. preceitos normativos impostos pela coação das leis jurídicas. normas determinadas pelo governo, diferentes das leis estrangeiras. transferência dos valores praticados em casa para a esfera social. proibição da interferência de estrangeiros em nossa pátria. Questão 21 Não é verdade que estão ainda cheios de velhice espiritual aqueles que nos dizem: “Que fazia Deus antes de criar o céu e a terra? Se estava ocioso e nada realizava”, dizem eles, “por que não ficou sempre assim no decurso dos séculos, abstendo-se, como antes, de toda ação? Se existiu em Deus um novo movimento, uma vontade nova para dar o ser a criaturas que nunca antes criara, como pode haver verdadeira eternidade, se n’Ele aparece uma vontade que antes não existia?” AGOSTINHO. Confissões. São Paulo: Abril Cultural, 1984. A questão da eternidade, tal como abordada pelo autor, é um exemplo da reflexão filosófica sobre a(s) essência da ética cristã. natureza universal da tradição. certezas inabaláveis da experiência. abrangência da compreensão humana. interpretações da realidade circundante. Questão 22 O conceito de democracia, no pensamento de Habermas, é construído a partir de uma dimensão procedimental, calcada no discurso e na deliberação. A legitimidade democrática exige que o processo de tomada de decisões políticas ocorra a partir de uma ampla discussão pública, para somente então decidir. Assim, o caráter deliberativo corresponde a um processo coletivo de ponderação e análise, permeado pelo discurso, que antecede a decisão. VITALE, D. Jürgen Habermas, modernidade e democracia deliberativa. Cadernos do CRH (UFBA), v. 19, 2006 (adaptado). O conceito de democracia proposto por Jürgen Habermas pode favorecer processos de inclusão social. De acordo com o texto, é uma condição para que isso aconteça o(a) participação direta periódica do cidadão. debate livre e racional entre cidadãos e Estado. interlocução entre os poderes governamentais. eleição de lideranças políticas com mandatos temporários. controle do poder político por cidadãos mais esclarecidos. Questão 23 No Brasil, a origem do funk e do hip-hop remonta aos anos 1970, quando da proliferação dos chamados “bailes black” nas periferias dos grandes centros urbanos. Embalados pela black music americana, milhares de jovens encontravam nos bailes de final de semana uma alternativa de lazer antes inexistente. Em cidades como o Rio de Janeiro ou São Paulo, formavam-se equipes de som que promoviam bailes onde foi se disseminando um estilo que buscava a valorização da cultura negra, tanto na música como nas roupas e nos penteados. No Rio de Janeiro ficou conhecida como Black Rio”. A indústria fonográfica descobriu o filão e, lançando discos de “equipe” com as músicas de sucesso nos bailes, difundia a moda pelo restante do país. DAYRELL, J. A música entra em cena: o e o funk na socialização da juventude. Belo Horizonte: UFMG, 2005. A presença da cultura hip-hop no Brasil caracteriza-se como uma forma de lazer gerada pela diversidade de práticas artísticas nas periferias urbanas. entretenimento inventada pela indústria fonográfica nacional. subversão de sua proposta original já nos primeiros bailes. afirmação de identidade dos jovens que a praticam. reprodução da cultura musical norte-americana. ENEM Digital a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM LIBRAS a b c d e ENEM PPL a b c d e Questão 24 Os sofistas inventam a educação em ambiente artificial, o que se tornará uma das características de nossa civilização. Eles são os profissionais do ensino, antes de tudo pedagogos, ainda que seja necessário reconhecer a notável originalidade de um Protágoras, de um Górgias ou de um Antifonte, por exemplo. Por um salário, eles ensinavam a seus alunos receitas que lhes permitiam persuadir os ouvintes, defender, com a mesma habilidade, o pró e o contra, conforme o entendimento de cada um. HADOT, P. O que é a filosofia antiga? São Paulo: Loyola, 2010 (adaptado). O texto apresenta uma característica dos sofistas, mestres da oratória que defendiam a(o) ideia do bem, demonstrado na mente com base na teoria da reminiscência. relativismo, evidenciado na convencionalidade das instituições políticas. ética, aprimorada pela educação de cada indivíduo com base na virtude. ciência, comprovada empiricamente por meio de conceitos universais. religião, revelada pelos mandamentos das leis divinas. Questão 25 Apesar de seu disfarce de iniciativa e otimismo, o homem moderno está esmagado por um profundo sentimento de impotência que o faz olhar fixamente e, como que paralisado, para as catástrofes que se avizinham. Por isso, desde já, saliente-se a necessidade de uma permanente atitude crítica, o único modo pelo qual o homem realizará sua vocação natural de integrar-se, superando a atitude do simples ajustamento ou acomodação, apreendendo temas e tarefas de sua época. FREIRE, P. Educação como prática da liberdade. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2011. Paulo Freire defendeque a superação das dificuldades e a apreensão da realidade atual será obtida pelo(a) desenvolvimento do pensamento autônomo. obtenção de qualificação profissional. resgate de valores tradicionais. realização de desejos pessoais. aumento da renda familiar. Questão 26 Até hoje admitia-se que nosso conhecimento se devia regular pelos objetos; porém, todas as tentativas para descobrir, mediante conceitos, algo que ampliasse nosso conhecimento, malogravam-se com esse pressuposto. Tentemos, pois, uma vez, experimentar se não se resolverão melhor as tarefas da metafísica, admitindo que os objetos se deveriam regular pelo nosso conhecimento. KANT, I. Crítica da razão pura. Lisboa: Calouste- Gulbenkian, 1994 (adaptado) O trecho em questão é uma referência ao que ficou conhecido como revolução copernicana na filosofia. Nele, confrontam-se duas posições filosóficas que assumem pontos de vista opostos acerca da natureza do conhecimento. defendem que o conhecimento é impossível, restando- nos somente o ceticismo. revelam a relação de interdependência entre os dados da experiência e a reflexão filosófica. apostam, no que diz respeito às tarefas da filosofia, na primazia das ideias em relação aos objetos. refutam-se mutuamente quanto à natureza do nosso conhecimento e são ambas recusadas por Kant. Questão 27 Galileu, que detinha uma verdade científica importante, abjurou-a com a maior facilidade, quando ela lhe pôs a vida em perigo. Em um certo sentido, ele fez bem. Essa verdade valia-lhe a fogueira. Se for a Terra ou o Sol que gira em torno um do outro é algo profundamente irrelevante. Resumindo as coisas, é um problema fútil. Em compensação, vejo que muitas pessoas morrem por achar que a vida não vale a pena ser vivida. Vejo outras que se fazem matar pelas ideias ou ilusões que lhes proporcionam uma razão de viver (o que se chama de razão de viver é, ao mesmo tempo, uma excelente razão de morrer). Julgo, portanto, que o sentido da vida é a questão mais decisiva de todas. E como responder a isso? CAMUS, A. O mito de Sísifo: ensaio sobre o absurdo. Rio de Janeiro: Record, 2004 (adaptado). O texto apresenta uma questão fundamental, na perspectiva da filosofia contemporânea, que consiste na reflexão sobre vínculos entre a realidade concreta e a condição da existência no mundo. abrangência dos valores religiosos. percepção da experiência no tempo. transitoriedade das paixões humanas. insuficiência do conhecimento empírico. Questão 28 O antropólogo americano Marius Barbeau escreveu o seguinte: sempre que se cante a uma criança uma cantiga de ninar; sempre que se use uma canção, uma adivinha, uma parlenda, uma rima de contar, no quarto das crianças ou na escola; sempre que ditos e provérbios, fábulas, histórias bobas e contos populares sejam representados; aí veremos o folclore em seu próprio domínio, sempre em ação, vivo e mutável, sempre pronto a agarrar e assimilar novos elementos em seu caminho. UTLEY, F. L. Uma definição de folclore. In: BRANDÃO, C. R. O que é folclore. São Paulo: Brasiliense, 1984 (adaptado). O texto tem como objeto a construção da identidade cultural, reconhecendo que o folclore, mesmo sendo uma manifestação associada à preservação das raízes e da memória dos grupos sociais, está sujeito a mudanças e reinterpretações. deve ser apresentado de forma escrita. segue os padrões de produção da moderna indústria cultural. tende a ser materializado em peças e obras de arte eruditas. expressa as vivências contemporâneas e os anseios futuros desses grupos. ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e Questão 29 TEXTO I Há já algum tempo eu me apercebi de que, desde meus primeiros anos, recebera muitas falsas opiniões como verdadeiras, e de que aquilo que depois eu fundei em princípios tão mal assegurados não podia ser senão mui duvidoso e incerto. Era necessário tentar seriamente, uma vez em minha vida, desfazer-me de todas as opiniões a que até então dera crédito, e começar tudo novamente a fim de estabelecer um saber firme e inabalável. DESCARTES, R. Meditações concernentes à Primeira Filosofia. São Paulo: Abril Cultural, 1973 (adaptado). TEXTO II É o caráter radical do que se procura que exige a radicalização do próprio processo de busca. Se todo o espaço for ocupado pela dúvida, qualquer certeza que aparecer a partir daí terá sido de alguma forma gerada pela própria dúvida, e não será seguramente nenhuma daquelas que foram anteriormente varridas por essa mesma dúvida. SILVA, F. L. Descartes: a metafísica da modernidade. São Paulo: Moderna, 2001 (adaptado) A exposição e a análise do projeto cartesiano indicam que, para viabilizar a reconstrução radical do conhecimento, deve-se retomar o método da tradição para edificar a ciência com legitimidade. questionar de forma ampla e profunda as antigas ideias e concepções. investigar os conteúdos da consciência dos homens menos esclarecidos. buscar uma via para eliminar da memória saberes antigos e ultrapassados. encontrar ideias e pensamentos evidentes que dispensam ser questionados. Questão 30 A atividade atualmente chamada de ciência tem se mostrado fator importante no desenvolvimento da civilização liberal: serviu para eliminar crenças e práticas supersticiosas, para afastar temores brotados da ignorância e para fornecer base intelectual de avaliação de costumes herdados e de normas tradicionais de conduta. NAGEL, E. et al. Ciência: natureza e objetivo. São Paulo: Cultrix, 1975 (adaptado). Quais características permitem conceber a ciência com os aspectos críticos mencionados? Apresentar explicações em uma linguagem determinada e isenta de erros. Possuir proposições que são reconhecidas como inquestionáveis e necessárias. Ser fundamentada em um corpo de conhecimento autoevidente e verdadeiro. Estabelecer rigorosa correspondência entre princípios explicativos e fatos observados. Constituir-se como saber organizado ao permitir classificações deduzidas da realidade. Questão 31 TEXTO I Os meus pensamentos são todos sensações. Penso com os olhos e com os ouvidos E com as mãos e os pés E com o nariz e a boca. PESSOA, F O guardador de rebanhos - IX. In: GALHOZ, M A (Org.) Obras poéticas. Rio de Janeiro: Nova Aguilar. 1999 (fragmento) TEXTO II Tudo aquilo que sei do mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão minha ou de uma experiência do mundo sem a qual os símbolos da ciência não poderiam dizer nada. MERLEAU-PONTY, M. Fenomenologia da percepção. São Paulo: Martine Fontes, 1990 (adaptado). Os textos mostram-se alinhados a um entendimento acerca da ideia de conhecimento, numa perspectiva que ampara a anterioridade da razão no domínio cognitivo. confirmação da existência de saberes inatos. valorização do corpo na apreensão da realidade. verificabilidade de proposições no campo da lógica. possibilidade de contemplação de verdades atemporais. Questão 32 XI. Jamais, a respeito de coisa alguma, digas: “Eu a perdi”, mas sim: “Eu a restitui”. O filho morreu? Foi restituído. A mulher morreu? Foi restituída. “A propriedade me foi subtraída”, então também foi restituída. “Mas quem a subtraiu é mau”. O que te importa por meio de quem aquele que te da a pede de volta? Na medida em que ele der, faz uso do mesmo modo de quem cuida das coisas de outrem. Do mesmo modo como fazem os que se instalam em uma hospedaria. EPICTETO. Encheirídion. In: DINUCCI, A. Introdução ao Manual de Epicteto. São Cristóvão: UFS, 2012 (adaptado). A característica do estoicismo presente nessa citação do filósofo grego Epicteto é explicar o mundo com números. identificar a felicidade com o prazer. aceitar os sofrimentos com serenidade. questionar o saber científico com veemência. considerar as convenções sociais com desprezo. Questão 33 O povo que exerce o poder não é sempre o mesmopovo sobre quem o poder é exercido, e o falado self-government [autogoverno] não é o governo de cada qual por si mesmo, mas o de cada qual por todo o resto. Ademais, a vontade do povo significa praticamente a vontade da mais numerosa e ativa parte do povo - a maioria, ou aqueles que logram êxito em se fazerem aceitar como a maioria. MILL, J. S. Sobre a liberdade. Petrópolis: Vozes, 1991 (adaptado). No que tange a participação popular no governo, a origem da preocupação enunciada no texto encontra-se na conquista do sufrágio universal. criação do regime parlamentarista. institucionalização do voto feminino. decadência das monarquias hereditárias. consolidação da democracia representativa. ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e Questão 34 Para além de objetos específicos, muitos movimentos sociais interferem no contexto sociopolítico e ultrapassam dimensões imediatas, como foi o caso das mobilizações operárias, ocorridas em 1979 na cidade de São Paulo. Nesse sentido, ao mesmo tempo em que lutavam por seus direitos, essas mobilizações contribuíram com o(a) elaboração de novas políticas que garantiram a estabilidade econômica do país. instalação de empresas multinacionais no Brasil. legalização dos sindicatos no Brasil. surgimento das políticas governamentais assistencialistas. processo de redemocratização do Brasil. Questão 35 Alexandria começou a ser construída em 332 a.C, por Alexandre, o Grande, e, em poucos anos, tornou-se um polo de estudos sobre matemática, filosofia e ciência gregas. Meio século mais tarde, Ptolomeu II ergueu uma enorme biblioteca e um museu que funcionou como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e, com o museu, transformou a cidade no maior núcleo intelectual da época, especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu sucessivos ataques de romanos, cristãos e árabes, o que resultou na destruição ou perda de quase todo o seu acervo. RIBEIRO, F. Filósofa e mártir. Aventuras na história. São Paulo: Abril. ed. 81, abr. 2010 (adaptado). A biblioteca de Alexandria exerceu durante certo tempo um papel fundamental para a produção do conhecimento e memória das civilizações antigas, porque eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e zelou pelas narrativas dos seus grandes feitos. funcionou como um centro de pesquisa acadêmica e deu origem às universidades modernas. preservou o legado da cultura grega em diferentes áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a outros povos. transformou a cidade de Alexandria no centro urbano mais importante da Antiguidade. reuniu os principais registros arqueológicos até então existentes e fez avançar a museologia antiga. Questão 36 Os andróginos tentaram escalar o céu para combater os deuses. No entanto, os deuses em um primeiro momento pensam em matá-los de forma sumária. Depois decidem puni-los da forma mais cruel: dividem-nos em dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta forma, até hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando formar um único ser. PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987. No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio de uma alegoria, o bem supremo com o fim do homem. prazer perene como fundamento da felicidade. ideal inteligível como transcendência desejada. amor como falta constituinte do ser humano. autoconhecimento como caminho da verdade. Questão 37 A quem não basta pouco, nada basta. EPICURO. Os pensadores. São Paulo: Abril Cultural, 1985. Remanescente do período helenístico, a máxima apresentada valoriza a seguinte virtude: Esperança, tida como confiança no porvir. Justiça, interpretada como retidão de caráter. Temperança, marcada pelo domínio da vontade. Coragem, definida como fortitude na dificuldade. Prudência, caracterizada pelo correto uso da razão. Questão 38 A eugenia, tal como originalmente concebida, era a aplicação de "boas práticas de melhoramento" ao aprimoramento da espécie humana. Francis Galton foi o primeiro a sugerir com destaque o valor da reprodução humana controlada, considerando-a produtora do aperfeiçoamento da espécie. ROSE, M. O espectro de Darwin. Rio de Janeiro: Zahar, 2000 (adaptado). Um resultado da aplicação dessa teoria, disseminada a partir da segunda metade do s´culo XIX, foi o(a) aprovação de medidas de inclusão social. adoção de crianças com diferentes características físicas. estabelecimento de legislação que combatia as divisões sociais. prisão e esterilização de pessoas com características consideradas inferiores. desenvolvimento de próteses que possibilitavam a reabilitação de pessoas deficientes. ENEM PPL a b c d e ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e Questão 39 Os smartphones estão sugando a sua produtividade. Você abriria mão deles? Telefones inteligentes drenam nossa atenção mesmo quando desligados. E isso não é nada bom para a sua carreira. Pesquisadores e empresas tentam achar uma solução para o problema. Funcionários estão distraídos com seus smartphones, browsers web, aplicativos de mensagem, sites de compras e muitas redes sociais. Os trabalhadores distraídos são improdutivos. Uma pesquisa da CareerBuilder descobriu que os gerentes de contratação acreditam que os funcionários são extremamente improdutivos e mais da metade desses gerentes acreditam que os smartphones são culpados. Alguns empregadores disseram que os smartphones degradam a qualidade do trabalho, diminuem a moral, interferem no relacionamento entre chefe e empregado e fazem com que os funcionários percam os prazos. (Os funcionários entrevistados discordaram e apenas 10% disseram que os telefones prejudicam a produtividade durante o horário de trabalho.) A única solução é uma combinação entre treinamento, educação e melhor gerenciamento. Os departamentos de RH devem procurar um problema maior: a distração extrema do smartphone pode significar que os funcionários estão completamente desativados do trabalho. Os motivos para isso devem ser identificados e abordados. A pior “solução” é a negação. ELGAN, M. Disponível em: http://idgnow.com.br. Acesso em: 24 ago. 2017 (adaptado). Ao expor um problema contemporâneo do mercado de trabalho e apontar uma solução, o texto evidencia a relação entre as carreiras e as tecnologias de informação e comunicação. discordância entre empregadores e funcionários no que diz respeito à produção. negatividade do impacto das tecnologias de informação e comunicação no mercado de trabalho. desvinculação entre o desenvolvimento das tecnologias de informação e comunicação e a produtividade no trabalho. necessidade de uma compreensão ampla e cuidadosa do impacto das tecnologias de informação e comunicação no mercado de trabalho. Questão 40 Trasímaco estava impaciente porque Sócrates e os seus amigos presumiam que a justiça era algo real e importante. Trasímaco negava isso. Em seu entender, as pessoas acreditavam no certo e no errado apenas por terem sido ensinadas a obedecer às regras da sua sociedade. No entanto, essas regras não passavam de invenções humanas. RACHELS, J. Problema da filosofia. Lisboa: Gradiva, 2009. O sofista Trasímaco, persoagem imortalizado no diálogo A República, de Platão, sustentava que a correlação entre justiça e ética é resultado de determinações biológicas impregnadas na natureza humana. verdades objetivas com fundamento anterior aos interesses sociais. mandamentos divinos inquestionáveis legados das tradições antigas. convenções sociais resultantes de interesses humanos contingentes. sentimentos experimentados diante de determinadas atitudes humanas. Questão 41 Uma parte da nossa formaçãocientífica confunde-se com a atividade de uma polícia de fronteiras, revistando os pensamentos de contrabando que viajam na mala de outras sabedorias. Apenas passam os pensamentos de carimbada cientificidade. A biologia, por exemplo, é um modo maravilhoso de emigrarmos de nós, de transitarmos para lógicas de outros seres, de nos descentrarmos. Aprendemos que não somos o centro da vida nem o topo da evolução. COUTO, M. Interinvenções. Portugal: Caminho, 2009 (adaptado). No trecho, expressa-se uma visão poética da epistemologia científica, caracterizada pela implementação de uma viragem linguística com base no formalismo. fundamentação de uma abordagem híbrida com base no relativismo. interpretação da natureza eclética das coisas com base no antiacademicismo. definição de uma metodologia transversal com base em um panorama cético. compreensão da realidade com base em uma perspectiva não antropocêntrica. ENEM a b c d e ENEM PPL a b c d e ENEM LIBRAS a b c d e ENEM a b c d e Questão 42 [...] O SERVIDOR — Diziam ser filho do rei... ÉDIPO — Foi ela quem te entregou a criança? O SERVIDOR — Foi ela, Senhor. ÉDIPO — Com que intenção? O SERVIDOR — Para que eu a matasse. ÉDIPO — Uma mãe! Mulher desgraçada! O SERVIDOR — Ela tinha medo de um oráculo dos deuses. ÉDIPO — O que ele anunciava? O SERVIDOR — Que essa criança um dia mataria seu pai. ÉDIPO— Mas por que tu a entregaste a este homem? O SERVIDOR — Tive piedade dela, mestre. Acreditei que ele a levaria ao país de onde vinha. Ele te salvou a vida, mas para os piores males! Se és realmente aquele de quem ele fala, saibas que nasceste marcado pela infelicidade. ÉDIPO — Oh ai de mim! Então no final tudo seria verdade! Ah! Luz do dia, que eu te veja aqui pela última vez, já que me revelo a filho de quem não devia nascer, o esposo de quem não devia ser, o assassino de quem não deveria matar! SÓFOCLES. Édipo Rei. Porto Alegre: L&PM, 2011. O trecho da obra de Sófocles, que expressa o núcleo da tragédia grega, revela o(a) condenação eterna dos homens pela prática injustificada do incesto legalismo estatal ao punir com a prisão perpétua o crime de parricídio busca pela explicação racional sobre os fatos até então desconhecidos. caráter antropomórfico dos deuses na medida em que imitavam os homens. impossibilidade de o homem fugir do destino predeterminado pelos deuses. Questão 43 O homem natural é tudo para si mesmo; é a unidade numérica, o inteiro absoluto, que só se relaciona consigo mesmo ou semelhante. O homem civil é apenas uma unidade fracionária que se liga ao denominador, e cujo valor está em sua relação com o todo, que é o corpo social. As boas instituições sociais são as que melhor sabem desnaturar o homem, retirar-lhe sua existência absoluta para dar-lhe uma relativa, e transferir o eu para a unidade comum, de sorte que cada particular não se julgue mais como tal, e sim como uma parte da unidade, e só seja percebido no todo. ROUSSEAU, J. J. Emilio ou da Educação. São Paulo: Martins Fortes, 1999 A visão de Rousseau em relação à natureza humana, conforme expressa o texto, diz que o homem civil é formado a partir do desvio de sua própria natureza. as instituições sociais formam o homem de acordo com a sua essência natural. o homem civil é um todo no corpo social, pois as instituições sociais dependem dele. o homem é forçado a sair da natureza para se tornar absoluto. as instituições sociais expressam a natureza humana, pois o homem é um ser político. Questão 44 Para a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), é importante promover e proteger monumentos, sítios históricos e paisagens culturais. Mas não só de aspectos físicos se constitui a cultura de um povo. As tradições, o folclore, os saberes, as línguas, as festas e diversos outros aspectos e manifestações devem ser levados em consideração. Os afro-brasileiros contribuíram e ainda contribuem fortemente na formação do patrimônio imaterial do Brasil, que concentra o segundo contingente de população negra do mundo, ficando atrás apenas da Nigéria. MENEZES, S. A força da cultura negra: Iphan reconhece manifestações como patrimônio imaterial. Disponível em: www.ipea.gov.br. Acesso em: 29 set. 2015. Considerando a abordagem do texto, os bens imateriais enfatizam a importância das representações culturais para a construção da identidade nacional. elaboração do sentimento religioso. afirmação da igualdade social. reprodução do trabalho coletivo. definição da legitimidade política. Questão 45 O acidente nuclear de Chernobyl revela brutalmente os limites dos poderes técnico-científicos da humanidade e as “marchas-à-ré” que a “natureza” nos pode reservar. É evidente que uma gestão mais coletiva se impõe para orientar as ciências e as técnicas em direção a finalidades mais humanas. GUATTARI, F. As três ecologias. São Paulo: Papirus, 1995 (adaptado). O texto trata do aparato técnico-científico e suas consequências para a humanidade, propondo que esse desenvolvimento defina seus projetos a partir dos interesses coletivos. guie-se por interesses econômicos, prescritos pela lógica do mercado. priorize a evolução da tecnologia, se apropriando da natureza. promova a separação entre natureza e sociedade tecnológica. tenha gestão própria, com o objetivo de melhor apropriação da natureza.
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