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RICARDO C. ALVES FERREIRA
METODOLOGIA DO ENSINO DE FUTEBOL E FUTSAL
Tanto o futebol quanto o futsal têm forte apelo 
na sociedade brasileira e possuem vínculos com 
aspectos culturais. Poucas manifestações artísticas 
e esportivas representam tão bem a cultura 
brasileira como esses esportes, que possuem 
estilos próprios e personificam o estereótipo 
do brasileiro. Com o tempo, eles evoluíram e 
ganharam proporção de espetáculo, movimentando 
muito dinheiro e interesses às vezes escusos, 
mas, mesmo assim, sem perderem sua força de 
encantamento junto aos jovens e às crianças. 
 
Nesta obra, são levantadas questões importantes 
para o desenvolvimento do jovem nessas 
modalidades, como aspectos pedagógicos 
e metodológicos aplicados ao futebol e ao 
futsal, abordando os meios de potencializar a 
aprendizagem técnica, tática, física e psicológica, 
além de apresentar as particularidades do 
processo de crescimento e maturação, as regras, 
as leis e os direitos que regem os esportes. Tudo 
isso sem se desconectar de uma visão holística, 
pautada no entendimento de que o futebol e o 
futsal são construídos sob relações humanas e 
aliados à força atrativa que o esporte tem para 
ser utilizado como ferramenta de educação e de 
construção de valores de cidadania. 
 
O objetivo desta obra é oferecer informações e 
induzir reflexões para que o leitor consiga, por 
meio do senso crítico, encontrar soluções para 
os diversos desafios que emergirem durante sua 
caminhada como educador-treinador.
Código Logístico
59520
Fundação Biblioteca Nacional
ISBN 978-85-387-6667-4
9 7 8 8 5 3 8 7 6 6 6 7 4
Metodologia do ensino 
de futebol e futsal 
Ricardo C. Alves Ferreira
IESDE BRASIL
2020
© 2020 – IESDE BRASIL S/A. 
É proibida a reprodução, mesmo parcial, por qualquer processo, sem autorização por escrito do autor e do 
detentor dos direitos autorais.
Projeto de capa: IESDE BRASIL S/A. Imagem da capa: EnvatoElements
Todos os direitos reservados.
IESDE BRASIL S/A. 
Al. Dr. Carlos de Carvalho, 1.482. CEP: 80730-200 
Batel – Curitiba – PR 
0800 708 88 88 – www.iesde.com.br
CIP-BRASIL. CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO 
SINDICATO NACIONAL DOS EDITORES DE LIVROS, RJ
F443m
Ferreira, Ricardo C. Alves
Metodologia do ensino de futebol e futsal / Ricardo C. Alves Ferreira. - 
1. ed. - Curitiba [PR] : IESDE, 2020. 
128p. : il.
Inclui bibliografia
ISBN 978-85-387-6667-4
 1. Futebol - Esporte. 2. Futsal - Esporte. 3. Educação física - 
Estudo e ensino. 4. Professores de educação física - Formação. 5. Prática de 
ensino. I. Título..
20-64482 CDD: 796.3348071
CDU: 796.33(07)
Ricardo C. Alves 
Ferreira
Doutorando em Ciências do Movimento Humano pela 
Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Mestre 
em Engenharia Biomédica, com foco em fisiologia 
do exercício, e graduado em Educação Física pela 
Universidade do Vale do Paraíba (Univap). Professor no 
ensino superior, ministrando as disciplinas de Futebol 
e Futsal, Aprendizagem e Desenvolvimento Motor, 
Fisiologia do Exercício, Biomecânica e Educação Física 
Adaptada e Atividade Física em Condições Especiais. É 
preparador físico e fisiologista em equipes de futebol 
profissional, com experiência no Brasil e no exterior.
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
meio de QR codes (códigos de barras) presentes 
no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
para o QR code.
Em alguns dispositivos é necessário ter instalado 
um leitor de QR code, que pode ser adquirido 
gratuitamente em lojas de aplicativos.
Vídeos
em QR code!
SUMÁRIO
Agora é possível acessar os vídeos do livro por 
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no início de cada seção de capítulo.
Acesse os vídeos automaticamente, direcionando 
a câmera fotográ�ca de seu smartphone ou tablet 
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Vídeos
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1 A história do futebol e do futsal 9
1.1 Origem e evolução do futebol 10
1.2 Futebol no mundo 12
1.3 Futebol no Brasil 16
1.4 Aspectos socioculturais 19
1.5 Origem e evolução do futsal 20
2 O ensino de futebol e de futsal 24
2.1 Reflexões acerca da formação do professor 25
2.2 Ambiente de aprendizagem 27
2.3 Métodos de ensino 29
2.4 Abordagens pedagógicas 32
2.5 Pedagogia dos jogos 35
2.6 Iniciação esportiva e capacidades motoras 37
3 Fundamentos técnicos do futebol e do futsal 41
3.1 Passe 42
3.2 Domínio 43
3.3 Condução 44
3.4 Drible 45
3.5 Chute 46
3.6 Cabeceio 48
3.7 Ações do goleiro 49
3.8 Relação jogador-bola 50
4 Princípios táticos do jogo 53
4.1 Modelo de jogo 54
4.2 Momentos do jogo 55
4.3 Princípios de jogo 58
4.4 Funções e posições no futebol 60
4.5 Sistemas táticos no futebol 61
4.6 Funções e posições no futsal 63
4.7 Sistemas táticos no futsal 64
5 Fisiologia e preparação física 69
5.1 Demandas fisiológicas 70
5.2 Treinamento do jovem 76
5.3 Jogos condicionantes 81
5.4 Avaliações físicas e controle de treinamento 83
6 A regra do jogo 89
6.1 Regras do futebol 89
6.2 Adaptações para categorias de base no futebol 97
6.3 Regras do futsal 99
6.4 Adaptações para categorias de base no futsal 103
7 Futebol e futsal na escola: currículo, desafios e possibilidades 106
7.1 Papel do professor 107
7.2 Currículo de formação 110
7.3 Entendendo o contexto escolar 117
7.4 Planejando a aula 118
7.5 Futebol e futsal como ferramentas de desenvolvimento humano 122
Gabarito 125
Tanto o futebol quanto o futsal têm forte apelo na sociedade brasileira e 
possuem vínculos com aspectos culturais. Poucas manifestações artísticas e 
esportivas representam tão bem a cultura brasileira como esses esportes, que 
possuem estilos próprios e personificam o estereótipo do brasileiro. Com o 
tempo, eles evoluíram e ganharam proporção de espetáculo, movimentando 
muito dinheiro e interesses às vezes escusos, mas, mesmo assim, sem 
perderem sua força de encantamento junto aos jovens e às crianças. 
A sociedade também se modificou. As grandes áreas e o espaço fértil 
para a brincadeira informal perderam lugar para a urbanização, e o futebol 
aprendido em ruas, campinhos e vielas agora passa a ser responsabilidade de 
professores em escolinhas e outros ambientes formais. 
Nesta obra, são levantadas questões importantes para o desenvolvimento 
do jovem nas modalidades, como aspectos pedagógicos e metodológicos 
aplicados ao futebol e ao futsal, abordando os meios de potencializar a 
aprendizagem técnica, tática, física e psicológica, além de apresentar as 
particularidades do processo de crescimento e maturação, as regras, as leis 
e os direitos que regem os esportes. Tudo isso sem se desconectar de uma 
visão holística, pautada no entendimento de que o futebol e o futsal são 
construídos sob relações humanas e aliados à força atrativa que o esporte 
tem para ser utilizado como ferramenta de educação e de construção de 
valores de cidadania.
O objetivo desta obra é oferecer informações e induzir reflexões para que 
você consiga, por meio do senso crítico, encontrar soluções para os diversos 
desafios que emergirem durante sua caminhada como educador-treinador.
Bons estudos.
APRESENTAÇÃO
A história do futebol e do futsal 9
1
A história do futebol 
e do futsal
O futebol é, sem dúvida, um dos esportes mais praticados no 
mundo. Os números contabilizam algo em torno de 265 milhões 
de pessoas o praticando em todo o planeta – além dos adeptos, 
torcedores e admiradores mundo afora. Muito mais do que so-
mente uma mera atividade esportiva, esse esporte se tornou um 
fenômeno global que influencia costumes e hábitos. No Brasil, o 
futebol e o futsal invadem a vida cotidiana das pessoas, o que o 
aproxima muito mais de um conceito de dimensão cultural. Para 
perguntas como “o que você vai ser quando crescer?”, nãoé difícil 
escutar a resposta: “quero ser jogador(a) de futebol”.
Já reparou que usamos metáforas futebolísticas em nossas con-
versas quase a todo momento? Quando algo nos agrada, foi “show 
de bola”, se alguém foi desprezado, foi colocado “para escanteio”, 
a quase conquista de um objetivo significa que “bateu na trave”.
Tanta influência na vida das pessoas já justificaria tal curiosida-
de em entender melhor esse fenômeno e como atingiu tamanha 
magnitude. Mas compreender a importância dele como elemento 
e parte integrante de uma sociedade é um dos papéis do educa-
dor, já que um esporte com tanta força e relevância pode ser uti-
lizado como ferramenta de educação, proporcionando inclusão 
social, oportunidades, acesso à informação e assistencialismo.
De fato, não é só futebol, caso seja um apreciador da modali-
dade, você pode, de repente, ter várias informações a respeito do 
futebol moderno, mas você sabe como esse esporte começou? 
A partir de agora te convidamos a uma viagem na história pelas 
lentes do futebol.
1.1 Origem e evolução do futebol
Vídeo O esporte que conhecemos por futebol teve origem e se desenvol-
veu na Inglaterra no século XIV, porém versões alternativas do jogo 
podem ter existido muito antes, em locais distintos e distantes. As in-
formações sobre esses jogos com bola, ancestrais do futebol, são im-
precisas, mas eles existiram e são considerados parte fundamental da 
história do esporte.
Há grandes indícios de que o futebol tenha surgido na China, e 
evidências levam os historiadores a crer que um jogo praticado com 
gestos técnicos semelhantes ao que vemos no futebol de hoje era 
praticado durante a dinastia Han, cerca de dois séculos a.C. Em um 
espaço determinado e com gols nas duas extremidades, além de uma 
espécie de rede presa a dois postes de bambu, os chineses chutavam 
um objeto esférico feito de couro recheado com pele ou penas. Esse jogo 
era chamado de cuju, que significa chutar bola. A prática era comumente 
usada para treinamento militar (KITCHING, 2015, GOLDBLATT, 2007).
Alguns fatos também apontam para o Japão, mais precisamente em 
Kyoto, durante o período Asuka (500-700 a.C.). Os japoneses pratica-
vam um jogo conhecido como Kemari, que tinha algo ritualístico e ceri-
monial em seu conceito, e a ideia básica era chutar a bola para cima, 
fazendo com que os demais participantes precisassem golpeá-la sem-
pre para o alto.
Os povos romanos também praticavam jogos envolvendo diferentes 
tipos de bolas, por exemplo, um jogo chamado harpastum. Acredita-se 
que este possa ter sido adotado e adaptado de um jogo grego chamado 
episkyros, após o domínio Romano. Esses jogos, em particular, também 
são muito similares ao rúgbi, mas, ainda assim, eles representam formas 
ancestrais do futebol e, como o cuju na China, o harpastum parece estar 
bastante associado a treinamento e preparação militar.
Stray Toki/Shutterstock
Figura 1
Representação do Kemari em 
evento folclórico no Japão
10 Metodologia do ensino de futebol e futsal
https://academic.oup.com/hwj/search-results?f_Authors=Gavin+Kitching
A história do futebol e do futsal 11
A prática de golpear uma bola parece atrair o ser humano há 
muito tempo. Jogos contendo bolas estão presentes em quase todas 
as culturas antigas ao redor do mundo. Exemplos ocorrem nas velhas 
culturas mesoamericanas há mais de três mil anos, de acordo com 
achados transcritos em rochas. É interessante o fato de que esses 
povos tinham uma exclusividade na característica do jogo: a bola 
quicava. Isso ocorria porque somente eles tinham a borracha, típica 
das florestas indígenas tropicais.
O jogo tinha algo de ritual religioso e místico, fragmentos arqueo-
lógicos mostram que locais próprios para abrigar espectadores eram 
construídos, com uma espécie de arquibancada de pedras. A bola de 
borracha variava de tamanho, era movida entre uma linha central e 
golpeada por dois oponentes ou dois times que se utilizavam dos 
ombros, das canelas, dos quadris e das nádegas. Há vestígios de 
variações desses jogos mesoamericanos e imprecisões quanto aos 
rituais de sacrifício associados a eles, mas é possível, ainda, observar 
jogos muito similares nas culturas indígenas atuais (KITCHING, 2015; 
GOLDBLATT, 2007).
1.1.1 Futebol na Idade Média
Por volta do século IX, pessoas chutavam bolas feitas de bexiga de 
porco nas ruas como forma de diversão. Alguns séculos depois, joga-
dores possuíam algo mais similar a uma bola e o esporte era pratica-
do em áreas abertas de grande escala, como grandes áreas verdes ou 
em estradas. Entretanto, não havia nenhuma regra, eram permitidos, 
então, empurrões, socos e pontapés, e parte do jogo era extrema-
mente rude e violento. Com um número incontável de jogadores que 
tentavam chegar a determinadas áreas carregando a bola, frequente-
mente as partidas eram disputadas entre duas cidades ou vilas, com 
o objetivo de chegar aos limites da cidade – alternativamente, o jogo 
poderia ser dividido entre idade ou casados e solteiros. Um jogo pa-
recido chamado La Soule era, também, praticado aproximadamente 
nesse período e parece ter se disseminado na França.
Eventualmente, o jogo ficava extremamente violento, o que o tornava 
alvo de críticas. O Rei Edward III baniu o jogo em 1365 devido à sua extre-
ma violência e o Rei James I da Escócia o proibiu em 1424.
https://academic.oup.com/hwj/search-results?f_Authors=Gavin+Kitching
Um outro exemplo de jogo similar, praticado fora 
das áreas anglo-saxônicas e célticas, também con-
siderado como precursor do futebol, é o Gioco del 
Calcio. Era praticado no período medieval e início da 
era moderna em Florença, na Itália, até quase desa-
parecer – possivelmente banido na metade do século 
XVIII. Hoje, sobrevive somente como espetáculo para 
turistas. As regras desse jogo foram publicadas por 
Giovanni Bardi, em 1580.
1.2 Futebol no mundo
Vídeo O século XIX pode ser considerado um marco importante para o 
futebol, já que a prática do jogo de bola já era bastante popular por ser 
um modo comum de diversão entre o povo. Entretanto, era, de certa 
maneira, discriminado pela aristocracia que, até então, preferia o crí-
quete e o jóquei. Apesar da disseminação da prática, uma característica 
ainda permanecia: a falta de padronização do modo de jogar. Por um 
longo período, não era clara a distinção entre futebol e rúgbi, havendo 
muitas variações relacionadas ao tamanho da bola, ao número de joga-
dores por equipe, à dimensão do campo e ao tempo de duração.
O jogo era frequentemente praticado em escolas, as mais tradicio-
nais eram a Rugby e a Eton. Na Escola Rugby, por exemplo, as regras 
permitiam segurar e correr com a bola nas mãos, dando origem ao rú-
gbi que conhecemos hoje. Na Eton, em contrapartida, a bola era gol-
peada com os pés; assim, o jogo praticado nessa escola era chamado 
de the dribbling game, ou seja, o jogo de driblar. Enquanto o da Rugby 
era chamado de the running game, traduzido como o jogo de correr.
Em 1848, Charles Thring, estudante da Universidade de Cambridge, 
surgiu com a primeira tentativa de um código universal, as 
regras de Cambridge. Essa ação é considerada 
o momento crucial no desenvolvimento 
do futebol, com estudantes das várias 
escolas se unindo para criar um código 
que agradaria a todos. Entretanto, 
não foi fácil, pois, anos depois, 
Figura 3
Modelo de chuteira e bola 
utilizados no séc. XIX
BrBtBB/Shutterstock
12 Metodologia do ensino de futebol e futsal
Figura 2
Selo em que está impresso o jogo praticado em 1827
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A história do futebol e do futsal 13
cada uma das principais escolas – Eton, Harrow, Rugby, Westminster, 
Winchester, Marlborough e Charterhouse – continuava utilizando suas 
próprias versões do futebol. Até 1863, por exemplo, a prática de carregar 
a bola com as mãos ainda ocorria em várias escolas.
Figura 4
Pintura representando a prática que deu origem ao futebol
Br
es
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W
ik
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ed
ia
 C
om
m
on
s
Podemos perceber queas dimensões do campo não eram claras. Constantemente, os 
expectadores do lado de fora recolocavam a bola em jogo com os pés, não sendo possível 
estabelecer quem era jogador ou expectador.
O desenvolvimento inicial de regras ajudou a tornar o futebol um jogo 
menos violento e brutal. O estabelecimento de regras continuou ao longo 
dos anos, sem, até aquele momento, a definição do tamanho do campo. 
O número de jogadores era variado de acordo com o tamanho do campo, 
não havia uniformes para distinguir os jogadores de uma mesma equipe e 
era comum os jogadores usarem chapéus durante a prática.
Em 1867, os representantes dos onze clubes londrinos e 
universidades marcaram uma reunião na Taverna Freemason para 
discutir os princípios e os valores morais do jogo, nascendo, assim, a 
Football Association, ou Associação do Futebol, primeira associação do 
que conhecemos hoje como futebol (AGOSTINO, 2011).
1.2.1 Profissionalismo
Em 1872, foi disputada a primeira Football Association Cup, conheci-
da como FA CUP, uma tradicional competição atualmente. Pelas regras 
da Associação de Futebol, os jogadores teriam que continuar sendo 
Era possível observar uma 
interessante diferença de estilos 
naquela época: enquanto as 
equipes da Inglaterra preferiam 
correr para frente, verticalizando 
o jogo, os escoceses tinham 
um estilo de jogar priorizando 
a troca de passes entre os 
jogadores. Isso acontecia, talvez, 
pela forte influência do rúgbi na 
forma inglesa de jogar.
Curiosidade
14 Metodologia do ensino de futebol e futsal
amadores e seria proibida qualquer compensação financeira para jogar 
por qualquer time. Mas os jogadores se mostraram insatisfeitos com o 
fato de terem que trabalhar em fábricas e ainda treinarem, enquanto os 
clubes cobravam ingressos para os expectadores assistirem às partidas.
A popularidade do esporte continuou aumentando e o número de 
expectadores também. A partir desse momento, os clubes passaram 
a pagar por seus jogadores. Para atrair mais público e conquistas, 
donos das equipes – muitas delas atreladas a fábricas – contratavam 
jogadores de outras regiões, iniciando, assim, a caracterização da 
profissionalização do futebol.
A Federação Internacional de Futebol (FIFA) foi fundada em 1904 
e sua ata de fundação contou com signatários de representantes da 
França, da Bélgica, da Dinamarca, dos Países Baixos, da Espanha, da 
Suécia e da Suíça. A Inglaterra e os outros países britânicos não se 
juntaram ao grupo no início, pois diziam que, como eles inventaram o 
jogo, não faria sentido serem subordinados a nenhuma associação. Os 
britânicos passaram a participar da associação no ano seguinte.
No início do século XX, vários países já tinham suas ligas domésti-
cas formadas e, em 1930, a FIFA organizou seu primeiro campeonato 
mundial de seleções, a primeira Copa do Mundo. Essa competição foi 
realizada no Uruguai, escolhido para comemorar o centenário da sua 
constituição. Após esse ano, o torneio mais importante de futebol, que 
até então ocorriam nos Jogos Olímpicos, passou a ser na Copa. As ligas 
domésticas se estabeleceram e aumentaram o número de participan-
tes, obrigando a criação de segundas e terceiras divisões.
Em 1991, a primeira Copa do Mundo para mulheres foi organizada 
com sede na China e, desde então, a cada quatro anos o evento acon-
tece, assim como na categoria masculina.
1.2.2 Globalização
As confederações surgiram para diferentes continentes, a criação delas 
fomentou a profissionalização e fortaleceu o esporte. A Confederação 
Sul-Americana de Futebol (Conmebol), entidade que rege o futebol 
sul-americano e é responsável por organizar as competições eliminatórias 
da Copa do Mundo da América do Sul, foi criada em 1916. Em junho de 
1954, surgiu a União das Associações Europeias de Futebol (UEFA). No 
mesmo ano, foi criada a Confederação Asiática de Futebol (AFC). Já em 
Figura 5
Linha do tempo com a 
inserção de algumas das 
regras do futebol moderno 
Fonte: Elaborada com base em FIFA, 2017; 
FIFA, 2020a; FIFA, 2020b
1871
Inserção do pênalti 
no jogo.
1909
Diferenciação do 
goleiro, que passa a 
usar cores diferentes 
dos demais jogadores.
1970
Introdução dos 
cartões amarelo e 
vermelho na Copa.
1992
Proibição do uso das 
mãos pelo goleiro 
após um recuo.
1992
Punição para 
carrinhos por trás 
com cartão vermelho 
direto.
2018
Utilização do VAR 
(Video Assistant Referee) 
na Copa do Mundo 
da Rússia para lances 
duvidosos.
A história do futebol e do futsal 15
1957 e 1961 foram criadas, respectivamente, a Confederação Africana de 
Futebol (CAF) e a Confederação de Futebol da América do Norte, Central e 
Caribe (Concacaf). Um pouco mais tarde, em 1966, surgiu a Confederação 
de Futebol da Oceania (OFC).
No fim do século XIX, havia somente alguns clubes de futebol. Inglaterra 
e Escócia tinham os primeiros jogos de clubes se enfrentando por volta 
dos anos 1870, atualmente são mais de 211 países associados à FIFA.
Além disso, devido à globalização, houve um grande aumento de 
países que participam das eliminatórias classificatórias para a Copa do 
Mundo; em 1934 eram 32 países e hoje são mais de 200 participantes.
Quadro 1
Copas do Mundo realizadas pela FIFA
ANO CAMPEÃO PLACAR VICE SEDE
1930 Uruguai 4 x 2 Argentina Uruguai
1934 Itália 2 x 1 Tchecoslováquia Itália
1938 Itália 4 x 2 Hungria França
1950 Uruguai 2 x 1 Brasil Brasil
1954 Alemanha Ocid. 3 x 2 Hungria Suíça
1958 Brasil 5 x 2 Suécia Suécia
1962 Brasil 3 x 1 Checoslováquia Chile
1966 Inglaterra 4 x 2 Alemanha Ocid. Inglaterra
1970 Brasil 4 x 1 Itália México
1974 Alemanha Ocid. 2 x 1 Países Baixos Alemanha Ocid.
1978 Argentina 3 x 1 Países Baixos Argentina
1982 Itália 3 x 1 Alemanha Ocid. Espanha
1986 Argentina 3 x 2 Alemanha Ocid. México
1990 Alemanha Ocid. 1 x 0 Argentina Itália
1994 Brasil 0 x 0 (3x2 nos pênaltis) Itália E.U.A.
1998 França 3 x 0 Brasil França
2002 Brasil 2 x 0 Alemanha Japão/Coreia do Sul
2006 Itália 1 x 1 (5x3 nos pênaltis) França Alemanha
2010 Espanha 1 x 0 Países Baixos África do Sul
2014 Alemanha 1 x 0 Argentina Brasil
2018 França 4 x 2 Croácia Rússia
Fonte: Elaborado pelo autor com base em FIFA, 2020c.
A partir da Copa de 1954, na Suíça, um marco selou o destino do fu-
tebol: a invenção da televisão. A transmissão dos jogos para oito países 
16 Metodologia do ensino de futebol e futsal
europeus colocava um fim no monopólio exercido pelo rádio. Em 1958, 
na Copa da Suécia, primeira vencida pelo Brasil, quase todos os países da 
Europa puderam acompanhar a transmissão ao vivo, enquanto outros 
continentes assistiam os jogos com aproximadamente um dia de atraso. 
Já em 1966, na Inglaterra, as redes de televisão começaram a 
pagar direitos de transmissão, já operando satélites artificiais que 
possibilitavam que os jogos ao vivo fossem vistos por dois bilhões de 
pessoas. Só a final entre Inglaterra e Alemanha mobilizou trinta e seis 
países e cerca de 400 milhões de telespectadores (AGOSTINO, 2011).
Daí em diante, fica ainda mais clara a projeção alcançada. Com 
maior interesse televisivo em transmitir jogos e mais marcas atraí-
das pelo crescente número de consumidores, o esporte alcança um 
patamar no qual os interesses esportivos se confundem com os co-
merciais. Isso fica evidente quando observamos o número de placas de 
patrocinadores espalhadas pelo campo, a quantidade de anúncios nas 
transmissões e nas camisas das equipes envolvidas, além das partidas 
sendo jogadas em horários que atendam à grade televisiva.
1.3 Futebol no Brasil
Vídeo Você sabe quem foi Charles Miller? Ao mencionar a origem do fute-
bol no Brasil, o grande expoente é, sem dúvida alguma, Charles Miller, 
figura conhecida quando se trata do assunto.
Segundo Agostino (2011), diferentemente do que você possa 
imaginar, o futebol já era jogado aqui no Brasil antes da icônica 
chegada de Charles Miller ao porto de Santos. Assim como em outras 
cidades pelo mundo (Buenos Aires, Rio de Janeiro, Gênova, Hamburgo), 
a disseminação do futebolse deu pelos próprios ingleses comerciantes, 
engenheiros de estradas de ferro, instaladores de linhas de telégrafo, 
estudantes ou educadores, e marinheiros ou soldados. Todos eram 
jogadores em potencial, fazendo demonstrações do jogo em cidades 
portuárias.
No entanto, um marco para a disseminação do esporte foi o 
entusiasmo de Charles Miller, quem apresentou a modalidade de 
maneira organizada aos clubes esportivos da época. Por esse motivo é 
considerado por muitos o “pai” do futebol no Brasil. Nascido no Brasil e 
filho de um escocês e uma brasileira de origem inglesa, ele passou boa 
parte da sua infância e adolescência estudando na Inglaterra, e foi lá 
Recomendamos a 
minissérie The English 
Game, produzida pela 
Netflix. A história se passa 
na Inglaterra no final 
do séc. XIX e mostra a 
transformação do futebol 
junto aos dilemas da 
sociedade da época.
Direção: Tim Fywell. Inglaterra: 
Netflix, 2020.
Série
A história do futebol e do futsal 17
que aprendeu a jogar o recém-criado futebol moderno. Ao voltar para 
o Brasil, em 1894, para trabalhar em uma companhia de ferro, Miller 
trouxe consigo duas bolas, uma bomba para enchê-las, um apito e um 
livro de regras universais (OLIVEIRA, 2012).
Apesar de separados por muitas barreiras, trabalho e lazer se com-
pletavam, não sendo poucos aqueles que viam o último como uma 
compensação para os sacrifícios que o primeiro impunha. Outra rea-
lidade, também bastante significativa para a difusão do jogo, foi a sua 
promoção por meio das próprias companhias capitalistas, em muitos 
casos considerando o esporte um mecanismo de disciplina e desenvol-
vimento físico e moral dos trabalhadores (AGOSTINO, 2011).
O futebol parece estar totalmente integrado ao modo de viver do 
Brasileiro, a realidade é que a química do Brasileiro com o futebol, 
as interferências socioeconômicas e os atalhos encontrados para 
a prática do esporte criaram um enredo próprio. (CARVALHO, 
2012, p. 311)
O brasileiro se adaptou ao modo de jogar, o “jeitinho brasileiro” ou 
futebol arte, como já ouvimos falar, nasceu de uma longa trajetória, 
influenciada pela corrente migratória e pelas colônias britânicas e fran-
cesas. Essa mistura de características proporcionou ao brasileiro seu 
estilo próprio, além da criatividade e da capacidade de improvisação. O 
Brasil é hoje o país com o maior número de títulos de Copa do Mundo 
e reconhecidamente uma das potências do esporte.
A Confederação Brasileira de Desportos (CBD) era a entidade res-
ponsável pelo futebol no Brasil. De 1933 até 1954, a competição 
principal era o Torneio Rio-São Paulo, que só era disputado 
por clubes desses estados. A partir de 1967, a competição pas-
sou a contar com a participação de clubes de outros estados, 
já com o nome de Torneio Roberto Gomes Pedrosa, ou 
“Robertão”. O primeiro Campeonato Brasileiro de 
Futebol, popularmente conhecido como Brasileirão, 
ocorreu em 1971. E, em 24 de setembro de 1979, foi criada a Confe-
deração Brasileira de Futebol (CBF) com a prerrogativa de garan-
tir a gestão independente do futebol brasileiro e das seleções 
brasileiras de futebol.
O futebol feminino, por sua vez, durante muito tempo foi 
marginalizado e alvo de preconceito por 
conta das políticas nacionais. Em 1941, 
Figura 6
Pelé, considerado o Rei do 
Futebol
Bonkers/Wikimedia Commons
Roberto Gomes Pedrosa, nome 
dado ao antigo campeonato bra-
sileiro de clubes, foi um jogador 
de futebol que iniciou sua carrei-
ra no Botafogo, disputou a Copa 
do Mundo de 1934 pela Seleção 
Brasileira e, posteriormente, 
tornou-se um importante 
dirigente, ocupando o cargo de 
presidente da Federação Paulista 
de Futebol.
Curiosidade
18 Metodologia do ensino de futebol e futsal
foi assinado um decreto que proibia a prática esportiva alegando-se 
não ser condizente com a natureza feminina. Assim, as mulheres foram 
proibidas de participarem de modalidades como futebol, futsal, rúgbi, 
halterofilismo, lutas e etc.; esse decreto foi revogado somente em 1979 
(BASTOS; NAVARRO, 2009).
A inserção da mulher no futebol e no futsal encontra forte relação 
com os espaços e papéis conquistados na sociedade, por meio da des-
construção, ainda que pequena, da imagem do futebol como sendo um 
esporte somente para homens. Hoje, após muito custo e luta, o futebol 
feminino vem ganhando uma projeção importante, tendo sido criados 
torneios nacionais e ligas. Estimulados pelas federações, os tradicionais 
clubes passaram a contar com equipes de mulheres e dispor de cam-
peonatos organizados pela CBF, transmitidos por emissoras televisivas. 
A ideia é de massificar o esporte e desconstruir preconceitos, atraindo 
mais praticantes, potencializando, assim, o desenvolvimento das atletas.
Quadro 2
Campeonatos organizados pela CBF
Masculino Feminino
Campeonato Brasileiro (Séries A, 
B, C, D)
Copa do Brasil
Copa do Nordeste
Copa Verde
Super Copa do Brasil
Campeonato Brasileiro – Série A1
Campeonato Brasileiro – Série A2
Copa do Brasil
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Futebol..., 2020.
A partir de 2010, a CBF passou a reconhecer os campeões dos tor-
neios disputados entre 1959 e 1970 – o conhecido “Robertão” – com 
títulos de campeão brasileiro.
O futebol brasileiro é marcado pelo forte equilíbrio na disputa pelo 
título de campeão, enquanto em outras partes do mundo os vence-
dores se limitam a três ou quatro equipes que se revezam historica-
mente. No Brasil, dezessete clubes já ganharam o título da principal 
competição nacional, o Campeonato Brasileiro.
O livro Vencer ou morrer: futebol, 
geopolítica e identidade nacional 
mergulha profundamente nos 
aspectos sociopolíticos que 
envolveram o futebol ao longo de 
sua história, as relações internas 
entre o Estado e a bola e a paixão 
do torcedor como instrumento de 
interesses pessoais. 
AGOSTINO, G. Rio de Janeiro: 
FAPERJ: 2. ed.: Mauad, 2011.
Livro
A história do futebol e do futsal 19
1.4 Aspectos socioculturais
Vídeo Assim como na Inglaterra, o futebol que antes era praticado de ma-
neira bastante informal passou a ganhar espaço nos clubes elitistas. 
Com o objetivo de impedir o acesso das classes sociais menos favore-
cidas, os primeiros torneios disputados não contavam com a partici-
pação da classe operária, os clubes estabeleciam rígidas demarcações 
sociais e os colégios onde se praticavam o esporte só aceitavam o perfil 
de estudantes da alta sociedade paulistana (CARVALHO, 2012).
Os principais times eram formados por profissionais liberais, ser-
vidores públicos e acadêmicos, e eram maioria nos campeonatos nos 
bairros elitistas. Os negros começaram a se apresentar na modalidade 
aos poucos até ganharem espaço. Isso começou a ocorrer somente em 
1923, por meio do clube Vasco da Gama, que tem origem popular e 
oportunizou a prática do esporte.
1.4.1 A Violência no futebol
O futebol possui uma capacidade incomum de unir povos, conectar 
culturas, romper idiomas e aproximar diferenças religiosas e étnicas. 
Entretanto, é importante ressaltar que esse mesmo futebol não está 
isento das mazelas da sociedade e tem sido marcado por demons-
trações de violência e vários tipos de intolerância ao longo do tempo. 
Relatos envolvendo a violência no futebol são tão antigos quanto as 
próprias regras (AGOSTINO, 2011).
Como um esporte com características tão democráticas e que 
transmite tanta alegria e paixão pode ser ao mesmo tempo tão violento? 
O futebol reflete uma microssociedade compreendida em uma sociedade 
maior, ou seja, ele revela uma face escondida na própria pessoa inserida 
dentro dessa macrosociedade. Essa pessoa invariavelmente encontra 
refúgio em grupos de torcedores com os quais se identificam, para expor 
comportamentos de racismo, homofobia e misoginia. Assim também 
acontece em redes sociais, manifestações políticas e etc.
1.4.2 O marketing e o capitalismo
O futebol tornou-se um esporte de bilhões, clubes grandes arre-
cadam com patrocinadores, venda dos direitos federativos do atleta, 
exposição de suas marcas, direitosde imagem e venda de camisas e 
20 Metodologia do ensino de futebol e futsal
de ingressos. Dessa forma, contratam jogadores cada vez mais caros e 
pagam salários exorbitantes, recebendo, em troca, mais possibilidades 
de conquistas esportivas e maior retorno financeiro.
Com a transformação do futebol, agentes e empresários encontra-
ram a mina de ouro descobrindo potenciais talentos, cheios de sonhos, 
e depositando neles toda a expectativa de uma valorização e futura 
venda. Não é incomum, nesse meio, histórias nas categorias de base de 
jovens jogadores utilizados por investidores e especuladores que “cui-
dam dos atletas” e depois os vendem para faturar fabulosas quantias 
sem se importar com a formação humana dos jogadores.
Esse panorama reflete a realidade de poucos clubes e jogadores. A 
maior parcela da classe, na verdade, enfrenta duras realidades, com sa-
lários baixos e muitas vezes atrasados, pouca ou nenhuma infraestru-
tura, além de clubes que só disputam campeonatos estaduais. Ou seja, 
esses jogadores só têm seus empregos por quatro meses, demonstran-
do a imensa diferença na pirâmide socioeconômica, assim como ocorre 
em outros setores em nossa sociedade.
As brilhantes conquistas obtidas pelas seleções brasileiras ao longo 
da história exacerbaram o sentimento de amor pelo esporte e, junto 
a isso, a identificação com o estereótipo do jovem pobre que se torna 
um astro bem-sucedido – principalmente em um país com séria desi-
gualdade social. Os jogadores de futebol passam a ser ídolos e heróis 
de crianças e jovens. Estes veem no futebol a oportunidade de mudar 
de vida. Boa parte destes jovens, entretanto, não chega a se tornar pro-
fissional e muitos dos que se tornam não chegam nem perto de con-
quistar as fortunas dos craques dos grandes clubes. Sendo essa uma 
realidade que abrange menos de 5% dos atletas profissionais.
1.5 Origem e evolução do futsal
Vídeo Assim como em vários outros esportes, divergências existem 
com relação à história do futsal, porém podemos afirmar que é um 
jogo nascido na América do Sul. Na década de 1930, o futebol já era 
extremamente popular e amplamente massificado, sendo o esporte 
preferido em clubes e escolas.
No Uruguai, o professor de Educação Física Juan Carlos Ceriani 
adaptou o tradicional jogo de futebol para a sua realidade. Para jogar 
futebol, eram necessários 22 jogadores e um campo de dimensões 
O filme Boleiros, Era uma 
vez o futebol traz em seu 
enredo histórias caricatas 
do futebol do século 
passado contadas por um 
grupo de ex-jogadores 
nostálgicos.
Direção: Ugo Giorgetti. Brasil: Paris 
Filmes, 1998.
Filme
A história do futebol e do futsal 21
enormes, além dos fatores ambientais. Assim, para facilitar o jogo, ele 
foi adaptado a um ginásio desportivo, especificamente nas demarca-
ções da quadra de basquete do clube, utilizando traves do handebol.
As divergências surgem porque em um período bem próximo, na 
década de 1940, o Futebol de Salão passou a ser jogado no Brasil. O 
professor Habib Maphuz, de uma escola em São Paulo, também teve 
a ideia de adaptar sua aula de futebol para um espaço menor e com 
menos participantes, possibilitando a prática do esporte aos moldes 
possíveis. No Brasil, esse esporte se massificou rapidamente, e as esco-
las tiveram um grande papel nesse sentido. O país também foi o maior 
divulgador da modalidade, incentivando sua internacionalização.
Em 1965, o esporte já havia se difundido por toda a América do Sul, 
resultando na criação da Confederação Sul-Americana de Futebol de 
Salão, composta por Uruguai, Paraguai, Peru, Argentina e Brasil. Após 
sua vinculação à FIFA, em 1989, o futsal começou a ter grandes torneios 
organizados, permitindo que a modalidade alcançasse uma grande vi-
sibilidade mundial.
Mas qual é o nome correto, futsal ou futebol de salão? Bom, é im-
portante que saibamos que não estamos falando do mesmo esporte. 
Apesar de ser bastante comum usarmos os dois termos, o futsal teve 
sua origem no futebol de salão; inclusive seu nome é uma abreviação 
do esporte original.
Devido à sua enorme projeção e na tentativa de normatizar as 
regras do esporte que se praticava aqui na América do Sul com as do 
indoor soccer praticado na Europa, para torná-lo um esporte olímpico, 
as regras do futebol de salão se modificaram. Com isso, popularizou-se 
sem perder as referências do esporte original, surgindo, assim, o futsal.
Segundo Bastos e Navarro (2009), o futsal é o desporto que apre-
senta o maior número de equipes e de atletas, participantes dos jogos 
escolares em todas as suas categorias, inclusive com um grande cresci-
mento na área feminina. O desenvolvimento do futsal entre as mulheres 
cresce em todo planeta. A mídia especializada considera as jogadoras 
brasileiras as melhores do mundo, além de serem hexacampeãs do Tor-
neio Mundial de Futsal Feminino e da Copa América de Futsal Feminino.
1.5.1 Variações do futebol/futsal
O futebol e o futsal, apesar de não serem considerados esportes 
genuinamente brasileiros, ajudaram a fomentar modalidades coirmãs 
1969
Foi fundada a Confederação 
Sul-Americana de Futebol de 
Salão (CSAFS).
1971
Foi fundada a Federação 
Internacional de Futebol de Salão 
(Fifusa).
1985
Realizou-se, na Espanha, o 2º 
Campeonato Mundial de Futebol 
de Salão organizado pela Fifusa. 
Novamente o Brasil venceu.
1988
Diante das dificuldades da Fifusa 
e projetando um futuro melhor 
para o futebol de salão, ficou 
decidido que a FIFA passasse a 
comandar internacionalmente 
o esporte.
1989
Foi acordada a fusão FIFA/Fifusa 
e constituída, na FIFA, com 
previsão estatutária, a Comissão 
de Futsal.
1990
O Brasil desligou-se da Fifusa e 
passou a adotar as novas regras 
de jogo emanadas da FIFA.
1992
As Copas do Mundo de 
Futsal da FIFA passaram a 
ser realizadas de quatro em 
quatro anos, seguindo o 
mesmo modelo adotado para 
o futebol.
1982
No ginásio do Ibirapuera, em São 
Paulo, a Fifusa organizou o 1º 
Campeonato Mundial de Futebol 
de Salão, com a participação 
de Brasil, Argentina, Costa 
Rica, Checoslováquia, Uruguai, 
Colômbia, Paraguai, Itália, 
México, Holanda e Japão. O Brasil 
venceu a final contra o Paraguai 
por 1 a 0.
Figura 7
Linha do tempo de curiosi-
dades do esporte
Fonte: Elaborada pelo autor com base em O 
esporte..., 2020.
22 Metodologia do ensino de futebol e futsal
tipicamente brasileiras, que contaram com a criatividade e a improvi-
sação. Alguns desses esportes são muito praticados e já conquistaram 
projeção internacional.
 • Beach Soccer, ou futebol de areia: futebol, inicialmente praticado 
nas areias de Copacabana, que ganhou o mundo e hoje é um 
esporte olímpico.
 • Futevôlei: uma mistura interessante de futebol e vôlei amplamen-
te praticado nas cidades litorâneas brasileiras e que ultimamente 
vem ganhando espaço nas cidades, com locais construídos para 
sua prática.
 • Futebol society ou futebol de 5: praticado em grama sintética e 
bastante difundido nas cidades como forma de lazer, o futebol 
de 5 também é um esporte paraolímpico, jogado por cegos com 
uma bola com guizo.
 • Futmesa: modalidade que começou como recreação dos joga-
dores de futebol – durante momento de lazer no clube ou no 
vestiário antes de iniciar os treinos –, mas hoje já existem mesas 
próprias para sua prática.
Essas modalidades, além de outros jogos associados ao futebol, são 
comuns na nossa cultura e ajudam inclusive a abrir mercados alternativos. 
O freestyle, por exemplo, é o nome dado a arte de controlar a bola de ma-
neira livre, uma mistura de futebol com malabarismo que vem ganhando 
espaço em eventos esportivos, como demonstração e competição.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A história moderna do nosso país também pode ser contada por meio 
da evolução do futebol e do futsal. Ao aprofundar nossa visão histórica da 
modalidade, estamos também abrindo caminho para discutir os próximos 
rumos e o papel desses esportes como transformadores em uma socie-
dade moderna, tecnológica e mais individualista.O futebol está longe da neutralidade. Ele serviu, em diferentes contex-
tos, contra os poderes opressivos, e para ações revolucionárias. Desde sua 
origem, o esporte vem servindo para ideais nobres, como a paralisação de 
guerras civis, a luta a favor da liberdade e o combate à fome e ao racismo, 
mas também já serviu de ferramenta para ditadores e políticos oportunistas.
Portanto, contextualizar o futebol e o futsal dentro da sociedade 
possibilita aos educadores a criação de estratégias de utilização dessas 
modalidades de forte apelo cultural e aproximá-las de outras disciplinas e 
O livro O que é Futsal, de 
Silvia Vieira e Armando 
Freitas, traz um panora-
ma sobre a história da 
modalidade.
VIEIRA, S.; FREITAS, A. Santo André: 
Casa da Palavra, 2007.
Livro
A história do futebol e do futsal 23
áreas de conhecimento. Contar a história do mundo por meio do futebol, 
por exemplo, pode ser um meio de aproximar-se do educando. Ensinar 
geografia, sociologia ou matemática baseando-se na evolução do futebol 
pode parecer um impulso interessante.
ATIVIDADES
1. Estudar a história do futebol nos permite valorizar suas origens e 
manter seus valores. O futebol nasceu como um esporte lúdico e, 
como se vê, tornou-se uma grande indústria. Discuta essa ideia.
2. Apesar de ser um ambiente sempre recheado por machismo, hoje 
podemos ver mulheres na arbitragem e em competições nacionais 
organizadas pela CBF. Você acha que já podemos considerar que a 
mulher já conquistou seu espaço no país do futebol?
3. O futebol brasileiro é reconhecido por ser celeiro de craques, pois a cada 
geração temos um novo destaque chamando atenção dos grandes clubes 
europeus. Descreva esse fenômeno pelo viés sociocultural e histórico.
REFERÊNCIAS
AGOSTINO, G. Vencer ou morrer: futebol, geopolítica e identidade nacional. 2. ed. Rio de 
Janeiro: Mauad X, 2011.
BASTOS, P. V.; NAVARRO, A. C. O futsal feminino escolar. Revista Brasileira de Futsal e 
Futebol, São Paulo, v.1, n.2, p.144-162, 2009. 
CARVALHO J. E. Geopolitica: 150 anos de futebol. São Paulo: Ed. SESI-SP, 2012.
FIFA. London’s football history: Laws of the Game. FIFA, 2017. Disponível em: https://
www.fifa.com/the-best-fifa-football-awards/news/london-s-football-history-laws-of-the-
game-2902981. Acesso em: 21 maio 2020.
FIFA. From 1863 to the Present Day. FIFA, 2020a. Disponível em: https://origin.fifa.com/
about-fifa/who-we-are/the-laws/index.html. Acesso em: 21 maio 2020.
FIFA. History of the Laws of the Game - 1990-2000. FIFA, 2020b. Disponível em: https://
www.fifa.com/news/history-the-laws-the-game-1990-2000-435. Acesso em: 21 maio 2020.
FIFA. Archive. FIFA, 2020c. Disponível em: https://www.fifa.com/fifa-tournaments/archive/. 
Acesso em: 21 maio 2020.
FUTEBOL brasileiro. CBF, 2020. Disponível em: www.cbf.com.br/futebol-brasileiro. Acesso 
em: 21 maio 2020.
GOLDBLATT, D. The Ball is round: A Global History of Football. Ed Penguin UK, 2007.
KITCHING, G. Feature: modern sport: society and competition: the origins of football: 
history, ideology and the making of ‘the people’s game’. History Workshop Journal, v. 79, n. 
I, p. 127–153, 2015.
O ESPORTE da bola pesada que virou uma paixão. CBFS, 2020. Disponível em: https://www.
cbfs.com.br/futsal-origem. Acesso em: 21 maio 2020.
OLIVEIRA, A. F. Origem do futebol na Inglaterra no Brasil. Revista Brasileira de Futsal e 
Futebol, São Paulo, v.4, n.13, p.170-174, set./out./nov./dez. 2012. 
SARMENTO, C. E. A regra do jogo: uma história institucional da CBF. Rio de Janeiro: CPDOC, 
2006. 
24 Metodologia do ensino de futebol e futsal
2
O ensino de futebol 
e de futsal
A popularidade do futebol e do futsal é um fato facilmente 
observado em nosso país, onde escolinhas de futebol são muito 
comuns. O jogo de rua, antes aprendido de maneira natural 
e livre, é agora ensinado em espaços formais, seja em clubes 
representados pelas chamadas categorias de base, em instituições 
privadas (bastante comuns nos centros urbanos, geralmente com 
campos de grama sintética) ou em organizações públicas, escolas 
e secretarias de esportes. Dessa forma, o futebol de rua passa a 
ser mediado, surgindo a figura do professor-treinador, responsável 
por conduzir o ensino.
Nesse sentido, este capítulo pretende trazer reflexões acerca 
da importância desse professor-treinador na iniciação ao futebol e 
futsal e no seu ensino, assim como a relação com o ambiente que 
cerca esse indivíduo. Ciente da sua relevância, esse agente deve 
assumir protagonismo no processo de ensino-aprendizagem. O 
contrário disso significaria destinar ao acaso a plenitude da cons-
trução das habilidades esportivas.
Além disso, trataremos da importância da criação de ambientes 
favoráveis para que esse processo ocorra, a qual não se limita 
ao espaço físico, mas atinge todo entorno. Isso implica repensar 
a aula, pois cada aspecto se torna uma parte importante do 
todo nessa trajetória. O ensino de qualquer habilidade exige 
capacitação do profissional, mas esta é especialmente demandada 
dentro do ambiente esportivo, carregado de paradigmas e com 
forte ancoragem no empirismo, no qual a cobrança por resultados 
e o olhar competitivo precoce podem ser muitas vezes um grande 
empecilho para a formação. Por fim, discutiremos diferentes 
métodos de ensino, abordando os processos pedagógicos e a visão 
humanística, para que você domine o conteúdo e possa entender 
mais sobre como ensinar futebol e futsal.
O ensino de futebol e de futsal 25
2.1 Reflexões acerca da formação do professor
Vídeo Mundo afora, o Brasil sempre despertou atenção por sua 
capacidade de revelar talentos e praticar um futebol atrevido e 
criativo. Mas que fenômeno é esse? Será um dom? Há algo diferente 
no DNA do brasileiro que já nasce craque? Ao nos depararmos com 
uma criança talentosa com a bola nos pés, não é difícil escutarmos 
frases como: “esse já nasceu com o dom!” ou “esse é um goleador 
nato!”. Contudo, será mesmo que o inatismo tem tanta presença 
assim no talento?
Claro que questões genéticas podem interferir em vários fatores, 
por exemplo, quanto às capacidades físicas, o tipo de fibra muscular 
pode influenciar diretamente a capacidade de produção de força do 
indivíduo. Porém, o fator realmente determinante para a construção 
das habilidades é a interação com o ambiente. A criança aprende vi-
venciando e experimentando por meio da diversificação e da curiosida-
de e, de fato, o talento irá emergir das oportunidades oferecidas, pelo 
interacionismo.
De acordo com Reverdito, Scaglia e Paes (2009), é possível estabele-
cer uma diferença entre as visões inatista e interacionista:
Visão inatista
Traz a ideia de que o indivíduo já 
nasce com determinada habilidade; 
o talento está na sua herança gené-
tica e basta cuidar e esperar para 
que ele desabroche.
O talento é herdado.
Visão interacionista
O talento é fruto das relações com-
plexas entre o indivíduo e o am-
biente que o cerca. A pedagogia é 
baseada no planejamento de ações 
e na construção de tarefas que favo-
reçam o desenvolvimento.
O talento é construído.
Dessa forma, romper com antigas ideias e quebrar paradigmas do 
tipo “talento é genético” ou “está no sangue” é o primeiro passo para 
assumirmos as rédeas do ensino de qualidade, formando professores 
com visão ampla, que, em primeiro lugar, entendam o contexto em que 
estão inseridos (esporte educacional, especialização ou alto rendimen-
to), ou seja, para quem se está ensinando.
26 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O ensino de futebol evoluiu de uma prática empírica, pautada nas 
crenças e nos padrões que se repetem, ou seja, o professor reproduz o 
que ele aprendeu com seu professor que, por sua vez, também repassou 
o que sabia da maneira que aprendeu quando jogava. Além disso, o fute-
bol pode não conduzir ao alto rendimento, mas, ainda assim, não deixa de 
ter importância na vida da pessoa. Ele pode trazer valores fundamentais 
para a construção de uma sociedade melhor, como respeito, cordialidade, 
companheirismo,resiliência, além de saúde e bem-estar. Essa visão torna 
a formação e a capacitação do professor-técnico imprescindíveis, conside-
rando que, em mãos erradas, o esporte pode ter esses valores invertidos, 
tornando-se indisciplina, raiva, impaciência e intolerância. Segundo Freire 
(1989), por si só, o esporte não possui somente valores positivos. Ele pode 
ser tudo, a grande questão é o que fazemos dele.
Assim, inevitavelmente, surgem relevantes questionamentos: es-
tamos ensinando bem o futebol? Respeitamos as fases de desenvol-
vimento e permitimos a natural capacidade criativa do jogador, ou 
estamos extrapolando as exigências e mecanizando o ensino? Estamos 
oportunizando a aprendizagem democraticamente ou privilegiamos os 
mais hábeis tecnicamente ou mais aptos fisicamente? Estamos ensi-
nando somente o esporte em si ou proporcionando uma educação in-
tegral, alicerçada nos valores éticos e morais para a construção de uma 
sociedade justa e com indivíduos mais bem preparados?
Com base nessas perguntas, temos os seguintes pilares do ensino 
do futebol (FREIRE, 1998):
O futebol é um jogo de decisões a serem tomadas 
a todo momento, então, o sucesso depende da 
capacidade de tomar decisões corretas e em curto 
espaço de tempo. Portanto, saber estimular a cria-
tividade e a autonomia do aluno é imprescindível. 
Ensinar 
bem 
futebol
Ao longo dos anos, o futebol tem permanecido 
um esporte machista e excludente: meninas são 
desencorajadas a jogar desde cedo e os mais gor-
dinhos ou menos habilidosos são alvo de chacota. 
Nesse sentido, quebrar as barreiras e inserir todos 
de maneira democrática, independentemente de 
limitações físicas ou cognitivas, é um dos pilares 
do ensino de futebol. Para ensinar bem e a todos, 
a escola ideal não deve tratar igualmente pessoas 
diferentes que têm necessidades diferentes, as 
quais devem ser respeitadas. Enfim, ela deve tra-
tar a todos com respeito.
(Continua)
Ensinar 
bem 
futebol 
a todos
empirismo: visão que propõe 
todo conhecimento como 
proveniente unicamente da 
experiência, limitando-se ao 
que pode ser captado do mundo 
externo por meio dos sentidos.
Glossário
O ensino de futebol e de futsal 27
O professor-técnico deve estar alinhado às práti-
cas pedagógicas esportivas e, ao mesmo tempo, 
não deve esquecer que o futebol, pela sua força 
sociocultural, tem papel preponderante na educa-
ção e formação humana.
Ensinar 
mais do 
que futebol 
a todos
Em modalidades como o futebol e o futsal, caracterizadas pela im-
previsibilidade, mecanizar o ensino parece ser pouco útil. Devemos re-
pensar no método muito além do oferecimento de respostas prontas, 
de modo que possamos fazer as perguntas corretas e os alunos sejam 
capazes de construir suas respostas. O talento esportivo, assim como o 
talento em qualquer área, surge da qualidade e quantidade de estímu-
los oferecidos, portanto, a responsabilidade do professor de potencia-
lizar e otimizar o tempo do aluno em cada aula é crucial.
Sugerimos a leitura do li-
vro Fora de Série – Outliers, 
de Malcolm Gladwell. O 
autor descreve, em dife-
rentes capítulos, histórias 
que reforçam que o 
talento surge do ambien-
te onde o indivíduo está 
inserido e da quantidade 
de horas aplicadas para 
a construção de tal 
habilidade.
Rio de Janeiro: Sextante, 2008.
Livro
2.2 Ambiente de aprendizagem
Vídeo Os ambientes de aprendizagem mudaram bastante com a moderniza-
ção dos centros urbanos. Antes, o futebol era aprendido naturalmente e 
em ambientes informais, jogado em campinhos improvisados, em espa-
ços de dimensões e formas geométricas diversas, em pisos que poderiam 
ser de grama, areia, terra, asfalto ou lama. Também eram comuns traves 
feitas com pedaços de madeira, garrafas ou improvisadas com chinelos, e 
as bolas eram dos mais diversos tamanhos, pesos e materiais.
E quanto aos colegas e adversários? Também eram os mais diver-
sos: o time da rua debaixo, a turma da outra escola, os garotos de todas 
as idades etc. Às vezes o tempo era marcado no relógio, às vezes o jogo 
ia até escurecer o dia. O número de jogadores então... indefinido! Ou 
seja, as regras eram adaptáveis.
Perceba que, muito mais do que um retrato do Brasil de outrora, 
estamos destacando a quantidade de cenários possíveis e evidencian-
do a imprevisibilidade característica na qual o jogo era aprendido. 
Todas essas nuances auxiliaram a construir o nosso estilo de jogar, 
a melhorar a relação jogador-bola, a adaptar-nos constantemente a 
novas condições todos os dias. Esses cenários cotidianos ensinaram 
nossos maiores craques e os deram competências genuinamente 
brasileiras, como a versatilidade e destreza para um drible, o caráter 
28 Metodologia do ensino de futebol e futsal
improvisado. A diversificação dos ambientes proporcionou de modo 
natural a esses indivíduos a essência do jogo de futebol: a imprevisi-
bilidade (MACHADO et al., 2018).
Atualmente, os cenários são outros em grande parte do país. A vida 
urbana e cosmopolita se expandiu, os ambientes informais imergiram 
e hoje é mais comum o futebol ser ensinado em locais próprios para 
isso, como em clubes, escolas etc. E o ambiente, que antes era o princi-
pal mediador da construção das habilidades, foi substituído pela figura 
do treinador. Se já não temos o ambiente imprevisível que exigia que o 
indivíduo se adaptasse rapidamente durante o jogo e que estimulava 
a capacidade criativa do jogador, agora, proporcionar essas competên-
cias passou a ser de responsabilidade do profissional envolvido com o 
ensino (SCAGLIA, 1996; BETTEGA et al., 2019).
Criar um ambiente de aprendizagem é, acima de tudo, oportunizar 
o ensino e oferecer aos alunos conteúdos pedagogicamente bem ela-
borados. É importante deixar claro que quando tratamos de ambiente 
de aprendizagem, não estamos falando somente das estruturas físicas, 
mas do contexto todo. Nesse sentido, a escola tem um papel funda-
mental e não deve se apoiar exclusivamente nos aspectos competiti-
vos, o que levaria a um caráter de exclusão.
2.2.1 O ambiente escolar
É sabido que nem todas as escolas possuem espaço adequado para 
a prática do futebol ou do futsal. O mais comum é que tenhamos à 
disposição uma quadra poliesportiva, nem sempre com dimensões 
oficiais, utilizada para diversas atividades escolares simultaneamente 
– o que proporcionaria maior dificuldade na criação desses cenários. 
Essa realidade comum reforça ainda mais a importância do professor-
-técnico, pois ele deve ser capaz de criar e proporcionar atividades 
nesse espaço, possibilitando uma melhor relação do aluno com a bola 
e instigando o gosto pela prática nos estudantes.
O professor-técnico deve estar atento para que o cenário que está 
construindo para a aula, ou sessão de treino, seja favorável à apren-
dizagem, visto que as habilidades são formadas em ambientes propí-
cios para seu desenvolvimento. Percebemos, então, que deve partir do 
professor a iniciativa de manipular o ambiente e contextualizá-lo para 
que seja possível atingir seu objetivo. Algumas ações que podem ser 
desenvolvidas por esse profissional são:
Na obra O Futsal e a 
Escola: uma Perspectiva 
Pedagógica, os auto-
res apresentam uma 
proposta pedagógica 
para o ensino do futsal, 
destacando o papel da 
escola junto ao esporte 
na construção de conhe-
cimentos sociais, culturais 
e psicológicos.
VOSER, R. C.; GIUSTI, J. G. M. 2. ed. 
Porto Alegre: Penso, 2015.
Livro
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_2?ie=UTF8&field-author=Jo%C3%A3o+Gilberto+M.+Giusti&text=Jo%C3%A3o+Gilberto+M.+Giusti&sort=relevancerank&search-alias=digital-text
O ensino de futebol e de futsal 29
Mostrar igualdade no respei-
to e no ensino dos valores.
Cuidar para que não haja ex-
clusão por sexo, idade, peso, 
altura ou habilidade prévia.
Formular aulas estimulantes 
e participativas.
Fazer atividades dinâmicas 
em que todos possam es-
tar ativos a todo momento.
Evitar uso de filas, pois isso 
tira o foco da criança e tor-
na o exercício chato.
Ter equidadeno ensino, con-
siderando que necessidades 
diferentes merecem aten-
ções distintas. 
De acordo com Galatti e Paes (2006), quando tratamos do esporte na 
educação física escolar, os propósitos devem estar claros e condizentes 
com os pressupostos pedagógicos da escola, como a formação do indi-
víduo em sua integralidade, adotando métodos cuja ênfase é propor a 
imprevisibilidade e os problemas a serem resolvidos pelos praticantes.
2.3 Métodos de ensino
Vídeo Até recentemente, na maioria dos locais onde a prática esportiva 
é constante (principalmente o futebol), o ensino estava baseado uni-
camente em uma prática voltada a técnicas do jogo, o que não ne-
cessariamente resultava em jogar bem. Hoje, a ciência do esporte é 
contundente em nos mostrar que o futebol e o futsal são modalidades 
de características peculiares, pois o jogo se desenvolve em um ambien-
te desprovido de previsibilidade.
O ensino ideal do esporte é aquele com pressupostos metodológi-
cos pautados em necessidades reais e com uma pedagogia que respei-
te seus praticantes quanto à sua faixa etária, suas motivações e seus 
interesses. Nesse sentido, a seguir, veremos alguns métodos de ensino 
e suas diferentes características.
2.3.1 Método analítico
Também conhecido como método por partes, o método analítico 
tem origem na ideia de ensinar as habilidades com base nos funda-
mentos de uma determinada modalidade e por meio da repetição dos 
exercícios, destinados à aprendizagem dos gestos separadamente do 
jogo formal. Ou seja, é um método que fragmenta o jogo em partes, 
treina cada uma isoladamente, para depois juntá-las ao final.
30 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O modelo tem sido usado há bastante tempo no Brasil e parte da 
premissa de se eliminar os erros e se aprimorar os gestos. Com base 
em uma visão empirista, as escolas de esportes e os clubes frequente-
mente vêm ensinando futsal e futebol, assim como outros esportes co-
letivos, dessa maneira. Ele também pode ser chamado de mecanicista, 
porque, por exemplo, o fundamento de passe é treinado de maneira 
repetitiva, isolada e exaustivamente na tentativa de especializar o 
gesto.
Por um lado, a crítica a esse modelo está na ausência do próprio jogo, 
tornando algo que é prazeroso para as crianças e jovens em algo meca-
nizado e descontextualizado. Muitas das vezes, eles nem entendem o 
motivo das repetições. Por outro, esse modelo apresenta uma evolução 
mais rápida e visível de determinada técnica e, como 
o desempenho é perceptível nos resultados de jogos 
e torneios, crê-se que esse método é eficaz.
A Figura 1 ilustra uma característica bastante 
comum ao método analítico: o uso de equipamen-
tos que não fazem parte do jogo formal para trei-
nar determinadas habilidades ou ensinar técnicas 
específicas.
Algumas características do método analítico são:
Repetição excessiva 
de movimentos.
Foco na avaliação e correção 
de um gesto isolado.
Diminuição do caráter 
coletivo.
Desinteresse da criança.
Distanciamento das situações 
reais do jogo, como enfrenta-
mentos imprevisíveis.
Apartamento da técnica da 
tática e do físico.
Dessa forma, esse método preconiza o ensino e o aprimoramento 
dos fundamentos, como passe, domínio ou controle de bola, condução, 
drible, chutes e cabeceios, buscando desenvolvê-los sem oposição ou 
enfrentamentos. Geralmente, são usadas séries de exercícios, deter-
minadas pelo tempo ou número de repetições, feitas individualmente, 
em duplas ou utilizando colunas ou filas de jogadores, que realizam 
determinado gesto, um por vez. Um exemplo seria o treino de passe 
em dupla, no qual um indivíduo fica de frente para o outro em uma dis-
tância pré-determinada pelo professor tocando a bola alternadamente.
Figura 1
Prática mais técnica e afastada da situação de jogo
Se
ve
nt
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ou
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Sh
ut
te
rs
to
ck
O ensino de futebol e de futsal 31
2.3.2 Método global
O método global, também conhecido como método do todo, consis-
te no ensino do esporte por meio de jogos de complexidade menor, 
mas ainda com vínculos e semelhanças situacionais ao jogo formal. 
Esse método preconiza o ensino das habilidades dentro do próprio 
jogo, criando tarefas específicas para ressaltar ou induzir determina-
do gesto. O método global tem se mostrado muito mais importante 
no processo formativo do indivíduo. Na questão motivacional, ele tem 
ampla vantagem, já que permite variar os tipos de jogos, tornando 
o ensino atrativo, além de permitir a imprevisibilidade característi-
ca do esporte. Além disso, oportuniza a criatividade e induz a to-
madas de decisão.
Para Garganta e Gréhaigne (1999) e Teoldo, Guilherme e 
Garganta (2015), o futebol, assim como os demais esportes 
coletivos, tem como característica a riqueza de situações im-
previsíveis. Durante o jogo, surgem tarefas motoras de 
grande complexidade para as quais não existe um mo-
delo de execução e resolução fixo. Nesse contexto, não 
há preocupação com a forma de execução, mas sim 
com o cumprimento da tarefa. Assim, não há jeito certo 
de fazer algo, contanto que seja feito. O futebol, por ser um jogo, deve 
ser aprendido como tal, ou seja, jogando. O ensino pautado na fragmen-
tação do jogo em partes exclui a relação espaço-jogador e jogador-bola 
e restringe drasticamente a eficiência do ensino (SCAGLIA et al., 2013).
Algumas características do método global são:
Motivante, 
pois jogar é 
divertido.
Participação de 
mais alunos ao 
mesmo tempo.
Semelhança 
com o jogo 
formal.
A imprevisibili-
dade estimula 
a criatividade 
e as decisões 
mais rápidas.
Segundo Garganta et al. (2003), o jogo de futebol tem por 
característica uma elevada versatilidade perceptiva, direcional 
e motora. Além disso, o desenvolvimento é condicionado por 
múltiplos fatores, como a movimentação dos colegas de equipe e 
dos adversários, os setores e espaços onde as ações acontecem, 
Figura 2
Treinamento técnico integrado 
ao jogo
FotokostFc/Shutterstock
Para entender um pouco 
mais sobre a pedagogia e 
os métodos baseados em 
jogos, sugerimos a obra 
Pedagogia do esporte: 
Jogos esportivos coletivos. 
Os autores discutem o 
papel dos jogos coletivos 
na Educação Física, com 
suas respectivas implica-
ções no desenvolvimento 
de crianças e jovens nos 
esportes coletivos.
NAVARRO, A. C.; ALMEIDA , 
R.; SANTANA, W. C. São Paulo: 
Phorte, 2015.
Livro
https://www.amazon.com.br/s/ref=dp_byline_sr_ebooks_2?ie=UTF8&field-author=Roberto+de+Almeida&text=Roberto+de+Almeida&sort=relevancerank&search-alias=digital-text
32 Metodologia do ensino de futebol e futsal
a distância entre os alvos, a velocidade da bola e a sua trajetória 
etc. Isso tudo ainda muda de acordo com o momento do jogo 
(momento ofensivo ou defensivo). Por isso, o método de ensino deve 
contemplar a capacidade dos jovens em se organizarem e efetuarem 
ações conforme o que o momento do jogo solicita.
2.4 Abordagens pedagógicas
Vídeo As abordagens pedagógicas e os estilos de ensino 1 são norteado-
res no processo de aprendizagem e importantes no desenvolvimen-
to do trabalho do professor. A apropriação dessas teorias capacita 
esse profissional para que ele tenha discernimento no momento da 
elaboração de conteúdos, objetivos e estratégias da aula. A aborda-
gem do ensino do esporte na escola não pode estar limitada apenas 
à transmissão de técnicas e táticas, o que seria uma visão reduzida e 
fragmentada desse fenômeno.
O esporte não é educativo por si só – aliás, o futebol pode ter tudo: 
o bem ou o mal, a sapiência ou a ignorância, o inclusivo ou o exclusivo 
–, e o professor é o responsável por transformá-lo em um objeto de 
educação e transmissor de virtudes (GOULART, 2018). Para Paes (1998, 
p. 112),
o esporte é uma representação simbólica da vida, da natureza 
educacional, podendo promover no praticante modificações 
tanto na compreensão de valores como de costumes e modo 
de comportamento, interferindo no desenvolvimento individual, 
aproximando pessoas que têm, neste fenômeno, um meio para 
estabelecer e manterum melhor relacionamento social.
Portanto, o esporte na escola não pode ter como objetivo princi-
pal formar atletas, apesar de poder ser um efeito secundário, que não 
pode ser desprezado. O objetivo maior do esporte deve ser a expan-
são de suas inúmeras possibilidades de atividades formativas. Dessa 
forma, outras dimensões, além das esportivas, devem constar na pro-
posta pedagógica, como a atenção aos aspectos sociais, culturais, his-
tóricos, antropológicos etc. (FINCK, 2011).
Pessoas aprendem de maneiras diferentes, e cada uma traz consigo 
histórias e vivências distintas. Transmitir informações é algo complexo e 
as práticas bem-sucedidas de hoje não garantem o mesmo sucesso ama-
As abordagens são teorias apli-
cadas à pedagogia e os estilos 
ou linhas de ensino se referem a 
como o professor interage com 
o aprendiz.
1
O ensino de futebol e de futsal 33
nhã, e assim também funciona com turmas diferentes. Logo, uma única 
corrente não deve orientar a prática pedagógica, mas, sim, elementos de 
diversas linhas (GOULART, 2018).
Humanizar as relações e enxergar dentro das equipes e pessoas são 
um excelente início. Pessoas têm pontos de partidas diferentes e tra-
zem consigo heranças biológicas, ambientais e culturais distintas. Por-
tanto, um ambiente de ensino democrático é aquele que enxerga cada 
indivíduo como único em sua necessidade (FREIRE, 1989).
2.4.1 A classificação das abordagens pedagógicas
A classificação das abordagens pedagógicas varia na literatura. Po-
demos observar diversos modelos – algumas vezes, diferentes somen-
te na nomenclatura ou na descrição das características, dependendo 
do autor pesquisado. É importante entender esses conceitos, mais do 
que definir exatamente todos. Desse modo, apresentamos algumas 
abordagens possíveis, de acordo com Finck (2011) e Goulart (2018):
Saúde Renovada
É voltada à valorização da prá-
tica do exercício físico, contri-
buindo para uma conscienti-
zação da importância de um 
estilo de vida ativo e saudável.
Desenvolvimentista
Defende que, na fase funda-
mental do desenvolvimento 
motor, as crianças devem 
ser envolvidas na exploração 
e experimentação das suas 
capacidades motoras. A aula 
deve privilegiar a aprendiza-
gem motora, cognitiva e afe-
tiva de acordo com o nível 
de crescimento e desenvolvi-
mento do aluno.
Humanista
Caracteriza-se por valorizar o 
aluno e não a atividade. Os pro-
fessores ajudam a desenvolver 
atitudes positivas nos jovens 
com relação ao papel da ativida-
de em suas vidas, dando signifi-
cação e proporcionado momen-
tos de escolha e criatividade.
Construtivista
O jogo assume papel de conteú-
do e estratégia, sendo o princi-
pal meio de ensino. Ele deve ser 
utilizado em um ambiente praze-
roso para o praticante.
Crítico-Superadora
Sua finalidade é a transformação 
social, tendo os temas cultura 
corporal e visão histórica como 
parte fundamental e integrante 
dos conteúdos. Além disso, visa 
desenvolver o senso crítico e 
questionador do indivíduo, esti-
mulando sua compreensão de 
mundo.
34 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O conhecimento das abordagens pedagógicas e dos estilos de en-
sino nos ajudam a nortear nosso caminho como professores e nos 
fazem refletir sobre a maneira que interagimos com os alunos e as 
possibilidades de potencializarmos a aprendizagem. É importante 
que o professor possua um repertório amplo de técnicas e estilos – 
trabalhando, principalmente, com turmas grandes e heterogêneas –, 
e que utilize várias linhas.
Quadro 1
Benefícios do planejamento estratégico
Recomendamos a leitura 
do livro A Educação Física 
e o esporte na escola: coti-
diano, saberes e formação, 
de Silvia Finck. O livro 
trata, de maneira bastante 
abrangente, os métodos e 
as abordagens de ensino.
FINCK, S. C. M. Curitiba: 
InterSaberes, 2012.
Livro
Estilos de ensino Filosofia
Exemplo com
treinamento de passe
Comandos
Centrada no professor, tradicional.
O aluno aprende conforme instrução, de-
monstração e tomada de decisão do pro-
fessor.
O professor explica, demonstra e espera 
que o aluno execute exatamente como foi 
demonstrado.
Tarefas
O aluno tem maior responsabilidade no pro-
cesso de aprendizagem.
O professor explica e demonstra, e o aluno 
pode, por exemplo, apresentar variações no 
posicionamento do tronco, do pé de apoio 
ou na velocidade de execução.
Avaliação recíproca
Altamente centrada no aluno.
O professor determina os objetivos e con-
teúdos e os alunos são incumbidos de parti-
cipar da aprendizagem uns dos outros.
O professor explica e demonstra, os alunos 
podem apresentar variações e o processo 
se dá por avaliação e feedbacks dos próprios 
colegas (trabalho em dupla, por exemplo).
Programação 
individualizada
Um número maior de decisões é transferido 
ao aprendiz.
O aluno pode assumir seu próprio ritmo.
Mostra respeito pelas individualidades.
O professor explica e demonstra vários mo-
dos de execução, com níveis de dificuldade 
diferentes, e o aluno executa aqueles de 
acordo com o seu grau de habilidade.
Descoberta orientada
ou descoberta guiada
O professor estabelece uma resposta pré-
-determinada e esperada para o problema. 
Então, faz perguntas considerando que elas 
produzam a necessidade da busca de alter-
nativas para a solução por parte dos alunos.
O professor separa pequenos grupos e os 
orienta sobre a tarefa, mas não especifica a 
forma de execução. Em alguns momentos, 
ele interrompe a prática e faz questiona-
mentos sobre o gesto, no sentido de esti-
mular que parta do aluno a descoberta da 
melhor forma.
Solução de problemas
O aluno é definitivamente o centro. Ele 
passa a ser o elemento ativo, formulando 
perguntas e buscando respostas. O 
professor seleciona o conteúdo e estimula 
a curiosidade.
A tarefa, o modo (movimentando ou para-
do), a formação (duplas, trios), a execução 
(pé direito ou esquerdo) etc. são criados 
pelos alunos. Após a sessão, o professor 
discute com eles, propondo como é possível 
melhorar.
Fonte: Adaptado pelo autor com base em Goulart, 2018.
O ensino de futebol e de futsal 35
Com base nas teorias pedagógicas tradicionais e na busca de uma 
estrutura que possa ser mais eficiente, surge como nova perspectiva a 
chamada Pedagogia Não-Linear (PNL). Para Machado et al. (2018), a PNL 
é representada em sua essência pelos jogos reduzidos e seu aspecto- 
-chave é a manipulação das tarefas, do ambiente e do indivíduo. Ela não 
segue uma construção linear de conhecimento, mas oferece ajustes 
para atender às necessidades do aluno. Também segundo os autores, 
essa visão é baseada nos princípios do futebol de rua.
No vídeo Ed Física Brasil 
entrevista - João Claudio 
Machado, o Prof. Dr. João 
Cláudio Machado, da 
Universidade Federal do 
Amazonas, fala sobre as 
novas abordagens pedagó-
gicas aplicadas ao futebol. 
Vale a pena conferir!
Disponível em: https://youtu.
be/7W4Gkv6yMK0. Acesso em: 15 
jun. 2020.
Vídeo
2.5 Pedagogia dos jogos
Vídeo Quando falamos de jogo, qual é a primeira coisa que vem à sua ca-
beça? Muita confusão é gerada com relação a essa definição. Quando o 
assunto é jogo, para muitas pessoas, a primeira ideia que surge é o re-
sultado do jogo anterior do seu time de coração. Já para outras, a ideia 
de jogo está atrelada à brincadeira ou à ludicidade. De fato, o jogo é 
tudo isso e está no meio dessas duas ideias, sendo, então, tarefa difícil 
defini-lo. Podemos entender que tudo que fica entre a brincadeira des-
compromissada e o esporte extremamente rígido poderia ser chama-
do de jogo. Segundo Huizinga (1999, p. 2), “no jogo, existe alguma coisa 
‘em jogo’ que transcende as necessidades imediatas da vida e confere 
um sentido à ação. Todo jogo significa alguma coisa”.
As tarefas criadas dentro dos jogos devem obedecer ao grau de com-
plexidade condizente com as faixas etárias ou com o nível de adaptação 
do indivíduo. Devem funcionar como ferramenta de estímulo para que a 
criança aprenda a pensar de maneira crítica e a resolver problemas com-
plexos, trabalhede maneira colaborativa, e comunique-se com eficácia.
Nesse sentido, é fundamental observarmos que diferentes tipos 
de jogos dependem de tarefas e propostas distintas. Por exemplo, os 
jogos cooperativos são aqueles em que não há competição entre os 
participantes do time e o sucesso do jogo depende da participação 
em conjunto. Já os jogos pré-desportivos são aqueles que procuram 
se assemelhar ao esporte sobre o qual se pretende ensinar. Além do 
mais, o jogo é uma atividade extremamente indicada para satisfazer 
a necessidade de movimento do ser humano, é um conteúdo que 
representa esforço e conquista, servindo como um importante veículo 
de cultura (SCAGLIA et al., 2013).
https://youtu.be/7W4Gkv6yMK0
https://youtu.be/7W4Gkv6yMK0
36 Metodologia do ensino de futebol e futsal
O jogo funciona muito bem como ferramenta pedagógica, pois tem 
por característica ser divertido e motivante. Afinal, quem não gosta 
de jogar? Porém, esses aspectos se perdem caso as proposições do 
jogo superestimarem a capacidade de entendimento do indivíduo, por 
exemplo, se o jogo estiver complexo para aquela faixa etária, a crian-
ça provavelmente não o entenderá e logo se desmotivará. O contrário 
também é verdadeiro. Subestimar a capacidade da criança, propondo 
tarefas fáceis, fará com que ela perca o interesse.
Para melhor entender como os jogos podem ser utilizados dentro 
de uma lógica pedagógica dos esportes coletivos, Scaglia et al. (2013) 
propuseram uma divisão baseada na referência estrutural e funcional 
do jogo e, com base nessas definições, a criação de matrizes de jogos 
que auxiliam no processo de organização do método.
Referência estrutural Referência funcional
É tudo que está presente fisica-
mente no jogo, como bola, baliza, 
dimensão do campo, número de 
jogadores etc.
Rege o jogo, fazendo ele funcionar, 
como a lógica do jogo, as operações 
e as regras.
Com base nesses conceitos, Scaglia et al. (2013) identificam as ma-
trizes de jogos e as classificam em: jogos conceituais, jogos conceituais 
em ambiente específico, jogos específicos e jogos contextuais. Vamos 
entender um pouco mais sobre eles?
Os jogos conceituais são aqueles cujas referências estruturais e 
funcionais não respeitam fielmente a lógica do jogo esportivo coletivo 
especificado. Logo, os conteúdos, evidenciados ao longo do processo 
de organização, são diversificados, gerando a manifestação de inúme-
ras ações conceituais presentes em todos os jogos esportivos coleti-
vos, e não apenas no jogo esportivo coletivo que se almeja ensinar. Por 
exemplo: um jogo de campo reduzido 4 x 4 m em que dois jogadores se 
enfrentam com o objetivo de somente manter a posse de bola.
Os jogos conceituais em ambiente específico obedecem às 
referências estruturais do jogo que se quer ensinar, por exemplo, no 
futebol, o tamanho do campo e a presença das traves. Nesse tipo de 
jogo, os conceitos desenvolvidos nos jogos conceituais são colocados 
em um ambiente formal, dentro de um espaço físico semelhante ao 
do jogo formal. Contudo, varia quanto ao cumprimento da lógica 
O ensino de futebol e de futsal 37
formal (adaptada segundo o conceito trabalhado), pois o processo 
de organização sistêmico terá ações diferentes das especificamente 
exigidas no jogo esportivo coletivo pretendido, para a obtenção das 
formas de pontuação provenientes das modificações das regras. Por 
exemplo: em um espaço de quadra oficial e com número de jogadores 
oficiais, somente será permitido o chute a gol depois de dez passes 
consecutivos na quadra ofensiva.
Nos jogos específicos, as referências estruturais e funcionais não 
são alteradas em relação às da lógica do jogo pretendido. Assim, a maior 
aproximação ao jogo formal (regras oficiais) e os conceitos aplicados 
fazem parte de um modelo de jogo pré estabelecido. Por exemplo: um 
treino coletivo, no qual se estabelece previamente os comportamen-
tos, como transição defensiva rápida e compactação da equipe.
Por fim, os jogos contextuais são idênticos a uma competição for-
mal. Eles devem manter as referências estruturais e funcionais asso-
ciados aos desafios emocionais da competição. Portanto, trata-se dos 
jogos amistosos e oficiais.
Sugerimos a leitura do 
livro Homo ludens: o jogo 
como elemento da cultura. 
Nessa interessante obra, 
o autor filosofa sobre a 
ideia de enxergar uma 
espécie derivada do 
homo sapiens e destaca 
que o jogo está implícito 
na natureza, estando em 
tudo e se relacionando 
com o ser nas próprias 
relações humanas. Dessa 
forma, a reflexão reforça 
a importância do jogo.
HUIZINGA, J. São Paulo: Perspectiva, 
1999.
Livro
2.6 Iniciação esportiva e capacidades motoras
Vídeo A iniciação ao futebol ou ao futsal costuma ser bastante precoce, 
alicerçada ainda pela crença de quanto antes melhor. O nível de 
compreensão e adequação do conteúdo oferecido aos jovens ainda é 
pequeno, e é necessária a disseminação do conhecimento, que deve partir 
de professores de Educação Física, principais mediadores dessa relação.
Iniciar precocemente no esporte não é o problema real, e, sim, a es-
pecialização e a imposição de gestos e ações motoras específicas a uma 
criança, que podem trazer futuros prejuízos à saúde. A especificidade 
do esporte, principalmente se direcionado ao âmbito competitivo, exi-
ge ações motoras para as quais o jovem nem sempre já está maturado, 
sem contar com as exigências psicológicas oriundas das cobranças por 
parte de pais e até de professores.
A iniciação esportiva deve estar pautada na ideia de ampliação do 
universo cognitivo e motor. Para Goulart (2018), a infância é o melhor 
momento para a estimulação cerebral, pois é quando ocorre a maior 
plasticidade neural. Nesse contexto, as estratégias didáticas têm um papel 
fundamental para o desenvolvimento neurológico. O futebol, por exemplo, 
38 Metodologia do ensino de futebol e futsal
pode ser utilizado como pano de fundo para inserir a criança em práticas 
motoras variadas e lúdicas, que despertem o encantamento e a satisfação. 
É interessante ressaltar que, normalmente, o ser humano se interessa 
pelas atividades prazerosas, e experiências negativas e traumáticas 
tendem a afastar a criança. Imagine uma criança cobrada excessivamente 
e exposta diante de seus colegas por algum erro ou alguma derrota. Essa 
experiência negativa poderia resultar em traumas incorrigíveis.
A aula de Educação Física é a oportunidade de iniciar esse processo, 
que deve ser de longo prazo e multilateral, e o professor deve discernir 
o futebol ou futsal na escola da equipe de competição escolar. Ambos 
podem ser incentivados, mas em momentos diferenciados. O futebol e 
o futsal na escola fazem parte do conteúdo curricular da Educação Físi-
ca e de todas as suas dimensões. Já a competição é um instrumento 
alternativo, que não deixa de ser importante, mas deve fazer parte do 
processo de ensino e não deve atrapalhá-lo (FINCK, 2011).
O respeito às fases de desenvolvimento motor 
também é imprescindível para o sucesso da forma-
ção atlética a longo prazo. O desenvolvimento motor 
serve como suporte ao trabalho diário e é um pro-
cesso contínuo e dependente de todos os domínios 
do ser humano: cognitivo, afetivo-social e motor 
(GOULART, 2018). Crianças em período pré-púbere, 
por exemplo, não estão biologicamente aptas a re-
ceber determinadas cargas de treinamento, muitas 
vezes propostas com o intuito de fazê-las competir 
melhor e conquistar vitórias. Porém, elas podem es-
tar ativamente abertas a receber outros estímulos 
que não foram oferecidos. Isso se chama janela de 
oportunidade ou período sensível.
Nesse sentido, na abordagem do esporte na es-
cola, o professor poderá utilizar alguns elementos 
do jogo, principalmente o seu caráter lúdico. Além 
disso, algumas estratégias poderão ser aplicadas 
no encaminhamento do processo de ensino-apren-
dizagem, como a adaptação das regras, o redimen-
sionamento do espaço, a alteração do número de 
participantes e a composição das equipes.
Sugerimos a leitura da 
Base

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