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MOVA e MST,dentro do EJA.

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MOVIMENTO DE ALFABETIZAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS (MOVA).
Esse movimento nasce da prática educativa empreendida por movimentos sociais no início das décadas 1960, tem em Paulo Freire a inspiração “teórico-prático”. Os movimentos sociais e administrações públicas municipais criaram parcerias visando um movimento de alfabetização de jovens e adultos. A perspectiva pedagógica e política do Mova é pautada na formação cidadã e na alfabetização como ação política e cultural. 
Gadotti descreve a origem do movimento de alfabetização de jovens e adultos da cidade de São Paulo (Mova-SP), sua efetivação no início de 1990 e, como afirma o autor, “é um dos raros exemplos de parceria entre a sociedade civil e o estado”(Gadotti, 2005b, p.93).
Do ponto de vista pedagógico, não houve a preferência por um único método, mas, sim, a valorização do pluralismo, recusando métodos pedagógicos antes científicos e filosóficos autoritários ou racistas, predominou, assim, a concepção libertadora de educação.
A ideia inicial era dar continuidade ao projeto Mova, porém, no ano de 1993 o projeto foi extinto com a nova gestão municipal. A compreensão da experiência do Mova é a possibilidade de articulação entre o poder público e a sociedade civil. 
Uma das críticas à EJA é justamente o limite dos projetos implantados. A comunidade é pensada, mas durante o processo de materialização acaba sofrendo rupturas e rompimento temporários ou definitivos, esse é um problema sério do projeto de alfabetização de adultos que exige um tempo diferente do tempo escolar; há adultos que aprendem de forma mais rápida, e outros que exigem maior atenção.
O Mora constitui a experiência desenvolvida em diversos municípios brasileiros, a exemplo de: Porto Alegre, Cachoeirinha e Caxias do sul (RS), São Paulo, Diadema, Guarulhos São Carlos, Ribeirão Pires e Santo André entre outros (Histórico...2005).
No município de Porto Alegre, como relata Borges (2005,p.97), desde 1989 tem sido desenvolvida “uma proposta político-pedagógica voltada aos interesses e necessidades daqueles cidadãos que não tiveram acesso à educação básica”. Trata-se do Serviço de educação de jovens e adultos (Seja), trabalho de alfabetização que é equivalente às quatro primeiras séries do ensino fundamental.
Segundo a autora, o referencial teórico baseia-se nos aspectos do cotidiano do trabalhador e de seu mundo do trabalho numa oposição ao ensino tradicional. “os conteúdos são referenciados na experiência de vida dos jovens e adultos, que são produtores de conhecimentos e hipóteses que explicam a realidade” (Borges, 2005, p. 98).
As atividades educacionais são iluminadas pela “relação dialógica” entre educadores e educandos. “O engajamento do professor passa pela reflexão do fazer pedagógico, pela produção coletiva do compromisso com a criação de professores pesquisadores, cujas ações da prática docente e da pesquisa se interpenetram e se imbricam” (Borges, 2005, p. 99).
O Mova de Porto Alegre, criado em 1987, contabilizou mais de 12 mil alunos que frequentaram as aulas. De Acordo com o censo de 1991, a taxa de analfabetismo em Porto Alegre era de 5%. Já no censo de 2000, o índice diminuiu para 3,3%. Atualmente, são em média 140 turmas com alunos na faixa de 15 aos 90 anos.
O primeiro encontro do Mova ocorreu em 2001 onde discutiu-se o conceito de alfabetização, parceria, de formação político pedagógica e avaliação entre outros temas. Em 2002 retoma-se os conceitos de parceria e de diversidade na educação, em 2003, constitui-se uma Rede Nacional de Movas, denominado Mova-Brasil e de 2004 em diante, notamos a ênfase na discussão da política pública de EJA e o papel do poder público no financiamento do movimento de alfabetização de jovens e adultos.
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NO (MST)
Esse movimento é responsável por grande parcela do debate atual da educação do campo no Brasil, direcionado ao tema da reforma agrária. Seu setor de educação, criado em 1987, cresceu e desenvolveu inúmeras experiências coletivas de educação nos assentamentos e nos acampamentos, em uma década fortaleceu as reflexões sobre o EJA, dentro do contexto da educação vinculado a vivência no trabalho e terra.p
Posteriormente, o movimento potencializou a conferência nacional por uma educação do campo, a forte presença do MST nos espaços públicos se dá em função da sua prática educativa coletiva.
Entender o MST em relação a EJA, exige buscar as raízes da educação no próprio movimento, partindo desse princípio com base nas informações colhidas em uma entrevista pesquisa na página do MST na internet, passamos a compreender com maior clareza essa intensa relação.
Segundo a página na íntegra diz: A historiadora e militante do MST desde 1993, a cearense Eleneuda Lopes coordena o projeto “Assentamentos Agroecológicos Fidel Castro” e o método cubano de alfabetização “Sim, Eu Posso”, que tem atuado desde 2014 na erradicação do analfabetismo nas áreas de Reforma Agrária no extremo sul da Bahia.
Lopes explica como o “Sim, Eu Posso” tem contribuído no processo de emancipação dos trabalhadores e fala da importância que o método cumpre, não apenas no letramento, mas também no processo de conscientização dos trabalhadores Sem Terra e na luta popular.
Além disso, faz um diagnóstico sobre os avanços e desafios que o método possui na construção de territórios livres do analfabetismo.
O “Sim, Eu Posso” é um método de alfabetização que foi desenvolvido por um grupo de pedagogos cubanos em 1990. Esse método foi inspirado na campanha de erradicação do analfabetismo cubano. O Brasil teve sua primeira experiência em 2006, quando o governo cubano, em parceria com o MST, doou o método para erradicação do analfabetismo em áreas de Reforma Agrária.
Por que realizar esse método nas áreas de Reforma Agrária?
Bom, o MST é um movimento social e portanto, tem caráter social. Também percebemos que muitos dos nossos acampados e assentados não sabiam ler e escrever. Sempre nas reuniões onde era preciso assinar algum documento, víamos pessoas que se escondiam, no sentido de se afastarem e, com muita vergonha, pediam alguém para escrever seus nomes. 
Mais tarde quando conversávamos com esses companheiros e companheiras descobrimos que não sabiam ler e escrever e que seu maior sonho era "aprender as letras", como eles diziam. A partir daí surgiu a necessidade de ajudar a todos os trabalhadores Sem Terra a ler e escrever, realizando assim um sonho.
Como foi a aceitação dos acampados e assentados?
Antes de tudo, a gente se deparou com um certo problema, tentamos fazer um levantamento para ver se nas áreas propostas para realizar o método havia quantidade de homens e mulheres que sabiam ler e escrever e os mesmos nos disseram que sabiam e que eram alfabetizados. Em seguida tivemos que levar alguns documentos para as mesmas pessoas que participaram do levantamento e descobrimos que não sabiam ler e escrever. Quando perguntamos o porquê da omissão, eles falaram que tinham muita vergonha por não saber as letras. Depois disso, entendemos a importância desse método, fizemos uma campanha e convidamos a direção do MST. A campanha foi bem aceita porque a comunidade se envolveu e as pessoas que participaram do levantamento se inscreveram e hoje estão alfabetizadas.
O “Sim, Eu Posso” teve resultado nos países onde foi implementado. E nas áreas da Reforma Agrária, tem superado as expectativas?
O método cubano surtiu efeito em outros países e aqui ele está superando nossas expectativas. O método ainda está sendo implementado em outras áreas e em outros estados do Brasil. Alagoas, Maranhão e Ceará são exemplos de estados em que o “Sim, Eu Posso” está sendo implementado e tem mostrado que iremos ocupar o latifúndio do saber também.
Como foi ver jovens e adultos aprendendo a lê e a escrever?
Ter o privilégio de ver jovens e adultos aprendendo a ler e escrever é algo extraordinário, ver o sorriso no rosto de cada companheiro e ver seus familiares vir nos agradecer por estar ensinando é formidável. Com certeza, um dos momentos mais emocionantes foi quando eles vierame nos disseram que foram trocar a identidade porque agora eles podiam assinar o próprio nome. São esses momentos que revigoram a turma, os educadores e a comunidade.
Quais foram os desafios e como superaram?
Tivemos muitas dificuldades e desafios. A primeira já foi dita, que foi a vergonha de reconhecer que eram analfabetos. Outro desafio foi porque as turmas eram compostas por jovens, adultos e idosos, que tinham uma jornada de trabalho bem intensa e isso de certa forma dificultava na ida dos mesmos às salas de aula.
É importante compreender o Mova dentro da proposta de relação ensino aprendizagem, com bases em uma pedagogia focada nas experiências coletivas dos atores envolvidos no projeto, onde os saberes adquiridos em sociedade se somam para alcançar o objetivo da educação de jovens e adultos no MST.
SOUZA, M. Antônia, faz um reforço quando cita os aspectos vinculados ao MST: na aquisição de conhecimento através do acesso à leitura e à escrita; busca de emancipação dos trabalhadores por eles próprios; busca de possibilidade na prática social dos camponeses, evidenciando quais são as modificações que ocorreram a partir da experiência individual e coletiva; o lugar dos mediadores que fazem a EJA junto com os movimentos sociais.
A EJA no MST agrega dois conceitos e dimensões sociais que são terras e trabalho, na identificação dos temas geradores marcantes na prática educativa encontram-se esses dois assuntos, o que são evidentes na trajetória de vida de todos os trabalhadores. 
O que faz do MST um dos sujeitos centrais na luta pelo EJA? A reforma agrária não podemos ser viabilizadas sem a efetivação dos direitos sociais garantidos constitucionalmente, assim, os princípios filosóficos e pedagógicos fundantes da educação no MST foram organizadas para direcionar as ações educativas (MST, 1999).
Cada um dos princípios presentes no MST expressa características da educação dialógica e problematizadora proposta por Paulo Freire.
O desafio central do programa na sua essência é articular os conhecimentos adquiridos nos processos de formação, com os saberes contribuídos por aqueles que trabalham de sol a sol. A prática educativa emancipatória surge no processo imerso a experiência coletiva que é um dos motores no sucesso da EJA.
CONCLUSÃO 
Em virtude de, atender a análise do fiel propósito da EJA, e compreender essa modalidade de ensino, através de vários programas políticos e projetos pedagógicos, que objetivam alfabetizar uma clientela que por algum motivo não participou efetivamente do processo de formação do ensino médio ou fundamental em tempo preconizado pela lei, requer uma reflexão de que nunca é tarde para aprender, ou até mesmo repassar saberes experimentados ao longo da vida. Portanto faz-se necessário valorar os programas ofertados e acima de tudo abraçar as oportunidades de somar na construção do conhecimento do outro, para corrigir a falha da política pública da Educação regular.

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