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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Física Termodinâmica e Ondas Aula 1 Professor Cristiano Cancela da Cruz CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Olá! Você está no primeiro encontro de Física: Termodinâmica e Ondas! Preparado para começar esta aula e enriquecer os seus conhecimentos? Pegue papel e caneta e vamos lá! Ao realizar o estudo cinemático do movimento de determinados objetos foi possível verificar que esses movimentos são classificados de acordo com a trajetória percorrida (movimento retilíneo, movimento parabólico, movimento circular). Quando estes movimentos se repetem indefinidamente, seja qual for a trajetória, eles são chamados de movimento periódico ou oscilação. O movimento dos planetas ao redor do sol, a oscilação do pêndulo de um relógio, o bater das asas de um beija-flor, o sobe e desce de um barco na água, são exemplos de movimentos periódicos. O que caracteriza um movimento periódico, diferenciando-o de outro do mesmo tipo, são as grandezas físicas envolvidas no movimento, como a amplitude, o período, a frequência e a frequência angular. Nosso objetivo nesta aula é conhecer e entender estas principais grandezas físicas envolvidas, definindo o mais simples movimento de oscilação conhecido como movimento harmônico simples (MHS) e aplicá-las em alguns tipos de osciladores, como o pêndulo simples e o pêndulo físico. Também verificaremos as energias envolvidas neste tipo de movimento e a aplicação delas no estudo do MHS. Além de estudarmos as razões pelas quais algumas oscilações diminuem de amplitude no decorrer do tempo e outras aumentam produzindo deslocamentos cada vez maiores quando forças externas atuam sobre o sistema. Bons estudos e vamos ao trabalho! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Que tal começar com a introdução feita pelo professor Cristiano? É ele que guiará você ao longo desta disciplina. Acompanhe no material online. Contextualizando Terremotos são oscilações da crosta terrestre que são causados por falhas geológicas, erupções vulcânicas e pelo encontro de placas tectônicas. As regiões da crosta terrestre mais suscetíveis à ocorrência de terremotos são as regiões próximas às bordas das placas tectônicas. O Brasil localiza-se no centro da placa tectônica denominada placa Sul-Americana, que possui aproximadamente 200 quilômetros de espessura, nesta localização geográfica os tremores possuem baixa magnitude e intensidade. Mas mesmo assim, no dia 26/11/2015 um forte terremoto atingiu a região norte do país. O tremor com magnitude de 6,7 na escala Richter atingiu a cidade de Tarauacá no Acre. Segundo o centro geológico dos Estados Unidos, o epicentro ocorreu a 604 km de profundidade a cerca de 400 km da capital Rio Branco. Na América do Sul, países como Peru, Equador e Chile sofrem mais com terremotos pois estão localizados próximos à região de encontro das placas tectônicas Sul-Americana e de Nazca. Por esta razão, os engenheiros, ao projetarem construções e prédios, por exemplo, preocupam-se em reforçar sua estrutura para que suporte as oscilações provocadas pelos terremotos. Mas não são apenas os terremotos que provocam oscilações, estamos cercados deste tipo de movimento. Os pistões dos motores a combustão, as cordas do violão, a vibração das moléculas do ar durante a propagação do som, o movimento dos elétrons em um fio condutor metálico sujeito a uma corrente alternada, as vibrações de um cristal de quartzo em um relógio eletrônico e até mesmo o vento. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Um caso curioso, no qual as oscilações provocadas pelo vento foram capazes de destruir uma ponte, foi o ocorrido com a ponte de Tacoma Narrows, uma ponte pênsil de 1600 metros de comprimento, localizada no estado de Washington, Estados Unidos. A Ponte de Tacoma, como qualquer ponte pênsil, sempre balançava, porém, poucos meses após a sua inauguração, no dia 7 de novembro de 1940, o vento atingiu uma velocidade de aproximadamente 70 km/h o que gerou movimentos de oscilações e de torção na ponte, fazendo com que a estrutura viesse a desabar. Veja acessando o link: https://www.youtube.com/watch?v=xPMwVVfaUYs Um movimento oscilatório é todo movimento onde o objeto material se move sujeito a forças restauradoras em dois sentidos, de forma alternada em torno de uma posição de equilíbrio estável. Apesar de todo formalismo matemático aplicado a oscilações ser fundamentado no movimento mecânico de objetos materiais, as mesmas relações são válidas quando tratarmos de ondas eletromagnéticas, como a luz, o raio x, ondas de rádio, micro-ondas, etc. Mas o que diferencia uma oscilação da outra? O que diferencia um terremoto que causa muita destruição de outro que é apenas sentido como um tremor? Ou, por que o vento a 70 km/h destrói uma ponte e ventos com velocidade maior não? E em relação as ondas eletromagnéticas, o que diferencia a luz do raio x ou do micro-ondas? Todas as respostas para essas perguntas poderão ser explicadas e entendidas a partir do conhecimento das grandezas físicas envolvidas no movimento oscilatório, como a amplitude, o período, a frequência e a frequência angular. Então vamos resolvê-las! https://www.youtube.com/watch?v=xPMwVVfaUYs CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Pesquise TEMA 1: Modelo de oscilador Para facilitar nosso aprendizado iremos estudar o mais simples dos osciladores: um oscilador ideal que descreve movimento periódico. O movimento oscilatório, dito periódico, é um tipo de movimento que se repete em intervalos de tempo iguais. Os valores das grandezas como posição, velocidade, aceleração, entre outras, se repetem a cada movimento completo do oscilador. A partir da tela seguinte você verá exemplos, muita atenção! Na figura 1, a seguir, você pode observar um oscilador idealizado que realiza movimento periódico, conhecido como oscilador massa-mola. Este oscilador é composto por um bloco da massa m que desliza sobre um plano horizontal sem atrito e é preso à extremidade de uma mola que está fixa na outra ponta em um suporte vertical. A mola que você viu possui massa desprezível e pode ser comprimida ou esticada. Quando deformada, ela aplica no bloco uma força, a qual é a única força horizontal que atua sobre o bloco, a força vertical, força peso, é anulada pela força normal do plano sobre o bloco. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Para facilitar, definimos como origem do sistema de coordenadas o ponto O, que se encontra na posição de equilíbrio quando a mola está em repouso, neste ponto a mola não está nem esticada, nem comprimida. O eixo coordenado x fornece o componente do vetor deslocamento a partir da posição de equilíbrio, indicando a variação do comprimento da mola. Quando o bloco é deslocado da posição de equilíbrio por uma força externa, a força da mola (Fmola), chamada de força restauradora, tende a trazer o bloco novamente para posição de equilíbrio. Por exemplo, quando deslocamos o bloco para a direita do ponto O, na posição x = +A, figura 2, e então o liberamos, a única força, a força restauradora da mola atua para esquerda, produzindo uma aceleração ax também para esquerda. A partir daí, figura 3, como o movimento é acelerado, a velocidade do bloco aumenta até chegar no ponto O. Quando o bloco chega no ponto de equilíbrio, a força restauradora é igual a zero (Fmola = 0), neste momento ele não possui aceleração, porém como o bloco possui velocidade, ele continua o movimento e ultrapassa essa posição deslocando- se para o lado esquerdo do ponto O. Agora a mola passa a ser comprimida,exercendo uma força restauradora para direita, e, portanto, contrária ao movimento, desacelerando o bloco até o repouso, que acontece no ponto x = - A, figura 4. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 A mola agora está sofrendo compressão, a seguir ela acelera o bloco da esquerda para direita, a sua velocidade, portanto, aumenta enquanto a mola estica, ultrapassando novamente o ponto de equilíbrio e projetando o bloco para o lado direito até o ponto x = +A, onde o bloco atinge o repouso e a mola encontra-se novamente esticada pronta para iniciar o ciclo novamente. Se no sistema formado pelo oscilador massa-mola não existir atrito, ou qualquer outra força que retire energia do sistema, o movimento do oscilador se repetirá interminavelmente. Então, até aqui você viu a descrição do movimento do oscilador ideal que iremos utilizar para descrever as grandezas físicas envolvidas no movimento oscilatório, como amplitude, período, frequência e frequência angular. Apesar destas grandezas e definições serem obtidas através do oscilador ideal, elas são válidas para qualquer tipo de oscilação periódica, seja mecânica ou eletromagnética. O oscilador massa - mola também pode funcionar na vertical, eixo coordenado y. Porém, neste caso, ocorre a contribuição da força gravitacional. Como a força gravitacional é uma força conservativa, ela não irá dissipar energia mecânica do movimento e, portanto, o oscilador irá funcionar da mesma maneira. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Amplitude, Período, Frequência e Frequência Angular A toda vez que o oscilador realiza um ciclo completo, ou seja, quando ele inicia na posição x = +A e depois volta a esta posição, o intervalo de tempo gasto para realizar esse ciclo é chamado de período (T). Sua unidade no sistema internacional de unidades é o segundo (s). O inverso do período é chamado de frequência (f), definida como o número de ciclos realizados pelo oscilador no intervalo de tempo, normalmente 1 segundo. 𝑇 = 1 𝑓 ou 𝑓 = 1 𝑇 Em homenagem ao físico Heinrich Hertz, que muito contribuiu no estudo das ondas eletromagnéticas, a unidade de frequência é o Hertz (Hz), sendo: 1 𝐻𝑒𝑟𝑡𝑧 = 1 𝐻𝑧 = 1 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 𝑠 = 1 𝑠−1 A frequência angular (), corresponde variação da posição angular, medida em radianos (rad), pelo tempo. Portanto a unidade de frequência angular é radiano por segundo ( 𝑟𝑎𝑑 𝑠 ). Como a frequência é dada em ciclos por segundo ( 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜𝑠 𝑠 ) e uma oscilação completa resulta em 2𝜋 𝑟𝑎𝑑 𝑐𝑖𝑐𝑙𝑜 , podemos relacionar as grandezas de frequência e frequência angular e período pela equação: 𝜔 = 2𝜋𝑓 = 2𝜋 𝑇 A amplitude (A) do movimento oscilatório corresponde ao módulo máximo do vetor deslocamento do oscilador em relação a posição de equilíbrio O. A unidade de amplitude é o metro (m). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 O professor Cristiano nos fala um pouco mais sobre o oscilador massa- mola na videoaula a seguir. Confira no material online! TEMA 2: Movimento harmônico simples (MHS) Quando a força restauradora é proporcional ao deslocamento do oscilador em relação a posição de equilíbrio O, ele irá descrever o mais simples dos movimentos oscilatórios, denominado de Movimento Harmônico Simples ou de maneira abreviada “MHS”. Em nosso modelo, sistema massa - mola, isso irá ocorrer quando a mola utilizada obedecer à Lei de Hooke, ou seja, quando a força restauradora (Fmola) for dada por: 𝐹𝑚𝑜𝑙𝑎 = − 𝑘 . 𝑥 Esta relação matemática determina o módulo e a direção da força restauradora da mola, independente de x ser positivo, negativo ou nulo. De acordo com a Segunda Lei de Newton, a aceleração do bloco preso a mola será dada pela relação: 𝐹𝑅 = 𝑚. 𝑎 Logo: 𝑎 = 𝐹𝑅 𝑚 Como a força resultante (FR) atuante no bloco é a força da mola (Fmola), força restauradora, a aceleração será dada por: 𝑎 = − 𝑘 𝑚 𝑥 Onde: k = constante de proporcionalidade (unidade = N/m) x = deslocamento em relação a posição de equilíbrio O (unidade = metro). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 Repare que a aceleração depende do valor de x e esse varia a todo momento, portanto a aceleração do movimento do bloco não será constante. Repare também que devido ao sinal negativo a aceleração sempre terá sentido contrário ao deslocamento x. Leitura obrigatória. Aproveite este momento e acesse o livro “Física II”, de Sears e Zemansky em sua Biblioteca Virtual. Procure pelo capítulo “Movimento circular e as equações do movimento harmônico simples” na página 39. Podemos relacionar a frequência angular de um bloco de massa m que executa o movimento harmônico simples sob a ação de uma força restauradora de uma mola de constante da mola k, pela relação: 𝜔 = √ 𝑘 𝑚 Esta relação mostra que a frequência de oscilação de um oscilador harmônico simples no sistema massa - mola depende do próprio oscilador com suas características massa do bloco e constante da mola. Se substituirmos essa relação nas equações de frequência e período, 𝑓 = 𝜔 2𝜋 Obtemos a frequência do oscilador, dada por: 𝑓 = 1 2𝜋 √ 𝑘 𝑚 E o período: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Repare que nas equações que você viu não há relação alguma com a amplitude (A) do movimento, portanto em um oscilador harmônico simples o período e a frequência de oscilação não dependem da amplitude. Para iniciar o movimento você poderia produzir um pequeno deslocamento em relação a posição de equilíbrio ou um grande deslocamento, mas independentemente do valor deste deslocamento as grandezas frequência e período do oscilador seriam sempre as mesmas. ATENÇÃO! Não confunda frequência e frequência angular. Você poderá se atrapalhar caso não saiba a diferença entre a frequência 𝑓 e a frequência angular 𝜔 = 2𝜋𝑓. A frequência informa o número de ciclos por segundo, enquanto a frequência angular informa o número de radinhos por segundo correspondente ao círculo de referência. Ao resolver um problema, verifique cuidadosamente se o objetivo é achar 𝑓 ou 𝜔 . (SEARS apud ZEMANSKI. Física II, p.41. 2003) Leitura obrigatória. Livro “Física II”, de Sears e Zemansky em sua Biblioteca Virtual, página 41. Deslocamento, Velocidade e Aceleração no MHS O gráfico abaixo mostra o deslocamento x do bloco oscilante em função do tempo no movimento harmônico simples, Figura 6 - Gráfico do deslocamento (x) em função do tempo (t) para o oscilador harmônico simples. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Queremos determinar a equação que descreve o comportamento da coordenada x em função do tempo para o MHS. De acordo com o gráfico da figura 6, percebe-se que o deslocamento x é uma função do tempo senoidal periódica. Sem entrar em muitos detalhes, iremos omitir alguns passos, a equação que descreve a variação da coordenada x em função do tempo é dada por: 𝑥 = 𝐴 cos(𝜔𝑡 + ϕ) Sendo: A = amplitude máxima w = frequência angular t = tempo f = ângulo de fase A constante f, ângulo de fase, indica em que ponto do ciclo de movimento o bloco oscilante se encontrava no início do movimento quanto t = 0. Vamos supor que quando o movimento do oscilador iniciou (t = 0) a coordenada x = xo, substituindo esses valores na equação, obtemos: 𝑥𝑜 = 𝐴 cos(𝜔. 0 + ϕ) Logo: 𝑥𝑜 = 𝐴 cos 𝜙 Se f = 0, então:𝑥𝑜 = 𝐴 cos 0 = 𝐴 Ou seja, o oscilador começa seu movimento no deslocamento máximo positivo. Se f = p, então: 𝑥𝑜 = 𝐴 cos 𝜋 = −𝐴 O movimento começa no deslocamento máximo negativo. Se f = p/2, então: 𝑥𝑜 = 𝐴 cos 𝜋 2 = 0. O movimento se inicia na origem.Sabendo a equação do deslocamento em função do tempo para o oscilador, podemos através da derivada primeira determinar a equação que descreve o comportamento da velocidade do bloco oscilante em função do tempo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Lembrando que: 𝑣𝑥 = 𝑑𝑥 𝑑𝑡 Então: 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = 𝑑 𝑑𝑡 [𝐴 cos(𝜔𝑡 + ϕ)] Como a amplitude A é constante, ela sai do sinal de derivada, 𝑑𝑥 𝑑𝑡 = 𝐴 𝑑 𝑑𝑡 [cos(𝜔𝑡 + ϕ)]. Sendo a derivada do cosseno igual a função seno com sinal negativo, e como a derivada é na variável t, devemos derivar 𝑑𝜔𝑡 𝑑𝑡 = 𝜔, que sai da operação do cosseno passando multiplicar toda equação, dessa forma obtemos a velocidade no MHS por: 𝑣𝑥 = − 𝜔𝐴 sen(𝜔𝑡 + ϕ). Da mesma maneira vista, através da derivada segunda da posição em função do tempo do oscilador, podemos obter a equação que descreve o comportamento da aceleração em função do tempo para MHS. Sendo: 𝑎𝑥 = 𝑑2𝑥 𝑑𝑡2 = 𝑑𝑣𝑥 𝑑𝑡 𝑑𝑣𝑥 𝑑𝑡 = 𝑑 𝑑𝑡 [− 𝜔𝐴 sen(𝜔𝑡 + ϕ)] Logo, resolvendo a derivada obtemos a equação da aceleração para o MHS: 𝑎𝑥 = − 𝜔 2𝐴 cos(𝜔𝑡 + ϕ) Leitura obrigatória. Livro “Física II”, de Sears e Zemansky em sua Biblioteca Virtual, páginas 44 e 45, “estratégia para solução de problemas”. Acesse o link a seguir para ver outro simulador: http://phet.colorado.edu/sims/mass-spring-lab/mass-spring-lab_en.html E o que será que o professor Cristiano tem mais a nos dizer sobre o MHS? Assista no conteúdo online! TEMA 3: Energia no movimento harmônico simples Até agora estudamos o MHS no ponto de vista cinemático relacionando posição, velocidade, aceleração e tempo. No entanto, podemos obter outras informações se observarmos e levarmos em conta os tipos de energias envolvidas no movimento. http://phet.colorado.edu/sims/mass-spring-lab/mass-spring-lab_en.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 No modelo de oscilador massa – mola horizontal descrito no início da aula foi possível verificar que a força resultante é determinada por uma única força envolvida no movimento, a força da mola. Destacamos aqui que esta força é uma força conservativa, sendo então a energia mecânica total do sistema constante. Considerando que a massa da mola é desprezível podemos determinar a energia cinética do bloco oscilante pela relação: 𝐾 = 1 2 𝑚. 𝑣2 Já a energia potencial elástica da mola poderá ser determinada por: 𝑈 = 1 2 𝑘. 𝑥2 Como não existe nenhuma força dissipativa no movimento, a energia mecânica total (E) será conservada e será dada pelo somatório da energia cinética com a energia potencial elástica, matematicamente: 𝐸 = 1 2 𝑚. 𝑣2 + 1 2 𝑘. 𝑥2 Veja a figura: Figura 7 – Gráficos da energia cinética, potencial e mecânica para o MHS. Fonte: Livro Sears e Zemansky. Física II. p.46, 2003. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 A figura 7 que você viu na tela anterior mostra alguns deslocamentos característicos do oscilador para as posições quando x = 0, x = + A/2 e x = + A. Abaixo de cada desenho encontram-se os gráficos de energia mecânica com as parcelas de energia cinética e energia potencial para cada uma dessas posições. Repare que nos extremos do movimento, quando x = + A, ou x = - A, a energia cinética é nula. Isso se deve ao fato que nestes pontos a velocidade do bloco é igual a zero. Por outro lado, nestes extremos, a mola ou está sofrendo compressão máxima (ponto x = - A) ou está sofrendo elongação máxima (ponto x = + A), devido a deformação máxima nestes pontos a energia potencial elástica será máxima. Já quando o oscilador encontra-se passando pela origem, ponto de equilíbrio O, seja para direita ou para esquerda, a velocidade do bloco oscilante é máxima e, portanto, neste ponto a energia cinética também é máxima. Mas como a mola não está sofrendo deformação alguma (ponto de equilíbrio), a energia potencial elástica neste ponto será igual a zero. Em qualquer outra posição entre o ponto de equilíbrio (x = 0) e as amplitudes máximas (x = + A), o oscilador irá possuir energia cinética (velocidade), como também energia potencial elástica (mola possui deformação), é o que acontece nos pontos médios (x = + A/2). Leitura obrigatória. Livro “Física II”, de Sears e Zemansky em sua Biblioteca Virtual, página 47, “estratégia para solução de problemas. Ver exemplos 13.2 e 13.4. Professor Cristiano, o que mais precisamos saber sobre o Movimento Harmônico Simples? Acesse o material online para saber! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 TEMA 4: Pêndulo simples Um pêndulo simples é um modelo de oscilador, ele é constituído por um objeto, geralmente uma esfera, a qual é presa em uma das extremidades de um fio que não estica e de massa desprezível e a outra extremidade do fio é fixa em um suporte. Quando a esfera é deslocada da posição de equilíbrio, determinado ângulo q, e em seguida é solta, ela oscila em torno da posição de equilíbrio como um balanço, descrevendo uma trajetória na forma de um arco de circunferência que possui raio L igual ao comprimento do fio, veja: Uma limitação para que o pêndulo simples visto na tela anterior comporte- se promovendo um movimento harmônico simples é que o ângulo q seja pequeno. Como vimos, no estudo do sistema massa - mola, o movimento harmônico simples exige que a força restauradora seja proporcional à distância x ou ao ângulo q. A força restauradora no pêndulo simples é a força gravitacional, mostrada na figura 8 como o produto massa pela aceleração da gravidade (mg). Em determinado instante, que não seja na posição de equilíbrio, a força gravitacional pode ser decomposta em componentes retangulares (mg senq e mg cosq). CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 A componente (mg cosq) é anulada pela tração no fio, representado na figura pelo vetor T, portanto a força restauradora atuante no pêndulo simples é dada por mg senq. 𝐹𝜃 = −𝑚𝑔 𝑠𝑒𝑛𝜃 Contudo, como se pode ver, a força restauradora não é proporcional ao ângulo q, mas sim a (senq), e nesse caso o movimento não é harmônico simples. Porém, se utilizarmos uma aproximação, quando o ângulo q, medido em radianos, for suficientemente pequeno, senq será aproximadamente igual a q (senq ≈ q), com isso podemos escrever a força restauradora como: 𝐹𝜃 = −𝑚𝑔𝜃 Ou, sendo: 𝑥 = 𝐿𝜃 Pode-se escrever: 𝐹𝜃 = − 𝑚𝑔 𝐿 𝑥 Dessa forma a força restauradora é proporcional a coordenada x para pequenos deslocamentos, e a constante de proporcionalidade da força 𝑘 = 𝑚𝑔 𝐿 Substituindo a constante de proporcionalidade na equação da frequência angular destacada no estudo do sistema massa – mola, podemos escrever: 𝜔 = √ 𝑘 𝑚 Então: 𝜔 = √ 𝑚𝑔 𝐿 𝑚 = √ 𝑔 𝐿 , logo a frequência e o período do movimento do pêndulo simples podem ser escritos por: 𝑓 = 𝜔 2𝜋 𝑓 = 1 2𝜋 √ 𝑔 𝐿 e o período: 𝑇 = 2𝜋√ 𝐿 𝑔 Deve ser lembrado que as relações que você viu são válidas somente para pequenas amplitudes, quando q for pequeno. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Sendo válidas estas relações, repare que as grandezas, a frequência angular, a frequência e o período do pêndulo simples não dependem da massa da esfera posta a oscilar, mas dependem do comprimento L do fio e também da aceleração da gravidade local. Veja outro simulador, no link: https://phet.colorado.edu/sims/pendulum- lab/pendulum-lab_pt_BR.html Leitura obrigatória. Livro “Física II”, de Sears e Zemansky em sua Biblioteca Virtual, página 54. Oscilações Amortecidas Os sistemas oscilantes descritos até aqui, sistema massa–mola e pêndulo simples são considerados sistemas ideaisporque não possuem forças resistivas (atrito) e desta forma quando postos para oscilar, mantém o movimento infinitamente sem diminuir a amplitude. Mas em sistemas reais isso não acontece, pois nestes a força de atrito está presente, dissipando a energia do movimento e reduzindo a amplitude gradativamente até atingir o repouso. A diminuição da amplitude é chamada de amortecimento, por isso o nome, oscilações amortecidas. O gráfico a seguir mostra a posição x em função do tempo para um sistema de oscilações amortecidas. https://phet.colorado.edu/sims/pendulum-lab/pendulum-lab_pt_BR.html https://phet.colorado.edu/sims/pendulum-lab/pendulum-lab_pt_BR.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Verifique que a cada período de oscilação a amplitude do movimento do oscilador diminui, quanto maior for a força de amortecimento mais rapidamente a amplitude será reduzida. Quando a força de amortecimento for suficientemente grande, ao ser deslocado da posição de equilíbrio e posto para oscilar, o oscilador retorna para posição de equilíbrio sem oscilar, ocorrendo o amortecimento crítico. E, quando além de não oscilar, o oscilador voltar para a posição de equilíbrio, lentamente temos o superamortecimento. Oscilações forçadas e Ressonância Naturalmente se um oscilador amortecido é deixado para oscilar livremente, seu movimento tende a cessar atingindo o repouso. Contudo, se a cada movimento de ir e vir e uma força externa atuar no oscilador e o movimento continuar mantendo a amplitude máxima constante (e isso é claro) enquanto a força externa atuar, damos a este tipo de oscilação a denominação de oscilação forçada. Um relógio de pêndulo mantém seu movimento por oscilação forçada através de uma força promovida por uma mola de corda ou por pesos suspensos fornecendo energia para suprir a dissipação da energia mecânica devido ao atrito nas engrenagens e no pivô do pêndulo. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Um ponto de vista interessante em relação a oscilação forçada ocorre quando a frequência com que a força propulsora atua no sistema é aproximadamente igual à frequência natural das oscilações do sistema oscilante. Quando isso ocorre dizemos que o sistema está em ressonância. Sobre o pêndulo simples, assista no material online o que mais o professor Cristiano tem a nos ensinar! Trocando ideias Lembra do exemplo introdutório sobre a ponte que despencou devido a um vento de 70 km/h nos Estados Unidos? Com esta ideia, pesquise por outros exemplos com base no que você estudou até aqui e poste para os seus colegas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), veja também o que postaram e comente! Na Prática Hora de refletir! Pare e olhe em volta, quais objetos do seu dia a dia têm movimentos? Faça uma lista de 10 itens e indique qual o tipo de movimento, oscilação que eles têm? Claro, com base no conteúdo que você aprendeu hoje. Síntese Chegamos ao fim deste encontro, e claro que não poderíamos deixar de ouvir as palavras do professor Cristiano! Hoje você aprendeu sobre o modelo de oscilador, o MHS e até como isso funciona em um pêndulo simples. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Não deixe de fazer outras pesquisas também, desse modo você vai fixar o conteúdo na cabeça e facilitar os próximos aprendizados. Agora, assista a sintetização pelo professor Cristiano, a seguir. Assista à sintetização no material online! Referências SEARS E ZEMANSKI. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12ª edição – ed. Pearson. 2003. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Física Termodinâmica e Ondas Aula 2 Professor Cristiano Cancela da Cruz CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Você acorda e está respirando, o ar entre e sai do seu sistema respiratório, sente seu coração batendo e o sangue sendo impulsionado em seus vasos sanguíneos. Ânimo, mais um dia está começando! Você vai ao banheiro lavar o rosto, abre a torneira e a água flui pela tubulação. Água fria? Ninguém merece. Na cozinha, a cafeteira eletrônica, já programada na noite anterior, goteja saborosas gotas de café, o aroma flui e espalha-se pelo ambiente. Apesar de saboroso, você está com pressa, rápido! Em goles grandes o café desce pelo esôfago provocando o ruído característico de um líquido que desce por uma tubulação. Que incrível é o corpo humano. Você sai às pressas, afinal está atrasado, de moto é mais rápido. Sobe na moto, a gasolina que estava em repouso durante a noite é agitada no tangue, você dá a partida. O combustível flui pela mangueira chegando ao carburador, ele é vaporizado, misturando-se com o ar atmosférico, a mistura vai parar no cilindro sendo comprimida pelo pistão, uma faísca, uma explosão, brum, brum... O motor está ligado, gases saem do escapamento lançados na atmosfera. Você, já a caminho, observa um avião que voa em ar tranquilo, sem turbulência, diferente do barco que navega na lagoa em águas agitadas. Água? Vai chover? Deveria ter vindo de carro, a pressa aumenta, não quer se molhar. Vamos, vamos, estou quase chegando, ufa, deu tempo, a aula de física irá começar. Como você deve ter percebido no texto ilustrativo acima, no nosso dia a dia, seja observando o funcionamento do nosso corpo, nossas residências, ou meios de locomoção e até mesmo o próprio ar atmosférico, estamos cercados de fluidos. Mas o que vem a ser um fluido? Fluido é o nome dado a qualquer substância que pode fluir. Nesta classe enquadram-se os líquidos e os gases, sendo que, os gases considerados fluidos podem ser comprimidos e os líquidos fluidos são a aqueles que sofrem pouca compressão, ou são incompressíveis, com algumas exceções. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Um fluido pode estar em repouso em determinado recipiente, como um copo d’água sobre a mesa, ou fluindo através de uma tubulação. No primeiro caso o fluido encontra-se em equilíbrio e o estudo desta situação chama-se estática dos fluidos ou hidrostática. É a parte da física que estuda os líquidos e os gases em repouso, sob ação de um campo gravitacional constante, como ocorre com o ar atmosférico na superfície do planeta Terra. E no segundo caso, o fluido em movimento, chama-se dinâmica dos fluidos ou hidrodinâmica, que lida com a ciência de fluxo de fluido, ou seja, é a ciência natural que estuda o movimento de fluidos. As leis que regem a hidrostática e a hidrodinâmica estão presentes constantemente no dia a dia do homem, mais do que se pode imaginar. Elas se verificam, por exemplo, na água que sai da torneira das residências, nas represas das hidrelétricas que geram a energia elétrica, no movimento do sangue nos vasos sanguíneos, na pressão arterial e pulmonar, pressão osmótica e na pressão que o ar exerce sobre o corpo humano. Nesta aula faremos uso das leis de Newton e da conservação da energia obtendo aplicações simples para o estudo do comportamento dos fluidos. Definiremos grandezas básicas como densidade, pressão e empuxo. Também estudaremos a lei de Pascal, o princípio de Arquimedes e a equação de Bernoulli. Boa aula! No material online, o professor Cristiano Cancela da Cruz faz uma breve introdução sobre os conteúdos que serão abordados nesta rota. Não perca! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Contextualizando O tubarão é considerado um animal agitado, pois está constantemente em movimento, nadando de um lugar ao outro. Ele precisa utilizar essa tática para não afundar e também para respirar. Ao nadar ele faz uso de suas barbatanas utilizando a sustentação dinâmica para manter a profundidade, e caso pare, ele afunda. O tubarão é como um avião, ele usa seumovimento para frente, impulsionado pelo movimento da calda, para controlar sua posição vertical. Ele possui dois conjuntos de nadadeiras nas laterais do corpo, na mesma posição das asas de um avião. Ao posicionar as nadadeiras em ângulos diferentes, ele altera o percurso da água a sua volta alterando a inclinação de seu corpo. Quando ele inclina a nadadeira para baixo, a água flui por ela gerando maior pressão sobre a parte inferior da nadadeira, criando a elevação do seu corpo, assim consequentemente ele sobe. E quando o tubarão inclina a nadadeira para cima, a pressão é maior sobre a parte superior da barbatana e o tubarão movimenta-se para o fundo. Ou contrário do tubarão, outros peixes, como a carpa ou o peixe-palhaço, (peixinho do filme “Procurando Nemo”) conseguem manter-se no mesmo nível na água. Esses peixes possuem no seu organismo uma bolsa de ar chamada bexiga natatória que os auxilia no movimento na água. Quando peixes desse tipo respiram oxigênio, eles liberam um pouco de ar para a bexiga natatória aumentando seu volume e consequentemente a sua capacidade de flutuar na água. Por outro lado, para afundar, o peixe solta parte do ar da bexiga natatória, diminuindo seu volume corporal o que lhes faz afundar. Mas como explicar a diferença entre esses peixes em relação a capacidade de emergir e submergir na água? Com o conhecimento da hidrostática e da hidrodinâmica podemos explicar esse efeito. Para isso precisamos conhecer conceitos de densidade, pressão, empuxo, entre outros. O professor Cristiano Cancela da Cruz aborda melhor esse contexto no material online. Confira! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Pesquise TEMA 1: Densidade (p) Para ilustrar a definição de densidade imagine os seguintes objetos: um cubo de gelo, uma aliança, uma borracha escolar, um botão de madeira, um dado de plástico e uma moeda. Observando esses objetos você poderia classificá-los de diversas formas, uma delas por exemplo, seria o tamanho. De acordo com a figura, o maior seria o cubo de gelo, em seguida o dado de plástico, depois a borracha escolar, a moeda, a aliança e por fim o botão de madeira. Ou em ordem alfabética: aliança, borracha, botão, cubo de gelo, dado e moeda. Uma outra forma de classificar esses objetos seria pela densidade, neste caso teríamos a seguinte ordem, do mais denso para o menos denso. Em primeiro: a aliança, depois a moeda, borracha, dado, gelo e o menos denso, o botão de madeira. Mas o vem a ser densidade? Densidade é uma característica do material, a matéria-prima com que ele é feito. Ela representa a relação entre massa e volume, ou seja, a massa do material por unidade de volume. Quando um objeto produzido com determinada matéria-prima possui a mesma densidade em qualquer parte, dizemos que esse objeto é homogêneo. Corriqueiramente costuma-se representar a densidade pela letra grega ρ (lê-se rô). A densidade de um material homogêneo será dada pela relação da massa do objeto pelo volume: 𝜌 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎 𝑣𝑜𝑙𝑢𝑚𝑒 = 𝑚 𝑉 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 A unidade de densidade no sistema internacional de unidades (S.I.) é o quilograma por metro cúbico (1 𝐾𝑔 𝑚3 ) e no sistema CGS é dada em gramas por centímetro cúbico (1 𝑔 𝑐𝑚3 ). A relação entre essas duas unidades é: Na tabela a seguir estão listados algumas substâncias e suas respectivas densidades com unidade no sistema internacional de unidades, caso queira os valores no sistema CGS, basta dividir os valores de densidade por 103. Fonte: SEARS e ZEMANSKY. Quando o material não possui densidade homogênea, por exemplo, o ar atmosférico terrestre, o qual é mais denso a baixas altitudes e menos denso em pontos elevados, costumasse representar a densidade média. Aprofunde seus conhecimentos acessando o simulador de densidade, disponível a seguir. https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/density_pt_BR.html 1 𝑔 𝑐𝑚3 = 1000 𝐾𝑔 𝑚3 https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/density_pt_BR.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo o livro “Física II”, de Sears e Zemansky, a partir da página 73. Agora é com o professor Cristiano Cancela da Cruz! Assista à explicação dele sobre a densidade no material online. TEMA 2: Pressão em um Fluido No ponto de vista da dinâmica, a física do movimento de objetos sólidos extensos, ou até mesmo pontuais, uma força que não se pode deixar de levar em consideração é a força gravitacional, a qual, como verificamos, está intimamente relacionada com a massa do objeto. Quando aplicamos forças nesse tipo de objeto, todas as partes do objeto se movem juntas e da mesma maneira. Devido a isso, pode-se dizer que as grandezas de força e massa são imprescindíveis para o estudo dinâmica do movimento. Mas como utilizar essas grandezas para tratar da mecânica de fluidos? O peso do fluido, força gravitacional, depende da quantidade de fluido existente, assim como a massa. Se aplicarmos forças no fluido, ele não irá comportar-se como um corpo sólido, suas partes irão descrever movimentos diferentes. Devido a essas dificuldades, quando estudamos a dinâmica em fluidos, o melhor é tratar o fluido através da grandeza de densidade ao invés da massa e a ação de forças através da grandeza pressão. Pressão é um dos conceitos mais importantes para desenvolver o estudo da hidrostática e hidrodinâmica. Para entender o que é pressão, tomemos como exemplo um bloco de madeira com peso igual a 2 N, e com uma superfície de contato de área igual a 0,25 m2 apoiada sobre uma mesa, conforme a figura a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Esse bloco, como sabemos, exerce uma determinada força sobre a mesa, e às vezes há necessidade de saber qual a força que cada parte da área de contato está suportando. Para isso fazemos a razão entre a força que o bloco exerce sobre a mesa e a área da mesa que está suportando o mesmo. Isso quer dizer que cada m2 da base do bloco está comprimindo a mesa com uma força de 8 N. Pressão é isso, a razão da força aplicada pela área onde esta força é aplicada. Portanto, a pressão é calculada através da razão entre a força aplicada pela área da superfície onde a força está atuando. Em que: P = pressão F = força aplicada A = área de aplicação da força 2,0 𝑁 0,25 𝑚2 = 8 𝑁 𝑚2 𝑷 = 𝑭𝒐𝒓ç𝒂 Á𝒓𝒆𝒂 = 𝑭 𝑨 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 Pressão é uma grandeza escalar e a sua unidade no Sistema Internacional de Unidades (S.I.) é o Pascal (Pa). Em homenagem a Blaise Pascal. A unidade de força é o newton (N) e a unidade de área é o m2, ambas no S.I. A razão entre força e área resulta em N/m2. A pressão pode ser medida em outras unidades, por exemplo: atmosferas (atm), milímetros de mercúrio (mmHg), libras por polegada quadrada (lb/pol²), milibars (bar), etc. Pressão de uma Coluna de Líquido Um fluido quando em repouso, exerce uma força perpendicular sobre qualquer superfície que esteja em contato com ele, seja a parede interna do recipiente ou a superfície de um objeto submerso no fluido. Devido ao peso do fluido, a pressão exercida por ele varia conforme aumentamos a profundidade. Felizmente podemos deduzir uma equação que represente a pressão exercida pelo fluido em função da profundidade. Para isso iremos considerar que o fluido possua densidade ρ constante em todas as partes do fluido, ou seja, o fluido é homogêneo e ele está contido em um recipiente cilíndrico de raio r. A altura da coluna de fluido da superfície até o fundo do recipiente será h e a aceleração da gravidade local é constante, dado por g = 9,8 m/s2. Analisea figura a seguir. 1 N/m2 = 1 Pascal = 1Pa 1 atm = 1,013 x 105 Pa = 760 mmHg CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 A pressão P que o fluido exerce no fundo do recipiente terá a contribuição da pressão atmosférica Po, que atua na superfície do fluido somada a pressão exercida pelo próprio fluido, PF dada por: Como: A pressão do fluido PF no fundo do recipiente será: 𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝑃𝐹 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑠ã𝑜 = 𝐹𝑜𝑟ç𝑎 á𝑟𝑒𝑎 = 𝐹 𝐴 𝑃𝐹 = 𝐹 𝐴 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 A força F aplicada no fundo do recipiente é o peso do fluido que nele está contido e a área A onde essa força está sendo aplicada é a área do fundo do recipiente. Sendo o peso determinado por: Substituindo a massa m na equação pela correspondente a densidade: Logo: Substituindo, O volume V do fluido será determinado pelo produto da área da base A pela altura de fluido h: Então: 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝑚 . 𝑔 𝜌 = 𝑚 𝑉 𝑚 = 𝜌 . 𝑉 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝜌 . 𝑉 . 𝑔 𝑉 = 𝐴 . ℎ 𝑃𝑒𝑠𝑜 = 𝜌 . 𝐴. ℎ . 𝑔 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Substituindo em: Portanto, a pressão no fundo do recipiente será determinada por: Em que: Po = pressão atmosférica ρ = massa específica do fluido g = aceleração da gravidade h = profundidade. Apesar da dedução da equação ser obtida para calcular a pressão no fundo do recipiente, ela é válida para determinar a pressão a qualquer profundidade h no interior do fluido. Observe na equação que a pressão só depende da profundidade h, pois as outras grandezas são constantes, isso nos leva a concluir que todos os pontos do fluido que estão a uma mesma profundidade possuem a mesma pressão, independente da forma geométrica do recipiente. Também pode-se verificar na equação que se aumentarmos a pressão Po na superfície do fluido, a pressão em qualquer ponto do fluido também irá 𝑃𝐹 = 𝐹 𝐴 𝑃𝐹 = 𝜌 . 𝐴. ℎ . g 𝐴 𝑃𝐹 = 𝜌 . 𝑔 . h 𝑃 = 𝑃𝑜 + 𝑃𝐹 𝑷 = 𝑷𝒐 + 𝝆 . 𝒈 . 𝐡 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 aumentar a mesma quantidade. Essa observação foi feita primeira vez por Blaise Pascal e ficou formulada como Princípio de Pascal. A pressão exercida em qualquer ponto de um fluido é transmitida integralmente a todos os pontos do fluido e também para as paredes do recipiente que o contém. Com base neste princípio muitos dispositivos foram construídos, entre eles a alavanca hidráulica. A alavanca hidráulica, veja na figura a seguir, é um dispositivo que pode ser utilizado para amplificar uma força. Com ele pode-se aplicar uma pequena força de entrada e obter uma força maior na saída, porém o trabalho realizado é o mesmo, tanto para força de entrada como para de saída. Fonte: SEARS e ZEMANSKY. Uma pequena força é aplicada no pistão de entrada com área pequena Ae, de acordo com o princípio de Pascal isso causa uma variação de pressão no fluido do dispositivo e essa variação se transmite para o pistão de saída com área maior As, resultando em uma força de saída maior capaz de sustentar o CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 carro. Logo, se a variação de pressão na entrada Pe é igual a variação de pressão na saída Ps, podemos escrever: Logo, Se deslocarmos o pistão de entrada uma quantidade de o pistão de saída deslocará uma quantidade ds, e neste caso o volume de líquido deslocado em cada pistão será o mesmo, portanto: Analisando o trabalho realizado no pistão de saída, temos que: Isso mostra que o trabalho realizado na entrada 𝐹𝑠𝑑𝑠 é o mesmo que o trabalho realizado no pistão de saída 𝐹𝑒𝑑𝑒. Exemplo: A figura a seguir mostra quatro situações nas quais um líquido escuro e um líquido claro estão em um tubo U. Em uma dessas situações, os líquidos não podem estar em equilíbrio estático. Que situação é essa? Para as outras situações, suponha que os líquidos estão em equilíbrio estático. Para cada uma delas, a massa específica do líquido escuro é maior, menor ou igual à massa específica do líquido claro? 𝑭𝒆 𝑨𝒆 = 𝑭𝒔 𝑨𝒔 𝑉 = 𝐴𝑒𝑑𝑒 = 𝐴𝑠𝑑𝑠 𝑊 = 𝐹𝑠𝑑𝑠 = 𝐹𝑒𝐴𝑠 𝐴𝑒 . 𝑑𝑒𝐴𝑒 𝐴𝑠 = 𝐹𝑒𝑑𝑒 ∆𝑃𝑒 = ∆𝑃𝑠 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Resolução: Para simplificar a explicação chamarei a linha tracejada superior de “a”, a linha tracejada inferior de “b”, e o segmento ab = h. Denota-se como “M” o ponto médio na parte inferior do tubo, “ρe“ a massa específica do líquido escuro e “ρc“ a massa específica do líquido claro. Considerando também a área da seção transversal do tubo como “A”, temos que: Os líquidos estarão em equilíbrio estático se as pressões exercidas no ponto médio “M”, entre os dois lados do tubo forem iguais. Como nas quatro situações o líquido abaixo da linha “b” é de mesma massa específica (ρc), então, o equilíbrio será estabelecido quando as pressões exercidas pela quantidade de líquido acima da linha “b” forem iguais. Portanto: Pe = pressão exercida pelo líquido escuro acima da linha “b” Pc = pressão exercida pelo líquido claro acima da linha “b” 𝑃𝑒 + 𝑃𝑜 = 𝑃𝑐 + 𝑃𝑜 𝑃𝑒 = 𝑃𝑐 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Como: A F p g , sabendo que Fg = peso do líquido que está acima da linha “b”, Fg = m.g Então: A F A F ce Logo: 𝑚𝑒 𝑔 = 𝑚𝑐𝑔 𝑚𝑒 = 𝑚𝑐 Portanto, o equilíbrio estático será atingido, quando as massas da quantidade de líquido acima da linha “b”, entre os dois lados do tubo U, forem iguais. Sabendo que a massa específica é dada por V m , então Vm . , substituindo em 𝑚𝑒 = 𝑚𝑐, temos: Analisando cada caso: Situação 1: Situação 2: Portanto na situação (2) os líquidos não podem estar em equilíbrio estático. Situação 3: 𝜌𝑒 + 𝑉𝑒 = 𝜌𝑐 + 𝑉𝑐 2 .... h AhA ce 2 c e 0.. hAe CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Situação 4: Para a situação (1); (3); (4); a massa específica do líquido escuro é: Maior na situação (4) 2 3 c e Menor na situação (1) 2 c e Igual na situação (3) ce Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo as páginas 77 e 78 do livro “Física II”, de Sears e Zemansky, página 73. Assista à explicação do professor Cristiano Cancela da Cruz sobre a pressão nos fluidos no material online. TEMA 3: Empuxo Você já deve ter experimentado a ação do empuxo quando entrou em uma piscina, água do mar, ou até mesmo em uma banheira. Com certeza você deve ter percebido que seu corpo aparentou estar mais leve quando estava submerso na água. Mas como explicar esse fato? Aplicando a teoria da dinâmica, sabe-se que a força gravitacional que atua em seu corpo continua a mesma, pois sua massa não se alterou e muito menos CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 a aceleração da gravidade local. Para explicar a sensação de estar mais leve deve existir outra força que atua em sentido contrário a força gravitacional, minimizando sua ação, mas de onde tem origem essa força? Isso é explicado pelo Princípio de Arquimedes, que nos diz que quando um corpo está total ou parcialmente submerso em um fluido, o fluido ao redor dele exerce forças de empuxo E sobre o corpo. A resultante dessas forças está dirigida para cima e possui uma intensidade igual ao peso do volumede fluido que foi deslocado pelo corpo. Em que: E = força de empuxo mf = massa do fluido deslocado com a submersão do corpo g = aceleração da gravidade Substituindo a massa pelo produto da densidade pelo volume V do fluido deslocado, temos: Logo, o módulo do empuxo pode ser calculado por: Flutuação Quando um corpo flutua em um fluido, a intensidade E da força de empuxo sobre o corpo é igual à intensidade Fg da força gravitacional sobre o corpo. 𝐸 = 𝑚𝑓 . 𝑔 𝜌𝑓 = 𝑚𝑓 𝑉 𝑚𝑓 = 𝜌𝑓 . 𝑉 𝐸 = 𝜌𝑓 . 𝑔 . 𝑉 𝐸 = 𝐹𝑔 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Portanto, quando um corpo flutua em um fluido, a intensidade Fg da força gravitacional sobre o corpo é igual ao peso mf . g do fluido que foi deslocado pelo corpo, ou seja, o corpo flutuante desloca o seu próprio peso de fluido. Peso Aparente em um Fluido Se medirmos o peso de um corpo com um dinamômetro o valor obtido será exatamente o peso do corpo Preal. Agora se realizarmos o mesmo procedimento com o corpo submerso em um fluido, a força de empuxo E para cima sobre o corpo faz com que a leitura seja menor, essa leitura é o peso aparente Pap. Veja a figura a seguir. Na esquerda o volume inicial de água e o peso real do cilindro e na direita, o volume final de água e o peso aparente (Pap) medido no dinamômetro quando o cilindro é imerso na água. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Exemplo: Uma esfera oca de raio interno igual a 8,0 cm e raio externo igual a 9,0 cm flutua parcialmente submersa em um líquido de massa específica igual a 800 Kg/m3. Qual é a massa da esfera? Calcule a massa específica do material do qual é feita a esfera. Qual é a massa da esfera? Considerando que o termo, flutua parcialmente submersa, refira-se a metade da esfera para fora do líquido e metade da esfera dentro do líquido. Portanto, se a esfera flutua nesta condição de equilíbrio, teremos que a intensidade da força gravitacional (Fg) que age sobre a esfera é numericamente igual à força de empuxo (E) provocada pelo líquido que rodei a esfera. Pelo diagrama do corpo livre. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 Em que: ρL = massa específica do líquido. Vs = volume submerso me = massa da esfera Como o volume submerso é dado por 2 3 4 3 e s R V ; temos: Kg R m eL e 22,1 2 09,0 3 4 .800 2 3 4 . 33 Calcule a massa específica do material do qual é feita a esfera. e e e V m ; onde: ρe = massa específica da esfera. Ve = volume da esfera = 33 3 4 3 4 iee RRV Logo: 3 33 1320 08,0 3 4 09,0 3 4 2,1 m Kg e Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo as páginas 80 e 81 do livro “Física II”, de Sears e Zemansky, página 73. Quer saber mais sobre o empuxo? Assista à explicação do professor Cristiano Cancela da Cruz no material online. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 22 TEMA 4: Escoamento de um Fluido Com posse dos conhecimentos de fluidos adquiridos até aqui, podemos estudar o movimento de um fluido, chamado de escoamento. O estudo do escoamento de um fluido é muito complexo, mas se levarmos em consideração algumas condições que envolve as propriedades dos fluidos em movimento, podemos criar um modelo idealizado que facilitará a descrição deste movimento. Considera-se um fluido ideal o fluido não-viscoso, ou seja, fluidos que não possuem atrito interno entre as moléculas e com as paredes da tubulação. Eles devem possuir densidade constante, pois devem ser incompressíveis e em determinado ponto a velocidade de escoamento em função do tempo deve ser constante. A trajetória de uma partícula individual do fluido durante o escoamento chama-se linha de escoamento ou linha de fluxo. Do princípio proposto por Daniel Bernoulli, se a velocidade de uma partícula de um fluido aumenta enquanto ela se escoa ao longo de uma linha de escoamento, a pressão do fluido deve diminuir e vice-versa. O escoamento pode ocorrer de duas maneiras, quando as linhas de escoamento de diversas partículas que constituem o fluido fluem em camadas adjacentes do fluido, deslizando uma sobre as outras, o escoamento é dito laminar. Já quando a velocidade de escoamento do fluido aumenta drasticamente, tornando-o irregular e caótico, as linhas de escoamento se misturam constantemente, variando a todo momento, o escoamento é dito turbulento. Equação da Continuidade Uma característica muito importante no escoamento de fluidos é que a massa do fluido não se altera durante o escoamento, ou seja, a quantidade de fluido que entra em um ponto da tubulação é igual a quantidade de fluido que sai em outro ponto. Isso pode ser demonstrado e comprovado através da equação da continuidade. Para deduzir essa relação iremos analisar o escoamento de um fluido em uma tubulação onde a entrada do tubo possui área da seção reta A1 e a saída com área A2, veja a figura a seguir. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 23 Fonte: SEARS e ZEMANSKY A velocidade do fluido é tangente as paredes da tubulação em qualquer ponto, sendo a velocidade de escoamento na seção de área A1 igual a v1 e a velocidade na seção de área A2 igual a v2. Em um pequeno intervalo de tempo (dt), uma partícula do fluido que estava entrando na tubulação na seção A1 desloca-se uma quantidade (v1dt), e durante o mesmo intervalo de tempo, uma partícula do fluido desloca-se uma quantidade (v2dt) na saída do tubo de seção A2. Como a quantidade de fluido que entra na tubulação deve ser igual a quantidade de fluido que sai, os volumes de fluido em cada seção reta do tubo no mesmo intervalo de tempo devem ser os mesmos. O volume de fluido deslocado na seção de área A1 no intervalo de tempo dt, será dado por: E o volume de fluido deslocado na seção de área A2 no mesmo intervalo de tempo será: 𝑑𝑉1 = 𝐴1 𝑣1𝑑𝑡 𝑑𝑉2 = 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 24 Como vimos essas quantidades são iguais e, portanto, podemos escrever: Logo, a equação da continuidade para um fluido incompressível será dada por: A relação do produto da área da seção pela velocidade de escoamento nesta área (𝐴𝑣), é a vazão volumétrica ou a taxa com a qual o volume do fluido atravessa a seção reta do tubo. Podemos escrever: Já a vazão mássica, ou seja, a taxa de variação da massa do fluido por unidade de tempo através da seção reta do tubo, será dada pelo produto da densidade do fluido pela vazão volumétrica. Equação de Bernoulli A equação de Bernoulli complementa a equação da continuidade e torna- se essencial para analisar escoamentos, por exemplo em sistemas de encanamento, em tubulações de usinas hidrelétricas e a sustentação de uma aeronave durante o voo. Essa equação traz a relação entre pressão, velocidade de escoamento e a altura da tubulação no escoamento de fluidos ideais. A dependência da pressão em relação a velocidade de escoamento decorre que quando um fluido percorre uma tubulação que afunila, a velocidade de escoamento do fluido deve ser cada vez maior, ou seja, o fluido deve ser 𝐴1 𝑣1𝑑𝑡 = 𝐴2 𝑣2 𝑑𝑡 𝑨𝟏 𝒗𝟏 = 𝑨𝟐 𝒗𝟐 𝑑𝑉 𝑑𝑡 = 𝐴𝑣 𝑑𝑚 𝑑𝑡 = 𝜌 𝑑𝑉 𝑑𝑡 = 𝜌𝐴𝑣 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 25 acelerado. Para que isso ocorra deve existir uma força resultante que empurre o fluido para frente aumentando sua velocidade. Isso ocorre porque a pressão ao longo da tubulação varia. Outro fator que faz a pressão variar nos diversos pontos da tubulação é quando existe uma diferença de altura em pontos distintos da tubulação. Nesta aulanão iremos nos ater a dedução da equação de Bernoulli, iremos apenas analisá-la com a intensão de compreendê-la. Observe a figura a seguir que apresenta uma tubulação que afunila e ao mesmo tempo se eleva do ponto indicado pela coordenada y1 até o ponto mais alto da tubulação indicado pela coordenada y2. Fonte: SEARS e ZEMANSKY A equação de Bernoulli afirma que o trabalho realizado pelo fluido das vizinhanças sobre uma unidade de volume de fluido é igual à soma das variações da energia cinética e da energia potencial ocorridas na unidade de volume durante o escoamento. Em termos de pressão pode-se escrever como: 𝑃1 + 𝜌𝑔𝑦1 + 1 2 𝜌𝑣1 2 = 𝑃2 + 𝜌𝑔𝑦2 + 1 2 𝜌𝑣2 2 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 26 A equação de Bernoulli relaciona a pressão P com a velocidade de escoamento v e a altura y para quaisquer dois pontos da tubulação, supondo o escoamento estacionário de um fluido ideal. Atenção: o princípio de Bernoulli se aplica apenas em certas situações. Acentuamos mais uma vez que a equação de Bernoulli vale somente para o escoamento estacionário de um fluido incompressível sem viscosidade. Por ser uma equação simples e fácil de usar, surge a tentação de usá-la em situações para as quais ela não é válida, mas você deve resistir a essa tentação! Leitura Obrigatória: Aprofunde os seus estudos lendo as páginas 83 e 85 do livro “Física II”, de Sears e Zemansky, página 73. Assista à explicação do professor Cristiano Cancela da Cruz sobre o escoamento de um fluido no material online. Trocando ideias Está com alguma dúvida sobre o conteúdo? Não perca tempo e entre em contato com o nosso tutor. Ele sempre está disponível para ajudá-lo. Na Prática Chegou a hora de você ver como toda essa teoria acontece na prática. Clique no link a seguir e teste a pressão de fluidos de diversos elementos em um simulador. https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under- pressure_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 27 Esse outro simulador testa a força do empuxo. https://phet.colorado.edu/sims/density-and- buoyancy/buoyancy_pt_BR.html E esse outro a pressão de fluidos! https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under- pressure_en.html Síntese Para finalizar, confira no material online as considerações do professor Cristiano Cancela da Cruz sobre os tópicos analisados nesta aula. Referências SEARS E ZEMANSKI. Física II: Termodinâmica e Ondas. 12ª edição – ed. Pearson. 2003. https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/buoyancy_pt_BR.html https://phet.colorado.edu/sims/density-and-buoyancy/buoyancy_pt_BR.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/under-pressure/latest/under-pressure_en.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Física: termodinâmica e ondas Aula 3 Professor Cristiano Cancela da Cruz CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 Conversa Inicial Seja bem-vindo à terceira aula de Física, Termodinâmica e Ondas! Confira a seguir o conteúdo de hoje que será estudado! A percepção auditiva é um dos cinco sentidos utilizados para entender o mundo que nos cerca, ela consiste de um processo mental que é iniciado por um estímulo sonoro, e este é captado por nossos ouvidos. Este estímulo sonoro nada mais é do que um sinal acústico, originado por uma onda sonora, devido a alguma vibração mecânica do meio material a nossa volta. Quando chega até nossos ouvidos, esta onda sonora desencadeia um processo neural, o qual o cérebro reconhece, permitindo identificar o causador daquele som e até mesmo localizando a origem da fonte sonora. Nossa pretensão aqui não é desvendar o funcionamento da audição, mas sim estudar o comportamento das ondas chamadas ondas mecânicas e o som é um exemplo importante. Para isso, iremos determinar equações matemáticas que possibilitem descrever o comportamento de uma onda, utilizaremos como modelo as ondas periódicas, nas quais os valores das grandezas físicas que descrevem a configuração da onda se repetem em intervalo de tempo igual, conforme a onda se propaga. Vamos, também, conhecer e analisar o fenômeno ondulatório chamado de interferência, fenômeno que ocorre quando há superposição de duas ondas ou mais, no mesmo local do meio e ao mesmo tempo. Assista no material online à explicação do professor Cristiano! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Contextualizando Maria Júlia ligou para Fabiano, e como toda boa namorada, ela quis logo saber onde ele estava e o que estava fazendo, afinal, como ela sempre diz, quem ama cuida. Em meio a conversa, Fabiano que trabalhava como decorador de festa infantil, resolveu fazer uma brincadeira. Naquele momento ele acabara de prender diversos balões de gás hélio pelo salão de festa alugado por dona Sônia, como esta senhora era sempre exagerada, sobraram diversos balões. Fabiano então, pegou um destes balões, soltou o nó que prendia o bico e deixou o gás escapar lentamente, inalando o gás liberado durante uma inspiração profunda. Neste instante, ao falar, a voz de Fabiano, que sempre foi meio rouca, soou em tom agudo parecendo voz de mulher, seu colega Leandro que assistia a cena, caiu na gargalhada. O que Fabiano não esperava era a reação da moça, pois Júlia, ciumenta por natureza, ao ouvir aquela voz aguda, foi logo colocando Fabiano contra a parede, enfurecida ela dizia sem parar não dando chance para o rapaz se explicar: “quem está aí com você?”, “tem alguma mulher aí?”, “quem é? Pode me falar Fabiano!”. Apesar da história acima ser apenas ficção, você já deve ter visto em vídeos na internet, ou até mesmo feito essa brincadeira de inalar gás hélio e posteriormente falar. O som produzido ao falar é emitido em tom agudo, diferente do qual estamos acostumados. Você neste momento deve estar se perguntando, o que isso tem a ver com essa aula? Vamos conferir a seguir! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 A brincadeira em si, realmente não tem nada a ver com a aula, mas as diferenças entre as ondas sonoras que são produzidas ao se falar sem inalar gás hélio e quando se inala têm grande relação com esta aula, afinal, o tema que iremos abordar são as ondas mecânicas e o som é um exemplo importante de onda mecânica. É claro que ele não é o único exemplo, pois as ondas produzidas em um lago quando se joga uma pedra, ou em uma corda posta a oscilar, assim como a corda de um violão, e até mesmo as ondas sísmicas produzidas por um terremoto, são também todas ondas mecânicas. A origem de uma onda mecânica ocorre com a perturbação de algum meio material, deslocando-o de uma posição de equilíbrio para outra de maior energia. Essa perturbação propaga-se através do meio carregando a energia fornecida na forma de uma onda. Quando jogamos uma pedra em um lago, a pedra provoca a perturbação do meio, que neste caso é a água, fornecendo energia no local, no ponto onde a pedra caiu. A energia fornecida se propaga para o restante da água, deslocando-se na forma de onda. As ondas mecânicas não são a única forma de onda existente na natureza, também existem as ondas eletromagnéticas, nesta forma encontram-se as ondas de luz, ondas de rádio, ondas de micro-ondas, entre outras. Esses tipos de ondas são gerados por vibrações eletromagnéticas, de uma maneira geral, se um campo elétrico for variável em relação ao tempo, este produziráum campo magnético também variável, formando assim uma onda eletromagnética que se desloca no espaço. Portanto, uma onda eletromagnética caracteriza-se por oscilações de campos elétricos e campos magnéticos. A diferença entre as ondas mecânicas e eletromagnéticas consiste no fato que as ondas eletromagnéticas não necessitam de um meio material para se propagarem, assim como ocorre com as ondas mecânicas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 Pesquise TEMA 1: Tipos de ondas mecânicas A origem de uma onda mecânica ocorre a partir da perturbação do meio material, esta perturbação propaga-se através do meio carregando a energia fornecida na forma de uma onda. A medida que a onda se propaga pelo meio material, as partículas que compõem esse meio são deslocadas de sua posição de equilíbrio para posições de maior energia que posteriormente a passagem da onda, devido a forças restauradoras, retornam para suas posições de origem. A maneira como essas partículas são deslocadas irão determinar a natureza da onda. Quando a perturbação faz com que as partículas do meio se desloquem perpendicularmente em relação a direção de propagação da onda, dizemos que essa onda é uma onda transversal. Já quando o deslocamento das partículas ocorre na mesma direção da propagação da onda, ela é chamada de onda longitudinal. Mas, dependendo da maneira com que ocorre a perturbação do meio, pode existir uma combinação de deslocamentos transversais e longitudinais produzindo ondas mistas. Independentemente do tipo de onda mecânica (transversal, longitudinal ou mista) a propagação dela ocorre com velocidade constante, a qual, depende do tipo do meio de propagação, essa velocidade de propagação é chamada de velocidade da onda. Apesar da onda se deslocar através do meio material, as partículas que o compõem não se deslocam com a onda, elas apenas oscilam em relação a um ponto médio de equilíbrio durante a passagem da onda. Uma onda, portanto, transmite apenas energia e jamais transporta matéria de uma região para outra do meio. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 Ondas Periódicas Um tipo de onda transversal muito comum de se observar, ocorre quando oscilamos para cima e para baixo a extremidade de uma corda esticada. Esta perturbação faz com que pulsos de onda se propaguem ao longo do comprimento da corda. Se a oscilação ocorrer em movimentos repetitivos periódicos, cada partícula da corda também sofrerá movimentos periódicos com a mesma frequência de oscilação da fonte que originou a perturbação. O resultado disso é a formação de uma onda periódica transversal. Iremos supor que a perturbação da corda ocorreu por um movimento harmônico simples, com amplitude (A), frequência (f), frequência angular () e período (T). O resultado desta ação é a formação de uma onda na corda com uma sequência simétrica de cristas e ventres. Observa a figura a seguir em que as ondas periódicas produzidas em uma corda são mostradas em nove instantes diferentes. A onda avança uniformemente para direita, repetindo sua forma em intervalo de tempos iguais, conforme pode-se ver na parte sombreada da figura. A medida que a onda se propaga, qualquer partícula da corda oscila verticalmente em MHS em torno de uma região de equilíbrio, com a mesma frequência da fonte oscilatória que a gerou. ATENÇÃO! Movimento de onda x movimento de partícula. Tome cuidado para não confundir o movimento de uma onda transversal ao longo da corda com o movimento de uma partícula da corda. A corda se desloca com uma velocidade v ao longo da corda, enquanto o movimento da partícula é um MHS transversal (perpendicular) à direção da propagação da onda. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 (Fonte: Física II; Sears e Zemanski) A figura a seguir indica algumas características das ondas periódicas. Comprimento de onda () – é a medida linear da distância entre duas cristas ou dois ventres consecutivos. Período (T) – O intervalo de tempo entre uma oscilação completa da onda e a próxima. Velocidade de propagação (V) – toda propagação de uma onda em um meio qualquer se propaga com uma determinada velocidade que depende do meio em que a onda se desloca. Frequência (f) – o número de ondas completas que passam pelo mesmo ponto em um intervalo de tempo igual a 1 segundo estabelece a frequência da onda. A frequência da onda é dada em Hertz (Hz) que significa o número de ondas formadas por segundo. Amplitude (A) – Distância média do deslocamento das partículas do meio material da sua posição de equilíbrio até seu deslocamento máximo quando sujeitas a onda. Onda periódica transversal CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 A relação entre as grandezas da onda, como o comprimento de onda (, velocidade de propagação da onda (V) e frequência (f) é dado por: 𝑣 = 𝜆. 𝑓 A velocidade da onda é igual ao produto do comprimento de onda pela frequência de oscilação das partículas do meio. Neste exemplo, ondas produzidas em uma corda, a onda se propaga em uma única dimensão. No entanto, a teoria aqui desenvolvida é válida para ondas que se propagam em duas, como ondas em um lago, e até mesmo três dimensões, como é o caso da onda sonora. Leitura obrigatória (pesquise na Biblioteca Virtual) Sears e Zemansky – Física II – p. 106-107 (exemplo 15.1) – ONDAS PERIÓDICAS LONGITUDINAIS. Editora Pearson. Veja à explicação deste tema com o professor Cristiano, no material online! TEMA 2: Descrição matemática das ondas Descrever matematicamente as características de uma onda periódica em termos da velocidade da onda (V), comprimento de onda (), frequência (f), período (T) e amplitude (A) parece ser suficiente para entender o comportamento desta onda. No entanto, muitas vezes para uma descrição mais detalhada do comportamento da onda, precisamos determinar a posição e o movimento de cada partícula do meio em função do tempo durante a passagem da onda. Para isso, será necessário descrever a onda através de uma equação ou função de onda. Para ilustrar continuaremos a observar ondas propagando-se em uma corda esticada, utilizaremos o sistema cartesiano (x, y), veja a figura da tela a seguir, onde o eixo x será posicionado ao longo da corda quando essa encontra- se na condição de equilíbrio, os valores da coordenada x irão determinar a posição na corda em relação ao local onde a corda será oscilada pela fonte, CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 ponto inicial, e as coordenadas do eixo y irão determinar a posição da partícula da corda localizada pela coordenada x quando essa é deslocada na vertical em relação a sua posição de equilíbrio. O valor da coordenada y depende de uma partícula específica da corda, determinada pela coordenada x, portanto a coordenada y depende da coordenada x e também do tempo t, ela é uma função de x e do tempo, y (x, t), que é a função de onda. Com o conhecimento dessa função, pode-se determinar a posição de qualquer partícula da corda e em qualquer instante, isto nos permite calcular a velocidade e a aceleração dessa partícula e também a forma da corda durante a passagem da onda. Veja um exemplo de simulador, acessando o link: https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-on-a-string/latest/wave-on-a- string_en.html Função de onda de uma onda senoidal O formato da corda quando uma onda transversal se propaga por ela sugere que a função de onda que a descreve é uma função senoidal. Iremos supor que a onda parte da esquerda se deslocando para direita do eixo x, no sentido de aumento dos valores da coordenada x ao longo da corda. Conforme a onda se desloca cada partícula da corda atingida pela onda oscila sofrendo MHS com frequência e amplitude iguais ao do oscilador, fonte,que originou a onda. Coordenadas x, y para ondas em uma corda. https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-on-a-string/latest/wave-on-a-string_en.html https://phet.colorado.edu/sims/html/wave-on-a-string/latest/wave-on-a-string_en.html CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 O deslocamento y de uma partícula da corda localizada na posição x para um tempo 𝒕, será dado por: 𝒚(𝒙, 𝒕) = 𝑨 𝐜𝐨𝐬 (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕). Esta equação representa a função de onda para uma onda senoidal propagando-se em uma corda esticada no sentido +x. A - Amplitude da onda Onde 𝒌 - Número de onda 𝝎 - Frequência angular da onda A grandeza k (número de onda) é determinada pela razão entre 2 radianos e o comprimento de onda . 𝒌 = 𝟐𝝅 𝝀 A unidade do número de ondas é o radiano por metro ( 𝒓𝒂𝒅 𝒎 ). Através da função de onda podemos determinar a forma da onda para determinado instante de tempo t fixo. Esse gráfico fornece o deslocamento y de uma partícula a partir de sua posição de equilíbrio em função da coordenada x da partícula. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Figura 4 - Gráfico do deslocamento y em função de x para tempo t = 0. Analisando a equação de onda também podemos representar o gráfico da coordenada y em função do tempo, para um valor fixo da coordenada x, neste caso estaremos representando o movimento de determinada partícula localizada pela coordenada x. Figura 5 - Gráfico do deslocamento y em função do tempo t quando x = 0 Atenção! Apesar dos gráficos da figura 4 e da figura 5 parecerem iguais, eles não são idênticos. A figura 4 é uma fotografia instantânea da forma da corda quando t = 0 e a figura 5 representa o gráfico do deslocamento y de uma partícula x = 0 em função do tempo. Quando a onda periódica se propaga no sentido negativo do eixo x, ou seja, quando os valores das coordenadas do eixo x diminuem conforme a onda se propaga, devemos fazer uma pequena modificação na função de onda, alterando o sinal negativo por positivo. Logo, teremos: 𝒚(𝒙, 𝒕) = 𝑨 𝐜𝐨𝐬 (𝒌𝒙 + 𝝎𝒕). Independente do sentido de propagação a onda, sentido positivo do eixo x, +x, ou sentido negativo, - x, a grandeza (𝒌𝒙 ± 𝝎𝒕) é denominada fase da onda. O resultado da combinação das grandezas envolvidas na fase da onda determinarão um ponto específico da onda representado pela coordenada y. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Para determinarmos a velocidade de propagação desta onda será necessário viajar ao longo dela para que a fase de determinado ponto permaneça constante. Supondo uma onda esteja viajando no sentido positivo do eixo x, a fase será determinada por (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) e, como vimos, esta fase deve permanecer constante, logo: (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) = 𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆 Derivando ambos os lados da equação em relação ao tempo, obtemos: 𝒅(𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) 𝒅𝒕 = 𝒅 (𝒄𝒐𝒏𝒔𝒕𝒂𝒏𝒕𝒆) 𝒅𝒕 𝒅 𝒌𝒙 𝒅𝒕 − 𝒅 𝝎𝒕 𝒅𝒕 = 𝟎 𝒌 𝒅 𝒙 𝒅𝒕 − 𝝎 𝒅𝒕 𝒅𝒕 = 𝟎 𝒌 𝒅 𝒙 𝒅𝒕 = 𝝎 𝒅 𝒙 𝒅𝒕 = 𝝎 𝒌 Como 𝒅 𝒙 𝒅𝒕 é a velocidade da onda v , chamada de velocidade de fase, teremos: 𝒗 = 𝝎 𝒌 Leitura obrigatória (pesquise na Biblioteca Virtual): Sears e Zemansky – Física II – p. 110 (exemplo 15.2) – ONDAS PERIÓDICAS LONGITUDINAIS. Editora Pearson. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 Velocidade e aceleração de uma partícula do meio material oscilando por uma onda senoidal Até agora fomos capazes de determinar a função de onda que nos possibilita determinar a posição de qualquer partícula do meio material sujeita a uma onda periódica senoidal transversal. Se esta onda viaja no sentido positivo do eixo x a função de onda é: 𝒚(𝒙, 𝒕) = 𝑨 𝐜𝐨𝐬 (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) Agora precisamos determinar uma equação que nos forneça a velocidade de oscilação de determinada partícula, localizada pela coordenada x constante. Para isso iremos determinar a velocidade dessa partícula no eixo y (vy) pela derivada parcial da função de onda em relação ao tempo: 𝜕 𝑦 (𝑥, 𝑡) 𝜕𝑡 = 𝑣𝑦 (𝑥, 𝑡) 𝑣𝑦 (𝑥, 𝑡) = 𝜕 𝐴 cos (𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) 𝜕𝑡 = 𝜔 𝐴 𝑠𝑒𝑛 (𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) 𝒗𝒚 (𝒙, 𝒕) = 𝝎 𝑨 𝒔𝒆𝒏 (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) A equação da tela anterior nos mostra que a velocidade transversal de determinada partícula varia com o tempo em função de um MHS. A velocidade máxima da partícula ocorrerá quando 𝒔𝒆𝒏 (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) = 𝟏, e neste caso a velocidade será: 𝒗𝒚 𝒎á𝒙 (𝒙, 𝒕) = 𝝎 𝑨 Da mesma forma que fizemos para determinar a velocidade transversal da partícula sujeita a onda senoidal, iremos proceder para obter a aceleração da partícula no decorrer do tempo, e para isso vamos realizar a derivada parcial de segunda ordem na equação de posição em função do tempo para onda senoidal: 𝜕2𝑦 (𝑥,𝑡) 𝜕𝑡2 = 𝑎𝑦 (𝑥, 𝑡) 𝑎𝑦 (𝑥, 𝑡) = 𝜕 𝜔 𝐴 𝑠𝑒𝑛 (𝑘𝑥−𝜔𝑡) 𝜕𝑡 = − 𝜔2𝐴 𝑐𝑜𝑠 (𝑘𝑥 − 𝜔𝑡) 𝒂𝒚 (𝒙, 𝒕) = − 𝝎 𝟐𝑨 𝒄𝒐𝒔 (𝒌𝒙 − 𝝎𝒕) CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 Portanto a aceleração de determinada partícula é igual a (− 𝝎𝟐) vezes o seu deslocamento: 𝒂𝒚 (𝒙, 𝒕) = − 𝝎 𝟐 𝒚(𝒙, 𝒕) Velocidade de uma onda transversal Uma característica importante das ondas é a sua velocidade de propagação, cada tipo específico de onda tem sua própria velocidade de propagação para um meio material particular. Mas o que determina esta velocidade de propagação? Vejamos a seguir! Para responder à pergunta, continuaremos utilizando como exemplo as ondas transversais em uma corda vibrante. Os resultados obtidos na análise desse tipo de onda são válidos e podem ser aplicados a outros tipos de ondas mecânicas. As grandezas físicas envolvidas para determinar a velocidade de propagação da onda em uma corda, são: a tensão na corda F, ou seja, a força aplicada a corda que a mantém esticada e também a massa específica linear da corda, massa por unidade de comprimento. A relação matemática que determina a velocidade de propagação e uma onda em uma corda vibrante é dada pela raiz quadrada da razão entre a tensão na corda e sua massa específica linear: 𝒗 = √ 𝑭 𝝁 Assista à videoaula do professor Cristiano no material online! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 TEMA 3: Energia no movimento ondulatório Lembra que destacamos no início da aula que algumas das características é que durante a propagação de qualquer onda ela transporta apenas energia e nunca matéria, portanto todo movimento ondulatório possui uma determinada energia associada a ele. Vimos também que o início de uma onda mecânica ocorre com a perturbação do meio material, deslocando-se uma partícula do meio de sua posição de equilíbrio para outra posição de maior energia. Para isso, devemos aplicar uma força nessa partícula movendo-a para uma posição diferente da posição de equilíbrio, portanto realizando um trabalho sobre ela. A medida que a onda se propaga uma porção do meio exerce força nas partículas adjacentes e realiza um trabalho sobre elas, possibilitando a propagação da onda através do meio e carregando a energia fornecida de uma região para outra. Se analisarmos o gráfico da coordenada y em função da coordenada x para uma onda que viaja em uma corda da esquerda para direita, veja figura 6. Observe o ponto a localizado na corda durante a passagem da onda, ele foi ampliado e podemos ver que a inclinação da corda pode ser determinada pela forças que estão atuam no ponto a neste instante, pois a parte da corda a direita do ponto a exerce força na parte da corda a esquerda do ponto a e vice-versa. Na figura abaixo podemos ver a configuração dessas forças quando omitimos a parte da corda do lado esquerdo ao ponto a substituindo-a pela força que ela aplica no ponto a.