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CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 1 Olá! Seja bem vindo. Essa é a nossa aula 10, que encerrará nosso curso. Dedicaremos esta oportunidade de aprendizado ao Direito Empresarial Contratual, os Princípios da Teoria Geral dos Contratos Mercantis, suas principais espécies, a Aplicabilidade do Código Civil e do Código de Defesa do Consumidor e finalizaremos com o palpitante tema do Comércio Eletrônico. Os contratos são a mais importante fonte das obrigações. Todos nós, desde o momento em que levantamos até a hora de dormir, realizamos diariamente inúmeros contratos. Você já se deu conta disso? Pode ser que até não, já que muitos deles são celebrados de forma tão simples e corriqueira que nem reparamos nisso, não é? Ao iniciar seu dia você participou de um contrato de compra e venda (pão, café, ou algo para seu desjejum, ou quem sabe o jornal do dia, ou a gasolina para o carro?); ou um contrato de transporte (ônibus, metrô, barcas); ou de prestação de serviços públicos (acendeu a luz, tomou um banho, ou usou o telefone?); ou um contrato de locação (fitas de vídeo ou de Dvd’s); e assim por diante... aberturas de contas em banco, cartões de crédito, assinatura do provedor de Internet etc. Os contratos surgiram com a evolução da sociedade, desde os tempos em que superamos o ambiente da barbárie, em que cada um obtinha por sua força os bens de que necessitavam para a sobrevivência. Atualmente, no mundo econômico globalizado, os contratos surgem como instrumentos por excelência de obtenção dos bens econômicos necessários à satisfação humana. Não podemos prescindir dos contratos, ainda mais em meio ao mundo que, após o término da guerra fria, se firmou como capitalista e pregador de um Estado mínimo, que deixou de ser o grande provedor dos cidadãos. O contrato tem a função de eficaz instrumento econômico-social, propiciando a circulação de riquezas idôneas à satisfação das necessidades individuais, ao mesmo tempo em que regula interesses de utilidade social. No regramento jurídico dessas relações o novo Código Civil desponta como a lei básica que regula o cotidiano das pessoas,1 constituindo aquilo que se costuma chamar numa visão tradicional de “constituição do homem comum”. A edição do Código de Defesa do Consumidor, a seu turno, cumpre a função constitucional de proteger o consumidor, a parte mais fraca, nas relações de consumo (art. 5º, inc. XXXII; art. 170, inc. V; e art. 48 do ADCT ambos da CRFB/1988). Por seu turno o empresário e a sociedade empresária celebram rotineira e sistematicamente tanto contratos regidos pelo Direito Civil e pelo Direito Comercial, quanto contratos que sofrem a incidência do Direito do Consumidor. Os contratos podem ser os mais diversos, tantos quanto à capacidade humana de realizar novos intentos. Segundo diz o professor Capanema: “O homem sempre pode criar algo novo, algo que jamais tenha sido pensado, ou 1 Tanto nas suas relações com seus familiares, como na titularidade de direitos, como na realização de contratos. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 2 disciplinado pela lei, criando assim também um novo contrato”.2 Quer um exemplo, a Internet, que inaugurou uma nova forma de aquisição de produtos e serviços. Bem, vamos então a navegar por esse mundo genial dos contratos? SUMÁRIO 1. Direito Empresarial Contratual. 1.2. Princípios da Teoria Geral dos Contratos Mercantis. 1.3. Espécies de Contratos Mercantis. 2. Aplicabilidade do NCC e do Código de Defesa do Consumidor 3. Comércio Eletrônico 1. Direito Empresarial Contratual O contrato, segundo Clóvis Beviláqua,3 “é o acordo de vontades para o fim de adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos”. Outra definição é que são negócios jurídicos bilaterais criadores de obrigações, as quais se definem como relações jurídicas de caráter patrimonial pela qual uma pessoa está adstrita a satisfazer uma prestação (dar, fazer, não fazer) em favor de outra. Os empresários e as sociedades empresárias, organizando os fatores de produção (insumos, mão-de-obra, capital, tecnologia, como vimos em nossa aula demonstrativa), exercem a sua atividade de oferecimento de bens e serviços ao mercado por meio da metódica e coordenada celebração dos mais variados contratos. Assim, pode-se afirmar que organizar os fatores de produção significa basicamente contrair e executar obrigações originadas de contratos. A atividade empresarial se desenvolve mediante a realização de inúmeros e diferentes contratos. Como exemplos, citamos o contrato de compra e venda de mercadorias, de serviços de consultoria de marketing, de transferência de tecnologia, e transporte, de leasing, alienação fiduciária, factoring etc. Enquanto as pessoas que não são empresárias celebram contratos num regime de negócios isolados, sem uma unidade intrínseca entre eles, os empresários e sociedades empresárias celebram os mais diversos tipos de contratos dentro do contexto de atos e negócios seqüenciais, coordenados e dirigidos a uma mesma finalidade. Trata-se de uma atividade. Os empresários no exercício das operações econômicas tem suas as relações jurídicas partidas em intra e interempresariais. Os interempresariais correspondem aos chamados contratos empresariais. 2 Desembargador Silvio Capanema de Souza, in: Curso de Teoria Geral de Contratos, proferido em 05/07/2000, Rio de Janeiro. 3 Citado por Silvio Rodrigues, in: Direito Civil: dos contratos. São Paulo: Saraiva, 2000. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 3 Os contratos empresariais são os celebrados pelos empresários e sociedades empresárias para a consecução de seus objetivos profissionais. Os contratos empresariais podem ser tanto comuns, quando celebrados entre partes iguais, quanto de consumo, quando uma das partes se encontra em situação juridicamente desigual (como veremos melhor mais adiante). O NCC unificou parcialmente o Direito Civil e o Direito Comercial, no campo das obrigações e dos contratos, mas essa unidade ocorreu apenas no plano legislativo, sem afetar a autonomia didática, metodológica e interpretativa do estudo em separado dos contratos de empresa. Nesse tratamento unitário das obrigações e dos contratos encontram-se normas comuns que contêm, além das modalidades de obrigações e do pagamento, disposições gerais sobre contratos, sua formação, efeitos e hipóteses de extinção. Embora a aparato legislativo (as leis em vigor) seja o mesmo para os contratos civis e os empresariais, não se pode esquecer que o Direito Civil se mercantilizou. Assim, continuam sendo observadas as peculiaridades que caracterizam os contratos comerciais e o próprio Direito Comercial, onde vigora o dinamismo de suas operações, o caráter oneroso presumido, o informalismo (em contraposição ao aspecto solene, ritual, do Direito Civil), o cosmopolitismo (relações contratuais internacionais), a padronização de procedimentos e formulários contratuais (contratos por adesão), além da inovação (criação a toda hora de inéditas estruturas contratuais, em oposição ao conservadorismo do Direito Civil). Os contratos mercantis, além do NCC, utilizam-se de diversas leis esparsas que tratam de distintas espécies contratuais, como é o caso dos contratos bancários, o leasing, entre outros. 1.2. Princípios da Teoria Geral dos Contratos Empresariais Paralelamente à sua função econômico-social, os contratos aproximam os homens e realizam, dentro das relações que abrangem, parte da ordem jurídica total, daí não podermos dissociar de princípios e idéias que informam essa mesma ordem. Servindo de instrumento de colaboração entre os homens, para que estes definam seus próprios interessese supram suas necessidades, os contratos interessam a todos e qualquer abalo em sua estrutura provoca danos à boa circulação de riquezas, com repercussão sobre a economia em geral. Sabendo que a parte geral que disciplina o direito contratual foi unificada, aplica-se o NCC tanto às relações civis quanto às relações empresariais. Incidirão sobre os contratos mercantis os princípios clássicos que disciplinam os contratos, quais sejam: a autonomia das vontades, a supremacia da ordem pública e a pacta sunt servanda. O princípio da autonomia da vontade reflete a possibilidade que as partes têm de poderem estipular ou não contratos, segundo seus desejos, com as pessoas que quiserem, fixando as regras do mesmo. Podem inclusive pactuar contratos novos, os quais não tenham qualquer lei os regulando. São os chamados contratos inominados ou atípicos - art. 425 do NCC, como é o caso CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 4 dos contratos de factoring, de aluguel de cofre bancário, de abertura de crédito em conta corrente bancária. Embora os contratos inominados possam ter alguma regulamentação administrativa, como através do Conselho Monetário Nacional ou do Banco Central, o fato é que não existe lei em sentido formal (ato normativo primário oriundo do Poder Legislativo) que lhes regule. Todavia, com o decorrer do tempo, diante de sua difusão, os contratos atípicos tendem a se transformar em típicos, passando a ser contemplados por sua normatização pela edição de uma lei. O princípio da supremacia da ordem pública pode ser resumido numa certa limitação ao princípio da autonomia da vontade porque no caso de conflito entre a vontade dos contratantes, que é um interesse particular, com o interesse público, que engloba questões de natureza social, moral, bons costumes, limitações impostas por leis especiais (como a Lei de Usura), ou seja, o interesse de toda a sociedade, prevalecerá o interesse de ordem pública. O terceiro é o princípio pacta sunt servanda, ou princípio da força obrigatória dos contratos, que reflete a máxima de que “o contrato faz lei entre as partes”. Tendo sido o contrato firmado, os contratantes se sujeitam à sua observância e no caso do não cumprimento, ou seja, inadimplindo, sujeitam-se às penalidades previstas no próprio contrato, ou na lei, além do fato dos contratantes poderem ir a juízo reclamando pelo seu cumprimento coercitivo, ou conforme o caso perdas e danos. O princípio da pacta sunt servanda é de certo modo excepcionado pela cláusula rebus sic stantibus, que significa que pode o Poder Judiciário vir a conhecer e rever cláusulas contratuais em caso de onerosidade excessiva, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis (aplicação da teoria da Imprevisão) – arts. 478 a 480 do NCC. Não é demais lembrar também que os princípios da boa-fé e da socialidade (como na função social do contrato do art. 421) que norteiam o NCC também lhe serão aplicáveis. DESAFIO 1 - Questão elaborada pela ESAF 2003: Os contratos comerciais, no regime do Novo Código Civil (Lei 10.406/2002), a) somente subsistem em leis especiais que cuidam de espécies ali definidas. b) encontram-se submetidos à disciplina geral daquele Código, com as modificações determinadas por leis que rejam determinadas espécies. c) desapareceram como tais pela revogação do Código Comercial Brasileiro de 1850. d) ficaram reduzidos àqueles disciplinados pelo próprio texto do novo Código, quando praticados por empresários. e) tiveram o prazo de prescrição igualado ao dos civis. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 5 1.3. Espécies de Contratos Empresariais O revogado CC/1916 previa 16 tipos ou espécies de contratos nominados ou típicos (recebe a designação de típico por ter padrão e estrutura definida na lei, como é o caso da locação), enquanto o NCC, incorporando contratos que até sua edição eram considerados comerciais, traça a disciplina de 20 contratos. Destaca-se a introdução dos contratos estimatório e de transporte, entre outros, além de o compromisso e a transação haverem sido deslocados dos meios indiretos de pagamento para os contratos em espécie. Vamos agora examinar as principais espécies de contratos empresariais: 1.3.1. Compra e Venda Mercantil A compra e venda mercantil é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a transferir a propriedade de certa coisa a outra, mediante o recebimento de uma soma em dinheiro (art. 481 do NCC). É um contrato que se aperfeiçoa quando as partes acordarem (consenso) no objeto (coisa) e no preço (soma em dinheiro estipulada), daí a explicação de que se trata de contrato consensual (art. 482 do NCC), uma vez que a entrega (tradição) da coisa passa a ser etapa da execução do contrato, e não de sua formação. A compra e venda civil se distingue da mercantil em razão da qualidade das partes e a finalidade econômica da coisa. Será mercantil se comprador e vendedor forem empresários e a operação se dar para a realização de suas atividades profissionais. Terá cunho intermediário na circulação de bens. O preço e demais obrigações das partes podem variar conforme as suas conveniências, tudo de acordo com o previsto no contrato. Nos contratos mercantis também é usual ocorrem no âmbito das relações contratuais internacionais, isso é tendo como contratantes partes situadas em países diferentes. Para evitar problemas de interpretação, a Câmara de Comércio Internacional, com sede em Paris, estabeleceu a partir de 1936 uma padronização denominada Incoterms.4 Assim, simplificando os contratos internacionais, funcionam como uma uniformização das cláusulas de preço, riscos e transportes das mercadorias nos contratos de compra e venda, tendo-se uma determinação precisa do momento da transferência de obrigações. São ao total 13 definições e em termos gerais definem o seguinte: 1) EXW - Ex Works – Na origem (local de retirada): o vendedor entrega as mercadorias quando as coloca à disposição do comprador, em seu estabelecimento, ou outro local nomeado. O comprador assume a obrigação de retirar as mercadorias no estabelecimento do vendedor, devendo pagar as despesas de transporte, carregamento, licenças, seguro e desembaraço alfandegário, além claro do preço conforme estipulado no contrato; 4 Os Incoterms são regularmente atualizados, atualmente vigora a edição de 2000. Apesar de seu uso ser opcional é quase uma regra encontrá-los nos contratos de compra e venda internacionais no mundo todo. Exceção seja feita aos Estados Unidos da América, que possuem seus próprios termos, os American Terms. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 6 2) FCA - Free Carrier - Livre no Transportador (local indicado): o vendedor assume a obrigação de pagar o desembaraço alfandegário para a exportação e a entrega ao transportador no local nomeado pelo comprador, o qual arcará com o preço estipulado no contrato e com outras despesas. Se a entrega ocorrer na propriedade do vendedor será ele quem responderá pelo embarque, se forem qualquer outro local o vendedor não é responsável pelo desembarque. Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de transporte; 3) FAS - Free Alongside Ship – Livre ao lado do navio (porto de embarque indicado): significa que o vendedor se obriga a transportar a mercadoria desembaraçadas para exportação até determinado porto, cabendo ao comprador as para a exportação, embarque, seguros e outras despesas. É um que só pode ser utilizado em transportes aquaviários (marítimo, fluvial e lacustre); 4) FOB - Free on Board – Livre a bordo (porto de embarque indicado): significa que o vendedor assume a obrigação de entregar transpondo a amurada do navio, no porto escolhido (ou seja,coloca a bordo do navio nomeado), incluindo o desembaraço alfandegário de exportação, o comprador além de pagar o preço estipulado no contrato deve arcar com as obrigações para a importação, onde necessário o seu trânsito, sendo responsável pelas mercadorias a partir do momento que estiverem a bordo do navio. O FOB é um termo que só pode ser utilizado em transportes aquaviários; 5) CFR - Cost and Freight – Custo e frete (porto de destino indicado): o vendedor assume a obrigação das despesas transporte, embarque e desembaraço alfandegário e demais relativas à entrega das mercadorias no porto de destino transpondo a amurada do navio, é obrigação do comprador além do preço acordado arcar com os riscos de perda ou dano a partir do momento que elas tenham sido entregues a bordo do navio. Sendo um termo que só pode ser utilizado em transportes aquaviários; 6) CIF - Cost, Insurance and Freight – Custo, seguro e frete (porto de destino indicado): o vendedor assume a obrigação com as despesas de transporte até determinado porto, incluindo o seguro (para a cobertura mínima) da mercadoria e o desembaraço alfandegário para a exportação. É um termo que também só se aplica a transportes aquaviários; 7) CPT – Carried Paid To… - Transporte pago até (local de destino indicado): o vendedor assume as despesas com transporte das mercadorias, inclusive o desembarace , até uma localidade designada, salvo as relativas à perda ou dano destas, que recaem sobre o comprador. Esse termo pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, inclusive o multimodal; 8) CIP - Carriage and Insurance Paid To ... – Transporte e seguro pagos até (local de destino indicado): o vendedor assume a obrigação das despesas com o transporte até determinada localidade, inclusive as relacionadas com a perda ou dano durante o transporte, inclusive o desembarace alfandegário. O CIP pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, incluindo o multimodal; 9) DAF - Delivered at Frontier – Entrega na fronteira (local indicado): o vendedor assuma a obrigação de entregar as mercadorias na fronteira entre CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 7 dois países, em determinada localidade (em um ponto anterior ao posto alfandegário do país limítrofe), arcando com as despesas decorrentes, inclusive o desembaraço alfandegário para exportação. Apesar de esse termo poder ser empregado em qualquer modalidade de transporte, em regra, é utilizado no transporte rodoviário ou ferroviário; 10) DES - Delivered Ex-Ship – Entregue no navio (porto de destino indicado): o vendedor assume a obrigação relativa a todas as despesas e custos até a entrega da mercadoria até o porto nomeado antes do desembarque, inclusive as despesas para e formalidades legais para a exportação, ficando o comprador com as despesas de desembaraço para a importação, custos, riscos de desembarque. É um termo que se aplica aos transportes aquaviários; 11) DEQ - Delivered Ex- Quay – Entregue no cais (porto de destino nomeado): o vendedor assume a obrigação de arcar com todas as despesas para exportação até o desembarque das mercadorias no porto de destino, colocando-as disponíveis ao comprador no cais acordado, o comprador deve arcar com o preço, e custas alfandegárias para a importação. O DEQ serve somente aos transportes aquaviários; 12) DDU - (Delivered Duty Unpaid – Entregue com direitos não pagos (local de destino indicado): o vendedor assume a obrigação relativa aos encargos custos e riscos com o transporte e despesas de exportação das mercadorias até determinada localidade escolhida pelo comprador, ficando os impostos e taxas de importação a cargo do comprador. É um termo aplicado a qualquer tipo de transportes; 12) DDP - Delivered Duty Paid – Entregue com os direitos pagos (local de destino indicado): o vendedor assume a obrigação de entregar as mercadorias ao comprador no local designado, no país de importação, arcando com as despesas de transporte, seguro e desembaraço para a exportação e importação no país escolhido, o comprador deve apenas pagar o preço estipulado no contrato, podendo prestar assistência na obtenção das licenças e autorizações para importação em determinadas circunstâncias. O DDP representa a obrigação máxima, enquanto o EXW representa a obrigação mínima. Sendo um termo aplicado a qualquer tipo de transporte. Outro ponto a ser destacado com relação aos contratos de compra e venda mercantil é que no caso da falência ou insolvência do comprador empresário ou sociedade empresária, o vendedor poderá exigir, diante a quebra do comprador, uma caução para se assegurar de que, entregando a mercadoria, receberá o preço - art. 495 do NCC. E, segundo art. 119 do novo estatuto da falência, Lei nº. 11.101/2005, no caso de falência serão observadas as seguintes regras: a) o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas e ainda em trânsito, se o falido, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, sem fraude; b) se o falido vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 8 c) não tendo o falido entregue coisa móvel que vendeu ou prestado serviço que contratara a prestações, caso o administrador judicial não vá executar o contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; c) o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel comprada pelo falido com reserva de domínio do vendedor se resolver não continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do contrato, dos valores pagos; d) tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou mercado, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; DESAFIO 2 - Questão elaborada pela CESGRANRIO em 2004: A Câmara de Comércio Internacional publica, desde 1936, um conjunto de regras internacionais para a Interpretação dos termos mais usados no comércio exterior. Segundo essas regras, conhecidas como Incoterms, o único termo dentre os abaixo que contempla exclusivamente o transporte marítimo é o: (A) CIP (Carriage and Insurance Paid to), que significa "Transporte e Seguro Pagos até ...". (B) CPT (Carriage Paid to), que significa “Transporte Pago até...". (C) DAF (Delivered At Frontier), que significa “Transporte pago na Fronteira". (D) FCA (Free Carrier), que significa "Livre no Transportador". (E) CIF (Cost, Insurance and Freight), que significa "Custo, Seguro e Frete". 3 - Questão elaborada pela CESGRANRIO em 2006: A Câmara de Comércio Internacional publica, desde 1936, um conjunto de regras internacionais para a interpretação de termos mais usados no comércio exterior. Segundo essas regras, conhecidas como Incoterms, o único termo, dentre os abaixo, que se refere a transporte principal não pago é: (A) CIP (B) FOB (C) CIF (D) CPT (E) CFR 1.3.2. Faturização (Factoring) A faturização é um contrato inominado ou atípico pelo qual uma pessoa (faturizador) adquire os créditos faturados de outra (faturizado), mediante CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 9 uma comissão ou deságio, para cobrá-los por sua conta e risco5 (Resoluções BACEN nº. 703/1982 e 2.144/1995).6 É contrato mercantil cujo elemento básico é a compra e venda instrumentalizada por uma cessão civil de crédito, não respondendo o faturizado pelo inadimplemento da obrigação cedida (a cessão é pro soluto), mas tão-somente pela existência efetiva do crédito. Envolve também a administração de créditoe a seleção e cadastramento de clientes. Os créditos podem ser oriundos de pessoas físicas ou jurídicas, empresários ou não. O faturizador pode livremente escolher os créditos que deseja adquirir, já que assumirá os riscos no caso do inadimplemento, daí variarem os valores que cobrará conforme o risco, respondendo o faturizado apenas pela existência efetiva do crédito. No caso do crédito do faturizado estar representado por um título de crédito, a forma de transferência é o endosso. Será um endosso sem garantia, que apenas possibilita a transferência do crédito e não vincula, como co-obrigado, o endossante-faturizado ao pagamento do título. O autêntico factoring não constitui contrato bancário típico nem integra o factor ou faturizador o Sistema Financeiro Nacional. Caso o faturizador exija que o faturizado responda pelo pagamento do crédito transferido, ter-se-á operação de financiamento privativa de instituição financeira. DESAFIO 4 - Questão elaborada pela ESAF em 2003: A faturização, espécie de operação financeira, a) facilita a obtenção de créditos pelo empresário. b) constitui venda de duplicatas. c) é desconto de duplicatas. d) é negócio atípico de cessão de crédito. e) é negócio indireto de financiamento. 5 - Questão elaborada pelo TRT/RJ em 2003: A sociedade cujo objeto social, exclusivo ou não, seja a prática de operações de faturização (factoring): I - não pode praticar operações privativas de instituições financeiras, salvo o desconto bancário; 5 Vejamos a definição dada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: “Entende-se por factoring a operação de natureza contratual pela qual o faturizador recebe de outra parte - faturizado - a cessão de créditos oriundos de operação de compra e venda e outra de natureza comercial, assumindo o risco de sua liquidação, por isso, paga ao faturizado valor inferior ao estampado nos títulos de créditos, lucrando com a diferença”. (Apelação. 17.801/2001). 6 O BACEN em 1982 proibiu as operações de factoring, até que fossem regulamentadas pelo Conselho Monetário Nacional. Apenas em 1988, voltou a ser realizado, quando passou a ser considerado contrato mercantil não privativo de instituição financeira. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 10 II - pode adquirir cheques pré-datados recebidos pela sociedade faturizada, emitidos pelos clientes desta; III - não pode cobrar juros superiores a 12% (doze por cento) ao ano, salvo se houver autorização específica do Conselho Monetário Nacional; IV - pode adquirir cheques pré-datados emitidos pela própria sociedade faturizada; V - não integra o Sistema Financeiro Nacional. Marque: a) se os itens I e III estão errados e somente o item V está correto; b) se os itens II e V estão corretos e o item IV está errado; c) se estão errados os itens I e II e correto o item III; d) se estão corretos os itens II e IV e errado o item V; e) se corretos os itens I e III estando errado o item IV. 1.3.4. Contratos de Distribuição Os contratos de distribuição são aqueles que têm por objetivo o escoamento de mercadorias (como, por exemplo, o contrato de franquia, o de representação comercial e o de concessão mercantil). São regulados pelo Código Civil (arts. 710 a 721). Na prática, os contratos de distribuição ocorrem quando determinado comerciante, visando à manutenção, a ampliação, ou desejando criar novo mercado para suas mercadorias, mas, não podendo ou querendo enfrentar essa empreitada, contrata terceiros para tanto. 1.3.4.1. Franquia (Franchising) A franquia é o contrato mercantil pelo qual uma pessoa (franqueador), mediante remuneração, autoriza outra (franqueado) a explorar a sua marca (ou patente) e seus produtos, prestando-lhe permanente assistência técnica. O sistema de franquia, ou franchising, é regulado pela Lei 8.955/1994,7 estabelecendo regras aplicáveis à situação que antecede a formação do vínculo contratual. Ou seja, essa norma determina que, antes de se fechar o negócio, o franqueador deverá divulgar a chamada Circular de Oferta e Franquia (COF), na qual constará as condições e obrigações relevantes do contrato. No art. 2º da Lei 8.955/1994 temos o conceito de franquia, segundo Adalberto Simão Filho:8 “O referido contrato é formado pelos seguintes elementos: distribuição, colaboração recíproca, preço, concessão de autorizações e licenças, independência, métodos e assistência técnica permanente, exclusividade e contrato mercantil”. 7 Que pode ser encontrado no: www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L8955.htm 8 Segundo a decisão no STJ do Recurso Especial 221577-MG, citando sua obra Franchising, 3ª ed. SP: Atlas, 1988, p. 33-55. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 11 Franqueador e franqueado podem ser pessoas jurídicas ou naturais. Sendo o franqueado escolhido respeitando um perfil pré-fixado pelo franqueador, por isso possui um caráter intuito personae. O direito de distribuição do franqueado pode ser exclusivo, ou semi-exclusivo, seja de produtos ou de serviços, facultando-se, ainda, o direito de uso de tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo franqueador.(São também denominados de serviços de organização empresarial). Os serviços de organização empresarial oferecidos pelo franqueador envolvem: serviços de engineering, isso é de engenharia e estruturação com a elaboração e implementação do estabelecimento do franqueado; serviços de management, é o gerenciamento, desde o treinamento do franqueado e de seus funcionários até a estruturação da administração do negócio; e o serviços de marketing, que é a propaganda, técnicas de venda e promoção. Além, de um determinado valor para adesão ao contrato e pelos serviços de organização empresarial, deve uma contraprestação ao franqueador que pode ser uma remuneração direta (percentual sobre o faturamento), ou indireta. O fraqueado está, permanentemente, sujeito as normas de comercialização e da fiscalização estabelecidas pelo franqueador. Seguindo sua forma regular não existe qualquer possibilidade de caracterização de vínculo empregatício, hipótese expressamente prevista pela lei – art. 2º da Lei 8.955/1994. DESAFIO 6 - Questão elaborada pelo TRT/AC/RO em 2003: Franquia ou «franchising» é o contrato pelo qual uma das partes (franqueador ou «franchisor») concede, por certo tempo, à outra (franqueado ou «franchisee») o direito de usar marca, transmitindo tecnologia, de comercializar marca, desenvolvendo rede de lojas, de serviços ou produto que lhe pertence (Maria Helena Diniz).São características deste contrato: (I) exploração de uma marca ou produto sem qualquer interferência do franqueador; (II) onerosidade do contrato; (III) exclusividade do franqueado em certa localidade; (IV) independência do franqueado, inexistindo vínculo empregatício entre ele e o franqueador Assinale a resposta correta: (a) todas as afirmativas estão corretas; (b) apenas as afirmativas II e IV estão incorretas; (c) apenas a afirmativas I e II estão incorretas; (d) apenas a afirmativa III está incorreta; (e) apenas a afirmativa I está incorreta. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 12 7 - Questão elaborada pela OAB/MS em 2006: Entende-se por franquia empresarial ou franchising, a) o contrato comercial pelo qual se opera a cessão do direito de uso de marca ou patente, bem como de eventual "know-how" detido ou desenvolvido pelo franqueador ao franqueado, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços, mediante remuneração, sem vínculo empregatício; b) o contrato comercial pelo qual o franqueadorcede, em caráter definitivo, ao franqueado, o direito de uso de marca ou patente, juntamente com o "know-how" relacionado ao produto ou serviço, sem vínculo empregatício ou remuneração; c) o contrato comercial pelo qual o franqueador, detentor da marca ou patente, bem como de eventual "know-how" referente ao produto ou serviço respectivo, cede ao franqueado apenas o direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de mencionados produtos ou serviços, mediante remuneração, sem vínculo empregatício; d) o contrato comercial pelo qual o franqueador, detentor da marca ou patente, bem como de eventual "know-how" referente ao produto ou serviço respectivo, contrata o franqueado, para que este realize a distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de mencionados produtos ou serviços, mediante remuneração, com vínculo empregatício. 1.3.4.2. Representação comercial A representação comercial é um contrato típico, regulado pela Lei nº. 4.886/1965, que o caracteriza como um contrato de intermediação de compra e venda mercantil. 9 O representante realiza atividade de mediação ou de intermediação de negócios mercantis em nome representando. Mesmo sendo o representante pessoa natural, não existe a formação de vínculo empregatício. No contrato, segundo o art. 27 da Lei 4.886, devem obrigatoriamente constar, entre outras cláusulas, as condições e requisitos gerais da representação; a indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da representação; se será por prazo certo ou indeterminado, qual a zona (ou região) abrangida, se haverá, ou não, exclusividade da representação em favor do representado. 1.3.4.3. Concessão Mercantil A concessão mercantil é um contrato de distribuição. Por esse contrato o concessionário se obriga a comercializar os produtos do outro concedente (fabricante), que em contra partida auferirá preços e ou condições melhores. 9 www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4886.htm CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 13 Também é um contrato atípico, salvo no caso da comercialização de veículos automotores terrestres - regida pela Lei Ferrari (Lei nº 6.729/79). Na concessão pode haver a previsão, ou não, de cláusula estipulando a exclusividade na comercialização dos produtos, bem como também a abrangência do contrato (territorialidade, qual a área atingida, podendo ser um zona determinada ou não). DESAFIO 8 - Questão elaborada pelo TRT/MS em 2006: Considere as definições abaixo: I. Espécie de contrato em que um empresário cede a outro, total ou parcialmente, os seus créditos provenientes de vendas a prazo a terceiros, recebendo do segundo o montante desses créditos, mediante o pagamento de uma remuneração. II. Contrato pelo qual um empresário cede a outro o direito de uso de marca ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso da tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional desenvolvidos ou detidos pelo primeiro, mediante remuneração direta ou indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. III. Negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta. IV. Contrato pelo qual uma pessoa, que é o devedor, a fim de garantir o adimplemento de obrigação e mantendo-se na posse direta, obriga-se a transferir a propriedade de uma coisa ou a titularidade de um direito a uma outra pessoa, que é o credor, o qual, por sua vez, fica adstrito a retransmitir a propriedade ou a titularidade do direito ao devedor, assim que paga a dívida garantida. V. Contrato que se aperfeiçoa quando um fabricante obriga-se a vender, continuadamente, a um distribuidor, que, por sua vez, se obriga a comprar, com vantagens especiais, produtos de sua fabricação, para posterior revenda, em zona determinada. Os conceitos acima correspondem, seqüencialmente, às seguintes espécies contratuais: a) faturização; franquia; leasing; alienação fiduciária em garantia; concessão comercial. b) factoring; concessão mercantil; alienação fiduciária em garantia; arrendamento mercantil; representação comercial. c) fomento mercantil; franquia; venda com reserva de domínio; alienação fiduciária em garantia; mandato mercantil. d) mandato mercantil; franchising; arrendamento mercantil; venda com reserva de domínio; representação comercial. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 14 e) fomento mercantil; mandato mercantil; arrendamento mercantil; venda com reserva de domínio; concessão mercantil. 1.4. Arrendamento mercantil (Leasing) O arrendamento mercantil é um contrato de natureza financeira, tendo sido introduzido pela legislação tributária, para criar um benefício fiscal, ao permitir que o aluguel do arrendamento seja deduzido da base de cálculo do imposto de renda do arrendatário. O leasing é o contrato pelo qual uma pessoa jurídica (arrendante), aluga à outra pessoa física ou jurídica (arrendatário) um bem móvel ou imóvel mediante pagamento de determinado preço, mantendo-se o arrendante com o domínio sobre o bem, mas a posse fica com o arrendatário, ao qual é conferida a opção de compra do bem ao final do ajuste (art. 1º, § único da Lei nº. 6.099/1974). 10 Constitui o leasing um contrato misto ou complexo que pode envolver locação (os pagamentos tem natureza de aluguel), financiamento, compra e venda (é uma promessa, cabendo ao arrendatário a opção de compra), prestação de serviços e mandato. São modalidades de leasing: O leasing financeiro, onde sobressai a finalidade de financiamento e que somente pode ser contrato com instituição financeira que tenha como objeto principal a prática de operações de arrendamento mercantil; O leasing operacional ou rental leasing, no qual o fabricante ou importador é o arrendador, sem a opção de compra e desprovida, a princípio, da vantagem tributária (art. 2º, parte final, da Lei 6.099/74); O lease-back ou leasing de retorno (ou retro-leasing), cujo bem já pertencia ao arrendatário, que o vende ao arrendador para em seguida recebê-lo de volta em arrendamento. O self-leasing, que é o realizado entre empresas que formam o mesmo grupo societário sejam pessoas direta ou indiretamente coligadas ou interdependentes (art. 2º da Lei nº. 6.099/1974). A sue turno, o art. 11 da Resolução Bacen 2.309/96, na esteira do art. 10 da Lei 6.099/74, dispõe que podem ser objeto de arrendamento os bens móveis, de produção nacional ou estrangeira, e os bens imóveis adquiridos pela entidade arrendadora para fins de uso próprio da arrendatária, segundo as especificações desta. Essa Resolução, em seus arts. 1º, 5º e 6º, estabelece para os fins das relações de Direito Público (entre os particulares e o fisco e o Banco Central) que as operações de arrendamento mercantil podem ser: 10 Que pode ser encontrado em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6099.htm CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 15 a) financeiras, considerando-se como tal a modalidade em que: - as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos; - as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidadeda arrendatária; - o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. b) operacional, considerando-se como tal a modalidade (cuja atividade é privativa dos bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e das sociedades de arrendamento mercantil) em que: - as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo de arrendamento do bem e os serviços inerentes à sua colocação à disposição do arrendatário, não podendo o total dos pagamentos da espécie ultrapassar 75% do custo do bem arrendado; - as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da arrendadora ou da arrendatária; - o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do bem arrendado. É importante destacar o entendimento firmado pela Súmula 293 do STJ, pelo qual não descaracteriza o leasing o pagamento antecipado do Valor Residual Garantido (VRG), isto é, do saldo do preço necessário à aquisição do bem, já deduzido dos valores satisfeitos a título de arrendamento. DESAFIO 9 - Questão elaborada pelo TRT/MT em 2004: Sobre arrendamento mercantil («leasing») temos que: (a) a constituição e o funcionamento das pessoas jurídicas que tenham como objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento mercantil, denominadas sociedades de arrendamento mercantil, dependem de autorização do Banco Central do Brasil; (b) é permitida a realização de operações de arrendamento mercantil somente com pessoas jurídicas; (c) acessão de contratos de arrendamento, bem como dos direitos creditórios deles decorrentes, a entidades domiciliadas no exterior, depende de prévia autorização do Conselho Monetário Nacional; (d) é vedada às sociedades de arrendamento mercantil a contratação de operações de arrendamento mercantil com administradores da entidade e seus respectivos cônjuges e parentes até o 3º grau; CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 16 (e) a existência de modalidades de arrendamento mercantil se repartem em 3 (três) espécies: mercantil financeiro, mercantil operacional e mercantil administrativo. 1.5. Alienação fiduciária em garantia A alienação fiduciária em garantia é o contrato pelo qual uma pessoa (fiduciante ou devedor fiduciário) aliena, com finalidade de garantia, a propriedade de um bem a outra (fiduciário ou credor fiduciário), até que a propriedade se extinga pelo pagamento ou pelo inadimplemento. É um contrato típico, havendo dois sistemas, um regido pela Lei nº. 4.728/1965, que, pelo seu art. 66-B, está restrito às instituições financeiras e à fazenda pública para a garantia de débitos fiscais e previdenciários, sendo o processo judicial regido pelo Decreto-Lei nº. 911/69. Ainda dentro do sistema financeiro, temos a Lei nº. 9.514/97, que no art. 22 prevê a alienação fiduciária de bens imóveis no âmbito das operações de financiamento imobiliário. Esse sistema recebeu as alterações advindas da Lei nº. 10.931/04. O outro sistema da alienação fiduciária advém do NCC, que agora passou a contemplar a propriedade fiduciária, nos arts. 1.361 a 1.368-A, que constitui o nome da propriedade que se forma a partir do contrato de alienação fiduciária. Podemos diferenciar os dois sistemas, pois: no primeiro o credor somente pode ser instituição financeira própria (também equiparada) ou fazenda pública; o objeto concerne tanto a bens imóveis como móveis, fungíveis (substituíveis) ou infungíveis (insubstituíveis); o credor tem a propriedade formal e a posse direta e indireta, reservando-se ao devedor a mera detenção (art. 66-B, § 3º, da Lei nº. 4.728/65, com a redação dada pela Lei nº 10.931/04); a mora e o inadimplemento do devedor, ou a ocorrência legal ou convencional de algum dos casos de antecipação de vencimento da dívida, facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas todas as obrigações, independentemente de aviso, notificação ou protesto, que no caso servirão apenas para comprovar a mora para fins de ajuizamento da ação de busca e apreensão (Decreto-Lei 911, art. 2º, §§ 2º e 3º; Súmulas 7211 e 24512 do STJ); o meio processual de retomada do bem será uma ação de busca e apreensão autônoma convolável (passível de conversão) em ação de depósito nos mesmos autos, com medida liminarmente concedida e consolidação plena da propriedade em mãos do credor nos cinco dias após a execução da liminar e expedição de novo documento de propriedade (art. 3º e § 6º do Decreto-Lei 911 de 1969). No mesmo prazo o devedor poderá purgar a mora referente à totalidade da dívida. Retomado o bem, o credor poderá vendê-lo extrajudicialmente independentemente de leilão, hasta 11 Súmula 72 do STJ: “A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem alienado fiduciariamente”. 12 Súmula 245 do STJ: “A notificação destinada a mora nas dívidas garantidas por alienação fiduciária dispensa a indicação do valor do débito”. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 17 pública ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, devendo aplicar o preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, com entrega ao devedor de eventual saldo, acompanhado de demonstrativo da operação realizada (§ 3º, do art. 66-B, da Lei 4.728/65). Caso o bem já tenha sido vendido pelo credor para pagar a dívida e a ação de busca e apreensão seja ao final julgada improcedente, o juiz condenará o credor a pagar ao devedor multa equivalente a 50% do valor originalmente financiado, sem excluir as perdas e danos. No segundo sistema de alienação fiduciária, a regida pelo Código Civil, o credor poderá ser qualquer pessoa; o objeto está limitado a bens móveis infungíveis; o credor terá a propriedade formal e a posse indireta, enquanto o devedor, a posse direta, o que lhe permite argüir indenização e retenção de benfeitorias, inadmissível no outro sistema de alienação fiduciária; o meio processual para a retomada do bem será aquele regido pelas ações comuns do CPC. Também aqui se permite a venda do bem pelo credor, extrajudicial ou judicialmente, aplicando o preço obtido no pagamento do crédito e das despesas de cobrança, devolvendo ao devedor o saldo, se houver (art. 1.364 do NCC). A principal vantagem da alienação fiduciária, em qualquer dos dois sistemas, é que, no caso de falência do fiduciante (devedor), o bem não integra a massa falida e pode ser recuperado mediante pedido de restituição dirigido ao juízo da quebra – art. 85 da Lei nº. 11.101/2005. DESAFIO 10 - Questão elaborada pelo MPE/AMAPA em 2005: Assinale a alternativa correta: (a) A busca e apreensão de bem alienado fiduciariamente constitui processo autônomo e independente de qualquer procedimento posterior; (b) Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca e apreensão, em ação de depósito, em autos separados; (c) A mora e o inadimplemento de obrigações contratuais garantidas por alienação fiduciária ou a ocorrência legal ou convencional de algum dos casos de antecipação de vencimento da dívida facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas todas as obrigações contratuais, apenas dependendo de aviso ou notificação judicial ou extrajudicial, para legalidade do ato; (d) No caso de inadimplemento da obrigação garantida em alienação fiduciária, o proprietário fiduciário somente poderá vender a coisa a terceiros e aplicar preço da venda no pagamento do seu crédito e das despesas decorrentes da cobrança, entregando ao devedor o saldo porventura apurado, se houver, desde que autorizado judicialmente. 11 - Questão elaborada CESPE em 2002:No que se refere a obrigações e contratos mercantes, julgue os itens a seguir. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 18 I. Os contratos de franquia mercantil são contratos atípicos, sendo seu conteúdo e suas regras disciplinadoras regidos pelas cláusulas contratuais e pelos usos e costumes mercantis. II. No contrato de alienação fiduciária em garantia, o credor fiduciário tem a posse indireta e a propriedade resolúvel do bem; o devedor fiduciário, por seu turno, tem a posse direta e equipara-se a depositário do bem. III. Desde que provada a mora, o proprietário fiduciário poderá propor contra o devedor ação de busca e apreensão, que constitui processo autônomo e independe de qualquer procedimento posterior. IV.O lease-back constitui modalidade de operação de leasing que se verifica quando uma empresa vende um bem a outra empresa, que o arrenda imediatamente à vendedora. V. O leasing, que constitui operação financeira, pode ter por objeto bens móveis ou imóveis. 1.6. Contratos Bancários Os contratos Bancários são instrumentos jurídicos pelos quais os bancos desenvolvem as suas operações. Os contratos bancários são acordos celebrados entre um banco (elemento subjetivo) e o cliente com a finalidade de criar, modificar ou extinguir uma intermediação no sistema do crédito. Sua causa ou origem é a mobilização do crédito (elemento objetivo). Essa definição condiz com a atividade típica dos bancos, relacionadas ao crédito, podendo ser ativas (o banco na posição de credor, emprestando recursos a terceiros) e passivas (o banco na posição de devedor, recebendo recursos de terceiros). Você não deve perder de vista que para o contrato ser considerado bancário não basta que o banco seja um dos contratantes. Deve necessariamente haver a intermediação financeira. Ao lado das atividades típicas ou essenciais, os bancos também realizam atividades atípicas ou acessórias, direcionadas à prestação de serviços, como aluguel de cofre e cobrança de títulos. Assim, as operações bancárias podem ser apenas de moeda e crédito, de serviços, ou mistas, envolvendo moeda e crédito juntamente com prestação de serviços. Os contratos bancários próprios, ou seja, aqueles exclusivos dos bancos são: depósito bancário, conta corrente, mútuo bancário, crédito documentado, abertura de crédito etc. 2. Aplicabilidade do Cód. de Defesa do Consumidor Com a edição do Código de Defesa do Consumidor – CDC - Lei 8.078 de 1990, instituiu-se um complexo de normas revelador de um regramento próprio para a proteção do consumidor. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 19 O CDC tem seu campo de incidência delimitado pela noção de relação de consumo, isto é, o vínculo formado entre o fornecedor e o consumidor, tendo por objeto a circulação de produtos ou serviços para destinação final (por essa razão os conceitos de fornecedor e consumidor sobressaem-se em importância e constituem pedras angulares para a compreensão da temática). A questão que você poderia indagar é que o CDC é de 1990 e o NCC, de 2002, e qual deles estaria prevalecendo. Há algum conflito? Assim, como você pode perceber a questão é do relacionamento e da aplicabilidade dos dois diplomas. Respondendo a esse questionamento diria eu: o NCC constitui uma lei geral enquanto o CDC é uma lei especial. Segundo a regra emanada do art. 2º, § 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil (que continua em vigor e que é aplicável a todo o ordenamento jurídico, não se restringindo apenas ao direito civil),13 a norma geral pode conviver com a lei especial. Uma não revoga a outra, como é o caso do da Lei do Inquilinato, do Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei de Direitos Autorais, entre outras. O grande civilista pátrio Caio Mário da Silva Pereira fundamenta-se no princípio cardeal da incompatibilidade para assinalar que a coexistência de leis gerais e leis especiais não é afetada, “porque umas e outras não se mostram, via de regra, incompatíveis”. Prossegue este jurista com a lição de que “A disposição especial irá disciplinar o caso especial, sem colidir com a normação genérica da lei geral, e, assim, em harmonia poderão simultaneamente vigorar. Ao intérprete cumpre verificar, entretanto, se uma nova lei geral tem o sentido de abolir disposições preexistentes”. Portanto não há conflito de normas. Cada um dos códigos, Civil e do Consumidor, conserva seu campo próprio de incidência. Enquanto o NCC é a lei básica que regula o cotidiano das pessoas nas suas relações familiares, no trânsito contratual, na titularidade de direitos, constituindo aquilo que se costuma chamar numa visão tradicional de “constituição do homem comum”, o CDC é a lei especial que cumpre a função constitucional de proteger o consumidor nas relações de consumo (art. 5º, inc. XXXII; art. 170, inc. V; e art. 48 do ADCT, ambos da CRFB/1988). O NCC lastreia-se em relações paritárias (partes em situação equivalente), ao contrário do CDC, que pressupõe a vulnerabilidade do consumidor perante o fornecedor de produtos ou serviços. A lei procura compensar o mais fraco com uma superioridade jurídica apta a promover o equilíbrio final desejado, sempre que os sujeitos das relações jurídicas se encontrarem em situação materialmente desigual. Destaca-se que o CDC não regula as diferentes espécies contratuais, ou seja, não disciplina qualquer contrato, apenas fazendo referência exemplificativa a alguns deles, por exemplo, no art. 53. 13 Na verdade é a LICC é uma norma de sobredireito sendo aplicável a todos os ramos do ordenamento jurídico (civil, comercial, processual, administrativo, tributário etc.) e não apenas do Código Civil com o nome nos remete. É a LICC quem nos apresenta como interpretar, aplicar, determinar a vigência, eficácia e extensão da aplicabilidade, entre outras disposições acerca das normas. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 20 Assim, como adverte o Desembargador fluminense Sérgio Cavalieri Filho é o NCC quem traça o regramento específico dos contratos, sendo nesse diploma que encontraremos as disposições sobre a compra e venda, locação, prestação de serviços, mandato, depósito etc. Incidirá o CDC sobre quaisquer desses contratos, previstos no NCC ou em quaisquer outros diplomas, quando estiver configurada uma relação de consumo. Leciona o Desembargador Cavalieri que o CDC “estabeleceu uma sobreestrutura jurídica, aquilo que o Direito Francês chama de normas de sobredireito, algo que pode ser aplicado sempre que ocorrerem relações de consumo, quer no direito público, quer no direito privado, que no direito material, quer no direito processual”. Na mesma linha do CDC, o NCC, explícita ou implicitamente, incorpora os princípios da boa fé (arts. 113, 187, 422), da interpretação a favor da parte aderente nos contratos de adesão (art. 423), da função social dos contratos (arts. 421 e 2.035, § único), da revisão dos contratos (arts. 317 e 418), da responsabilidade objetiva para os danos causados por atividades habituais que importem riscos a outrem (arts. 927 e 931), como oportunamente faz questão de ressaltar o Des. Sérgio Cavalieri Filho. DESAFIO 12 - Questão elaborada pelo MPF em 2000: Na interpretação da Lei 8.078 (Código de Defesa do Consumidor), levar-se-á em conta: a) As normas gerais e especiais que compõem todo o sistema do direito positivo brasileiro, ante o disposto no art. 2º, parágrafo 2º, da Lei de Introdução ao Código Civil; b) No conflito entre as normas do sistema, em geral, e os princípios e normas que estão nela, Lei 8.078/90, estabelecidos, a preponderância destes; c) O sistema próprio nela contido, não tendo incidência nas relações de consumo, as demais normas, mesmo se houver lacunano sistema consumista; d) Nenhuma destas opções é procedente. 13 – Questão elaborada para o concurso de Procurador do Estado do Paraná em 2007. Assinale a alternativa correta: (a) consumidor é a pessoa física ou jurídica destinatária de produto necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa; (b) consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final; (c) consumidor é tão somente a pessoa física destinatária de produto ou serviço necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa; CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 21 (d) consumidor é tão somente a pessoa física que adquire ou utiliza produto ou serviço como destinatário final. (e) consumidor é a pessoa física ou jurídica, ou ainda a coletividade indeterminada de pessoas que adquire um produto ou contrata um serviço necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa ou simplesmente como seu destinatário final. 14 - Questão elaborada pelo MPF em 2000: Empresa Multinacional adquire peças de montagem de terceiros para linha de montagem de tratores. No caso: a) trata-se de operação sob a proteção do Código de Defesa do Consumidor; b) trata-se de meras relações comerciais em que incidem as regras de direito comum; c) teriam aplicação as regras do Código de Defesa do Consumidor se, expressamente, no contrato de fornecimento das peças, se fizer constar cláusula de submissão a esse regime; d) o Código de Defesa do Consumidor não regula a relação de aquisição e utilização de produto ou serviço por parte de multinacional, ante a inexistência de correlação de desigualdades entre as partes. O CDC tem seu âmbito de abrangência delimitado pelas relações de consumo (art. 1º da Lei 8.078/1990). E possui como elementos de identificação os a) sujeitos (consumidor e fornecedor), b) objeto (circulação de produtos ou serviços) e c) finalidade (utilização final). Como estabelece o dispositivo de abertura, as normas contidas do Código são de ordem pública, cogentes e imodificáveis a critério das partes. Encontramos no art. 2º do CDC, a definição de consumidor, sendo esse considerado como destinatário final dos produtos ou serviços e a ele se equiparam as coletividades indeterminadas de pessoas, como o público alvo de uma campanha publicitária. A pessoa jurídica pode ser consumidor pessoa jurídica, inclusive o empresário e a sociedade empresária, desde que a destinação dos produtos os serviços seja desvinculada de sua atividade empresarial básica. Pela teoria finalista (que é a preponderante) consumidor é aquele que utiliza o bem em proveito próprio, satisfazendo uma necessidade pessoal, sem o revender ou empregá-lo na cadeia produtiva. Sylvio Capanema de Souza doutrina que o consumidor é "aquele que se utiliza do produto ou do serviço para o seu próprio interesse ou de sua família, e não para agregá-lo a outro e fazer com que ele continue integrando a cadeia de produção ou de lucro".14 Afasta-se do conceito de consumidor quem adquire um produto ou serviço para dinamizar o seu negócio. Em contraposição a corrente maximalista, adepta à idéia de um novo estatuto para a sociedade de consumo, o campo de incidência do código é ampliado para abranger um número cada vez maior de relações de mercado, 14 in Revista da EMERJ, v. 3, n. 10, p. 74 CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 22 caracterizando consumidor quem revela ser o destinatário fático do bem, que o retira do mercado produtor, o utiliza e o consome, como uma fábrica que adquire e emprega a matéria-prima em seu processo fabril. Baseia-se a teoria maximalista na mera interrupção do ciclo de distribuição (compra e venda) daquele produto ou serviço tal como oferecido ao mercado. Recebem igual tratamento aos consumidores os bystanders, isto é, os atingidos por qualquer modo por acidentes de consumo – art. 17 do CDC. É importante frisas que o CDC forma um microssistema legislativo aberto e dinâmico em contínuo processo de atualização e reconstituição. Apesar da incidência demarcada pelas relações de consumo, sua técnica avançada permite a equiparação de pessoas (consumidor por equiparação) a situação de consumidor stricto sensu (em sentido específico), quando for constatado o desequilíbrio contratual e a vulnerabilidade perante o fornecedor.15 Esse campo de aplicação do CDC é ampliado, por exemplo, consoante o disposto nos arts. 2º, § único; 17; e 29 do CDC. DESAFIO 15 - Questão elaborada pela CESPE em 2004: Na defesa dos consumidores, um aspecto primordial é a definição do que é consumidor e fornecedor. Em conformidade com as normas aplicáveis, assinale a opção incorreta com relação a esses conceitos. a) O estado do Tocantins, por ser pessoa jurídica de direito público, não pode ser enquadrado no conceito de consumidor. b) Um mesmo estabelecimento comercial pode ser fornecedor e consumidor em operações distintas. c) A coletividade também pode ser equiparada a consumidor, quando intervier nas relações de consumo. d) Quando uma concessionária de energia elétrica fornece um produto aos cidadãos, submete-se ao Código de Defesa do Consumidor (CDC). e) Uma indústria asiática que exporta produtos para o Brasil enquadra-se no conceito de fornecedor. 15 “A relação jurídica qualificada por ser “de consumo” não se caracteriza pela presença de pessoa física ou jurídica em seus pólos, mas pela presença de uma parte vulnerável de um lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. Mesmo nas relações entre pessoas jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a pessoa-jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio entre as partes. Ao consagrar o critério finalista para interpretação do conceito de consumidor, a jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade de, em situações específicas, abrandar o rigor do critério subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e consumidores-empresários em que fique evidenciada a relação de consumo. São equiparáveis a consumidor todas as pessoas, determináveis ou não, expostas às práticas comerciais abusivas.” (STJ - Rec. Esp. 476.428 - SC - Rel.: Ministra Nancy Andrighi - J. em 19/4/2005 - DJ 9/5/2005) CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 23 Pelo art. 3º do CDC fornecedor é o fabricante, o importador, o intermediário, o vendedor, o prestador de serviços, desde que se trate de pessoa, física ou jurídica, organizada ou não, que exerça profissionalmente atividade econômica. Em resumo abrange a todos aqueles que promovam a introdução do produto no mercado consumidor. Tal noção não encontra exata correspondência na ciência econômica, mas é definida em função dos valores e dos objetivos que se desejam alcançar em cada ordenamento jurídico. Produto ou serviço é todo bem com conteúdo finalístico. O artigo considera serviço, para efeito de ato de consumo, as atividades bancárias, financeiras, securitárias etc., desde que, evidentemente, estejam presentes os elementos configuradores das relações de consumo, isto é, os sujeitos (consumidor e fornecedor), objeto e destinação final. Muito discutido é o caso dos bancos, uma vez que não é a simples menção legal à atividade bancária que acarreta a inflexível incidência do CDC, decorrendo, antes, da contratação com pessoas que possam ser consideradas consumidoras, à luz dos critérios examinados nas notas ao art. 2º supra. Em razão disso, o desconto de duplicatas pelos empresários não é alcançado pelo estatuto consumerista, por corresponder à uma operação intermediária da produção ou do consumo.Se, por outro lado, a parte contratante com o banco for conceituada como consumidora, cabe plenamente a incidência do Código, pois, "Embora o dinheiro, em si mesmo, não seja objeto de consumo, ao funcionar como elemento de troca a moeda adquire a natureza de bem de consumo. As operações de crédito ao consumidor são negócios de consumo por conexão, compreendendo-se nessa classificação todos os meios de pagamento em que ocorre diferimento (é assim mesmo que se escreve: diferimento) da prestação monetária, como cartões de crédito, cheques- presentes etc.”.16 Nelson Nery Junior, um dos co-autores do Código, ressalta que "Analisando o problema da classificação do banco como empresa e sua atividade negocial, tem-se que é considerado pelo art. 3º, caput, do CDC como fornecedor, vale dizer, como um dos sujeitos da relação de consumo. O produto da atividade negocial do banco é o crédito; agem os bancos, ainda, na qualidade de prestadores de serviço quando recebem tributos mesmo de não clientes, fornecem estratos de contas bancárias, por meio de computador etc. Podem os bancos, ainda, celebrar contrato de aluguel de cofre, para a guarda de valores, igualmente enquadrável no conceito de relação de consumo. Suas atividades envolvem, pois, os dois objetos das relações de consumo: os produtos e os serviços". E prossegue em sua lição: "O aspecto central da problemática da consideração das atividades bancárias como sendo relações jurídicas de consumo reside na finalidade dos contratos realizados com os bancos. Havendo a outorga do dinheiro ou crédito para que o devedor o utilize como destinatário final, há a relação de consumo que enseja a aplicação dos dispositivos do CDC. Caso o devedor o tome o dinheiro ou o crédito emprestado do banco para repassá-lo, não será destinatário final e portanto não há relação de consumo. Como as regras 16 Alberto Pasqualloto, in Revista dos Tribunais 666/53. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 24 normais de experiência nos dão conta de que a pessoa física que empresta dinheiro ou toma crédito de banco o faz para sua utilização pessoal, como destinatário final, existe aqui presunção hominis, juris tantum, de que se trata de relação de consumo, quer dizer que o dinheiro será destinado ao consumo".17 No julgamento da Ação Direta de Inconstucionalidade nº 2591, na qual as instituições financeiras procuravam afastar o CDC dos contratos bancários, o Supremo Tribunal Federal acabou decidindo pela sua aplicabilidade, dele apenas excluindo a discussão das taxas de juros decorrentes do custo entre as operações bancárias ativas e passivas. Veja parte da Ementa (resumo oficial) da decisão do STF: “CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO CÓDIGO CIVIL. 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade bancária, financeira e de crédito. 3. O preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado em coerência com a Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras na exploração da intermediação de dinheiro na economia estejam excluídas da sua abrangência. 4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde a perspectiva macroeconômica, da taxa base de juros praticável no mercado financeiro. 5. O Banco Central do Brasil está vinculado pelo dever-poder de fiscalizar as instituições financeiras, em especial na estipulação contratual das taxas de juros por elas praticadas no desempenho da intermediação de dinheiro na economia. 6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a exegese que submete às normas do Código de Defesa do Consumidor [Lei n. 8.078/90] a definição do custo das operações ativas e da remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras no desempenho da intermediação de dinheiro na economia, sem prejuízo do controle, pelo Banco Central do Brasil, e do controle e revisão, pelo Poder Judiciário, nos termos do disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual abusividade, onerosidade excessiva ou outras distorções na composição contratual da taxa de juros. ART. 192, DA CB/88. NORMA-OBJETIVO. EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR EXCLUSIVAMENTE PARA A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO”. 17 Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto, 5ª ed., Rio de Janeiro: Forense, p. 372. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 25 Terminado o exame da decisão do mais alto tribunal do país, e prosseguindo no art. 4º do CDC, temos os princípios da Política Nacional de Relações de Consumo, entre os quais destacamos: a) a vulnerabilidade do consumidor, que pode ser técnica (desconhecimento das técnicas e processos produtivos empregados pelo fornecedor), econômica (superioridade financeira do fornecedor que acarreta a inferioridade do consumidor) e cultural (ignorância sobre as funções, utilidades e perigos do produto ou serviço); b) a boa-fé objetiva, que significa um padrão ético de conduta, impondo o dever de lealdade, veracidade, cooperação recíproca, transparência, veracidade, antes, durante e após o contrato. Cumpre a cada uma das partes respeitar as expectativas e interesses demonstrados pela outra. Existem também outros princípios no art. 4º, cuja leitura completa recomendo, antes de enfrentar o desafio a seguir. DESAFIO 16 - Questão elaborada pelo TJ/MT em 2004: Previstos no Código Brasileiro de Defesa do Consumidor, os Princípios a serem atendidos pela Política Nacional das Relações de Consumidor não incluem o (a): (a) incentivo à criação de meios eficientes de controle de qualidade e segurança de produtos e serviços; (b) incentivo à criação de mecanismos alternativos de solução de conflitos de consumo; (c) incentivo à veiculação de publicidade destinada ao esclarecimento social acerca dos abusos nas relações de consumo; d) racionalização e melhoria dos serviços públicos No art. 6º do CDC são elencados os direitos básicos do consumidor. São eles: I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou nocivos; II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, com especificação correta de quantidade, características, composição, qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou impostas no fornecimento de produtos e serviços; CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 26 V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as tornem excessivamente onerosas; VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais,coletivos e difusos; VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos necessitados; VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras ordinárias de experiências; X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. Nos arts. 8º, 9º e 10 do CDC temos a proteção à saúde e segurança do consumidor. Os fornecimentos não podem acarretar riscos à saúde ou à segurança dos consumidores, salvo os considerados normais e previsíveis, como acontece com fósforos, dedetização, pesticidas e medicamentos, devendo ser acompanhados de informações adequadas, inclusive através de impressos nos próprios produtos. Se os fornecimentos forem potencialmente nocivos ou perigosos, supondo riscos exacerbados, como fumo, bebidas alcoólicas, material radiológico, a informação deve ser ostensiva, clara, explícita, sobre os riscos existentes, podendo ser utilizados sinais, símbolos. Há, portanto, um dever de informar a cargo do fornecedor. Fornecimentos com alto grau de periculosidade ou nocividade não poderão ser introduzidos no mercado de consumo, se o fornecedor sabia ou devesse saber de tais riscos. A constatação dos riscos após a introdução no mercado de consumo obriga o fornecedor a divulgar amplamente o fato pela mídia, além de comunicá-lo às autoridades competentes, a exemplo os vários recalls de produtos. Um ponto importante é o da responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço, disciplinado nos arts. 12 a 17 do CDC. Todos os partícipes do ciclo produtivo-distributivo, à exceção, num primeiro momento, dos comerciantes, respondem objetivamente pelos acidentes de consumo, isto é, danos provocados pelo produto ou serviço. Essa responsabilidade independe da existência de culpa do fornecedor (responsabilidade objetiva). Idêntica responsabilidade se prescreveu ao fornecedor de serviços, o qual, entretanto, se for profissional liberal, continuará dependendo da prova de culpa. O CDC unificou o regime da responsabilidade civil eliminando, no âmbito das relações que abarca, a clássica dicotomia entre as responsabilidades contratual e extracontratual. Há divisão em vícios de qualidade por insegurança e por inadequação e vícios de quantidade. Enquanto os vícios de quantidade e os vícios de qualidade por inadequação são disciplinados nos arts. 18 a 20, a título de responsabilidade não pelo fato, mas por vícios do CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 27 produto ou serviço, os primeiros. Já vícios de qualidade por insegurança, são tratados, basicamente, nos arts. 12 e 14. Distinguem-se os vícios ou defeitos ora examinados entre defeitos de concepção ou de projeto, de fabricação e de comercialização ou de informação, todos conduzindo ao regime da responsabilidade, salvo os defeitos de concepção pela periculosidade inerente, indissociáveis do fornecimento e, por isso, previsíveis e normais. O mesmo já não ocorre com a periculosidade adquirida, que se refere a produtos que não são intrinsecamente perigosos, mas se tornam em razão de defeitos no projeto, na fabricação ou na comercialização. O comerciante, excepcionado a princípio, aparece com uma responsabilidade subsidiária, quando não identificados os responsáveis principais, atraindo a responsabilidade em caráter originário, se não conservar adequadamente produtos perecíveis. Um fornecimento não é considerado defeituoso pelo fato de outro de melhor qualidade ou técnica haver sido introduzido no mercado, em decorrência dos avanços científicos posteriores, para não desestimular o avanço tecnológico. A responsabilidade é excluída diante da prova de que o apontado fornecedor não colocou o produto no mercado, o suposto defeito inexiste ou culpa exclusiva do próprio consumidor ou de terceiro. Embora o CDC não tenha feito alusão ao caso fortuito e à força maior, entende-se que se eles forem externos (estranhos ao negócio à organização ou à atividade empresarial), o fornecedor também se exime da responsabilidade, por exclusão do nexo causal. Mas o CDC não menciona expressamente o caso fortuito e a força maior. O fornecedor que tiver suportado o pagamento da indenização disporá de ação regressiva contra os demais responsáveis, proibida, entretanto, a denunciação da lide, de acordo com o art. 88 desse diploma. O CDC unificando o regime da responsabilidade civil (mitigado o princípio da relatividade –subjetiva- dos efeitos dos contratos) e introduziu a figura do consumidor por equiparação - art. 17, que nenhuma relação jurídica mantém com o fornecedor. Admitiu que a garantia decorrente da responsabilidade por vício do produto e do serviço - art. 18 - pode ser invocada não só pelo consumidor direto, como também por aquele que tenha feito a aquisição no mercado de segunda mão. Portanto, a relação fornecedor-adquirente cede lugar para o vínculo gerado a partir do produto e seu atual titular, legitimando terceiro que não travou negócio com o fornecedor a agir diretamente contra ele. 18 A garantia adere ao produto ou serviço, deixando de ser apenas uma responsabilidade entre as partes especificamente ligadas pelo contrato de consumo. 18 Segundo José Reinaldo de Lima Lopes, citado pelo Magistrado trabalhista Roberto Norris. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 28 DESAFIO 17 - Questão elaborada pelo ESAF em 2002: Nos acidentes de consumo, o comerciante será responsabilizado pelos danos causados aos consumidores por: A) defeitos decorrentes de manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos; B) condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de outro produto ou serviço; C) não conservar adequadamente os produtos perecíveis; D) exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. 18 - Questão elaborada pelo ESAF em 2002: O fornecedor de serviços responde, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores, por defeitos na prestação de serviços, exceto se provar a ocorrência de: A) caso fortuito; B) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; C) força maior; D) vício resultante de erro, dolo, coação, simulação ou fraude. 19 - Questão elaborada pelo CESPE em 2002: Joaquim adquiriu da empresa Delta um forno de microondas fabricado pela empresa MW. Após a instalação do equipamento, devido a um defeito de fabricação, sofreu curto-circuito que provocou incêndio nas casas de Joaquim e de seu vizinho Luís. Em face dessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem. I. O direito de Joaquim de pedir, a seu critério, a devolução da quantia paga ou a entrega de novo equipamento está relacionado à responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto. II. A empresa Delta está obrigada a indenizar, independentemente de comprovação de culpa, os prejuízos sofridos por Joaquim em decorrência do incêndio em sua casa. III. A responsabilidade dos fornecedores pelo vício do produto é contratual, de modo que a empresa MW não poderá ser responsabilizada pelos vícios de qualidade do aparelho. IV. A empresa MW não seria responsabilizada pelo fato do produto, caso fosse comprovada culpa exclusiva de Joaquim na utilização do equipamento. V. Luís equipara-se a Joaquim no que se refere aos benefícios da aplicação das regras previstas no CDC, relativas à responsabilidade dos fornecedores. CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR PROFESSOR RONALD SHARP www.pontodosconcursos.com.br 29 Observe que a responsabilidade
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