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CURSOS ON-LINE – DIREITO COMERCIAL – CURSO REGULAR 
PROFESSOR RONALD SHARP 
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Olá! Seja bem vindo. 
Essa é a nossa aula 10, que encerrará nosso curso. 
Dedicaremos esta oportunidade de aprendizado ao Direito Empresarial 
Contratual, os Princípios da Teoria Geral dos Contratos Mercantis, suas 
principais espécies, a Aplicabilidade do Código Civil e do Código de Defesa do 
Consumidor e finalizaremos com o palpitante tema do Comércio Eletrônico. 
Os contratos são a mais importante fonte das obrigações. Todos nós, desde o 
momento em que levantamos até a hora de dormir, realizamos diariamente 
inúmeros contratos. Você já se deu conta disso? Pode ser que até não, já que 
muitos deles são celebrados de forma tão simples e corriqueira que nem 
reparamos nisso, não é? Ao iniciar seu dia você participou de um contrato de 
compra e venda (pão, café, ou algo para seu desjejum, ou quem sabe o jornal 
do dia, ou a gasolina para o carro?); ou um contrato de transporte (ônibus, 
metrô, barcas); ou de prestação de serviços públicos (acendeu a luz, tomou 
um banho, ou usou o telefone?); ou um contrato de locação (fitas de vídeo ou 
de Dvd’s); e assim por diante... aberturas de contas em banco, cartões de 
crédito, assinatura do provedor de Internet etc. 
Os contratos surgiram com a evolução da sociedade, desde os tempos em que 
superamos o ambiente da barbárie, em que cada um obtinha por sua força os 
bens de que necessitavam para a sobrevivência. Atualmente, no mundo 
econômico globalizado, os contratos surgem como instrumentos por 
excelência de obtenção dos bens econômicos necessários à satisfação 
humana. Não podemos prescindir dos contratos, ainda mais em meio ao 
mundo que, após o término da guerra fria, se firmou como capitalista e 
pregador de um Estado mínimo, que deixou de ser o grande provedor dos 
cidadãos. 
O contrato tem a função de eficaz instrumento econômico-social, propiciando 
a circulação de riquezas idôneas à satisfação das necessidades individuais, ao 
mesmo tempo em que regula interesses de utilidade social. 
No regramento jurídico dessas relações o novo Código Civil desponta como a 
lei básica que regula o cotidiano das pessoas,1 constituindo aquilo que se 
costuma chamar numa visão tradicional de “constituição do homem comum”. 
A edição do Código de Defesa do Consumidor, a seu turno, cumpre a função 
constitucional de proteger o consumidor, a parte mais fraca, nas relações de 
consumo (art. 5º, inc. XXXII; art. 170, inc. V; e art. 48 do ADCT ambos da 
CRFB/1988). Por seu turno o empresário e a sociedade empresária celebram 
rotineira e sistematicamente tanto contratos regidos pelo Direito Civil e pelo 
Direito Comercial, quanto contratos que sofrem a incidência do Direito do 
Consumidor. 
Os contratos podem ser os mais diversos, tantos quanto à capacidade 
humana de realizar novos intentos. Segundo diz o professor Capanema: “O 
homem sempre pode criar algo novo, algo que jamais tenha sido pensado, ou 
 
1 Tanto nas suas relações com seus familiares, como na titularidade de direitos, como na 
realização de contratos. 
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disciplinado pela lei, criando assim também um novo contrato”.2 Quer um 
exemplo, a Internet, que inaugurou uma nova forma de aquisição de produtos 
e serviços. 
 
Bem, vamos então a navegar por esse mundo genial dos contratos? 
 
SUMÁRIO 
1. Direito Empresarial Contratual. 
1.2. Princípios da Teoria Geral dos Contratos Mercantis. 
1.3. Espécies de Contratos Mercantis. 
2. Aplicabilidade do NCC e do Código de Defesa do Consumidor 
3. Comércio Eletrônico 
 
 
1. Direito Empresarial Contratual 
O contrato, segundo Clóvis Beviláqua,3 “é o acordo de vontades para o fim de 
adquirir, resguardar, modificar ou extinguir direitos”. Outra definição é que 
são negócios jurídicos bilaterais criadores de obrigações, as quais se 
definem como relações jurídicas de caráter patrimonial pela qual uma pessoa 
está adstrita a satisfazer uma prestação (dar, fazer, não fazer) em favor de 
outra. 
Os empresários e as sociedades empresárias, organizando os fatores de 
produção (insumos, mão-de-obra, capital, tecnologia, como vimos em nossa 
aula demonstrativa), exercem a sua atividade de oferecimento de bens e 
serviços ao mercado por meio da metódica e coordenada celebração dos mais 
variados contratos. Assim, pode-se afirmar que organizar os fatores de 
produção significa basicamente contrair e executar obrigações originadas de 
contratos. 
A atividade empresarial se desenvolve mediante a realização de inúmeros e 
diferentes contratos. Como exemplos, citamos o contrato de compra e venda 
de mercadorias, de serviços de consultoria de marketing, de transferência de 
tecnologia, e transporte, de leasing, alienação fiduciária, factoring etc. 
Enquanto as pessoas que não são empresárias celebram contratos num 
regime de negócios isolados, sem uma unidade intrínseca entre eles, os 
empresários e sociedades empresárias celebram os mais diversos tipos de 
contratos dentro do contexto de atos e negócios seqüenciais, coordenados e 
dirigidos a uma mesma finalidade. Trata-se de uma atividade. 
Os empresários no exercício das operações econômicas tem suas as relações 
jurídicas partidas em intra e interempresariais. Os interempresariais 
correspondem aos chamados contratos empresariais. 
 
2 Desembargador Silvio Capanema de Souza, in: Curso de Teoria Geral de Contratos, 
proferido em 05/07/2000, Rio de Janeiro. 
3 Citado por Silvio Rodrigues, in: Direito Civil: dos contratos. São Paulo: Saraiva, 2000. 
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Os contratos empresariais são os celebrados pelos empresários e 
sociedades empresárias para a consecução de seus objetivos 
profissionais. 
Os contratos empresariais podem ser tanto comuns, quando celebrados entre 
partes iguais, quanto de consumo, quando uma das partes se encontra em 
situação juridicamente desigual (como veremos melhor mais adiante). 
O NCC unificou parcialmente o Direito Civil e o Direito Comercial, no campo 
das obrigações e dos contratos, mas essa unidade ocorreu apenas no plano 
legislativo, sem afetar a autonomia didática, metodológica e interpretativa do 
estudo em separado dos contratos de empresa. Nesse tratamento unitário das 
obrigações e dos contratos encontram-se normas comuns que contêm, além 
das modalidades de obrigações e do pagamento, disposições gerais sobre 
contratos, sua formação, efeitos e hipóteses de extinção. Embora a aparato 
legislativo (as leis em vigor) seja o mesmo para os contratos civis e os 
empresariais, não se pode esquecer que o Direito Civil se mercantilizou. 
Assim, continuam sendo observadas as peculiaridades que caracterizam os 
contratos comerciais e o próprio Direito Comercial, onde vigora o dinamismo 
de suas operações, o caráter oneroso presumido, o informalismo (em 
contraposição ao aspecto solene, ritual, do Direito Civil), o cosmopolitismo 
(relações contratuais internacionais), a padronização de procedimentos e 
formulários contratuais (contratos por adesão), além da inovação (criação a 
toda hora de inéditas estruturas contratuais, em oposição ao conservadorismo 
do Direito Civil). 
Os contratos mercantis, além do NCC, utilizam-se de diversas leis esparsas 
que tratam de distintas espécies contratuais, como é o caso dos contratos 
bancários, o leasing, entre outros. 
 
1.2. Princípios da Teoria Geral dos Contratos Empresariais 
Paralelamente à sua função econômico-social, os contratos aproximam os 
homens e realizam, dentro das relações que abrangem, parte da ordem 
jurídica total, daí não podermos dissociar de princípios e idéias que informam 
essa mesma ordem. Servindo de instrumento de colaboração entre os 
homens, para que estes definam seus próprios interessese supram suas 
necessidades, os contratos interessam a todos e qualquer abalo em sua 
estrutura provoca danos à boa circulação de riquezas, com repercussão sobre 
a economia em geral. 
Sabendo que a parte geral que disciplina o direito contratual foi unificada, 
aplica-se o NCC tanto às relações civis quanto às relações empresariais. 
Incidirão sobre os contratos mercantis os princípios clássicos que disciplinam 
os contratos, quais sejam: a autonomia das vontades, a supremacia da ordem 
pública e a pacta sunt servanda. 
O princípio da autonomia da vontade reflete a possibilidade que as partes 
têm de poderem estipular ou não contratos, segundo seus desejos, com as 
pessoas que quiserem, fixando as regras do mesmo. Podem inclusive pactuar 
contratos novos, os quais não tenham qualquer lei os regulando. São os 
chamados contratos inominados ou atípicos - art. 425 do NCC, como é o caso 
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dos contratos de factoring, de aluguel de cofre bancário, de abertura de 
crédito em conta corrente bancária. Embora os contratos inominados possam 
ter alguma regulamentação administrativa, como através do Conselho 
Monetário Nacional ou do Banco Central, o fato é que não existe lei em 
sentido formal (ato normativo primário oriundo do Poder Legislativo) que lhes 
regule. Todavia, com o decorrer do tempo, diante de sua difusão, os contratos 
atípicos tendem a se transformar em típicos, passando a ser contemplados 
por sua normatização pela edição de uma lei. 
O princípio da supremacia da ordem pública pode ser resumido numa 
certa limitação ao princípio da autonomia da vontade porque no caso de 
conflito entre a vontade dos contratantes, que é um interesse particular, com 
o interesse público, que engloba questões de natureza social, moral, bons 
costumes, limitações impostas por leis especiais (como a Lei de Usura), ou 
seja, o interesse de toda a sociedade, prevalecerá o interesse de ordem 
pública. 
O terceiro é o princípio pacta sunt servanda, ou princípio da força 
obrigatória dos contratos, que reflete a máxima de que “o contrato faz lei 
entre as partes”. Tendo sido o contrato firmado, os contratantes se sujeitam à 
sua observância e no caso do não cumprimento, ou seja, inadimplindo, 
sujeitam-se às penalidades previstas no próprio contrato, ou na lei, além do 
fato dos contratantes poderem ir a juízo reclamando pelo seu cumprimento 
coercitivo, ou conforme o caso perdas e danos. 
O princípio da pacta sunt servanda é de certo modo excepcionado pela 
cláusula rebus sic stantibus, que significa que pode o Poder Judiciário vir a 
conhecer e rever cláusulas contratuais em caso de onerosidade excessiva, em 
virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis (aplicação da teoria 
da Imprevisão) – arts. 478 a 480 do NCC. 
Não é demais lembrar também que os princípios da boa-fé e da socialidade 
(como na função social do contrato do art. 421) que norteiam o NCC também 
lhe serão aplicáveis. 
DESAFIO 
1 - Questão elaborada pela ESAF 2003: Os contratos comerciais, no regime 
do Novo Código Civil (Lei 10.406/2002), 
a) somente subsistem em leis especiais que cuidam de espécies ali definidas. 
b) encontram-se submetidos à disciplina geral daquele Código, com as 
modificações determinadas por leis que rejam determinadas espécies. 
c) desapareceram como tais pela revogação do Código Comercial Brasileiro de 
1850. 
d) ficaram reduzidos àqueles disciplinados pelo próprio texto do novo Código, 
quando praticados por empresários. 
e) tiveram o prazo de prescrição igualado ao dos civis. 
 
 
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1.3. Espécies de Contratos Empresariais 
O revogado CC/1916 previa 16 tipos ou espécies de contratos nominados ou 
típicos (recebe a designação de típico por ter padrão e estrutura definida na 
lei, como é o caso da locação), enquanto o NCC, incorporando contratos que 
até sua edição eram considerados comerciais, traça a disciplina de 20 
contratos. Destaca-se a introdução dos contratos estimatório e de transporte, 
entre outros, além de o compromisso e a transação haverem sido deslocados 
dos meios indiretos de pagamento para os contratos em espécie. 
Vamos agora examinar as principais espécies de contratos empresariais: 
 
1.3.1. Compra e Venda Mercantil 
A compra e venda mercantil é o contrato pelo qual uma pessoa se obriga a 
transferir a propriedade de certa coisa a outra, mediante o recebimento de 
uma soma em dinheiro (art. 481 do NCC). 
É um contrato que se aperfeiçoa quando as partes acordarem (consenso) no 
objeto (coisa) e no preço (soma em dinheiro estipulada), daí a explicação de 
que se trata de contrato consensual (art. 482 do NCC), uma vez que a 
entrega (tradição) da coisa passa a ser etapa da execução do contrato, e não 
de sua formação. 
A compra e venda civil se distingue da mercantil em razão da qualidade das 
partes e a finalidade econômica da coisa. Será mercantil se comprador e 
vendedor forem empresários e a operação se dar para a realização de suas 
atividades profissionais. Terá cunho intermediário na circulação de bens. O 
preço e demais obrigações das partes podem variar conforme as suas 
conveniências, tudo de acordo com o previsto no contrato. 
Nos contratos mercantis também é usual ocorrem no âmbito das relações 
contratuais internacionais, isso é tendo como contratantes partes situadas 
em países diferentes. Para evitar problemas de interpretação, a Câmara de 
Comércio Internacional, com sede em Paris, estabeleceu a partir de 1936 uma 
padronização denominada Incoterms.4 Assim, simplificando os contratos 
internacionais, funcionam como uma uniformização das cláusulas de preço, 
riscos e transportes das mercadorias nos contratos de compra e venda, 
tendo-se uma determinação precisa do momento da transferência de 
obrigações. 
São ao total 13 definições e em termos gerais definem o seguinte: 
1) EXW - Ex Works – Na origem (local de retirada): o vendedor entrega as 
mercadorias quando as coloca à disposição do comprador, em seu 
estabelecimento, ou outro local nomeado. O comprador assume a obrigação 
de retirar as mercadorias no estabelecimento do vendedor, devendo pagar as 
despesas de transporte, carregamento, licenças, seguro e desembaraço 
alfandegário, além claro do preço conforme estipulado no contrato; 
 
4 Os Incoterms são regularmente atualizados, atualmente vigora a edição de 2000. Apesar de 
seu uso ser opcional é quase uma regra encontrá-los nos contratos de compra e venda 
internacionais no mundo todo. Exceção seja feita aos Estados Unidos da América, que 
possuem seus próprios termos, os American Terms. 
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2) FCA - Free Carrier - Livre no Transportador (local indicado): o vendedor 
assume a obrigação de pagar o desembaraço alfandegário para a exportação 
e a entrega ao transportador no local nomeado pelo comprador, o qual arcará 
com o preço estipulado no contrato e com outras despesas. Se a entrega 
ocorrer na propriedade do vendedor será ele quem responderá pelo 
embarque, se forem qualquer outro local o vendedor não é responsável pelo 
desembarque. Esse termo pode ser utilizado em qualquer modalidade de 
transporte; 
3) FAS - Free Alongside Ship – Livre ao lado do navio (porto de embarque 
indicado): significa que o vendedor se obriga a transportar a mercadoria 
desembaraçadas para exportação até determinado porto, cabendo ao 
comprador as para a exportação, embarque, seguros e outras despesas. É um 
que só pode ser utilizado em transportes aquaviários (marítimo, fluvial e 
lacustre); 
4) FOB - Free on Board – Livre a bordo (porto de embarque indicado): 
significa que o vendedor assume a obrigação de entregar transpondo a 
amurada do navio, no porto escolhido (ou seja,coloca a bordo do navio 
nomeado), incluindo o desembaraço alfandegário de exportação, o comprador 
além de pagar o preço estipulado no contrato deve arcar com as obrigações 
para a importação, onde necessário o seu trânsito, sendo responsável pelas 
mercadorias a partir do momento que estiverem a bordo do navio. O FOB é 
um termo que só pode ser utilizado em transportes aquaviários; 
5) CFR - Cost and Freight – Custo e frete (porto de destino indicado): o 
vendedor assume a obrigação das despesas transporte, embarque e 
desembaraço alfandegário e demais relativas à entrega das mercadorias no 
porto de destino transpondo a amurada do navio, é obrigação do comprador 
além do preço acordado arcar com os riscos de perda ou dano a partir do 
momento que elas tenham sido entregues a bordo do navio. Sendo um termo 
que só pode ser utilizado em transportes aquaviários; 
6) CIF - Cost, Insurance and Freight – Custo, seguro e frete (porto de destino 
indicado): o vendedor assume a obrigação com as despesas de transporte até 
determinado porto, incluindo o seguro (para a cobertura mínima) da 
mercadoria e o desembaraço alfandegário para a exportação. É um termo que 
também só se aplica a transportes aquaviários; 
7) CPT – Carried Paid To… - Transporte pago até (local de destino indicado): 
o vendedor assume as despesas com transporte das mercadorias, inclusive o 
desembarace , até uma localidade designada, salvo as relativas à perda ou 
dano destas, que recaem sobre o comprador. Esse termo pode ser usado em 
qualquer modalidade de transporte, inclusive o multimodal; 
8) CIP - Carriage and Insurance Paid To ... – Transporte e seguro pagos até 
(local de destino indicado): o vendedor assume a obrigação das despesas com 
o transporte até determinada localidade, inclusive as relacionadas com a 
perda ou dano durante o transporte, inclusive o desembarace alfandegário. O 
CIP pode ser usado em qualquer modalidade de transporte, incluindo o 
multimodal; 
9) DAF - Delivered at Frontier – Entrega na fronteira (local indicado): o 
vendedor assuma a obrigação de entregar as mercadorias na fronteira entre 
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dois países, em determinada localidade (em um ponto anterior ao posto 
alfandegário do país limítrofe), arcando com as despesas decorrentes, 
inclusive o desembaraço alfandegário para exportação. Apesar de esse termo 
poder ser empregado em qualquer modalidade de transporte, em regra, é 
utilizado no transporte rodoviário ou ferroviário; 
10) DES - Delivered Ex-Ship – Entregue no navio (porto de destino indicado): 
o vendedor assume a obrigação relativa a todas as despesas e custos até a 
entrega da mercadoria até o porto nomeado antes do desembarque, inclusive 
as despesas para e formalidades legais para a exportação, ficando o 
comprador com as despesas de desembaraço para a importação, custos, 
riscos de desembarque. É um termo que se aplica aos transportes 
aquaviários; 
11) DEQ - Delivered Ex- Quay – Entregue no cais (porto de destino 
nomeado): o vendedor assume a obrigação de arcar com todas as despesas 
para exportação até o desembarque das mercadorias no porto de destino, 
colocando-as disponíveis ao comprador no cais acordado, o comprador deve 
arcar com o preço, e custas alfandegárias para a importação. O DEQ serve 
somente aos transportes aquaviários; 
12) DDU - (Delivered Duty Unpaid – Entregue com direitos não pagos (local 
de destino indicado): o vendedor assume a obrigação relativa aos encargos 
custos e riscos com o transporte e despesas de exportação das mercadorias 
até determinada localidade escolhida pelo comprador, ficando os impostos e 
taxas de importação a cargo do comprador. É um termo aplicado a qualquer 
tipo de transportes; 
12) DDP - Delivered Duty Paid – Entregue com os direitos pagos (local de 
destino indicado): o vendedor assume a obrigação de entregar as mercadorias 
ao comprador no local designado, no país de importação, arcando com as 
despesas de transporte, seguro e desembaraço para a exportação e 
importação no país escolhido, o comprador deve apenas pagar o preço 
estipulado no contrato, podendo prestar assistência na obtenção das licenças 
e autorizações para importação em determinadas circunstâncias. O DDP 
representa a obrigação máxima, enquanto o EXW representa a obrigação 
mínima. Sendo um termo aplicado a qualquer tipo de transporte. 
Outro ponto a ser destacado com relação aos contratos de compra e venda 
mercantil é que no caso da falência ou insolvência do comprador empresário 
ou sociedade empresária, o vendedor poderá exigir, diante a quebra do 
comprador, uma caução para se assegurar de que, entregando a mercadoria, 
receberá o preço - art. 495 do NCC. 
E, segundo art. 119 do novo estatuto da falência, Lei nº. 11.101/2005, no 
caso de falência serão observadas as seguintes regras: 
a) o vendedor não pode obstar a entrega das coisas expedidas e ainda em 
trânsito, se o falido, antes do requerimento da falência, as tiver revendido, 
sem fraude; 
b) se o falido vendeu coisas compostas e o administrador judicial resolver não 
continuar a execução do contrato, poderá o comprador pôr à disposição da 
massa falida as coisas já recebidas, pedindo perdas e danos; 
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c) não tendo o falido entregue coisa móvel que vendeu ou prestado serviço 
que contratara a prestações, caso o administrador judicial não vá executar o 
contrato, o crédito relativo ao valor pago será habilitado na classe própria; 
c) o administrador judicial, ouvido o Comitê, restituirá a coisa móvel 
comprada pelo falido com reserva de domínio do vendedor se resolver não 
continuar a execução do contrato, exigindo a devolução, nos termos do 
contrato, dos valores pagos; 
d) tratando-se de coisas vendidas a termo, que tenham cotação em bolsa ou 
mercado, e não se executando o contrato pela efetiva entrega daquelas e 
pagamento do preço, prestar-se-á a diferença entre a cotação do dia do 
contrato e a da época da liquidação em bolsa ou mercado; 
 
DESAFIO 
2 - Questão elaborada pela CESGRANRIO em 2004: A Câmara de Comércio 
Internacional publica, desde 1936, um conjunto de regras internacionais para 
a Interpretação dos termos mais usados no comércio exterior. Segundo essas 
regras, conhecidas como Incoterms, o único termo dentre os abaixo que 
contempla exclusivamente o transporte marítimo é o: 
(A) CIP (Carriage and Insurance Paid to), que significa "Transporte e Seguro 
Pagos até ...". 
(B) CPT (Carriage Paid to), que significa “Transporte Pago até...". 
(C) DAF (Delivered At Frontier), que significa “Transporte pago na Fronteira". 
(D) FCA (Free Carrier), que significa "Livre no Transportador". 
(E) CIF (Cost, Insurance and Freight), que significa "Custo, Seguro e Frete". 
 
3 - Questão elaborada pela CESGRANRIO em 2006: A Câmara de Comércio 
Internacional publica, desde 1936, um conjunto de regras internacionais para 
a interpretação de termos mais usados no comércio exterior. Segundo essas 
regras, conhecidas como Incoterms, o único termo, dentre os abaixo, que se 
refere a transporte principal não pago é: 
(A) CIP 
(B) FOB 
(C) CIF 
(D) CPT 
(E) CFR 
 
 
1.3.2. Faturização (Factoring) 
A faturização é um contrato inominado ou atípico pelo qual uma pessoa 
(faturizador) adquire os créditos faturados de outra (faturizado), mediante 
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uma comissão ou deságio, para cobrá-los por sua conta e risco5 (Resoluções 
BACEN nº. 703/1982 e 2.144/1995).6 
É contrato mercantil cujo elemento básico é a compra e venda 
instrumentalizada por uma cessão civil de crédito, não respondendo o 
faturizado pelo inadimplemento da obrigação cedida (a cessão é pro soluto), 
mas tão-somente pela existência efetiva do crédito. 
Envolve também a administração de créditoe a seleção e cadastramento de 
clientes. Os créditos podem ser oriundos de pessoas físicas ou jurídicas, 
empresários ou não. 
O faturizador pode livremente escolher os créditos que deseja adquirir, já que 
assumirá os riscos no caso do inadimplemento, daí variarem os valores que 
cobrará conforme o risco, respondendo o faturizado apenas pela existência 
efetiva do crédito. 
No caso do crédito do faturizado estar representado por um título de crédito, 
a forma de transferência é o endosso. Será um endosso sem garantia, que 
apenas possibilita a transferência do crédito e não vincula, como co-obrigado, 
o endossante-faturizado ao pagamento do título. 
O autêntico factoring não constitui contrato bancário típico nem integra o 
factor ou faturizador o Sistema Financeiro Nacional. Caso o faturizador exija 
que o faturizado responda pelo pagamento do crédito transferido, ter-se-á 
operação de financiamento privativa de instituição financeira. 
DESAFIO 
4 - Questão elaborada pela ESAF em 2003: A faturização, espécie de 
operação financeira, 
a) facilita a obtenção de créditos pelo empresário. 
b) constitui venda de duplicatas. 
c) é desconto de duplicatas. 
d) é negócio atípico de cessão de crédito. 
e) é negócio indireto de financiamento. 
 
5 - Questão elaborada pelo TRT/RJ em 2003: A sociedade cujo objeto social, 
exclusivo ou não, seja a prática de operações de faturização (factoring): 
I - não pode praticar operações privativas de instituições financeiras, salvo o 
desconto bancário; 
 
5 Vejamos a definição dada pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro: “Entende-se por 
factoring a operação de natureza contratual pela qual o faturizador recebe de outra parte - 
faturizado - a cessão de créditos oriundos de operação de compra e venda e outra de 
natureza comercial, assumindo o risco de sua liquidação, por isso, paga ao faturizado valor 
inferior ao estampado nos títulos de créditos, lucrando com a diferença”. (Apelação. 
17.801/2001). 
6 O BACEN em 1982 proibiu as operações de factoring, até que fossem regulamentadas pelo 
Conselho Monetário Nacional. Apenas em 1988, voltou a ser realizado, quando passou a ser 
considerado contrato mercantil não privativo de instituição financeira. 
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II - pode adquirir cheques pré-datados recebidos pela sociedade faturizada, 
emitidos pelos clientes desta; 
III - não pode cobrar juros superiores a 12% (doze por cento) ao ano, salvo 
se houver autorização específica do Conselho Monetário Nacional; 
IV - pode adquirir cheques pré-datados emitidos pela própria sociedade 
faturizada; 
V - não integra o Sistema Financeiro Nacional. Marque: 
a) se os itens I e III estão errados e somente o item V está correto; 
b) se os itens II e V estão corretos e o item IV está errado; 
c) se estão errados os itens I e II e correto o item III; 
d) se estão corretos os itens II e IV e errado o item V; 
e) se corretos os itens I e III estando errado o item IV. 
 
 
1.3.4. Contratos de Distribuição 
Os contratos de distribuição são aqueles que têm por objetivo o escoamento 
de mercadorias (como, por exemplo, o contrato de franquia, o de 
representação comercial e o de concessão mercantil). São regulados pelo 
Código Civil (arts. 710 a 721). 
Na prática, os contratos de distribuição ocorrem quando determinado 
comerciante, visando à manutenção, a ampliação, ou desejando criar novo 
mercado para suas mercadorias, mas, não podendo ou querendo enfrentar 
essa empreitada, contrata terceiros para tanto. 
 
1.3.4.1. Franquia (Franchising) 
A franquia é o contrato mercantil pelo qual uma pessoa (franqueador), 
mediante remuneração, autoriza outra (franqueado) a explorar a sua marca 
(ou patente) e seus produtos, prestando-lhe permanente assistência técnica. 
O sistema de franquia, ou franchising, é regulado pela Lei 8.955/1994,7 
estabelecendo regras aplicáveis à situação que antecede a formação do 
vínculo contratual. Ou seja, essa norma determina que, antes de se fechar o 
negócio, o franqueador deverá divulgar a chamada Circular de Oferta e 
Franquia (COF), na qual constará as condições e obrigações relevantes do 
contrato. 
No art. 2º da Lei 8.955/1994 temos o conceito de franquia, segundo 
Adalberto Simão Filho:8 “O referido contrato é formado pelos seguintes 
elementos: distribuição, colaboração recíproca, preço, concessão de 
autorizações e licenças, independência, métodos e assistência técnica 
permanente, exclusividade e contrato mercantil”. 
 
7 Que pode ser encontrado no: www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L8955.htm 
8 Segundo a decisão no STJ do Recurso Especial 221577-MG, citando sua obra Franchising, 3ª 
ed. SP: Atlas, 1988, p. 33-55. 
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Franqueador e franqueado podem ser pessoas jurídicas ou naturais. Sendo o 
franqueado escolhido respeitando um perfil pré-fixado pelo franqueador, por 
isso possui um caráter intuito personae. 
O direito de distribuição do franqueado pode ser exclusivo, ou semi-exclusivo, 
seja de produtos ou de serviços, facultando-se, ainda, o direito de uso de 
tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional 
desenvolvidos ou detidos pelo franqueador.(São também denominados de 
serviços de organização empresarial). 
Os serviços de organização empresarial oferecidos pelo franqueador 
envolvem: serviços de engineering, isso é de engenharia e estruturação com 
a elaboração e implementação do estabelecimento do franqueado; serviços de 
management, é o gerenciamento, desde o treinamento do franqueado e de 
seus funcionários até a estruturação da administração do negócio; e o 
serviços de marketing, que é a propaganda, técnicas de venda e promoção. 
Além, de um determinado valor para adesão ao contrato e pelos serviços de 
organização empresarial, deve uma contraprestação ao franqueador que pode 
ser uma remuneração direta (percentual sobre o faturamento), ou indireta. 
O fraqueado está, permanentemente, sujeito as normas de comercialização e 
da fiscalização estabelecidas pelo franqueador. 
Seguindo sua forma regular não existe qualquer possibilidade de 
caracterização de vínculo empregatício, hipótese expressamente prevista pela 
lei – art. 2º da Lei 8.955/1994. 
 
DESAFIO 
6 - Questão elaborada pelo TRT/AC/RO em 2003: Franquia ou «franchising» é 
o contrato pelo qual uma das partes (franqueador ou «franchisor») concede, 
por certo tempo, à outra (franqueado ou «franchisee») o direito de usar 
marca, transmitindo tecnologia, de comercializar marca, desenvolvendo rede 
de lojas, de serviços ou produto que lhe pertence (Maria Helena Diniz).São 
características deste contrato: 
(I) exploração de uma marca ou produto sem qualquer interferência do 
franqueador; 
(II) onerosidade do contrato; 
(III) exclusividade do franqueado em certa localidade; 
(IV) independência do franqueado, inexistindo vínculo empregatício entre ele 
e o franqueador 
Assinale a resposta correta: 
(a) todas as afirmativas estão corretas; 
(b) apenas as afirmativas II e IV estão incorretas; 
(c) apenas a afirmativas I e II estão incorretas; 
(d) apenas a afirmativa III está incorreta; 
(e) apenas a afirmativa I está incorreta. 
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7 - Questão elaborada pela OAB/MS em 2006: Entende-se por franquia 
empresarial ou franchising, 
a) o contrato comercial pelo qual se opera a cessão do direito de uso de 
marca ou patente, bem como de eventual "know-how" detido ou desenvolvido 
pelo franqueador ao franqueado, associado ao direito de distribuição exclusiva 
ou semi-exclusiva de produtos ou serviços, mediante remuneração, sem 
vínculo empregatício; 
b) o contrato comercial pelo qual o franqueadorcede, em caráter 
definitivo, ao franqueado, o direito de uso de marca ou patente, juntamente 
com o "know-how" relacionado ao produto ou serviço, sem vínculo 
empregatício ou remuneração; 
c) o contrato comercial pelo qual o franqueador, detentor da marca ou 
patente, bem como de eventual "know-how" referente ao produto ou serviço 
respectivo, cede ao franqueado apenas o direito de distribuição exclusiva ou 
semi-exclusiva de mencionados produtos ou serviços, mediante remuneração, 
sem vínculo empregatício; 
d) o contrato comercial pelo qual o franqueador, detentor da marca ou 
patente, bem como de eventual "know-how" referente ao produto ou serviço 
respectivo, contrata o franqueado, para que este realize a distribuição 
exclusiva ou semi-exclusiva de mencionados produtos ou serviços, mediante 
remuneração, com vínculo empregatício. 
 
 
1.3.4.2. Representação comercial 
A representação comercial é um contrato típico, regulado pela Lei nº. 
4.886/1965, que o caracteriza como um contrato de intermediação de compra 
e venda mercantil. 9 
O representante realiza atividade de mediação ou de intermediação de 
negócios mercantis em nome representando. Mesmo sendo o representante 
pessoa natural, não existe a formação de vínculo empregatício. 
No contrato, segundo o art. 27 da Lei 4.886, devem obrigatoriamente constar, 
entre outras cláusulas, as condições e requisitos gerais da representação; a 
indicação genérica ou específica dos produtos ou artigos objeto da 
representação; se será por prazo certo ou indeterminado, qual a zona (ou 
região) abrangida, se haverá, ou não, exclusividade da representação em 
favor do representado. 
 
1.3.4.3. Concessão Mercantil 
A concessão mercantil é um contrato de distribuição. Por esse contrato o 
concessionário se obriga a comercializar os produtos do outro concedente 
(fabricante), que em contra partida auferirá preços e ou condições melhores. 
 
9 www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L4886.htm 
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Também é um contrato atípico, salvo no caso da comercialização de veículos 
automotores terrestres - regida pela Lei Ferrari (Lei nº 6.729/79). 
Na concessão pode haver a previsão, ou não, de cláusula estipulando a 
exclusividade na comercialização dos produtos, bem como também a 
abrangência do contrato (territorialidade, qual a área atingida, podendo ser 
um zona determinada ou não). 
 
DESAFIO 
8 - Questão elaborada pelo TRT/MS em 2006: Considere as definições abaixo: 
I. Espécie de contrato em que um empresário cede a outro, total ou 
parcialmente, os seus créditos provenientes de vendas a prazo a terceiros, 
recebendo do segundo o montante desses créditos, mediante o pagamento de 
uma remuneração. 
II. Contrato pelo qual um empresário cede a outro o direito de uso de marca 
ou patente, associado ao direito de distribuição exclusiva ou semi-exclusiva 
de produtos ou serviços e, eventualmente, também ao direito de uso da 
tecnologia de implantação e administração de negócio ou sistema operacional 
desenvolvidos ou detidos pelo primeiro, mediante remuneração direta ou 
indireta, sem que, no entanto, fique caracterizado vínculo empregatício. 
III. Negócio jurídico realizado entre pessoa jurídica, na qualidade de 
arrendadora, e pessoa física ou jurídica, na qualidade de arrendatária, e que 
tenha por objeto o arrendamento de bens adquiridos pela arrendadora, 
segundo especificações da arrendatária e para uso próprio desta. 
IV. Contrato pelo qual uma pessoa, que é o devedor, a fim de garantir o 
adimplemento de obrigação e mantendo-se na posse direta, obriga-se a 
transferir a propriedade de uma coisa ou a titularidade de um direito a uma 
outra pessoa, que é o credor, o qual, por sua vez, fica adstrito a retransmitir 
a propriedade ou a titularidade do direito ao devedor, assim que paga a dívida 
garantida. 
V. Contrato que se aperfeiçoa quando um fabricante obriga-se a vender, 
continuadamente, a um distribuidor, que, por sua vez, se obriga a comprar, 
com vantagens especiais, produtos de sua fabricação, para posterior revenda, 
em zona determinada. 
Os conceitos acima correspondem, seqüencialmente, às seguintes espécies 
contratuais: 
a) faturização; franquia; leasing; alienação fiduciária em garantia; concessão 
comercial. 
b) factoring; concessão mercantil; alienação fiduciária em garantia; 
arrendamento mercantil; representação comercial. 
c) fomento mercantil; franquia; venda com reserva de domínio; alienação 
fiduciária em garantia; mandato mercantil. 
d) mandato mercantil; franchising; arrendamento mercantil; venda com 
reserva de domínio; representação comercial. 
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e) fomento mercantil; mandato mercantil; arrendamento mercantil; venda 
com reserva de domínio; concessão mercantil. 
 
 
1.4. Arrendamento mercantil (Leasing) 
O arrendamento mercantil é um contrato de natureza financeira, tendo sido 
introduzido pela legislação tributária, para criar um benefício fiscal, ao 
permitir que o aluguel do arrendamento seja deduzido da base de cálculo do 
imposto de renda do arrendatário. 
O leasing é o contrato pelo qual uma pessoa jurídica (arrendante), aluga à 
outra pessoa física ou jurídica (arrendatário) um bem móvel ou imóvel 
mediante pagamento de determinado preço, mantendo-se o arrendante com o 
domínio sobre o bem, mas a posse fica com o arrendatário, ao qual é 
conferida a opção de compra do bem ao final do ajuste (art. 1º, § único da Lei 
nº. 6.099/1974). 10 
Constitui o leasing um contrato misto ou complexo que pode envolver locação 
(os pagamentos tem natureza de aluguel), financiamento, compra e venda (é 
uma promessa, cabendo ao arrendatário a opção de compra), prestação de 
serviços e mandato. 
São modalidades de leasing: 
O leasing financeiro, onde sobressai a finalidade de financiamento e que 
somente pode ser contrato com instituição financeira que tenha como objeto 
principal a prática de operações de arrendamento mercantil; 
O leasing operacional ou rental leasing, no qual o fabricante ou importador 
é o arrendador, sem a opção de compra e desprovida, a princípio, da 
vantagem tributária (art. 2º, parte final, da Lei 6.099/74); 
O lease-back ou leasing de retorno (ou retro-leasing), cujo bem já 
pertencia ao arrendatário, que o vende ao arrendador para em seguida 
recebê-lo de volta em arrendamento. 
O self-leasing, que é o realizado entre empresas que formam o mesmo 
grupo societário sejam pessoas direta ou indiretamente coligadas ou 
interdependentes (art. 2º da Lei nº. 6.099/1974). 
 
A sue turno, o art. 11 da Resolução Bacen 2.309/96, na esteira do art. 10 da 
Lei 6.099/74, dispõe que podem ser objeto de arrendamento os bens móveis, 
de produção nacional ou estrangeira, e os bens imóveis adquiridos pela 
entidade arrendadora para fins de uso próprio da arrendatária, segundo as 
especificações desta. 
 
Essa Resolução, em seus arts. 1º, 5º e 6º, estabelece para os fins das 
relações de Direito Público (entre os particulares e o fisco e o Banco Central) 
que as operações de arrendamento mercantil podem ser: 
 
10 Que pode ser encontrado em: www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L6099.htm 
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a) financeiras, considerando-se como tal a modalidade em que: 
 
- as contraprestações e demais pagamentos previstos no contrato, devidos 
pela arrendatária, sejam normalmente suficientes para que a arrendadora 
recupere o custo do bem arrendado durante o prazo contratual da operação e, 
adicionalmente, obtenha um retorno sobre os recursos investidos; 
- as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à 
operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidadeda 
arrendatária; 
- o preço para o exercício da opção de compra seja livremente pactuado, 
podendo ser, inclusive, o valor de mercado do bem arrendado. 
b) operacional, considerando-se como tal a modalidade (cuja atividade é 
privativa dos bancos múltiplos com carteira de arrendamento mercantil e das 
sociedades de arrendamento mercantil) em que: 
- as contraprestações a serem pagas pela arrendatária contemplem o custo 
de arrendamento do bem e os serviços inerentes à sua colocação à disposição 
do arrendatário, não podendo o total dos pagamentos da espécie ultrapassar 
75% do custo do bem arrendado; 
- as despesas de manutenção, assistência técnica e serviços correlatos à 
operacionalidade do bem arrendado sejam de responsabilidade da 
arrendadora ou da arrendatária; 
- o preço para o exercício da opção de compra seja o valor de mercado do 
bem arrendado. 
É importante destacar o entendimento firmado pela Súmula 293 do STJ, pelo 
qual não descaracteriza o leasing o pagamento antecipado do Valor Residual 
Garantido (VRG), isto é, do saldo do preço necessário à aquisição do bem, já 
deduzido dos valores satisfeitos a título de arrendamento. 
 
DESAFIO 
9 - Questão elaborada pelo TRT/MT em 2004: Sobre arrendamento mercantil 
(«leasing») temos que: 
(a) a constituição e o funcionamento das pessoas jurídicas que tenham como 
objeto principal de sua atividade a prática de operações de arrendamento 
mercantil, denominadas sociedades de arrendamento mercantil, dependem de 
autorização do Banco Central do Brasil; 
(b) é permitida a realização de operações de arrendamento mercantil 
somente com pessoas jurídicas; 
(c) acessão de contratos de arrendamento, bem como dos direitos creditórios 
deles decorrentes, a entidades domiciliadas no exterior, depende de prévia 
autorização do Conselho Monetário Nacional; 
(d) é vedada às sociedades de arrendamento mercantil a contratação de 
operações de arrendamento mercantil com administradores da entidade e 
seus respectivos cônjuges e parentes até o 3º grau; 
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(e) a existência de modalidades de arrendamento mercantil se repartem em 3 
(três) espécies: mercantil financeiro, mercantil operacional e mercantil 
administrativo. 
 
 
1.5. Alienação fiduciária em garantia 
A alienação fiduciária em garantia é o contrato pelo qual uma pessoa 
(fiduciante ou devedor fiduciário) aliena, com finalidade de garantia, a 
propriedade de um bem a outra (fiduciário ou credor fiduciário), até que a 
propriedade se extinga pelo pagamento ou pelo inadimplemento. 
É um contrato típico, havendo dois sistemas, um regido pela Lei nº. 
4.728/1965, que, pelo seu art. 66-B, está restrito às instituições financeiras e 
à fazenda pública para a garantia de débitos fiscais e previdenciários, sendo o 
processo judicial regido pelo Decreto-Lei nº. 911/69. Ainda dentro do sistema 
financeiro, temos a Lei nº. 9.514/97, que no art. 22 prevê a alienação 
fiduciária de bens imóveis no âmbito das operações de financiamento 
imobiliário. Esse sistema recebeu as alterações advindas da Lei nº. 
10.931/04. 
O outro sistema da alienação fiduciária advém do NCC, que agora passou a 
contemplar a propriedade fiduciária, nos arts. 1.361 a 1.368-A, que constitui 
o nome da propriedade que se forma a partir do contrato de alienação 
fiduciária. 
Podemos diferenciar os dois sistemas, pois: no primeiro o credor somente 
pode ser instituição financeira própria (também equiparada) ou fazenda 
pública; o objeto concerne tanto a bens imóveis como móveis, fungíveis 
(substituíveis) ou infungíveis (insubstituíveis); o credor tem a propriedade 
formal e a posse direta e indireta, reservando-se ao devedor a mera detenção 
(art. 66-B, § 3º, da Lei nº. 4.728/65, com a redação dada pela Lei nº 
10.931/04); a mora e o inadimplemento do devedor, ou a ocorrência legal ou 
convencional de algum dos casos de antecipação de vencimento da dívida, 
facultarão ao credor considerar, de pleno direito, vencidas todas as 
obrigações, independentemente de aviso, notificação ou protesto, que no caso 
servirão apenas para comprovar a mora para fins de ajuizamento da ação de 
busca e apreensão (Decreto-Lei 911, art. 2º, §§ 2º e 3º; Súmulas 7211 e 
24512 do STJ); o meio processual de retomada do bem será uma ação de 
busca e apreensão autônoma convolável (passível de conversão) em ação 
de depósito nos mesmos autos, com medida liminarmente concedida e 
consolidação plena da propriedade em mãos do credor nos cinco dias após a 
execução da liminar e expedição de novo documento de propriedade (art. 3º 
e § 6º do Decreto-Lei 911 de 1969). No mesmo prazo o devedor poderá 
purgar a mora referente à totalidade da dívida. Retomado o bem, o credor 
poderá vendê-lo extrajudicialmente independentemente de leilão, hasta 
 
11 Súmula 72 do STJ: “A comprovação da mora é imprescindível à busca e apreensão do bem 
alienado fiduciariamente”. 
12 Súmula 245 do STJ: “A notificação destinada a mora nas dívidas garantidas por alienação 
fiduciária dispensa a indicação do valor do débito”. 
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pública ou qualquer outra medida judicial ou extrajudicial, devendo aplicar o 
preço da venda no pagamento de seu crédito e das despesas de cobrança, 
com entrega ao devedor de eventual saldo, acompanhado de demonstrativo 
da operação realizada (§ 3º, do art. 66-B, da Lei 4.728/65). Caso o bem já 
tenha sido vendido pelo credor para pagar a dívida e a ação de busca e 
apreensão seja ao final julgada improcedente, o juiz condenará o credor a 
pagar ao devedor multa equivalente a 50% do valor originalmente financiado, 
sem excluir as perdas e danos. 
No segundo sistema de alienação fiduciária, a regida pelo Código Civil, o 
credor poderá ser qualquer pessoa; o objeto está limitado a bens móveis 
infungíveis; o credor terá a propriedade formal e a posse indireta, enquanto o 
devedor, a posse direta, o que lhe permite argüir indenização e retenção de 
benfeitorias, inadmissível no outro sistema de alienação fiduciária; o meio 
processual para a retomada do bem será aquele regido pelas ações comuns 
do CPC. Também aqui se permite a venda do bem pelo credor, extrajudicial 
ou judicialmente, aplicando o preço obtido no pagamento do crédito e das 
despesas de cobrança, devolvendo ao devedor o saldo, se houver (art. 1.364 
do NCC). 
A principal vantagem da alienação fiduciária, em qualquer dos dois sistemas, 
é que, no caso de falência do fiduciante (devedor), o bem não integra a 
massa falida e pode ser recuperado mediante pedido de restituição dirigido ao 
juízo da quebra – art. 85 da Lei nº. 11.101/2005. 
 
DESAFIO 
 
10 - Questão elaborada pelo MPE/AMAPA em 2005: Assinale a alternativa 
correta: 
(a) A busca e apreensão de bem alienado fiduciariamente constitui processo 
autônomo e independente de qualquer procedimento posterior; 
(b) Se o bem alienado fiduciariamente não for encontrado ou não se achar na 
posse do devedor, o credor poderá requerer a conversão do pedido de busca 
e apreensão, em ação de depósito, em autos separados; 
(c) A mora e o inadimplemento de obrigações contratuais garantidas por 
alienação fiduciária ou a ocorrência legal ou convencional de algum dos casos 
de antecipação de vencimento da dívida facultarão ao credor considerar, de 
pleno direito, vencidas todas as obrigações contratuais, apenas dependendo 
de aviso ou notificação judicial ou extrajudicial, para legalidade do ato; 
(d) No caso de inadimplemento da obrigação garantida em alienação 
fiduciária, o proprietário fiduciário somente poderá vender a coisa a terceiros 
e aplicar preço da venda no pagamento do seu crédito e das despesas 
decorrentes da cobrança, entregando ao devedor o saldo porventura apurado, 
se houver, desde que autorizado judicialmente. 
 
11 - Questão elaborada CESPE em 2002:No que se refere a obrigações e 
contratos mercantes, julgue os itens a seguir. 
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I. Os contratos de franquia mercantil são contratos atípicos, sendo seu 
conteúdo e suas regras disciplinadoras regidos pelas cláusulas contratuais e 
pelos usos e costumes mercantis. 
II. No contrato de alienação fiduciária em garantia, o credor fiduciário tem a 
posse indireta e a propriedade resolúvel do bem; o devedor fiduciário, por seu 
turno, tem a posse direta e equipara-se a depositário do bem. 
III. Desde que provada a mora, o proprietário fiduciário poderá propor contra 
o devedor ação de busca e apreensão, que constitui processo autônomo e 
independe de qualquer procedimento posterior. 
IV.O lease-back constitui modalidade de operação de leasing que se verifica 
quando uma empresa vende um bem a outra empresa, que o arrenda 
imediatamente à vendedora. 
V. O leasing, que constitui operação financeira, pode ter por objeto bens 
móveis ou imóveis. 
 
 
1.6. Contratos Bancários 
Os contratos Bancários são instrumentos jurídicos pelos quais os bancos 
desenvolvem as suas operações. Os contratos bancários são acordos 
celebrados entre um banco (elemento subjetivo) e o cliente com a finalidade 
de criar, modificar ou extinguir uma intermediação no sistema do crédito. Sua 
causa ou origem é a mobilização do crédito (elemento objetivo). 
Essa definição condiz com a atividade típica dos bancos, relacionadas ao 
crédito, podendo ser ativas (o banco na posição de credor, emprestando 
recursos a terceiros) e passivas (o banco na posição de devedor, recebendo 
recursos de terceiros). 
Você não deve perder de vista que para o contrato ser considerado bancário 
não basta que o banco seja um dos contratantes. Deve necessariamente 
haver a intermediação financeira. 
Ao lado das atividades típicas ou essenciais, os bancos também realizam 
atividades atípicas ou acessórias, direcionadas à prestação de serviços, como 
aluguel de cofre e cobrança de títulos. Assim, as operações bancárias podem 
ser apenas de moeda e crédito, de serviços, ou mistas, envolvendo moeda e 
crédito juntamente com prestação de serviços. 
Os contratos bancários próprios, ou seja, aqueles exclusivos dos bancos são: 
depósito bancário, conta corrente, mútuo bancário, crédito documentado, 
abertura de crédito etc. 
 
2. Aplicabilidade do Cód. de Defesa do Consumidor 
Com a edição do Código de Defesa do Consumidor – CDC - Lei 8.078 de 1990, 
instituiu-se um complexo de normas revelador de um regramento próprio 
para a proteção do consumidor. 
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O CDC tem seu campo de incidência delimitado pela noção de relação de 
consumo, isto é, o vínculo formado entre o fornecedor e o consumidor, tendo 
por objeto a circulação de produtos ou serviços para destinação final (por essa 
razão os conceitos de fornecedor e consumidor sobressaem-se em 
importância e constituem pedras angulares para a compreensão da temática). 
A questão que você poderia indagar é que o CDC é de 1990 e o NCC, de 
2002, e qual deles estaria prevalecendo. Há algum conflito? Assim, como você 
pode perceber a questão é do relacionamento e da aplicabilidade dos dois 
diplomas. 
Respondendo a esse questionamento diria eu: o NCC constitui uma lei geral 
enquanto o CDC é uma lei especial. Segundo a regra emanada do art. 2º, § 
2º, da Lei de Introdução ao Código Civil (que continua em vigor e que é 
aplicável a todo o ordenamento jurídico, não se restringindo apenas ao direito 
civil),13 a norma geral pode conviver com a lei especial. Uma não revoga a 
outra, como é o caso do da Lei do Inquilinato, do Estatuto da Criança e do 
Adolescente, a Lei de Direitos Autorais, entre outras. 
O grande civilista pátrio Caio Mário da Silva Pereira fundamenta-se no 
princípio cardeal da incompatibilidade para assinalar que a coexistência de leis 
gerais e leis especiais não é afetada, “porque umas e outras não se mostram, 
via de regra, incompatíveis”. Prossegue este jurista com a lição de que “A 
disposição especial irá disciplinar o caso especial, sem colidir com a normação 
genérica da lei geral, e, assim, em harmonia poderão simultaneamente 
vigorar. Ao intérprete cumpre verificar, entretanto, se uma nova lei geral tem 
o sentido de abolir disposições preexistentes”. Portanto não há conflito de 
normas. Cada um dos códigos, Civil e do Consumidor, conserva seu campo 
próprio de incidência. 
Enquanto o NCC é a lei básica que regula o cotidiano das pessoas nas suas 
relações familiares, no trânsito contratual, na titularidade de direitos, 
constituindo aquilo que se costuma chamar numa visão tradicional de 
“constituição do homem comum”, o CDC é a lei especial que cumpre a função 
constitucional de proteger o consumidor nas relações de consumo (art. 5º, 
inc. XXXII; art. 170, inc. V; e art. 48 do ADCT, ambos da CRFB/1988). 
O NCC lastreia-se em relações paritárias (partes em situação equivalente), ao 
contrário do CDC, que pressupõe a vulnerabilidade do consumidor perante o 
fornecedor de produtos ou serviços. A lei procura compensar o mais fraco com 
uma superioridade jurídica apta a promover o equilíbrio final desejado, 
sempre que os sujeitos das relações jurídicas se encontrarem em situação 
materialmente desigual. 
Destaca-se que o CDC não regula as diferentes espécies contratuais, ou seja, 
não disciplina qualquer contrato, apenas fazendo referência exemplificativa a 
alguns deles, por exemplo, no art. 53. 
 
13 Na verdade é a LICC é uma norma de sobredireito sendo aplicável a todos os ramos do 
ordenamento jurídico (civil, comercial, processual, administrativo, tributário etc.) e não 
apenas do Código Civil com o nome nos remete. É a LICC quem nos apresenta como 
interpretar, aplicar, determinar a vigência, eficácia e extensão da aplicabilidade, entre outras 
disposições acerca das normas. 
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Assim, como adverte o Desembargador fluminense Sérgio Cavalieri Filho é o 
NCC quem traça o regramento específico dos contratos, sendo nesse diploma 
que encontraremos as disposições sobre a compra e venda, locação, 
prestação de serviços, mandato, depósito etc. Incidirá o CDC sobre quaisquer 
desses contratos, previstos no NCC ou em quaisquer outros diplomas, quando 
estiver configurada uma relação de consumo. Leciona o Desembargador 
Cavalieri que o CDC “estabeleceu uma sobreestrutura jurídica, aquilo que o 
Direito Francês chama de normas de sobredireito, algo que pode ser aplicado 
sempre que ocorrerem relações de consumo, quer no direito público, quer no 
direito privado, que no direito material, quer no direito processual”. 
Na mesma linha do CDC, o NCC, explícita ou implicitamente, incorpora os 
princípios da boa fé (arts. 113, 187, 422), da interpretação a favor da parte 
aderente nos contratos de adesão (art. 423), da função social dos contratos 
(arts. 421 e 2.035, § único), da revisão dos contratos (arts. 317 e 418), da 
responsabilidade objetiva para os danos causados por atividades habituais 
que importem riscos a outrem (arts. 927 e 931), como oportunamente faz 
questão de ressaltar o Des. Sérgio Cavalieri Filho. 
 
DESAFIO 
 
12 - Questão elaborada pelo MPF em 2000: Na interpretação da Lei 8.078 
(Código de Defesa do Consumidor), levar-se-á em conta: 
a) As normas gerais e especiais que compõem todo o sistema do direito 
positivo brasileiro, ante o disposto no art. 2º, parágrafo 2º, da Lei de 
Introdução ao Código Civil; 
b) No conflito entre as normas do sistema, em geral, e os princípios e normas 
que estão nela, Lei 8.078/90, estabelecidos, a preponderância destes; 
c) O sistema próprio nela contido, não tendo incidência nas relações de 
consumo, as demais normas, mesmo se houver lacunano sistema 
consumista; 
d) Nenhuma destas opções é procedente. 
 
 
13 – Questão elaborada para o concurso de Procurador do Estado do Paraná 
em 2007. Assinale a alternativa correta: 
(a) consumidor é a pessoa física ou jurídica destinatária de produto 
necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa; 
(b) consumidor é a pessoa física ou jurídica que adquire ou utiliza produto ou 
serviço como destinatário final; 
(c) consumidor é tão somente a pessoa física destinatária de produto ou 
serviço necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa; 
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(d) consumidor é tão somente a pessoa física que adquire ou utiliza produto 
ou serviço como destinatário final. 
(e) consumidor é a pessoa física ou jurídica, ou ainda a coletividade 
indeterminada de pessoas que adquire um produto ou contrata um serviço 
necessário ao desempenho de sua atividade lucrativa ou simplesmente como 
seu destinatário final. 
14 - Questão elaborada pelo MPF em 2000: Empresa Multinacional adquire 
peças de montagem de terceiros para linha de montagem de tratores. No 
caso: 
a) trata-se de operação sob a proteção do Código de Defesa do Consumidor; 
b) trata-se de meras relações comerciais em que incidem as regras de direito 
comum; 
c) teriam aplicação as regras do Código de Defesa do Consumidor se, 
expressamente, no contrato de fornecimento das peças, se fizer constar 
cláusula de submissão a esse regime; 
d) o Código de Defesa do Consumidor não regula a relação de aquisição e 
utilização de produto ou serviço por parte de multinacional, ante a 
inexistência de correlação de desigualdades entre as partes. 
 
O CDC tem seu âmbito de abrangência delimitado pelas relações de 
consumo (art. 1º da Lei 8.078/1990). E possui como elementos de 
identificação os a) sujeitos (consumidor e fornecedor), b) objeto (circulação 
de produtos ou serviços) e c) finalidade (utilização final). Como estabelece o 
dispositivo de abertura, as normas contidas do Código são de ordem pública, 
cogentes e imodificáveis a critério das partes. 
Encontramos no art. 2º do CDC, a definição de consumidor, sendo esse 
considerado como destinatário final dos produtos ou serviços e a ele se 
equiparam as coletividades indeterminadas de pessoas, como o público alvo 
de uma campanha publicitária. 
A pessoa jurídica pode ser consumidor pessoa jurídica, inclusive o 
empresário e a sociedade empresária, desde que a destinação dos produtos 
os serviços seja desvinculada de sua atividade empresarial básica. 
Pela teoria finalista (que é a preponderante) consumidor é aquele que utiliza o 
bem em proveito próprio, satisfazendo uma necessidade pessoal, sem o 
revender ou empregá-lo na cadeia produtiva. Sylvio Capanema de Souza 
doutrina que o consumidor é "aquele que se utiliza do produto ou do serviço 
para o seu próprio interesse ou de sua família, e não para agregá-lo a outro e 
fazer com que ele continue integrando a cadeia de produção ou de lucro".14 
Afasta-se do conceito de consumidor quem adquire um produto ou serviço 
para dinamizar o seu negócio. 
Em contraposição a corrente maximalista, adepta à idéia de um novo estatuto 
para a sociedade de consumo, o campo de incidência do código é ampliado 
para abranger um número cada vez maior de relações de mercado, 
 
14 in Revista da EMERJ, v. 3, n. 10, p. 74 
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caracterizando consumidor quem revela ser o destinatário fático do bem, que 
o retira do mercado produtor, o utiliza e o consome, como uma fábrica que 
adquire e emprega a matéria-prima em seu processo fabril. Baseia-se a teoria 
maximalista na mera interrupção do ciclo de distribuição (compra e venda) 
daquele produto ou serviço tal como oferecido ao mercado. 
Recebem igual tratamento aos consumidores os bystanders, isto é, os 
atingidos por qualquer modo por acidentes de consumo – art. 17 do 
CDC. É importante frisas que o CDC forma um microssistema legislativo 
aberto e dinâmico em contínuo processo de atualização e reconstituição. 
Apesar da incidência demarcada pelas relações de consumo, sua técnica 
avançada permite a equiparação de pessoas (consumidor por equiparação) 
a situação de consumidor stricto sensu (em sentido específico), quando for 
constatado o desequilíbrio contratual e a vulnerabilidade perante o 
fornecedor.15 Esse campo de aplicação do CDC é ampliado, por exemplo, 
consoante o disposto nos arts. 2º, § único; 17; e 29 do CDC. 
DESAFIO 
 
15 - Questão elaborada pela CESPE em 2004: Na defesa dos consumidores, 
um aspecto primordial é a definição do que é consumidor e fornecedor. Em 
conformidade com as normas aplicáveis, assinale a opção incorreta com 
relação a esses conceitos. 
a) O estado do Tocantins, por ser pessoa jurídica de direito público, não pode 
ser enquadrado no conceito de consumidor. 
b) Um mesmo estabelecimento comercial pode ser fornecedor e consumidor 
em operações distintas. 
c) A coletividade também pode ser equiparada a consumidor, quando intervier 
nas relações de consumo. 
d) Quando uma concessionária de energia elétrica fornece um produto aos 
cidadãos, submete-se ao Código de Defesa do Consumidor (CDC). 
e) Uma indústria asiática que exporta produtos para o Brasil enquadra-se no 
conceito de fornecedor. 
 
 
 
15 “A relação jurídica qualificada por ser “de consumo” não se caracteriza pela presença de 
pessoa física ou jurídica em seus pólos, mas pela presença de uma parte vulnerável de um 
lado (consumidor), e de um fornecedor, de outro. Mesmo nas relações entre pessoas 
jurídicas, se da análise da hipótese concreta decorrer inegável vulnerabilidade entre a 
pessoa-jurídica consumidora e a fornecedora, deve-se aplicar o CDC na busca do equilíbrio 
entre as partes. Ao consagrar o critério finalista para interpretação do conceito de 
consumidor, a jurisprudência deste STJ também reconhece a necessidade de, em situações 
específicas, abrandar o rigor do critério subjetivo do conceito de consumidor, para admitir a 
aplicabilidade do CDC nas relações entre fornecedores e consumidores-empresários em que 
fique evidenciada a relação de consumo. São equiparáveis a consumidor todas as pessoas, 
determináveis ou não, expostas às práticas comerciais abusivas.” (STJ - Rec. Esp. 476.428 - 
SC - Rel.: Ministra Nancy Andrighi - J. em 19/4/2005 - DJ 9/5/2005) 
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Pelo art. 3º do CDC fornecedor é o fabricante, o importador, o 
intermediário, o vendedor, o prestador de serviços, desde que se trate 
de pessoa, física ou jurídica, organizada ou não, que exerça profissionalmente 
atividade econômica. 
Em resumo abrange a todos aqueles que promovam a introdução do produto 
no mercado consumidor. Tal noção não encontra exata correspondência na 
ciência econômica, mas é definida em função dos valores e dos objetivos que 
se desejam alcançar em cada ordenamento jurídico. Produto ou serviço é todo 
bem com conteúdo finalístico. 
O artigo considera serviço, para efeito de ato de consumo, as atividades 
bancárias, financeiras, securitárias etc., desde que, evidentemente, estejam 
presentes os elementos configuradores das relações de consumo, isto é, os 
sujeitos (consumidor e fornecedor), objeto e destinação final. 
Muito discutido é o caso dos bancos, uma vez que não é a simples menção 
legal à atividade bancária que acarreta a inflexível incidência do CDC, 
decorrendo, antes, da contratação com pessoas que possam ser consideradas 
consumidoras, à luz dos critérios examinados nas notas ao art. 2º supra. 
Em razão disso, o desconto de duplicatas pelos empresários não é alcançado 
pelo estatuto consumerista, por corresponder à uma operação intermediária 
da produção ou do consumo.Se, por outro lado, a parte contratante com o 
banco for conceituada como consumidora, cabe plenamente a incidência do 
Código, pois, "Embora o dinheiro, em si mesmo, não seja objeto de consumo, 
ao funcionar como elemento de troca a moeda adquire a natureza de bem de 
consumo. As operações de crédito ao consumidor são negócios de consumo 
por conexão, compreendendo-se nessa classificação todos os meios de 
pagamento em que ocorre diferimento (é assim mesmo que se escreve: 
diferimento) da prestação monetária, como cartões de crédito, cheques-
presentes etc.”.16 
Nelson Nery Junior, um dos co-autores do Código, ressalta que "Analisando o 
problema da classificação do banco como empresa e sua atividade negocial, 
tem-se que é considerado pelo art. 3º, caput, do CDC como fornecedor, vale 
dizer, como um dos sujeitos da relação de consumo. O produto da atividade 
negocial do banco é o crédito; agem os bancos, ainda, na qualidade de 
prestadores de serviço quando recebem tributos mesmo de não clientes, 
fornecem estratos de contas bancárias, por meio de computador etc. Podem 
os bancos, ainda, celebrar contrato de aluguel de cofre, para a guarda de 
valores, igualmente enquadrável no conceito de relação de consumo. Suas 
atividades envolvem, pois, os dois objetos das relações de consumo: 
os produtos e os serviços". E prossegue em sua lição: "O aspecto central 
da problemática da consideração das atividades bancárias como sendo 
relações jurídicas de consumo reside na finalidade dos contratos realizados 
com os bancos. Havendo a outorga do dinheiro ou crédito para que o 
devedor o utilize como destinatário final, há a relação de consumo 
que enseja a aplicação dos dispositivos do CDC. Caso o devedor o tome 
o dinheiro ou o crédito emprestado do banco para repassá-lo, não será 
destinatário final e portanto não há relação de consumo. Como as regras 
 
16 Alberto Pasqualloto, in Revista dos Tribunais 666/53. 
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normais de experiência nos dão conta de que a pessoa física que empresta 
dinheiro ou toma crédito de banco o faz para sua utilização pessoal, como 
destinatário final, existe aqui presunção hominis, juris tantum, de que se trata 
de relação de consumo, quer dizer que o dinheiro será destinado ao 
consumo".17 
No julgamento da Ação Direta de Inconstucionalidade nº 2591, na qual as 
instituições financeiras procuravam afastar o CDC dos contratos bancários, o 
Supremo Tribunal Federal acabou decidindo pela sua aplicabilidade, dele 
apenas excluindo a discussão das taxas de juros decorrentes do custo entre 
as operações bancárias ativas e passivas. Veja parte da Ementa (resumo 
oficial) da decisão do STF: 
“CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR. ART. 5o, XXXII, DA CB/88. ART. 
170, V, DA CB/88. INSTITUIÇÕES FINANCEIRAS. SUJEIÇÃO DELAS AO 
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR, EXCLUÍDAS DE SUA ABRANGÊNCIA A 
DEFINIÇÃO DO CUSTO DAS OPERAÇÕES ATIVAS E A REMUNERAÇÃO DAS 
OPERAÇÕES PASSIVAS PRATICADAS NA EXPLORAÇÃO DA INTERMEDIAÇÃO 
DE DINHEIRO NA ECONOMIA [ART. 3º, § 2º, DO CDC]. MOEDA E TAXA DE 
JUROS. DEVER-PODER DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. SUJEIÇÃO AO 
CÓDIGO CIVIL. 1. As instituições financeiras estão, todas elas, alcançadas 
pela incidência das normas veiculadas pelo Código de Defesa do Consumidor. 
2. "Consumidor", para os efeitos do Código de Defesa do Consumidor, é toda 
pessoa física ou jurídica que utiliza, como destinatário final, atividade 
bancária, financeira e de crédito. 3. O preceito veiculado pelo art. 3º, § 2º, do 
Código de Defesa do Consumidor deve ser interpretado em coerência com a 
Constituição, o que importa em que o custo das operações ativas e a 
remuneração das operações passivas praticadas por instituições financeiras na 
exploração da intermediação de dinheiro na economia estejam excluídas da 
sua abrangência. 4. Ao Conselho Monetário Nacional incumbe a fixação, desde 
a perspectiva macroeconômica, da taxa base de juros praticável no mercado 
financeiro. 5. O Banco Central do Brasil está vinculado pelo dever-poder de 
fiscalizar as instituições financeiras, em especial na estipulação contratual das 
taxas de juros por elas praticadas no desempenho da intermediação de 
dinheiro na economia. 6. Ação direta julgada improcedente, afastando-se a 
exegese que submete às normas do Código de Defesa do Consumidor [Lei n. 
8.078/90] a definição do custo das operações ativas e da remuneração das 
operações passivas praticadas por instituições financeiras no desempenho da 
intermediação de dinheiro na economia, sem prejuízo do controle, pelo Banco 
Central do Brasil, e do controle e revisão, pelo Poder Judiciário, nos termos do 
disposto no Código Civil, em cada caso, de eventual abusividade, onerosidade 
excessiva ou outras distorções na composição contratual da taxa de juros. 
ART. 192, DA CB/88. NORMA-OBJETIVO. EXIGÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR 
EXCLUSIVAMENTE PARA A REGULAMENTAÇÃO DO SISTEMA FINANCEIRO”. 
 
 
17 Código Brasileiro de Defesa do Consumidor Comentado pelos Autores do Anteprojeto, 5ª 
ed., Rio de Janeiro: Forense, p. 372. 
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Terminado o exame da decisão do mais alto tribunal do país, e prosseguindo 
no art. 4º do CDC, temos os princípios da Política Nacional de Relações 
de Consumo, entre os quais destacamos: 
a) a vulnerabilidade do consumidor, que pode ser técnica (desconhecimento 
das técnicas e processos produtivos empregados pelo fornecedor), econômica 
(superioridade financeira do fornecedor que acarreta a inferioridade do 
consumidor) e cultural (ignorância sobre as funções, utilidades e perigos do 
produto ou serviço); 
b) a boa-fé objetiva, que significa um padrão ético de conduta, impondo o 
dever de lealdade, veracidade, cooperação recíproca, transparência, 
veracidade, antes, durante e após o contrato. Cumpre a cada uma das partes 
respeitar as expectativas e interesses demonstrados pela outra. 
Existem também outros princípios no art. 4º, cuja leitura completa 
recomendo, antes de enfrentar o desafio a seguir. 
 
DESAFIO 
16 - Questão elaborada pelo TJ/MT em 2004: Previstos no Código Brasileiro 
de Defesa do Consumidor, os Princípios a serem atendidos pela Política 
Nacional das Relações de Consumidor não incluem o (a): 
(a) incentivo à criação de meios eficientes de controle de qualidade e 
segurança de produtos e serviços; 
(b) incentivo à criação de mecanismos alternativos de solução de conflitos de 
consumo; 
(c) incentivo à veiculação de publicidade destinada ao esclarecimento social 
acerca dos abusos nas relações de consumo; 
d) racionalização e melhoria dos serviços públicos 
 
 
No art. 6º do CDC são elencados os direitos básicos do consumidor. São 
eles: 
I - a proteção da vida, saúde e segurança contra os riscos provocados por 
práticas no fornecimento de produtos e serviços considerados perigosos ou 
nocivos; 
II - a educação e divulgação sobre o consumo adequado dos produtos e 
serviços, asseguradas a liberdade de escolha e a igualdade nas contratações; 
III - a informação adequada e clara sobre os diferentes produtos e serviços, 
com especificação correta de quantidade, características, composição, 
qualidade e preço, bem como sobre os riscos que apresentem; 
IV - a proteção contra a publicidade enganosa e abusiva, métodos comerciais 
coercitivos ou desleais, bem como contra práticas e cláusulas abusivas ou 
impostas no fornecimento de produtos e serviços; 
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V - a modificação das cláusulas contratuais que estabeleçam prestações 
desproporcionais ou sua revisão em razão de fatos supervenientes que as 
tornem excessivamente onerosas; 
VI - a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, 
individuais,coletivos e difusos; 
VII - o acesso aos órgãos judiciários e administrativos, com vistas à 
prevenção ou reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos 
ou difusos, assegurada a proteção jurídica, administrativa e técnica aos 
necessitados; 
VIII - a facilitação da defesa de seus direitos, inclusive com a inversão do 
ônus da prova, a seu favor, no processo civil, quando, a critério do juiz, for 
verossímil a alegação ou quando for ele hipossuficiente, segundo as regras 
ordinárias de experiências; 
X - a adequada e eficaz prestação dos serviços públicos em geral. 
Nos arts. 8º, 9º e 10 do CDC temos a proteção à saúde e segurança do 
consumidor. Os fornecimentos não podem acarretar riscos à saúde ou à 
segurança dos consumidores, salvo os considerados normais e previsíveis, 
como acontece com fósforos, dedetização, pesticidas e medicamentos, 
devendo ser acompanhados de informações adequadas, inclusive através de 
impressos nos próprios produtos. 
Se os fornecimentos forem potencialmente nocivos ou perigosos, supondo 
riscos exacerbados, como fumo, bebidas alcoólicas, material radiológico, a 
informação deve ser ostensiva, clara, explícita, sobre os riscos existentes, 
podendo ser utilizados sinais, símbolos. 
Há, portanto, um dever de informar a cargo do fornecedor. Fornecimentos 
com alto grau de periculosidade ou nocividade não poderão ser introduzidos 
no mercado de consumo, se o fornecedor sabia ou devesse saber de tais 
riscos. A constatação dos riscos após a introdução no mercado de consumo 
obriga o fornecedor a divulgar amplamente o fato pela mídia, além de 
comunicá-lo às autoridades competentes, a exemplo os vários recalls de 
produtos. 
Um ponto importante é o da responsabilidade pelo fato do produto ou do 
serviço, disciplinado nos arts. 12 a 17 do CDC. 
Todos os partícipes do ciclo produtivo-distributivo, à exceção, num primeiro 
momento, dos comerciantes, respondem objetivamente pelos acidentes de 
consumo, isto é, danos provocados pelo produto ou serviço. Essa 
responsabilidade independe da existência de culpa do fornecedor 
(responsabilidade objetiva). Idêntica responsabilidade se prescreveu ao 
fornecedor de serviços, o qual, entretanto, se for profissional liberal, 
continuará dependendo da prova de culpa. 
O CDC unificou o regime da responsabilidade civil eliminando, no âmbito das 
relações que abarca, a clássica dicotomia entre as responsabilidades 
contratual e extracontratual. Há divisão em vícios de qualidade por 
insegurança e por inadequação e vícios de quantidade. Enquanto os vícios de 
quantidade e os vícios de qualidade por inadequação são disciplinados nos 
arts. 18 a 20, a título de responsabilidade não pelo fato, mas por vícios do 
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produto ou serviço, os primeiros. Já vícios de qualidade por insegurança, são 
tratados, basicamente, nos arts. 12 e 14. 
Distinguem-se os vícios ou defeitos ora examinados entre defeitos de 
concepção ou de projeto, de fabricação e de comercialização ou de 
informação, todos conduzindo ao regime da responsabilidade, salvo os 
defeitos de concepção pela periculosidade inerente, indissociáveis do 
fornecimento e, por isso, previsíveis e normais. O mesmo já não ocorre com a 
periculosidade adquirida, que se refere a produtos que não são 
intrinsecamente perigosos, mas se tornam em razão de defeitos no projeto, 
na fabricação ou na comercialização. 
O comerciante, excepcionado a princípio, aparece com uma responsabilidade 
subsidiária, quando não identificados os responsáveis principais, atraindo a 
responsabilidade em caráter originário, se não conservar adequadamente 
produtos perecíveis. Um fornecimento não é considerado defeituoso pelo fato 
de outro de melhor qualidade ou técnica haver sido introduzido no mercado, 
em decorrência dos avanços científicos posteriores, para não desestimular o 
avanço tecnológico. 
A responsabilidade é excluída diante da prova de que o apontado fornecedor 
não colocou o produto no mercado, o suposto defeito inexiste ou culpa 
exclusiva do próprio consumidor ou de terceiro. 
Embora o CDC não tenha feito alusão ao caso fortuito e à força maior, 
entende-se que se eles forem externos (estranhos ao negócio à organização 
ou à atividade empresarial), o fornecedor também se exime da 
responsabilidade, por exclusão do nexo causal. Mas o CDC não menciona 
expressamente o caso fortuito e a força maior. O fornecedor que tiver 
suportado o pagamento da indenização disporá de ação regressiva contra os 
demais responsáveis, proibida, entretanto, a denunciação da lide, de acordo 
com o art. 88 desse diploma. 
O CDC unificando o regime da responsabilidade civil (mitigado o princípio da 
relatividade –subjetiva- dos efeitos dos contratos) e introduziu a figura do 
consumidor por equiparação - art. 17, que nenhuma relação jurídica mantém 
com o fornecedor. Admitiu que a garantia decorrente da responsabilidade por 
vício do produto e do serviço - art. 18 - pode ser invocada não só pelo 
consumidor direto, como também por aquele que tenha feito a aquisição no 
mercado de segunda mão. Portanto, a relação fornecedor-adquirente cede 
lugar para o vínculo gerado a partir do produto e seu atual titular, legitimando 
terceiro que não travou negócio com o fornecedor a agir diretamente contra 
ele. 18 
A garantia adere ao produto ou serviço, deixando de ser apenas uma 
responsabilidade entre as partes especificamente ligadas pelo contrato de 
consumo. 
 
 
18 Segundo José Reinaldo de Lima Lopes, citado pelo Magistrado trabalhista Roberto Norris. 
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DESAFIO 
17 - Questão elaborada pelo ESAF em 2002: Nos acidentes de consumo, o 
comerciante será responsabilizado pelos danos causados aos consumidores 
por: 
A) defeitos decorrentes de manipulação, apresentação ou acondicionamento 
de seus produtos; 
B) condicionar o fornecimento de produto ou de serviço ao fornecimento de 
outro produto ou serviço; 
C) não conservar adequadamente os produtos perecíveis; 
D) exigir do consumidor vantagem manifestamente excessiva. 
 
18 - Questão elaborada pelo ESAF em 2002: O fornecedor de serviços 
responde, independentemente de culpa, pela reparação dos danos causados 
aos consumidores, por defeitos na prestação de serviços, exceto se provar a 
ocorrência de: 
A) caso fortuito; 
B) culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro; 
C) força maior; 
D) vício resultante de erro, dolo, coação, simulação ou fraude. 
 
19 - Questão elaborada pelo CESPE em 2002: Joaquim adquiriu da empresa 
Delta um forno de microondas fabricado pela empresa MW. Após a instalação 
do equipamento, devido a um defeito de fabricação, sofreu curto-circuito que 
provocou incêndio nas casas de Joaquim e de seu vizinho Luís. 
Em face dessa situação hipotética, julgue os itens que se seguem. 
I. O direito de Joaquim de pedir, a seu critério, a devolução da quantia paga 
ou a entrega de novo equipamento está relacionado à responsabilidade do 
fornecedor pelo fato do produto. 
II. A empresa Delta está obrigada a indenizar, independentemente de 
comprovação de culpa, os prejuízos sofridos por Joaquim em decorrência do 
incêndio em sua casa. 
III. A responsabilidade dos fornecedores pelo vício do produto é contratual, de 
modo que a empresa MW não poderá ser responsabilizada pelos vícios de 
qualidade do aparelho. 
IV. A empresa MW não seria responsabilizada pelo fato do produto, caso fosse 
comprovada culpa exclusiva de Joaquim na utilização do equipamento. 
V. Luís equipara-se a Joaquim no que se refere aos benefícios da aplicação 
das regras previstas no CDC, relativas à responsabilidade dos fornecedores. 
 
 
 
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Observe que a responsabilidade

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