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Resumo do texto AS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DO CONCEITO DE DOENÇA MENTAL

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UNIVERSIDADE SALGADO DE OLIVEIRA
CURSO DE PSICOLOGIA
Juliana Pereira Jordão
Resumo do texto “AS IMPLICAÇÕES PRÁTICAS DO CONCEITO DE DOENÇA MENTAL”
Goiânia
Novembro de 2021
No o Renascimento, o comportamento humano tem se tornado matéria especulativa das religiões, das filosofias e das ciências. 
Coleman (1950) relata que nos primeiros escritos dos chineses, egípcios, hebreus e gregos já havia a demonstração de que eles atribuíam aos comportamentos-problemas ações de demônios que tomavam posse do indivíduo. 
Essa posição deu origem a um grande espaço para as concepções místicas sobre a complexidade do comportamento humano e abertura para o enquadramento, nesta categoria, de um grande número de atividades de caráter ritual ou curativo pré-cristão. 
O tratamento mais usual era o exorcismo dos espíritos e demônios, preconizado pelo Malleus Maleficarum (O martelo das bruxas), que era o manual de caça às bruxas, utilizado pelos religiosos como guia técnico de exorcismo. 
Assim, o manual igualava comportamento-problema com possessão demoníaca e supunha-se que as pessoas com tais comportamentos fossem agentes do demônio — não meramente suas vítimas —, chamadas de bruxas.
Nessa perspectiva, a questão era saber como e por que a loucura em um dado momento foi problematizada por meio de certa prática institucional, e como é que um saber pode ser constituído por práticas discursivas e não discursivas, em que o enunciado era: o que a loucura colocava aos outros? 
Foucault (1961, 1978a) descreveu as contingências históricas que possibilitaram as regras e as práticas sociais que dizem respeito ao louco, transformado em doente mental no interior da instituição psiquiátrica. 
No Renascimento, o espaço dos problemas humanos era a nau dos loucos, um barco que navegava ao longo dos rios e levava a loucura de uma cidade para outra. 
Consequentemente, a nau dos loucos já assinalava a exclusão da loucura, confiada aos marinheiros para, com certeza, evitar que eles ficassem vagando, indefinidamente, entre os muros da cidade. 
Em meados do século XVII, Foucault (1961, 1978) mostram nova forma de perceber a loucura, que passou a ser administrada por uma instituição criada por decreto de Luiz XIV, em Paris, a 27 de abril de 1656, intitulada Hospital Geral. 
Pode-se entender esse evento da nova maneira de tratar os problemas humanos, na descrição da dúvida cartesiana: porque eu que penso, não posso estar louco, tendo em Descartes o grande marco filosófico; 
 Foucault (1961, 1978a) aponta para uma população heterogênea, com base nos registros das casas de internamento, percebida pela Idade Clássica como possuidoras da desrazão: era o vagabundo, o debochado, o enfermo, o espírito arruinado, o imbicil, o pródigo, o libertino, o filho ingrato, o mágico, o insano, o herege, o criminoso, o blasfemador, a prostituta, o pai dissipador, 
o 
Com essa percepção social, houve a divisão entre razão e desrazão, normal e anormal, sadio e mórbido, que foram reduzidos à simples fórmula: serem internados. 
Hospital Geral era uma estrutura semi-jurídica, uma espécie de entidade administrativa que, ao lado dos poderes já constituídos, e além dos tribunais, decidia, julgava e executava, tornando-se um estranho poder entre a política e a justiça nos limites da lei. 
Assim, dar-se-á a ruptura definitiva com o modelo do Hospital Geral e o passo essencial para o surgimento do Asilo, fazendo surgir o advento de uma nova modalidade da medicina. 
Função médica nos asilos foi introduzida no dia 25 de agosto de 1793, com a entrada do médico francês Philippe Pinel para as enfermarias do Bicêtre, em Paris, onde começava a ser percebido que o comportamento-problema deveria ser tratado pela medicina: assim, nasceu a psiquiatria e, com ela, o conceito de doença mental. 
Assim como o grande internamento foi um fato da Idade Clássica, o asilo é um fato do final do século XVIII, fazendo parte da nova forma com que a sociedade agora se expressa. 
A vida asilar permite o nascimento daquela estrutura como um espaço onde se busca a origem da loucura nas causas orgânicas ou nas disposições hereditárias, fato que ainda continua sendo registrado nos dias atuais. 
Desse modo, Foucault (1961, 1978a) demonstra que a psiquiatria é uma ciência recente e que o conceito de doença mental tem mais ou menos duzentos anos, como também a intervenção da medicina com relação ao comportamento humano complexo, em vez de ser atemporal, é historicamente datada. 
Comentando o trabalho de Foucault, Machado (1981) afirma que as condições de possibilidade histórica da psiquiatria, antes de serem teóricas, são institucionais, pois a prática asilar foi essencial para o seu surgimento. 
A história da loucura apresenta inúmeras ilustrações das práticas locais e regionais, com análises dos problemas no presente que possibilitaram encontrar fatos arqueológicos em lação à loucura desde a Renascença até à Modernidade. 
Foucault trabalhou criticamente sobre o material histórico a ponto de perguntar se a única coisa a fazer, em face de loucura, seria excluí-la como forma de desrazão, dar-lhe o rótulo de alienação e, logo depois, transformá-la em doença mental. 
 Foucault (1978b) demonstrou que essas práticas, instauradas no começo do século XIX, definiram as condições de uma nova experiência da loucura, cujo estilo e postura foram inéditos dinte das experiências anteriores. 
Pois, com esse novo estatuto loucura, adquirido pelas transformações, tanto no nível do conhecimento quanto da percepção, preparou o caminho para o desenvolvimento da psiquiatria. 
A loucura percebida como doença mental legitimou, posteriormente, um sistema de práticas organizadas teoricamente em torno dela própria: organização da rede médica, sistemas de profilaxia e detecção, forma de assistência, distribuição dos cuidados, critérios de cura, definição da incapacidade civil do doente e de sua irresponsabilidade penal. 
Porém, hoje, na sua opinião, as classificações e rotulações da psiquiatria são cientificamente inúteis e socialmente prejudiciais, uma vez que os diagnósticos médicos dão nomes às doenças genuínas e os diagnósticos psiquiátricos estão estigmatizando rótulos: Szasz (1980) mostra-se insatisfeito com os fundamentos médicos e com as descrições conceituais da psiquiatria. 
Embora diferentes entre si, os estudos de Foucault e Szasz inauguram a reflexão crítica das práticas psiquiátricas contemporâneas, nas quais adjetivos como louco, alienado, doente mental são usados nas verbalizações das pessoas para designar aqueles que se comportam desadaptativamente. 
Assim, os comportamentos fóbicos, os estados de ansiedade, o estado emocional negativo, as dificuldades de adaptação, a delinquência, a ação suicida, entre outros problemas humanos, foram classificados como doenças mentais Isso é problemático, pois a ciência do comportamento, ao se apresentar, já encontra seu lugar ocupado não com critérios epistemológicos, e, mais grave que isso, com o comportamento humano rotulado, estigmatizado, condenando pessoas com comportamentos-problemas, não considerando tais comportamentos um mal biológico. 
Esses autores procuram avançar teorizações quanto à prática da psiquiatria em relação à doença mental por uma perspectiva histórica: na ciência, quanto ao método; 
Declara-se favorável à psiquiatria como uma ciência à qual as pessoas podem recorrer, voluntariamente, para receberem uma ajuda que viabilize a resolução de seus problemas existenciais, por meio da psicoterapia, com o consentimento declarado da pessoa. 
Problema etiológico das doenças mentais denota que se quisermos compreender bem as razões e o alcance das afirmações psiquiátricas encontradas nos atuais compêndios de psiquiatria, não poderemos nos esquecer, como afirma Pessoti (1996, p.9), que o "manicômio foi o núcleo gerador da psiquiatria como especialidade médica", isto é, o esquema gerador do desenvolvimento da psiquiatria foi a construção de lugares para internar e lidar com a loucura. 
Esse domínio foi sustentado pelos pressupostos orgânicos e, pormeio dele, a medicina psiquiátrica penetrava na área do comportamento humano, procurando construir seu próprio saber, no qual delimitaria suas práticas, tornando-as consistentes com a perspectiva médica. 
 Quem poderia se opor, por exemplo, à possibilidade da hipótese orgânica como justificativa para a esquizofrenia, após a descoberta da origem sifilítica da paresia, como orgânica, durante as décadas formativas da psiquiatria? 
Szasz (1978) afirma que com a neurosífilis como paradigma, a psiquiatria passou a fornecer o diagnóstico, estudar e tratar as doenças mentais, isto é, a crença de processos biológicos dentro da cabeça dos pacientes, manifestados em seus comportamentos-problemas. 
Desse modo, as propostas científicas a respeito da esquizofrenia não são sustentadas por provas, pois a proposta de que a paralisia geral é uma infecção sifilítica é corroborada com a presença da bactéria Treponema pallidum no cérebro. 
 Kraepelin (1979), um dos predecessores do sistema de diagnóstico oncológico na psiquiatria, afirmou, no início do século XX, que, nos termos mais estritos, não se pode falar da mente adoecendo, afirmando serem os distúrbios nas bases físicas da mental que deveriam ocupar a maior atenção dos estudos a serem desenvolvidos. 
Afirmou ainda que as lições para entender tal patologia deviam ser retiradas desse novo departamento da medicina, já que a insanidade, em suas fôrmas mais brandas, acarretava o maior sofrimento que os médicos teriam que encontrar. 
Tal fato, supunha, era uma consequência da crescente degeneração da raça humana, ao lado do abuso do álcool e da infecção sifilítica. 
Algumas questões atravessam, portanto, as afirmações psiquiátricas sobre a natureza dessas definições, que não são mais do que duas faces de uma mesma interrogação, que podem ser aplicadas a uma ou a outra: o que é uma doença mental? 
Como pode a medicina, uma ciência empírica que realiza diagnósticos com base em fatos laboratoriais, aceitar, em seus domínios, 'uma ciência que diagnostica doenças mentais, fatos não físicos. 
As tentativas de ajustar as práticas institucionais da doença mental ao modelo médico parecem deixar perplexos tanto os críticos da psiquiatria quanto outros pesquisadores sociais interessados, mais especificamente, em acompanhar as implicações dos vários critérios diagnósticos para determinar a etiologia das doenças mentais. 
Rosenhan (1973) conseguiu internar oito pseudopacientes (quatro psicólogos, um psiquiatra, um pediatra, um pintor e uma dona de casa) em diferentes hospitais psiquiátricos com a queixa de "ouvir vozes". 
— sentou-se do lado de fora da sala de refeições meia hora antes do almoço, esse comportamento foi interpretado como a natureza aquisitiva oral da síndrome que realmente acontece no interior de um hospital de tratar a doença mental vão desde as ideias bizarras, porque não definem se elas seriam causadas por alguma anormalidade no cérebro dos pacientes, à prática de punições, eletrochoques, psicocirurgias ou uso e abuso de medicamentos. 
Estudos sistemáticos sobre as etiologias dos transtornos mentais não somente têm falhado em dar as respostas para o problema, como há uma expectativa considerável de que o problema em si mesmo talvez si mesmo talvez ainda não tenha sido formulado corretamente. 
 Quando nos voltamos para os achados laboratoriais associados apresentados no manual da última edição da Associação América de Psiquiatria, o DSM-IV-TR (2002) deparamo-nos, de fato, com uma estranha situação: a psiquiatria é o tratamento das doenças mentais sem etiologias comprovadas. 
No entanto, após duzentos anos da formulação de seus princípios fundamentais, os debates ainda permanecem igualmente intensos e uma sensação de mal-estar é compartilhada por seus especialistas. 
Hipótese fundamental da psiquiatria, no início deste século, foi que o trabalho científico empírico descobriria um diagnóstico laboratorial para a maioria das doenças mentais Todavia, a atribuição de uma fisiopatologia orgânica como etiologia para a esquizofrenia não se sustenta até a presente data. 
Anormalidades estruturais demonstradas através da tomografia computadorizada no diagnóstico da esquizofrenia são limitadas, isto é, os resultados — aumento dos ventrículos laterais e do terceiro ventrículo, algum grau de redução do volume cortical — não são específicos dos processos patológicos da esquizofrenia. 
Depois de quase um século, durante o qual a psiquiatria usou 'as terapias físicas — como o eletrochoque, o choque insulínico, a lobotomia e, desde década de 1950, os neurolépticos — baseada na crença de que a esquizofrenia se deve a uma falha neuroquímica, ela é apresentada para a psiquiatria contemporânea como uma entidade médica cujos achados laboratoriais diagnósticos ainda não foram identificados (DSM-IV-TR, 2002). 
Skinner (1979) afirma que o comportamento do esquizofrênico é simplesmente parte e parcela do comportamento humano e, assim, deve permanecer firmemente ao lado da ciência do comportamento, desde que se considere como objeto de estudo a atividade do indivíduo como um todo em termos de eventos externos e internos que agem sobre ele.

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