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Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) Prof. Dra. Leticia Viçosa Pires Plano de aula Introdução Epidemiologia Primeira Campanha Nacional de Prevenção das IST MS, 2019 Principais síndromes genitais agudas IST úlceras IST secreções IST hematogênicas Estratégias de prevenção e controle das IST Métodos de prevenção Sexo seguro Mandala de Prevenção Combinada Introdução O termo Infecção Sexualmente Transmissível (IST) se refere a todo o virus, fungo, bactéria ou parasita que infecte o ser humano via contato sexual O termo Doença Sexualmente Transmissível (DST) se refere às síndromes propriamente ditas, desenvolvidas a partir de uma IST Esta terminologia foi definda desde que se assumiu o objetivo de se erradicar as infecções antes que as pessoas as desenvolvam U.S. Department of Health and Human Services. 2020. Sexually Transmitted Infections National Strategic Plan for the United States: 2021–2025. Washington, DC. As ISTs cometem pessoas sexualmente ativas, e recém-nascidos ou lactentes de mães contaminadas sendo responsáveis por: morbidez futura na saúde feminina (infertilidade, gestação ectópica, dor pélvica crônica) complicações graves na gravidez (infecções congênitas e gestacionais complicando como bolsa-rota, trabalho de parto prematuro, corioamnionite, endometrite puerperal) Prejuízos para a saúde dos lactentes (sequelas às vezes irreversíveis e mortalidade perinatal aumentada) câncer anogenital e cervical efeitos do HIV e SIDA (inflamação suscetibiliza à infecção pelo HIV) Epidemiologia O persistente aumento nas taxas de IST nos EUA constitui uma epidemia e um problema de saúde pública para os americanos. Nas últimas décadas as taxas de clamídia, gonorreia e sífilis aumentaram significativamente. Elas aumentam o risco de infecção pelo HIV De 2014 a 2018, clamídia aumentou 33,8%, gonorreia 78% , e sífilis 172,7%, sendo que a congênita 185,3%. O HPV é a IST viral mais comum no mundo, e compreende 14 milhões de novos casos a cada ano. Ele é causa de cerca de 35.000 casos de cancer por ano, apesar de ser prevenível com a vacina Primeira Campanha Nacional de Prevenção das IST MS, 2019 https://youtu.be/2hpSOEnQqqw MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília - DF PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) 2019 Principais ISTs Lesões e úlceras genitais Vaginites, cervicites, uretrites Hematogênicas/ Fecal-oral 1. Sífilis 6. Vaginose bacteriana 10. Hepatite A 2. Cancróide 7. Tricomoníase 11. Hepatite B 3. Linfogranuloma venéreo 8. Gonorreia 12. Hepatite C 4. Herpes Simples 9. Clamídia 13. HIV/SIDA 5. Condilomas/ NIC 14. Zica Clamídia Agente: Chlamydia trachomatis, bactéria intracelular Gram negativa, que infecta mais de 50 milhões de novas pessoas anualmente no mundo todo. Não tem predileção por classe social, assintomática em cerca de 70% das vezes, transformando os portadores em grandes vetores da infecção Transmissível através do contato sexual ou de mucosas infectadas, tendo predileção pelo epitélio colunar (endocérvice) Penetra as células como corpúsculo elementar (CE) e dentro de um vacúolo, drena lipídeos e ATP das células (parasita) e começa a se multiplicar formando o corpo reticular (CR). Quando exaurido, o CR se rompe, e dele saem novos CE para infectarem novas células. Este processo leva de 36 a 96 horas dada a grande infectividade deste agente Responsável por graves sequelas como Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade, gestação ectópica, dor pélvica crônica, e na gestação, bolsa-rota e prematuridade, coriamnionite, endometrite puerperal, e atinge o neonato provocando a conjuntivite de inclusão e pneumonia do recém-nascido (RN) Clamídia Vários sorotipos infectam os seres humanos: Sorotipos de A a C são causadores do TRACOMA, lesão ocular que leva à cegueira; Sorotipos de D a K, causam as IST, e sequelas graves como Doença Inflamatória Pélvica (DIP), infertilidade, gestação ectópica, dor pélvica crônica, e, na gestação, bolsa-rota e prematuridade, coriamnionite e endometrite puerperal. Além disso atinge o neonato provocando a conjuntivite de inclusão e pneumonia do recém-nascido (RN); Sorotipos L1, L2 e L3 são os responsáveis pelo Linfogranuloma venéreo, lesão ulcero-purulenta com adenopatia satélite supurativa Período de incubação: 6 a 14 dias Quando sintomática, provoca secreção cervical mucopurulenta, friabilidade do colo até sintomas de DIP dentro do espectro de gravidade Clamídia Diagnóstico: Imunofluorescência direta, cultura Meio de McCoy, NAAT (Nucleic Acid Amplification Test) Tratamento: Azitromicina 1g VO DU, ou Doxiciclina 100mg VO 12/12 horas 7 dias Gestante: Não utilizar Tetraciclina. Eritromician 500mg VO 6/6 horas ou Amoxacilina 500mg 8/8 horas, 7 dias “Considerando a importância e os agravos da infecção Chlamydiana, o rastreio para CT em populações de risco (gestantes, adolescentes, pessoas com outras DST) e precedendo cirurgias ginecológicas deveria ser implantado na rotina de todos os serviços preocupados em prevenir esta doença e principalmente evitar as suas sequelas” FEBRASGO - Manual de Orientação em Doenças Infectocontagiosas Clamídia- Linfogranuloma Venéreo Período de Incubação: 3 a 32 dias Três fases: Inoculação: inicia-se por pápula, pústula ou exulceração indolor, que desaparece sem deixar sequela. Muitas vezes, não é notada; na mulher, na parede vaginal posterior, colo uterino, fúrcula e outras partes da genitália externa; › Fase de disseminação linfática regional: uma a 6 semanas, a linfadenopatia inguinal com fusão de vários gânglios, formando uma massa ou “bubão. Geralmente unilateral (em 70% dos casos) e se constitui no principal motivo da consulta. A localização da adenopatia depende do local da lesão de inoculação. Se não tratada, evolui para necrose, com múltiplas fístulas que drenam secreção purulenta com aspecto “em bico de regador” Fase de sequelas: A lesão da região anal pode levar a proctite e proctocolite hemorrágica. O contato orogenital pode causar glossite ulcerativa difusa, com linfadenopatia regional. Podem ocorrer sintomas gerais, como febre, mal-estar, anorexia, emagrecimento, artralgia, sudorese noturna e meningismo. Os bubões que se tornarem flutuantes podem ser aspirados com agulha calibrosa, não devendo ser incisados cirurgicamente. A obstrução linfática crônica leva à elefantíase genital. Além disso, podem ocorrer fístulas retais, vaginais e vesicais, além de estenose retal. Clamídia- Linfogranuloma Venéreo Diagnóstico: Cultura em Meio de Mcoy Elisa Fixação de Complemento Microimunofluorescência Tratamento: Tetraciclina: 500 mg de 6/6 h VO, por 2 a 4 semanas. Azitromicina: 1 g VO, dose única. Repetir 10 dias após. Doxiciclina 100 mg de 12/12 h VO, por 3 a 4 semanas. Sulfadiazina 500 mg, 2 comprimidos de 6/6 h VO, por 4 semanas. Eritromicina: 500 mg VO, de 6/6 h, por 2 a 4 semanas. Sulfametoxazol (400 mg) e Trimetoprim (80 mg) : 2 comprimidos de 12/12 h VO, por 3 a 4 semanas Gonorreia Agente: Neisseria gonorrhoeae diplococo Gram negativo, que causa cervicite e endocervicite. Devemos atentar para as cervicites não gonocócicas causadas por tricomonas e molicutes Transmissível sexualmente, através do contato entre mucosas e no canal do parto. No recém-nascido (RN) é responsável principalmente por conjuntivite e cegueira, mas também se relaciona com abscesso de couro cabeludo, artrite, septicemia, pneumonia, meningite, endocardite e estomatite. Aumenta a morbimortalidade perinatal pois está diretamente comprometida com comorbidades gestacionais 70 a 80% assintomática Quando sintomática, provoca corrimento vaginal, sangramento intermenstrual, pós-coito, dispareunia, disúria, polaciúria e evolui para as sequelas de DIP quando ascende pelo canal cervical invadindo o trato genital superior Eventualmente acomete as Glândulas de Bartholin provocando Bartholinites ou Abscessos de Bartholin Gonorreia Ao exame: cérvice edemaciada, congesta, facilmentesangrante ao simples toque com espátula ou swab, eventualmente com secreção mucopurulenta aderida “se ao exame especular for constatada a presença de muco-pus cervical, friabilidade do colo ou teste do cotonete positivo, a paciente deve ser tratada para gonorreia e clamídia, pois esses são os agentes etiológicos mais frequentes da cervicite mucopurulenta ou endocervicite – inflamação da mucosa endocervical” Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas para Atenção Integral às Pessoas com Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST) 2019protocoloclinicoinfecessexualmentetransmissveisist2019protocoloclinicoinfecessexualmentetransmissveisist2019 Diagnóstico: Bacterioscópico (Gram) Cultural (Meio de Thayer-Martin) NAAT (RT-PCR) Gonorreia Tratamento: “Recomenda-se o tratamento de ambos (N. gonorrhoeae e C. trachomatis) ao se identificar qualquer um dos dois”. FEBRASGO - Manual de Orientação em Doenças Infectocontagiosas Ceftriaxona 250mg IM + Azitromicina 1g VO DU ou Doxiciclina 100mg VO 12/12 horas 7 dias + Tianfenicol 500mg VO 12/12 horas 7dias Gestantes: Estearato de Eritromicina 500mg VO 6/6horas 10 dias ou Probenecide 1g VO seguido de 3,0 g VO de Amoxicilina ou 3,5 g VO de Ampicilina DU ** Na eventualidade de DIP, adequar o tratamento à gravidade da doença Micoplasmose Agente: família das Mycoplasmataceae ou simplesmente Molicutes, nas quais se inserem os gêneros Mycoplasma e ureaplasma São bactérias pequenas, um pouco maior que os vírus, sem parede celular. Só identificáveis com microscopia eletrônica, não podem ser coradas com o método de Gram, nem destruídas por antibióticos que destroem a parede celular. Tem o metabolismo lento, e capacidade de provocar infecções indolentes e crônicas São considerados ISTs, e as espécies Mycoplasma hominis e Ureaplasma urealitycum são encontrados em 8 a 41% das mulheres assintomáticas com vida sexual ativa Micoplasmose Se relacionam com complicações gestacionais e perinatais, mas como “condição de risco” para agravamento de infecções concomitantes como gonococo e clamídia. Assim se comportam na presença de tricomonas, HPV e HIV Quadro clínico semelhante ao da Clamídia, e o RT-PCR é o melhor método de confirmação diagnóstica Tratamento: Azitromicina 1g VO DU, ou Doxiciclina 100mg VO 12/12 horas 7 dias ou Ciprofloxacina 500mg VO/dia 7 dias ou Eritromicina 500mg VO 6/6 horas 7 dias nas gestantes Sífilis Agente etiológico: Treponema pallidum, bactéria espiroqueta que não cora pelo Gram, nem cresce em meio de cultura Também conhecida como Lues, cancro duro ou protossifiloma, é uma doença infectocontagiosa, sistêmica e crônica, conhecida há séculos. Patógeno exclusivo do ser humano, o treponema foi identificado em 1905 É contagioso através do contato sexual, íntimo, vertical, e no canal do parto quando a mãe tem lesões ativas Sífilis Em gestantes, a taxa de transmissão vertical de sífilis para o feto é de até 80% , sendo maior no início do contágio e aumentando com a persistência da doença. Isto coloca o feto em risco de 30 a 50 % de óbito intra-útero Doença de apresentação multiforme e atividade oscilante e períodos assintomáticos, que, quando não tratada, pode evoluir para formas muito graves comprometendo sistema nervoso e cardiovascular A sífilis tem fases de atividade e remissão, é altamente contagiosa e letal, mas é altamente curável e é esta a maior importância de seu diagnóstico. Sífilis Congênita Sífilis PRIMÁRIA PI: 90 dias Cancro duro: úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de entrada da bactéria Adenomegalia inguinal Duram 6 a 7 semanas Maioria não notada; silencia Sífilis Condiloma Plano (Sifílides) Sífilis Secundária SECUNDÁRIA 6 semanas a 6 meses depois da cicatrização do cancro duro Manifestações variáveis, cronologia própria. Erupção macular eritematosa pouco visível (roséola), principalmente no tronco e raiz dos membros. As lesões cutâneas progridem para lesões mais evidentes, papulosas eritematoacastanhadas, às vezes disseminadas, sendo frequentes nos genitais. Atingem a região plantar e palmar, com descamação característica, em geral não pruriginosa. Mais adiante, podem ser identificados condilomas planos nas dobras mucosas, especialmente na área anogenital. Estas são as sifílides . Microadenomegalia e sintomas sistêmicos. e falsa impressão de cura Sífilis Sífilis terciária Sífilis Terciária Entre 2 e 40 anos Destruição tecidual e do sistema cardiovascular. Acometimento do Sistema Nervoso (mielite transversa, tabes Dorsalis, Demência) e do Sistema cardiovascular Formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência a liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. As lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até morte. Sífilis Diagnóstico: Bacterioscopia e Campo Escuro (padrão ouro) Imunofluorescência Direta Sorologias: Testes não treponêmicos: VDRL Testes treponêmicos: Teste rápido e FTA-Abs VDRL FTA-ABS SIGNIFICADO NR NR PI OU SEM DOENÇA NR R CURADO OU PRECOCE R NR FALSO POSITIVO R R DOENÇA OU TRATAMENTO RECENTE Sífilis Sífilis Recente até 2 anos de evolução PRIMÁRIA PI: 90 dias Cancro duro: úlcera rica em treponemas, geralmente única e indolor, com borda bem definida e regular, base endurecida e fundo limpo, que ocorre no local de entrada da bactéria Adenomegalia inguinal Maioria não notada; silencia SECUNDÁRIA 6 semanas a 6 meses depois da cicatrização do cancro duro Manifestações variáveis, cronologia própria. Erupção macular eritematosa pouco visível (roséola), principalmente no tronco e raiz dos membros. As lesões cutâneas progridem para lesões mais evidentes, papulosas eritematoacastanhadas, às vezes disseminadas, sendo frequentes nos genitais. Atingem a região plantar e palmar, com descamação característica, em geral não pruriginosa. Mais adiante, podem ser identificados condilomas planos nas dobras mucosas, especialmente na área anogenital. Estas são as sifílides . Microadenomegalia e sintomas sistêmicos. e falsa impressão de cura Sífilis Latente Mais de 1 a 2 anos de evolução Não se observam sintomas Maioria dos diagnósticos Latente Recente Até 2 anos Intercalam –se as lesões de secundarismo com períodos de silêncio (latência) Latente Tardia Mais de 2 anos Intercalam –se as lesões de secundarismo com períodos de silêncio (latência) Sífilis Terciária Entre 2 e 40 anos Destruição tecidual e do sistema cardiovascular. Acometimento do Sistema Nervoso (mielite transversa, tabes Dorsalis, Demência) e do Sistema cardiovascular Formação de gomas sifilíticas (tumorações com tendência a liquefação) na pele, mucosas, ossos ou qualquer tecido. As lesões podem causar desfiguração, incapacidade e até morte. Sífilis Sífilis Tratamento Tricomoníase & Vaginose bacteriana A vaginose bacteriana (VB) é uma síndrome polimicrobiana caracterizada pelo desaparecimento dos Lactobacillus produtores de peróxido de hidrogênio e aumento maciço de germes anaeróbios (Gardnerella vaginalis, Mobiluncus, Bacteróides, etc). Caracterizada pelo odor desagradável, que piora no período menstrual e durante o coito. Não dá outros sintomas além do odor e leucorreia branco-acinzentadas. Embora não seja uma IST, facilita a contaminação com seus agentes A tricominíase é uma IST Tricomoníase & Vaginose bacteriana Tricomoníase é causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis, considerado IST, provoca leucorreia esverdeada, bolhosa, abundante, com odor fétido, e colpite difusa (colo com aspecto de “framboesa” ou “morango”, e, após a colocação da Solução de Schiller, dá ao colo um aspecto “tigroide”), dando sintomas de dispareunia, e sintomas urinários de disúria e odinúria. Sangramento pós-coital também é frequente. Ambas estão associadas a complicações do ciclo grávido-puerperal e com infecções pós-operatórias em ginecologia PI: 5 a 28 dias Diagnóstico: Microscopia direta, Gram e Meio de Diamond para Tricomonas Tricomoníase & Vaginosebacteriana Tratamento: Herpes Simples (HSV) Os HSV tipos 1 e 2 fazem parte da família Herpesviridae, junto com o Citomegalovírus (CMV), o vírus da varicela zoster, e o Epstein-Barr. São todos DNA-vírus, e embora possam provocar lesões em todo o corpo, em geral o tipo 2 acomete os genitais e o tipo 1, região perioral Se manifestam como primo-infecção (mais florida, com mais sintomas prodrômicos e sistêmicos) e surtos recidivantes A primo-infecção tem um PI médio de 6 dias, com sintomas gerais e às vezes urinários. Adenopatia dolorosa em 50%. Inicia como lesões milimétricas eritemato-papulosas, inicialmente pruriginosas, depois dolorosas, que evoluem para vesículas de coloração hialina, que podem romper e coalescer. Pode durar até 3 semanas. A resolução evolui sem deixar cicatrizes. Acometimento do colo pode provocar corrimento abundante Herpes Simples (HSV) HSV penetra nos nervos periféricos sensoriais e, chegando aos gânglios sensitivos, entra em um estado de latência. As recorrências por reativação viral são mais frequentes com o HSV2, principalmente no primeiro ano da contaminação. Fatores predisponentes são alterações da imunidade como infecções, menstruação, radiação ultravioleta, estresse físico ou emocional, antibioticoterapia prolongada, traumatismos locais, etc Em geral as lesões são precedidas por sensação local de queimação ou prurido, sem sintomas sistêmicos importantes Na gestação, a transmissão pode ocorrer no canal do parto, portanto, há indicação de cesariana quando a gestante apresenta lesões ativas durante o trabalho de parto Diagnóstico é clínico ou por PCR das lesões e também cultura Diagnóstico diferencial com outras lesões ulcerativas e traumáticas Herpes Simples (HSV) Analgésicos orais e anti-inflamatórios podem aliviar os sintomas Compressas com solução fisiológica e degermante para higiene das lesões HPV O Papiloma vírus humano (do inglês, human papilloma virus), é um DNA-vírus de cadeia dupla, não encapsulado, membro da família Papovaviridae. Afeta epitélios escamosos e pode induzir uma grande variedade de lesões cutaneomucosas. Se conhecem mais de 200 tipos de HPV, sendo que, desses, aproximadamente 40 tipos acometem o trato anogenital. É causa de IST, e pode ser durante o parto, com a formação de lesões cutaneomucosas em recém-nascidos ou papilomatose recorrente de laringe. A transmissão por fômites é rara. É a IST mais comum do mundo Risco acumulado de contrair o HPV ao longo da vida: 80% Maioria elimina o vírus Maioria assintomática HPV Tempo de latência da infecção à manifestação varia de meses a anos Manifestações clínicas: Verrugas genitais: de um a vários milímetros, podendo atingir vários centímetros. Únicas ou múltiplas, achatadas ou papulosas, mas sempre papilomatosas. Têm superfície apresenta-se fosca, aveludada ou semelhante à da couve-flor. Podem ser cor da pele, eritematosas ou hiperpigmentadas. Geralmente assintomáticas, mas podem ser pruriginosas, dolorosas, friáveis ou sangrantes. As verrugas anogenitais resultam quase exclusivamente de tipos não oncogênicos de HPV. Diagnóstico: Clínico, biópsia, NAAT (PCR e captura híbrida) HPV Tratamento das verrugas: Individualizado Domiciliar: Imiquimode 50mg/g creme em noites altenadas (máximo 16 semanas) ou podofilotoxina creme aplicar 2x/dia 3 dias e pausa de 4 dias ( 4 ciclos) Ambulatorial: ácido tricloroacético (ATA) a 80 ou 90% ou podofilina solução 10 a 25% ou eletrocauterização, ou exérese cirúrgica, ou crioterapia com Nitrogênio Líquido HPV Tempo médio entre a contaminação e o desenvolvimento de um câncer é em média 20 anos 5% ou menos desenvolverão lesão precursora Menos que 1% desenvolverá neoplasia maligna Associado a 99% do Ca de colo uterino, 95% de canal anal, 70% Ca de cabeça e pescoço, 65% Ca de vagina, 50% Ca de vulva 9% dos cânceres nas mulheres se relacionam ao HPV LSIL (NICI) HSIL (NICII & NICIII) NIV NIVA Schiffman 2011, Moscicki 2008 HPV HPV 16 & 18 70% colo 70% ânus e reto 70% orofaringe 505 pênis 50% vagina /vulva HPV 6 & 11 90% verrugas genitais Papulose respiratória São fatores de risco para o câncer genital infecção persistente pelo HPV HIV/AIDS (imunossupressão) tabagismo Desnutrição Drogas, alcoolismo outros Jaura 2015; Group TFIS, NEJM 2007 HPV e eficácia da vacina Dinamarca reduziu risco de NIC II/III significativamente Escócia reduziu em 29%/50%/55% NICI/ II/III entre 20 e 21 anos EUA prevenção da NIC II atribuível ao HPV de 21 a 72% Austrália reduziu 73-93% as verrugas genitais Reino Unido expandiu a vacinação para meninos em 2013 (meninas desde 2007) e reduziu 77% as infecções por HPV Journal of the National Cancer Institute, March 2014 HPV Vacina HPV 19/03/2021 MS vacinará até os 45 anos Grupos de risco Donovanose (Granuloma Inguinal) Agente etiológico: Klebsiella granulomatis , bactéria Gram negativa intracelular PI de 8 dias a 6 meses. IST crônica e progressiva , que acomete pele e mucosas das regiões genitais, perianais e inguinais. Pouco frequente, típica de zonas tropicais e subtropicais Quadro clínico: ulceração de borda plana ou hipertrófica, bem delimitada, com fundo granuloso, de aspecto vermelho vivo , indolor, altamente vascularizada, e de sangramento fácil. Evolui lentamente podendo se tornar uma lesão úlcerovegetante ,às vezes difícil de distinguir de uma neoplasia maligna. Há predileção pelas regiões de dobras e região perianal. Diagnóstico cito e histopatológico com a identificação dos “Corpúsculos de Donovan” O diagnóstico diferencial de donovanose inclui sífilis, cancroide, neoplasias ulceradas, outras doenças cutâneas ulcerativas e granulomatosas. Donovanose Tratamento: Cancróide Agente etiológico: Coco-bacilo Gram negativo Haemophilus ducreyi PI de 3 a 7 dias, inicia com pequenas pápulas dolorosas que rapidamente se rompem em úlceras rasas, com bordas irregulares que coalescem levando a destruição tecidual acentuada. Há uma linfonodomegalia que absceda e fistuliza, e a autoinoculação forma novas lesões. Nas mulheres pode ser assintomática quando localizada no colo e vagina. Lesões na boca e região anal também podem ser observadas Diagnóstico: material corado pelo Gram em forma de “cardume de peixes” ou “vias férreas” ou “impressões digitais”. O resultado negativo não exclui o diagnóstico. Após descartar as outras etiologias para úlcera, deve-se proceder ao tratamento HIV & SIDA Infecção de diversas fases, de durações variáveis, dependentes da resposta imunológica do indivíduo e da carga viral. Entre a primeira e a terceira semana após o contágio, surgem sinais e sintomas inespecíficos da doença, configurando a fase aguda ou primeira fase. A fase seguinte (infecção assintomática) pode durar anos, até o aparecimento de infecções oportunistas (tuberculose, neurotoxoplasmose, neurocriptococose) e algumas neoplasias (linfomas não Hodgkin e sarcoma de Kaposi). A presença desses eventos define a SIDA Meta 90-90-90, do MS, a qual estabelecia que, até 2020, 90% das pessoas com HIV fossem diagnosticadas (ampliando o acesso ao diagnóstico do HIV); que 90% destas estivessem em tratamento antirretroviral (ampliando o acesso à TARV); e, destas, que 90% tivessem carga viral indetectável (indicando boa adesão ao tratamento e qualidade da assistência à PVHIV), sofrerá ajustes em função da pandemia por COVID-19. HIV & SIDA A estratégia é promover o cuidado compartilhado da atenção às PVHIV entre os serviços especializados e a Atenção Básica, com o objetivo de: Ampliar o acesso à saúde para as PVHIV Estabelecer maior vínculo destas com os serviços de saúde Melhorar as possibilidades de atendimento de qualidade Melhorar o prognóstico das PVHIV. Hepatites Problema de saúde pública mundial 1,4 milhões de óbitos por ano por hepatites, seja pelas formas crônicas, ou pelo hepatocarcinoma. Comparável à tuberculose e superior à mortalidade provocada pela SIDA (WHO, 2017) Hepatite A :contaminação fecal-oral, mas também sexual. Vacinar sempre. Hepatite B : IST, quando contraídano período perinatal traz 90% de cronicidade; se a na primeira infância, 20% a 40% de cronicidade; se a hepatite B é contraída na adolescência e idade adulta, essa taxa cai para 0 a 10%. Vacinar sempre Hepatite C: transmissão vertical, sexual menor, mais em grupos de risco. Testar sempre Zika O vírus Zika é um Flavivírus capaz de causar infecção em humanos; o primeiro caso diagnosticado no Brasil ocorreu no ano de 2015, na Região Nordeste O vírus pode ser transmitido por meio da picada do vetor Aedes aegypti (o mesmo mosquito que transmite dengue, Chikungunya e febre amarela), assim como por transmissão vertical e sexual. Graves sequelas neurológicas ao feto Não existe vacina, apenas medidas de prevenção (roupas, repelentes, preservativos) Diagnóstico: Sorologias, PCR Violência Sexual & IST Profilaxia da hepatite B em situação de violência sexual :vítima não vacinada ou vacinação incompleta: vacinar ou completar a vacinação. Não usar de rotina a IGHAHB, exceto se a vítima for suscetível e o responsável pela violência seja HBsAg reagente ou de grupo de risco (drogadito, por ex). A IGHAHB deve ser aplicada até, no máximo, 14 dias após a exposição Profilaxia da infecção pelo HIV em situação de violência sexual: A Profilaxia Pós-Exposição (PEP) consiste no uso de antirretrovirais, por 28 dias. O atendimento após a exposição ao HIV é uma urgência. A PEP deve ser iniciada o mais precocemente possível, tendo como limite as 72 horas subsequentes à exposição. Nos casos em que o atendimento ocorrer após 72 horas da exposição, a PEP não está mais indicada. Estratégias de prevenção e controle das IST Educação e aconselhamento (mudança de comportamento) Identificação de assintomáticas contaminadas Diagnóstico e tratamento efetivo das pacientes infectadas Avaliação, tratamento e aconselhamento dos parceiros das pacientes infectadas Vacinação das pacientes em risco Médicos e agentes de saúde exercem papel crítico na prevenção e tratamento das ISTs A abordagem deve levar em consideração as características individuais da(o) paciente e a prevalência local da doença em questão, com o objetivo de: Tratamento com erradicação do patógeno Alívio dos sinais e sintomas Prevenção das sequelas Prevenção da transmissão Métodos de prevenção Abstinência sexual; realizar aconselhamento e rastreamento sorológico antes do início da atividade sexual Vacinação (hepatite B, A e HPV) Preservativo masculino (HIV, clamídia, gonococo, tricomonas, DIP, herpes (discutível), HPV (redução de 70%) Preservativo feminino (mais estudos são necessários) Espermicida e diafragma não têm eficácia comprovada e traumatizam epitélio, facilitando a infecção Sexo seguro Usar preservativo Imunizar para HAV, HBV, e HPV Conhecer status sorológico para HIV do parceiro Testar regularmente para HIV e outras ISTs (testes rápidos disponíveis nas redes de atenção à saúde) Tratar as pessoas que tem HIV Realizar preventivo do colo uterino Realizar Profilaxia Pré-exposição (PrPE) quando indicado (tenofovir+entricitabina diariamente) Conhecimento e acesso à contracepção Realizar Profilaxia Pós-exposição (PEP) quando necessário MINISTÉRIO DA SAÚDE Brasília - DF PROTOCOLO CLÍNICO E DIRETRIZES TERAPÊUTICAS PARA ATENÇÃO INTEGRAL ÀS PESSOAS COM INFECÇÕES SEXUALMENTE TRANSMISSÍVEIS (IST) 2019 Mandala de Prevenção Combinada MS/ Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS)/ Departamento de Doenças de Condições Crônicas (DDCC) e Infecções Sexualmente Transmisíveis (IST) 2019 CDC: cdc.gov/std/default.htm 2018 Surveillance Report: https://www.cdc.gov/std/stats18/d efault.htm STD Treatment Guidelines: www.cdc.gov/std/tg2015 /default.htm NNPTCs: www.nnptc.org www.STDCCN.org National Coalition for Sexual Health: www.ncshguide.org/providers www.ncshguide.org FEMS Microbiology Reviews, 2021, Vol. 45, No. 1 U.S. Department of Health and Human Services. 2020. Sexually Transmitted Infections National Strategic Plan for the United States: 2021–2025. Washington, DC. U.S. Department of Health and Human Services Centers for Disease Control and Prevention National Center for HIV/AIDS, Viral Hepatitis, STD, and TB Prevention Division of STD Prevention Atlanta, Georgia, 30329–4027 Centers for Disease Control and Prevention: STD Surveillance 2018 National Profile Obrigada! STI LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA APRESENTAÇÃO CLÍNICA PERÍODO DE INCUBAÇÃO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª LINHA BACTERIANA SÍFILIS (Treponema palliidum) global 1ª: úlcera indolor com adenomegalia 2ª: exantema máculo-papular 10 a 90 dias Microscopia em campo escuro (lesão) ou sorologias Benzetacil 2.4M IM (1ª, 2ª, latente recente) 2.4M IM/sem 3 semanas para latente tardia ou desconhecida CLAMÍDIA (Chlamydia trachomatis, serotipos D a K) global Cervicite Uretrite DIP Conjuntivite de inclusão Pneumonia no RN 7 a 21 dias NAAT (Nucleic Acid Amplification Test) Ex.: RT-PCR (reverse transciption polymerase chain reaction) & LAMP (loop-mediated isothermal amplification) Meio de MCoy Azitromicina 1g VO DU Ou Doxiciclina 100mg VO 2x/dia por 7dias LINFOGRANULOMA VENÉREO (Chlamydia trachomatis, serotipos L1, L2 e L3) global Úlcera auto-limitada, dolorosa Linfadenomagalia dolorosa que pode fistulizar coloproctite 3 a 30 dias NAAT Ou sorologias Doxiciclina 100mg VO 2x/dia 21 dias STI LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA APRESENTAÇÃO CLÍNICA PERÍODO DE INCUBAÇÃO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª LINHA BACTERIANA GONORREIA (Neisseria gonorrhoeae) global Cervicite Uretrite DIP 1 a 14 dias NAAT Meio de Thayer-Martin Ceftriaxone 250mg IM & Azitromicina 1g VO DU LINFOGRANULOMA INGUINAL OU DONOVANOSE (Klebsiella granulomatis) Sul da África, Índia, Papua Guiné e Austrália Ulcerações genitais extensas, ulceradas, granulmatosas e sangrantes Adenomegalia dolorosa 4 a 28 dias Microscopia: Copúsculos de Donovan em macrófagos Azitromicina 1g VO/semana até o desaparecimento das lesões CANCRÓIDE (Haemophilus ducreyi) África, Ásia e América Central Úlcera genital purulenta, irregular e dolorosa Linfadenopatia supurativa dolorosa geralmente unilateral 4 a 7 Cultura em meio especializado (Nairobi ou Johannesburg) PCR Azitromicina 1g VO DU Ou Ceftriaxone 250mg IM DU STI LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA APRESENTAÇÃO CLÍNICA PERÍODO DE INCUBAÇÃO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª LINHA VIRAL HERPES SIMPLES (Herpes vírus simplex – HSV) global >1 úlcera genital dolorosa 2 a 7 dias Cultura ou PCR Aciclovir 400mg VO 8/8h ou valaciclovir VO 1g/dia ou famciclovir 250mg VO 8/8h 7 a 10 dias HPV (Human papiloma vírus) global verrugas 14 a 240 dias Clinica ou patologia Tópico ou exérese Zika (Zika vírus) global Febre, exantema, artralgia, conjuntivite 3 a 14 dias Sorologia ou PCR suporte STI LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA APRESENTAÇÃO CLÍNICA PERÍODO DE INCUBAÇÃO DIAGNÓSTICO TRATAMENTO 1ª LINHA VIRAL HEPATITE A Global Astenia, anorexia, fadiga, icterícia 28 dias Sorologia Suporte HEPATITE B Global Astenia, anorexia, fadiga, icterícia 60 a 150 dias Sorologia Muitas opções Consultar com especialista HEPATITE C Global Astenia, anorexia, fadiga, icterícia 15 a 50 dias Sorologia Muitas opções Consultar com especialista PROTOZOÁRIO TRICOMONÍASE (Trichomonas vaginalis) Global Descarga vaginal Prurido e ardência 5 a 28 dias NAAT Metronidazol 2g VO DU ou 500mg 12/12 h VO 7 dias
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