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7 - RESUMO – PÓS EM ENFERMAGEM E ESTOMATERAPIA Assistência de enfermagem em grandes queimados Fisiopatologia geral das queimaduras Sistema Respiratório O envenenamento por fumaça resulta da inalação dos produtos de combustão. A resposta pulmonar inclui uma reação inflamatória localizada, uma redução na ação ciliar dos Brônquios e uma redução no surfactante alveolar. O edema de mucosa, ocorre nas vias aéreas de menor calibre, levando a uma sibilância audível à ausculta. Após várias horas, pode ocorrer o encharcamento do epitélio brônquico e pode desenvolver a traqueobronquite hemorrágica. O cliente pode apresentar discreta hipertensão arterial, resultando em uma redução nos níveis de tensão de oxigênio arterial. Insuficiência Respiratória A insuficiência respiratória pode ser definida como a incapacidade dos pulmões de arterializar o sangue circulante nos alvéolos. A taxa de arterialização do sangue é considerada normal quando o PO² arterial encontra-se entre 75 e 100 mmHg. A insuficiência respiratória pode ocorrer também quando há aumento da resistência das vias aéreas por obstrução, causando dispneia, mesmo quando o PO² e o PCO² são normais. A fisiopatologia da insuficiência respiratória pode ser dividida em duas fases, a aguda e a tardia. Insuficiência respiratória aguda Todo paciente crítico ou politraumatizado tem tendência a desenvolver insuficiência respiratória aguda e desequilíbrio ácido-básico. A insuficiência respiratória aguda, desencadeada insidiosamente com poucos sinais, é capaz de provocar distúrbios nos órgãos vitais, exigindo percepção aguçada da equipe que permanece ao lado do paciente. Clinicamente, pode-se suspeitar de hipoxemia na presença de agitação, taquicardia, taquipneia, sudorese ou cianose. O sistema respiratório alveolar é composto de alvéolos capilares e revestimento alveolar, onde estão presentes as células pneumócitos tipo I, ocupando 97% da superfície alveolar, que são responsáveis pelo transporte de gás. As células pneumócitos tipo II revestem 3% da superfície restante. Carregam a substância surfactante que tem a função de impedir o colabamento alveolar por ocasião da expiração. Há dois tipos principais de alterações respiratórias agudas no queimado: lesões por gases tóxicos e superaquecidos e insuficiência respiratória póstraumática. A inalação de substâncias aquecidas como ar quente, principalmente o vapor d’água, é capaz de produzir sérios danos à integridade do revestimento da árvore respiratória, podendo chegar até os alvéolos no caso do vapor d’água. Em geral, as queimaduras térmicas do aparelho respiratório limitam-se às vias aéreas superiores, podendo provocar o aparecimento de edema capaz de obstruir parcial ou totalmente as vias aéreas. A inalação de gases nocivos como a fumaça resultante da combustão de produtos tóxicos pode produzir alterações relacionadas coma fisiologia respiratória, dentre elas: Interrupção dos movimentos ciliares, prejudicando a remoção de resíduos nocivos do aparelho respiratório; Diminuição dos surfactantes, predispondo ao colapso alveolar; Lesão capilar-alveolar levando ao edema já discutido na fisiologia local das queimaduras; Obstrução das vias aéreas pelas rolhas de fuligem e outras. A inalação de fumaça geralmente contém altos índices de monóxido de carbono, um gás tóxico capaz de produzir hipóxia anêmica pelo fato de a hemoglobina apresentar uma afinidade de combinação de 200 a 300 vezes maior pelo monóxido de carbono do que pelo O², não ficando mais disponível para carrear O² até a sua reposição natural que ocorre em torno de 120 dias. Por conseguinte, a inalação de fumaça em ambiente fechado é uma ocorrência altamente letal por ser resultante da combustão de produto irritante, levando a hipóxia e asfixia. A insuficiência respiratória pós-traumática ou consolidação pulmonar progressiva, também chamada pulmão de choque, é uma forma de edema pulmonar que ocorre quando a integridade da membrana alvéolo-capilar pulmonar é rompida por combinação de diversas causas, geralmente não infecciosas. É uma alteração comum não só nos queimados, mas também em portadores de traumas em geral. O edema que ocorre na célula do endotélio leva à diminuição da complacência alveolar, interferindo diretamente no volume do ar movimentado nos alvéolos. O quadro poderá evoluir para o colapso alveolar, que é a fase culminante do processo. O colapso pulmonar poderá ocorrer pela diminuição dos surfactantes, pela complacência pulmonar ou por outras causas. Diversos fatores contribuem para a diminuição dos surfactantes, destacandose: O choque, que pode desencadear a hipofunção pulmonar e consequentemente a perda dos surfactantes; A toxidade por O², caracterizada pela dosagem excessiva de O² por longo período de tempo, principalmente através de respirador artificial, A toxemia por septicemia, produzindo lesão capilar alveolar. A alteração respiratória aguda específica do queimado é a obstrução das vias aéreas superiores decorrente do edema produzido por queimadura de face e pescoço. A limitação da expansão pulmonar, própria dos portadores de queimaduras extensas do tórax, é acentuada nas queimaduras circulares de 3.º grau, podendo ser indicada a escarotomia (incisão que vai relaxar as placas necróticas que circulam o tórax). A diminuição da complacência pulmonar também pode ocorrer por aplicação excessiva de líquidos por via endovenosa, decorrente da conduta terapêutica adotada, levando a hipervolemia, que pode evoluir para edema agudo do pulmão, principalmente após 48 horas de queimadura, quando o edema começa a ser absorvido. O conhecimento da fisiopatologia da insuficiência respiratória aguda permite detectar a gravidade da hipóxia e considerá-la como prioridade na conduta terapêutica do queimado. Insuficiência respiratória tardia O sistema respiratório do queimado é sede de inúmeras agressões que acompanham todo o processo da queimadura, desde a fase inicial até a recuperação total. Na fase tardia ocorrem várias complicações comuns no queimado, entre elas, pneumonia e broncopneumonia, embolia pulmonar e outros. Pneumonia e Broncopneumonia É um processo inflamatório do pulmão, geralmente causado por agentes infecciosos. Outros fatores contribuem, como agentes predisponentes desde a fase precoce, dentre eles a aspiração de conteúdo gástrico nas alterações de consciência, inalação de fumaça tóxica, imobilização no leito, dificuldade da expansibilidade pulmonar quando há queimadura circular do tórax, agravando- se nas de 3.º grau, diminuição da capacidade pulmonar de erradicar bactérias, como já descrito anteriormente. A própria queimadura infectada é uma fonte de infecção pulmonar. A desnutrição provocada pelo alto gasto energético no queimado produz fraqueza que interfere na expansão do tórax. Outro fator que favorece a infecção é a própria contaminação levada pelo instrumental usado na intubação, traqueostomia e aspirações de secreções. A pneumonia poderá evoluir para broncopneumonia, que é um processo inflamatório pneumônico dos brônquios e de todo o parênquima pulmonar adjacente. Embolia pulmonar Pode se originar na fase aguda, caracterizada pela destruição dos tecidos. A ação do calor sobre a pele ricamente vascularizada pode alterar o revestimento endotelial, podendo chegar até a coagulação intravascular. A destruição das hemácias, que põe em liberdade às hemoglobinas causando a hemoglobinemia, pode favorecer a formação de microtrombos. A tromboplastina liberada na destruição tissular em quantidades elevadas na corrente circulatória leva à trombose. Outras causas que desencadeiam o trombo-embolismo na fase tardia são a imobilização prolongada, a idade avançada, varizes de membros inferiores e alterações cardiovasculares. Toda condiçãoque reduz a velocidade do fluxo sanguíneo pode produzir um trombo e consequentemente embolia.
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