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Livro referência: DINÂMICA DE GRUPO - TEORIAS E SISTEMAS KURT LEWIN Nascido na Polônia no ano de 1890, Kurt Lewin foi um psicólogo alemão criador da Teoria de Campo. Quando Kurt Lewin morreu em 1947, ele já havia deixado aberta uma porta que daria lugar ao novo ramo da psicologia: a psicologia social. → Interessava-se em conhecer através das pesquisas com pequenos grupos os macrofenômenos sociais; Pesquisas: → Autocracia x Democracia (liderança) → Grupos democráticos: maior a originalidade dos indivíduos, o sentimento de “nós” e a cooperação entre seus membros; reuniam-se espontaneamente e por mais tempo. → Comportamento agressivo → Objetivo: conhecer o comportamento do grupo como um todo e de cada participante sob a influência de diversos tipos de liderança ou atmosfera grupal. → Liderança autocrática –> liberal: mais agressividade → Marco histórico para o nascimento da Dinâmica de grupo. (climas de grupo foram criados artificialmente e, não necessariamente, correspondem à realidade); → 1944: Lewin foi convidado para organizar e dirigir o primeiro centro de pesquisas em dinâmica de grupo no MIT (Massachusetts Institute of Technology). Morreu em 1947; → Desenvolvimento da dinâmica de grupo; → Campo de pesquisa (laboratório ou campo); → Objetivo: estabelecer a relação de causa e efeito entre os fenômenos grupais e poder predizer sob que condições tais comportamentos podem ocorrer. ANTECEDENTES HISTÓRICOS → Pós 2º Guerra Mundial → Psicologia Social Sociológica → Psicologia Social Psicológica O QUE É DINÂMICA DE GRUPO? Dinâmica -> palavra de origem grega que significa força. Trabalhar com dinâmica de grupo significa analisar as forças que operam em determinado grupo, seja entre grupos, seja entre grupo e meio, identificando qual sua origem, quais as condições que as modificam, quais suas consequências etc. → Campo de pesquisa dedicado ao conhecimento progressivo da natureza dos grupos, das leis e de seu desenvolvimento e de suas inter-relações com indivíduos, outros grupos e instituições mais amplas; → Acentuação da pesquisa empírica, teoricamente significativa; → Interesse pela dinâmica e pela interdependência e fenômenos; → Importância geral para todas as ciências sociais; → Aplicabilidade potencial dos resultados nas tentativas de aperfeiçoar o trabalho dos grupos e suas consequências nos indivíduos e na sociedade. CONTEXTO BRASILEIRO Antes do surgimento oficial da profissão de Psicólogo e dos primeiros cursos superiores já eram realizados cursos, seminários e conferências sobre Dinâmica de Grupo. Início da década de 1960: seminários de Dinâmica de Grupo e Psicodrama (Centro de Psicologia Aplicada – RJ). Atualmente: → Transformações sociais: revisões e transformações em razão do aumento da importância e da relevância social das pesquisas na área; → Concepção atual: “conjunto de técnicas, tais como o desempenho de papéis, discussões, observação e feedback de processos coletivos” / “campo de pesquisa dedicado a obter conhecimento a respeito da natureza dos grupos, das leis, de seu desenvolvimento e de suas inter- relações com os indivíduos, outros grupos e Abordagens teóricas subjacentes; → Psicodrama: Moreno (1984); → Teatro da espontaneidade: novos horizontes para o teatro, psicólogo, educador, sociólogo etc.; → “É uma experiência de grupo vivida para o grupo e pelo grupo”; → Aplica-se a dois contextos de atuação: clínico e escolar; → Movimento Humanista: Rogers e Maslow; → Grupos operativos: Pichon Rivière. PESQUISA - AÇÃO Lewin (1978) ao fundamentar esse método, conceitualmente destaca que a pesquisa-ação lida notadamente com dois tipos de problemas, considerados indissociáveis: o estudo amplo da sociedade e a análise da situação específica. O caráter peculiar da situação em estudo é determinado por uma análise científica dos fatos, denominada diagnóstico. O conhecimento aí produzido orienta à solução do problema através de uma ação planificada e conduzida pelo grupo. → Testar hipóteses; → Reformular teorias; → Analisar problemas de comunicação; → Verificar interações. Esse estudioso se refere à planificação nos seguintes termos: “o planejamento parte de algo assim como uma ideia geral. Por qualquer razão, parece conveniente atingir um determinado objetivo. Frequentemente, não fica muito clara a maneira de definir esse objetivo, e de como atingi-lo” (LEWIN, 1978, p. 219). Cabe a indagação: se não é claro onde queremos chegar? Como chegaremos lá? Pode-se entender que quando Lewin (1978) propõe que o planejamento parta de uma “ideia geral”, que, de início, nem sempre é muito clara, ele admite uma indefinição como guia inicial, estando está na direção de um processo de esclarecimento. Ao afirmar que o planejamento “parte de algo” que “não fica claro” de início, ele propõe partir da indefinição para a definição e, portanto, apresenta um método de construção. Assim o esclarecimento da demanda é uma exigência metodológica da pesquisa-ação. A clarificação de como atingir os objetivos é uma construção realizada, a partir do diagnóstico e através de um planejamento pelos envolvidos na pesquisa, coletivamente. TIPOS DE GRUPOS O Psicogrupo é o grupo de formação, um grupo estruturado, orientado e dirigido em função dos próprios membros que o constituem. O Sociogrupo é o grupo de tarefa, é o grupo organizado e orientado na execução de uma tarefa (MUNICCIN, 2012, p. 16). Na tentativa de compreender o comportamento grupal, ou de modificá-lo, é necessário conhecer: → A natureza dos grupos; → Seu funcionamento; → Relação indivíduo-grupo; → Relação grupo-sociedade. T-GROUPS Um grupo T ou grupo de treinamento (às vezes também referido como grupo de treinamento de sensibilidade, grupo de treinamento de relações humanas ou grupo de encontro) é uma forma de treinamento em grupo onde os participantes (normalmente entre oito e quinze pessoas) aprendem sobre si mesmos (e sobre pequenos grupos processos em geral) por meio de sua interação entre si. Eles usam feedback, resolução de problemas e dramatização de papéis para obter insights sobre si mesmos, outras pessoas e grupos. O conceito de encontro como "um encontro de dois, olho no olho, cara a cara", foi articulado por JL Moreno em Viena em 1914-15, em seu "Einladung zu einer Begegnung" ("Convite para um Encontro"), amadurecendo em sua terapia psicodramática. Foi criado em meados da década de 1940 pelo protegido de Moreno Kurt Lewin e seus colegas como um método de aprendizagem sobre o comportamento humano no que se tornou o National Training Laboratories (NTL). → 1946: Grupos de treinamento em relações humanas (grupos T) e da dinâmica de grupo. → Objetivo: ajudar líderes comunitários nos EUA a compreender e aplicar dispositivos legais referentes à igualdade de oportunidades de trabalho. Grupos de 10 membros que passaram a se reunir e a interagir por meio de discussão em grupo, role- playing e treinamento em soluções alternativas. → Vantagem: compartilhar com o grupo as observações e análises do que acontecia nos grupos, a fim de melhorar a relações humanas. Forças psicológicas e sociais que atuam no grupo: → Coesão; → Coerção; → Pressão social; → Atração; → Rejeição; → Resistência à mudança; → Interdependência; → Equilíbrio. GRUPO COMO FONTE DE INFLUÊNCIA SOBRE SEUS MEMBROS Princípio nº1: Para que o grupo seja usado eficazmente como instrumento de mudança, as pessoas que devem mudar e aquelas que devam exercer sua influência na mudança precisam ter sentimento intenso de pertencer ao grupo. Princípio nº2: O grupo será tão mais atraente para seus membros quanto maior for a influência que o grupo exerça sobre eles. Princípio nº3: Nas tentativas de mudar atitudes, valores ou comportamentos, quanto mais relevantes esses forem para o grupo, tantomaior será a influência que o grupo exercerá sobre eles. Princípio nº4: Quanto maior o prestígio de um membro do grupo aos olhos de outros membros, tanto maior a influência que ele pode exercer. Princípio nº 5: Os esforços para mudar indivíduos ou partes de um grupo que tenham por objetivo desviá-los das normas do grupo encontrarão forte resistência. Princípio nº 6: Podemos provocar forte pressão para mudança no grupo, criando em seus membros uma consciência comum da necessidade de mudança, de modo que a fonte de pressão venha a situarse dentro do grupo. Princípio nº7: As informações referentes à necessidade de mudar, os planos de mudança e as consequências da mudança, devem ser compartilhados por todas as pessoas importantes do grupo. Princípio nº 8: Mudanças numa das partes do grupo provocam tensões nas outras partes, que podem ser reduzidas somente pela eliminação da mudança ou por reajustes nas outras partes. GRUPO COMO AGENTE DE MUDANÇA O próprio grupo pode ser sozinho o agente de mudança, “dependendo de seu tipo de organização, das satisfações que dê a seus membros, do grau de clareza de suas finalidades e de muitos outros fatores” (CARTWRIGHT, 1951, p. 140). Como exemplo podemos pensar sindicatos, coletivos organizados etc. POR QUE AS PESSOAS FORMAM GRUPOS? Grupo são dois ou mais indivíduos, interdependentes e interativos, que se reúnem visando a atingir determinado objetivo. • Teoria da identidade social: As pessoas apresentam reações emocionais ao fracasso ou sucesso de seu grupo, porque a autoestima fica ligada ao desempenho dele. • As identidades sociais também ajudam as pessoas reduzir sua incerteza a respeito de quem são e do que devem fazer (ex. psi em discussão com outros setores da empresa). • Favoritismo intragrupo (lado negativo das identidades sociais): enxergamos os membros do nosso próprio grupo como pessoas melhores do que as outras, e os que não são membros como sendo todos iguais (estereotipagem). ESPAÇO VITAL PSICOLÓGICO OU CAMPO PSICOLÓGICO Conceito criado por Lewin e que define a totalidade de fatos que determinam o comportamento de um indivíduo num certo momento. A totalidade dos fatos também é denominado de situação, ou seja, a situação experienciada por uma pessoa influencia em seu comportamento. Comportamento, por sua vez, inclui ação, pensamento, desejo, busca, valorização, realização, ou qualquer espécie de evento mental. O comportamento é visto como resultado de fatores tanto externos quanto internos ao sujeito. Espaço vital é definido como psicológico porque não se trata de um espaço físico, e sim da mente da pessoa, como um espaço que têm lugar todos os fatos que influenciam o comportamento da pessoa em determinado momento, sejam eles conscientes ou inconscientes. Para influenciar um comportamento, não é preciso que um fato exista na realidade física, mas sim que exista na mente da pessoa. TEORIA DE CAMPO DE LEWIN Essa teoria defende que o comportamento humano é dependente de dois fatores: • O comportamento é derivado da totalidade dos fatos coexistentes; • Esses fatos e eventos apresentam um campo dinâmico de forças, nos quais fatos ou eventos têm uma inter-relação com os demais, influenciando e sendo influenciado por eles. O campo dinâmico é chamado campo psicológico, que é o espaço de vida que contém a pessoa e seu ambiente psicológico. Este campo psicológico é o que a pessoa interpreta a si e ao mundo externo. É o meio ambiente em que pessoas, objetos, situações podem ter valências diferentes, sendo valência positiva quando atraem e vão ao encontro das necessidades do indivíduo e sua satisfação e negativa quando podem ou sugerem causar algum dano ou prejuízo. A primeira atrai e a segunda causa repulsa, criando nessa situação uma força, um vetor. Um vetor tende a criar a “locomoção” em certa direção. O modelo de comportamento humano proposto pela teoria de campo pode ser representado pela equação: C= f (P,M) Onde (C) = comportamento é o resultado da função (f) interação entre a pessoa (P) e seu meio externo (M). (P) = a pessoa é representada pelas suas características genéticas, pela sua aprendizagem em contato com o meio. • Esta teoria explica por que um mesmo objeto pode ser visto e interpretado de modo diferente por cada pessoa. A partir dessa teoria podemos entender que o indivíduo se comporta de acordo com suas percepções e não de acordo com a realidade, ou seja, reage conforme àquilo que é confortável ou não com suas cognições. Princípios da Teoria do Campo de Kurt Lewin: • Existência psicológica; • Contemporaneidade; • Ambiente; • Interdependência das partes do espaço vital. Contemporaneidade: A seleção dos fatos que devem ser considerados parte do espaço vital obedece ao princípio da contemporaneidade, ou seja, o comportamento em determinado momento só pode ser influenciado pelos fatos que existem para o sujeito naquele momento, sejam estes conscientes ou não, reais ou não, ligados ao presente, passado (aprendizagem ou fatos que marcaram) ou futura (expectativas, planejamentos). “Por exemplo, se um trauma de infância de um homem existe para ele no momento (contemporaneidade) de um comportamento seu, ao estudar esse comportamento deve-se levar em consideração esse trauma. Por outro lado, se esse trauma já foi superado e não existe no momento do comportamento, ele não deve ser incluído no espaço vital” “(...) o comportamento é concebido como uma mudança em algum estado de seu campo (espaço de vida), e determinada unidade de tempo. Isto quer dizer que seu comportamento depende de você (como pessoa) e de seu espaço de vida. (...) o comportamento depende da pessoa e do meio onde ele está agora. Se o meio se instabiliza com um problema (...) isto também produz em você (pessoa) instabilidade” “Se você pertencer a um grupo de trabalho e verificar que um evento (ocorrência social) está perturbando o trabalho, especialmente por influência de um dos elementos, você poderá notar a formação de subgrupos e, em relação ao elemento, o levantamento de barreiras e distorções de comunicação”. CLASSIFICAÇÃO GERAL DOS GRUPOS: Grupos operativos: faz jus a quatro campos específicos (ensino- aprendizagem, institucionais, comunitários e terapêuticos); • Ensino aprendizagem: grupos de reflexão (aprender/aprender); • Institucionais: grupos em igrejas, sindicatos, escolas, empresas; • Comunitários: grupos de gestantes, pais, adolescentes, líderes da comunidade; • Terapêuticos: grupos de autoajuda que se formam espontaneamente entre pessoas com semelhanças entre si, alcoólicos, fumantes, neuróticos, etc. Grupos psicoterápicos: são grupos que necessariamente precisa ter um profissional da psicologia que tenha habilidade prática e teórica para conduzir o grupo. Dentre essas técnicas: a psicodramática, a teoria sistêmica, a corrente cognitiva- comportamental, e a psicanálise. A INFLUÊNCIA DA GESTALT NA COMPREENSÃO DA FORMAÇÃO DOS GRUPOS Assim, cada unidade social (grupo) possui características próprias. Essas características não são a soma das características de cada elemento do grupo, mas formam uma gestalt. A força de um grupo composto de personalidades fortes pode formar um grupo de gestalt fraca, ao passo que um grupo formado de personalidades fracas poderá formar uma unidade gestalt forte. CRIAÇÃO E MANUTENÇÃO DO GRUPO Quem é responsável por criar e reunir as pessoas para um grupo? • LÍDER: ajuda profissional serve como a razão de existência de um grupo. • GUARDIÃO: prevenir atritos entre os membros; prevenir abandono; priorizar coesão do grupo. Coesão grupal: integração; sensação de ser aceito; associa-se à adesão e frequência. (ex. tirar um membro do grupo; priorizar a sobrevivência do grupo do que demandas individuais). A CONSTRUÇÃO DA CULTURA Cultura do grupo: o que é? • Sistemasocial terapêutico • Código verbal de regras ou normas de comportamento que deve ser estabelecido para orientar a interação do grupo. Quais são as normas desejáveis? Quem as constrói? O grupo é o agente da mudança Ação mais indireta do terapeuta: deve preocupar-se em criar uma cultura grupal que conduza ao máximo interações efetivas no grupo. Normas do grupo x Normas sociais típicas: por que precisam ser diferentes? • Liberdade • Aceitação • Honestidade • Espontaneidade • Envolvimento INFLUÊNCIA DE UM INDIVÍDUO SOBRE O GRUPO E DO GRUPO SOBRE O INDIVÍDUO • O indivíduo tem seus objetivos pessoais; • Os objetivos do indivíduo e do grupo não precisam ser idênticos; • As divergências entre o grupo e os indivíduos não devem ultrapassar o limite da coesão, sobre o risco de rompimento; • Permanecer de acordo com os padrões do grupo confere uma valência positive ao indivíduo dentro do grupo.
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