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Lysa Laura Figueiredo Definição: lesão tecidual decorrente de trauma térmico, elétrico, químico ou radioativo. Paciente não morre pela queimadura, mas sim pelos processos que levam a queimadura. Causas: Térmicas: causadas por gases, líquidos ou sólidos quentes, mais comuns. Químicas: causadas por ácidos ou álcalis, podem ser graves; necessitam de um correto atendimento pré-hospitalar, pois o manejo inadequado pode agravar as lesões. Elétricas: geralmente as lesões internas, no trajeto da corrente elétrica através do organismo, são extensas, enquanto as lesões das áreas de entrada e saída da corrente elétrica na superfície cutânea, pequenas. Essa particularidade pode levar a erros na avaliação da queimadura, que costuma ser grave. Funções da pele: Barreira contra-micro-organismos, substâncias químicas e traumatismos; Síntese de vitamina D; 1ª linha de defesa do sistema imune; Regulação térmica; Função sensitiva (tátil e dolorosa). CLASSIFICAÇÃO: 1° GRAU OU SUPERFICIAL: só a epiderme é acometida, hiperemia (vermelhidão), DOLOROSA. Podem ser queimaduras por raios solares, normalmente não chegam à emergência. É feita a analgesia (remédio para dor) e hidratação da pele. Apresenta vermelhidão, dor, edema e descama em 4 a 6 dias (5 a 10 dias) não deixando cicatrizes residuais. A dor se resolve em 48-72 horas. Tratamento: colocar em água corrente. Isto ocorre devido a mecanismos como redução da liberação de histamina e supressão da produção de tromboxano. O uso de água gelada ou gelo não é recomendado uma vez que podem causar vasoconstrição e contribuir para a evolução da queimadura. Remédio para alívio da dor: paracetamol, ibuprofeno e ácido acetilsalicílico. Lidocaína ou gel com aloe vera para acalmar a pele e hidratação Lysa Laura Figueiredo 2° GRAU SUPERFICIAL: toda a epiderme e porção superficial da derme (papilar), são MUITO DOLOROSA. Apresentam superfície rosa, úmida e com presença de bolhas. As bolhas podem aparecer de 12-24 horas após o início da queimadura. Se não houver infecção a resolução ocorre em até 3 semanas. Tem bom resultado estético e não fica cicatriz. Tratamento: água corrente. Polimixina, sulfadiazina de prata a 1% ou bacitracina associada a neomicina podem ser aplicadas no local da queimadura com uma camada de gaze vaselinada não aderente estéril. Acima é aplicada uma gaze absorvente que serve para reter o exsudato. Analgesia para dor: ibuprofeno. Nesse caso, foi resfriada a pele para expandir a queimadura por pixe, o pixe foi tirado com vaselina. Ligar para centros especializados (CEATOX). 2° GRAU PROFUNDA: toda epiderme e derme (camada reticular), DOR MODERADA, apresenta pele seca com coloração rosa pálido. A cicatrização ocorre em 3-9 semanas, risco razoável de cicatrização hipertrófica principalmente em negros e crianças. 3° GRAU: toda derme e epiderme e parte da hipoderme (subcutâneo), a pele se apresenta pálida ou vermelho amarelada. A pele é firme semelhante ao couro com sensibilidade tátil e de pressão diminuídas. As lesões são secas, de cor esbranquiçada, com aspecto de couro, ou então pretas, de aspecto carbonizado. Geralmente não são dolorosas, porque destroem as terminações nervosas; as áreas nos bordos das lesões de terceiro grau podem apresentar queimaduras menos profundas. Lysa Laura Figueiredo Paciente vítima de politrauma. Os cortes são para aliviar a pressão (síndrome compartimental), as fasciotomias e escarotomias são para aliviar a pressão nos compartimentos. Apresenta pneumotórax com drenagem. Tratado com o ABCDE do trauma e para centro cirúrgico para ser feita a escarotomia. 4° GRAU: Podem envolver danos no tecido muscular sob o tecido subcutâneo. Tratamento 3º e 4º grau: Administração de profilaxia de tétano, úlcera do estresse e de heparina, limpeza com água e sabão ou clorexidina, Sulfadiazina de prata, desbridamento e escarotomia (quando há comprometimento do retorno venoso). Um homem de 54 anos foi resgatado de um quarto cheio de fumaça, numa casa em chamas. Está consciente, agitado e tossindo com expectoração carbonácea. Parece ter queimaduras extensas na cabeça e na metade superior do corpo. Quais são as prioridades no tratamento deste doente? Avaliar ABCDE: para parar o processo de queimadura. A: extensão e gravidade da queimadura das vias aéreas podem ser subestimadas na avaliação inicial, porque a obstrução das vias aéreas não se manifesta no momento, mas se desenvolve gradualmente à medida que aumenta o edema dos tecidos lesados. As vítimas podem necessitar de intubação orotraqueal. Sinais de alerta: queimaduras faciais, queimadura das sobrancelhas e vibrissas nasais, depósito de fuligem na orofaringe, faringe avermelhada e edemaciada. B: inalação de fumaça e a intoxicação por monóxido de carbono. O tratamento consiste na administração de oxigênio na maior concentração possível. C: perde fluidos através das áreas queimadas, devido à formação de edema. Isso pode levar a choque hipovolêmico (não- hemorrágico), que se desenvolve gradualmente. Os queimados graves necessitam de reposição de fluidos intravenosos, feita de acordo com o cálculo da extensão da queimadura. D: alterações da consciência podem ser devidas à hipóxia ou à intoxicação por monóxido de carbono, além de lesões associadas. E: retirar anéis, pulseiras, relógios ou quaisquer outros objetos da região atingida, porque o desenvolvimento do edema traz risco de estrangulamento do membro e consequente isquemia. Pré-hospitalar: considerar o paciente vítima de trauma. Em caso de incêndio, afastar a vítima das chamas. E também, intubação devido a posterior lesão de via aérea, por isso é feita a intubação precoce. Retirar a roupa, irrigar a área queimada com água, retirar joias, envolver o paciente em lençol (manta térmica para evitar hipotermia). Suspeita de lesão inalatória: queimadura em ambiente fechado com acometimento da face, presença de rouquidão, estridor, escarro carbonáceo, dispneia, queimadura das vibrissas, insuficiência respiratória. Manter a cabeceira elevada (30°). Intubação (indicação): Obstrução das vias aéreas (rouquidão, estridor, uso da musculatura acessória, retração esternal). SCQ (superfície corporal queimada): > 40% a 50%. Queimaduras faciais e intra oral profundas, edema significativo ou risco de edema e com dificuldade de engolir. Aspire as vias aéreas superiores, se necessário. Administre O2 a 100% (máscara umidificada) e, na suspeita de intoxicação por monóxido de carbono, mantenha a oxigenação por 3 horas. Lysa Laura Figueiredo Avalie se há queimaduras circulares no tórax, nos membros superiores e inferiores e verifique a perfusão distal e o aspecto circulatório (oximetria de pulso). Avalie traumas associados, doenças prévias ou outras incapacidades e adote providências imediatas. Exponha a área queimada. Acesso venoso: Obtenha preferencialmente acesso venoso periférico e calibroso, mesmo em área queimada, e somente na impossibilidade desta utilize acesso venoso central. Acesso venoso calibroso (JELCO é mais grosso para infundir grandes volumes, na periferia). Acesso venoso central (ponta do cateter fica na veia central - veia cava inferior ou superior), cateter longo - jugular ou femoral. Instale sonda vesical de demora para o controle da diurese nas queimaduras em área corporal superior a 20% em adultos e 10% em crianças. Avaliação da área queimada: Avaliar a gravidade da lesão, auxilia como prognóstico. Regra dos 9 de Wallace: É calculado no E (exposição). Lysa Laura Figueiredo Regra Lund Browder: Regra da palma da mão: Áreas nobres/queimaduras especiais: Olhos, orelhas, face, pescoço, mão, pé, região inguinal, grandes articulações (ombro, axila, cotovelo, punho, articulação coxofemoral, joelho e tornozelo) e órgãos genitais, bem como queimadurasprofundas que atinjam estruturas profundas como ossos, músculos, nervos e/ou vasos desvitalizados. As queimaduras de grandes articulações ocorrem a retração da articulação (no caso do paciente com queimadura de 4° grau, houve retração das mãos e das pernas). Cuidados: Hidratação (ressuscitação volêmica): Superfície corporal queimada (SCQ) > 20%. Lysa Laura Figueiredo Cálculo da Hidratação: Fórmula de Parkland = 2 a 4 (ml) x % SCQ (superfície corporal queimada) x peso (kg). 2 ml: queimadura química e térmica. 4 ml: só queimadura elétrica. O resultado será a quantidade de RINGER que deverá ser administrada: ½ nas primeiras 8 horas (50%); ½ nas próximas 16 horas (50%). Tratamento da dor: Para adultos: Dipirona: de 500 mg a 1 grama em injeção endovenosa (EV); Morfina: 1 ml (ou 10 mg) diluído em 9 ml de SF a 0,9% considerando-se que cada 1 ml é igual a 1 mg. Administre de 0,5 a 1 mg para cada 10 kg de peso. Para crianças: Dipirona: de 15 a 25 mg/kg em EV; Morfina: 10 mg diluída em 9 ml de SF a 0,9%, considerando-se que cada 1 ml é igual a 1 mg. Administre de 0,5 a 1 mg para cada 10 kg de peso. Hospitalar: Avaliar a necessidade de desbridamento; Curativos locais diários: proteger perda de calor, proteger a pele danificada, imobilização para manter a posição funcional. Avaliação da gravidade: Extensão/profundidade > 20% de SCQ em adultos; Extensão/profundidade > 10% de SCQ em crianças; Idade menor do que 3 anos ou maior do que 65 anos; Presença de lesão inalatória; Politrauma e doenças prévias associadas; Queimadura química; Trauma elétrica; Áreas nobres/especiais; Violência, maus-tratos, tentativa de autoextermínio (suicídio), entre outras. Lysa Laura Figueiredo Limpe a ferida com água e clorexidina degermante a 2% (se falta = usar a água e sabão neutro). Posicionamento: cabeceira elevada, pescoço em hiperextensão e MMSS elevados e abduzidos, se houver lesão em pilares auxiliares. Administre toxoide tetânico para profilaxia/reforço antitétano; Administre bloqueador receptor de H2 para profilaxia da úlcera de estresse; Administre heparina subcutânea para profilaxia TEV; Administre sulfadiazina de prata a 1% como antimicrobiano tópico; Curativo exposto na face e no períneo. Curativo oclusivo em 4 camadas: atadura de morim ou de tecido sintético (rayon) contendo o princípio ativo (sulfadiazina de prata a 1%), gaze absorvente/gaze de queimado, algodão hidrófilo e atadura de crepe. Antibiótico profilático: queimaduras potencialmente colonizadas e com sinais de infecção local ou sistêmica. Em outros casos, evite o uso. Evite o uso indiscriminado de corticosteroides por qualquer via (por que é um imunossupressor). QUEIMADURAS CIRCUNFERENCIAIS: Em tórax podem necessitar de escarotomia para melhorar a expansão da caixa torácica. Para escarotomia de MMSS e MMII, realize incisões mediais e laterais. Sendo necessário para evitar a síndrome compartimental e posteriormente a isquemia. Nessas queimaduras, avaliar a perfusão periférica para descartar síndrome compartimental. Aumento da pressão dentro do compartimento devido a diminuição da elasticidade da pele, diminuição do edema do tecido mole, redução ou ausência de pulso, dor maior que o esperado pelo estímulo, edema tenso do compartimento afetado e parestesia ou sensação alterada (devido a compressão do nervo e da circulação, levando a alterações nervosas como formigamento). Lysa Laura Figueiredo QUEIMADURA QUÍMICA: Exposição a ácidos, álcalis e produtos petrolíferos. Queimaduras ácidas: necrose de coagulação, que impede a penetração do ácido até certo ponto; Queimaduras alcalinas: mais graves que as ácidas, pois penetra mais profundamente no tecido; Remoção rápida do produto químico e imediata atenção ao tratamento de feridas. QUEIMADURA ELÉTRICA: Fonte de eletricidade faz contato com um paciente, e a corrente é transmitida através do corpo. Calor gerado resulta em lesão térmica no tecido. Necrose muscular profunda, trombose, lesão nervosa, contratura da extremidade afetada. Paciente que exige atenção. Identifique se o trauma foi por fonte de alta tensão e se houve passagem de corrente elétrica com ponto de entrada e saída. Avaliar os traumas associados (queda de altura e outros traumas), avalie se ocorreu perda de consciência ou parada cardiorrespiratória (PCR) no momento do acidente, avaliar extensão da lesão e a passagem da corrente. Monitorização cardíaca contínua por 24-48 horas e fazer a coleta de sangue para a dosagem de enzimas (CPK e CKMB), internação, avaliar eventual mioglobinúria e estimular o aumento da diurese com maior infusão de líquidos. Na passagem de corrente elétrica pela região do punho (abertura do túnel do carpo), avaliar o antebraço, braço e membros inferiores e verificar a necessidade de escarotomia com fasciotomoa em tais segmentos. Avaliar: VIA AÉREA + OXIGENAÇÃO + ACESSO VENOSO. Monitorização de ECG + SVD. Arritmias cardíacas e PCR. Rabdomiólise (liberação de mioglobina = IRA). Ressuscitação volêmica: 4 ml/kg/ % de SCQ. Diurese: 100 ml/h em adultos e 1-1,5 ml/kg/h em crianças com peso inferior a 30 kg. Sinais e sintomas de infecção em queimadura: Mudança na coloração da lesão, edema de bordas das feridas ou do segmento corpóreo afetado, aprofundamento das lesões, mudança de odor (cheiro fétido), descolamento precoce da escara seca e transformação em escara úmida, coloração hemorrágica sob a escara, celulite ao redor da lesão, vasculite no interior da lesão (pontos avermelhados), aumento ou modificação da queixa dolorosa. TRANSFERÊNCIA PARA CENTRO DE QUEIMADOS (QUEIMADURAS DE ESPESSURA PARCIAL OU TOTAL): > 10% ASC (área da superfície corpórea). Queimadura de qualquer tamanho que afete: face, olhos, orelhas, mãos, pés, genitália, períneo, pele sobre grandes articulações. Todas as queimaduras de espessura total (III grau) (qualquer idade). Queimaduras elétricas significativas, incluindo lesões por raio; Queimaduras químicas significativas; Lesão por inalação; Doenças preexistentes que possam complicar o tratamento ou a recuperação; Lesões associadas que possam necessitar de tratamento em Centro de Trauma, antes da transferência para Centro de Queimados. Lysa Laura Figueiredo 1° grau não entra na conta, NÃO SOMA. Apenas de 2° e 3° grau. Centro de queimados: ele seria transportado pois tem queimaduras de 3° grau, em áreas nobres e tem mais de 10% do corpo queimado, grandes articulações. Lysa Laura Figueiredo
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