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Marc Carolina Ferreira – -É uma doença respiratória que acomete cerca de 50% dos RN prematuros c/ peso de nascimento < que 1.500 g e em torno de 80% dos prematuros < 35 semanas. Resulta da imaturidade pulmonar pela deficiência e inatividade do surfactante, desenvolvimento pulmonar incompleto e complacência exagerada da caixa torácica. -Nova definição de Berlim: essa definição criou um critério de agudização do início da doença, reclassificou os critérios de oxigenação, incluiu valores de pressão expiratória final positiva (PEEP) mínima, redefiniu critérios de exclusão baseados na presença de edema hidrostático e reformulou os critérios radiológicos -Epidemiologia: a incidência da doença da membrana hialina é > em RNs de menos de 28 semanas de gestação, seguida de RNs entre 32 e 36 semanas. Também é + comum em RNs do sexo masculino, que sofreram asfixia ao nascimento e filhos de mãe diabéticas. -Fatores de risco: • o risco: prematuridade, asfixia perinatal, hipotermia, hipovolemia, DM materno, isoimunização Rh, parto cesárea, parto pélvico, inserção baixa de placenta, deslocamento prematura de placenta, 2º gemelar, sexo masculino, cor branca, multiparidade, baixo nível socioeconômico e assistência pré-natal insatisfatória • o risco: insuficiência placentária crônica, hemoglobinopatias maternas, hormônio tireoidiano, heroína, sofrimento fetal crônico e restrição do crescimento intrauterino -Etiologia: é bastante diversa e pode ser dividida em causas que ocasionam uma lesão pulmonar direta (broncopneumonia, aspiração de conteúdo gástrico, contusão pulmonar, embolia gordurosa) ou uma lesão pulmonar indireta (trauma grave, sepse, pancreatite, circulação extracorporea). A presença da disfunção de múltiplos órgãos é um preditor importante de óbito na SDRA -Fisiopatologia: o surfactante pulmonar uma substância lipoproteica que contém de 10 a 20% de proteínas e de 80 a 90% de lipídios. É produzido nos pneumócitos tipo II, e sua principal ação é a tensão superficial dos alvéolos da interface líquido-ar, a necessidade de grandes pressões p/ mantê-los abertos, principalmente na expiração, e manter a estabilidade alveolar. Ocorre ↓ surfactante e c/ isso ↑ tensão superficial intra-alveolar e gera a atelectasia. Lembrando que os níveis adequados de surfactante a partir de 35 semana -Sequência de eventos na falta ou na dos níveis de surfactante pulmonar: 1. da tensão superficial alveolar 2. Microatelectasias difusas 3. da complacência pulmonar e da capacidade residual funcional 4. Alteração da relação ventilação/perfusão(V/Q) 5. Shunt intrapulmonar 6. Hipoxemia 7. Hipoperfusão pulmonar 8. Extravasamento de plasma sanguíneo 9. Formação de fibrinas (membrana hialina) Patogênese: o dano alveolar difuso (DAD) é uma reação inespecífica do pulmão frente a vários agentes agressores. O denominador comum é a lesão endotelial e alveolar, gera um extravasamento de fluidos e células, progredindo p/ uma fibrose intersticial pulmonar. O dado patológico + característico da fase aguda do DAD é a presença de membrana hialina sobre a superfície interna dos alvéolos. A patogênese da SDRA envolve 3 fases: exsudativa/inflamatória, proliferativa e fibrótica. Na SDRA secundária, o trauma, o choque Marc Carolina Ferreira hemorrágico ou a sepse podem desencadear uma síndrome de resposta inflamatória sistêmica (SRIS) e ocasionar um da permeabilidade capilar que resulta em desativação do surfactante e, junto c/ o preenchimento alveolar, altera a mecânica alveolar, podendo ocasionar o colapso e a expansão repetitivos do alvéolo (RACE). A lesão tecidual pulmonar ocasionada pelo RACE pode ser exacerbada pelo desenvolvimento de [ ] que geram estresse entre os alvéolos preenchidos de ar e alvéolos que são colapsados ou preenchidos de edema. -Manifestações clínicas: a taquidispneia ocorre nos 1º minutos depois do nascimento, chega a um pico em 3 dias. O curso natural da doença na forma ñ tratada é caracterizado por piora progressiva da cianose e dispneia – tiragens intercostal, subcostal e de fúrcula, gemência, batimento de asa de nariz. A pressão sanguínea pode cair, c/ fadiga, cianose e/ou palidez e gemidos. Apneia e/ou respirações irregulares ocorrem conforme o RN se cansa e são sinais graves que requerem intervenção imediata. A melhora é observada c/ da diurese espontânea e < necessidade de O2. -Diagnóstico: o quadro clínico, a Rx de tórax e a gasometria arterial e os valores acidobásicos, ajudam a estabelecer o diagnóstico. O exame de radiografia pulmonar ñ é patognomônico, mas costuma mostrar as alterações causadas pelas microatelectasias: pouca expansão pulmonar, infiltrado micronodular difuso(deixa o pulmão branco) “em vidro moído” e broncogramas aéreos. -A evolução do desconforto respiratório pode ser quantificada pelo boletim de Silverman-Andersen -Diagnóstico diferencial: pneumonias congênitas, em especial pelo estreptococo do grupo B, taquipneia transitória, cardiopatias congênitas e malformações pulmonares. -Prevenção: o + importante é prevenir a prematuridade. A administração de betametasona 48 horas antes do parto de fetos entre 24 e 34 semanas, reduz de maneira significativa a incidência, a mortalidade e a morbidade. -Tratamento: surfactante na traqueia logo após o nascimento + suporte ventilatório→ esse suporte nem sempre precisa ser invasivo pode ser através da CPAP que se for iniciado precocemente em prematuros c/ risco de doença da membrana hialina, necessidade de suporte ventilatório invasivo -A administração da 1º dose do surfactante endotraqueal no prematuro sintomático, imediatamente após o nascimento ou durante as 1º horas de vida, reduz as perdas de ar (pneumotórax) e a mortalidade relacionada. Entretanto, ñ altera a incidência da broncodisplasia pulmonar Surfactante pulmonar: a instilação de surfactante exógeno pela via endotraqueal produz os melhores resultados, reduzindo a incidência de complicações pulmonares como pneumotórax, melhorando a morbidade e a mortalidade. Indicações de uso do surfactante: a) Paciente sob ventilação mecânica c/ FiO2 ≥ 40% e saturação < 90%, evoluindo c/ piora b) Quadros clínico e radiológico compatíveis c/ síndrome do desconforto respiratório; c) Primeiras 48 horas de vida, de preferência, primeiras 2 horas; d) Prematuros c/ menos de 28 semanas, na sala de parto – 1º dose profilática; e) Síndrome de aspiração meconial; f) Pneumonia, principalmente a causada por Streptococcus do grupo B; g) Hemorragia pulmonar; h) Dose de 100 a 200 mg/kg, inicialmente, podendo ser administrada 2º e 3º doses de 100 mg/kg, caso existam insuficiência respiratória progressiva e necessidades maiores de oxigênio e parâmetros ventilatórios elevados. É administrada intracânula por conector lateral, de preferência, c/ surfactantes de origem animal. Marc Carolina Ferreira -Tratamento da falência respiratória: tem que utilizar a ventilação mecânica. As medidas objetivas na falência respiratória são: pH < 7,20; pCO2 ≥ 60 mmHg e SatO2 < 90% (já em uso de CPAP c/ FIO2 40-70%) -Líquidos e calorias devem ser oferecidos pela via IV, mas devemos ter cuidado c/ o excesso de líquidos administrados ao RN, pois levam a uma descompensação que são: a persistência do canal arterial e a broncodisplasia pulmonar. -Deve-se, ainda: a) Aplicar surfactante na 1º hora; b) Suspender a dieta (sonda orogástrica aberta); c) Realizar hidratação venosa por 24 horas; d) Manter a temperatura corpórea próxima de 36,5 °C, jamais < 36 °C. -Caso a CPAP ñ seja capaz de proporcionar paO2> 50 mmHg, mesmo a FiO2 de 70 a 100%, será necessária a ventilação mecânica. As indicações p/ o uso da ventilação mecânica na doença da membrana hialina são: a) pH arterial < 7,25; b) pCO2 arterial > 65 mmHg; c) pO2 arterial < 50 mmHg, c/ [ ] de oxigênio > 60% e CPAP nasal de 8 a 10 cmH2O; d) Apneia persistente -Os objetivos da ventilação mecânica são melhorar a oxigenação e eliminar o gás carbônico, sem causar trauma pulmonar (barotrauma) ou toxicidade pelo oxigênio, por isso, a saturação de O2 deve ficar entre 91 e 95%. -Em virtude da dificuldade de distinguir uma infecção pelo Streptococcus do grupo B da doença da membrana hialina, antibióticos são sempre indicados, até que os resultados das hemoculturas estejam disponíveis. -Complicações: a broncodisplasia pulmonar, é uma doença pulmonar crônica, de etiologia multifatorial e complexa, que acomete, em geral, prematuros submetidos à oxigenoterapia e à ventilação mecânica nos primeiros dias de vida. Deve ser considerada em qualquer neonato que permaneça dependente de oxigênio em [ ] > 21% por um período de 28 ou + dias. -Broncodisplasia pulmonar: é a dependência de O2 após 36 semanas de IG após tratamento c/ O2 por, no mínimo, 28 dias. A vitamina A pode ser dada ao RN de muito baixo peso afim de o aparecimento da broncodisplasia pulmonar -Critérios diagnósticos p/ broncodisplasia pulmonar: Aspecto radiológico da broncodisplasia pulmonar -Caracaterísticas da broncodisplasia pulmonar: em vez de mostrar melhora no 3º ou no 4º dia, o que seria compatível c/ o curso natural da doença da membrana hialina, alguns lactentes que necessitam de oxigênio e ventilação mecânica mostram piora na sua condição pulmonar. O exame de Rx de tórax é descrito c/ apresentação de mudança gradual de um quadro de completa opacificação c/ aerobroncogramas e enfisema intersticial p/ o quadro em que são observadas pequenas áreas arredondadas, radiolucentes, alternando c/ áreas de densidade irregular, à semelhança de uma esponja. Marc Carolina Ferreira -Tratamento da broncodisplasia pulmonar: diuréticos (furosemida, hidroclorotiazida) + broncodilatadores+ profilaxia contra o vírus sincicial respiratório + suporte nutricional + restrição de líquidos +manutenção de oxigenação adequada. Os broncodilatadores têm uso controverso e podem a instabilidade das vias aéreas em crianças predispostas. A oxigenação adequada deve ser mantida c/ oximetria de pulso mostrando SatO2 entre 88 e 92% na fase aguda e entre 90 e 94% na fase crônica. Os pacientes frequentemente recebem alta em regime de oxigênio domiciliar e diuréticos. Marc Carolina Ferreira
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