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ERGONOMIA APLICADA UNIDADE 4 - AOL4

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ERGONOMIA APLICADA
NORMATIZAÇÃO E DESENHO UNIVERSAL
Marcello Silva e Santos
OLÁ!
Você está na unidade 4 da disciplina de Ergonomia Aplicada. Aqui você será apresentado (a) aos aspectos normativos do Projeto Ergonômico associado ao Design de Interiores, com ênfase nos requisitos de Acessibilidade (NBR 9050), no Design inclusivo e legislação e instruções normativas para atender aos Portadores de Necessidades Especiais (PNEs) ou as Pessoas com deficiência (PcD).  
Saberá, por exemplo, como atender adequadamente no projeto os requisitos e preceitos do chamado desenho universal (Universal Design) que nada mais é do que o design que objetiva a inclusão de todos usuários, independente de eventuais restrições de mobilidade.  Em resumo, você perceberá a importância dos critérios de projeto universal e dos parâmetros normativos para o resultado de um bom design.
Então, vamos?
1. Normatização e desenho universal na Ergonomia
A Ergonomia visa adequar os sistemas de trabalho às características das pessoas – e isso inclui todas elas. Nesse sentido, nenhuma adequação ergonômica é suficiente se não incorporar os conceitos de acessibilidade e nenhum projeto pode ser considerado ergonômico sem os elementos básicos do chamado universal design ou, simplesmente, desenho universal.
O desenho universal, conceito desenvolvido por pesquisadores Escola de Design da Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA), nada mais é do que projetar de forma universal, visando a inclusão de todos os usuários. E isso independe de eventuais limitações de sentidos e restrições de mobilidade permanente ou temporária de algumas pessoas. Por isso, o desenho universal também é conhecido por termos alternativos como design inclusivo e design para todos (STORY et al, 1998; PREISER, 2001).
1.1  A caracterização da pessoa com deficiência 
Para que a adaptação ao trabalho, à tarefa e aos dispositivos do sistema produtivo seja efetiva, confortável e segura, é importante conhecer primeiro as características da pessoa com deficiência e as suas reais necessidades. Da mesma forma, deve-se trabalhar no sentido de se adaptar o ambiente para propiciar uma melhor comunicação e relacionamento profissional da pessoa com limitações com os colegas de trabalho, colaborando na sua plena integração.
Deve-se, portanto, recorrer à legislação brasileira pertinente que estabelece a nomenclatura útil à sua compreensão e os parâmetros necessários para uma correta intervenção nos meios de produção e de vivência, adequando-os para as PcDs. A NBR 9050:04 apresenta duas definições importantes: uma para mobilidade reduzida e outra para deficiência. 
Segundo a normativa, mobilidade reduzida é
aquela que, temporária ou permanentemente, tem limitada sua capacidade de relacionar-se com o meio e de utilizá-lo. Entende-se por pessoa com mobilidade reduzida, a pessoa com deficiência, idosa, obesa, gestante entre outros (NBR 9050:04).
E, por sua vez, deficiência pode ser definida como a
redução, limitação ou inexistência das condições de percepção das características do ambiente ou de mobilidade e de utilização de edificações, espaço, mobiliário, equipamento urbano e elementos, em caráter temporário ou permanente (NBR 9050:04).
Já o Decreto 5.296/2004, que dá prioridade de atendimento às pessoas com deficiência ou com mobilidade reduzida e estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas, considera, no art. 5º, parágrafo 1º, inciso I, alínea a:
Deficiência física: alteração completa ou parcial de um ou mais segmentos do corpo humano, acarretando o comprometimento da função física, apresentando-se sob a forma de: paraplegia, paraparesia, monoplegia, monoparesia, tetraplegia, tetraparesia, triplegia, triparesia, hemiplegia, hemiparesia, ostomia, amputação ou ausência de membro, paralisia cerebral, nanismo, membros com deformidade congênita ou adquirida, exceto as deformidades estéticas e as que não produzam dificuldades para o desempenho de funções (BRASIL, 2004).
Sobre tal deficiência física, Gualberto (2011) lista os significados para cada uma delas. Veja:
· Paraplegia
Perda total das funções motoras dos membros inferiores.
· Paraparesia
Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores.
· Monoplegia
Perda total das funções motoras de um só membro (podendo ser membro superior ou membro inferior).
· Monoparesia
Perda parcial das funções motoras de um só membro (podendo ser membro superior ou membro inferior).
· Tetraplegia
Perda total das funções motoras dos membros inferiores e superiores.
· Tetraparesia
Perda parcial das funções motoras dos membros inferiores e superiores.
· Triplegia
Perda total das funções de três membros.
· Triparesia
Perda parcial das funções de três membros.
· Hemiplegia
Perda total das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo).
· Hemiparesia
Perda parcial das funções motoras de um hemisfério do corpo (direito ou esquerdo).
· Amputação
Perda total de um determinado segmento de um membro (superior ou inferior).
· Paralisia cerebral
Lesão de uma ou mais áreas do sistema nervoso central tendo como consequência alterações psicomotoras, podendo ou não causar deficiência mental.
O mesmo dispositivo do Decreto 5.296/2004 ainda continua a definir outros tipos de deficiências:
 
Deficiência auditiva: perda bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz;
Deficiência visual: cegueira, na qual a acuidade visual é igual ou menor que 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; a baixa visão, que significa acuidade visual entre 0,3 e 0,05 no melhor olho, com a melhor correção óptica; os casos nos quais a somatória da medida do campo visual em ambos os olhos for igual ou menor que 60o; ou a ocorrência simultânea de quaisquer das condições anteriores;
Deficiência mental: funcionamento intelectual significativamente inferior à média, com manifestação antes dos dezoito anos e limitações associadas a duas ou mais áreas de habilidades adaptativas, como comunicação, cuidado pessoal, habilidades pessoais, utilização dos recursos da comunidade, saúde e segurança,  habilidades acadêmicas, lazer e trabalho;
Deficiência múltipla: associação de duas ou mais deficiências (BRASIL, 2004).
Assim, uma deficiência é uma alteração da condição normal de funcionamento do sistema neuro-músculo-esqueletal da pessoa e se produz, podendo ser consequência de uma enfermidade, como uma má formação congênita, uma enfermidade adquirida, uma lesão acidental ou pelo próprio envelhecimento. Podendo essa perda ou anomalia pode ser temporária ou permanente.
Mas o que isso tem a ver com o Design? Em geral, quando projetamos, projetamos para outro, não para nós mesmos. Por isso, é importante conhecer as preferências, as necessidades e as limitações de nossos clientes. Além disso, como foi visto nas unidades anteriores, a Ergonomia é um requisito legal. Portanto, é obrigatório atender a todas as suas dimensões - que, conforme preconizado na NR 17, o atendimento aos critérios de conforto, segurança e desempenho eficiente.
1.2 Ação ergonômica, antropométrica e parametrização para a PcD
Como vimos em unidades anteriores, a ação ergonômica é um processo interativo, que busca adequar os sistemas a seus usuários. Isso, no entanto, quase nunca é um processo linear: ora parte da análise ergonômica em situação já consolidada, ora envolve uma intervenção via projeto. O mesmo vale para aplicação dos critérios antropométricos que visam a parametrização, ou a adaptabilidade dos dispositivos, mobiliário, ambientes às necessidades de diferentes usuários, incluindo aqueles com necessidades especiais. Portanto, para o designer que se preocupa com a inclusão, deve haver uma mudança nesse procedimento de avaliação da interface do indivíduo com seu posto de trabalho na realização de uma tarefa. Porque se tratando de uma pessoa com deficiência, o procedimento ergonômico será voltado para atender às capacidades funcionais residuais físicas e/ou mentaisdo indivíduo.
A capacidade funcional reduzida é aquela em que qualquer um (ou todos) dos subsistemas neuro-músculo-esqueletal (N-M-E), que respondem pelas ações de trabalho físicas e cognitivas, apresenta alguma disfunção, seja congênita ou adquirida ao longo da vida. Isso interfere diretamente nos processos da ergonomia clássica, que estuda o indivíduo com a sua capacidade funcional plena inserido dentro de uma condição de trabalho. Nesse sentido, ele é considerado pleno porque parte-se do princípio que esses subsistemas funcionam sem qualquer tipo de disfunção. Assim, quando essa disfunção existe, a capacidade de ação dos subsistemas (N-M-E), deixa de ser capacidade funcional plena e passa a ser capacidade funcional residual.
A capacidade funcional residual da pessoa com deficiência está disponível para a realização da tarefa, todavia ficam premidas pela exigência do conteúdo dessa tarefa, que se manifesta através dos gestos e do esforço postural, para alcançar, pegar e movimentar cargas manualmente.
Da mesma forma, existem as barreiras ambientais, como as arquitetônicas e as comportamentais que podem dificultar ou, até mesmo, impedir o sucesso da realização da tarefa. Tecnicamente, a barreira arquitetônica define-se como “qualquer elemento natural, instalado ou edificado que impeça a aproximação, transferência ou circulação no espaço, mobiliário ou equipamento urbano” (NBR 9050:2004), ao passo que a barreira comportamental corresponde ao preconceito e descriminação por parte das pessoas que compõem o coletivo de trabalho do qual a PcD faz parte. 
A ergonomia, nesse caso, tem por objetivo suprir o indivíduo com capacidade residual dos meios para a superação das barreiras ambientais e comportamentais e das exigências representadas pelo conteúdo da tarefa. Para tanto, deve garantir o sucesso na realização de toda e qualquer atividade, usando, para isso, os suportes da gestão e da tecnologia assistivas para que possa superar as pressões e desempenhá-la com sucesso, sem que haja comprometimento ou agravamento das sequelas do indivíduo em atenção.
A gestão assistiva é uma ação de apoio voltada para o desenvolvimento de habilidades (físicas e mentais) e de relacionamentos, treinando os membros do coletivo de trabalho e da organização como um todo, para a coexistência com as pessoas diferentes, sejam clientes ou colaboradores com deficiência. Já a tecnologia assistiva é
qualquer produto, instrumento, estratégia, serviço e prática, utilizado por pessoas com deficiência e pessoas idosas, especialmente produzido ou geralmente disponível para prevenir, compensar, aliviar ou neutralizar uma deficiência, incapacidade ou desvantagem e melhorar a autonomia e a qualidade de vida dos indivíduos (ISO 9999).
Os suportes da gestão e da tecnologia assistivas removem as barreiras, oferecem meios técnicos adaptados na forma de instrumentos variados e também intervêm no modus operandi de modo a adaptar a realização da tarefa ao indivíduo, alinhando-se assim à missão da ergonomia.
Assim, conforme já mencionado, a ação ergonômica não deve ser limitada a atuar apenas na tarefa a ser realizada, mas, sim, no espaço de trabalho como um todo. No caso da PcD, isso merece ainda mais atenção devido ao desafio permanente que se coloca para a pessoa com restrição de mobilidade ou de alguma outra natureza, que é de usar o espaço urbano no seu dia a dia, no desempenho das atividades da vida diária. Considerando que a “tarefa” é restrita ao espaço de trabalho, a vida diária é bem mais ampla, pois abrange todas as manifestações físicas e mentais do indivíduo, desde o acordar ao deitar, passando por escovar os dentes, trocar de roupa, pegar ônibus, se alimentar, ir ao WC, etc.
O que se coloca para a Ergonomia, a priori, não é apenas a produtividade e sim o sucesso ou o fracasso na realização de cada atividade que compõe o dia a dia da pessoa com deficiência, desde a mais simples até a mais complexa, tanto em conteúdo físico, como mental e psíquico. Portanto, o espaço de trabalho para a pessoa com deficiência deve ser percebido o tanto quanto é mais abrangente, pois começa no ônibus que a transporta até o local de trabalho, o estacionamento que deve ter área adequada para desembarque tanto do ônibus como do automóvel, nas calçadas que o levam do ponto de ônibus ou do estacionamento até a guarita da empresa, na própria guarita, que quase sempre tem uma roleta, como no ônibus, no arranjo físico no trabalho, no restaurante, nas condições de uso do vestiário e do sanitário.
A cidade e suas atividades não são projetadas para atender essa faixa significativa de pessoas. As práticas do dia-a-dia como andar pela cidade, trabalhar, estudar, praticar esporte, lazer podem parecer simples para a maioria das pessoas, mas não para os PCDs, que não conseguem fazer a maioria das atividades usuais diárias em função de inúmeros obstáculos físicos, sensoriais, sociais, que existem espalhados, os quais não são observados se não se tiver olhos mais aguçados. Uma pessoa, ao analisar seu dia e imaginar-se numa cadeira de rodas ou sem visão, por exemplo, poderá perceber que se não a totalidade, mas quase todas as tarefas e atividades básicas não poderiam ser feitas. Isso porque a cidade, espaços privados ou públicos, seguem um modelo padrão que não comporta essa realidade.
Em muitas cidades esse conceito vem se intensificando e já faz parte da realidade projetual. No Brasil, nas últimas décadas, o Poder Público vem atuando para incentivar o respeito à diversidade, são mudanças gradativas, mas que devem continuar não apenas no tocante ao respeito à legislação, mas fazer parte de um conceito de quem desenha a cidade como um todo. Segundo Maior (2012) “todas essas mudanças que ocorreram aqui estão sintonizadas com um movimento internacional de consolidação dos direitos desse contingente da população”. Com essa nova concepção é possível fazer com que essa parte possa usufruir cada vez mais do que a cidade oferece. Muitas mudanças precisam acontecer. As barreiras arquitetônicas são as mais visíveis. Mas existem barreiras cognitivas e sociais. Barreiras impostas em projetos não pensados de acordo com o desenho universal.
No início do século XX, a preocupação com a segurança do trabalho nas fábricas aumentou consideravelmente. Porém, as primeiras peças legislativas não visavam proteger exatamente o trabalhador, mas sim as crianças. O Factory Act, cuja primeira versão consolidada foi promulgada em 1833, tinha como objetivo proteger os pequenos, que, naquela época, começavam a trabalhar muito cedo nas fábricas. Com o passar do tempo, a legislação passou a ter como foco o trabalhador de qualquer faixa etária, enquanto o trabalho infantil foi sendo extinto, ao menos no mundo mais civilizado.
De forma análoga, a luta - e posterior legislação - voltada ao atendimento das necessidades específicas das PcDs, termo oficial, adotado na Convenção dos Direitos das Pessoas Com Deficiência das Nações Unidas em 13 de dezembro de 2006, também se originou a partir da preocupação com um contexto diverso da busca pela inclusão no design.  Em outras palavras, assim como no caso da evolução da legislação trabalhista, o conceito de acessibilidade e a legislação inclusiva que surge na esteira do Desenho Universal, inicia por uma motivação diversa daquela associada ao público alvo. 
De fato, em virtude do grande número de mutilados após a Guerra do Vietnam, iniciou-se nos Estados Unidos um movimento para permitir uma vida mais plena aos veteranos de guerra, o que culminou numa legislação inclusiva voltada à acessibilidade que, posteriormente, espalhou-se pelo resto do mundo.
No Brasil, essa população é protegida, especialmente, pela NBR 9050, que trata da acessibilidade, quando o assunto é desenho universal. Mas existem, também, outras instruções normativas e legislações dentro do arcabouço jurídico. Entretanto, é preciso ir além das limitações permanentes para compreender a dimensão do alcance do tema.  
1.3 Acessibilidade: conceitos e adequação normativa
O design universal pode ser consideradouma forma de design acessível. De fato, o termo design acessível (accessible design) antecede o Desenho Universal, pois foi cunhado durante o processo de regulamentação de códigos de obras nos Estados Unidos. O Centro para Habitação Acessível (Center for Accessible Housing) definiu em 1991 como Design Acessível a concepção de elementos e sistemas que incorporam funções e dispositivos específicos para as PcDs. Exemplos de Design Acessível   incluem rampas, tubos de apoio em alumínio instalados em sanitários públicos (ou inteiros sanitários exclusivos para as PcDs, avisos em Braile, pisos táteis e etc.
Essas soluções, além do estigma que carregam são custosas, muitas vezes introduzidas ao fim do processo de concepção ou até durante a construção. Aliás, ao serem introduzidas posteriormente, as funcionalidades do design acessível reforçam a incapacidade do designer em lidar com a questão da acessibilidade, refletindo uma falha no processo de concepção. Pior ainda, ao entrarem atrasado no design as soluções acessíveis denotam desprezo com as PcDs, que só foram contempladas no projeto devido a obrigações legais. Enfim, o universal design é sempre um design acessível, mas porque integra a acessibilidade desde a ideia inicial do produto ou ambiente, ele sempre parecerá natural e não indesejavelmente evidente.
Conforme já mencionado, a evolução do conceito e a adesão da população aos princípios de acessibilidade está muito ligado aos veteranos de guerra estadunidenses. Foi por pressão do Veteran’s Administration Office, órgão dos EUA com status de ministério e responsável pela administração de hospitais e das pensões de veteranos, que o poder público se viu forçado a passar legislações inclusivas, como a Lei das Barreiras Arquitetônicas (Architectural Barriers Act), promulgada em 1968 e que inaugurou a preocupação com a questão da acessibilidade na arquitetura. Com a lei, os códigos de obras passaram a incorporar exigências de facilidade de acesso e utilização de prédios, calçadas, elevadores, etc. Algum tempo mais tarde, em 1990, o governo dos EUA assinou o Americans with Disabilities Act (Legislação dos Americanos com Deficiência), que realmente abre caminho para as políticas inclusivas no design e para o próprio universal design. Na sequência, em 1994, a ISO (International Standardization Office) lança sua Norma ISO 9427, que dispõe sobre as condições básicas para o atendimento das necessidades de pessoas com deficiência na Construção de Edifícios. Essa norma foi atualizada e substituída pela ISO 21542 em 2011.
No Brasil, até a redação da NBR 9050: 2004 - que trata da acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos - a aplicação de regras de ajuste e adaptação de mobiliários, sistemas e edificações às necessidades de pessoas com limitações de movimentos ou sentidos dependia da boa vontade, ou do bom coração, de engenheiros, arquitetos e designers no plano técnico, e de políticos e administradores públicos na esfera governamental. Por conta dessa segregação forçada, as Pessoas com Deficiência (PcD), pareciam ser bem menos que os dados estatísticos mostravam, restritas em suas casas, na mendicância, na invisibilidade que o sistema oferecia.
Ainda que não existisse uma lei federal dura contra o descumprimento dos termos gerais das leis 10.098/00 , 10.098/00 e do Decreto nº 5.296/04, que regulamenta essas duas leis com normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, o respeito aos parâmetros de Design inclusivo e as condições mínimas de enquadramento de projeto às necessidades das PcD foi conquistando adesão passo a passo, mesmo no setor empresarial que mais foi afetado por essa verdadeira transformação social.
Em outras palavras, a legislação demorou a funcionar, exigindo outras iniciativas: 
Envolvimento de setores da sociedade interessados no tema, que tenham força para pressionar os poderes legislativos nos seus diferentes níveis (municipal, estadual e federal).
Expansão da rede de entidades de proteção aos direitos das pessoas com deficiência (atualmente em número de 17), que, juntas, ajudam na divulgação de eventos e na pressão popular.
Introdução do Decreto 6.949/2009, que promulgou a Convenção Internacional sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência, assinado na ONU em 2007, com status de norma de hierarquia constitucional, para proteção dos direitos da pessoa com deficiência ou com mobilidade reduzida.
Há de se reforçar o caráter pioneiro da normatização técnica enquanto motor da aceitação dos conceitos e princípios de acessibilidade e inclusão. A NBR 9050:04 teve um papel fundamental no processo da conscientização para o Desenho Inclusivo, especialmente após as primeiras legislações municipais – códigos de obras – passarem a exigir o respeito às suas diretrizes e critérios de adequação. Assim, se por um lado o processo pode ser considerado ainda lento, é importante notar que ele não tem sido atenuado, já que cada vez mais municípios aderem à acessibilidade e incorporam o tema nas revisões de seus respectivos códigos de obras. O que se observa é que as capitais tendem a acompanhar mais rapidamente as mudanças na legislação federal, enquanto as cidades menores levam mais tempo para fazer o ajuste. 
Figura 1 - O esportista em cadeira de rodasFonte: Radu Razvan, Shutterstock (2020).
#PraCegoVer: A imagem mostra um atleta em uma cadeira de rodas jogando pingue-pongue, reforçando os aspectos de inclusão e conquista de espaço pelas pessoas com deficiência. 
Diferentemente dos EUA, o contexto histórico e social não teve influência marcante na evolução da adoção de legislação mais inclusiva no Brasil. As primeiras peças legislativas não foram imediatamente regulamentadas, o que também provocou algum atraso na implementação de legislação específica voltada à acessibilidade, quando comparado com o restante do mundo. A evolução da normatização e conscientização acerca da acessibilidade e, consequentemente, o avanço do pensamento inclusivo no design brasileiro pode ser observada a partir da listagem de normas e disposições legais listadas a seguir: 
Quadro 1 - A evolução das leis envolvendo as PCDs no BrasilFonte: Elaborado pelo autor (2020).
#PraCegoVer: A tabela enumera diversas leis brasileiras que, ao longo dos anos, passaram a proteger a pessoa com deficiência no país.
Note-se que, de forma proposital, a mais importante peça legislativa a tratar da questão da inclusão ficou de fora: a Constituição Federal de 1988. De acordo com o art. 5 da referida norma, todos são iguais perante a lei. Mesmo assim, um estado com uma diversidade sociocultural tão grande, precisa, também, criar leis específicas para garantir aos cidadãos menos favorecidos direitos iguais aos demais. Pensando-se inicialmente numa reparação histórica, as ações afirmativas foram criadas pelo Estado Brasileiro de forma a trazer maior inclusão aos negros. Atualmente, as PcDs também são alcançadas por cotas e outras estratégias de inclusão, em consonância, portanto, com iniciativas análogas que ocorrem ao redor do planeta. 
2. Conceitos em acessibilidade e desenho universal 
A acessibilidade e o resultado materializado de suas prerrogativas são conceitos relacionados a quem deveria ter direitos básicos como qualquer ser humano. O direito ao acesso, ao uso de bens públicos, a transposição de obstáculos e o livre caminhar pelas ruas são tão importantes como o direito de respirar, o que remete naturalmente à ideia de inclusão social. 
De fato, a Declaração Universal dos Direitos Humanos da ONU, documento ratificado por todos os Estados Membros e em vigor desde 1948, estabelece respectivamente o direito à livre locomoção e a garantia de que nenhum grupo social será deixado de fora.  
Levando-se em conta as necessidades psicofisiológicas das PCDs, existem requisitos mínimos de projeto que se fazem necessários para ajudar na integração social dos indivíduos com algum tipo de restrição motora ou de sentidos: 
	
	A supressão das barreirasarquitetônicas em edifícios, vias, parques, praias, espaços públicos e de design de produtos e equipamentos como mobiliário urbano, terminais, sanitários, etc.;
	
	O compromisso com o Desenho Universal na hora de se projetar novos produtos e na concepção arquitetônica;
	
	A eliminação das barreiras de comunicação garantindo-se o acesso aos dados e a informação ao público;
	
	A criação de espaços e mecanismos de participação social das PCDs em todos os níveis da vida coletiva;
	
	A normalização e adaptação progressiva dos serviços e espaços públicos;
	
	A adaptação progressiva da rede de transporte coletivo na área urbana e rural.
É possível constatar, portanto, que o desenho universal pode ser usado como uma ferramenta de ação projetual que auxilia a integração dos princípios de inclusão e das regras de acessibilidade nos programas de necessidades dos diferentes projetos. A ideia dessa ferramenta inclusiva parte de sete princípios que podem ser usados para avaliar projetos já existentes e também orientar o surgimento novos (CAMBIAGHI, 2007).
Veja:
1. Equiparação nas possibilidades de uso;
2. Flexibilidade no uso;
3. Uso simples e intuitivo;
4. Informação perceptível;
5. Tolerância ao erro;
6. Mínimo esforço físico;
7. Dimensionamento de espaços para acesso e uso de todos os usuários.
Entre os sete princípios, todos devem estar incorporados ao projeto para que não haja prejuízo de qualquer espécie. Se um ambiente seguir cuidadosamente seis dessas diretrizes, mas falhar uma (a de número 4), por exemplo, uma pessoa cega já perceberia os efeitos: não conseguiria nem mesmo chegar ao local sem uma sinalização em Braile.
Por isso, produtos e ambientes construídos precisam ser desenvolvidos, de modo efetivo, para a maior gama possível de usuários. É fundamental, portanto, que ocorra uma intervenção ergonômica, de forma a conhecer e transformar as atividades desempenhadas pelas pessoas com capacidade reduzida, física e/ou mental, se essa for a necessidade.
É importante para as PCD que o espaço urbano seja amigável e capaz não apenas de garantir a livre locomoção da casa para o trabalho, como também ampliar as suas possibilidades de ação.
Além disso, é fundamental que indivíduo sinta prazer na utilização de produtos e serviços públicos e, ainda, no espaço de trabalho que ele ocupa. E é nesse contexto que o ergonomista ou o designer irão atuar, considerando as necessidades do trabalhador e do seu ambiente, construído ou não.
Como será apresentado a seguir, talvez a mais importante característica do desenho universal deveria seja discrição das soluções de design. Tudo que a pessoa com alguma limitação quer é que sua deficiência não atraia sentimentos “piegas” por parte das outras pessoas. Assim, não faz sentido que um piso tátil, por exemplo, tenha uma cor viva, destacando-se do restante do calçamento, até porque, no caso dos usuários desse tipo de recurso, a cor é um elemento totalmente dispensável.
2.1 A ergonomia e a pessoa com deficiência
O papel da ergonomia é adaptar o trabalho à pessoa que vai executá-lo com foco na variabilidade latente ao trabalho e na diversidade do ser humano. Os parâmetros devem ser pensados não só com base em um modelo padrão pré-estabelecido. Valores antropométricos rígidos não permitem flexibilidade ideal na execução de projetos que possam atender a diversidade de usuários. À essa diversidade humana deve-se acrescentar uma parcela significativa das pessoas que têm uma particularidade fundamental. São as pessoas com deficiência, que estatisticamente correspondem a cerca de 24% da população, segundo dados mais recentes da UNESCO.
Porém, ainda que a realidade desse número permita questionamentos, nem mesmo um censo deveria ser determinante para qualquer relativização. Afinal, as PCDs que devem ser contempladas pelo design seriam as usualmente considerada portadoras de limitações, como cegos, surdos, cadeirantes, usuários de muletas, surdos, indivíduos com deficiência mental, anões, obesos mórbidos? Por que não considerar um percentual para estender essa cobertura aos idosos, crianças, mulheres grávidas, acidentados, enfim, todos que tenham, temporariamente ou não, alguma restrição de movimento ou limitação eventual?
Enfim, por essas e por outras, quando se procura adaptar o trabalho a situação especifica de um trabalhador os desafios aumentam. Isso acontece devido as ações e reações do sistema neuro-músculo-esqueletal (N-M-E) em relação às demandas apresentadas ao ser humano na situação de trabalho. Quando o indivíduo apresenta uma disfunção em qualquer um desses subsistemas, podendo ser de forma isolada ou combinada, ele ou ela terá dificuldade em responder a demanda apresentada pela tarefa.
Assim, na linguagem ergonômica, uma deficiência seria uma disfunção em qualquer um dos subsistemas neuro-músculo-esqueletal (N-M-E), resultando na incapacidade do indivíduo responder a uma demanda nas mesmas condições que uma pessoa que não apresente essa disfunção seria capaz de fazer. O que deve ser enfatizado, porém, é que todo indivíduo que apresenta deficiência pode realizar tarefas, desde que, condições adequadas lhe sejam oferecidas por meio de uma intervenção ergonômica no ambiente de trabalho (GUALBERTO, 2011).
Figura 2 - Componentes do sistema neuro-músculo-esqueletalFonte: GUALBERTO, 2011, p.397.
#PraCegoVer: A figura mostra três dimensões do corpo humano, uma mostrando o sistema nervoso, outra os músculos e, por último, o esqueleto, que, juntas formam o chamado subsistemas neuro-músculo-esqueletal.
De acordo com a OIT (1997), os principais objetivos da adaptação dos postos de trabalho às Pessoas com Deficiência (PCDs) são:
-CRIAR CONDIÇÕES SEGURAS DE TRABALHO DE FORMA QUE UMA PESSOA INCAPACITADA NÃO COLOQUE EM RISCO A SI MESMO OU AOS OUTROS.
-PREVENIR E EVITAR DESVANTAGENS OCUPACIONAIS.
-EVITAR O AGRAVAMENTO DA INCAPACITAÇÃO OU DA DEFICIÊNCIA EXISTENTE.
De fato, a possibilidade de trabalho para uma pessoa com deficiência deve ser garantida, não apenas por obrigatoriedade de cumprimento de cotas, mas por uma questão social.
Medidas projetuais adequadas beneficiam o trabalhador e, consequentemente, a organização. A ergonomia, juntamente com arquitetura e design, tem, nesse sentido, um papel fundamental nos ajustes que permitam a correta e possível utilização de espaços e equipamentos. Segundo Gualberto (apud VELASCO, 2012, p.47), “o que se coloca para a Ergonomia, a priori, não é apenas a produtividade e sim o sucesso ou o fracasso na realização de cada atividade que compõe o dia a dia da pessoa com deficiência, desde a mais simples a mais complexa, tanto em conteúdo físico, como mental e psíquico”.
A necessidade de se transformar o trabalho, tornando-o acessível, engloba todo um contexto que envolve a vida do trabalhador PCD, do seu local de moradia até o posto em que trabalha. Não basta isolar o local em que executa a atividade laboral, mas a condição de locomoção, os acessos, os espaços de uso comum, banheiros, etc, também precisam ser levados em consideração. Junte-se a isso a necessidade de escolher a pessoa adequada para determinadas atividades e o empenho da organização em capacitar o funcionário para retê-lo na atividade. Para Pastore (2000 apud Carneiro 2003) “estas pessoas possuem uma larga gama de outras capacidades, pois, no campo do trabalho, a deficiência é muito mais determinada pela ausência de uma arquitetura adequada do que pela presença de uma limitação pessoal”.
Segundo dados da ONU (2017) apresentados pelo IBGE (2018), 10% da população tem alguma deficiência, mas, em estudos americanos, esse número chega a 20%. Ainda segundo o IBGE, considera-se como indicador de políticas públicas o valor em torno de 12,5%. No último censo (2010) esse número aumentou para 23,9% (cerca de 45,6 milhões de pessoas) com alguma deficiência. Destes 18,8% com deficiência visual (35 milhões), a maior em número de pessoas.
No Brasil apenas 2% das pessoas com deficiência estão no mercado de trabalho formal. São pessoas que se inseridas aumentam o número de contribuintes e diminuemencargos previdenciários e assistenciais. Logo, é mais do que uma caridade, e sim um investimento vantajoso financeiro e social, porém, ainda que seja crescente o número de trabalhadores PCD inseridos no mercado formal, evidentemente ainda há muito a ser feito para que isso deixe de ser uma exigência, tornando-se um princípio humano, uma realidade natural (IBGE, 2018).
A aplicação da ergonomia às PCDs apresenta dificuldades específicas por diversos fatores, incluindo questões relacionadas a metodologia, que impossibilita uma avaliação precisa das necessidades da pessoa portadora de deficiência. Isso porque indivíduos com deficiências semelhantes podem ter necessidades diferentes, da mesma forma que pessoas com diferentes diagnósticos podem ter necessidades iguais (GARCIA & BURGOS,1994). E uma preocupação básica de quem vai gerenciar a produção, deve ser no sentido de que a tarefa juntamente com o posto de trabalho não contribua para ampliar a sequela da pessoa com deficiência.
No Brasil, a Lei n.º 8.213/1991 determina que a empresa com mais de 100 empregados deve ter de 2% a 5% de pessoas portadoras de deficiência no seu quadro de funcionários. E essa quantidade aumenta proporcionalmente, conforme segue:
Figura 3 - PCDs nas empresasFonte: BRASIL, 1991 (Adaptado).
#PraCegoVer: A tabela está dividida em duas colunas e mostra a quantidade de pessoas com deficiência que as empresas precisam, obrigatoriamente, contratar, conforme o número de funcionários que ela possui.
Diante de uma exigência legal as empresas brasileiras precisam se preparar para receber em seus quadros trabalhadores que são pessoas com deficiência (PCD).  É fundamental para que o Engenheiro de Produção verifique se a tarefa atribuída a PCD é compatível com a sua deficiência e quais são as adaptações necessárias ao posto de trabalho para que o indivíduo possa executar sua tarefa de modo a atender a uma programação de produção.
Essa adaptação pode ser uma mesa de apoio, um assento sobre rodas que facilite a sua movimentação mesmo sentada, ou a adaptação de uma ferramenta de modo a facilitar o seu uso, como é feito com os talhares para serem usados por pessoas com mobilidade reduzida nos membros superiores, mostrado na figura a seguir.                         
3. O papel do desenho universal na qualidade do design 
As pesquisas pioneiras realizadas pela Escola de Design, da Universidade do Estado da Carolina do Norte (EUA) sobre o termo universal design transcendem o plano técnico e projetual, e remete aos aspectos comportamentais humanos. É preciso enxergar a inclusão como uma necessidade básica de qualquer pessoa que conviva em sociedade, não apenas nas chamadas Pessoas com Deficiência, ou PcD. De fato, alguns experimentos bem conhecidos, de natureza científica ou para divulgação jornalística em programas de TV mostraram que ao assumirem uma posição limitante, as pessoas ditas normais se surpreendem com a dimensão do desafio que envolve fazer uma manobra numa cadeira de roda num canto de um corredor que não respeitou o módulo de acessibilidade no projeto (o que é bastante comum em edificações mais antigas). 
3.1 Evolução do design: ergodesign, ecodesign e design universal 
O termo universal design, cunhado pelo arquiteto americano Ronald Mace, que fazia parte da equipe de pesquisadores da Escola de Design da Universidade de Carolina do Norte, tem sido usado desde os anos 1970. Ele próprio deficiente, Mace se envolveu na defesa da incorporação da acessibilidade no projeto de edifícios e teve papel preponderante, devido a sua influência enquanto professor da Universidade do Estado da Carolina do Norte (NCSU), na adoção do chamado Chapter 11X, o primeiro código de construção focado na acessibilidade, adotado nos Estados Unidos em 1973, na Carolina do Norte.
Além disso, em 1963, Selwyn Goldsmith, havia escrito o livro Designing for the disabled, se tornando pioneiro no conceito de acesso livre para pessoas com deficiência. Atualmente, existe uma crescente conscientização em muitos países da importância do desenho universal entre educadores e profissionais de design, a fim de satisfazer as necessidades dos usuários com algum tipo de limitação. Os programas de design de interiores devem considerar os princípios do Desenho Universal como base para seus projetos de design, a fim de melhorar a função e, por que não dizer, a qualidade dos interiores. Isso porque inclusão hoje é um atributo de qualidade no Design, tão importante quanto um tecido que não desbota, empunhadura que não escorre da mão, ou um detalhe estético agradável.
O Design Universal é definido como "uma abordagem para criar ambientes e produtos que sejam utilizáveis ​​por todas as pessoas na maior amplitude possível" (MACE et al, 1991, p. 156). Como já falamos, existem sete princípios do Desenho Universal e trata-se, principalmente, de uma estratégia de inclusão, ou “a melhor maneira de integrar o acesso de todos em qualquer esforço para servir bem as pessoas em qualquer campo” (STORY et al, 1998, p. 127). Embora o Desenho Universal não seja um termo recente, ele ainda não tem um alcance global, como em alguns lugares na Europa. De fato, os termos "design para todos" ou "design inclusivo" são preferidos na Europa.  
O ecodesign - abreviação de design ecológico - está diretamente associado à ideia de desenvolvimento sustentável, desenvolvendo-se na esteira da sustentabilidade e dos impactos do desenvolvimento humano para o planeta. Em essência, qualquer forma de design que minimize os impactos destrutivos ao meio ambiente, emulando e integrando-se aos ecossistemas naturais pode ser chamada de design ecológico. Como tal, o design ecológico busca fornecer uma estrutura para um sistema ambientalmente adequado de design, incorporando valores antropogênicos e ecológicos, em escalas espaciais e temporais relevantes (PENSAMENTO VERDE, 2020).
Figura 4 - O ecodesign no ambienteFonte: Zastolskiy Victor, Shuttertock (2020).
#PraCegoVer: A figura mostra a parte interna de uma casa e a sua sala de estar com uma árvore plantada bem ao centro e, inclusive, com uma abertura no teto para que ela possa se desenvolver e receber a luz do sol. 
O conceito de design ecológico envolve ainda vários aspectos fundamentais que devem ser incorporados de forma integrada ao design. Um deles é exatamente o propósito de se atender às necessidades inerentes aos seres humanos e que envolvem o uso de recursos naturais como fontes de alimentos, materiais, produtos manufaturados e energia. A chave para a sustentabilidade é garantir que os recursos não sejam esgotados e que os danos causados ​​ao mundo natural não excedam os limites de tolerância e viabilidade de espécies e ecossistemas naturais. Uma meta do design ecológico é ajudar a atender a visão de sustentabilidade ecológica, de forma a encontrar maneiras de fabricar bens, construir edifícios e planejar mais empresas complexas, como parques comerciais e industriais, com redução de danos ecológicos e consumo de recursos (PEREIRA, 2018).
Ainda segundo Pereira (2018), o Brasil, por exemplo, utiliza pouco a madeira como sistema construtivo, mesmo tendo potencial para explorar, de forma racional, esse recurso. Isso deriva da falsa ideia que essa seja uma atitude antiecológica que pode estar relacionada à exploração destrutiva e criminosa que ocorria no passado e que hoje diminui consideravelmente. A madeira de reflorestamento, por sua vez, se usada com a técnica adequada, é um material de construção imbatível não só pelo custo (que naturalmente tenderia a cair com o aumento do uso e oferta), como também pela flexibilidade, resistência, propriedades físico-químicas e, sobretudo, seu alto grau de reaproveitamento, afinal a madeira é um material 100% reciclável.
Enfim, é preciso avançar em direção à sustentabilidade dos recursos. Estritamente interpretada, uma economia humana sustentável a longo prazo deve se basear no uso inteligente dos recursos renováveis, capazes de se regenerar após a colheita e que podem estar disponíveis por muitas gerações. Curiosamente,Bookchin (1996), que concebeu a ideia de ecologia social, cita mais de uma vez em sua obra como a visão de economia sustentável era comum em várias atividades econômicas do passado, especificamente descrevendo os lavradores de um enclave Suíço-Alemão, que já no Século XV, antecipavam alterações climáticas, interrompendo a derrubada de árvores, protegendo assim a atividade nos anos seguintes.
Porém, isso não vale no caso dos recursos não renováveis​, que são naturalmente reduzidos dependendo da intensidade de seu uso. Assim, embora possam contribuir para o crescimento econômico, não devem ser usados ​​como a principal base de uma economia sustentável. O design ecológico se esforça para utilizar, por exemplo, fontes renováveis ​​de energia e materiais, mantendo padrões de qualidade de bens e serviços e reduzindo o consumo geral de recursos, a geração de resíduos e os danos ecológicos por meio de eficiências de uso, reutilização e reciclagem.
Os princípios do ecodesign podem ser aplicados não apenas no projeto e operação de prédios e cidades, mas na fabricação de bens e a outras atividades econômicas. Eles ajudam a manter a integridade ecológica, pois os ecossistemas são sistemas de vida e esse meio-ambiente que hospeda a biodiversidade e as comunidades naturais também podem fornecem apoio crítico ao empreendimento humano. Portanto, a manutenção da integridade dos ecossistemas deve ser considerada um elemento-chave da sustentabilidade econômica. Como tal, um objetivo do design ecológico é integrar as atividades humanas – de todos os seres humanos – à estrutura e dinâmica dos fluxos naturais e ciclos de materiais, organismos e energia e isso envolve, naturalmente, um pensamento inclusivo.
Isso começa com o desenvolvimento de uma compreensão do contexto ecológico de problemas específicos de projeto e, em seguida, o desenvolvimento de soluções consistentes com essa circunstância, o que pode extrapolar para a busca de uma solução universal, no sentido de atender as PcD, por exemplo. Para conseguir isso, o projetista deve ter uma ideia clara da atividade econômica sendo contemplada e das limitações da natureza para apoiar esse projeto. Quais seriam, por exemplo, as implicações de uma atividade antropogênica proposta para a viabilidade de populações de espécies nativas, para manter representantes de todos os ecossistemas naturais e para serviços ecológicos essenciais (como água e ar limpos e armazenamento de carbono nos ecossistemas)?
Por fim, o ergodesign, ou o projeto ergonômico, tem relação com os conceitos de usabilidade e user experience, termo normalmente utilizado no seu original em inglês (também conhecido pelo acrônimo UXD). O Projeto Ergonômico foi abordado na Unidade 1, mas recapitulando num contexto de projeto de produto, trata-se de priorizar e dar ênfase à adequação da forma à função, no que ocorre um alinhamento natural ao princípio de inclusão, que é a base do Desenho Universal. Portanto, a integração entre múltiplas facetas do Design não é apenas uma estratégia estética, mas tem uma dimensão que vai muito além da concepção do produto. Para entender como projetos alternativos afetariam esses valores naturais, o projetista precisa de um entendimento detalhado das necessidades específicas de diferentes usuários, compreender que limitações são, acima de tudo, desafios projetuais e possuir, naturalmente, um certo domínio sobre os ecossistemas e ambientes locais, incluindo clima, topografia, solo, água, fluxos de energia e materiais, comunidades bióticas e habitat crítico de espécies em risco (VELA et. Al, 2014).
Daí se deduz que as relações entre o universal design, o ergodesign e o ecodesign vão além das suas contribuições individuais, aliás, só se potencializam se forem abordados de forma integrada e não dissociada.
É ISSO AÍ!
Nesta unidade, você teve a oportunidade de:
· entender o que é acessibilidade;
· saber sobre a origem, fundamentos e princípios da acessibilidade;
· saber quais são as principais leis e abordagens recentes acerca do tema;
· aprender que inclusão significa principalmente colocar-se no lugar do outro e isso define as bases do universal design ou desenho universal;
REFERÊNCIAS
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE ERGONOMIA (ABERGO). Estatuto da Abergo. Disponível em: <http://www.abergo.org.br/arquivos/estatuto_e_regimento/novo_estatuto_abergo_versao_definitiva.pdf>. Acesso em: 7 dez. 2019. 
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (ABNT). NBR 9050: acessibilidade a edificações, mobiliário, espaços e equipamentos urbanos. 2019. Rio de Janeiro, 2019.
BRASIL. Decreto n.º 5.296, de 2 de dezembro de 2004. Regulamenta as Leis nos 10.048, de 8 de novembro de 2000, que dá prioridade de atendimento às pessoas que especifica, e 10.098, de 19 de dezembro de 2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2004/decreto/d5296.htm>. Acesso em: 25 jan. 2020.
_____. Lei n.º 8.213, de 24 de julho de 1991. Dispõe sobre os Planos de Benefícios da Previdência Social e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8213cons.htm>. Acesso em: 25 jan. 2020.
_____. Portaria MTb nº 3214, de 8 de junho de 1978. Aprova as Normas Regulamentadoras – NR 17 - do Capítulo V, Título II, da Consolidação das Leis do Trabalho, relativos à Segurança e Medicina do Trabalho. Diário Oficial da União de 06/07/78. 1978. Disponível em: <https://enit.trabalho.gov.br/portal/images/Arquivos_SST/SST_NR/NR-17.pdf>. Acesso em: 15 Set. 2019.  
BOOKCHIN, M. The philosophy of social ecology: essays on dialectical naturalism. Montreal: Black Rose Books, 1996.
CAMBIAGHI, S. Desenho universal: métodos e técnicas para arquitetos e urbanistas São Paulo: Editora SENAC, 2007.
DUL, J.; WEERDMEESTER, B. Ergonomia prática. São Paulo: Edgard Blücher, 2004.
GUALBERTO, A. F. Ergonomia e acessibilidade no ambiente de trabalho. In: Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. MASCULO, F. S.; VIDAL, M. C. São Paulo: Campus-Elsevier, 2011. 
HENDRICK, H. W.; KLEINER, B. M. Macroergonomia: uma introdução aos projetos de sistemas de trabalho. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2006.
IIDA, I. Ergonomia: projeto e produção. 2a ed. rev. e ampl. São Paulo: Editora Edgard Blücher, 2005.
KROEMER, K. H.E.; GRANDJEAN, E. Manual de ergonomia: adaptando o trabalho ao homem. 5. ed. Porto Alegre: Bookman, 2005.
MASCULO, F.; VIDAL, M. (orgs). Ergonomia: trabalho adequado e eficiente. São Paulo: Campus/Elsevier, 2011.
MORAES, A. M.; MONT’ALVÃO, C. Ergonomia: conceitos e aplicações. 4ª ed., Rio de Janeiro: 2AB, 2012.
PENSAMENTO VERDE. Ecodesign: as últimas novidades do design sustentável, 7 out. 2013. Disponível em: <https://www.pensamentoverde.com.br/sustentabilidade/ecodesign-ultimas-novidades-design-sustentavel/>. Acesso em: 18 jan 2020.  
PEREIRA, A.F. Madeiras brasileiras: guia de combinação e substituição. Porto Alegre: Ed. Edgard Blücher, 2013. 
PREISER, W. F.; SMITH, K.H. Universal design handbook. New York: Mc Graw-Hill, 2001. 
SANTOS, M. S.; VIDAL, M. C. R.; RHEINGANTZ, P. A. Ergonomia de concepção: ambientes construídos para o trabalho. Rio de Janeiro: Editora Virtual Científica, 2013.
SANTOS, M.S. Análise pré-ocupação do ambiente de trabalho construído. Tese (Doutorado em Engenharia de Produção) - Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2003. 
SIMÕES, A.; ATHIAS, L.; BOTELHO, L (Orgs.). Panorama nacional e internacional da produção de indicadores sociais: grupos populacionais específicos e uso do tempo. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 2018. Disponível em: <https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv101562.pdf>. Acesso em: 18 jan. 2020. 
VELA, J.C.; SCHULEMBURG, H.R.; FIALHO, F.A., TRISKA, R. O ergodesign e a engenharia de usabilidade de interfaces como facilitadores para os usuáriosna busca de Informações. IN: CONGRESSO BRASILEIRO DE PESQUISA E DESENVOLVIMENTO EM DESIGN, 11., 2014, Gramado (RS). Anais... Gramado: P&D Design, 2014. Disponível em: <http://pdf.blucher.com.br.s3-sa-east-1.amazonaws.com/designproceedings/11ped/01179.pdf>. Acesso em: 19 jan. 2020.
AVALIAÇÃO ON-LINE 4 (AOL4) – QUESTIONÁRIO
1 – Qual desses equipamentos, acessórios e/ou dispositivos é, ao mesmo tempo, um recurso de ajuste ergonômico e um suporte voltado para atender necessidades de acessibilidade e inclusão? 
R: Uma mesa com altura regulável com mecanismo elétrico.
2 – De acordo com NBR 9050: 2004, uma bacia sanitária estaria adequada se a sua altura for de:
R: no máximo 46 cm do piso acabado até o topo do assento (tampa).
3 – Qual desses itens não têm relação com alguma deficiência ou doença ocupacional?
R: Terraplanista
4 – De acordo com a Lei n.º 8.213/1991, uma empresa com 300 funcionários precisa ter quantos colaboradores reabilitados ou que se enquadrem como PcD?
R: 9
5 – A principal diferença entre o desenho universal e o design inclusivo é que:
R: o desenho universal e o Design Inclusivo são essencialmente sinônimos.
6 – O aparecimento do conceito de design universal se deve aos seguintes fatores, com exceção do(a):
R: recrudescimento do conservadorismo no mundo.
7 – A sinalização de emergência, regulada pela NBR 9050:2004, determina alguns parâmetros. Qual é a exceção desses parâmetros? 
R: A rotação de 360º deve ser permitida para manobra de cadeira de rodas sem deslocamento.
8 – No que se refere à ergonomia, é correto afirmar que:
R: os padrões normativos da NBR 9050:2004 devem ser considerados na ação ergonômica.
9 – Segundo a NBR 9050: 2004, o módulo de referência (M.R.) para ambientes acessíveis precisa ter:
R: uma projeção no piso de 80 cm por 120 cm, ocupada por uma pessoa utilizando cadeira de rodas.
10 – Qual dessas intervenções corresponde à uma característica fundamental do design inclusivo?
R: Uso de pisos táteis sem distinções de cor ou elementos que evidenciem a sua real função.

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