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Feminismos, Gênero e Desigualdades

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Prévia do material em texto

Nariel Diotto
Gabriela Dickel das Chagas
Daiane Caroline Tanski
Raquel Buzatti Souto
Tiago Anderson Brutti
(Organizadores)
Editora Ilustração
Cruz Alta – Brasil
2021
FEMINISMOS, GÊNERO E 
DESIGUALDADES
Volume II
Responsável pela catalogação: Fernanda Ribeiro Paz - CRB 10/ 1720
2021
Proibida a reprodução parcial ou total desta obra sem autorização da Editora 
Ilustração
Todos os direitos desta edição reservados pela Editora Ilustração
Rua Coronel Martins 194, Bairro São Miguel, Cruz Alta, CEP 98025-057
E-mail: eilustracao@gmail.com
www.editorailustracao.com.br
Copyright © Editora Ilustração
Editor-Chefe: Fábio César Junges
Imagens da capa: Freepik
Revisão: Os autores
CATALOGAÇÃO NA FONTE
F329 Feminismos, gênero e desigualdades [recurso eletrônico] /
organizadores: Nariel Diotto ... [et al.]. - Cruz Alta: 
Ilustração, 2021.
v. 2. ; 21 cm
ISBN 978-65-88362-99-0
DOI 10.46550/978-65-88362-99-0
 
1. Feminismo. 2. Violência contra mulheres. 3.
Desigualdade de gênero. I. Diotto, Nariel (org.). 
 
 CDU: 396.2
Conselho Editorial
Dra. Adriana Maria Andreis UFFS, Chapecó, SC, Brasil
Dra. Adriana Mattar Maamari UFSCAR, São Carlos, SP, Brasil
Dra. Berenice Beatriz Rossner Wbatuba URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Dr. Clemente Herrero Fabregat UAM, Madri, Espanha
Dr. Daniel Vindas Sánches UNA, San Jose, Costa Rica
Dra. Denise Tatiane Girardon dos Santos FEMA, Santa Rosa, RS, Brasil
Dr. Domingos Benedetti Rodrigues SETREM, Três de Maio, RS, Brasil
Dr. Edemar Rotta UFFS, Cerro Largo, RS, Brasil
Dr. Edivaldo José Bortoleto UNOCHAPECÓ, Chapecó, SC, Brasil
Dra. Elizabeth Fontoura Dorneles UNICRUZ, Cruz Alta, RS, Brasil
Dr. Evaldo Becker UFS, São Cristóvão, SE, Brasil
Dr. Glaucio Bezerra Brandão UFRN, Natal, RN, Brasil
Dr. Gonzalo Salerno UNCA, Catamarca, Argentina
Dr. Héctor V. Castanheda Midence USAC, Guatemala
Dr. José Pedro Boufleuer UNIJUÍ, Ijuí, RS, Brasil
Dra. Keiciane C. Drehmer-Marques UFSM, Santa Maria, RS, Brasil
Dr. Luiz Augusto Passos UFMT, Cuiabá, MT, Brasil
Dra. Maria Cristina Leandro Ferreira UFRGS, Porto Alegre, RS, Brasil
Dra. Neusa Maria John Scheid URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Dra. Odete Maria de Oliveira UNOCHAPECÓ, Chapecó, SC, Brasil
Dra. Rosângela Angelin URI, Santo Ângelo, RS, Brasil
Dr. Roque Ismael da Costa Güllich UFFS, Cerro Largo, RS, Brasil
Dra. Salete Oro Boff IMED, Passo Fundo, RS, Brasil
Dr. Tiago Anderson Brutti UNICRUZ, Cruz Alta, RS, Brasil
Dr. Vantoir Roberto Brancher IFFAR, Santa Maria, RS, Brasil
Este livro foi avaliado e aprovado por pareceristas ad hoc.
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ...................................................................13
Nariel Diotto 
Gabriela Dickel das Chagas 
Daiane Caroline Tanski 
Raquel Buzatti Souto 
Tiago Anderson Brutti 
Capítulo 1 - FEMINISMO NEGRO E CIBERATIVISMO: 
RELAÇÃO COM O ENFRENTAMENTO DA 
DESIGUALDADE NO BRASIL ..............................................21
Dandara Roberta Soares Conceição 
Raquel Buzatti Souto 
Capítulo 2 - VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E CAMPANHAS DE 
INCENTIVO PARA DENÚNCIA DOS AGRESSORES: UMA 
ANÁLISE NO PERÍODO DE ISOLAMENTO SOCIAL DA 
PANDEMIA DO COVID-19 ..................................................35
Eduarda Sampaio da Veiga 
Nadyni Almeida de Almeida 
Aline Antunes Gomes 
Capítulo 3 - A DICOTOMIA DAS CONCEPÇÕES (PRÉ) 
FEMINISTAS DA FILÓSOFA HANNAH ARENDT .............47
Raíssa Pedroso Becker de Lima 
Daiane Caroline Tanski 
Mariana Figueira Fontoura 
Sabrina Figueira 
Vanessa Steigleder Neubauer 
Capítulo 4 - DIREITOS SEXUAIS E REPRODUTIVOS 
NO SÉCULO XXI: O CAPITALISMO E O MOVIMENTO 
REACIONÁRIO BOLSONARISTA ........................................57
Sawara Gonçalves Santos 
Letícia Maria Pereira Siqueira 
Virgínia Stern da Silva 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Capítulo 5 - AS MULTIPLAS VIOLÊNCIAS CONTRA A 
MULHER NO AMBIENTE DIGITAL ..................................73
Kelven Marcelino Klein 
Eduardo Pinheiro Monteiro 
Cesar Albenes de Mendonça Cruz 
Capítulo 6 - O DIREITO DE PARIR COM RESPEITO ........83
Sabrina Veloso Leal Pereira 
Capítulo 7 - FEMINISMO E DIREITOS DAS MULHERES: 
UMA DISCUSSÃO NO CIAMPAR (CENTRO INTEGRADO 
DE APOIO À MULHER DE POUSO ALEGRE E REGIÃO) 99
Bibiana Terra 
Bianca Tito 
Julia Mendes Silva 
Mariete Lopes da Costa 
Marina Helena Vieira da Silva 
Capítulo 8 - A FORMAÇÃO DAS ONDAS FEMINISTAS E 
SUAS REIVINDICAÇÕES NA LUTA PELOS DIREITOS DAS 
MULHERES ..........................................................................115
Laura Melo Cabral 
Gabriela Colomé Moreira 
Aline Antunes Gomes 
Capítulo 9 - INTERSECCIONALIDADE E MOVIMENTOS 
FEMINISTAS: UMA ANÁLISE DA OBRA “MULHERES, 
RAÇA E CLASSE” DE ANGELA DAVIS ..............................131
Bibiana Terra 
Capítulo 10 - MULHERES PROTOGANISTAS DA HISTÓRIA: 
UM DISCURSO SOBRE GÊNERO x DIREITOS .................147
Karina Dias da Silva 
Denise Regina Quaresma da Silva 
Glauce Stumpf 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Capítulo 11 - A SITUAÇÃO DA MULHER NA LEGISLAÇÃO 
BRASILEIRA: UMA REVISÃO HISTÓRICA .......................157
Katiussa Richter 
Tiago Anderson Brutti 
Gabriela Dickel das Chagas 
Capítulo 12 - DILEMAS SOCIOJURÍDICOS DAS FAMÍLIAS 
TRANSNACIONAIS NO BRASIL: A DIMENSIONALIDADE 
DA MULHER ........................................................................171
Paola Pagote Dall’Omo 
Camila Rocha 
Odisseia Aparecida Paludo Fontana 
Silvia Ozelame Rigo Moschetta 
Capítulo 13 - TOLERÂNCIA DA SOCIEDADE À 
VIOLÊNCIA CONTRA AS MULHERES NO BRASIL .......187
Aline Viviane Bach 
Vanessa Steigleder Neubauer 
Deivid Jonas Silva da Veiga 
Capítuo 14 - A VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR 
CONTRA A MULHER SOB A PERSPECTIVA DA 
REALIDADE SOCIAL BRASILEIRA ....................................205
Luiza Eduarda Prola Carpes 
Aline Sattes Salviano 
Carla Rosane da Silva Tavares Alves 
Tiago Anderson Brutti 
Daiane Caroline Tanski 
Capítulo 15 - ENFOQUE ACESSÍVEL PARA 
APRENDIZAGEM PROFUNDA: EDUCAÇÃO SEXUAL A 
PARTIR DO SERIADO SEX EDUCATION ..........................217
Tricieli Radaelli Fernandes 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Capítulo 16 - A FALTA DE REPRESENTATIVIDADE DAS 
MULHERES NEGRAS NO AMBIENTE ACADÊMICO 
BRASILEIRO E SUAS IMPLICAÇÕES ................................233
Maria Victória Pasquoto de Freitas 
Celiena Santos Mânica 
SOBRE OS AUTORES E AUTORAS....................................245
APRESENTAÇÃO
O e-book Feminismos, Gênero e Desigualdades, originário da mostra científica da II Semana Feminista 
da Universidade de Cruz Alta, parte da perspectiva de que a 
sociedade foi construída, estruturalmente, por meio de relações 
desiguais de gênero, sendo, portanto, de extrema urgência que sejam 
combatidas as desigualdades ainda tão presentes na sociedade, a fim 
de reconstruir as relações de gênero de forma igualitária, a partir de 
uma perspectiva feminista.
A obra apresenta reflexões acerca da condição sociocultural 
da mulher na sociedade contemporânea, norteada por diversas 
violações aos seus direitos humanos, além de questões referentes à 
interseccionalidade, que transcendem o próprio Direito e abarcam 
uma perspectiva transdisciplinar. Além de fornecer estímulos 
para a reestruturação da sociedade, de forma mais igualitária, 
possibilitando a qualificação de profissionais e cidadãos atuantes 
em sociedade.
Nessa perspectiva, o primeiro capítulo, de autoria de Dandara 
Roberta Soares Conceição e Raquel Buzatti Souto, intitulado 
“Feminismo negro e ciberativismo: relação com o enfrentamento 
da desigualdade no Brasil”, tem o objetivo de compreender a 
colaboração conjunta entre o Feminismo Negro e Ciberativismo 
no processo de enfrentamento da desigualdade sofrida pela mulher 
negra brasileira. O Feminismo Negro envolve um movimento social 
e teórico que objetiva trazer visibilidade às pautas das mulheres 
negras e o Ciberativismo é um tipo de ativismo feito no ciberespaço. 
Desse modo, a colaboração entre esses movimentos sociais pode 
ajudar no processo de enfrentamentoda desigualdade sofrida pela 
mulher negra brasileira, uma vez que, são formas de trazer para o 
plano prático o que está previsto na Constituição Federal de 1988.
O capítulo denominado “Violência doméstica e campanhas 
de incentivo para denúncia dos agressores: uma análise no período de 
14 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
isolamento social da pandemia do Covid-19”, de autoria de Eduarda 
Sampaio da Veiga, Nadyni Almeida de Almeida e Aline Antunes 
Gomes, tem como objetivo geral analisar a criação de campanhas 
para incentivar a denúncia dos casos de violência doméstica durante 
o período de pandemia causada pelo Covid-19. Inicialmente há 
abordagem acerca da importância da criação de formas alternativas 
de denúncia, os aumentos de casos de violência doméstica durante 
o período de isolamento social e como as campanhas podem ajudar 
as vítimas. Por fim, resta evidenciado a importância da criação, 
utilização e adesão destas campanhas pelas repartições públicas e 
empresas privadas, bem como da divulgação da existência destas 
campanhas, oportunizando a vítima um meio de denúncia, ainda 
que esteja sob vigilância do agressor, situação que impede, em 
muitos casos, que esta venha a comparecer nas Delegacias de Polícia 
para realizar o boletim de ocorrência.
No terceiro capítulo, “A dicotomia das concepções (pré) 
feministas da filósofa Hannah Arendt”, de autoria de Raíssa Pedroso 
Becker de Lima, Daiane Caroline Tanski, Mariana Figueira 
Fontoura, Sabrina Figueira e Vanessa Steigleder Neubauer, é 
analisada a teoria de Hannah Arendt, que também propagou a ideia 
acerca da expressão de natalidade, relacionando-a aos conceitos de 
liberdade e igualdade, trazendo à tona que todos os sujeitos tinham 
aptidão de ação sem distinções. A teórica também foi criticada em 
razão de ter deixado de questionar a dicotomia público-privado, 
tratando-as de maneira exclusiva e estereotipada, fato que fez com 
que fosse chamada de “antifeminista” e “pré-feminista”. A pesquisa 
se justifica pela crítica gerada em face das ideias propagadas 
pela autora e sua importância para a construção de concepções 
feministas. 
O quarto capítulo, sobre “Direitos sexuais e reprodutivos no 
século XXI: o capitalismo e o movimento reacionário bolsonarista”, 
das acadêmicas Sawara Gonçalves Santos, Letícia Maria Pereira 
Siqueira e Virgínia Stern da Silva, aborda as conexões entre o 
controle reprodutivo e a manutenção do sistema capitalista, bem 
como logra analisar a elaboração jurídica acerca da temática e a 
 15
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
ofensiva reacionária instaurada como resposta a avanços na área. 
Discute-se primeiramente sobre a funcionalidade do domínio da 
capacidade reprodutiva para a expansão da força de trabalho. Após, 
encaminha-se para uma análise dos direitos sexuais e reprodutivos 
nos contextos brasileiro e internacional. Por fim, é explorado o 
movimento reacionário bolsonarista e sua ameaça a esses direitos. 
O quinto capítulo, elaborado por Kelven Marcelino Klein, 
Eduardo Pinheiro Monteiro e Cesar Albenes de Mendonça Cruz, 
intitulado “As múltiplas violências contra a mulher no ambiente 
digital”, tem por objetivo identificar a violência contra a mulher 
no ambiente digital e mostra a violência contra a mulher como um 
fenômeno multiforme, que acontece em todo o Brasil, notadamente 
no ambiente digital. Também são pontuados os avanços legislativos 
e as políticas públicas de combate e prevenção ao fenômeno exposto.
Em seguida, no capítulo denominado “O direito de parir 
com respeito”, de Sabrina Veloso Leal Pereira, a premissa que 
respalda o desenvolver do texto é o respeito ao nascimento como 
uma das principais ferramentas para se mudar o mundo. Quando 
um ser humano nasce sendo respeitado, dá-se à luz à esperança 
de uma sociedade mais equilibrada. A mulher é o sujeito ativo 
da conjugação do verbo parir, mas a assistência à saúde feminina 
ainda se caracteriza pela excessiva manipulação de seu corpo, 
minimizando-se ou excluindo-se seu reconhecimento enquanto 
sujeito no processo de dar à luz. Trazer à tona essas situações é um 
debate socialmente necessário.
O sétimo capítulo, intitulado “Feminismo e direitos das 
mulheres: uma discussão no CIAMPAR (Centro Integrado de Apoio 
à Mulher de Pouso Alegre e Região)”, de autoria de Bibiana Terra, 
Bianca Tito, Julia Mendes Silva, Mariete Lopes da Costa e Marina 
Helena Vieira da Silva, aborda os resultados da pesquisa realizada 
em âmbito de projeto de inserção social, desenvolvido através do 
Programa de Pós-graduação da Faculdade de Direito do Sul de 
Minas – FDSM. Primeiramente, apresenta-se uma breve revisão 
bibliográfica acerca do feminismo e dos direitos das mulheres e, 
em seguida, aborda-se especificamente sobre o projeto de inserção 
16 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
social e sua realização. 
 No oitavo capítulo, sobre “A formação das ondas feministas e 
suas reivindicações na luta pelos direitos das mulheres”, as autoras Laura 
Melo Cabral, Gabriela Colomé Moreira e Aline Antunes Gomes 
falam sobre o surgimento das ondas feministas, ressaltando que na 
primeira onda, as reinvindicações foram em relação aos direitos 
sociais e políticos. Na segunda onda, acerca dos direitos sexuais 
e reprodutivos. Na terceira onda, em questões identitárias e no 
feminismo igualitário. E, na quarta onda, há um aprofundamento 
das lutas pela identidade e o corpo, tendo como base a liberdade 
e a igualdade. Destacaram a importância das novas tecnologias de 
informação e comunicação, especialmente a internet e as redes 
sociais na configuração dos movimentos e lutas sociais e formação 
de redes identitárias, por meio, por exemplo, dos coletivos e dos 
espaços de discussão.
 O capítulo seguinte, de autoria de Bibiana Terra, versa 
sobre “Interseccionalidade e movimentos feministas: uma análise da 
obra ‘Mulheres, raça e classe’ de Angela Davis” e tem como objetivo 
analisar a referida obra, de modo a investigar a interseccionalidade e o 
pensamento feminista em seus escritos. Primeiramente, apresenta-se 
o contexto, pressupostos e referencias de Angela Davis para compor 
a sua obra. Em segundo lugar, analisa-se especificamente a obra 
“Mulheres, raça e classe”, destacando suas partes mais relevantes 
para as discussões interseccionais e dos movimentos feministas. 
 No décimo capítulo, intitulado “Mulheres protoganistas da 
história: um discurso sobre gênero x direitos”, de Karina Dias da Silva, 
Denise Regina Quaresma da Silva e Glauce Stumpf, investiga-
se quem são as mulheres protagonistas que vem reescrevendo 
a história, mulheres pertencentes a diferentes etnias, que vem 
deixando sua marca através de sua experiência para inspirar outras 
mulheres. O texto apresenta o legado e luta dessas mulheres, 
além de demonstrar controvérsias da Declaração Universal dos 
Direitos Humanos. Através do estudo foi possível evidenciar as 
lutas e dificuldades vividas pelas mulheres, evidenciadas por meio 
de suas histórias, vivências, livros e outros, além de demonstrar a 
 17
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
necessidade do fortalecimento de outras mulheres, para assim fazer 
prevalecer direitos que na prática cotidiana ainda parecem não 
existir.
No capítulo subsequente, de autoria de Katiussa Richter, 
Tiago Anderson Brutti e Gabriela Dickel das Chagas, intitulado 
“A situação da mulher na legislação brasileira: uma revisão histórica”, 
destaca-se que o direito é um objeto histórico e culturalmente 
elaborado, isto é, construído pela sociedade em função de 
determinados fins e valores. Compreende-se a relação entre direito 
e sociedade como de mútua implicação, na medida em que, 
além de refletir os valores da sociedade que o produz, o direito 
contribui para a formação do imaginário social dessa coletividade. 
Nesse sentido, o texto consubstancia-se na revisão histórica do 
modo como a legislação brasileira tratava e trata a mulher. Esse 
levantamento sugeriu que, embora atualmentea igualdade entre 
os gêneros seja uma diretriz constitucional, o longo período de 
vigência de normativas desfavoráveis a mulher ainda hoje ressoa. 
Em seguida, o capítulo “Dilemas sociojurídicos das famílias 
transnacionais no Brasil: a dimensionalidade da mulher”, de Paola 
Pagote Dall’Omo, Camila Rocha, Odisseia Aparecida Paludo 
Fontana e Silvia Ozelame Rigo Moschetta, tem como objetivo 
explicitar os impasses sociojurídicos vivenciados pelos imigrantes 
no país de acolhimento. Apresenta-se contextualização da 
migração transnacional, demonstrando as principais dificuldades 
enfrentadas no Brasil, além de explicitarem-se as razões que 
motivaram a migração, os principais desafios vivenciados pelas 
famílias transnacionais no que se refere às oportunidades de 
trabalho, regularização jurídica junto ao país, aprendizagem do 
idioma, discriminação racial, bem como a reunião familiar entre 
membros de diferentes localidades. Demonstra-se a necessidade 
de aprimoramento por parte do Estado e da sociedade civil em 
proteger de forma coesa e efetiva os direitos dos migrantes que se 
encontram no Brasil.
O capítulo intitulado “Tolerância da sociedade à violência 
contra as mulheres no Brasil”, de Aline Viviane Bach, Vanessa 
18 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Steigleder Neubauer e Deivid Jonas Silva da Veiga tem como 
objetivo principal efetuar uma pesquisa e análise crítica com 
relação a tolerância da violência contra a mulher no Brasil, visto 
que atualmente os casos denunciados vem crescendo de forma 
exponencial.
No décimo quarto capítulo, sobre “A violência doméstica 
e familiar contra a mulher sob a perspectiva da realidade social 
brasileira”, de Luiza Eduarda Prola Carpes, Aline Sattes Salviano, 
Carla Rosane da Silva Tavares Alves, Tiago Anderson Brutti e 
Daiane Caroline Tanski, analisa-se, por meio de levantamento 
bibliográfico, as formas de violência contra a mulher previstas 
na Lei nº 11.340/2006, bem como os mecanismos de proteção 
positivados por esta lei e direcionados à mulher. Também são 
abordadas, brevemente, as consequências mentais e emocionais que 
essa violência desenvolve na mulher vítima. 
No capítulo seguinte, intitulado “Enfoque acessível para 
aprendizagem profunda: educação sexual a partir do seriado Sex 
Education”, a autora Tricieli Radaelli Fernandes analisa a educação 
sexual apoiada no contexto da série Sex Education da plataforma 
Netflix, fazendo um paralelo entre os campos escolares da série e 
do Brasil. O propósito do artigo é apresentar aspectos semelhantes 
e diferentes entre as duas circunstâncias aludidas, buscando refletir 
sobre a melhoria no diálogo e aprendizagem com a inclusão da 
educação sexual obrigatória no currículo. Compreende-se o valor 
de mudança legislativa, todavia não se nega a integração social no 
combate à violência de gênero.
No último capítulo, denominado “A falta de 
representatividade das mulheres negras no ambiente acadêmico 
brasileiro e suas implicações”, as autoras Maria Victória Pasquoto de 
Freitas e Celiena Santos Mânica refletem que as interseccionalidades 
de raça e gênero vêm ocupando posição de destaque nos debates 
feministas, a partir do reconhecimento de que mulheres negras 
ocupam espaço diverso das mulheres brancas. A análise do tema 
da representatividade da mulher negra na academia, remonta a um 
passado recente de exploração e segregação racial. O objetivo da 
 19
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
pesquisa é contextualizar historicamente as mulheres nos ambientes 
educacionais e posições de poder e o objetivo específico foi verificar 
as políticas públicas educacionais de incentivo e inserção da mulher 
negra na academia. 
Nariel Diotto
Gabriela Dickel das Chagas
Daiane Caroline Tanski 
Raquel Buzatti Souto
Tiago Anderson Brutti
(Organizadores)
Capítulo 1
FEMINISMO NEGRO E CIBERATIVISMO: 
RELAÇÃO COM O ENFRENTAMENTO DA 
DESIGUALDADE NO BRASIL
Dandara Roberta Soares Conceição
Raquel Buzatti Souto
1 Considerações iniciais
O direito à igualdade previsto na Constituição Federal de 1988, refere que todos são iguais perante a lei, 
sendo vedadas ações discriminatórias, em razão do sexo, da raça 
e do credo, por exemplo. Contudo, a aplicabilidade deste direito 
no caso concreto, mostra-se muito diferente da teoria, em razão da 
desigualdade enfrentada por alguns grupos da sociedade brasileira, 
seja pelas diferenças econômicas, regionais, quanto, as distinções de 
raça e gênero.
Seguindo este viés, quando averígua-se a realidade da 
mulher negra é possível notar que esta sofre diariamente com a 
discriminação em dois aspectos. O primeiro aspecto relaciona-
se à raça, considerando os impactos do racismo estrutural sob a 
população negra brasileira. Enquanto, o segundo aspecto abarca 
a questão de gênero, que coloca as mulheres numa posição de 
inferioridade perante os homens, por conta do sistema patriarcal 
que, ainda hoje, faz parte da formação da sociedade brasileira.
Com isso, diante desse cenário desigual que inviabiliza o 
atendimento das demandas da mulher negra, torna-se necessária 
a verificação de algumas alternativas capazes de auxiliarem no 
processo de concretização do direito à igualdade para a mulher 
negra. O Feminismo Negro se apresenta como um movimento 
social e teórico que possui a finalidade de trazer visibilidade as pautas 
22 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
dessa parte da população, que historicamente esteve invisibilizada 
pela desigualdade de raça e gênero. Enquanto, o Ciberativismo é 
um tipo de ativismo feito por alguns grupos que usam o ambiente 
virtual para expandir as suas reinvindicações.
 Dessa forma, o presente trabalho parte da seguinte 
indagação: a colaboração entre o Feminismo Negro e Ciberativismo 
é capaz de auxiliar no enfrentamento da desigualdade sofrida pela 
mulher negra brasileira? Constitui-se como objetivo desta pesquisa, 
compreender a colaboração conjunta entre o Feminismo Negro 
e Ciberativismo no processo de enfrentamento da desigualdade 
sofrida pela mulher negra brasileira. 
Além disso, para o desenvolvimento desse estudo, parte-se 
da hipótese de que a colaboração entre o do Feminismo Negro 
e Ciberativismo pode ajudar no processo de enfrentamento da 
desigualdade sofrida pela mulher negra brasileira, uma vez que, são 
formas de trazer para o plano real o que está previsto na Constituição 
Federal de 1988, no que tange, ao tratamento igualitário para todos, 
sendo neste caso, em especial para a mulher preta. Finalmente, 
destaca-se que este trabalho envolve uma pesquisa bibliográfica, 
qualitativa de caráter exploratório, através de livros e materiais 
disponibilizados no meio eletrônico. 
2 Desenvolvimento
A desigualdade sofrida pelas mulheres negras no Brasil 
revela-se como uma consequência das estruturas estabelecidas pelo 
racismo e patriarcado que atingem diretamente os seus corpos, 
dificultando a sua emancipação civil, político, social, e, inclusive 
cultural. Assim, revela-se essencial a procura de alterativas capazes 
de auxiliarem nesse processo de enfrentamento do contexto desigual 
vivenciado pela mulher preta. 
O Feminismo Negro apresenta-se como um movimento 
social e teórico que tem como finalidade tornar visíveis as pautas 
da mulher negra. Este movimento nasce numa circunstância 
 23
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
social, na qual as demandas da mulher preta não eram atendidas 
completamente, em decorrência da inobservância das questões de 
raça e gênero. No Movimento Feminista não havia certo interesse 
na discussão de matérias raciais, e já no Movimento Negro não 
existia muito espaço para o debate de assuntos relacionados ao 
gênero. Sob esta visão, pontua Leal (2020, p.16-17):
O histórico dos Movimentos Feministas indica desinteresse 
no tratamento de questões de raça.[...] mesmo quando não 
eram explicitamente racistas, ao definirem indistintamente as 
questões de gênero, as feministas brancas universalizaram as 
suas experiências e reduziramestas experiências às necessidades 
de um grupo de mulheres: das mulheres brancas de classe 
média e alta. Neste sentido, os Movimentos Feministas 
expressaram, e alguns ainda expressam, um pensamento 
hegemônico reducionista, e, sobretudo, indiferente às 
situações de dominação e opressão sofridas pelas mulheres 
negras, revelando, em diferentes nuances, sua face racista. Os 
Movimentos Negros, por sua vez, ao banirem debates e análises 
de gênero, vêm demonstrando desinteresse em combater 
o sexismo. Nestes movimentos, as questões raciais estão 
historicamente ocupando um lugar hierárquico superior às 
questões de gênero. Em geral, argumenta-se que, se as questões 
raciais fossem resolvidas, automaticamente as dificuldades 
pelas quais as mulheres negras passam desapareceriam. Assim, 
negligencia-se o fato de que sobre as mulheres negras não recai 
somente a opressão racial. Por serem mulheres, recai também 
sobre elas a opressão de gênero e, de modos mais violentos do 
que sobre as mulheres brancas, já que as mulheres brancas não 
estão sujeitas ao racismo.
Com isso, depreende-se que o intuito do Feminismo Negro 
é trazer à tona a realidade da mulher negra que sofre duplamente 
com as discriminações de raça e gênero. Coelho e Gomes (2015) 
enfatizam que a intenção não está em dizer que a opressão vivida 
pela mulher preta é mais relevante que em relação à mulher branca, 
mas que se faz essencial compreender que a mulher negra passa 
por desvantagens sociais, as quais colocam ela numa situação 
inferior. Ao contrário, do que se pensa este movimento surge para 
denunciar e questionar o contexto social estruturado pelo racismo 
e patriarcalismo, sem desqualificar outros grupos.
24 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Através do Feminismo Negro, as experiências das mulheres 
negras são fixadas como questões emergentes, em razão do 
silenciamento histórico de suas vozes. As vivências diárias das 
mulheres negras não são mais universalizadas, já que os aspectos 
de raça e gênero, vistos, até então, separadamente unem-se na 
demonstração dos impactos do racismo e patriarcalismo no corpo 
dessas mulheres (LEAL, 2020).
Outrossim, Minhomens (2009) refere que o Ciberativismo 
normalmente, apoia-se da internet ou de outros meios tecnológicos, 
visando disseminar as suas causas, com o estabelecimento de uma 
rede de solidariedade e articulação sobre o tema discutido. Ou seja, 
o Ciberativismo pode ser entendido como um tipo de ativismo 
feito por determinados grupos que utilizam o meio virtual para 
expandir as suas reinvindicações. 
Nessa linha, quando se fala do Ciberativismo é importante 
trazer algumas noções de ciberespaço e cibercultura, a fim de 
compreender como ocorre este tipo de ativismo no ambiente social. 
Com isso, nas palavras de Lévy (1999, p.17):
O ciberespaço (que também chamarei de “rede”) e o novo 
meio de comunicação que surge da interconexão mundial dos 
computadores. O termo especifica não apenas a infra-estrutura 
material da comunicação digital, mas também o universo 
oceânico de informações que ela abriga, assim como os seres 
humanos que navegam e alimentam esse universo. Quanta 
ao neologismo “cibercultura”, especifica aqui o conjunto de 
técnicas (materiais e intelectuais), de práticas, de atitudes, 
de modos de pensamento e de valores que se desenvolvem 
juntamente com o crescimento do ciberespaço.
A partir dessa concepção, verifica-se que o ciberespaço 
e a cibercultura, estão interligados, na medida em que no plano 
prático o ciberespaço é o ponto de conexão entre as pessoas e as 
informações disponibilizadas na internet. Em outras palavras, o 
ciberespaço se expande num ambiente que possibilita o acesso e 
a troca de informações de diferentes indivíduos. Sem que exista o 
ciberespaço não se pode falar em cibercultura, e, consequentemente, 
em Ciberativismo. 
 25
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Ainda, sobre a cibercultura destaca-se a importância 
do elemento humano, na proposição de diversas ideias e na 
construção de debates sociais relevantes. Santaella (2003) coloca 
que na atualidade estamos diante de uma revolução tecnológica 
e cultural, que torna as relações pessoais cada vez mais dinâmicas, 
considerando que os componentes advindos da tecnologia e do ser 
humano são complementares nesse processo de desenvolvimento 
da cibercultura. 
Em contrapartida, quando se a exterioriza a cibercultura 
é possível notar que no ciberespaço ocorre a desterritorialização 
informacional. Os dados divulgados no ciberespaço, ainda que, 
controlados em certo ponto pelo Estado, acabam sendo afetados pelas 
transformações sociais, através do processo de desterritorialização. 
As manifestações oriundas da internet ultrapassam hierarquias, 
fronteiras políticas, culturais e econômicas, com a desconstrução 
de padrões sociais. Diante disso, o Ciberativismo pode ser 
indicado como um exemplo dessa desterritorialização, haja vista 
que é o encontro de determinados grupos ou Movimentos Sociais 
que divulgam as suas demandas no ciberespaço, questionando a 
realidade, muitas vezes, controlada pelo Estado (LEMOS, 2007). 
Nesse cenário, também é pertinente mencionar a ideia 
de inteligência coletiva, a qual Lévy (1999) aponta que acontece 
quando os conhecimentos somados e compartilhados numa 
sociedade são potencializados pela implementação de novas 
tecnologias digitais. A inteligência coletiva parte do pressuposto 
de que se deve valorizar as capacidades individuais, que são 
reunidas por meio das tecnologias em prol de um objetivo comum 
(BEMBEM; COSTA, 2013). O intuito da inteligência coletiva 
está na percepção e no reconhecimento das habilidades de cada 
pessoa, contribuindo para a sua organização social benéfica 
(CAVALCANTI; CHAMPANGNATTE, 2015). 
Assim, constata-se que a convergência dessas noções culmina 
na atuação cada vez maior dos Movimentos Sociais no ambiente 
virtual. O acesso e a troca rápida de informações em qualquer 
lugar do mundo, favorece o encontro de variadas culturas, e ao 
26 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
mesmo tempo, o questionamento de condições sociais opressoras. 
A realidade virtual, fortifica a luta e oportuniza de maneira 
democrática a formação de diálogos socialmente silenciados. 
O ciberespaço por se revelar um ambiente sem fronteiras faz 
com que os dados divulgados tenham uma enorme proporção, se 
em comparação com aqueles apresentados fisicamente. A inclusão 
do Ciberativismo pelos Movimentos Sociais transforma-se em mais 
um elemento cabível para a ampliação dos debates iniciados num 
âmbito menor. No mesmo sentido, destaca Queiroz (2017, p.3 - 
4): 
[...] os ativistas dos movimentos sociais e as pessoas que 
participaram das manifestações de protesto em todo o 
mundo viram na Internet – mais especificamente nos blogs 
e redes sociais –, uma oportunidade de ampliar o poder de 
comunicação e defesa da causa em foco. O meio digital tornou-
se, então, o canal de comunicação mais usado pelos ativistas. 
[...] O ciberativismo surgiu da apropriação das redes sociais 
da internet pelos ativistas que defendem causas humanitárias, 
políticas, culturais e econômicas. Alguns desses processos 
começam tendo como foco determinada comunidade ou 
cidade, mas cujas ramificações e interesses ultrapassam 
fronteiras espaciais e ganham o mundo na defesa de direitos 
coletivos.
Desta maneira, visualiza-se que a participação do 
Ciberativismo com diversos Movimentos Sociais acontece pelo 
fato de sua maior plataforma de divulgação ser o ciberespaço, o 
qual facilita a troca e o acesso de informações entre as pessoas. A 
participação do Ciberativismo na difusão de ideias permite que as 
pautas relevantes para o meio social sejam discutidas por variados 
grupos sociais. E a colaboração de diferentes grupos sociais nos 
debates, faz com que eventuais mudanças, como culturais, alcancem 
todos em condições amplamente satisfatórias. 
Percebe-se que, a partir da década de 1990, os Feminismos 
Latino-americanos,começaram a mudar os seus campos de atuação 
(LIMA, 2019), passando a usarem as Tecnologias de Informação 
e Comunicação (TIC’s) como ferramentas de expansão de suas 
 27
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
pautas (MATOS, 2010). Essas tecnologias ajudaram na formação 
de uma sociedade direcionada para o campo virtual, aonde os 
debates sociais estão sendo cada vez mais desenvolvidos (MALTA; 
OLIVEIRA, 2016).
O Feminismo Negro começou a ser incluído na rede virtual 
através de sites e blogs que apresentam informações e textos, os 
quais retratam as vivências da mulher negra. Também, as redes 
sociais contribuíram para a criação de grupos que falam sobre 
os procedimentos estéticos atribuídos para as mulheres pretas 
(MALTA; OLIVEIRA, 2016). A troca virtual de experiências 
mostra-se cada vez mais possível, já que de acordo com Lima 
(2019, p. 66):
A entrada no mundo digital, seja por meio das redes sociais 
ou por meio dos blogs, vem possibilitando que ciberativistas 
negras utilizem o ambiente virtual como um espaço repleto de 
possibilidades de gerar, compartilhar e dar visibilidade `as suas 
próprias narrativas. Mulheres negras, lésbicas, transexuais têm 
feito uso regular das narrativas contra hegemônicas no intuito 
de ampliar seu acesso a direitos e oportunidades, modificar a 
imagem estereotipada que a sociedade[...] tem desses grupos e 
favorecer, dessa forma, condições para uma vida mais digna. 
Esses discursos são ainda fundamentais na reorganização da 
própria subjetividade por apresentarem de forma positiva e 
potente as vivências de indivíduos subalternizados.
Diante disso, entende-se que os conceitos de Ciberativismo 
e Feminismo Negro são complementares na medida que a internet 
ajuda na propagação das pautas relevantes para a mulher negra, 
fazendo com que estas reinvindicações sejam mais conhecidas, e 
consequentemente, discutidas. A rápida expansão das informações, 
ocasiona o contato de diferentes grupos sociais, e com isso, a 
contestação de pensamentos originários da mentalidade colonial 
que se perpetuaram ao longo dos anos, os quais prejudicam a luta 
da mulher negra por um tratamento apropriado. 
Por conseguinte, essa articulação entre variados indivíduos 
resulta no empoderamento comunitário, que segundo Baquero 
(2012) trata-se do processo de capacitação de grupos ou indivíduos 
28 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
menos favorecidos que agem com a finalidade de conquistar 
plenamente direitos de cidadania, capazes de contribuírem nas 
ações do Estado. Frisa-se que a ideia de empoderamento surge a 
partir de uma visão individual, a qual posteriormente reflete nas 
relações pessoais. O empoderamento de qualquer pessoa se inicia 
quando ela toma consciência da sua realidade, e, em seguida busca 
maneiras de mudá-la. 
Seguindo esta linha, o empoderamento da mulher negra 
se manifesta quando ela reconhece as dimensões do racismo e do 
patriarcalismo no seu cotidiano, e movimenta-se para questionar 
e alterar, tal contexto opressor. E o pensamento feminista negro 
como uma teoria social crítica almeja o empoderamento das 
mulheres negras numa conjuntura de injustiça social sustentada 
pelas opressões interseccionais (COLLINS, 2019). Enquanto, o 
Ciberativismo defende o empoderamento dos grupos sociais por 
meio da disponibilização de informações no ambiente virtual.
Isto significa dizer, que o papel do ciberespaço em termos 
práticos colabora para o processo de reconhecimento emancipatória 
da mulher negra. No momento, em que há o diálogo e a articulação 
para questionar a realidade discriminatória, proporciona para a 
mulher negra um sentimento de pertencimento e acolhimento, que 
se concretiza pela conscientização do seu papel transformador. 
Sem prejuízo, evidencia-se, ainda que, o processo de 
empoderamento possa iniciar de forma individual o seu verdadeiro 
impacto, manifesta-se coletivamente. Sob este ângulo, destaca 
Ribeiro (2018, p.135-136): 
O termo “empoderamento” muitas vezes é mal interpretado. 
Por vezes é entendido como algo individual ou a tomada de 
poder para se perpetuar opressões. Para o feminismo negro, 
possui um significado coletivo. Trata-se de empoderar a si e aos 
outros e colocar as mulheres como sujeitos ativos da mudança. 
[...] Não é a causa de um indivíduo de forma isolada, mas 
como ele promove o fortalecimento de outros com o objetivo 
de alcançar uma sociedade mais justa [...]. Significa ter 
consciência dos problemas que nos afligem e criar mecanismos 
para combatê-los. Quando uma mulher se empodera, tem 
 29
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
condições de empoderar outras.
Dessa maneira, apura-se, que o conceito de empoderamento 
se relaciona diretamente com os conceitos de Feminismo Negro e 
Ciberativismo, em razão de suas aplicabilidades sob o viés coletivo. 
O propósito está em discutir pautas relevantes para as mulheres 
negras, enquanto, gera uma mudança de posturas sociais de todas 
as pessoas, sendo pretas, ou não. 
Assim sendo, mostra-se imprescindível enfatizar a atuação 
conjunta do Feminismo Negro e Ciberativismo nesse processo de 
empoderamento das mulheres negras. Tal noção pode ser defendida, 
pois esse processo de empoderamento acontece no ciberespaço 
na medida que as pessoas se articulam de forma igualitária em 
prol do desenvolvimento de uma sociedade justa e democrática 
(FONSECA; SILVA; TEIXEIRA FILHO, 2020).
Depreende-se, que mesmo, a desigualdade de raça e gênero 
estejam presentes no meio social a colaboração entre o Feminismo 
Negro e Ciberativismo pode ajudar no processo de enfrentamento 
da desigualdade sofrida pela mulher negra brasileira, uma vez 
que, trazem para o plano prático os debates sobre o racismo e o 
machismo presentes na sociedade. O ciberespaço possibilita a 
amplificação de variadas discussões, a aproximação de diferentes 
grupos e a influência na mudança de posturas sociais.
Portanto, observa-se na atualidade, uma crescente tendência 
das feministas negras de usarem a internet como veículo de divulgação 
de suas demandas, fomentando o processo de empoderamento 
de outras mulheres pretas. Este empoderamento promove uma 
profunda articulação contra o preconceito, que reflete na alteração 
de pensamentos historicamente enraizados na sociedade, ajudando 
no processo de efetivação de direitos básicos das mulheres negras, 
como a saúde, educação e igualdade. A inclusão da internet no 
Feminismo Negro, por intermédio do Ciberativismo auxilia na 
reflexão do contexto social da mulher negra e serve como mais um 
alicerce ao enfrentamento gradual da desigualdade de raça e gênero.
30 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
3 Considerações finais
A Constituição Federal de 1988 estabelece que todos são 
iguais perante a lei, proibindo atos preconceituosos baseados 
na origem, raça, sexo, cor, idade e qualquer outra forma de 
discriminação. Entretanto, no plano real este direito não se aplica 
plenamente, considerando o contexto de desigualdade que atinge 
variados grupos e esferas sociais.
Entre esses grupos sociais que encontram-se numa situação 
desigual estão as mulheres negras, que sofrem com as discriminações 
de raça e gênero. Assim, torna-se necessária a busca de alternativas 
que ajudem no enfrentamento da desigualdade, através da 
efetivação prática do direito à igualdade, com a participação e 
envolvimento da sociedade. Os Movimentos Sociais se apresentam 
como uma possibilidade viável capaz de auxiliar nesse processo de 
conscientização social, ao evidenciarem determinada realidade e 
reivindicarem o desenvolvimento de condições que proporcionem 
um tratamento equilibrado para todos.
Nessa perspectiva, o Feminismo Negro visa entre outros 
pontos expor as experiências da mulher negra, denunciando as 
situações de racismo e machismo enfrentadas por ela. Enquanto, 
o Ciberativistimo é uma espécie de ativismo exercido por 
determinados grupos, que utilizam o ciberespaço para aumentar a 
divulgação de suas pautas. 
É possívelnotar que a colaboração entre o Feminismo 
Negro e Ciberativismo possibilita a ampliação dos debates sociais 
que se preocupam em expor e discutir as demandas relativas à 
mulher negra, ao mesmo tempo que, aproxima outros grupos, os 
quais poderiam ter dificuldades de interagir fisicamente. Esta troca 
de experiências, consequentemente, influi na mudança de posturas 
sociais. Além disso, a disponibilização de informações favorece o 
processo de empoderamento da mulher preta, o qual se manifesta 
quando ela compreende e reconhece o contexto social que está 
inserida.
 31
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Diante disso, em que pese, a desigualdade de raça e gênero 
estejam estruturados na sociedade brasileira a colaboração conjunta 
tanto do Feminismo Negro, quanto do Ciberativimo pode ajudar 
no processo de enfrentamento da desigualdade sofrida pela mulher 
negra brasileira, uma vez que, trazem para o plano prático os 
debates sobre o racismo e o patriarcalismo, bem como possibilitam 
o empoderamento da mulher preta. 
Portanto, o acesso e a troca de informações no ciberespaço 
auxilia no reconhecimento do contexto social da mulher negra, que 
pode resultar na transformação de espaços sociais, servindo de mais 
um alicerce ao enfrentamento gradual da desigualdade de raça e 
gênero, e, por conseguinte, na efetivação do direito à igualdade no 
Brasil.
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Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
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Capítulo 2
VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E CAMPANHAS 
DE INCENTIVO PARA DENÚNCIA DOS 
AGRESSORES: UMA ANÁLISE NO PERÍODO 
DE ISOLAMENTO SOCIAL DA PANDEMIA DO 
COVID-19
Eduarda Sampaio da Veiga
Nadyni Almeida de Almeida
Aline Antunes Gomes
1 Considerações iniciais
A violência praticada contra a mulher em seu ambiente doméstico e familiar, acabou clamando por inovações 
durante o período da pandemia causada pelo Covid-19, uma 
vez que neste período, em virtude da medida de prevenção de 
isolamento social da população, a vítima passou a permanecer em 
casa juntamente com o agressor por períodos maiores de tempo. 
Se em um período normal, a vítima já possuía medo e receio de 
procurar à Polícia para denunciar as agressões, no período de 
isolamento, estando constantemente sofrendo violências e sob 
vigilância de seu ofensor, esse medo aumenta significativamente, 
exigindo inovações do Estado.
Diante do exposto, o objetivo geral é verificar se houve a 
criação de campanhas durante a pandemia e se estas alcançaram 
o objetivo de auxiliar e incentivar as vítimas destas violências para 
que proceda à denúncia de seu agressor. A hipótese é que as novas 
formas de solicitar auxílio mediante frases disfarçadas ou símbolos, 
junto a instituições participantes, se tornam uma alternativa para 
que a vítima possa denunciar a agressão, mesmo na companhia do 
36 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
agressor.
A justificativa desta pesquisa encontra fundamento na 
necessidade de inovações nas formas de prestar auxílio às vítimas 
de violência doméstica, na medida em que é comum que esta 
possua medo e/ou vergonha de relatar estes episódios, ou, ainda, 
que não consiga um momento longe da observação do agressor, 
para comparecer à Delegacia de Políciae denuncia-lo. 
Esta pesquisa é relevante, na medida em que a Violência 
Doméstica e Familiar contra a Mulher exige maior atenção 
da sociedade em geral, em que pese a existência de lei própria 
para proteção, assim como medidas protetivas e assistência 
especializada para a vítima, há uma grande dificuldade do Estado 
tomar conhecimento das situações vivenciadas, uma vez que são 
perpetradas dentro do ambiente doméstico, onde inexistem, muitas 
vezes, testemunhas. 
Foi utilizada como metodologia, a pesquisa bibliográfica, 
qualitativa e expositiva, com o estudo da Lei n° 14.188/21 (Sinal 
Vermelho contra a Violência Doméstica) e Lei nº 15.512/20 
(Máscara Roxa), bem como pesquisas doutrinárias e análise de 
artigos disponibilizados nas plataformas digitais. 
2 A pandemia causada pelo Covid-19 e a violência doméstica 
durante o período de isolamento social 
A pandemia causada pela doença Covid-19, foi responsável 
por diversas alterações na vida cotidiana de cidadãos de diversos 
países. No Brasil, o primeiro caso da doença foi confirmado em 26 
de fevereiro de 2020 e, infelizmente, a partir desta data os números 
passaram a aumentar drasticamente.
 Uma das medidas de prevenção recomendadas pelo 
Organização Mundial da Saúde, na intenção de conter o avanço 
da transmissão da doença, foi a medida de isolamento de casos 
suspeitos e o distanciamento social. 
 A medida de distanciamento social foi responsável pela 
 37
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
permanência das pessoas em casa, devido ao fechamento dos 
estabelecimentos considerados não essenciais e em alguns casos, 
pela redução da jornada de trabalho de outros órgãos. 
 Com a vigência do distanciamento social, muitas mulheres 
passaram a permanecer em casa, na companhia de seus agressores, 
que então não precisariam ausentar-se da residência para trabalhar. 
Estas situações, expandiram o risco de aumento da violência 
doméstica, o que acabou se aliando ao fato de, assim como qualquer 
outro estabelecimento, os órgãos do sistema Judiciário, também 
tiveram seus serviços interrompidos ou reduzidos. 
 Neste período, a liberdade que antes existia, de sair para 
lugares que faziam parte da rotina das pessoas foi restringida, 
não havendo possibilidade, à exemplo, da visita à família, 
comparecimento a igrejas, escolas, serviços de proteção e até mesmo 
a busca por atendimento junto ao sistema de saúde sofreu impacto, 
já que houve a priorização dos serviços da saúde para atendimento 
de casos referentes à Covid-19, justamente pelo alto de risco de 
contágio e colapso do sistema de saúde.
 Segundo Marques et al. (2020), a redução do contato da 
vítima com seu círculo social, amigos e familiares, causa a redução 
de oportunidades de a mulher criar ou manter uma rede social de 
apoio, solicitar auxílio ou buscar sair da situação de violência. Essa 
convivência durante o dia diminuem as chances de que se realize 
a denúncia com segurança, o que acaba impedindo, muitas vezes, 
que a vítima tome esta decisão.
Outros aspectos que podem agravar as violências é o aumento 
de estresse do agressor gerado pela situação de medo e incerteza 
vivenciada durante o período de isolamento, a impossibilidade de 
convívio social, a possibilidade de redução de renda e o consumo 
de bebidas alcoólicas, aliado a sobrecarga de trabalho doméstico 
da mulher, do cuidado com filhos e demais familiares, ocasionam 
a diminuição de chances de que qualquer conflito com o agressor 
seja evitado (MARQUES et al., 2020).
 Evidente que, estes fatores acabaram conduzindo à um 
38 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
aumento significativo de violência e neste caso, a vítima, viu os 
meios de procurar ajuda serem reduzidos, quer pela constante 
vigilância do agressor, quer pela interrupção ou diminuição dos 
serviços de proteção.
 De acordo com a terceira edição da pesquisa “Visível 
e Invisível” encomendada pelo Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública (2021, p. 11), “4,3 milhões de mulheres (6,3%) foram 
agredidas fisicamente com tapas, socos ou chutes. Isso significa 
dizer que a cada minuto, 8 mulheres apanharam no Brasil durante 
a pandemia do novo coronavírus”.
A referida pesquisa (2021), também, evidenciou que o 
tipo mais frequente de violência foi a ofensa verbal, como insultos 
e xingamentos. Foram 13 milhões de brasileiras (18,6%) que 
relataram ter experimentado este tipo de violência. Além disso, 5,9 
milhões de mulheres (8,5%), afirmaram ter sido vítimas de ameaças 
de violência física como tapas, empurrões ou chutes. Cerca de 3,7 
milhões de mulheres (5,4%) relataram ter sofrido ofensas sexuais 
ou tentativas forçadas de manter relações sexuais. Sofreram ameaças 
com faca ou arma de fogo, 2,1 milhões de mulheres (3,1%) e 1,6 
milhão (2,4%) de mulheres foram espancadas ou sofreram tentativa 
de estrangulamento. Ainda, de acordo com o Fórum Brasileiro de 
Segurança Pública (2021, p. 12):
Em termos gerais, 1 em cada 4 (24,4%) das mulheres 
brasileiras acima de 16 anos afirmaram ter sofrido algum 
tipo de violência ou agressão nos últimos 12 meses, durante a 
pandemia de covid-19. Isso significa dizer que, em média, 17 
milhões de mulheres sofreram violência baseada em gênero no 
último ano.
Além disso, de acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança 
Pública (2021, p. 12), “44,9% das mulheres não fizeram nada em 
relação à agressão mais grave sofrida.” E, segundo a Ouvidoria 
Nacional dos Direitos Humanos (ONDH), apenas entre os dias 1º 
e 25 de março de 2020, ocorreu um aumento de 18% no número 
de denúncias registradas pelos serviços do Disque 100 e do Ligue 
180 (BRASIL, 2020).
 39
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Esse cenário de aumento da violência doméstica durante 
a pandemia do Coronavírus denota a necessidade de políticas ou 
ações afirmativas capazes de auxiliar às vítimas, tanto para a sua 
proteção e erradicação da violência, quanto de alternativas para 
denunciar o agressor e obter a sua responsabilização judicial. O 
próximo tópico, porquanto, trata das campanhas de incentivo para 
a realização da denúncia das violências sofridas pelas mulheres. 
3 As campanhas de incentivo para a denúncia da violência 
contra a mulher
A Lei Maria da Penha, que entrou em vigor no ano de 2006, 
especificou as diversas formas de violência que a mulher pode ser 
vítima no ambiente doméstico1, prevendo, também, uma rede de 
assistência que deve ser oportunizada às vítimas.
Porém, assim como ocorre em qualquer outra situação 
de violência praticada dentro da residência da vítima por pessoa 
de seu núcleo familiar, tem-se a dificuldade do Estado de tomar 
conhecimento dos delitos ali cometidos. 
1 Art. 7º. São formas de violência doméstica e familiar contra a mulher, entre outras: 
I - a violência física, entendida como qualquer conduta que ofenda sua integridade ou 
saúde corporal; II - a violência psicológica, entendida como qualquer conduta que lhe 
cause dano emocional e diminuição da autoestima ou que lhe prejudique e perturbe o 
pleno desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas ações, comportamentos, 
crenças e decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, 
isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz, insulto, chantagem, violação 
de sua intimidade, ridicularização, exploração e limitação do direito de ir e vir ou 
qualquer outro meio que lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodeterminação; 
(Redação dada pela Lei nº 13.772, de 2018); III - a violência sexual, entendida como 
qualquer conduta que a constranja a presenciar, a manter ou a participar de relação 
sexual não desejada, mediante intimidação, ameaça, coação ou uso da força; que a 
induza a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua sexualidade, que a impeça 
de usar qualquer método contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez, ao 
aborto ou à prostituição, mediante coação, chantagem, suborno ou manipulação; ou 
que limite ou anule o exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;IV - a violência 
patrimonial, entendida como qualquer conduta que configure retenção, subtração, 
destruição parcial ou total de seus objetos, instrumentos de trabalho, documentos 
pessoais, bens, valores e direitos ou recursos econômicos, incluindo os destinados a 
satisfazer suas necessidades; V - a violência moral, entendida como qualquer conduta 
que configure calúnia, difamação ou injúria.
40 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
Em contrapartida, a vítima que encontra-se sob a observação 
do agressor, constantes ameaças, violência psicológica e físicas, 
além de outras, acaba se encontrando em uma situação delicada, 
pois, muitas vezes, não consegue sentir-se segura o suficiente 
para deslocar-se até uma delegacia de polícia e se o faz, não sente 
segurança de que a denúncia surtirá algum efeito. 
Não são raros os casos em que a vítima representa na 
autoridade policial pelo andamento da investigação, mas por 
importunação do agressor e ameaças, retira as acusações, retornando 
ao ambiente violento. Há, também, casos em que, mesmo com 
a medida de proteção vigente, o agressor procura a vítima para 
agredi-la. Repisa-se que, em muitos destes casos, o agressor por 
saber que a vítima procurou a polícia para fugir de suas investidas, 
retorna mais violento.
Como já mencionado, a decisão da vítima de procurar 
a justiça para proteger-se das agressões, muitas vezes encontra 
empecilhos. Uma destas é a condição psicológica da vítima que, 
em muitos casos, devido a violência constante, sente-se esgotada, 
incapaz de livrar-se sozinha do ciclo de violência, com medo de 
que o agressor cumpra as ameaças. Assim, a criação de métodos 
tecnológicos e adequados para prestar auxílio torna-se um 
instrumento importante para que a vítima consiga ter acesso às 
medidas.
 Uma campanha do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) 
e da Associação de Magistrados Brasileiros (AMB), denominada 
Sinal Vermelho contra a Violência Doméstica, traz inovações para 
que a vítima consiga auxílio, mesmo sob a observação do agressor, 
em repartições públicas e entidades privadas de todo o País, 
bastando que chegue ao local e mostre um X vermelho na palma da 
mão, devendo ser realizadas campanhas informativas e capacitação 
permanente dos profissionais pertencentes ao programa, a 
fim de que possa entender o sinal, acionar a Polícia e realizar o 
encaminhamento da vítima para atendimento especializado.
O programa criado como medida de enfrentamento 
 41
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
da violência doméstica está previsto na Lei nº 14.188/21, que 
entrou em vigor em 28 de julho de 2021. Além disso, a referida 
Lei acrescentou ao art. 129 do Código Penal, o § 13º, que traz o 
seguinte teor: 
Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
[...] 
§ 13. Se a lesão for praticada contra a mulher, por razões da 
condição do sexo feminino, nos termos do § 2º-A do art. 121 
deste Código: 
Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro anos)
O Código Penal que já havia sofrido alterações em 31 de 
março de 2021, por meio da Lei nº 14.132/21 que acrescentou 
o art. 147-A, o qual prevê o crime de perseguição e revogou a 
contravenção penal de perturbação da tranquilidade, também 
passou a vigorar com a inclusão do delito de violência psicológica 
contra a mulher trazido pela Lei nº 14.188/21:
Violência psicológica contra a mulher 
Art. 147-B. Causar dano emocional à mulher que a prejudique 
e perturbe seu pleno desenvolvimento ou que vise a degradar 
ou a controlar suas ações, comportamentos, crenças e 
decisões, mediante ameaça, constrangimento, humilhação, 
manipulação, isolamento, chantagem, ridicularização, 
limitação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que 
cause prejuízo à sua saúde psicológica e autodeterminação.
Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa, se a 
conduta não constitui crime mais grave.
 Outra modificação trazida pela Lei nº 14.188/21, foi a 
modificação do artigo 12-C da Lei 11.340/06 (Lei Maria da Penha):
Art. 12-C. Verificada a existência de risco atual ou iminente 
à vida ou à integridade física ou psicológica da mulher 
em situação de violência doméstica e familiar, ou de seus 
dependentes, o agressor será imediatamente afastado do lar, 
domicílio ou local de convivência com a ofendida: 
42 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
O artigo passou a prever, também, que existindo risco atual 
ou iminente à vida ou integridade psicológica da mulher ou de 
seus dependentes, será imediatamente afastado o agressor do lar, 
domicílio ou local de convivência com a ofendida. Anteriormente, 
o artigo previa apenas a hipótese de risco atual ou iminente à 
integridade física da vítima.
 Outra campanha que foi desenvolvida tendo o mesmo 
objetivo é a campanha da Máscara Roxa, lançada em junho de 
2020, na intenção de oportunizar às vítimas de violência doméstica 
uma forma de denúncia dos agressores. Nesta campanha, que teve 
início durante o período de pandemia do Covid-19, em que devido 
a necessidade de isolamento, aumentou o tempo em que vítima 
e agressor permaneciam juntos em casa, utilizou-se as farmácias 
como centro para atender as vítimas, já que por ser serviço essencial, 
puderam permanecer abertas durante o período de isolamento. 
 Neste caso, as farmácias participantes possuem em suas 
vitrines e portas, um selo escrito “Farmácia Amiga das Mulheres”, 
para que a vítima as identifique, devendo adentrar o estabelecimento 
e pedir ao atendente a máscara roxa. Assim como na campanha 
anteriormente citada, os atendentes devem ser capacitados para o 
procedimento e garantia da segurança da vítima. Após o pedido, o 
atendente dirá que o produto está em falta e pegará alguns dados 
para avisar a vítima do reabastecimento, dados que repassará à 
Polícia Civil, a partir do aplicativo de mensagens “WhatsApp” para 
que o órgão tome as medidas necessárias.
 A campanha adquiriu previsão legal por meio da Lei nº 
15.512/202 e perduram seus efeitos enquanto viger o Decreto nº 
2 Art. 1º As farmácias e outros estabelecimentos comerciais e prestadores de serviços 
que permanecerem em funcionamento, enquanto perdurarem os efeitos do estado 
de calamidade pública no Estado do Rio Grande do Sul, para fins de prevenção 
e de enfrentamento à epidemia causada pela Covid-19 (Novo Coronavírus), 
ficam autorizados a receber denúncias de violência doméstica, encaminhando-as 
imediatamente para as autoridades competentes adotarem, com urgência, as medidas 
protetivas necessárias e cabíveis.
 Art. 2º A denúncia poderá ser realizada de forma presencial, devendo ser encaminhada 
 43
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
55.128/20, que declarou estado de calamidade pública no Estado do 
Rio Grande do Sul, em razão da pandemia causada pelo Covid-19. 
A lei autoriza que as farmácias e outros estabelecimentos comerciais 
e prestadores de serviços, durante o período de calamidade pública 
do Estado do Rio Grande do Sul, recebam denúncias de violência 
doméstica e as encaminhem as autoridades competentes com 
urgência.
 Essas campanhas possibilitam, portanto, que as mulheres 
vítimas de violência doméstica busquem apoio e proteção do Estado, 
a fim de cessar a situação de vulnerabilidade em que se encontram 
junto aos agressores. Com isso, seus direitos fundamentais, 
previstos na Constituição Federal (1988), como proteção da vida, 
integridade física e psíquica, liberdade e autonomia, bem como sua 
dignidade humana podem ser garantidos.
4 Considerações finais
De acordo com a presente pesquisa, verificou-se que foram 
criadas campanhas que possuem como objetivo, incentivar que 
as vítimas de violência doméstica realizem a denúncia contra o 
agressor. Estas campanhas foram elaboradas para oferecer à vítima 
uma forma alternativa de realizar a denúncia, já que basta mostrar 
o símbolo do X vermelho ou proferir a frase disfarçada para que a 
denúncia seja identificada pelo atendente.
 Duranteo período de pandemia em que, devido ao 
fechamento ou redução de período laborativo de estabelecimentos e 
pelo atendente nos estabelecimentos referidos no art. 1.º aos telefones 180 ou 190 
ou outro que, eventualmente, venha a ser disponibilizado pelas autoridades, para 
essa finalidade. Parágrafo único. O atendente anotará os dados da pessoa que faz a 
denúncia, seu nome, endereço e número de telefone para eventual contato. 
 Art. 3º Quando não for possível haver a menção expressa da denúncia, por motivo de 
segurança da denunciante, será utilizada a frase de passe “PRECISO DE MÁSCARA 
ROXA”, para que o atendente preste ajuda. Parágrafo único. Mencionada a frase 
de passe, o atendente deverá informar à pessoa que o produto não está disponível, 
mas sendo recebido, requerendo os dados indicados no parágrafo único do art. 2.º, 
efetuando imediatamente a comunicação às autoridades, pelos telefones 180, 190 ou 
outro disponibilizado para esse fim.
44 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
repartições públicas, no que se inclui Delegacias de Polícia, Fóruns, 
Promotorias de Justiça e órgãos que visam acolher as vítimas destas 
violências, assim como, houve a limitação do trânsito de pessoas e 
maior permanência da vítima junto ao seu agressor, as campanhas 
apresentam inovações, uma vez que não exige que a vítima 
verbalize expressamente a situação de violência, o que permite à 
ela, denunciar seu agressor, até mesmo na presença dele. 
 Portanto, as campanhas oferecem uma forma de socorrer 
a vítima que não consegue sair da vigilância do agressor para 
denunciar a violência de forma presencial nas Delegacias de Polícia 
ou Brigada Militar. 
 Este estudo teve a intenção de realizar uma discussão 
prévia sobre as campanhas de incentivo de denúncias de violência 
doméstica no período de isolamento social, demonstrando, 
que houve a criação de formas alternativas para que as vítimas 
denunciassem os fatos, porém, o tema carece de novas pesquisas, 
para fins de identificar se ambas as campanhas são de conhecimento 
das vítimas.
Sugere-se que pesquisas posteriores, sejam feitas para 
verificar a ocorrência destas denúncias na prática, assim como 
existência das capacitações destes profissionais e o procedimento 
feito para a comunicação à Delegacia de Polícia. 
Referências 
BRASIL. Constituição da República Federativa Brasileira, de 
05 de outubro de 1988. Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 29 set. 
2021.
BRASIL. Lei nº 11.340/06, de 07 de agosto de 2006. Cria 
mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra 
a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição 
Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de 
Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana 
 45
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; 
dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e 
Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o 
Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. 
Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-
2006/2006/lei/l11340.htm. Acesso em: 26 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 14.132, de 31 de março de 2021. Acrescenta o 
art. 147-A ao Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 
(Código Penal), para prever o crime de perseguição; e revoga o 
art. 65 do Decreto-Lei nº 3.688, de 3 de outubro de 1941 (Lei 
das Contravenções Penais). Disponível em: http://www.planalto.
gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14132.htm. Acesso 
em: 29 set. 2021.
BRASIL. Lei nº 14.188/21, de 28 de julho de 2021. Define 
o programa de cooperação Sinal Vermelho contra a Violência 
Doméstica como uma das medidas de enfrentamento da violência 
doméstica e familiar contra a mulher previstas na Lei nº 11.340, 
de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha), e no Decreto-Lei 
nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), em todo 
o território nacional; e altera o Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de 
dezembro de 1940 (Código Penal), para modificar a modalidade 
da pena da lesão corporal simples cometida contra a mulher por 
razões da condição do sexo feminino e para criar o tipo penal de 
violência psicológica contra a mulher. Disponível em: http://www.
planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2021/lei/L14188.htm. 
Acesso em: 26 set. 2021.
BRASIL. Ouvidoria Nacional dos Direitos Humanos (ODNH), 
do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos 
(MMFDH). Coronavírus: sobe o número de ligações para 
canal de denúncia de violência doméstica na quarentena, 
2020. Disponível em: https://www.gov.br/mdh/pt-br/assuntos/
noticias/2020-2/marco/coronavirus-sobe-o-numero-de-ligacoes-
para-canal-de-denuncia-de-violencia-domestica-na-quarentena. 
Acesso em: 28 set. 2021.
FÓRUM BRASILEIRO DE SEGURANÇA PÚBLICA; 
46 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
DATAFOLHA, instituto de pesquisas. Visível e Invisível: A 
Vitimização de Mulheres no Brasil. 3. ed. Brasil, 2021. Disponível 
em: https://forumseguranca.org.br/wp-content/uploads/2021/06/
relatorio-visivel-e-invisivel-3ed-2021-v3.pdf. Acesso em: 28 set. 
2021.
MARQUES, Emanuele Souza et al. A violência contra mulheres, 
crianças e adolescentes em tempos de pandemia pela COVID-19: 
panorama, motivações e formas de enfrentamento. Cadernos de 
Saúde Pública [online]. v. 36, n. 4. Disponível em: https://doi.
org/10.1590/0102-311X00074420. Aceso em: 28 set. 2021.
RIO GRANDE DO SUL. Decreto nº 55.128, de 19 de 
março de 2020. Declara estado de calamidade pública em 
todo o território do Estado do Rio Grande do Sul para fins de 
prevenção e de enfrentamento à epidemia causada pelo Covid-19 
(novo Coronavírus), e dá outras providências. Disponível em: 
http://www.al.rs.gov.br/legis/M010/M0100018.asp?Hid_
IdNorma=66175. Acesso em: 29 set. 2021.
RIO GRANDE DO SUL. Lei nº 15.512/20, de 24 de agosto 
de 2020. Institui o recebimento de comunicação de violência 
doméstica e familiar contra a mulher, por intermédio de 
atendentes em farmácias e outros estabelecimentos comerciais 
e prestadores de serviços em funcionamento durante a vigência 
do estado de calamidade pública no Estado do Rio Grande do 
Sul, em decorrência da Covid-19 (Novo Coronavírus), e dá 
outras providências. Disponível em: http://www.al.rs.gov.br/
filerepository/repLegis/arquivos/LEI%2015.512.pdf. Acesso em: 
26 set. 2021.
Capítulo 3
A DICOTOMIA DAS CONCEPÇÕES (PRÉ) 
FEMINISTAS DA FILÓSOFA HANNAH ARENDT
Raíssa Pedroso Becker de Lima 
Daiane Caroline Tanski
Mariana Figueira Fontoura
Sabrina Figueira
Vanessa Steigleder Neubauer
1 Considerações iniciais
O presente estudo abordará questões pertinentes a teoria de uma das grandes filósofas alemãs Hannan Arentd, 
nascida em 14 de outubro de 1906, filha de família judaica, 
que ficou conhecida como a pensadora da liberdade. Vivenciou 
as grandes transformações do poder político até o século XX. 
Arendt, estudou a formação dos regimes autoritários, totalitários, 
determinados nesse período como o nazismo e o comunismo. 
Ainda, defendeu também os direitos individuais e da família contra 
as sociedades de massas. As principais obras de Arendt são: “As 
origens do Totalitarismo”, “Eichmann em Jerusalém”, “Entre o 
Passado e o Futuro” e “A condição Humana”. 
Também, propagou a ideia acerca da expressão de 
natalidade, relacionando-a aos conceitos de liberdade e igualdade, 
trazendo à tona que todos os sujeitos tinham aptidão de ação sem 
distinções. Apesar disso, também foi criticada severamente pelas 
feministas Adrienne Rich e Mary O’Brien em razão de ter deixado 
de questionar a dicotomia público-privado, conformetratando-as 
de maneira exclusiva e estereotipada, fato o qual fez com que fosse 
chamada de “antifeminista” e “pré-feminista”. 
A partir dessas perspectivas, o objetivo da pesquisa é analisar 
48 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
a teoria de Hannah Arendt, bem como a dicotomia das concepções(pré) feministas da filósofa Hannah Arendt, com intuito de 
demostrar que mesmo diante a crítica que se estendeu a sua filosofia, 
ela hermeneuticamente possuía uma preocupação com os aspectos 
que tangem a liberdade e igualdade de direito. A pesquisa se justifica 
pela crítica gerada em face das ideias propagadas pela autora e sua 
importância para a construção de concepções feministas. 
Para alcançar esse desígnio, realizar-se-á um estudo 
qualitativo, de caráter explicativo, com método dedutivo, e 
metodologia bibliográfica e documental. Ainda, salienta-se que o 
propósito não é se voltar a crítica a filósofa propriamente dita, mas 
sim demostrar os aspectos feministas em sua filosofia. 
O problema de pesquisa é: como as concepções opostas e 
ao mesmo tempo contributivas de Hannah Arendt auxiliaram na 
construção do movimento feminista na sociedade atual, a partir 
do direito à igualdade e liberdade? As obras de Hannah Arendt, 
são fundamentais para compreender e refletir sobre a sociedade 
atualmente, e provavelmente os conceitos trazidos pela filósofa 
constituíram algumas das discussões dos movimentos feministas, 
como à liberdade e igualdade de agir diante da sociedade.
2 Desenvolvimento
Hannah Arendt foi uma filósofa alemã e teórica política 
contemporânea, de origem judia experienciou as vivencias negativas 
da perseguição nazista. Conforme Oliveira (2014), nos últimos 
tempos não param de aparecer novos títulos reunindo material 
inédito ou publicado em veículos de circulação limitada durante a 
vida da autora. Oliveira (2014, p. 17) ressalta:
Depois da publicação de Origens do totalitarismo passaram-se 
sete anos até o aparecimento do seu livro seguinte “A condição 
humana”, publicado em 1958. Mas ela não permaneceu inativa 
durante o longo intervalo. O livro sobre o totalitarismo, apesar 
da admiração que provocou, também recebeu severas críticas; 
entre elas a de que considerar o comunismo e o nazismo como 
 49
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
variantes de um mesmo fenômeno totalitário era abusivo, no 
limite uma contribuição de uma autora “americana” à Guerra 
Fria.
Uma das maiores acusações que Arendt endereça aos 
regimes totalitários é a de que eles procuram fabricar algo que não 
existe, isto é, um tipo de espécie humana que se assemelhe a outras 
espécies animais, e cuja única ‘liberdade’ consista em ‘preservar a 
espécie (OLIVEIRA, 2014).
A obra de Hannah Arendt desenvolve uma espécie de 
reconstrução dos direitos humanos, segundo Lafer (1941) não leva 
a um sistema, pois permite, no entanto, identificar problemas que 
são importantes e se tornaram relevantes em virtude da ruptura 
totalitária. Conforme Lafer (1988, p. 18):
A ruptura surge, provocando o hiato de que fala Hannah 
Arendt, e levando ao desconcerto epistemológico, quando 
a lógica do razoável que permeia o paradigma da Filosofia 
do Direito não consegue dar conta da não-razoabilidade 
que caracteriza uma experiência como a totalitária. Esta, 
convém frisar, não foi fruto de uma ameaça extrerna mas, ao 
contrário, foi gerada no bojo da própria modernidade e como 
desdobramento inesperado e não-razoável de seus valores. [...] 
A convicção, explicitamente assumida pelo totalitarismo, de 
que os seres humanos são supérfluos e descartáveis, representa 
uma contestação frontal à ideia do valor da pessoa humana 
enquanto “valor-fonte” de todos os valores políticos, sociais e 
econômicos e, destarte, o fundamento último da legitimidade 
da ordem jurídica, tal como formulada pela tradição, seja no 
âmbito do paradigma do Direito Natural, seja no da Filosofia 
do Direito. Daí a necessidade de precisar como ocorreu 
especificamente esta ruptura no plano jurídico e quais são 
algumas das respostas possíveis a esta situação. 
Assim, no jusnaturalismo moderno, foi sendo elaborada a 
ideia de direitos inatos, tidos como uma verdade evidente, que seriam 
a medida da comunidade política, mas que dela independeriam. A 
Declarações de Direitos Humanos, nas constituições, tinha como 
objetivo conferir segurança aos direitos nelas contemplados, para 
tornar aceitável pela sociedade a variabilidade do Direito Positivo, 
requerida pelas necessidades da gestão do mundo moderno 
50 
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
(LAFER, 1988). 
A reconstrução do tema dos direitos humanos elaborada 
com base em desenvolvimentos ou sugestões contidas na obra de 
Hannah Arendt permite identificar problemas que são importantes 
e se tornaram relevantes em virtude da ruptura totalitária (LAFER, 
1988). 
Diante das obras de Hannah, principalmente da intitulada 
“A condição Humana”, questionou-se se suas teses relacionadas a 
esferas pública e privada eram ideias opostas à luta feminista (ASSIS, 
2006). No entanto, após a autora trazer em sua obra a conceituação 
do termo natalidade como inerente à vida e à capacidade de todos 
os seres humanos, enfatizou-se a concepção de que a condição da 
natalidade estaria interligada à ação, logo todos os sujeitos possuem 
aptidão para serem integrantes ativos da política, e com isso as 
mulheres também são incluídas como indivíduos de direitos, e 
não somente integrantes da esfera privada e excluídas da sociedade 
(ASSIS, 2006).
Destaca-se que ao Arendt se referir acerca da expressão 
natalidade trouxe diversas conceituações, como nascimento, ou 
seja, uma oportunidade do sujeito ao vir ao mundo dar início a 
algo novo, mas, da mesma forma menciona que esse termo seria 
inerente à ação –possibilidade de cada indivíduo de iniciar algo 
novo. Com isso, seria demonstrada a singularidade dos seres 
humanos, mediante sua inserção no mundo (ARENDT, 1991). 
De acordo com Hannah Arendt essa capacidade de agir 
seria o próprio conceito de liberdade: “Com a criação do homem, 
veio ao mundo o próprio preceito de início; e isto, naturalmente, é 
apenas outra maneira de dizer que o preceito de liberdade foi criado 
ao mesmo tempo, e não antes, que o homem” (ARENDT, 1991, 
p. 190).
Assim, a condição humana de natalidade atribui a 
competência de realizar escolhas, de consentir, ou discordar com 
o estado das coisas. Portanto, esse fato influência diretamente no 
direito de igualdade dos sujeitos atribuindo-se esse direito não 
 51
Feminismos, Gênero e Desigualdades - Volume II
somente aos homens no âmbito da esfera pública, mas conferindo 
tal garantia as mulheres (BRUNKHORST, 2001). 
Além disso, a definição de natalidade assegura o direito 
de poder dizer não a tradições e hierarquias, as quais julgam e 
oprimem mulheres, podendo dar início a uma sociedade com ações 
inclusivas e respeito, imprescindíveis para ruptura da subordinação 
das mulheres e das condições de desigualdade presentes ainda hoje. 
Desta forma, verifica-se que as ideias da filósofa realmente 
conduziram para uma perspectiva de igualdade e liberdade. 
No entanto, importante mencionar aspectos críticos diante da 
concepção arendtiana. 
Na perspectiva crítica feminista Hannah deixou de 
questionar exclusões na dicotomia público-privado, e sem essas 
indagações replicou estereótipos referentes as esferas como 
sendo o público relacionada ao sexo masculino – cultura, razão, 
necessidades, e aos sentimentos. Nesse sentido, a filósofa não teria 
incitado a luta pela igualdade das mulheres, uma vez que esta 
iniciou com o confronto a herança de atribuir gênero à fronteira 
público e privado (MARTINS, 2005). 
Ademais, outros críticos dizem que Hannah Arendt seria 
uma pré-feminista, ou antifeminista, citando que, de acordo com 
sua biógrafa Elisabeth Young-Bruehl, Arendt “tinha suspeita de 
mulheres ‘que davam ordens’, cética sobre se as mulheres deviam 
ou não ser líderes políticas, e firmemente opositora das dimensões 
sociais da emancipação das mulheres [Women’s Liberation]” 
(Young-Bruehl apud BENHABIB, 1993).
Contudo, ressalta-se que algumas feministas utilizam e 
reinterpretam as ideias arendtianas de política, visto que ela trouxe 
conceitos que melhor atendem e se aproximam aos anseios e 
projetos feministas,

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