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3 - IA1-2B (Diagnóstico Psicossocial) (1)

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Disciplina: Psicologia Escolar
	AlunXs: Ana Gabriela Moura, Caroline Gimenez, Déborah Pacheco, Isabela Galindo, Isabella Susin, Mariana Marim e Rachel Castor.
	Docente: Renata Vilela Rodrigues
	Turma:
Turno:
	Bimestre: 2º
	Data: 11/10
	Instrumento de Avaliação (IA 1 do 2 Bimestre).
Tema: Projeto de Intervenção – Diagnóstico Psicossocial
	Valor: 10,0
	Nota:
	CRITÉRIOS DE AVALIAÇÃO 
	(Conhecimento: Processos de adoecimento no contexto escolar considerando os aspectos psicossociais destes; Documentos produzidos pelo processo de avaliação psicológica na escola).
	Domínio Teórico - utilizar referências adequadas e demonstrar domínio teórico dos materiais utilizados na escrita do trabalho - (2,5 pontos).
	NOTA:
	Escrita Científica e normas da ABNT - citar direta ou indiretamente o texto; construção da referência; normas de formatação de trabalho acadêmico; clareza e coesão textual - (1,5 pontos).
	NOTA:
	(Habilidade: Planejar intervenções frente as atuais demandas do contexto escolar e no que se refere a prevenção, promoção e recuperação da saúde; Elaboração dos documentos produzidos advindos da prática profissional).
	Diagnóstico psicossocial - Identificar, descrever e analisar as principais dinâmicas sociais, históricas, culturais, familiares, escolares e outras, que interferem no aparecimento da problemática levantada - (3,0 pontos)
	NOTA:
	(Atitude: Crítico e ético; organizado e rigoroso).
	Análise crítica - saber construir uma análise crítica e ética dos processos de adoecimento no contexto escolar que levaram ao surgimento do problema trabalhado - (1,5 pontos).
	NOTA:
	Organização - organizar de forma clara e compreensiva as informações apresentadas no documento - (1,5 pontos).
	NOTA:
	
Obs: o uso de citações diretas e/ou indiretas sem as normas de referências apropriadas pela ABNT podem acarretar na atribuição da nota 0,0 (zero) ao trabalho.
Folha de Resposta:
		Os problemas históricos do autismo são diversos, visto que a sociedade e até o campo psiquiátrico tinham uma visão "afetivo-relacional" do que era o espectro, tendo a transição para "cognitivo-cerebral" só mais tarde (LIMA, 2014). Isso porque a criança, em geral, não tinha uma boa relação com as pessoas e com o mundo a sua volta, motivos estes que geraram tabus e preconceitos. Foi no ano de 1908 que o termo autismo foi criado pelo psiquiatra suíço Eugen Bleuler, data importante que intensifica os estudos sobre o espectro (LIMA, 2014).
	Anos mais tarde, em 1943, o psiquiatra Leo Kanner publicou um artigo sobre o autismo infantil precoce, pois em seus estudos identificou os sintomas já na primeira infância. Outro marco histórico importante foi quando a Associação Americana de Psiquiatria publicou, em 1952, a primeira edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais, DSM-1, o que é uma referência mundial para pesquisadores e clínicos do segmento. Entretanto, os sintomas de autismo eram classificados como um subgrupo da esquizofrenia infantil, não sendo entendido como uma condição específica e separada.
	Foi somente em torno dos anos 60 que a cognição e o cérebro começaram a se fazer presente nos estudos e na história do autismo, sugerindo que este era um transtorno cerebral presente desde a infância e encontrado em todos os países e grupos socioeconômicos e étnico-raciais. Isso fez com que a teoria de Leo Kanner fosse parcialmente infundada (NADESAN, 2005 apud LIMA, 2014).
	Finalmente, em 1978, o psiquiatra Michael Rutter classifica o autismo como um distúrbio do desenvolvimento cognitivo, criando um marco na compreensão do transtorno, o que gerou mudanças significativas para a sociedade, principalmente em relação ao aumento de pesquisas e conhecimentos sobre o espectro (LIMA, 2014). Também ocasionou uma nova versão do manual, o DSM-3. Nesta edição, o autismo é reconhecido pela primeira vez como uma condição específica e colocado em uma nova classe, a dos Transtornos Invasivos do Desenvolvimento (TID). 
	Os estudos continuaram e cada vez mais técnicas, terapias e desenvolvimento surgiram para colaborar com o diagnóstico e com a qualidade de vida daqueles que possuíam o espectro. Foi somente no século XXI, em 2007, que a ONU instituiu o dia 2 de abril como o Dia Mundial da Conscientização do Autismo, mas só em 2018 que a data passa a fazer parte do calendário brasileiro oficial como Dia Nacional de Conscientização sobre o Autismo (NADESAN, 2005 apud LIMA, 2014).
	Infelizmente, o preconceito e tabu nunca deixaram de fazer parte da vida dos autistas e de suas famílias, surgindo, então, a Lei Berenice Piana de número 12.764/12, que instituiu a Política Nacional de Proteção dos Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista, em 2012. 
	Um ano depois, em 2013, o DSM-5 passa a abrigar todas as subcategorias do autismo em um único diagnóstico: Transtorno do Espectro Autista (TEA), de forma que os indivíduos sejam diagnosticados em um único espectro com diferentes níveis de gravidade (AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION, 2014 apud FERNANDES, 2020).
	Ainda hoje, o autismo ainda é cercado por mistérios, falta de conhecimento, estigmas e preconceitos. Por vezes consideradas como desobedientes, mal-educados ou rebeldes, os autistas costumam sofrer com a exclusão progressiva que os afastam ainda mais do convívio social.
	Além de terem que lidar com as dificuldades sociais impostas pelo próprio transtorno, essas pessoas precisam aprender a conviver com os mitos que cercam sua condição. Após citar todos esses fatores sociais, se torna fácil a compreensão de que a evasão escolar se tornou algo comum na realidade deles (MOITA, 2017).
	A forma com que a família da criança recebe e lida com o diagnóstico é algo de extrema relevância e faz toda a diferença no desenvolvimento desta. É costumeiro haver, a princípio, uma reação de impacto, pois o diagnóstico vem munido de mudanças na rotina diária de todos que convivem com a criança, variando entre processos de negação, luto, sentimentos diversos, difíceis e conflituosos. Diante disso, deve ser considerada a importância da presença de uma equipe multiprofissional presente no processo adaptativo, a fim de compartilhar e acolher os questionamentos, as angústias e as necessidades dos familiares, estabelecidos no momento do diagnóstico (PINTO, 2016).
	Quando se fala do ambiente escolar, o suporte e apoio se torna um papel necessário não só da família, mas de todas as pessoas que convivem com a criança, principalmente os professores, visto que infelizmente o bullying ainda é muito presente dentro das escolas, trazendo maior sofrimento, o que impede grande parte do desenvolvimento dos autistas não só no tocante ao desempenho escolar como também na esfera da vida social deles. É de grande relevância abordarmos constantemente palestras, atividades pedagógicas, didáticas, que tem por objetivo promover a conscientização da importância de se respeitar e aprender a lidar com as diferenças e estigmas sociais, quebrando muitos mitos e preconceitos que ainda existem em relação ao autismo e evitando assim uma evasão escolar frequente (VOLKMAR, 2019).
	De acordo com a Associação Americana de Autismo (2018), o Transtorno do Espectro Autista (TEA) é um desajuste do desenvolvimento que se torna visível em algum tempo da vida e não há provas de causas psicológicas, no meio ambiente dessas crianças, que possam ter causado a doença. Por ser conhecido como um distúrbio do desenvolvimento, as crianças no espectro autista são classificadas por um quadro comportamental típico que envolve as áreas importantes para a interação social, e a área do comportamento em graus variáveis de rigidez, que é representado pelo sistema nervoso central e suas reações particulares. 
	A escola, atualmente, é obrigada por lei a aceitar todo tipo de aluno, independente de classificações, sendo ele deficiente ou com algum transtorno. Entretanto, essa ideia de inclusão é meramente ilustrativa, pois rotineiramente nota-se que há instalada nas escolas (na sociedade, de modo geral) uma ideologia de segregação, onde o fracassodo aluno é equiparado ao da escola. Oliveira (2006) afirma que, todos os indivíduos da educação inclusiva têm direito a educação de qualidade, tendo entrada regular ao espaço comum e podendo ser aceitos de acordo com a sua individualidade. É importante que as escolas adotem práticas de ensino que buscam entender o aluno autista e suas especificidades, levando em conta as dificuldades de aprendizagem, que muitas vezes estão relacionadas a fatores como estrutura familiar, condições socioeconômicas, ambiente de origem e até mesmo as condições da própria instituição de ensino.
	O sistema educacional funciona como um instrumento de transmissão ideológica, onde o sujeito tem de aceitar passivamente a reprodução e organização de ensino feito pela escola. Nesse contexto, a escola acaba criando um modelo padrão que todos os alunos devem seguir, sem pensar na individualidade de cada um, ignorando suas subjetividades e dificuldades, bem como possíveis transtornos que cada aluno possa ter, sendo muitas vezes um ambiente mecanizado e padronizado. Como resultado, a repreensão posta sobre os alunos que não conseguem se adequar aos modelos padrões previamente estabelecidos, estes indivíduos ficam expostos a um ambiente de stress e humilhação, o que, consequentemente, impede que haja progresso em seus desenvolvimentos não só individuais como coletivos, dificultando ainda mais a interação e convívio sociais. 	Para que o cenário fosse tratado de forma distinta, sem que houvesse penalização do indivíduo taxado como incapaz, seria mais eficaz criar uma atmosfera afetiva e interativa, centrada na valorização e no enriquecimento das áreas de destaque e maior facilidade do indivíduo, encorajando-o assim no fortalecimento dos pontos considerados de menor desempenho, e não em sua desvalorização e desmotivação. (NEVES e MARINHO-ARAUJO, 2006).
	Em determinada escola, um aluno foi diagnosticado com autismo. Devido à doença, a criança apresenta dificuldade de aprendizado, dificuldade na socialização, bem como outros comportamentos e sintomas característicos do transtorno. A princípio, optamos por fazer uma entrevista com os pais para entender quais são suas demandas, entender como funciona o núcleo familiar, quais são suas dificuldades, suas condições socioeconômicas, e para entender um pouco aquele aluno, seu funcionamento e subjetividades. Ainda com os pais, foi utilizado a Escala de Avaliação de Autismo na Infância (CARS), instrumento no qual os comportamentos da criança são avaliados de acordo com informações colhidas através de entrevistas com os pais ou cuidadores, e de observações diretas da mesma (NEUMANN, 2016). 
	Posteriormente, será feito uma avaliação neuropsicológica com a criança para analisar o desempenho cognitivo geral e global, investigar prejuízos cognitivos, habilidades do paciente (funções preservadas) e perfil emocional (NEUMANN et al. 2016). Com o resultado do laudo neuropsicológico em mãos, é possível pensar em um melhor meio de intervenção com estratégias que possibilitem sua autonomia, criação e desenvolvimento de relações sociais, emocionais, comportamentais e comunicacionais, bem como permite tratar e intervir nos mais diversos contextos da criança (NEUMANN et al. 2016). Assim, tanto a escola, familiares, cuidadores e as demais pessoas que convivem com quem possuí o transtorno, são contemplados, pois o laudo permite uma melhor compreensão do funcionamento do indivíduo (NEUMANN, 2016). 
	Em outro momento, foi agendado e foi feita uma entrevista com os professores, usando um questionário voltado para as dificuldades que o professor da educação inclusiva se depara em relação a aprendizagem do aluno autista (SILVA; RIBEIRO; MARÇAL, 2014). O questionário conta com 20 perguntas que serão feitas aos professores, envolvendo questões voltadas às práticas pedagógicas, a inclusão e aprendizagem do aluno com TEA.
	Foi realizado, também, uma entrevista lúdica com a criança pois a brincadeira simboliza o mundo interno da criança, e como muitas vezes através de outros métodos a taxa de resposta é baixa, essa ferramenta pode servir para potencializar a análise dos resultados de outras técnicas para que o diagnóstico seja mais preciso (SEIMETZ, 2018). A técnica é dividida em forma livre que é composta por diversos brinquedos e estímulos simultâneos, que ficam à disposição da pessoa avaliada, e a forma estruturada, que é composta por uma seleção predeterminada de estímulos e que são apresentados individualmente e em uma ordem específica (SEIMETZ, 2018).
	Na escola, fez-se uma análise institucional com as pessoas que compõe a instituição, como professores e coordenadores, com o intuito de investigar e analisar como está sendo abordado o problema - pois sabe-se que o estigma e preconceito nesse e em outros vários ambientes é grande -, e quais medidas estão sendo tomadas, para saber o que está tendo resultado positivo ou não e , assim, possibilitar a pensar em novas estratégias para o que estiver trazendo pouco, nenhum ou, ainda, resultado negativo (SILVA; RIBEIRO; MARÇAL, 2014).
	Após a correção e análise dos resultados do instrumento, feita as entrevistas e com o laudo psicológico pronto, foi marcado uma entrevista de devolutiva para os pais e para a escola, a fim de que eles entendam o funcionamento cognitivo, comportamentos e emoções desta criança, e a partir de então, juntos, começar a pensar em soluções, estratégias e tratamentos para atender as demandas da mesma, e assim proporcionar a ela um melhor desenvolvimento (SILVA; RIBEIRO; MARÇAL, 2014).
	Referências:
Associação Americana de Autismo. 2018. Disponível em: < https://www.autism-society.org/ > . Acesso em: 19 out 2021.
BRASIL. Lei nº 12.764, de 27 de dezembro de 2012. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2012/lei/l12764.htm> . Acesso em: 20 out 2021.
FERNANDES, C. S.; TOMAZELLI, J.; GIRIANELLI, V. R. Diagnóstico de autismo no século XXI: evolução dos domínios nas categorizações nosológicas. Psicologia USP [online]. 2020, v. 31. Disponível em: < https://doi.org/10.1590/0103-6564e200027 >. Acesso em: 20 out 2021.
LIMA, R. C.. A construção histórica do autismo (1943 – 1983). 2014. Disponível em <https://www.researchgate.net/profile/Rossano-Lima/publication/348169211_A_construcao_historica_do_autismo_1943-1983_The_historical_construction_of_autism_1943-1983/links/5ff214d392851c13fee75773/A-construcao-historica-do-autismo-1943-1983-The-historical-construction-of-autism-1943-1983.pdf> Acesso em: 20 out 2021. 
MOITA, C. E. et al. Autismo: Inclusão sem preconceito. In: JORNADA DE INICIAÇÂO CIENTIFICA, 6., 2017., Salvador. Anais eletrônicos… Salvador: Universo Salvador. Disponível em: < http://www.revista.universo.edu.br/index.php?journal=1UNIVERSOSALVADOR2&page=article&op=view&path%5B%5D=5656&path%5B%5D=0 > Acesso em: 19 out 2021.
NEUMANN, D. M. C. Et al. Avaliação Neuropsicológica do Transtorno do Espectro Autista. 2016. Disponível em: < https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A1087.pdf > Acesso em: 20 out 2021. 
NEVES, M. M. B. J.; MARINHO-ARAUJO, C. M. A questão das dificuldades de aprendizagem e o atendimento psicológico às queixas escolares. Aletheia, n. 24, p. 161-170, 2006. Disponível em: < http://pepsic.bvsalud.org/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413-03942006000300015 >. Acesso em: 21 out 2021.
OLIVEIRA, M. M. B. C. Ampliando o Olhar sobre as Diferenças através de Práticas Educacionais Inclusivas. Brasília: SEED/MEC, 2006. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/experienciaseducacionaisinclusivas.pdf >. Acesso em: 19 out 2021.
PINTO, R. N. M et al. Autismo infantil: impacto do diagnóstico e repercussões nas relações familiares. Revista Gaúcha de Enfermagem. v. 37, n. 3, p. 1-9, 2016. Disponível em: <https://doi.org/10.1590/1983-1447.2016.03.61572> Acesso em: 19 out 2021.
SEIMETZ, G. D. Avaliação psicológica da criança com suspeita de Transtorno do Espectro Autista: desafios para o avaliador. Orientadora: Cleonice Alves Bosa. 2018. 54 f. TCC (Graduação) – Curso de Psicologia, Instituto dePsicologia, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018. Disponível em: <https://www.lume.ufrgs.br/bitstream/handle/10183/193377/001091963.pdf?sequence=1> Acesso em: 20 out 2021.
SILVA, M. C.; RIBEIRO, M. J.; MARÇAL, V. P. B. Entrevistas em psicologia escolar: reflexões sobre o ensino e a prática. Psicologia Escolar e Educacional. 2004, v. 8, n. 1, pp. 85-90. Disponível em: < https://doi.org/10.1590/S1413-85572004000100010 >. Acesso em: 20 out 2021.
VOLKMAR, F. R.; WIESNER, L. A. O que é Autismo? Conceitos de diagnóstico, causas e pesquisas atuais. In: VOLKMAR, F. R.; WIESNER, L. A. Autismo: Guia essencial para compreensão e tratamento. Porto Alegre: Artmed, 2019. Disponível em: <https://statics-submarino.b2w.io/sherlock/books/firstChapter/133833760.pdf> Acesso em: 19 out 2021.

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