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Introdução Os materiais anelásticos são os materiais rígidos. Tratam-se de materiais que possuem deformação mínima, sendo endurecido ao toque. Por se tratar de materiais rígidos, tendem a fraturar caso sejam derrubados. Além de demandar um certo cuidado, esses materiais precisam passar por um tratamento para que possam ser utilizados, pois não podem ser utilizados em sua forma rígida. Uso Limitado Esses materiais possuem utilizações bastante limitadas, pois possuem indicações clínicas muito específicas para o seu uso. Na odontologia, os materiais que são classificados como rígidos (anelásticos) são os seguintes: Gesso paris – Foi utilizado antes de aparecer no mercado qualquer tipo de material de moldagem, sendo o primeiro material utilizado para esse fim (embora hoje não se deva moldar com gesso de forma alguma). Esse material possui uma resistência muito baixa e, obviamente, foi utilizado por muito pouco tempo, pois fica rígido assim que toma presa, além de ser de difícil remoção. Godivas. Pasta Zinco- Enólica. Atualmente, os materiais mais utilizados para moldagem são os flexíveis, mas é preciso conhecer os materiais rígidos, pois além de fazerem moldagens eficientes e com bastante detalhamento, são materiais de melhor custo-benefício. Godiva Características A godiva é um material plástico em sua composição. No entanto, ao pegar nesse material se observa que ele é bastante rígido. Portanto, não é possível que se coloque um material rígido para se fazer a moldagem do paciente. Primeiro é preciso submeter essa godiva ao calor, visto que ela é um material termoplástico, fazendo com que ela fique flexível o suficiente para que seja aplicada na cavidade oral. A godiva já é comprada pronta para uso, sem que seja necessário fazer nenhum tipo de manipulação. No entanto, como foi dito, é preciso submetê-la a uma fonte de calor. Por ser um material termoplástico, a godiva possui a característica da reversibilidade. Isso significa dizer que, após perder o calor para o ambiente, a godiva volta a apresentar a sua rigidez. Composição Entre os componentes básicos da godiva temos: Ceras – Por isso que se trata de um material termoplástico. Resinas termoplásticas – Também são materiais que permitem o amolecimento quando submetidos ao calor. Carga – Possibilita a consistência mais rígida do material. Agentes corantes – Auxilia na identificação dos tipos de godiva. Propriedades Propriedade Térmica O amolecimento pelo calor é um pré-requisito para o uso da godiva. Na odontologia existe um equipamento para que seja feito esse processo de amolecimento, que é o plastificador de godiva, mas também existem outras formas de proporcionar o amolecimento. Plasticidade (Amolecimento) da Godiva Como foi dito, o amolecimento da godiva pode ser obtido por várias formas, como: Forno – Coloca-se a godiva (placa) em um tipo de forninho a uma temperatura específica e em um tempo específico, fazendo com que ela chegue ao ponto de plasticidade que torna viável para colocá- la na moldeira. A godiva pode ser encontrada em placa ou em bastão. A godiva em placa é utilizada para a moldagem da hemiarcada, já a godiva em bastão é utilizada para pequenas correções, como para evitar que a matriz metálica utilizada no porta matriz machuque o paciente. Sob calor de uma chama – Deve-se tomar muito cuidado ao aquecer, pois se acontecer de aquecer demais a godiva (especialmente se tratando da Materiais Anelásticos Godiva mais flácida, ou seja, em bastão) e ela ferver ou entrar em ebulição, ocorrerá a eliminação de substâncias voláteis que irão alterar a sua composição e, consequentemente, suas propriedades. Portanto, a godiva jamais deverá entrar em ebulição ou ficar líquida, ela só precisa amolecer para ser utilizada. Quando se tem grandes quantidades de godiva, como nos casos de moldagem de uma arcada completa, é preciso ter uma panela termostática, forno micro ondas, recipiente com água quente, forno convencional ou plastificadora de godiva. A chama só é utilizada para aquecer pequenas quantidades de godiva. É importante entender que após a godiva perder calor para o ambiente ela vai se tornar rígida novamente. Ao se tornar rígida, assumindo o formato de molde o gesso colocado para a confecção do modelo fica aderido à godiva. Por conta disso é preciso aquecer a godiva com água quente para remover o modelo de gesso. A seguir observamos uma panela termostática, que é semelhante a uma plastificadora de godiva. Ponto de Fusão Para que se possa saber a temperatura ideal para plastificar ou o quanto a godiva tem que ter de fluidez para que se possa utilizá-la é preciso conhecer o ponto de fusão da godiva. Esse ponto de fusão é exatamente o ponto no qual, abaixo dele, se inicia a redução da plasticidade da godiva, ou seja, é quando ela começa a ceder calor para o ambiente/quando começa a esfriar. Acima de uma determinada temperatura a godiva permanece plastificada, o que permite a obtenção de um melhor detalhamento. Já abaixo de uma determinada temperatura a godiva vai perdendo plasticidade, ou seja, vai endurecendo. Escoamento O escoamento/plastificação ideal da godiva para a compressão do material na boca do paciente para a obtenção do melhor detalhamento da cavidade bucal é de 85%. Se o escoamento fosse de 100%, a godiva ficaria líquida e não é possível colocar um líquido na moldeira e levar à boca do paciente, visto que obviamente ele iria escoar. Esse escoamento ou plastificação deve ser exatamente de 85% para que a godiva tenha um melhor detalhamento e isso ocorre quando esse material está em uma temperatura de 45°C. Tanto a panela termostática (plastificadora) quanto a plastificadora de godiva ou o termômetro devem pedir a temperatura de 45°C para que a godiva fique em sua condição ideal para ser posta na moldeira pré- selecionada (aquela do tamanho ideal para a arcada do paciente e que não o machuque). Se a godiva estiver um pouco acima de 45°C ela ainda estará plastificada, ou seja, vai ter detalhamento. Mas se ela estiver numa temperatura mais alta, como de 50°C, o paciente irá sentir um pouco mais de desconforto, além de que a moldagem apresentará distorção em virtude das alterações ocorridas nos componentes do material. Também se a godiva estiver abaixo de 45°C irá ocorrer complicações na moldagem, pois o material não irá moldar corretamente os detalhes. A godiva é um material que tanto demora para ganhar calor quanto para perder calor. Por conta disso, assim que o material é posto e comprimido na arcada do paciente, utiliza-se água gelada para resfria-lo. Condutividade Térmica A condutividade térmica da godiva é baixa, ou seja, ela demora para ser aquecida e para ser resfriada. Com isso, o procedimento de colocar a godiva na moldeira e leva-la à boca do paciente pode ser feito com uma certa calma. É importante que o aquecimento e o resfriamento ocorram de maneira uniforme. Por exemplo, se não ocorrer a aplicação da água fria em toda a região da moldeira, e algum ponto ainda esteja esfriando durante a retirada da moldeira, pode ocorrer distorções no molde referente ao local em questão. Indicação Principal Como material de moldagem, a principal indicação da godiva é para a moldagem de arcadas edêntulas. Isso se dá por a godiva ser um material rígido que após ser plastificado volta a ser rígido. Assim, caso ocorra a moldagem de uma arcada dentada fazendo uso da godiva, esse material irá se reter aos dentes, impossibilitando a sua retirada. A godiva também possui uma indicação secundária, que é em uma condição específica: a moldagem unitária. Na imagem a seguir é possível observar que existem preparos protéticos que são expulsivos e apresentam paredes axiais convergentes para oclusal, como é o caso dos preparos para coroa total. Nesses casos,a moldagem pode ser executada por meio de materiais anelásticos, desde que a moldagem seja apenas do dente preparado. Além das indicações para moldagem, a godiva também é indicada para estabilização de tira de matriz individual, fixação de bandas, grampos etc. Técnica Básica Para Moldagem Primeiro é preciso fazer a plastificação, que é o amolecimento da godiva através de uma fonte de calor. Caso o uso seja mais pontual, utiliza-se a godiva em bastão e o aquecimento é feito na lamparina. Caso o uso seja para a moldagem de uma arcada, utiliza-se a godiva em placa e a plastificação é feita por meio de micro ondas, panela termostática, plastificadora de godiva etc. A plastificação sempre deve ser feita atenta à temperatura ideal, que é de 45°C e resulta no escoamento de 85% do material (escoamento perfeito para comprimir a godiva e obter o molde). Em seguida, a godiva plastificada é então colocada na moldeira pré-selecionada para que seja levada à boca do paciente. Imediatamente após comprimir o material na boca do paciente, aplica-se jatos de água fria em toda a região da moldeira para que se diminua a temperatura mais rapidamente e o material fique rígido. Com o seu resfriamento, o material fica rígido na cavidade oral a uma temperatura de 37,5°C. Na temperatura de 37°C a godiva é então retirada da boca do paciente e o molde obtido se encontra com o seu devido detalhamento. Moldagem – Prótese Total A godiva utilizada na moldeira é um material mais viscoso, tendo uma textura semelhante a massinha de modelar. Com ela é possível fazer dois tipos de moldagem: Moldagem Preliminar (anatômica) dos tecidos; Moldagem secundária (funcional). A moldagem preliminar é feita em uma placa mais espessa. É preciso lembrar que não é habitual que um paciente remova todos os dentes de uma só vez, havendo uma cronologia das exodontias do paciente. Por conta disso o rebordo alveolar do paciente fica bem irregular e é preciso se obter esse detalhamento na moldagem. Mas existem casos de pacientes com rebordos muito irregulares onde se obtém a moldagem anatômica com detalhamento abaixo do necessário, mesmo tendo sido feita em condições adequadas. Como uma prótese total precisa ficar bem adaptada aos tecidos remanescentes, normalmente realiza-se a chamada moldagem secundária, que é feita com uma plaquinha bem mais fina de godiva sobre a primeira moldagem e levada novamente à boca do paciente. Nas imagens acima é possível observar que a placa de godiva para moldagem primária é bem mais espessa do que a placa para moldagem secundária, que tem entorno de 1 mm de espessura. As moldeiras utilizadas para pacientes edêntulos são bem mais baixas, visto que a dimensão vertical desses pacientes é bem reduzida. A seguir se observa os moldes obtidos das moldagens anatômicas das arcadas superior e inferior de um paciente edêntulo. Na imagem ao lado observa-se a placa de godiva mais fina (de 1 mm de espessura) e a moldagem obtida com ela. Questão de prova: Indicação Primária e secundária da godiva para moldagem. Moldagem – Cavidade Unitária A moldagem de cavidades unitárias é uma indicação secundária da godiva. Para isso se utiliza um anel de cobre (matriz cilíndrica), que é como um canudo de milkshake com o dobro do tamanho da coroa de um dente. Com isso, aplica-se a godiva já plastificada e comprime-a no espaço em questão. Após o resfriamento o molde é removido e então é vazado com gesso para a confecção do troquel ou modelo individual. Godiva em Placa A placa de godiva é colocada na plastificadora. Esse equipamento possui um termostato que permite a regulação da temperatura para os 45°C. Ao retirar a godiva da plastificadora se observa que ela fica amolecida, podendo inclusive fazer um certo ajuste com as mãos para que ela possa se adequar melhor ao espaço da moldeira. Resumindo as formas como podemos encontrar a godiva tradicional, temos a godiva em placa para arcada completa ou hemiarcada, a placa para moldagem secundária e a godiva em bastão.
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