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Camila Rodrigues Carbone 3° Bimestre – Empresarial II O ENDOSSO 1- Noção geral: O endosso é a forma de transferência ou circulação dos títulos de crédito, seja ele de promessa ou de ordem de pagamento. Porém, para que ele possa acontecer, o título deverá ter sido emitido nominal com a cláusula à ordem. O endosso, como regra, deve ser sempre efetivado antes do vencimento do título, caso ocorra depois é considerado como endosso póstumo e o risco de o endossatário não ter a garantia. 1° - O endosso é um elemento cambial possível em todos os títulos de crédito em promessa de pagamento e de ordem de pagamento desde que esse título tenha sido emitido nominal ou nominativo com a cláusula à ordem. 2° - O endosso é a forma de transferência ou circulação dos títulos de crédito seja de promessa de pagamento ou de ordem de pagamento, porém, para que possa acontecer o título deverá ter sido emitido nominal com a cláusula à ordem. 3° - O beneficiário credor que delibera endossar o título, deverá fazê-lo no próprio título antes do vencimento do título. Se o endosso for realizado depois do vencimento do título denomina-se endosso póstumo (depois que aconteceu o vencimento). Essa distinção entre endosso dentro do prazo legal e endosso realizado depois do vencimento do título tem uma importante consequência jurídica, segundo a doutrina e a jurisprudência, não pacífica, porém majoritária. 4° - O endosso tem que ser realizado no próprio título, em respeito ao princípio da documentabilidade. Tudo em relação ao título de crédito deve ser realizado no próprio título. 5º - Aquele que endossa o título, o beneficiário credor que recebeu o título nominal à ordem e decidiu endossá-lo, ele passa a denominar-se, após o endosso, endossante ou endossador. E aquele que recebe o título por endosso, é denominado de endossatário. 2- O endosso translativo, como regra, deverá se efetivar antes do vencimento do título. Caso ele ocorra após o vencimento, passa a denominar-se endosso póstumo. Translativo porque o primeiro efeito do endosso é exatamente o de transferir a titularidade (propriedade do título) e, consequentemente, do crédito que está encarnado no título. O segundo é que aquele que endossa ele torna-se um garantidor do pagamento do título. O endossante se coloca na condição de devedor solidário ou devedor principal, ele se torna uma pessoa passível de ser acionada, caso o devedor principal não venha a pagar o valor contido no título. Então o endosso tem duplo efeito, sendo o primeiro o de transferir o título e o correspondente crédito do endossante ou endossador para o endossatário e o segundo é aquele que o que endossa torna-se garantidor e esse efeito só acontece no endosso translativo. Há uma corrente de jurisprudência e doutrina que entende que esse segundo efeito (da garantia) só acontece NAQUELES ENDOSSOS REALIZADOS ANTES DO VENCIMENTO DO TÍTULO, ou seja, nos endossos realizados tempestivamente. Para essa mesma corrente majoritária, o endosso intempestivo (póstumo) não gera essa garantia do endossante para com o endossatário. Essa corrente se apoia no argumento de que aquele que aceitou receber um título de crédito, estando este já vencido e não tendo sido pago ou resgatado, isso significa que aquele que aceitou esse título nessas condições, deve assumir o risco do ato que está dando, ou seja, o de aceitar um título de crédito nessas condições. Mas, no endosso póstumo não há responsabilidade do endossante? Por essa corrente mencionada acima, sim, não há responsabilidade do endossante para com o endossatário. 3- Aquele que endossa, denomina-se endossante ou endossador e aquele que recebe o título por endosso, denomina-se endossatário. 4- O endosso tem duplo efeito jurídico, a saber: a. Transfere o título e também o crédito embutido nele para o endossatário; b. Ao endossar, o endossante também garante para com o endossatário a solvabilidade do título. → se coloca na condição de devedor solidário, passível de ser acionada caso o devedor principal não venha a pagar o valor contido no título. OBS: Assim, o endossante se torna coobrigado no pagamento do título. 5- O endosso, para sua validade, deve ser sempre realizado no título, em face do princípio da documentabilidade. 6- Formas de endosso: a. Endosso em branco ou incompleto: neste caso o endossante não determina para quem ele endossa, apenas assina no verso do título. Obs: ao endossar em branco, o título passa a partir daí a circular pela simples tradição, ou seja, pela simples entrega. É incompleto porque ele não está dizendo quem que ele endossou, ele está simplesmente endossando o título. → Endosso feito erga omnes, ou seja, a partir do momento que se realizou o endosso em branco, aquele título de crédito pode ser passado por diversas outras pessoas até ser cobrado, sem nenhuma necessidade de se fazer qualquer formalidade no título. Alguns autores chegam a afirmar que o endosso em branco ou incompleto torna aquele título que era nominal, o título passa a ser ao portador, porque foi endossado sem dizer para quem. b. Endosso em preto, também chamado de pleno ou completo: nessa modalidade de endosso, o endossante além de assinar no verso do título, ele também define para quem ele está endossando. Ele coloca no verso do título, por exemplo: “pague esse título à Fulano” e assina. → endossa para uma pessoa determinada e não erga omnes. Se o endossante além de constar pague a “Fulano” e acrescentar “ou à sua ordem” e assina. Neste caso foi em preto com a cláusula à ordem, caso Fulano queira ele pode reendossar o título. 7- Do reendosso: Quando o endossante endossa em preto e coloca a cláusula à ordem no verso do título, isso significa que ele está endossando e também permitindo ao endossatário, caso ele queira, reendossar o título de crédito à outrem. OBS: O reendosso tem os mesmos efeitos jurídicos do endosso. Os efeitos são: quem reendossa transfere o título e consequentemente o crédito, e quem reendossa também garante. O beneficiário era José, José endossou para Mário, José se tornou um coobrigado junto à Mário. Mário recebeu o título com endosso em preto com a cláusula à ordem. Mário reendossou à Joaquim, então, Mário tornou-se um coobrigado perante Joaquim. 8- A lei brasileira não permite o endosso parcial, já que tal hipótese FERE a unidade estrutural do título, criando embaraços para o pagamento dele no vencimento. → Endosso parcial: imagine que um título de crédito tem o valor de R$ 10.000,00 e o beneficiário credor decida por transferir para outrem apenas R$ 5.000,00, permanecendo como credor de R$ 5.000,00. Então, o endosso parcial não é possível. Eu sou beneficiário de um título no valor de R$ 10.000,00, ou eu endosso tudo ou eu não endosso, eu não posso endossar parte. O motivo disso é porque fere a unidade estrutural do título, criando embaraços para o recebimento dele. 9- Do endosso mandato: Nessa modalidade de endosso, ele é feito não para transferir o título e o crédito, mas sim, para investir o endossatário de poderes para receber o valor do título e, em recebendo, transferir o crédito para o endossante. É uma modalidade de endosso impróprio, porque nela não tem os dois efeitos, quem endossa por mandato não transfere a propriedade do título e nem o crédito e também não garante, porque não transferiu a propriedade do título, apenas investiu endossatário da prerrogativa de poder cobrar do devedor o valor constante do título. No endosso mandato, o endossante não transfere a propriedade do título e nem do crédito, ele apenas dá para o endossatário uma prerrogativa do endossatário cobrar o título do devedor e restituir a ele o valor recebido. É o endosso muito comum em bancos. Exemplo: A fábrica de Franca/SP tem um lote de calçado por um lojista do Maranhão. É evidente que o lojista de Franca não vai sair da cidade para ir para o Maranhão receber. Sendo assim, ele endossa esse título para o banco, através de um endossomandato e o banco. Com esse endosso mandato, não se tornou credor, ele apenas ganhou a prerrogativa de cobrar do lojista o valor e depois cobrará as tarifas bancárias dele, e o restante do dinheiro ele vai restituir ao fabricante de Franca.
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