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Unidade III Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Humor - tem origem no latim humore, significa a disposição do ânimo de uma pessoa. • O termo humor é aplicado ao estado de espírito, e por esse motivo muitas vezes se afirma que uma pessoa está de bom ou mau humor. • Na psicologia, o humor é relativo a uma atitude benevolente que realça o grotesco de um comportamento sem a frivolidade do cômico nem a crueldade da sátira. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Os Transtornos de Humor/TH podem se apresentar de diversas formas, como: depressão, transtorno de humor bipolar, entre outros. Em dados divulgados pela OMS/2017, estima-se que 350 milhões de pessoas sofram de depressão em todo o mundo e 4% da população mundial sofre de transtorno de humor bipolar. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Brasil - país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em casos de depressão. • AS estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS) divulgadas nesta quinta-feira, 23/02/2017, 9,3% dos brasileiros têm algum Transtorno de Ansiedade/TA e a depressão afeta 5,8% da população. • Pesam nesse cenário, fatores socioeconômicos, como pobreza e desemprego, e ambientais, como o estilo de vida em grandes cidades. Fonte: https://saude.estadao.com.br/noticias/geral,brasil-tem-maior-taxa-de-transtorno-de-ansiedade-do-mundo-diz-oms,70001677247 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Os 15 países com as maiores taxas de depressão: • Ucrânia (6,3%) • Austrália (5,9%) • Estônia (5,9%) • Estados Unidos (5,9%) • Brasil (5,8%) • Portugal (5,7%) • Grécia (5,7%) • Lituânia (5,6%) 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Vincent Van Gogh, holandês – pintado em 1890 – suicidou-se no mesmo ano com um tiro no peito em aos 37 anos. Fisiopatologia dos Transtornos de Humor • Alteração na neurotransmissão – serotonina, noradrenalina e dopamina. • Alterações nas estruturas cerebrais – redução na área frontal e parcial na amigdala e hipocampo. • Afetação sistêmica – biológico e psicológico 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Soma de emoções e sentimentos conscientes do sujeito em determinado momento. • Estado de disposição básica de sentimentos que pode ser rápido ou prolongado. • O Transtorno de Humor se refere a condições clínicas que marcam a perturbação do humor, principalmente com a mania ou a depressão. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. O transtorno ciclotímico tem como característica essencial a cronicidade e a oscilação do humor, envolvendo vários períodos de sintomas hipomaníacos e períodos de sintomas depressivos distintos entre si. Distimia é um tipo de depressão crônica, de moderada intensidade. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Os estudos sobre transtornos afetivos iniciam em 1949 com John Cade (psiquiatra austríaco) ao observar sedação em cobaias com lítio. Desconhecia os efeitos tóxicos e propôs como terapêutica para casos maníacos. Somente a partir de 1980 foram introduzidas na clinica novos compostos como os inibidores de recaptação de serotonina 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Transtornos de humor ou transtornos afetivos se referem a depressão, mania ou ambas. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Estão envolvida no humor os sistemas de neurotransmissores monoamínicos como a noradrenalina (NA ou norepinefrina NE), a serotonina (5HT) e a dopamina (DA). • São utilizados antidepressivos e estabilizadores de humor. • A depressão e a mania são frequentemente vistas como os extremos opostos de um espectro afetivo de humor. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • O humor humano de tristeza e alegria ocorre com base nos acontecimentos diários de vida. • Flutuações cotidianas podem ser universal e tem origem evolutiva e confere vantagem seletiva no ajuste de parâmetros fisiológicos, cognitivos e psíquicos que auxiliam ou dificultam a lidar com situações caracterizadas por oportunidades , ganhos ou perda. • Há fatores que apoiam a ideia da existência do humor como processo adaptativo, sendo a regulação por mecanismos neuroquímicos especializados e as dificuldades sociais, além da tendência a decisões impulsivas de pessoas com baixa capacidade de vivê-las. Neuroquímica – Estrutura de personalidade 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Estão envolvidos nos transtornos afetivos várias estruturas límbicas como o córtex pré-frontal medial e o giro cingulado anterior, amígdala, hipocampo, hipotálamo e núcleo accumbens. • Depressão – causada por diminuição da noradrenalina e serotonina cerebral. • Os antidepressivos parecem atuar razoavelmente bem na melhora do humor deprimido, ideação suicida e retardo psicomotor. • Os adultos entre 25 e 64 anos podem ter a melhor resposta com antidepressivos. A partir dos 65 anos podem não responder tão rapidamente se aliado a disfunção cognitiva. • Depressão – causada por diminuição da noradrenalina e serotonina cerebral. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Classes de antidepressivos • A ação clássica dos antidepressivos é bloquear um ou mais transportadores de serotonina, noradrenalina e/ou dopamina. • Esta ação farmacológica é totalmente consistente com a hipótese monoaminérgica da depressão segundo a qual as monoaminas estão de algum modo deficientes • Há Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) – inibição seletiva e potente de recaptação de serotonina. Por estar deficiente, é preciso inibir a recaptação na fenda sináptica. • Vale destaca que cada paciente pode reagir de maneira muito diferente a um ISRS emcomparação com outro. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) • Antidepressivos de segunda geração (ou atípicos), drogas introduzidas mais recentemente, heterogêneo em termos de estrutura e efeitos farmacológicos. • Fluoxetina – ISRS com propriedades antagonistas de 5HTb. Reduz a fadiga e é energizante, melhora na concentração e na atenção. • Sertralina – ISRS com inibição de transportador de dopamina e ligação sigma 1. Melhora a energia, motivação e concentração. • Paroxetina – ISRS com ações anticolinérgicas, mais indicado para ansiedade, podendo acarretar disfunção sexual em especial masculina. • Fluxovaxamina – ISRS com propriedades de ligação aos receptores sigma 1(receptor, proteína chaperona). Tem sido considerado um fármaco para o tratamento do TOC e ansiedade e da depressão psicótica. • Citalopram - bem tolerado na depressão de idosos. • Escitalopram – é o ISRS mais bem tolerado antidepressivos tricíclicos 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Inibidores Seletivos de Recaptação de Noradrenalina (ISRN) • Maprotilina • Reboxetina Inibidores Seletivos de Serotonina e Noradrenalina (ISRSN) • Velafaxina – na depressão maior • Duloxetina – melhora nas síndromes dolorosas da depressão crônica 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Estabilizadores de Humor • Originalmente, o estabilizador de humor era um fármaco que tratava mania e impedia sua recidiva, tornando estável o polo maníaco do transtorno bipolar. • Recentemente, o conceito de EH foi definido amplamente, desde “uma substância capaz de atuar como o lítio, passando por um anticonvulsivante usado para o tratamento do transtorno bipolar até o Antipsicótico atípico utilizado no tratamento do transtorno bipolar, com os antidepressivos considerados como desestabilizadores do humor.” Complexidade! 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Representados pelo lítio (estabilizador de humor clássico), outras drogas que também são empregadas com esta finalidade são os anticonvulsivantes carbamazepina, lamotrigina e ácido valproico. Indicado no tratamento do episodio maníaco e prevenção de crises M-D de pacientes bipolares. 3 - Tratamento dos transtornos de humor: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Ácido Valproico – anticonvulsivante; a ação antimaníaca estabilizadora do humor consiste na possibilidade de que o valproato atua ao diminuir a neurotransmissão excessiva. • Carbamazepina – primeiro anticonvulsivante a demonstrar efeito na fase maníaca do transtorno bipolar. • Lamotrigina – aprovado como estabilizador do humor para prevenção de recidiva tanto da mania quando da depressão. • Como os alvos farmacológicos dos estabilizadores do humor não estão bem estabelecidos, os novos tendem a pertencer às mesmas áreas que os fármacos antipsicóticos e anticonvulsivantes Entendendo a bula: • Assert é indicado para o tratamento de transtorno depressivo, transtorno obsessivo compulsivo (TOC), transtorno do pânico, transtorno de estresse pós-traumático, fobia social e síndrome da tensão pré-menstrual (STPM) e/ou transtorno disfórico pré-menstrual (TDPM). Em crianças e adolescentes (6 a 17 anos) está indicado apenas no tratamento do Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) (comprimidos 25mg). • Assert (cloridrato de sertralina) age sobre a substância cerebral, a serotonina, aumentando sua disponibilidade e com isso aliviando os sintomas depressivos e ansiosos, típicos dos transtornos para os quais é indicado. • Propriedades Farmacodinâmicas - A sertralina é um inibidor potente e seletivo da recaptação da serotonina (5-HT) neuronal in vitro, que resulta na potencialização dos efeitos da 5-HT em animais. Possui efeito muito fraco sobre a recaptação neuronal da dopamina e norepinefrina. Em doses terapêuticas, a sertralina bloqueia a recaptação de serotonina em plaquetas humanas. É desprovida de atividades estimulantes, sedativas ou anticolinérgicas ou de cardiotoxicidade em animais. Em estudos controlados em voluntários sadios, a sertralina não causou sedação e não interferiu com a atividade psicomotora. • De acordo com sua inibição seletiva de recaptação da 5-HT, a sertralina não aumenta a atividade catecolaminérgica. A sertralina não possui afinidade por receptores muscarínicos (colinérgicos), serotoninérgicos, dopaminérgicos, adrenérgicos, histaminérgicos, ácido gamaaminobutírico (GABA) ou benzodiazepínicos. A administração crônica de sertralina em animais foi associada à redução adaptativa dos receptores norepinefrínicos cerebrais, como observado com outros medicamentos antidepressivos e antiobsessivos clinicamente eficazes. (fonte: https://consultaremedios.com.br/assert/bula) • CASO CLÍNICO - Revista do Serviço de Psiquiatria do Hospital Prof. Dr Fernando Fonseca, EPE - Dezembro 2015 • Vol. 13 • N. 2 (www.psilogos.com) • GS, doente do sexo feminino, 76 anos de idade, viúva há mais de 25 anos e mãe de 3 filhos independentes. Vive sozinha e é autónoma. Costureira de profissão, reformou-se aos 65 anos de idade. No entanto, continua a trabalhar, fazendo arranjos numa loja de roupa. Sem antecedentes psiquiátricos conhecidos e sem história familiar psiquiátrica. Nega consumos etílicos, tabágicos ou toxicófilos. Nega alergias alimentares ou medicamentosas. Como antecedentes orgânicos apresenta HTA, medicada com Ibersartan 105mg id. Foi levada ao Serviço de Urgência (SU) de Psiquiatria pela filha, por se apresentar com períodos de agitação psicomotora, humor elevado, verborreia, ideação delirante de grandiosidade e insónia quase total com 4 semanas de evolução. A doente começou por apresentar um aumento da sua atividade física, passando dias e noites a mudar a mobília de sua casa de sítio, lavando várias vezes os cortinados, subindo e descendo inúmeras vezes as escadas de sua casa, sem evidência de fadiga física ou necessidade de dormir. Também contraou pessoas para fazerem obras em sua casa, gastando segundo a família dinheiro desnecessariamente. Ia várias vezes por semana ao cabeleireiro, bem como comprou muita roupa nova. Uma semana antes da ida ao SU, iniciou períodos de humor disfórico e heteroagressividade dirigida aos familiares. • À admissão no SU apresentava-se agitada e inquieta, com contato desinibido. Evidenciava elação do humor, com verborreia, taquipsiquismo, pressão no discurso e ideação delirante de grandiosidade, não sendo evidente atividade alucinatória auditiva ou visual. Foi realizado despiste de patologia orgânica, tendo sido efetuado estudo analítico (hemograma completo, bioquímica com função renal, hepática, glicemia, ionograma, função tiroideia, doseamento de vitamina B12 e ácido fólico) e imagiológico (TC cerebral), onde não foi detectada qualquer alteração de relevo. A doente não apresentava crítica para a sua condição mórbida, apesar disso aceitou ser internada voluntariamente (para estudo e compensação psicopatológica). • Durante o internação foi realizada avaliação neuropsicológica, que não demonstraram déficit cognitivo. • Iniciou tratamento farmacológico com ácido valpróico 250mg 2id e risperidona 1mg id, com melhoria progressiva dos sintomas e retomando o nível de funcionalidade prévio. • Teve alta com diagnóstico de Perturbação Bipolar tipo I, Episódio Maníaco, e iniciou seguimento regular em consulta externa. Realizou também RMN que não demonstrou nenhuma anomalia neuroestrutural,bem como EEG que não apresentou atividade convulsiva. Por apresentar efeitos extrapiramidais, foi necessário reduzir a risperidona para 0, 5mg/dia. • Um mês depois, iniciou quadro de humor depressivo, lentificação psicomotora, apatia e abolia, apresentando delírios de ruína. Progressivamente, foi ficando com deterioração franca do nível de funcionamento prévio, associado a anorexia com recusa alimentar, tendo sido novamente internada. Foram novamente excluídas causas orgânicas. Foi medicada com ácido valpróico 250mg 2id, risperidona 0.5mg id e venlafaxina 75mg id, com melhoria progressiva dos sintomas. A doente teve alta compensada com o diagnóstico de Episódio Depressivo Major Grave, com Sintomas Psicóticos, e retomou o seu nível de funcionamento prévio. Encontra-se em seguimento em consulta externa desde 2013, mantendo a mesma medicação e sem episódios posteriores de descompensação. Apresenta o mesmo nível de autonomia (continua a viver só, continua a costurar para loja de roupa) e não se objetivou até à data deterioração cognitiva. Depressão: um caso clínico • André Luiz C. Netto, Thaís Simões, Gabriela Serfaty. Artigo de revisão - Depressão. Abr/Jun – 2011- Vol. 10 , N. 2. fonte: ttp://revista.hupe.uerj.br/detalhe_artigo.asp?id=115 • IDENTIFICAÇÃO: L.A.F., 30 anos, masculino, branco, viúvo, natural do Rio de Janeiro, estudante de nível superior e trabalhador da área de saúde, em nível técnico. • MOTIVO DA CONSULTA: "Não tenho mais vontade de viver.'' • História da doença atual: L.A.F compareceu à consulta psiquiátrica relatando estar se sentindo desanimado, choroso, triste e "revoltado com as pessoas ao seu redor". • Tal quadro clínico teve início em 2008, quando sua mulher, com quem foi casado por seis anos, faleceu de distrofia muscular progressiva. Desde então, L.A.F passou a ter dificuldades no trabalho. Assistir às aulas e focar atenção nos estudos era outro grande tormento: " Doutor, não consigo mais fazer nada do que fazia antes. Minha vida está uma porcaria. É isso que devo ser mesmo, uma grande porcaria.“ • As dificuldades em dormir à noite e o pouco apetite passaram a ser uma constante em sua vida. No entanto, o que mais chamava atenção era seu isolamento: "Passei a não fazer mais nada. Eu, quando não estava dormindo, ficava com meu filho. Ficar com ele me fazia lembrar um pouco a minha esposa". Exceto pelo filho, L.A.F diz estar sem vontade de continuar a viver e sente-se injustiçado por Deus e sozinho pela falta de apoio dos colegas de trabalho e da sua família. • Paciente procurou a psicóloga do curso universitário com queixas de dificuldades nos estudos e tristeza, e foi encaminhado ao Programa de Prevenção de Suicídio. • História pessoal: Natural do Rio de Janeiro, L.A.F é o filho mais velho de uma prole de cinco filhos. • Apresentou desenvolvimento tanto psicomotor como cognitivo dentro dos padrões de normalidade. • Foi criado apenas pela sua mãe e não teve contato com seu pai,diz que durante sua infância sempre se sentiu sozinho,sua mãe e seus irmãos não davam muito atenção a ele. • Estudou no Colégio Naval e "não tive grandes amigos com quem poderia contar''. • Conta que na sua formatura não compareceu ninguém da sua família. Ele disse que este momento não significou nada para eles, apesar dele ser o único • L.A.F comenta que sempre foi um sujeito tímido e reservado, não teve muitos amigos durante a sua infância e a sua adolescência, não mantendo um bom relacionamento social com os demais familiares. Não costuma solicitar ajuda da família. • L.A.F não teve nenhum relacionamento estável até conhecer Thais, aos 24 anos, com quem se casou e teve seu único filho de seis anos. • Sua mulher era seu grande apoio. Após seu falecimento, L.A.F continuou morando no mesmo apartamento com seu filho e sua sogra que, segundo ele, é a única pessoa que o ajuda a criar seu filho. EXAME PSICOPATOLÓGICO Aparência: Cuidada, mas, sem barba feita e usa roupa escura; Atitude: Apática; Consciência: Vígil; Orientação: Orientado globalmente; Atenção: Hipovígil, Hipotenaz; Memória: Sem alterações significativas; Inteligência: Dentro dos parâmetros de normalidade; Pensamento: Forma: Organizada Consciência do eu: Preservada; Humor: Tristeza Vital; Vontade: Hipobúlico; Pragmatismo: Hipopragmática; Consciência de morbidade: Presente; Vida Instintiva: Diminuição significativa da libido, insônia terminal e hiporexia; • Aspectos Valorativos: Católico, no entanto, distante da igreja após a morte de sua esposa. Linguagem: Não apresenta erros de português que comprometam a compreensão, utiliza linguagem coloquial; • Psicomotricidade: Inibição psicomotora, comprometendo atividades laborativas e estudantis; • Curso: Lentificado, com aumento do período de latência entre perguntas e respostas; • Conteúdo: Real, Autodepreciativo, com predomínio do tema morte relacionado à esposa e ideias de menos valia e suicídio (há duas semanas); • Sensopercepcão: Paciente não relata, e não se observam alterações no campo da sensopercepção; • HIPÓTESE DIAGNÓSTICA • Episódio Depressivo Grave com Ideação Suicida (CID-10: F32.2); Distimia(CID-10: F34.1). • CONDUTA ADOTADA: • Antidepressivo Venlafaxina 75mg. • Encaminhamento para Psicoterapia Individual. • Telefone de contato com o plantão de psiquiatria, 24h. • Retorno agendado para 3 dias. Unidade IV Ansiolíticos introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Os medicamentos atualmente utilizados para o tratamento dos Transtornos de Ansiedade pertencem à classe dos ansiolíticos e à dos antidepressivos, que também são usados para tratar transtorno de humor. • Ansiolítico – termo da década de 70 em diante, que significa “o que decompõe a ansiedade”, medicamento usado para tratar a ansiedade patológica – ansiolítico benzodiazepínico. • Antigamente, eram chamados de calmantes ou sedativos, brometos e barbitúricos de longa duração. • Ansiolíticos: Fármacos utilizados no tratamento da ansiedade, redução de sintomas ou intensidade das crises ansiosas. • Hipnóticos: Fármacos que causam sonolência e facilitam o início e manutenção do sono • Pequenas doses: sedação • Doses maiores: hipnose • Doses ainda maiores: anestesia para cirurgia São depressores do SNC 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • A droga ansiolítica mais antiga e ainda utilizada é o álcool. • O perfil das ações farmacológicas do etanol é muito semelhante aos BZDs. • Etanol é um depressor do SNC. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • O tratamento medicamentoso da ansiedade patológica iniciou no século XIX com a introdução dos sais de bromo. • Os brometos tinham efeito sedativo moderado com diversos efeitos colaterais e tóxicos, chamada de bromismo. • Século XX, surge os barbitúricos, para alívio da neurose (como era denominada a ansiedade). 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • George Miller – 1880 – psiquiatra americano chamou de neurastenia muito dos atuais transtornos de ansiedade. • Século XIX as fobias passaram a ser consideradas como condição médica. • Freud, inicio Século XX, estabelece o conceito de neurose e diferencia ansiedade crônica e ataques de ansiedade. • Donald Klein – 1960, evidenciou a resposta favorável dos ataques de pânico aos antidepressivos. Descobriu por acaso, em 1959, que a imipramina bloqueava o ataque de pânico aparentemente espontâneo em pacientes não deprimidos, mais tarde considerados agorafóbicos inserida no DSM III (1980). 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • A ansiedade, do latim anxietatis, significa ânsia ouaflição. É uma emoção semelhante ao medo. • Estado emocional desagradável e apreensivo, suscitado pela suspeita ou previsão de um perigo. • Ansiedade realista - perigos reais • Ansiedade neurótica – perigos imaginários 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • A ansiedade e o medo inibem outros sistemas motivacionais, diminuindo o apetite, a libido e a dor. • No plano cognitivo, a ansiedade manifesta-se por pensamentos de que algo ruim vai acontecer, estado este denominado preocupação. • Interfere na capacidade de concentração e no desempenho de tarefas intelectuais, que se torna agitado e entrecortado por períodos de despertar. • O nível de vigilância está aumentado, dificultando a conciliação do sono. • Além das manifestações psicológica, as fisiológicas ocorrem por ativar o sistema simpático com aumento da FC, tremores, sudorese, falta de ar. Há hiperativação do parassimpático com hipersecreção gástrica, aumento da micção e urgência para defecação. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • A ansiedade pode ter um valor adaptativo, evita dano físico/psicológico por alerta controlada. • Um estado de ansiedade pode ser considerado um momento de ruptura que causa enorme desconforto com tensão, apreensão e inquietude que domina toda personalidade ou expressa a personalidade e desencadeiam (ou são desencadeados) por manifestações orgânicas – provocadas pela ativação do sistema nervoso autônomo – que acomete da aceleração do batimento cardíaco ao suor intenso, da respiração arquejante à repetição de gestos estereotipados. (Mente e Cérebro - Guerrero, 2012) • Uma das faces dos TA se manifesta na forma de uma fobia social, em que há uma permanente impressão de ser observado e julgado e que muitas vezes leva a uma paralisia. Em certo sentido, pessoas que sofrem dessa fobia são incapazes de “esquecer o próprio medo” e não conseguem se inserir na situação social. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Transtornos de Ansiedade - DSM V, 2014 • Transtorno de ansiedade de separação • Mutismo seletivo • Fobia específica • Fobia social • Transtorno de pânico • Agorafobia • Transtorno de ansiedade generalizada • Transtorno de ansiedade induzida por substancia/medicamento • Transtorno de ansiedade devido a outra condição médica • Transtorno de ansiedade especifico • Transtorno de ansiedade não específico 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Substrato neural da ansiedade • As estruturas neurais implicadas na ansiedade pertencem ao Sistema Límbico. • As características do funcionamento do CPF determinam o que se entende por personalidade, pelas FE. • A ansiedade cotidiana raramente é causada por estímulos inatos de medo ou mesmo estímulos físico que sinalizam perigo, mas sim por símbolos, cujo sentido é codificado culturalmente e processado de maneira cognitiva. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • Ações cognitivas sobre a interpretação e rotulação dos estímulos ameaçadores, reinterpretados, mostram redução da ativação da amigdala por neuroimageamento funcional. • O TAG e o TOC são hiperatividade do CPF medial. • A ansiedade é uma atividade humana por advir de uma capacidade de antever acontecimentos e prever as consequências das ações, que são funções do CPF. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Classificação dos medicamentos antidepressivos • Embora seu uso venha sendo diminuído desde 1980, os BZDs são ainda utilizados. • Ansiolíticos benzodiazepínicos são divididos em: • 1,4 BZDs – diazepam, clordiazepóxido, bromazepam, nitrazem flurazepam, clonazepam, oxazepam e seu derivado clorado temazepam e lorazepam. • 1,5 BZDs – clobazam • BZDs tricíclicos – alprazolam, triazolam e midazolam • Antidepressivos – imipramina e clorimipramina e os IRSS • Beta bloqueadores – que atúan sobre los receptores betaadrenérgicos reduzindo os sintomas somáticos da ansiedade, como o tremor ou as palpitaciones. O principal representante de este grupo é o propanolol que se utiliza fundamentalmente para combater a ansiedade situacional. Propanolol, pindolol e atenolol que atuam perifericamente, empregados na ansiedade circunstancial. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Dificuldade de manter novas informações 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • O GABA (ácido aminobutírico) é o principal neurotransmissor inibitório do SNC, sendo GABAérgicas 30% a 40% de todas as sinapses do SNC. • O GABA se distribui em varias regiões do cérebro, e faz parte de numerosos circuitos inibitórios. • O GABA tem sido implicado na ansiedade porque sua função é diretamente afetada pelos BDZs, barbitúricos e etanol. • A ativação pré-sináptica inibiria a liberação GABA. • Os BZDs atuam por meio de potencialização do GABA. • Uso dos BZDs como pré-anestésico. • Risco na combinação com álcool. • Minimiza os sintomas do delírio tremens. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. Os BZDS atuam principalmente por maiores concentrações na camada IV do córtex (Tálamo-cortical); bulbo olfatório; colículo inferior e superior; amigdala; hipocampo; cerebelo e núcleo accumbens. A palavra córtex, do latim, significa " casca". O córtex é a camada mais externa do cérebro. Tem espessura que varia de 2 à 6 mm. 4 - Ansiolíticos: introdução e indicações; mecanismo de ação e classificação; efeitos colaterais. • No TA, a preocupação, é um sintoma nuclear e envolve circuito específico, pois há sofrimento ansioso, expectativas apreensivas, pensamento catastróficos e as obsessões. Estas estão ligadas a alças de retroalimentação cortico-estriado talamocorticais do CPF. Entendendo a bula do medicamento: • Rivotril é indicado para tratar crises epilépticas e espasmos infantis (Síndrome de West). Para adultos, Rivotril também é indicado para Transtornos de Ansiedade; como ansiolítico em geral; Distúrbio do pânico com ou sem medo de espaços abertos; Fobia social (medo de situações como falar em público). Nos Transtornos do Humor: Transtorno afetivo bipolar (fases de depressão e mania): tratamento da mania; na Depressão maior: associado a antidepressivos na depressão ansiosa e início do tratamento. Nas Síndromes psicóticas: Acatisia (inquietação extrema, geralmente provocada por medicamentos psiquiátricos); Síndrome das pernas inquietas (desconforto ou dor nas pernas que leva a necessidade de movimentá-las, prejudicando o sono). Vertigem e distúrbios do equilíbrio: Náuseas, vômitos, desmaios, quedas, zumbidos e distúrbios auditivos. Síndrome da boca ardente (sensação de queimação na parte interna da boca, sem alterações físicas). • Farmacodinâmica - O Clonazepam (substância ativa) apresenta propriedades farmacológicas comuns aos benzodiazepínicos, que incluem efeitos anticonvulsivantes, sedativos, relaxantes musculares e ansiolíticos. Assim como acontece com outros benzodiazepínicos, acredita-se que esses efeitos podem ser mediados principalmente pela inibição pós-sináptica mediada pelo GABA (inibitório), embora os dados em animais tenham mostrado adicionalmente um efeito de Clonazepam (substância ativa) sobre a serotonina. Os dados em animais e aspesquisas eletroencefalográficas em humanos mostraram que Clonazepam (substância ativa) suprime rapidamente muitos tipos de atividade paroxística (intenso ataque), incluindo o aparecimento de ondas pontiagudas e descarga de ondas na ausência de convulsões (pequeno mal), ondas lentas pontiagudas, ondas pontiagudas generalizadas, espículas temporais ou de outra localização, bem como espículas e ondas irregulares. • As anormalidades generalizadas do eletroencefalograma são suprimidas mais regularmente que as anormalidades focais. De acordo com esses achados, Clonazepam (substância ativa) apresenta efeitos benéficos em epilepsias generalizadas e focais. (fonte: https://consultaremedios.com.br/rivotril-comprimido/bula) Transtorno de Ansiedade Social: um estudo de caso • Muller, J. L.; Trentini, C. M.; Zanini, A. M.; Lopes, F. M. - Contextos Clínicos, 8(1):67-78, janeiro-junho 2015 © 2015 by Unisinos - doi: 10.4013/ctc.2015.81.07. Fonte: http://pepsic.bvsalud.org/pdf/cclin/v8n1/v8n1a08.pdf • Daniel (pseudônimo), sexo masculino, adulto jovem, filho único, estudante de nível superior e heterossexual. Apresentava como queixas principais ansiedade em diversas situações sociais, dificuldades em realizar seu trabalho de conclusão de curso e na escolha profissional. • Daniel considerava-se uma criança tímida. Tinha alguns amigos, mas deixava que eles o procurassem para falar e interagir, sendo mais quieto. Na sala de aula do colégio em que estudava, procurava sentar nas classes que ficavam próximas à parede, para que não chamasse muito a atenção. Apresentava bom rendimento escolar. • No início da adolescência, o paciente teve uma drástica mudança no estilo de vida, devido a sérias dificuldades financeiras da família e à separação de seus pais, que ocorreram em tempo próximo. Ele e a mãe foram morar com um familiar, e ele não foi informado pelos pais sobre o que estava ocorrendo. • O paciente foi se isolando socialmente, refugiando- se em seu quarto e evitando ao máximo sair de casa. Por aproximadamente seis anos, saiu de seu quarto apenas para interagir com algumas pessoas da família na própria casa ou para realizar obrigações (estudos e estágios). Apresentava medo excessivo ao lidar com as pessoas. • Seu rendimento na faculdade era bom. Como não se envolvia em atividades sociais e de lazer, investia boa parte de seu tempo nos estudos, o que também evitava julgamentos negativos dos professores em relação ao seu desempenho. Tinha dificuldades para buscar estágios, sentindo-se muito ansioso em seleções profissionais. De preferência, procurava estágios e empregos em locais onde já era indicado, pois pensava que a seleção ocorreria de maneira mais fácil. • Daniel já havia realizado psicoterapia com outros profissionais por um período de três anos no início da adolescência. Quando adulto jovem, retomou a psicoterapia, em função da ansiedade desencadeada em determinadas situações sociais e da ansiedade antecipatória (momento que será considerado para o relato e análise do presente trabalho). Importantes pontos já haviam sido abordados e superados através de processo psicoterapêutico do paciente, tais como: dificuldade de relacionamento com seu pai, sintomas depressivos, desenvolvimento de determinadas habilidades sociais (p. ex.: conseguir olhar pessoas nos olhos, atender telefonemas e conversar com colegas de trabalho), sofrimento associado à separação dos pais, relação exageradamente próxima com a mãe. História familiar • Daniel é proveniente de camada socioeconômica favorecida. Ambos os pais eram envolvidos com ele em seus primeiros anos de vida, preocupando-se com sua educação, estudos e lazer. A mãe sempre foi muito próxima e excessivamente protetora, tendo deixado de trabalhar para cuidar do filho. No início da adolescência, a família teve grandes dificuldades financeiras, com consequente perda de imóveis, heranças e reservas. O paciente e sua família nuclear tiveram seu padrão de vida drasticamente rebaixado. • Os pais se divorciaram, e o pai mudou-se para outra cidade, por não saber como solucionar os problemas. Ele praticamente não auxiliava financeiramente, nem procurava pelo filho, que sofreu muito com esse afastamento. Nessa fase, os sintomas de ansiedade do paciente apareceram mais fortemente, e sua mãe não estimulou sua autonomia e o convívio social. Ambos os pais estão recasados atualmente, e Daniel mora com sua mãe, o padrasto e o filho desse. História médica • Paciente não relatou doença clínica importante. Fez uso de escitalopram e rivotril no início da adolescência, quando estava em acompanhamento psicológico e psiquiátrico pela primeira vez. História de vida afetiva e sexualidade adulta • Daniel relatou dificuldades de se aproximar de meninas nas festas que frequentava durante a graduação. Sentia-se muito atraído por algumas delas, mas quando se aproximava não conseguia falar, pois acreditava que não as agradaria. No final da adolescência/início da idade adulta, tentou ter relações sexuais, mas sentiu-se ansioso e não teve ereção. Alguns anos após, iniciou namoro com uma pessoa já conhecida, com quem está junto há mais de dois anos. Sentiu-se ansioso antes de ter a primeira relação sexual com ela, mas com o passar do tempo conseguiu ter relações sexuais continuadas. Complemento 1 - Anticonvulsivantes 2 - Anticonvulsivantes • Os primeiros registros de ataques convulsivos tem registro de 2000 anos AC. • EPILAMBANEIN, do grego, convulsionar 1 - Anticonvulsivantes • Entendida como doença sagrada, veio a desmistificar a causa divina da epilepsia e também a cura mágica. 1 - Anticonvulsivantes Conceituação: • Convulsão – evento paroxístico (que ocorre em crises, agudo) devido a descargas anormais, excessivas e hipersincrônicas (vários neurônios ao mesmo tempo sofrem uma despolarização/atividade da membrana) de um agregado de neurônios do SNC. • Epilepsia – convulsões recorrentes devida a causas crônicas Scavone, C. & Kawamoto, E. M. – Drogas antiepilépticas e com efeitos na cognição. In: Miotto, E. C.; Lucia, M. C. S.; Scaff, M. (orgs) Neuropsicologia clínica. São Paulo: Roca, 2012. 1 - Anticonvulsivantes A convulsão é causada por um desequilíbrio entre os neurotransmissores excitatórios e inibitórios. Há aumento da excitação e redução da inibição. 1 - Anticonvulsivantes 1 - Anticonvulsivantes • Fisiopatologia das convulsões 1 - Anticonvulsivantes • O glutamato propaga de forma eficiente o impulso nervoso, neste caso, de forma hipersincrônica e excessiva por várias regiões cerebrais. • Assim, se dá o início ou o desenvolvimento do estado convulsivo. 1 - Anticonvulsivantes 1 - Anticonvulsivantes I – Crises parciais • A – simples – sem perda de consciência, com sintomas motores sensoriais autônomos psíquicos Hiperexcitação neuronal localizados na região motora. Mão direita contralateral, movimentos involuntários e clônicos (contrações e relaxamentos) I – Crises parciais • A – simples – sem perda de consciência, com sintomas motores sensoriais autônomos psíquicos Hipersensibilidade de neurônios sensoriais. Alteração na sensibilidade: parestesias, com diminuição da sensibilidade ao tato e à dor. 1 - Anticonvulsivantes I – Crises parciais • A – simples – sem perda de consciência, com sintomas motores sensoriais autônomos psíquicos Hipersensibilidade em regiões autônomas do cérebro. Manifestam sintomas como rubor, sudorese e piloereção. 1 - Anticonvulsivantes I – Crises parciais • A – simples – sem perda de consciência, com sintomas motores sensoriais autônomos psíquicos Os neurônios alterados estão em regiões psíquicas (CPF), onde o sujeito tem consciência da descarga neuronal. Manifestações psíquicas como medo, dissociação, despersonalização, dejá vu e ilusões. 1 - Anticonvulsivantes I – Crises parciais • B – completas – atividade convulsiva focal; comprometimento transitório da consciência acarretando em: • comprometimento na interação com o ambiente,na resposta aos estímulos visuais e auditivos e na memória e percepção. 1 - Anticonvulsivantes • II – Crises generalizadas • Origem nos dois hemisférios cerebrais e sem qualquer início focal detectável, podendo ser: • A – ausência (pequeno mal) – na infância ou adolescência; lapsos súbitos e breves; varias vezes ao dia; pode não ser percebido; rendimento escolar baixo; sem alterações neurológica e responde bem ao medicamento. • Há também a Ausência Atípica, que se caracteriza pela perda da consciência mais demorada; com inicio e fim bruscos; automatismos evidentes; está associado a alterações neurológicas e respondem menos a anticonvulsivantes. 1 - Anticonvulsivantes 1 - Anticonvulsivantes Neurônios que ligam o córtex cerebral aos neurônios talâmicos são gabaérgicos (inibitório). Havendo descarga neuronal nestes, há um excesso de inibição de neurônios reticulares talâmicos, que hiperpolarizados causam hiperpolarização nos neurônios reles que vão ao córtex, responsáveis pelo principal sintoma da crise de ausência que são os lapsos de consciência. Por segundos há inconsciência no estado epilético pelo excesso de hiperpolarização tanto de neurônios talâmicos reticulares e dos reles que se ligam ao córtex cerebral. • II – Crises generalizadas • B – tônico-clônicas (grande mal) – contrações generalizadas. • A excitação aumenta e a inibição é reduzida São manifestações clássicas da epilepsia e comum nos distúrbios metabólicos. 1 - Anticonvulsivantes • II – Crises generalizadas • C – Mioclônicas – contrações musculares súbitas e breves, de uma parte ou todo corpo, associada a doenças degenerativas do SNV e doenças metabólicas. • D – Atônica – perda súbita do controle postural por segundos (inclinação ou queda rápida da cabeça e queda); breve perda da consciência, 1 - Anticonvulsivantes III - Crises não classificadas • A – convulsões neonatais • B – espasmos do lactente • Categoria distinta, ocorre por diferença de função neuronal e da conectividade no SNV pela imaturidade. 1 - Anticonvulsivantes 1 - Anticonvulsivantes Anticonvulsivantes clássicos Outros agentes podem agir como AC 1 - Anticonvulsivantes Mecanismos de ação dos anticonvulsivantes Sódio e Cálcio Potencialização Gabaérgica: Os barbitúricos aumentam a entrada de cloreto, controlado por GABA, na célula deixando-a hiperpolarizada (mais resistente a despolarização) já que a caraterística da convulsão é a despolarização excessiva 1 - Anticonvulsivantes Bloqueio de canais iônicos Para a célula se despolarizar, os canais de sódio se abrem, e o interior da célula passa a ser positivo. Nos momentos do canal de sódio inativo, alguns anticonvulsivantes aumentam o tempo de abertura do canal que diminuem a despolarizações sustentadas e hipersincrônicas características da convulsão. 1 - Anticonvulsivantes Bloqueio de canais iônicos O Cálcio também é um ion importante no processo de despolarização celular, se entrar de forma exagerada ocorrerá uma neurotransmissão excessiva. Com o bloqueio do canal de Cálcio, haverá menor quantidade de neurotransmissor na fenda sináptica e menor despolarização na membrana. 1 - Anticonvulsivantes Receptores glutamatérgicos Os anticonvulsivantes podem bloquear os receptores glutamatérgicos, sendo este excitatório, que se liga a receptores promovendo a abertura de canais iônicos e permitem a entrada de sódio e de cálcio que possibilita de despolarização que é a característica da convulsão. O fármaco que iniba a ação desse neurotransmissor irá inibir o processo de despolarização excessiva e sustentada. 1 - Anticonvulsivantes Barbitúricos • Empregados no controle da maioria das formas epiléticas, principalmente nas formas tônico-clônicas generalizadas e nas crises focais. Fármacos de classe dos Barbitúricos 1 – fenobarbital 2 – metilfenobarbital 3 – metarbarbital 4 - primidona 1 - Anticonvulsivantes 1 - Fenobarbital 1 - Anticonvulsivantes Mecanismo de ação 1 – Se liga ao receptor de GABA e prolonga a abertura de canais de Cloreto (Cl-), aumenta a hiperpolarização da membrana (aumenta a resistência do neurônio à despolarização). 2 – Bloqueia as respostas excitatória induzidas pelo glutamato, impedindo sua ação. 2 - Hidantoinas Mecanismo de ação • Fenitoína: antiarrítmico, miorrelaxante esquelético, inibe secreção. Usado nas crises tônico- clônicas generlaizadas, parciais completas e parciais simples. • Efeito colateral grave como hiperplasia gengival 1 - Anticonvulsivantes 3 - Oxazolidinodionas • Trimetadiona: também usado nas crises de ausência, sem ser a primeira escolha. Apenas se não responder a primeira indicação. • Age pelo metabólico e inibe os receptores dos canais de cálcio talâmico que impede a despolarização e impede a liberação de neurotransmissores no tálamo. 1 - Anticonvulsivantes 4 - Succinimidas • Etossuximida – mais efetivo nas crises de ausência. • Age em neurônios talâmicos, que controlam toda transmissão neuronal ao córtex cerebral. • Age impedindo ou bloqueando os canais de cálcio, do tipo T, encontrados no tálamo. 1 - Anticonvulsivantes • Outras classes: Derivados do GABA Vigabatrina • Age por inibir o GABA aminotransferase, responsável pela degradação do GABA. • Parece aumentar a liberação do GABA nos locais sinápticos, aumentando os efeitos inibitórios, criando a resistência dos neurônios. Impede a despolarização que acarreta na crise epilética. 1 - Anticonvulsivantes • Outras classes: Derivados do GABA Tiagabina • Age inibindo a captação do GABA (não degrada), impede a recaptação e aumenta o nível extracelular na fenda sináptica. Inibe o transportador neuronal GAT 1 unicamente. 1 - Anticonvulsivantes Dibenzazepinas • Carbamazepina (tegretol): anticonvulsivante, antipsicótico, antimaníaco, antidiurético. Nas crises parciais, especialmente as complexas, tônico- clônicas generalizadas. • Favorece a degradação de outros fármacos administrados em conjunto. • Age inibindo os canais de sódio, retardando a recuperação dos canais de NA+ operados na corrente. Deprime a transmissão sináptica no sistema de ativação reticular, tálamo e sistema límbico. Impede a despolarização! 1 - Anticonvulsivantes Triazínicos • Lamotrigina: tratamento de crises parciais e crises tônico- clônicas generalizadas não controlada por outro fármaco. • Age no bloqueio do disparo repetitivo dos canais de sódio, impedindo que estes canais se despolarizem com frequência. Parece reduzir ação excitatória produzida pelo glutamato. Age bloqueando os canais de Cálcio (Ca++) ativados pela voltagem. 1 - Anticonvulsivantes Ácido Valpróico • Depakene e Valpakine: reduz a frequência de várias crises epiléticas, sendo mais eficaz na crises generalizadas (despolarização de neurônios nos dois hemisférios). • Indicado nas crises de ausência, tônico-clônicas generalizadas e na Epilepsia mioclônica juvenil. Mecanismo de ação • Bloqueia descargas repetitivas (despolarização) e sustentadas de alta frequência e resultantes da corrente de sódio. • Bloqueia os receptores de NMDA do Glutamato, que impede que o neurotransmissor excitatório do Glutamato facilite a despolarização. • Facilita a síntese de GABA e estimula o Gaba Desidrogenase, que estando mais ativa há mais síntese do GABA para inibir. 1 - Anticonvulsivantes Gabapentina • Análogo ao GABA, para pacientes com epilepsia parcial e crises tônico-clônicas. Mecanismos de ação • Eleva os níveis de GABA, aumenta a síntese e impede o transportador de GABA, diminui as concentrações de GABA na fenda sináptica e diminui a recaptação. • Inibe os canais de Ca2+ ativados por alta voltagem, impede que haja liberação de mais neurotransmissor. • Altera o metabolismo do GABA, facilita a liberação não sináptica ou sua recaptação por transportadores de GABA. 1 - Anticonvulsivantes Topiramato • Monossacarídio substituído, estruturalmente diferente de todos os outros anticonvulsivantes. Nas crises tônico-clônicas generalizadas. Mecanismo de ação • Bloqueia o disparorepetitivo dos canais de sódio, i. é., bloqueia a despolarização sustentada, potencializa os efeitos inibitório do GABA, (como os barbitúricos). • Bloqueia a despolarização do glutamato, impede a despolarizaçao. 1 - Anticonvulsivantes • Epilepsia parcial/focal, depolarização excessivamente que transmite o impulso nervoso à região foco. • O Felbamato inibidor de receptores glutamatérgicos, age sobre eles e impede que sódio e cálcio entrem nesse neurônio, que produzindo a despolarização. • A Gabapentina bloqueia o canal de cálcio que provoca despolarização de membrana muito intensa, se não entra, não despolariza. Fecham canais de cálcio. • Os Barbitúricos e Benzodiazepinicos abrem o canal do GABA para entrar o cloreto para a hiperpolarizaçao que dificulta a despolarizaçao sustentada. • Crises de ausência (torpor cerebral), pois a região talâmica que controla o córtex é uma via neuronal gabaérgica e com a hiperpolarização dificulta que o impulso nervoso se veicule até o córtex cerebral. • Grande despolarização do córtex cerebral, ou seja, há neurônio talâmico hiperpolarizado e neurônio cortical hiperpolarizado. • Os anticonvulsivantes agem impedindo os canais de cálcio no tálamo e impedirá que os neurônios gabaérgicos se despolarizem e com isso menos GABA será liberado e impedirá a hiperpolarização. Tratamento das dependências • los fármacos indicados en la dependencia de alcohol fueron los primeros que se desarrollaron. Posteriormente ha sido la dependecia a opiáceos la que ha concentrado un mayor número de investigaciones. En la actualidad no existen fármacos especificos para o tratamiento da dependencia de cocaína, cannabis,anfetaminas ou outras sustancias de abuso. En estos casos se emplegam otros pSlcofármacos (antidepresivos, antipsicótícos y BZD) para el tratamiento sintomático de los cuadros clínicos asociados al abuso. Bons estudos e boas férias! Grato pela atenção! psiflavio@yahoo.com.br
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