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Portugal do autoritarismo à democracia

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PORTUGAL DO AUTORITARISMO À 
DEMOCRACIA 
O crescimento económico do pós-guerra a 1974 
Entre 1945 e 1974, Portugal teve um desenvolvimento tardio, não tendo 
acompanhado o espantoso crescimento da europa ocidental. 
As colonias também foram alvo de desenvolvimento para não serem 
somente uma extensa natural do território continental português. 
Estagnação do mundo rural 
Terminada a 2ª guerra mundial e a agricultura continuava a ser a 
atividade principal em Portugal. 
Era uma agricultura pouco desenvolvida, com baixos níveis de 
produtividade, sendo um dos países mais atrasados da europa. 
O setor primário empregava 40% da população e por sua vez gerava 
uma riqueza inferior a 25%. 
Assim a autossuficiência preconizada pelo estado novo continuava por 
alcançar e Portugal necessitava de importar grandes quantidade de 
produtos agrícolas. 
A assimetria verificada na dimensão e titularidade da terra 
✓Norte – predominava o minifúndio – terra dividida em parcelas de 
pequena dimensão, tendo por vista o autoconsumo. 
✓Sul – predominava o latifúndio – imensas propriedades 
trabalhadas por uma imensa mão de obra assalariada e pouco 
empenhada com a sua produtividade. 
A resistência dos proprietários à alteração da estrutura fundiária 
O governo implemente o II plano de fomento (1959 – 1964) com o 
objetivo de alterar a estrutura fundiária: 
•	Norte – constituição de propriedades mais vastas – o estado adquiria as 
pequenas propriedades e vendia a jovens empreendedores. 
•	Sul – tentou-se criar propriedades mais pequenas – entregues a 
rendeiros por um largo espaço de tempo. E o lançamento de rega no 
Alentejo. 
Estas propostas, no entanto, não contaram com a adesão dos 
proprietários. 
A Norte preferiam continuar com a autossubsistência e a Sul preferiam 
os baixos salários e a subaproveitamento dos terrenos. 
O êxodo rural e a falência do setor agrícola 
Nos anos 60 com o desenvolvimento industrial do litoral as aldeias do 
interior vêem-se a perder população que procurava melhores condições 
de vida. 
As que continuavam agarradas ao campo ficavam com os alimentos 
pobres. As que iam para o litoral passavam a poder consumir alimentos 
mais ricos. 
Demorou algum tempo para que Portugal se adaptasse a nova realidade 
económica. O que levou à continuidade de importação de alimentos e o 
agravamento das contas do estado. 
A emigração 
Os movimentos migratórios ocorreram também para fora de Portugal, 
sobretudo para países desenvolvidos da europa – Alemanha, França e 
outras partes do mundo como o continente americano ou Africa do Sul. 
As causas da emigração 
 
As principais motivações que levaram a população, principalmente do 
interior a emigrar são: 
• A pobreza – tendo em conta que sabiam que nos países 
industrializados havia melhores salários. 
• Fuga de muitos jovens à incorporação militar – era obrigatória 
devido às necessidades para a guerra colonial. 
• Ocupação dos territórios ultramarinos – com população branca para 
valorizar os territórios e faze-los crescer. 
• Despenalização da emigração clandestina – Salazar entendeu que 
o dinheiro enviado pelos emigrantes para Portugal podia equilibrar a 
balança de pagamentos portuguesa. 
As formas de emigração 
A maioria dos emigrantes eram jovens dos 18 aos 29 anos dispostos a 
trabalhar no que fosse desde que proporcionasse um rendimento 
aceitável. 
Visto que muitas das emigrações fizeram-se clandestinamente, houve 
quem os ajudasse (passadores), mediante o pagamento de avultadas 
quantias. 
Eram muitas as dificuldades de quem emigrava ilegalmente, pois corriam 
o risco de serem detidos pela PIDE ou GNR; as quantias por vezes eram 
bastante elevadas e a ausência de proteção civil com forma de acolher e 
ajudar os migrantes. 
As soluções de alojamento eram sobretudo em barracas ou bairros de 
lata de seus familiares ou quem fosse, para assim que possível 
procurarem emprego. 
O governo português só passou a ajudar os emigrantes quando se 
apercebeu dos benefícios que tinha a migração para Portugal. 
Consequências da emigração 
O país na pobreza com a emigração veio a acentuar-se mais ainda as 
suas dificuldades económicas: 
✓ Perda dos melhores trabalhadores. 
✓ Separação das famílias. 
✓ Envelhecimento da população. 
✓ Intensificação do despovoamento do interior. ✓ Má imagem 
internacional do regime. 
Contudo, a médio e a longo prazo as consequências da emigração 
viram-se positivas: 
✓ Transferência para Portugal de dinheiro das suas poupanças. 
✓ Dinamização do consumo interno por parte das famílias dos 
emigrantes. 
✓ Resolução do desequilíbrio entre o crescimento demográfico e o 
atraso económico. 
✓ Alteração da mentalidade portuguesa, pelo contacto com outras 
culturas. 
✓ Alteração das velhas estruturas rurais. 
 
 
O surto industrial e urbano 
•	Primeira fase 
O surto deu-se quando em 1945 convenceram-se que o crescimento 
industrial iria ser 
proporcionado por detentores de capital que iriam investir na indústria. 
O setor agrícola vai se mostrando incapaz de responder às necessidades 
económicas do pais e as dificuldades dos fornecedores tradicionais do 
pais devido ao envolvimento da guerra. 
E assim surgem os primeiros planos de fomento: 
• I plano – 1953 – 1958 – deu prioridade à criação de infraestruturas – 
desenvolvimento dos setores elétricos, transportes e comunicações. 
• II plano – 1958 – 1964 – Arranque da política de fomento económico 
das colonias e a integração de Portugal no espaço económico 
europeu, o governo assinou acordos com o BIRD e o FMI e o 
protocolo do GATT. 
Os setores que mais sentiram os efeitos destes planos foi a indústria 
pesada, considerada como essencial para o desenvolvimento 
económico, principalmente na metalurgia, siderurgia, petroquímica etc... 
•Segunda Fase 
A partir dos anos 60 houve uma maior abertura ao exterior e um reforço 
da economia privada que foram consideradas como grandes opções 
políticas e levou à criação de um plano intercalar de fomento. 
A economia viu-se condicionada com os acordos assinados o que se 
traduziu numa inversão da política da autarcia nas primeiras décadas do 
estado novo. 
Era o fim conservador e ruralista de Salazar e a sobressaia Marcello 
Caetano. 
•	Terceira Fase 
Marcello Caetano é nomeado presidente do conselho em 1968 e lança o 
III Plano de fomento que vigorará até 1973. 
 
Com este plano foi possível: 
• Internacionalização da economia portuguesa – fomento da 
exportação de produtos nacionais. 
• Desenvolvimento da indústria privada – abertura do pais a 
investimento estrangeiro. 
• Crescimento do setor terciário – formação de grupos económicos 
(ex.: complexo de Sines e a cirurgia nacional). 
• Incremento urbano. 
O Urbanismo 
O surto industrial proporcionou o crescimento do setor terciário e 
consequentemente a urbanização do país. 
Em 1970, cerca de 3⁄4 da população vivia em cidades. 
Portugal finalmente havia concretizado o fenómeno urbano em quase 
finais do século. 
Viram aumentar a população nas áreas periféricas em volta das zonas 
industrializadas. 
É tempo de formação dos dormitórios de população empregada nas 
grandes cidades, para isso é preciso evoluir o obsoleto sistema de 
transportes públicos. 
Em Portugal também se fizeram sentir os efeitos da falta de estruturas 
habitacionais, transportes, saúde, educação, abastecimentos – o que 
levou à degradação da qualidade de vida sendo que os poderes públicos 
tinham de atuar. 
O fomento económico das colónias 
No período seguinte à guerra, o fomento económico das colonias foi para 
o governo um assunto de necessidade. 
O governo de Salazar veio a autorizar a instalação das primeiras 
indústrias com a exploração do trabalho negro nas grandes fazendas 
agrícolas. 
Havia a necessidade de mostrar à comunidade internacional que o 
governo de Portugal se preocupava com o fomento das suas colonias, 
como forma de legitimar as colonias como suas. 
Entendia-secomo um fator determinante a industrialização das colonias 
para o desenvolvimento da economia metropolitana. 
Assim, os planos de fomento previam também o território africano, em 
especial Angola e Moçambique. 
No I Plano de fomento estipulou-se: 
• Criação de infraestruturas – transportes e comunicações. 
• Criação de infraestruturas ligadas à produção de energia e de 
cimento – construção urbana. 
• Modernização do setor agrícola – produção de produtos tropicais – 
açúcar, café, algodão etc... 
• Promoção da extração de matérias primas – petróleo, diamantes, 
carvão etc... 
Este fomente esteve associado ao lançamento de projetos de 
colonização com população branca. 
A presença portuguesa nas colonias servia para evidenciar a 
particularidade das relações de Portugal com as suas colonias. 
E por outro lado atrair a população local para suster o avanço dos 
guerrilheiros. 
Foi da ideia de salazar construir um Espaço económico português, com o 
objetivo de estreitar as ligações entre Portugal e as colonias. 
O imobilismo político do pós-guerra a 1974 
 
A radicalização das oposições e o sobressalto político 
de 1958 
O início da “oposição democrática” 
Com a convicção de que salazar jamais iria abrir o regime às 
transformações democráticas, forças políticas a partir d 1945, 
começaram um processo de luta organizada contra o regime. 
Em outubro do mesmo ano constituíram-se: Movimento de Unidade 
Democrática (MUD). 
Este movimento de oposição na denuncia dos abusos doi regime e na 
reclamação de eleições livres teve um grande impacto na opinião 
pública. 
Em consequência por todo o pais foi-se formando a oposição 
democrática até 1974. 
Um momento de grande contestação contra o regime foi em 1949, no 
ano de eleições para a Presidência da república. 
A oposição candidatou Norton de Matos, um destacado militar e detentor 
de tendências oposicionistas. 
No entanto devido à repressão e forte pressão, Norton foi obrigado a 
desistir do processo eleitoral. 
Todavia, a mobilização popular para a candidatura de Norton de Matos 
entusiasmou a opinião publica para uma esperança futura. 
O sobressalto político de 1958 
 
Em 1958 volta a acontecer a eleição para presidente da república. 
A oposição encontra no General Humberto Delgado um candidato 
determinado a afrontar o candidato da união nacional Américo Tomás. 
Humberto delgado afirmou publicamente a intensão de demitir salazar se 
fosse eleito, o que lhe valeu o título de “General sem medo”, e assim 
conseguiu um movimento de apoiantes que fez tremer o regime pela 
primeira vez de forma convincente. 
Apesar de se esperar mais uma burla eleitoral com o auxílio da 
repressão da polícia, Humberto delgado levou a sua candidatura até às 
urnas, apelando aos eleitores que comparecessem e desmascarassem 
os traidores e cobardes (Salazar). 
O resultado relevou uma vitória esmagadora para o candidato do regime, 
apôs uma massiva fraude e manipulação eleitoral. 
No entanto a credibilidade do governo ficou levemente abalada e salazar 
continuou a ter oposições políticas bem como pressões da comunidade 
internacional. 
Assim salazar propôs mais uma alteração à constituição na qual a 
eleição para o presidente da república deixaria de ser por sufrágio direto 
e passaria a ser por colégio eleitoral restrito. 
A radicalização das oposições 
A oposição viu a necessidade de expor internacionalmente a natureza 
antidemocrática do regime, dessa forma intensificou a sua ação de 
contestação. 
Houve acontecimentos como: 
• “carta” do bispo do porto – escreveu uma carta com críticas 
contundentes relativas à situação político-social do pais. 
• Exílio e o assassinato de Humberto delgado – Foi destituído das 
suas funções de militar, e retirou-se para o Brasil. A sua ação foi de 
tal forma lesiva para a imagem do estado que salazar em 1965 
decretou a sua eliminação física. 
• Assalto ao santa Maria – em janeiro de 1961, o navio santa Maria é 
assaltado e ocupado pelo comandante Henrique Galvão, como 
forma de protesto contra a falta de liberdade cívica. 
Internacionalmente foi entendido como um ato espetacular de 
protesto legitimo. 
• Desvio de um avião da TAP – Um grupo de opositores toma de 
assalto um avião da TAP e atira sobre Lisboa propaganda 
antifascista. 
• Assalto à dependência do Banco de Portugal – Na figueira da Foz 
um grupo armado com o objetivo de recolher fundos para ações de 
revolta assalta o Banco de Portugal. Foi uma das operações que 
mais feriu o orgulho de salazar por não conseguir extraditar para 
Portugal os culpados do assalto, visto que foi considerado tratar-se 
de uma operação de caracter político. 
Por fim, a tentativa falhada de tomar a cidade da Covilhã levou ao 
fracasso e à prisão de Palma Inácio, por acusações como sabotagem, 
atentados bombistas, dinâmica oposicionista etc... 
Tudo isto fez tremer o regime e prenunciava o seu fim. 
A questão colonial 
A mística imperial pelo mundo começa a revelar-se ultrapassada, 
contudo Salazar recusa qualquer cedência às crescentes pressões 
internacionais dos territórios coloniais. 
Soluções preconizadas 
•	A tese do luso-tropicalismo 
A vocação colonial de Portugal, justificada no luso-tropicalismo, leva ao 
já existente no Ato colonial (de 1930), de que a presença portuguesa tem 
características particulares – históricas de missão civilizadora. 
Torna-se assim necessário clarificar juridicamente as relações da 
metrópole (Portugal), com os seus espaços ultramarinos (colonias). 
•	Um Estado pluricontinental e multirracial 
Desaparece o conceito de colónia, e é substituído província (ultramarina); 
desaparece o conceito de Império Português e surge o conceito de 
Ultramar Português. 
Na constituição Portuguesa passa a apresentar espaços ultramarinos, 
como sendo legitimas extensões do território continental de Portugal. 
Apresenta-se como um Estado Pluricontinental e multirracial – “Do Minho 
a Timor”. 
•	As primeiras divergências 
Em 1961, surge as primeiras revoltas em Angola e a invasão dos 
territórios da Índia, juntamente com divergências relativas ao Ultramar. 
Os setores mais conservadores insistem na integração plena e 
incondicional dos territórios ultramarinos, no entanto isso implicava uma 
resistência armada contra os movimentos independentistas. 
Alguns membros do governo propunham a conceção de autonomia de 
forma processiva – formação de uma federação de estados. 
Os defensores da tese federalista chegaram a propor ao Presidente da 
República a destituição de Salazar, mas sem êxito. 
Reforçada a posição de Salazar, avançou-se com o Exército para 
Angola, que deu início a uma guerra que se prolongou até à queda do 
regime (1974). 
A luta armada 
A guerra de libertação foi iniciada no Norte de Angola, em 1961, por 
forças da UPA/FNLA (União das Populações do Norte de Angola). Mais 
tarde ganhou força militar com a ação do MPLA (Movimento Popular de 
Libertação de Angola), fundado por Agostinho Neto. Por fim, surge em 
1966, a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola), 
fundada por Jonas Savimbi. 
A luta anticolonialista na Guiné, iniciou-se em 1963, com a ação do 
PAIGC (Partido Africano da Independência da Guiné e Cabo Verde), 
fundado por Amílcar Cabral. 
Em 1964, a guerra estendeu-se a Moçambique, por ação da FRELINO 
(Frente de Libertação de Moçambique), fundado por Eduardo Mondlane. 
Assim, durante 13 anos, Portugal este envolvido em três frentes de 
batalha, que teve um elevadíssimo custo material e humano. O preço a 
pagar por Portugal surpreendeu a comunidade internacional. 
As pressões internacionais 
Portugal, em 1955, enquanto membro da ONU e dirigido por um Governo 
não democrático, continuou a defender a autoridade Portuguesa sobre os 
territórios ultramarinos de forma indiscutível. 
A Assembleia-Geral da ONU, sob pressões dos países do Terceiro 
Mundo, não aceitou a tese portuguesa de caracter histórico para a 
manutenção dascolonias na posse de Portugal, e condenou 
sistematicamente a atitude colonialista portuguesa. 
A Assembleia-Geral resultou na Resolução 1514, de 14 de dezembro de 
1960, que se confirmou que era ilegítimo da parte de Portugal a 
preservação de posses coloniais. 
O governo português no pleno reconhecimento da sua autodeterminação 
e independência não acatou a resolução, ao qual resultou na legitimidade 
dos movimentos independentistas para fazer uso de armas. 
Portugal nas diversas instituições internacionais, segundo Salazar 
permanecia “Orgulhosamente Sós”. 
A “primavera marcelista” 
Reformismo político não sustentado 
Em 1968, com as oposições internas, as denuncias internacionais do 
colonialismo e o afastamento de Salazar por doença, leva à falsa 
sensação de possível abertura do regime à liberalização. 
A presidência do conselho de Ministros foi entre a Marcello Caetano, que 
preservou a sua ação política na continuidade do trabalho levado acabo 
por Salazar. 
Pretendia conciliar os interesses dos setores conservadores com as 
exigências de democratização do regime. 
Numa primeira fase, Marcello Caetano empreendeu algumas dinâmicas 
reformistas no regime: 
• Alívio da repressão policial e na censura; 
• Foi permitido o regresso de alguns exilados políticos; 
• Mudou-se o nome da PIDE para DGS (Direção-Geral de 
Segurança); 
• União Nacional passou a designar-se ANP (Ação Nacional Popular); 
• As mulheres alfabetizadas puderam começar a votar nas eleições 
de 1969; 
• Foram legitimados movimentos políticos não comunistas – para 
fiscalizarem as mesas de voto; 
• Os movimentos de oposição puderam organizar congressos; 
• Iniciou-se uma reforma democrática do ensino. 
Todavia, Marcello Caetano começou a demonstrar a necessidade de 
voltar às políticas anteriores: 
o Com o movimento de contestação estudantil e os movimentos 
grevistas no setor laboral em 1969, o regime entende que a 
“liberalização foi longe demais”; 
o Assim, o governo inicia ataques contra os movimentos 
eleitorais – CDE (Comissão Democrática Eleitoral) e CEUD 
(Comissão Eleitoral de Unidade Democrática); 
o Devido a estas ações, a oposição numa conseguiu eleger um 
único deputado para a Assembleia Nacional; 
o Intensifica-se novamente a repressão policial; 
o As associações de estudantes são proibidas e as 
universidades passam a ser controladas por vigilantes (do 
exército, ex-combatentes). 
Intensificaram-se as denuncias contra a guerra colonial, a oposição 
organiza-se em movimentos clandestinos armadas, de forma a 
intensificarem se as ações violentas – atentados, assaltos etc... 
O impacto da guerra colonial 
 
A política de renovação de Marcello Caetano surte algum efeito: 
• A presença de Portugal deixa de ser meramente para uma “missão 
histórica” ou “independência nacional” para ser da defesa dos 
interesses da população branca; 
• Concede-se o título de estado às províncias de Angola e 
Moçambique; A guerra prosseguia, e Portugal continuava isolado 
internacionalmente: 
• O Papa Paulo VI, em 1970, afirmava que o que estava a acontecer 
era uma humilhação da administração colonial portuguesa; 
• Manifestações de protesto contra a visita de Marcello Caetano a 
Londres, em 1973 – devido aos massacres cometidos pelo exército 
Português em Moçambique; 
• Declaração unilateral da independência da Guiné-Bissau, em 1973, 
reconhecida pela Assembleia-Geral da ONU. 
Internamente persistiam as denuncias da injustiça da guerra colonial: 
• As camadas estudantis mostram-se contra a guerra e fogem para 
não serem incorporados nas forças militares; 
• Deputados da Ala mais liberal da Assembleia Nacional protestam 
contra a guerra colonial; 
• Na iminência de uma vergonhosa derrota, António Spínola (membro 
da alta hierarquia militar), denuncia a falência da solução militar de 
Portugal. 
 
Da revolução à estabilização da democracia 
O movimento das forças armadas e a eclosão da revolução 
A conjuntura política 
Em 1974, o regime tinha o problema da guerra colonial por resolver. 
Na guiné, o território tinha declarado a independência unilateralmente. 
Em Angola e Moçambique, a situação estava num impasse 
Intensificava-se a condenação internacional da política colonial do 
regime. 
Os militares entenderam ser urgente por fim à ditadura e abrir caminho 
para a democratização do país. 
A toda esta conjuntura política, acrescentava-se: 
✓ Descontentamento popular contra o aumento do custo de vida; 
✓ Desejo da aproximação da Europa comunitária; 
✓ Intensificação da violência levada a cabo por movimentos 
clandestinos armados; 
Do “Movimento dos Capitães” ao “Movimento das Forças Armadas” 
•	O “Movimento dos capitães” 
Em 1973, o movimento clandestino de militares, constituído 
maioritariamente por capitais, preparava um golpe de estado, com o 
objetivo de derrubar o regime ditatorial e assim conseguir criar condições 
para resolver a questão colonial. 
Inicialmente, a sua insatisfação ficava por questões corporativas, que 
motivaram o movimento, contudo a consciência da sua força política leva 
a procura de uma solução política para o problema do ultramar. 
•	O “Movimento das forças Armadas” 
Costa Gomes e António Spínola, recusaram participar numa 
manifestação de apoio ao governo e foram imediatamente exonerados 
dos cargos, ficando assim disponíveis para reforçar os movimentos de 
contestação militar. 
Com claros objetivos de por fim ao estado novo, o movimento dos 
capitais evoluiu para movimento das forças armadas – MFA 
O “25 de abril” 
As forças armadas organizadas, na madrugada de 25 de abril de 1974 
conseguiram levar a cabo uma ação revolucionária que pôs fim ao 
regime de ditadura que vigorava desde 1926. 
Às 00h20 do dia 25, era transmitida a canção “Grândola, Viola Morena”, 
de José Afonso – sinal para as unidades militares avançarem para a 
ocupação de pontos estratégicos para conseguir levar a cabo com 
sucesso o ato revolucionário. 
Perante o certo das tropas de Salgueiro Maia no terreiro do Paço, 
Marcello Caetano foi obrigado a render-se e a entregar o poder ao 
general Spínola, para que o país não ficasse sem governação. 
Por fim, deu-se uma autêntica explosão social por todo o pais, uma 
revolução nacional, de caracter pacifico, que ficou conhecida por 
“Revolução dos Cravos”. 
Desmantelamento das estruturas de suporte do 
Estado Novo 
O ato revolucionário deu início ao processo de desmantelamento do 
regime do estado novo. 
Foi nomeada uma junta de Salvação Nacional, encabeçada por António 
Spínola. 
A Junta de Salvação Nacional foi responsável por desmantelar o regime 
(estado novo): 
• Américo Tomás e Marcello Caetano foram destituídos, presos e 
exilados no Brasil; 
• A Assembleia Nacional e o Conselho de Estado foram dissolvidos; 
• A constituição de 1933 é revogada; 
• Todos os governadores são destituídos; 
• É extinta a ditadura e a repressão – PIDE, censura etc.; 
• Presos políticos são libertados e os exilados podem regressar ao 
país; 
• São extintas todas as organizações de propaganda; 
• Formaram-se novos partidos políticos e sindicatos livres; 
• Elegeu-se um governo provisório; 
• Preparou-se eleições livres para eleger uma Assembleia 
Constituinte e redigir uma nova constituição; 
15 de maio, António Spínola é nomeado Presidente da República e 
Adelino da Palma Carlos preside ao primeiro governo provisório. 
Tensões político-ideológicas na sociedade e no 
interior do movimento revolucionário 
A aclamação da liberdade levou em seguida a dois anos politicamente 
muito conturbados. 
Houve divergências ideológicas, graves confrontações sociais e políticas 
e iminentes conflitos militares. 
O novo quadro social e político 
A reivindicação de direitos que foram reprimidos durante 48 anos, criou 
no pais um ambiente de agitação difícil e levou ao primeiro governo 
provisório a demitir-se. 
A formação do segundo governo provisório, chefiado por Vasco 
Gonçalves,levou o novo regime a evoluir para uma clara tendência 
revolucionário de esquerda – houve ocupações de instalações laborais, 
fabricas, campos agrícolas etc... 
Foi criado o COPCON – Comando Operacional do Continente, que nada 
mais foi que uma construção de formas do poder popular. 
Agravaram-se as divergências entre o Presidente da República – general 
Spínola e o Movimento das Forças Armadas, devido ao processo da 
descolonização. Spínola integrava os conservadores, enquanto que o 
MFA na sua generalidade era apoiado por partidos de esquerda. O 
esquerdismo revolucionário fragilizou a autoridade do Presidente da 
República. 
 
 
Os primeiros confrontos 
 
•	O 28 de Setembro – primeiros sinais de confrontação civil 
A 28 de setembro de 1974, ocorreram os primeiros confrontos entre os 
setores reacionários (maioria silenciosa), organizaram uma manifestação 
de apoio a Spínola. 
O MFA proíbe este tipo de manifestações e devido a isso Spínola ficou 
fragilizado e acabou por se demitir pondo o seu lugar à disposição do seu 
sucessor, Costa Gomes, que assim permitia a estabilidade do MFA com 
o Povo. 
•	O 11 de Março – iminência de confrontação militar 
A 11 de março de 1975, os militares apoiantes de Spínola, com claras 
preocupações conservadoras, tentaram levar a cabo um golpe de estado 
para impedir a continuação do processo revolucionado do MFA. Contudo 
o golpe foi ineficaz e controlado pelo MFA. 
•	O verão quente de 1975 – prenúncios de guerra civil 
Num ato de protesto, o PS, PSD e CDS, fizeram forte oposição ao 
governo chefiado por Vasco 
Gonçalves, e pediam o regresso ao programa inicial do MFA. 
Vive-se o período do Verão Quente de 1975, em que explodiram 
confrontos entre forças de direita e forças de esquerda. 
Política económica antimonopolista e a intervenção do 
Estado nos domínios económico e financeiro 
O “processo revolucionário em curso” 
PREC – Processo Revolucionário Em Curso, foram atividades 
revolucionárias levadas a cabo pelos partidos mais à esquerda para 
institucionalizar o poder popular e reforçar a transição para o socialismo 
marxista. 
As medidas socializantes adotadas pelos sucessivos governos de Vasco 
Gonçalves foram: 
• Apropriação por parte do Estado dos setores-chave da economia 
nacional – setores da indústria química, banca, seguros, transportes 
e comunicações ...; 
• Intervenção do Estado na administração de pequenas e médias 
empresas – apropriação da administração e afastamento de 
proprietários e administradores, sendo substituídos por comissões 
administrativas nomeadas pelo governo; 
• Reforma Agrária, expropriando antigos proprietários e 
nacionalizando grandes herdades – criando unidades coletivas de 
produção (UCP), controladas pelo Partido Comunista; 
• Grandes campanhas de dinamização cultural e ação cívica – 
esclarecimento às populações sobre o valor da democracia e a 
importância do voto popular, bem como os direitos dos 
trabalhadores; 
• Grandes conquistas dos trabalhadores – direito à greve, liberdade 
sindical, instituição do salário mínimo, redução do horário de 
trabalho, subsídios sociais e garantias de trabalho. 
O “Documento dos Nove” – inversão do processo revolucionário 
O grupo de nove oficiais que integravam o conselho de revolução tomou 
uma posição política sobre a situação do país e em agosto de 1975 
publicou um manifesto conhecido como Documento dos Nove onde 
denunciavam os rumos do processo revolucionário e recusavam que 
Portugal adotasse um regime do tipo europeu oriental (URSS). 
O “25 de novembro” – fim da fase extremista do processo revolucionário 
A inversão do processo revolucionário levou ao agravamento da 
confrontação política e social em 1975. 
Então a 25 de novembro do mesmo ano, houve uma tentativa de golpe 
levada acabo pela esquerda militar e pelo PCP, contudo um grupo de 
militares moderados leva acabo um contragolpe liderado por Ramalho 
Eanes. 
A ação militar chefiada por Ramalho Eanes contra o avanço da esquerda 
radical conduziu à ascensão das forças moderadas no poder. 
Vasco Gonçalves foi demitido e ascendeu um VI governo Provisório. 
Declara-se assim o fim da fase extremista do processo revolucionário. 
A opção constitucional de 1976 
A constituição de 1976 
Com a promulgação a 2 de abril de 1976, a nova constituição tinha um 
caracter marcadamente socialista. 
O texto constitucional consagra o Estado Português como uma república 
democrática e pluripartidarista. 
Assim a Constituição de 1976 consegue conciliar as diferentes 
conceções ideológicas, considerando-se assim o documento fundador da 
democracia portuguesa. 
Realizaram-se as primeiras eleições em 1976: 
• Assembleia da República – 25 de abril de 1976, vencidas pelo 
Partido Socialista – formando o 1o governo Constitucional, chefiado 
por Mário Soares; 
• Presidência da República – em julho de 1976, vencidas por 
Ramalho Eanes; 
• Autarquias locais – em dezembro de 1976. 
O poder local foi estruturado em municípios e freguesias. 
A constituição reconheceu a autonomia administrativa das ilhas 
adjacentes – Madeira e Açores. 
O reconhecimento dos movimentos nacionalistas e o 
processo de descolonização 
O processo da descolonização: Democracia, Desenvolvimento e 
Descolonização. O processo foi marcado por profundas divergências: 
• O programa do MFA propunha “o reconhecimento do direito à 
autodeterminação” e autonomia administrativa dos territórios 
ultramarinos; 
• Lançamento de uma política ultramarina que conduzisse à paz; 
Os tempos foram favoráveis para a autodeterminação dos territórios 
ultramarinos: 
• Movimentos independentistas exigiam a rápida solução do problema 
colonial e imediato reconhecimento da independência, bem como a 
transferência do poder para os movimentos de libertação; 
• A pressão internacional, sobretudo por parte da ONU; 
• Os governantes portugueses queriam fazer regressar os militares 
portugueses, de forma a provar internacionalmente as intensões 
democráticas e anticolonialistas do novo regime. 
•	Os processos pacíficos 
• A independência da Guiné, a 1 de julho de 1974, formando a nova 
república e reconhecida pelo Acordo de Argel; 
• 5 de julho de 1975, a independência de cabo verde, que foi 
extensível a todos os restantes territórios do império; 
• O poder em São Tomé e Príncipe foi entregue ao MLSTP, e 
reconhecido pelo Governo Português, a 12 de julho de 1975. 
•	O caso de Moçambique 
O movimento de libertação – FRELINO, foi reconhecido pelo MFA como 
legitimo e único 
representante do povo moçambicano. 
Contudo, surgem outras organizações políticas a contestar a 
exclusividade do poder à FRELINO. 
A 7 de setembro de 1974, o governo português celebra o acordo de 
LUSACA, com representantes da FRELINO para o cessar-fogo e a 
formação de um governo temporário. 
Os movimentos da oposição, como é o caso da RENAMO, faziam uma 
resistência armada contra o que consideravam o desvirtuamento da 
democracia, com a entrega do poder a um único movimento. 
Moçambique viu-se envolvido numa guerra civil. 
Em outubro de 1992, houve uma alteração constitucional na qual o 
regime moçambicano admitia o pluripartidarismo. 
•	O caso de Angola 
Angola foi um caso muito mais complexo. 
Três movimentos de libertação que representavam tendências políticas 
diferentes, eram constituídos por etnias rivais dominantes na população 
Angolana. 
Os interesses da população branca eram mais fortes e impunham a 
intervenção política mais cuidadosa por parte do governo português. 
A 15 de janeiro de 1975, consegue-se a assinatura do Acordo de Alvor, 
na qual se reconhece os três movimentos como representantes do povo 
angolano. 
No entanto nada se concretizou, iniciou-se um conflito entre o MPLA, 
com o apoio da URSS e a FNLA, com o apoio dos EUA. 
Em julho o conflito veio a agravar-se e internacionalizou-se ainda mais. 
O conflito armado conduziu à formação de dois governos, a República 
Popular de Angola – MPLA(sede em Luanda e presidida por Agostinho 
Neto) e a República Democrática de Angola – UNITA/FNLA (sede em 
Huambo e presidida por Jonas Savimbi). 
O estado português veio a reconhecer o governo do MPLA, em fevereiro 
de 1976. 
Os angolanos viram-se envolvidos numa violenta guerra civil. 
As divergências políticas continuavam por resolver até inícios do novo 
milénio. 
A partir de 22 de fevereiro de 2002, numa ação militar levada acabo por o 
exército angola, foi morto o líder da UNITA e Angola entrou num 
processo de pacificação definitiva. 
A revisão constitucional de 1982 e o funcionamento das instituições 
democráticas 
O quadro político favorável à revisão da Constituição de 1976 
•	A normalização das relações institucionais 
Em 1982, a democracia portuguesa dava sinais de que o processo 
revolucionário havia assumido definitivamente o caracter democrático e 
pluralista da Constituição de 1976. Com a normalização das relações 
institucionais e a aproximação das forças políticas mais moderadas. 
•	O novo texto constitucional 
Em 1982, o PS, PSD e o CDS, chegam a acordo sobre as alterações a 
fazer na Constituição de 1976, ajustando-a aos novos objetivos da 
governação. 
O novo texto introduzia a suavização de algumas referências de caracter 
socialista que se encontravam na constituição. 
O conselho da revolução foi extinto e substituído pelo Conselho de 
Estado e pelo Tribunal Constitucional, assim os militares deixaram de 
interferir no exercício do poder político e aceitando o poder civil. 
O funcionamento das instituições democráticas 
•	O presidente da República 
Eleito por sufrágio universal e direto, por maioria absoluta, para um 
período de 5 anos, é considerado o representante máximo da soberania 
nacional. 
•	A Assembleia da República 
É constituído por 230 deputados, eleitos por círculos eleitorais 
correspondentes aos distritos do 
continente e a cada região autónoma. 
O governo faz-se depender do apoio do parlamento para apoiar a 
atividade governativa ou por sua vez censura-la. 
•	O Governo 
Constituído por o primeiro-ministro, pelos ministros, pelos secretários e 
subsecretários de Estado, 
é o órgão que superintende a administração publica do país. 
•	Os Tribunais 
Aos tribunais compete o exercício do poder judicial, de forma totalmente 
independente do poder 
político. 
A revisão da constituição de 1982, introduziu o Tribunal Constitucional, 
responsável por zelar o rigoroso cumprimento dos princípios 
constitucionais.

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