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1 Trocadores de Calor Profa. Dra. Lorena Oliveira Pires Engenharia Química Instituto de Química Unesp - Araraquara Projeto de Trocadores de Calor • Dimensionamento Termo-Hidráulico • Transferência de calor • Perda de carga máxima para cada corrente • Aumento da velocidade de escoamento • Transferência de calor • Perda de carga • Na prática • Impor uma perda de carga máxima admissível • Dimensionar o trocador de calor procurando utilizar toda a perda de caga permitida (minimizar a área do trocador) • Valores admitidos • Entre 10 e 25 psi (69 a 172 kPa) para líquidos • Cerca de 2 psi (14 kPa) para gases e vapores • O trocador deve satisfazer os requisitos do processo • Realizar a troca de calor especificada com perda de carga limitada (predeterminada) • Mesmo com incrustação • Até a parada para limpeza ou manutenção • Há muitas incertezas no projeto • propriedades físicas, correlações, restrições de dimensões e parâmetros, condições operacionais variam, desconhecimento das características da incrustação. • Avaliação (rating) • Trocador já existe e está totalmente especificado 2 • Entradas ou dados conhecidos (dimensões, tipo de equipamento, vazões, temperatura de entrada dos fluidos, perdas de carga admissíveis) • Calcular: calor trocado, temperaturas de saída, perdas de carga • Comparar com as necessidades do processo • Se o desempenho térmico for aceitável e a perda de carga não ultrapassar os limites estabelecidos, trocador poderá ser utilizado no processo • Dimensionamento (sizing) • Construir um trocador para atender as necessidades do processo • Determinar: a área de troca de calor e as dimensões do trocador • Conhecidos: Vazões, temperaturas de entrada dos fluidos, uma das temperaturas de saída, o tipo de superfície, as perdas de cargas admissíveis e as propriedades físicas • Dimensionamento: avaliação de vários trocadores propostos 3 • • Supor um trocador e testá-lo. • Conhece-se vazões e temperaturas iniciais dos fluidos. • Sabe-se qual o calor que deve ser trocado: • q = w.cp.Δt ou q =w. ou ambos, dependendo da situação. • Com as 4 temperaturas: R, S, F. Tem-se o número de passagens no casco e o Δt. Valores de U 4 RESFRIADORES Fluido quente Fluido frio UD (Btu/h ft 2 ºF) Água Metanol Amônia Soluções aquosas Orgânicos Leves Orgânicos médios Orgânicos pesados Gases Água Orgânicos leves Água Água Água Água Água Água Água Água Salmoura Salmoura 250-500 250-500 250-500 250-500 75-150 50-125 5-75 2-50 100-200 40-100 AQUECEDORES Fluido quente Fluido frio UD (Btu/h ft 2 ºF) Vapor Vapor Vapor Vapor Vapor Vapor Vapor Vapor Vapor Vapor Água Metanol Amônia Soluções aquosas < 2,0 cP > 2,o cP Orgânicos leves Orgânicos médios Orgânicos pesados Gases 200-700 200-700 200-700 200-700 100-500 100-200 50-100 6-60 5-50 TROCADORES Fluido quente Fluido frio UD (Btu/h ft 2 ºF) Água Soluções aquosas Orgânicos Leves Orgânicos médios Orgânicos pesados Orgânicos pesados Orgânicos leves Água Soluções aquosas Orgânicos Leves Orgânicos médios Orgânicos pesados Orgânicos Leves Orgânicos pesados 250-500 250-500 40-75* 20-60* 10-40 30-60 10-40 *Rd = 0,001 h.ft2.F/Btu Supor um trocador • Adotando-se um valor para U pode-se estimar uma área de troca de calor. 5 • Com L, de, arranjo, passo, supondo-se um nº de passagens no tubo e dispondo-se de tabelas com nº de tubos, tem-se o trocador suposto (tentativa). Teste do Trocador • Este trocador “suposto” deverá ser testado • Parte térmica • Calor que é possível trocar – comparar com o que deve ser trocado • Área de troca que necessita – comparar com aquela que se dispõe • Hidráulica • Calcular a perda de carga no lado tubo e lado casco – comparar com a perda de carga máxima admissível Avaliação • Parte Térmica (em termos de área): • Excesso de área entre 10 e 20% ( ) nec necp A AA AE − =.. • Ap: área de projeto (do trocador que está sendo testado) • Anec: necessária para realizar o serviço • Parte Hidráulica: • Comparar a perda de carga de cada lado com a perda de carga máxima admissível • Satisfazendo os dois critérios → OK • Caso contrário, onde mexer? • Quais parâmetros devem ser alterados? • Analisar antes de propor alterações. • Identificar qual o fluido controlador. • Procurar utilizar toda perda de carga admissível desde que, com isto, melhore o trocador. Modificação dos Parâmetros de Projeto 6 • Aumentar o excesso de área • Aumentar a área de projeto OU • Aumentar o trocador → tentar um equipamento maior • Reduzir a área necessária • ???? • Área necessária foi calculada a partir dos hi, hs e fatores de incrustação e U (Ud’). • Se o fluido controlador estiver no casco, aumentando hs aumenta Ud’ e reduz Anec. • Como aumentar hs? • Reduzindo espaçamento de chicanas. • Mas isso também aumentará a perda de carga no casco. • Estando a perda de carga no casco baixa, TALVEZ seja possível reduzir o espaçamento de chicana e elevar o E.A. para cerca de 10 a 20% sem extrapolar o limite de perda de carga. Fatores de Incrustação Incrustação • Fouling • Qualquer depósito indesejável em superfícies de transmissão de calor que aumente as resistências à transferência de calor e ao escoamento • Nos equipamentos de transmissão de calor • Formação de depósitos nas superf. interna e externa dos tubos (devido à diversas vazões, sedimentação, corrosão, cristalização, etc.) • Referem-se apenas à transmissão de calor • São resistências à transferência de calor • Reduzem o valor de U 7 oic h 1 h 1 U 1 += dodi oiD R+R+ h 1 h 1 U 1 += dodi cD R+R+ U 1 U 1 = Coeficiente Global de Transferência de Calor Limpo (Clean) Coeficiente Global de Transferência de Calor de Projeto Rd tAUq D = .. • No projeto tenta-se compensar a redução na transferência de calor devido à incrustação • Considerando os fatores Rd → a área de troca vai aumentar. • Sempre que possível utilizar valores de Rd experimentais. • Há tabelas (TEMA) que fornecem valores de Rd. Estes valores são utilizados para 1 ano de operação, embora nenhuma referência ao tempo seja feita. Usar com cautela. • Rd é afetado por temperatura, velocidade, superfície metálica. Tabelas de Fatores de Incrustação • Os valores apresentados não indicam o período de tempo de operação contínua; • Não há distinção entre escoamento no casco e nos tubos; • Não há menção sobre o tipo de material do tubo nem seu arranjo de feixe; • Apenas para água e óleo cru os fatores são relacionados à velocidade de escoamento e à temperatura do fluido; • Quando são relacionados à temperatura, consideram a temperatura do fluido e não a da parede; • A fonte ou origem dos dados não é explicada. 8 9 Após o Projeto • Durante o projeto foi adotado um Rd • Equipamento projetado em operação • Constatou-se que o RdREAL> Rdadotado • O que ocorrerá? 10 • O trocador estará SUBDIMENSIONADO Incrustação – Regras Gerais • Incrustação é suave para temperaturas < 120°C • Vaporização: severa incrustação • Altas velocidades tendem a reduzir incrustação • Incrustação é mais severa quando se aquece hidrocarbonetos do que quando se resfria. Critérios para alocação das correntes Qual fluido vai escoar pelo tubo e qual pelo casco ? • Incrustação – mais incrustante no lado tubo • Corrosão – mais corrosivo no lado tubo • Pressão – fluido com maior pressão no lado tubo • Viscosidade – fluido mais viscoso no lado casco • Coeficiente de transferência de calor – h – menor h no casco • Vazão – menor vazão no lado casco • De acordo com Goldstein • Por facilidade de manutenção e limpeza • Lado tubo • Água de resfriamento • Fluidos corrosivos e incrustantes • Fluido menos viscoso • Fluido a pressão mais elevada • Fluido com maior vazão • Vapor de água condensando(outros vapores pelo casco) • Saunders apresenta a seguinte Tabela: 11 Lado tubo Lado casco Alta pressão Menor vazão Altas temperaturas Mais viscoso Corrosivo Baixo h Incrustante (exceto tubo U) • Não havendo restrições de processo considerar as duas configurações e identificar o melhor projeto • O mesmo vale quando há conflito de recomendações (tentar identificar também a mais importante). • Fluido com elevada variação de temperatura → casco Projeto Térmico Métodos de Cálculo: • Método Donahue • Método de Kern • Método de Tinker • Método Bell-Delaware Métodos de Cálculo • Literatura aberta • Métodos amplamente divulgados em artigos e livros. • Normalmente métodos manuais. • Literatura fechada • Pacotes computacionais desenvolvidos por institutos de pesquisa, mais precisos e sofisticados • Utilização mediante contrato com pagamento • HTRI (Heat Transfer Research Inc. - EUA) e HTFS (Heat Transfer and Fluid Flow Service - Inglaterra). Método Donahue • Publicado originalmente em 1949, com versão expandida em 1955, foi bastante utilizado em razão de sua simplicidade Método Kern • Mais conhecido e utilizado 12 • “Processos de Transmissão de Calor” D. Q. Kern, 1950 • Um dos poucos livros que trata realmente de projeto de Trocadores de Calor com informações práticas e exemplos. • Durante muitos anos foi o método padrão (industrial). O grande mérito não se refere às correlações usadas, mas à maneira global como abordou o problema do projeto como um todo (que permanece válido ainda hoje). • O escoamento do lado casco é bem mais complexo do que esse método considerava Método de Tinker • Trata apenas do lado casco. • Identificou diferentes correntes e “vazamentos” no escoamento do lado casco em trocadores com chicanas • Análise complexa e difícil de entender. Não foi muito aceito, devido às limitações da época (1951), apesar da sua abordagem inovadora que foi utilizada posteriormente por outros métodos inclusive os computacionais. Método Bell-Delaware • Trata apenas do escoamento do lado casco em trocadores Casco e Tubo • Mais preciso e recomendado da literatura aberta • 1963 – original • 1980 Exercício Cálculo de um trocador com óleo pobre e com óleo rico Uma vazão de 84348 lb/h de um óleo absorvedor pobre com 35ºAPI num processo análogo ao descrito na Figura 11.1 deixa uma coluna de purificação e transfere seu calor para 86357 lb/h de um óleo rico que deixa o absorvedor a 100ºF com densidade relativa quase igual a 36ºAPI para 60ºF. O intervalo do óleo pobre será de 350 a 160ºF, e a temperatura de saída do óleo rico será 295ºF. A viscosidade do óleo é de 2,6 cP a 100ºF e 1,15 cP a 210ºF. A queda de pressão disponível é de 10 psi, e, de acordo com o Quadro 12, devemos dispor de um fator de incrustação igual a 0,004. Na prática de projetos usamos tubo BWG 16 com DE de ¾ in e comprimento de 16 ft dispostos num passo quadrado. 13 E Absorvedor Coluna de purificação Quente Frio w [lb/h] 84348 86357 s [ºAPI] 35 36 T1 [ºF] 350 100 T2 [ºF] 160 295 m [cP] 1,15 2,5 P = 10 psi Rd = 0,004 h.ft2.ºF/Btu BWG 16 DE = ¾ in L = 16 ft Passo quadrado Método Kern • Deve-se conhecer as condições do processo • Fluido quente • T1, T2, w, cp, s, m, k, Rd (real) e P (admissível) • Fluido frio • t1, t2, w, cp, s, m, k, Rd (real) e P (admissível) • L, de e BWG, PT → adotados (prática ou sugestões) • Escolher o lado de escoamento dos fluidos (casco/tubo) critérios 14 1) Calor Trocado ( ) ( ) [K.1] .... 1221 ttcwTTcwq fq pfpq −=−= Normalmente uma vazão ou temperatura não é conhecida 2) Diferença de Temperatura Real (t) ( ) ]2.[ . 11 12 12 21 K tT tt S tt TT R FMLDTt contr − − = − − = = A partir de R e S define-se o número de passagens no casco 15 16 Temperatura Calórica • Nos seguintes casos, a temperatura calórica tende à média: • Se nenhum dos dois fluidos for muito viscoso no terminal frio (m ≤ 1 cP) • Se as variações de temperatura de cada fluido não ultrapassar 100 ºF • Se MLDT < 50 ºF 3) Temperaturas médias ou calóricas • Para avaliar as propriedades físicas de cada fluido • Para situações nas quais o coeficiente global U ou as propriedades físicas dos fluidos variam muito ao longo do trocador, a temperatura média aritmética, de cada fluido, pode não ser adequada para avaliar as propriedades físicas • Ou seja, U não é constante ao longo do trocador (hipótese assumida na dedução da MLDT) 17 2 1 21 12 21 1221 ln . . . ln .. t t tt U tU tU tUtU A q x − = − = • U varia linearmente com a temperatura • Em quais temperaturas deve-se avaliar as propriedades físicas para obter U de modo que se tenha esta igualdade • Fc é uma fração. Por definição: h c c c t t t t r tt tt F = = − − = 2 1 12 1 Terminal frio Terminal quente • Chega-se a: ( ) ( )121 212 . . ttFtt TTFTT cc cc −+= −+= 18 a) Supor valor para UD • Quadro 8, Kern • Calcular a área de troca [K.4] .. [K.3] . Ld A N tU Q A e t D = = 19 • Quadro 10, Kern b) Supor número de passagens • Passagens no lado tubo (n) → satisfazer a perda de carga admissível 20 c) Corrigir o valor de UD • Em razão da nova área obtida em b) [K.5] . tA Q UD = • Neste ponto, se definirmos o espaçamento das chicanas, todo o trocador estará definido. • Passaremos então a verificar se ele é adequado ou não. Alocação das correntes 21 Cálculo dos coeficientes de transmissão de calor por convecção (h) para o lado tubo e lado casco Lado Tubo Área de Escoamento 4 . . 2 ' ' i t tt t d a n aN a = = • O valor de at’ pode ser obtido diretamente de Tabelas ou calculado di: diâmetro interno do tubo; n: número de passagens no tubo. Vazão mássica por unidade de área ][lb/h.ftou ][kg/s.m 22 t t a w G = • w é a vazão mássica do fluido do lado tubo Número de Reynolds e velocidade de escoamento m tit t G v dG == . Re 22 23 Lado tubo – água ( ) [K.7] log.4292,09109,0 [K.6] .F)(Btu/h.ft ..75,1160. 28,0 i i dc vtch −= += t: a temperatura média da água (ºF) v: a velocidade de escoamento (ft/s) di: diâmetro interno do tubo (in) 24 Lado tubo – água ( ) [K.8] ..011,01.150 2,08,0 ii dvth += Com hi, v e di nas mesmas unidades da equação anterior. • Obs.: Como a água é um fluido normalmente incrustante não se utilizam velocidades de escoamento inferiores a 1 m/s. Lado tubo – água Lado tubo – qualquer fluido (Re > 10.000) 25 [K.9] . . . . .027,0 . 14,0 3 18,0 = w ptiii k cGd k dh m mm m • Considerar o termo de correção da viscosidade igual a 1 • Correção do hi para a área externa [K.10] . e i iio d d hh = • Equação Saunders [K.11] . . . . .0204,0 . 415,0805,0 a w ptiii k cGd k dh = m mm m • Com a = 0,18 no aquecimento e a = 0,3 no resfriamento • Considerar o termo de correção da viscosidade igual a 1 • Correção do hi para a área externa [K.10] . e i iio d d hh = Lado tubo – qualquer fluido (Re < 2.100) [K.12] 66,3= k dh ii • Lado tubo – qualquer fluido (2.100 < Re < 10.000) 26 14,0322495,032 .1. . ln.0225,0exp . .125 . .1,0 . + − − = w ipptiii L d k c k cGd k dh m mmm m [K.13]Figura 24 Figura 16 27 Lado Casco • É preciso adotar um espaçamento entre as chicanas (B) 2inou 5 IDB = • Área de escoamento na linha central do feixe 144. .. ' T s s P BCD a = Valores em in 144 → fator de correção para ft • Vazão mássica e Número de Reynolds s s a w G = m es dG .Re = • de é o diâmetro equivalente dado por 28 ( ) . 4..4 molhado perímetro escoamento de área 4 22 o oT eq d dP D − == Diâmetro externo do tubo interno 29 • Cálculo de hs [K.14] . . . . .36,0 . 14,03155,0 = w pseeqo k cGD k Dh m mm m 30 Figura 28 Figura 16 Análise Térmica 31 • Calcular Uc: • Calcular Rd: Este Rd deve ser comparado com o real Aceitável → Rdcalc > Rdreal Cálculo da perda de carga (P) para o lado tubo e lado casco Lado Tubo [K.17] [psi] ...10.22,5 ... 10 2 ti t sd nLGf P = Densidade relativa Comprimento dos tubos [ft] Fator de atrito Número de passagens nos tubos Diâmetro interno dos tubos [ft] wm m Vazão mássica por unidade de área [lb/h.ft2] • Essa é a perda de carga distribuída, o fator de atrito pode ser obtido da figura a seguir 32 33 • A perda de carga no carretel e no cabeçote flutuante, chamada perda de retorno, em razão das múltiplas passagens assumidas como 5 cargas cinéticas é calculada por: [K.18] [psi] .2 . .4 2 g v s n Pr = [K.19] [psi] ...10.22,5 ... 10 2 seq ss s sd NDGf P = [ft] [ft] Número de vezes que o fluido cruza o feixe da entrada até a saída 34
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