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PSICOLOGIA CONSTRUTIVISTA (texto 03) (3)

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MÓDULO 3 
(A) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio sensório motor. 
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. 
 
No estádio sensório-motor (0-2anos), o bebe nasce com atos e ações reflexas, 
inatas e automáticas (sucção, preensão) e, no início, é um sujeito passivo que 
constrói esquemas simples que funcionam isoladamente de maneira circular, 
repetitiva (pegar, olhar, bater, sugar). Durante esse período de dois anos irá 
desenvolver comportamentos voluntários e conscientes, encadeando ações 
para um determinado fim, tornando-se um sujeito ativo (domínio e variação 
das ações). Os esquemas passam a ser complexos com a invenção e criação 
de ações (pegar, ouvir, olhar / ouvir, pegar, olhar / levantar, andar, pegar, 
sugar). Piaget afirma que esses comportamentos são atos inteligentes e que é 
no período sensório-motor que ocorre o nascimento da inteligência da criança. 
 
O processo de adaptação da criança nesse período é marcado pela assimilação, 
que ocorre de três formas: assimilação funcional – repetição do esquema; 
assimilação generalizada – utilização do esquema em diferentes situações; 
assimilação recognitiva – reconhecimento dos esquemas. 
 
O período sensório-motor é marcado por seis subestádios: 
1º. Subestádio (0 a 1 mês) - formação dos primeiros esquemas por meio do 
exercício dos reflexos (sucção, preensão, visão, audição). 
 
2º. Subestádio (1 a 4 meses) - há mudança de comportamentos reflexos em 
função da experiência, e a criança de uma adaptação hereditária passa a uma 
adaptação adquirida (hábitos adquiridos – chupar o dedo); resultados obtidos 
ao acaso são conservados por repetição (sugar polegar, olhar, balbuciar, 
agarrar, pegar e largar...); não existe intencionalidade; formação dos 
primeiros hábitos: a criança repete uma ação que deu certo (dedo na boca). A 
isso Piaget chamou de reação circular primária. 
 
3º. Subestádio (4 a 8 meses) - reação circular secundária - a criança repete 
resultados interessantes obtidos ao acaso com intenção, para obter um objeto 
ou fazer durar os espetáculos interessantes. Ex.: puxar a corda do móbile ao 
acaso e depois repetir com intenção de observar o movimento ou som do 
objeto. Essa é uma fase de transição entre os atos pré-inteligentes (ao acaso) 
para os atos inteligentes (intenção). Há coordenação entre visão – apreensão 
(agarra o que vê, sacode chocalhos, puxa cordões). Prova piagetiana – a 
criança não tem a noção de objeto permanente, existe a busca do objeto, mas 
restrita à trajetória ou à ação e não ao objeto (o que vejo existe o que não 
vejo não existe). 
 
4º. Subestádio (8 a 12 meses) - formação da inteligência sensório-motora, ou 
seja, aplicação de meios já conhecidos para resolver situações novas; a criança 
já é capaz de variar, coordenar, generalizar diferentes ações ou os meios para 
atingir um fim. Existe a intenção e o desejo (objetivo), no entanto, não cria 
meios novos para atingir um fim, utilizará apenas os meios conhecidos. Não 
existe planejamento, apenas o estímulo do meio. Prova piagetiana – a criança 
constrói a noção de objeto permanente, busca o objeto que é tirado de seu 
campo visual, presenciando o momento em que é escondido. No entanto, se 
escondido uma segunda vez em outro local (sob sua vista) irá procurar no 
primeiro lugar novamente – repetição do que deu certo. 
 
5º. Subestádio (12 a 18 meses) - reação circular terciária – a criança repete 
uma ação para conhecer e explorar propriedades do objeto (deixar cair um 
objeto várias vezes). Aparecimento das formas mais elevadas de atividade 
comportamental antes do aparecimento da representação. A criança cria 
(inventa) novas formas de ação para atingir um fim (acomodação). É uma 
criança com maior capacidade para diversificar e controlar suas ações. Prova 
piagetiana – a criança leva em consideração os deslocamentos sucessivos do 
objeto; procura o objeto no ponto onde foi visto pela última vez, mas sabe da 
existência do mesmo, por isso, se não o encontra, vai buscá-lo em outros 
locais. A criança neste momento passa a apresentar três condutas inteligentes: 
suporte / barbante / bastão. 
 
6º. Subestádio (18 a 24 meses) – fase de transição, passagem da ação para a 
representação (imaginar acontecimentos). Deixa as tentativas por ensaio e 
erro para antecipar acontecimentos, combinando ações mentais ao invés de 
ações físicas. É a passagem da ação explícita para a representação mental e o 
aparecimento da linguagem. Prova piagetiana – Piaget apresenta a sua filha, 
Jaqueline, uma corrente e uma caixa de fósforos. Manuseia a caixa várias 
vezes, abre, fecha, coloca a corrente dentro da caixa, fecha, chacoalha, abre 
novamente e retira à corrente, de forma que Jaqueline possa acompanhar 
todos os seus movimentos. Em um dado momento coloca a 
corrente dentro da caixa, fecha e entrega-a para sua filha. Jaqueline pega a 
caixa, chacoalha, tenta abrir para retirar a corrente, não consegue, olha para 
o pai e sem expressar uma linguagem oral, uma vez que se encontra em 
processo de aquisição de linguagem, abre e fecha a boca, imitando o 
movimento de abrir e fechar da caixa, como uma forma de comunicação. Eis 
que neste momento surge a capacidade de representação: utilização de um 
significante com um significado, capacidade unicamente humana, diferindo o 
homem de outros animais. 
 
(B) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio pré-operatório. 
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. 
 
O 
 
Pensamento egocêntrico - a criança parte de seu próprio eu para julgar a 
realidade e os outros, sem se preocupar com a verdade dos fatos; utiliza seu 
ponto de vista, sua lógica, não assume o papel ou o ponto de vista do outro; 
acredita que todos pensam como ela. Ex.: é difícil ao adulto explicar para a 
criança que não quer brincar porque está cansado, pois a criança está presa às 
suas próprias perspectivas e não consegue perceber o outro. 
 
Pensamento transdutivo - raciocínio primitivo vai do particular para o particular 
(P - P). Ex.: não diz todos os animais se movem, todas as plantas crescem; 
não estabelece relações entre eventos de maneira lógica. Ex.: prova operatória 
de conservação de massa. 
 
Justaposição - assimila, mas não discrimina e generaliza, apenas coloca as 
informações lado a lado. Ex.: prova operatória de inclusão de classes. 
 
Sincretismo - explica um evento com outro que não tem relação lógica com a 
questão. Ex.: o balão caiu porque é vermelho; faz generalizações indevidas. 
Ex.: a fruta está verde, não pode comer, portanto não come frutas de cor 
verde; costuma falar “eu comi, eu bebi, eu fazi”. 
 
Centração - o pensamento é centralizado, rígido, inflexível, pois não consegue 
levar em consideração várias relações ao mesmo tempo. Ex.: não entende 
como uma pessoa possa ser ao mesmo tempo a mãe e a filha. 
 
Pensamento artificialista e finalista - atribui origem humana aos objetos e às 
causas; considera que tudo está para servi-la. 
 
Pensamento animista - atribui vida a seres inanimados, como bonecas, 
personagens de histórias, etc. Ex.: conversar com bonecos e personagens, 
bater na cadeira porque machucou o pé; a cadeira está chorando, o “au-au” 
está triste. 
 
Provas operatórias - não possui as noções que são avaliadas nas provas 
operatórias: classificação,seriação, sequenciação, inclusão, conservação, 
reversibilidade; possui um pensamento pré-lógico. 
 
Relacionamento social - as atividades em grupo se caracterizam por 
um brinquedo paralelo, as crianças brincam juntas, mas sem uma interação 
efetiva, cada uma delas está brincando sozinha. Isso ocorre em função do 
egocentrismo dessa fase, a criança sente dificuldade de considerar a 
perspectiva do outro e está centrada em si mesma e em suas atividades. 
 
Linguagem - existe uma linguagem socializada com intenção de comunicação, 
e uma linguagem egocêntrica, aquela que não necessita de um interlocutor, 
pois não tem a função de comunicação, que entre crianças origina o monológo 
coletivo – as crianças estão juntas, brincando, conversando, mas não há um 
diálogo efetivo entre elas. 
 
(C) A teoria do desenvolvimento cognitivo: estádio operatório concreto 
e operatório formal. 
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
GOULART, Íris Barbosa. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. Parte I. 
 
No estádio operatório concreto (7 a 11 anos), a principal característica é que o 
pensamento deixa de ser pré-lógico e passa a ser um pensamento operatório, 
ou seja, a criança tem a capacidade cognitiva de coordenar diferentes pontos 
de vista de maneira lógica, expressando ações cognitivas mais elaboradas. No 
entanto, embora tenha essa possibilidade de maior expressão do pensamento, 
para poder utilizá-lo de maneira lógica, é necessário o manuseio e a observação 
de objetos concretos. 
 
O pensamento da criança nesse estádio é lógico e marcado por várias 
características, descritas a seguir: 
 
Pensamento indutivo - a criança parte da experiência, do particular (concreto) 
para um princípio geral (P - G). As conclusões sobre os fatos dependem de um 
conjunto de experiências individuais. 
 
Pensamento lógico - é expresso pela capacidade de: reversibilidade das 
operações mentais, conservação de quantidades, inclusão de classes, 
classificação, seriação, sequenciação, descentração. No concreto, 
abstratamente não opera. No entanto, falta habilidade para imaginar e 
organizar possibilidades não visíveis e não vividas; imagina, mas não 
logicamente. Não consegue selecionar mentalmente cada uma das respostas 
antes de responder, pois isso seria uma maneira mais sistemática e metódica. 
 
Reversibilidade das operações mentais- é a característica que melhor define a 
inteligência; o pensamento pode seguir a linha de raciocínio de volta ao ponto 
de partida.Conservação - conceito de que a quantidade de uma matéria 
permanece a mesma independente das mudanças em sua dimensão. 
 
Relacionamento social - há progressos significativos, pois ocorre a diminuição 
do egocentrismo social e a criança tem a capacidade de perceber pensamentos, 
sentimentos diferentes dos seus (descentração). Isso permitirá maior interação 
social tanto com crianças como com os adultos, pois possui maior flexibilidade 
de pensamento e entenderá melhor as regras grupais, manifestando condutas 
de cooperação. 
 
Linguagem - há um declínio da linguagem egocêntrica até seu total 
desaparecimento e manifestação da linguagem socializada. 
 
No estádio operatório concreto, tanto os esquemas conceituais como as 
operações mentais são dependentes de objetos e situações que existem 
concretamente na realidade. Na adolescência, esta limitação deixa de existir e 
o sujeito é capaz de formar esquemas conceituais abstratos (amor, justiça, 
saudade) e realizar operações mentais de acordo com uma lógica formal mais 
sofisticada em termos de conteúdo e flexibilidade de raciocínio. 
 
 chegar à antecipação de uma experiência (G - P). É o raciocínio mais difícil e 
sofisticado, pois libera o pensamento do concreto e passa a trabalhar com 
ideias (pura abstração). A partir desse estádio, o pensamento se torna 
hipotético-dedutivo expresso pela proposição seèentão. O sujeito utiliza esse 
tipo de raciocínio no cotidiano para pensar os fatos da realidade e resolver 
situações-problema que geram conflito cognitivo e desadaptação. 
 
De acordo com Piaget, o sujeito atingiu sua forma final de equilíbrio e uma 
capacidade tão complexa de pensamento que permite a construção e 
compreensão de doutrinas filosóficas e teorias científicas. 
 
MÓDULO 4 
(A) O desenvolvimento do desenho infantil segundo Piaget. 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio 
Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
De acordo com Piaget, ao final do estádio sensório motor (dois anos) surge na criança 
uma capacidade cognitiva de representação – um significado por meio de um 
significante – e o meio que utiliza para isso pode ser a linguagem, o jogo simbólico, a 
imitação, a imagem mental e o desenho. 
 
Sendo assim, o desenho em uma perspectiva piagetiana não é apenas um ato criativo e 
espontâneo da criança, mas sim uma função de pensamento, simbólica e semiótica, que 
possibilita a representação da realidade. 
 
Assim sendo, o desenho é uma das manifestações da função simbólica ou 
semiótica que surge na criança por volta dos dois anos (estádio pré-
operatório) possibilitando a representação intencional da realidade por meio 
do grafismo. 
 
Piaget considera o desenho uma forma de representação do pensamento e 
embora não tenha estudado o desenvolvimento do grafismo infantil, refere-se 
em seus textos aos célebres estudos de Georges-Henri Luquet (1876-
1965),que foi o primeiro a tabular em etapas evolutivas. 
 
(B) O desenvolvimento do desenho infantil segundo Luquet. 
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio 
Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Luquet inicia seus estudos observando de maneira sistemática os desenhos 
de seus filhos, Simone e Jean Luquet. Percebe o desenhar como um ato de 
representação da realidade, uma imitação do real através da representação 
e, nesse sentido, afirma que o desenho é realista na intenção. Portanto, o 
“realismo” do desenho é uma concepção chave em sua teoria. 
 
Compreende o desenvolvimento do grafismo infantil em quatro importantes 
etapas, demonstrando que o desenho sofre mudanças e destacando um 
realismo que se desenvolve na medida em que a criança vai avançando em 
idade. 
 
Concluindo, para Luquet a característica fundamental do desenho infantil é 
ser realista, a criança quando desenha expressa uma intenção de representar 
a realidade tal qual ela se apresenta. Nesse sentido, o desenho infantil é uma 
imitação do real por meio de uma representação e por isso é realista na 
intenção. 
 
Essa característica realista apontada por Luquet sofre modificações ao longo 
do desenvolvimento infantil. Gradativamente o desenho vai evoluindo em 
etapas e em cada uma delas há um tipo de realismo. Em outras palavras, o 
realismo do desenho infantil ocorre em diferentes fases: 
 
Realismo Fortuito (2 a 3 anos) è analogia entre o traço e o objeto, dando 
nome e isso ocorre ao acaso, fortuitamente. 
 
Realismo Mal Sucedido (3 a 4 anos) è a criança aprende a representar, mas 
com fracassos e sucessos. Ocorre o início da representação da figura humana 
- badamecogirino (braços e pernas saem da cabeça) e badameco (braços e 
pernas saem do corpo). 
 
Realismo Intelectual (4 a 8anos) è a criança desenha o que sabe e não o que 
vê. Utiliza três técnicas em seus desenhos: transparência, plano deitado, 
rebatimento. 
 
Realismo Visual è (9 a 12 anos) è a criança desenha o que vê e não mais o 
que sabe. Para Luquet, há uma submissão da criança às leis da realidade, 
com perda da espontaneidade ao desenhar, diminuindo a produção artística 
(figuração adequada do real). 
 
(C) O desenvolvimento do desenho infantil segundo Lowenfeld. 
 
Leitura Obrigatória: 
PIAGET, J; INHELDER, B. A Psicologia da Criança. 3ª. Ed. Trad. Octavio 
Mendes Cajado. São Paulo: Difel, 2003. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Viktor Lowenfeld (1903-1960) também realizou vários estudos sobre o 
grafismo infantil e, entre as publicações a respeito, destacam-se no Brasil 
duas obras: A criança e sua arte (1954/1976) e Desenvolvimento da 
Capacidade Criadora(1947/1977) em coautoria com W. Lambert Brittain. 
 
Os resultados de suas pesquisas revelaram que há uma transformação no 
grafismo infantil que inicia na infância e vai até a adolescência, percorrendo 
sucessivas fases de desenvolvimento. São elas: Garatujas (2 aos 4 anos); 
Pré-Esquemática (4 aos 7 anos); Esquemática (7 aos 9 anos); Realismo (9 
aos 12 anos). 
 
Garatujas (2-4 anos) è São quatro tipos: desordenadas (rabiscos que não 
respeitam o limite do papel, saem da folha, a criança risca a base onde está a 
folha); controladas (os riscos não saem mais da folha, a criança respeita os 
limites do papel); nomeadas (a criança começa a tirar o lápis do papel dando 
nome aos riscos que faz na folha); diagramadas (traços e linhas se interligam 
formando uma espécie de mosaico ou mandala). 
 
Pré-esquemática (4-7 anos) è início da representação da figura humana; há 
justaposição dos elementos desenhados sem a presença da linha de chão. 
 
Esquemática (7-9 anos) è aparecimento da linha de base possibilitando maior 
coordenação no desenho: objetos do chão e objetos no céu; há exageros e 
omissões, e a utilização de plano deitado e dos raios-X. 
 
Realismo (9-12 anos) è preocupação com a perspectiva, profundidade, 
sobreposição, detalhes e pormenores, desenhos satíricos; a criança desenha 
por opção e muitas vezes não desenha mais pela perda da espontaneidade. 
 
MÓDULO 5 
(A) Avaliação da inteligência segundo a abordagem psicométrica 
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Com a finalidade de descrever as habilidades intelectuais do indivíduo, 
compreender como o sujeito pensa e constrói o conhecimento, Piaget utilizou 
como método de investigação o método clínico. O objetivo do método clínico 
piagetiano é compreender como o sujeito pensa e a forma como resolve 
situações-problema, de que maneira responde às questões elaboradas. O 
enfoque está em compreender como e quando o sujeito utiliza determinado 
conhecimento e no processo que o leva a dar uma determinada resposta. 
Portanto, a resposta “errada” pode ser uma forma de raciocínio do sujeito em 
determinado momento de seu desenvolvimento e isso deve estar bem claro 
para o adulto. Dessa forma, o método clínico de Piaget tem como 
pressuposto uma avaliação da inteligência a partir de uma abordagem 
psicogenética (avaliação dos processos de desenvolvimento da inteligência), 
que difere da maneira mais tradicional utilizada em psicologia, à abordagem 
psicométrica (avaliação ou quantificação das respostas corretas dadas pelo 
sujeito ao exame). 
 
A seguir, apresentamos as principais diferenças entre as duas abordagens: 
 
Abordagem psicométrica – o primeiro teste de inteligência em uma 
perspectiva psicométrica, foi elaborado em 1905, pelos psicólogos franceses 
Theodore Simon (1872-1961) e Alfred Binet (1857-1911). Alfred Binet 
nasceu em 8 de julho de 1857 (Nice) e faleceu em 28 de outubro de 1911 em 
Paris. Psicólogo e pedagogo renomado pelos estudos da inteligência pela 
psicometria, foi o primeiro a elaborar testes psicométricos para avaliação o 
quociente intelectual (QI). 
 
Este teste, de caráter verbal e elaborado em grau crescente de dificuldade, 
visava obter o Quociente Intelectual (QI). Ao longo dos anos surgiram outros 
testes na tentativa de aperfeiçoar os critérios de medição da inteligência. Em 
1939, David Wechsler (1896-1981) psicólogo americano, desenvolveu um 
dos mais importantes testes para avaliação clínica de capacidade intelectual: 
a Escala de Inteligência para Crianças (WISC) e a Escala de Inteligência para 
Adultos (WAIS). 
 
O objetivo dos testes psicométricos é a mensuração das habilidades mentais. 
A aplicação dos testes é feita por meio do controle de variáveis ambientais, 
rapport com o examinador, controle por meio de um manual com: perguntas 
específicas a serem feitas, respostas padronizadas a serem dadas pelo sujeito 
e controle do tempo (cronômetro). Para que não haja interferência no 
desempenho do sujeito é necessário, portanto, a padronização do material e 
o controle do ambiente. 
 
Abordagem psicogenética – o objetivo é investigar a forma como o sujeito 
pensa e resolve determinadas situações que lhe são apresentadas. O controle 
está no entendimento das respostas e instruções (controle psicológico), ao 
invés da padronização das mesmas e das situações externas (controle 
fisicalista). O investigador, nessa perspectiva, está interessado em 
compreender o processo que leva um sujeito a esta ou àquela resposta. Para 
isso deve ter amplo conhecimento da teoria piagetiana, que irá nortear as 
perguntas que irá fazer durante a aplicação das provas bem como a maneira 
como irá avaliar as respostas dadas pela criança. Assim, todas as respostas 
dadas pelo sujeito são interpretadas com a finalidade de entender o processo 
que as gerou e as diferenças individuais não são avaliadas como indicadores 
de inteligência - como na abordagem psicométrica - e sim como indicadores 
do estádio do desenvolvimento cognitivo em que o sujeito se encontra. 
 
(B) A avaliação da inteligência segundo a abordagem psicogenética. 
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Para aplicar o método clínico, Piaget utilizou entrevistas puramente verbais e 
também apresentou situações-problema com materiais concretos, a fim de 
possibilitar ao sujeito a antecipação e a explicação, após determinada 
demonstração. A isso Piaget denominou provas operatórias. Piaget salienta 
que somente após um ano de exercícios diários de estudo e aplicação das 
provas operatórias, fundamentados em uma base teórica sólida, é que irá 
permitir ao psicólogo a utilização do método clínico de maneira a propiciar 
uma compreensão sobre o pensamento do sujeito. 
 
Nas palavras de Piaget (1926:11): O bom experimentador deve, 
efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes incompatíveis: saber 
observar, ou seja, deixar a criança falar, não desviar nada, não esgotar nada 
e, ao mesmo tempo, saber buscar algo de preciso, ter a cada instante uma 
hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar. É 
preciso ter-se ensinado o método clínico para compreender a verdadeira 
dificuldade. Ou os alunos que se iniciam sugerem à criança tudo aquilo que 
desejam descobrir, ou não sugerem nada, pois não buscamnada e, portanto, 
também não encontram nada. 
 
De acordo com Terezinha Nunes Carraher, quatro procedimentos devem ser 
levados em consideração pelo psicólogo durante a aplicação do método 
clínico: 
- Acompanhar o raciocínio, não corrigir ou completar suas respostas de 
acordo com seu próprio raciocínio, não concluir pelo sujeito. 
- Buscar justificativas para respostas dadas, uma vez que o interesse 
principal do estudo da inteligência na teoria de Piaget está em compreender o 
processo pelo qual o sujeito chegou àquela resposta, as relações 
estabelecidas entre os fatos e a compreensão se a resposta foi dada com 
convicção ou ao acaso. 
- Verificar a certeza com que o sujeito responde, ou seja, se a resposta está 
inserida em um sistema dedutivo o sujeito responde com convicção, se a 
resposta é dada na ausência deste sistema, o sujeito a modifica toda vez 
que o examinador faz questionamentos. 
- Evitar ambiguidades nas respostas dadas pelo sujeito, não cabe ao 
psicólogo escolher qual dos possíveis significados foi aquele pretendido pelo 
sujeito. 
 
Outro aspecto fundamental na aplicação do método clínico piagetiano são 
os critérios de avaliação das respostas dadas pelo sujeito. Diferentemente da 
abordagem psicométrica, a avaliação das respostas não se faz pela contagem 
de acertos e erros, mas sim pela compreensão do raciocínio utilizado pelo 
sujeito para chegar àquela resposta, na compreensão da perspectiva a partir 
da qual o sujeito responde. Nesse sentido, o erro é tão importante, ou mais, 
que o acerto, uma vez que indica, para nós, o processo de pensamento ou 
raciocínio do sujeito durante o processo de construção de conhecimento. O 
erro no construtivismo é possível e necessário, pois faz parte de um processo 
interno, de uma autorregulação - para aprender o sujeito precisa 
compreender e internalizar os fatos por oposição a simples cópia e repetição 
de modelos externos. 
 
Piaget propõe níveis de desenvolvimento ao avaliar as respostas dadas pelas 
crianças durante o método clínico: 
Nível I - corresponde aquele em que a criança não resolve o problema, nem 
sequer o entende, ou então, responde erroneamente, mas com convicção. 
Nível II - corresponde ao conflito, ambivalência, dúvida, em que a criança 
oscila em suas respostas, apresentando flutuações. Percebe o erro somente 
depois de ter cometido, não sendo capaz de antecipá-lo, por isso as ações da 
criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução empírica. 
Nível III - corresponde aquele em que a criança apresenta uma solução 
suficiente à questão e a compreensão do problema como é colocado. Os erros 
podem ocorrer, mas o que muda é a maneira como sujeito lida com eles: 
podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou compensados. 
 
A questão fundamental que se coloca do ponto de vista psicológico e 
pedagógico é como podemos criar situações-problema que possibilitem ao 
sujeito transformar o erro em um observável para si mesmo, a ponto de que 
possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira 
autônoma. 
 
C) O Método Clínico de Piaget 
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
O método clínico de Piaget consiste em uma técnica de entrevista com 
crianças, em que por meio de um conjunto de intervenções sistemáticas, se 
faz uma investigação sobre o pensamento do sujeito. As perguntas abordam 
conceitos da física, matemática, moral, natureza e vários outros temas que 
compõe o conhecimento geral. Durante a entrevista o psicólogo elabora 
perguntas e contra argumentações a partir das respostas dadas pela criança 
e avalia sua qualidade e abrangência. 
 
Dessa forma, há três tipos de perguntas características no método clínico-
crítico: 
 
Perguntas de exploração - o objetivo é fazer aflorar a noção cuja existência e 
estruturação se quer comprovar. 
 
Perguntas de justificação - o objetivo é levar o sujeito a refletir sobre as 
razões do estado atual do objeto e nas explicações concernentes a sua 
produção e a legitimação de seu ponto de vista. 
 
Perguntas de contra argumentação - o objetivo é estabelecer se as aquisições 
da criança são ou não estáveis e qual o grau de equilíbrio de suas ações ante 
os problemas bem como apreender sua atividade lógica profunda. 
 
Em relação ao experimentador, é esperado que apresente duas qualidades: 
- Saiba observar, permita que a criança fale e não desvie ou esgote nada. 
- Saiba buscar algo de preciso, tenha a cada instante uma hipótese de 
trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para investigar. 
 
A entrevista inicia à medida que o experimentador propõe uma tarefa à qual 
a criança apresentará uma resposta. Não há resposta certa ou errada, a 
intenção do psicólogo é avaliar o nível de pensamento da criança e sua 
atitude durante a aplicação, deve ser flexível, possibilitando uma interação 
espontânea com a criança. Nesse sentido o rapport é muito importante para 
deixá-la à vontade durante as atividades. 
 
Assim que a criança dá uma resposta, o experimentador faz outras 
perguntas, colocando uma variação no problema, ou seja, criando uma nova 
situação-problema. Para isso, utiliza sua experiência e o referencial teórico 
piagetiano. Sendo assim, as perguntas (exploração, justificação, contra 
argumentação) tem como objetivo esclarecer o que está implícito na resposta 
da criança e propiciar uma melhor compreensão de sua estrutura cognitiva (a 
maneira como o sujeito pensa e em qual estádio do desenvolvimento está 
incluído). 
 
Portanto, no método clínico piagetiano, não há como criar uma padronização 
das perguntas a serem feitas, pois o objetivo e seguir o pensamento da 
criança para onde quer que ele se dirija. Somente o conhecimento 
aprofundado da teoria é que permitirá ao psicólogo a utilização desta técnica 
de entrevista para avaliação e compreensão da inteligência. 
 
Nas palavras de Piaget, (1926/2005, p.11): Acima de tudo, sou da opinião de 
que na psicologia infantil e na psicopatologia é necessário pelo menos um ano 
de prática diária, para que se ultrapasse o período de hesitação do 
principiante. É tão difícil, especialmente para um pedagogo, não falar demais 
quando entrevista uma criança! È tão difícil não sugerir! E acima de tudo é 
tão difícil encontrar o equilíbrio entre a sistematização decorrente de ideias 
preconcebidas e a incoerência decorrente da ausência de qualquer hipótese 
diretiva! O bom experimentador deve, na realidade, unir duas qualidades 
frequentemente incompatíveis; precisa saber observar, isto é, deixar a 
criança falar livremente sem controlar ou desviar sua expressão e, ao mesmo 
tempo, deve estar constantemente alerta para o aparecimento de algo 
definido; precisa ter sempre uma hipótese de trabalho, alguma teoria, 
verdadeira ou falsa, que está tentando verificar. Os alunos principiantes ou 
sugerem à criança tudo que esperam encontrar ou não sugerem nada, pois 
não estão procurando nada e, neste caso, certamente jamais encontrarão 
alguma coisa. Em resumo, a tarefa não é simples e o material que produz 
deve ser submetido à crítica mais severa. 
 
MÓDULO 5 
(A) Avaliação da inteligência segundo a abordagem psicométrica 
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Com a finalidade de descrever as habilidades intelectuais do indivíduo, 
compreender como o sujeitopensa e constrói o conhecimento, Piaget utilizou 
como método de investigação o método clínico. O objetivo do método clínico 
piagetiano é compreender como o sujeito pensa e a forma como resolve 
situações-problema, de que maneira responde às questões elaboradas. O 
enfoque está em compreender como e quando o sujeito utiliza determinado 
conhecimento e no processo que o leva a dar uma determinada resposta. 
Portanto, a resposta “errada” pode ser uma forma de raciocínio do sujeito em 
determinado momento de seu desenvolvimento e isso deve estar bem claro 
para o adulto. Dessa forma, o método clínico de Piaget tem como 
pressuposto uma avaliação da inteligência a partir de uma abordagem 
psicogenética (avaliação dos processos de desenvolvimento da inteligência), 
que difere da maneira mais tradicional utilizada em psicologia, à abordagem 
psicométrica (avaliação ou quantificação das respostas corretas dadas pelo 
sujeito ao exame). 
 
A seguir, apresentamos as principais diferenças entre as duas abordagens: 
 
Abordagem psicométrica – o primeiro teste de inteligência em uma 
perspectiva psicométrica, foi elaborado em 1905, pelos psicólogos franceses 
Theodore Simon (1872-1961) e Alfred Binet (1857-1911). Alfred Binet 
nasceu em 8 de julho de 1857 (Nice) e faleceu em 28 de outubro de 1911 em 
Paris. Psicólogo e pedagogo renomado pelos estudos da inteligência pela 
psicometria, foi o primeiro a elaborar testes psicométricos para avaliação o 
quociente intelectual (QI). 
 
Este teste, de caráter verbal e elaborado em grau crescente de dificuldade, 
visava obter o Quociente Intelectual (QI). Ao longo dos anos surgiram outros 
testes na tentativa de aperfeiçoar os critérios de medição da inteligência. Em 
1939, David Wechsler (1896-1981) psicólogo americano, desenvolveu um 
dos mais importantes testes para avaliação clínica de capacidade intelectual: 
a Escala de Inteligência para Crianças (WISC) e a Escala de Inteligência para 
Adultos (WAIS). 
 
O objetivo dos testes psicométricos é a mensuração das habilidades mentais. 
A aplicação dos testes é feita por meio do controle de variáveis ambientais, 
rapport com o examinador, controle por meio de um manual com: perguntas 
específicas a serem feitas, respostas padronizadas a serem dadas pelo sujeito 
e controle do tempo (cronômetro). Para que não haja interferência no 
desempenho do sujeito é necessário, portanto, a padronização do material e 
o controle do ambiente. 
 
Abordagem psicogenética – o objetivo é investigar a forma como o sujeito 
pensa e resolve determinadas situações que lhe são apresentadas. O controle 
está no entendimento das respostas e instruções (controle psicológico), ao 
invés da padronização das mesmas e das situações externas (controle 
fisicalista). O investigador, nessa perspectiva, está interessado em 
compreender o processo que leva um sujeito a esta ou àquela resposta. Para 
isso deve ter amplo conhecimento da teoria piagetiana, que irá nortear as 
perguntas que irá fazer durante a aplicação das provas bem como a maneira 
como irá avaliar as respostas dadas pela criança. Assim, todas as respostas 
dadas pelo sujeito são interpretadas com a finalidade de entender o processo 
que as gerou e as diferenças individuais não são avaliadas como indicadores 
de inteligência - como na abordagem psicométrica - e sim como indicadores 
do estádio do desenvolvimento cognitivo em que o sujeito se encontra. 
 
(B) A avaliação da inteligência segundo a abordagem psicogenética. 
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
Para aplicar o método clínico, Piaget utilizou entrevistas puramente verbais e 
também apresentou situações-problema com materiais concretos, a fim de 
possibilitar ao sujeito a antecipação e a explicação, após determinada 
demonstração. A isso Piaget denominou provas operatórias. Piaget salienta 
que somente após um ano de exercícios diários de estudo e aplicação das 
provas operatórias, fundamentados em uma base teórica sólida, é que irá 
permitir ao psicólogo a utilização do método clínico de maneira a propiciar 
uma compreensão sobre o pensamento do sujeito. 
 
Nas palavras de Piaget (1926:11): O bom experimentador deve, 
efetivamente, reunir duas qualidades muitas vezes incompatíveis: saber 
observar, ou seja, deixar a criança falar, não desviar nada, não esgotar nada 
e, ao mesmo tempo, saber buscar algo de preciso, ter a cada instante uma 
hipótese de trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para controlar. É 
preciso ter-se ensinado o método clínico para compreender a verdadeira 
dificuldade. Ou os alunos que se iniciam sugerem à criança tudo aquilo que 
desejam descobrir, ou não sugerem nada, pois não buscam nada e, portanto, 
também não encontram nada. 
 
De acordo com Terezinha Nunes Carraher, quatro procedimentos devem ser 
levados em consideração pelo psicólogo durante a aplicação do método 
clínico: 
- Acompanhar o raciocínio, não corrigir ou completar suas respostas de 
acordo com seu próprio raciocínio, não concluir pelo sujeito. 
- Buscar justificativas para respostas dadas, uma vez que o interesse 
principal do estudo da inteligência na teoria de Piaget está em compreender o 
processo pelo qual o sujeito chegou àquela resposta, as relações 
estabelecidas entre os fatos e a compreensão se a resposta foi dada com 
convicção ou ao acaso. 
- Verificar a certeza com que o sujeito responde, ou seja, se a resposta está 
inserida em um sistema dedutivo o sujeito responde com convicção, se a 
resposta é dada na ausência deste sistema, o sujeito a modifica toda vez 
que o examinador faz questionamentos. 
- Evitar ambiguidades nas respostas dadas pelo sujeito, não cabe ao 
psicólogo escolher qual dos possíveis significados foi aquele pretendido pelo 
sujeito. 
 
Outro aspecto fundamental na aplicação do método clínico piagetiano são 
os critérios de avaliação das respostas dadas pelo sujeito. Diferentemente da 
abordagem psicométrica, a avaliação das respostas não se faz pela contagem 
de acertos e erros, mas sim pela compreensão do raciocínio utilizado pelo 
sujeito para chegar àquela resposta, na compreensão da perspectiva a partir 
da qual o sujeito responde. Nesse sentido, o erro é tão importante, ou mais, 
que o acerto, uma vez que indica, para nós, o processo de pensamento ou 
raciocínio do sujeito durante o processo de construção de conhecimento. O 
erro no construtivismo é possível e necessário, pois faz parte de um processo 
interno, de uma autoregulação - para aprender o sujeito precisa compreender 
e internalizar os fatos por oposição a simples cópia e repetição de modelos 
externos. 
 
Piaget propõe níveis de desenvolvimento ao avaliar as respostas dadas pelas 
crianças durante o método clínico: 
Nível I - corresponde aquele em que a criança não resolve o problema, nem 
sequer o entende, ou então, responde erroneamente, mas com convicção. 
Nível II - corresponde ao conflito, ambivalência, dúvida, em que a criança 
oscila em suas respostas, apresentando flutuações. Percebe o erro somente 
depois de ter cometido, não sendo capaz de antecipá-lo, por isso as ações da 
criança se baseiam em ensaio e erro, na tentativa, na solução empírica. 
Nível III - corresponde aquele em que a criança apresenta uma solução 
suficiente à questão e a compreensão do problema como é colocado. Os erros 
podem ocorrer, mas o que muda é a maneira como sujeito lida com eles: 
podem ser antecipados, neutralizados, pré-corrigidos ou compensados. 
 
A questão fundamental que se coloca do ponto de vista psicológico e 
pedagógico é como podemos criar situações-problema que possibilitem ao 
sujeito transformar oerro em um observável para si mesmo, a ponto de que 
possa antecipá-lo, neutralizá-lo, corrigi-lo ou compensá-lo de maneira 
autônoma. 
 
(C) O Método Clínico de Piaget 
 
Leitura Obrigatória: 
GOULART, I. B. Piaget: experiências básicas para utilização pelo 
professor. 25ª. Ed. – Petrópolis, RJ: Vozes, 2009. 
 
Leitura para Aprofundamento: 
PIAGET, Jean. Seis Estudos de Psicologia. Trad. Maria Alice Magalhães 
D’Amorim e Paulo Sérgio Lima Silva. 24ª. Ed. - Rio de Janeiro: Forense 
Universitária, 2003. 
 
O método clínico de Piaget consiste em uma técnica de entrevista com 
crianças, em que por meio de um conjunto de intervenções sistemáticas, se 
faz uma investigação sobre o pensamento do sujeito. As perguntas abordam 
conceitos da física, matemática, moral, natureza e vários outros temas que 
compõe o conhecimento geral. Durante a entrevista o psicólogo elabora 
perguntas e contra argumentações a partir das respostas dadas pela criança 
e avalia sua qualidade e abrangência. 
 
Dessa forma, há três tipos de perguntas características no método clínico-
crítico: 
 
Perguntas de exploração - o objetivo é fazer aflorar a noção cuja existência e 
estruturação se quer comprovar. 
 
Perguntas de justificação - o objetivo é levar o sujeito a refletir sobre as 
razões do estado atual do objeto e nas explicações concernentes a sua 
produção e a legitimação de seu ponto de vista. 
 
Perguntas de contra argumentação - o objetivo é estabelecer se as aquisições 
da criança são ou não estáveis e qual o grau de equilíbrio de suas ações ante 
os problemas bem como apreender sua atividade lógica profunda. 
 
Em relação ao experimentador, é esperado que apresente duas qualidades: 
- Saiba observar, permita que a criança fale e não desvie ou esgote nada. 
- Saiba buscar algo de preciso, tenha a cada instante uma hipótese de 
trabalho, uma teoria, verdadeira ou falsa, para investigar. 
 
A entrevista inicia à medida que o experimentador propõe uma tarefa à qual 
a criança apresentará uma resposta. Não há resposta certa ou errada, a 
intenção do psicólogo é avaliar o nível de pensamento da criança e sua 
atitude durante a aplicação, deve ser flexível, possibilitando uma interação 
espontânea com a criança. Nesse sentido o rapport é muito importante para 
deixá-la à vontade durante as atividades. 
 
Assim que a criança dá uma resposta, o experimentador faz outras 
perguntas, colocando uma variação no problema, ou seja, criando uma nova 
situação-problema. Para isso, utiliza sua experiência e o referencial teórico 
piagetiano. Sendo assim, as perguntas (exploração, justificação, contra 
argumentação) tem como objetivo esclarecer o que está implícito na resposta 
da criança e propiciar uma melhor compreensão de sua estrutura cognitiva (a 
maneira como o sujeito pensa e em qual estádio do desenvolvimento está 
incluído). 
 
Portanto, no método clínico piagetiano, não há como criar uma padronização 
das perguntas a serem feitas, pois o objetivo e seguir o pensamento da 
criança para onde quer que ele se dirija. Somente o conhecimento 
aprofundado da teoria é que permitirá ao psicólogo a utilização desta técnica 
de entrevista para avaliação e compreensão da inteligência. 
 
Nas palavras de Piaget, (1926/2005, p.11): Acima de tudo, sou da opinião de 
que na psicologia infantil e na psicopatologia é necessário pelo menos um ano 
de prática diária, para que se ultrapasse o período de hesitação do 
principiante. É tão difícil, especialmente para um pedagogo, não falar demais 
quando entrevista uma criança! È tão difícil não sugerir! E acima de tudo é 
tão difícil encontrar o equilíbrio entre a sistematização decorrente de ideias 
preconcebidas e a incoerência decorrente da ausência de qualquer hipótese 
diretiva! O bom experimentador deve, na realidade, unir duas qualidades 
frequentemente incompatíveis; precisa saber observar, isto é, deixar a 
criança falar livremente sem controlar ou desviar sua expressão e, ao mesmo 
tempo, deve estar constantemente alerta para o aparecimento de algo 
definido; precisa ter sempre uma hipótese de trabalho, alguma teoria, 
verdadeira ou falsa, que está tentando verificar. Os alunos principiantes ou 
sugerem à criança tudo que esperam encontrar ou não sugerem nada, pois 
não estão procurando nada e, neste caso, certamente jamais encontrarão 
alguma coisa. Em resumo, a tarefa não é simples e o material que produz 
deve ser submetido à crítica mais severa.

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